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CADERNO 1

Agosto 2021
SESSÃO 1

CURRÍCULO
DO PIAUÍ
Novo Ensino Médio

Agosto 2021

Currículo do Piauí 2021 3


JOSÉ WELLINGTON BARROSO DE ARAÚJO DIAS PROGRAMA DE APOIO À IMPLEMENTAÇÃO
Governador do Estado do Piauí DA BNCC
ProBNCC-ENSINO MÉDIO
ELLEN GERA DE BRITO MOURA
Secretário de Estado da Educação COORDENADOR ESTADUAL ProBNCC
Carlos Alberto Pereira da Silva
MARIA MARGARETH RODRIGUES DOS SANTOS
Presidente do Conselho Estadual de Educação COORDENADORA DE ETAPA ProBNCC
Elenice Maria Nery
CARLOS ALBERTO PEREIRA DA SILVA
Superintendente da Educação Básica ARTICULADORA DO CEE
Norma Suely Campos Ramos
JOSÉ BARROS SOBRINHO
Superintendente da Educação de Jovens e ARTICULADORA ENTRE ETAPAS
Adultos e Educação Profissional Érica Graziela Benício de Melo

ARTICULADORA DE ITINERÁRIOS FORMATIVOS


PROPEDÊUTICOS
Geusélia Gonçalves de Moura Cavalcante

ARTICULADOR DE ITINERÁRIOS DE
FORMAÇÃO TÉCNICA E PROFISSIONAL
Diniz Lopes dos Santos

CONSULTORA DE GESTÃO
Danielle Costa Freire

COORDENADORES(AS) DE ÁREA

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS


Regina Célia Barbosa Monteiro Lopes

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS


Nemone de Sousa Pessoa

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS


TECNOLOGIAS
Izael Araújo Lima

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS


Edimilson Pereira de Araújo

EQUIPE DE REDATORES(AS) POR ÁREA DO


CONHECIMENTO
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Ana Clea Silva Ferreira
Márcia Rejane Araújo Damasceno
Maria Rosimary de Jesus Pinto
Rejane Maria Linhares Araújo Palácio
Rosângela Maria Duarte
Rosângela Monteiro da Silva Ramos
Viviane Holanda Barros Carvalhedo
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS PARECERISTAS AD HOC
Antonia Celene Pinheiro Lima Adriana de Sousa Lima
Francisco das Chagas Silva Adrianna de Oliveira Felisberto
Ana Maria Bezerra do Nascimento
Alvino Rodrigues de Carvalho
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS Bernardo Borges Feitosa
TECNOLOGIAS Damião de Cosme de Carvalho Rocha
Ana Cristina dos Santos Costa Francisco de Sousa Oliveira
Ciro Gonçalves e Sá Francisco Soares Santos Filho
Jefferson Nunes dos Santos Hérica Regina Vieira Santos
José Roberto Nunes Soares Josefina Ferrreira Gomes Lima
Katia Silene Sousa Carvalho José Edson da Silva Barrinha
José Nilton da Silva
Jucilaine Maria de Carvalho
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS Junielson Soares da Silva
Cláudia Martins Santos Marcelli Gomes Cardoso
José Pinheiro de Siqueira Júnior Maura Celia Cunha e Silva
Katrine Katiusse de Andrade Patrícia de Oliveira Lucas
Lucélia Nárjera de Araújo Raimundo Nonato Sousa
Melquíades Gomes Araújo Resende Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento
Silvana da Silva Ribeiro

ITINERÁRIO DE FORMAÇÃO TÉCNICA E


PROFISSIONAL
Ana Cristina dos Santos Costa
Ciro Gonçalves e Sá
Diniz Lopes dos Santos
Edimilson Pereira de Araújo
Geusélia Gonçalves de Moura Cavalcante
Katrine Katiusse de Andrade
Lidiane Alves Leal
Maria Rita Barbosa de Sousa
Maria do Socorro Campelo da Silva
Maria Vera Lúcia de Sousa
Nemone de Sousa Pessoa
Neusenildes Sena de Oliveira Chaves
Regina Célia Barbosa Monteiro Lopes
Rejane Maria Linhares Araújo Palácio

REDATORES(AS) COLABORADORES(AS)
Alvino Rodrigues de Carvalho
Josinaldo Oliveira dos Santos
Lidiane Alves Leal
Maria Rita Barbosa de Sousa
Maria do Socorro Campelo da Silva
Maria Vera Lúcia de Sousa
Neusenildes Sena de Oliveira Chaves
Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento
SUMÁRIO

SEÇÃO I00

NOTAS INTRODUTÓRIAS00

1. INTRODUÇÃO00

2. CONTEXTUALIZANDO O ENSINO MÉDIO00


2.1 Histórico do Ensino Médio 13
2.1.1  Contexto do Ensino Médio no Piauí 19
2.2 Sujeitos do Ensino Médio 37

3. BASE CONCEITUAL00
3.1 Concepções da Rede 42
3.1.1 Currículo 42
3.1.2  Ensino e aprendizagem 46
3.1.3  Avaliação da Aprendizagem 52
3.1.4  Metodologias de Ensino 58
3.1.5  Educação Integral 65
3.1.6  O Ensino Médio e as Juventudes 69
3.2 Princípios norteadores do Ensino Médio 78
3.2.1  Educação emancipatória 78
3.2.2 Trabalho 80
3.2.3  Protagonismo Juvenil 84
3.2.4  Pesquisa e conhecimento científico 87
3.2.5  Sustentabilidade Socioambiental 89

4. ARQUITETURA GERAL DO CURRÍCULO00


4.1 Temas contemporâneos transversais articulados com as
Competências Gerais do Ensino Médio 92
4.2 Expectativas dos sujeitos do Ensino Médio 96
4.3 Modelo de organização curricular 101

REFERÊNCIAS00

Currículo do Piauí 2021 7


Carta à sociedade

Caros leitores,

É com muita satisfação que apresentamos à sociedade piauiense em geral,


em especial aos educadores, o Currículo do Novo Ensino Médio do Piauí.
Tal proposta foi elaborada após muito estudo e discussões, tendo sido ob-
servada a legislação educacional específica e, principalmente, as normas
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação e pelo Conselho Esta-
dual de Educação do Piauí.

A partir da homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2017),


o Estado do Piauí, seguindo as diretrizes do Guia de Implementação da
BNCC, constituiu Comissões de Governança e Execução, responsáveis
pela discussão, construção e implantação do novo currículo para a Educa-
ção Básica, aqui particularmente o do Novo Ensino Médio. Espero que a
proposta apresentada aponte novos horizontes para as juventudes do Piauí,
abra novas fronteiras com a proposta do projeto de vida para os estudantes.

Considerando as dinâmicas do mundo globalizado, compreendidas, dentre


outras, pelo avanço tecnológico e as novas exigências dos mercados de
trabalho – o que tem impactado as relações interpessoais, a percepção e
o cuidado sobre si mesmo e o outro –, faz-se necessário que todo cidadão
ou cidadã piauiense desenvolvam um conjunto de Competências e Habili-
dades primordiais à vida cotidiana, ao exercício da cidadania e para o mundo
do trabalho

Nesse sentido, apresentamos esta versão que está estruturada, por Áreas
do Conhecimento e Componentes Curriculares. Vale ressaltar que este Do-
cumento foi construído a partir da ampliação dos debates com os profissio-
nais da educação e o respeito às identidades, culturas, políticas, e demais
características econômicas e socioambientais do território piauiense.

Sob esta perspectiva, esperamos que este Currículo seja vivenciado por
toda a Comunidade Escolar e que colabore efetivamente com o avanço
sustentável da Educação do Piauí.

Atenciosamente,

José Wellington Barroso de Araújo Dias


GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ

Currículo do Piauí 2021 9


Apresentação

É com muita satisfação que apresentamos à sociedade piauiense em geral,


aqui em especial aos mestres/educadores, a VERSÃO ZERO da proposta
curricular para o Ensino Médio, para as suas diversas modalidades. É bom
ressaltar que com esse currículo, o estado do Piauí conclui o ciclo curricular
para a educação básica, haja vista que, os currículos da Educação Infantil
e do Ensino Fundamental, construído em parceria com os municípios, já
foram homologados pelo CEE/PI. A proposta ora apresentada, foi elabora-
da após muito estudo e discussão com um corpo técnico especializado na
construção de currículo, foram observadas a legislação educacional espe-
cifica e, principalmente experiências das práticas pedagógicas de nossas
salas de aula.

Desde a homologação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, o Es-


tado do Piauí, seguindo as diretrizes do Guia de Implementação da BNCC,
constituiu as Comissões de Governança e Executiva, responsáveis pela
discussão, construção e implantação do currículo do Novo Ensino Médio
para a educação básica. O trabalho foi realizado em regime de colabora-
ção com várias entidades, as quais contribuíram no processo de discussão
das novas bases educacionais propostas pela BNCC e pelas leis da refor-
ma educacional. Ressaltamos aqui, a importância de todos pela educação.
Hoje, se faz necessário que todo cidadão ou cidadã piauiense desenvolva
um conjunto de Competências e Habilidades, primordiais à vida cotidiana e
à evolução para o mundo do trabalho.

Nesse momento, apresentamos a todas(os), o Currículo do Piauí para o Novo


Ensino Médio, construído por comissão de redatores, por área do conheci-
mento e modalidades. Nesse processo, há a participação, em regime de
colaboração, de especialistas das redes: estadual, privada e municipal, princi-
palmente na articulação entre o Ensino Fundamental e o Novo Ensino Médio.

Esperamos que todas as contribuições tenham servido para o aperfeiçoa-


mento do documento apresentado, conforme estabelecido pela BNCC,
juntamente com a aprovação do Conselho Nacional de Educação – CNE e
homologação do Ministério da Educação – MEC.

Atenciosamente,

Ellen Gera de Brito Moura


Secretário de Estado da Educação

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SEÇÃO I
NOTAS INTRODUTÓRIAS

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1
  Introdução

Surgido a partir de mudanças recentes na Lei vigentes, dentre as quais destacamos: Lei no
de Diretrizes e Bases (LDB), nas Diretrizes 9.394/96 (que estabelece as diretrizes e ba-
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio ses da educação nacional); Lei no 13.415/2017,
(DCNEM), e com a aprovação da Base Nacio- que altera as Leis Nos. 9.394/96 e 11.494/2007
nal Curricular Comum (BNCC), o Novo Ensino (que regulamenta o Fundo de Manutenção e
Médio, previsto pelo Plano Nacional de Educa- Desenvolvimento da Educação Básica e de
ção de 2014, tem como espinha dorsal o pro- Valorização dos Profissionais da Educação, a
tagonismo juvenil. E, dentre outros desafios, Consolidação das Leis do Trabalho CLT); revo-
tem a missão de responder satisfatoriamente ga a Lei no 11.161/2005; e institui a Política de
aos anseios dos estudantes. Fomento à Implementação de Escolas de En-
sino Médio em Tempo Integral.
Neste sentido, é necessária uma ressignifica-
ção do modelo de ensino atual, com vistas a Evidenciamos, também, a Resolução MEC-
oportunizar aos estudantes o protagonismo -CNE-CEB no 3/2018 que atualiza as diretrizes
sobre sua vida, do ponto de vista estudantil, curriculares nacionais para o ensino médio. A
social e emocional, de modo que passem a ser Resolução MEC-CNE-CP no 4/2018 que Insti-
responsáveis por suas escolhas. Para tanto, é tui a Base Nacional Comum Curricular na etapa
preciso que as Redes (pública e privada) re- do Ensino Médio (BNCC-EM), como etapa final
pensem seus currículos, a fim de assegurar a da Educação Básica. A Portaria no 1.432/2018
conexão entre os anseios da juventude e o que que estabelece os Referenciais Curriculares
a escola oferece. para Elaboração dos Itinerários Formati-
vos. A Portaria MEC no 649/2018 que insti-
Assim, com a criação do Programa de Apoio à tui e estabelece diretrizes e parâmetros para
Implementação da Base Nacional Comum Cur- o Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio
ricular – ProBNCC, instituído pela Portaria MEC (ProBNCC), e que apoia as redes de ensino
no 331, de 5 de abril de 2018, com o objetivo com suporte técnico e financeiro para imple-
de apoiar as Secretarias Estaduais e Distritais mentação das mudanças do Novo Ensino Mé-
de Educação no processo de revisão ou elabo- dio. A Lei no 13.005/2014 que aprova o Plano
ração e implementação de seus currículos ali- Nacional de Educação (PNE) para o decênio
nhados à BNCC, todas as referidas secretarias 2014-2024.
elaboraram um plano de trabalho com metas
específicas para cada estado. Também, em conformidade com as orienta-
ções das legislações vigentes, a (re)constru-
Ressaltamos que o processo de (re)constru- ção deste currículo seguiu as determinações
ção deste currículo seguiu as determinações da Resolução CEE/PI no 124/2020 que ins-
e orientações preconizadas nas legislações titui as Diretrizes Curriculares e orientações

Instituto Unibanco | Currículo do Piauí 2021 15


para a implementação do Ensino Médio, de tópico seguinte, destinado à base conceitual,
acordo com o disposto na Lei no 13.415/2017 destacam-se as concepções da Rede acerca
e na LDB – Lei no 9.394/1996, para as redes e de alguns temas pertinentes à etapa do Ensi-
instituições públicas e privadas que integram o no Médio e, ainda, os princípios orientadores
Sistema de Educação do Estado do Piauí. E a dessa etapa; o capítulo seguinte apresenta a
Resolução CNE/CP no 1/2021 que define as arquitetura do currículo propriamente dita e ini-
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a cia com as orientações sobre a Formação Ge-
Educação Profissional e Tecnológica. ral Básica (FGB/BNCC), fazendo uma interface
com o Ensino Fundamental. Em seguida, o
Além dos normativos e documentos mencio- documento faz referência às áreas do conheci-
nados, a equipe de redatores (ProBNCC/Ensi- mento, elencando competências, habilidades,
no Médio) contou, ainda, com as orientações objetos do conhecimento e objetivos da apren-
constantes nos seguintes materiais: Guia de dizagem de cada área/componente curricular.
implementação do Novo Ensino Médio;
Manual/Orientação Pedagógica para Pro- O último capítulo apresenta os itinerários for-
jeto de Vida (MEC); Manual/Orientação mativos e sua constituição, com orientações
Pedagógica para Protagonismo Juvenil de ementa, objetivos e outras informações re-
(MEC); Coletânea de Materiais e orienta- levantes. Os referidos itinerários atendem tan-
ções da Frente Currículo e Novo Ensino to às áreas do conhecimento (uma única área
Médio/CONSED), inclusive, encontros perió- e integrados) como a formação profissional e
dicos com Trilhas Formativas oportunizaram técnica e, tal qual a formação geral, o texto dá
momentos únicos de discussão e aprofunda- um suporte aos professores de como colocar
mento de temáticas pertinentes ao currículo. em prática todas as orientações.

Outro ponto importante a ser destacado diz Por fim, salientamos que a proposta aqui apre-
respeito ao caráter de continuidade que o sentada foi construída com base nos precei-
presente documento curricular apresenta em tos legais que orientam o Novo Ensino Médio,
relação ao currículo para as etapas anteriores bem como respeitando as orientações da Base
(Educação Infantil e Ensino fundamental), com Nacional Comum Curricular, principalmente no
a proposta de não romper com a lógica de inte- que se refere ao direito de aprendizagem dos
gração e progressão de aprendizagem de uma alunos. Para isso, tivemos o cuidado de “ou-
etapa para a outra. vir” estudantes e professores, a partir de um
questionário de escuta enviado a algumas es-
No que se refere à arquitetura textual, este colas selecionadas como piloto para esse fim.
documento curricular apresenta a seguinte O resultado dessa escuta é abordado em mo-
proposição: no primeiro capítulo, aborda-se o mento oportuno deste documento curricular
contexto do Ensino Médio no Piauí, com ênfa- de referência do ensino Médio para o Estado
se aos sujeitos (público-alvo) dessa etapa; em do Piauí.

16 Novo Ensino Médio – Caderno 1


2   Contextualizando o Ensino Médio

A trajetória da educação no Brasil é marcada No tocante ao que se conhece hoje como Ensi-
por desafios, seja na sua organização curricu- no Médio, sua organização esteve atrelada ao
lar, seja na sua implementação e consolidação contexto social, econômico-cultural e político
em todo o vasto território do país. Historica- do país, atendendo a diferentes públicos e de-
mente, a educação também passou por ruptu- mandas em cada momento histórico, ora assu-
ras, cujos marcos delimitadores de mudanças mindo um caráter mais teórico, ora tendo um
estão associados ao surgimento de um novo enfoque técnico. Nos primórdios da educação
regime político, ou outra conformação de for- formal no país, a partir da ação dos jesuítas,
ças políticas e sociais. Esses processos de este nível de ensino recebeu a denominação
mudanças ocorreram e ocorrem atravessados de “ensino secundário”, com a oferta do cur-
por conceitos de ordem ideológica e de op- so de Letras, Filosofia e Ciências, visando à
ções políticas, visto que “a educação nunca é preparação daqueles que tinham condições
neutra nem apolítica, pois envolve os interes- financeiras, para prestarem os exames de ad-
ses que extrapolam o âmbito escolar” (GON- missão ao ensino superior (SANTOS, 2010).
ÇALVES, 2005, p.13). Os estabelecimentos seguiam as normas sis-
tematizadas no tratado Ratio Estudiorium, com
Nesse contexto, o Ensino Médio padeceu currículo único para estudos escolares que se
como um espaço indefinido (RODRIGUES, dividiam em dois graus: o estudo interior até
1998), situação que vem se modificando des- as sete séries anuais e o estudo superior que
de final do século XX, com a convergência de compreendiam os cursos de filosofia e teolo-
políticas que contribuem para a redefinição e gia (DAVID et al., 2014).
o seu fortalecimento, conforme se verifica no
histórico a seguir. O Ensino Médio no Brasil surge como um lu-
gar para poucos, destinado quase que exclusi-
vamente à elite, baseado no modelo da escola
2.1 Histórico do Ensino Médio jesuíta (PINTO, 2002). A educação esteve
sob controle dos jesuítas quase que exclusi-
Historicamente, o processo da educação no vamente, no período que vai de 1572 a 1808.
Brasil está relacionado ao processo de coloniza- Entretanto, diante das mudanças políticas no
ção, com as missões jesuítas estabelecidas em período da administração do Marquês de Pom-
meados dos séculos XVI e XVII, cujo propósito bal, as missões jesuítas foram expulsas do
era cumprir a atividade de transmitir as primei- país, o que representou uma perda significa-
ras noções de ensino (leitura e cálculos) aos na- tiva para a educação formal do Brasil colonial,
tivos, atreladas aos preceitos da religião católica conforme destaca Santos (2010).
oficial. As missões jesuítas atendiam também
aos filhos dos colonizadores aqui estabeleci- Mudanças significativas se dariam a partir de
dos, com a oferta de ensino formalizado, assim 1808, com a chegada da família Real Portu-
a educação formal era voltada a uma elite. guesa ao Brasil. Esta nova conjuntura política

Currículo do Piauí 2021 17


trouxe reflexos também na educação, com a secundário com duração de 6 anos direciona-
reforma pombalina permitiu uma ruptura com do à formação intelectual para acesso ao ensi-
a situação anterior, e teve como objetivo subs- no superior; 1915 que preparava os estudantes
tituir a finalidade do ensino que antes eram desta etapa à prestarem vestibular após 5
destinadas aos interesses da fé pelos fins do anos de curso; 1925 que em sua essência pro-
Estado. Houve ampliação das atividades cultu- pôs a inovação da formação cultural “média”
rais, e criação dos cursos superiores criados por geral com a duração de 5 anos e certificado
Dom João VI que tinham como objetivo atender de aprovação) ou 6 anos e obtenção do grau
a formação das elites dirigentes do país. de bacharel em Letras e Ciências. Contudo, no
período inicial da República, como se observa
A partir de 1834, as províncias passaram a ter acima, as reformas com foco no ensino secun-
o direito de regular sobre a instrução pública dário, não trouxeram alterações significativas
e estabelecimentos de ensino; abriu caminho no seu objetivo, que permaneceu o de prepa-
para que os particulares assumissem o nível rar os jovens para o ensino superior (GONÇAL-
médio, o que contribuiu para o elitismo edu- VES, 2005).
cacional.
A partir de 1930, a educação passa a ter clara-
Dessa forma, a partir da primeira metade do mente suas finalidades definidas por meio de
século XIX, o ensino secundário ficou restrito uma política governamental direcionada para o
aos Liceus e, nesse contexto, surge o Colé- desenvolvimento de um sistema educacional –
gio Pedro II no Rio de Janeiro, O Ateneu no o que ficou expresso na segunda Constituição
Rio Grande do Norte, além dos Liceus e Es- do Brasil de 1934 – que atribuía ao Estado junto
colas Normais, todos estes estabelecimentos com a família e sociedade o dever de educar.
ofertantes do ensino secundário, que em sua Neste contexto das décadas de 1930 e 1940,
essência tinham a função exclusiva de prepara- o que hoje se conhece como ensino médio foi
ção para o ingresso no ensino superior (PINTO, ganhando forma a partir da extinção dos cur-
2002). Não ocorrendo, portanto, ampliação da sos complementares, que foram substituídos
rede secundária e nem alteração na estrutura pelos cursos médios de 2o ciclo, que passa-
educacional neste período. ram a ser conhecidos como Colegial; Cientifi-
co e Clássico, com duração de três anos, que,
Durante o período do Império, vigoraram dois além disto, recebeu melhor definição de seus
sistemas em relação ao ensino secundário: o objetivos para além do caráter propedêutico
regular seriado, que funcionava no Colégio Pe- (preparação para uma nova etapa de ensino),
dro II, em alguns Liceus provinciais e colégios estabelecendo a necessidade de formação e
particulares; e, paralelamente, havia o sistema desenvolvimento de aspectos humanistas, pa-
irregular, representado pelos cursos preparató- triótico e cultural dos indivíduos nesta etapa de
rios para os exames gerais parcelados que per- ensino (GONÇALVES, 2005).
mitiam o ingresso ao ensino superior (PILLETI,
1995, p. 46). Vale ressaltar, principalmente a partir da primei-
ra metade do século XX, no Brasil, que esta
Com a proclamação da República, em 1889, etapa de ensino foi marcada pela dualidade de
a legislação brasileira começou a ensaiar timi- objetivos, em função da oferta do ensino pro-
damente os primeiros passos no sentido de fissionalizante direcionado àqueles que busca-
organização do ensino público no país. Neste vam ingressar no mundo do trabalho. Neste
período, aconteceram diversas reformas edu- sentido, aqueles que optavam pela formação
cacionais, dentre as quais destacamos as de: técnica profissional não poderiam concorrer ao
1890 que estruturou o ensino secundário com ensino superior. Seguindo neste percurso his-
duração de 7 anos; 1901 que propôs o curso tórico de desenvolvimento da educação brasi-

18 Novo Ensino Médio – Caderno 1


leira, a primeira Lei de Diretrizes e Bases Lei Em 2009, o Ministério da Educação, por meio
No 4.024 de 1961, em seu artigo 33, define a da portaria no 971/09, lança o programa Ensino
“educação de grau médio em prosseguimento Médio Inovador – PROEMI –, com objetivo de
à ministrada na escola primária, destina-se à dinamizar e articular as áreas e disciplinas, por
formação do adolescente” e tornou equivalen- meio de projetos, ações e atividades propos-
tes neste nível de ensino os cursos de forma- tas dentro de quatro eixos estruturantes: Ciên-
ção pedagógica e técnicos, ambos permitindo cia, Cultura, Tecnologia e Trabalho.
o ingresso ao ensino superior.
Todo este caminho histórico percorrido foi
A partir de 1964, durante o período de gover- neces­sário como preparação para as análises
no dos militares, após a aprovação da lei no e discussões acerca do Ensino Médio no país,
5.692/71, a educação em amplo sentido pas- no sentido de promover maior efetividade na
sou a ser direcionada à preparação técnica qualidade e resultados deste nível da educa-
para o trabalho. Em termos estruturais, houve ção básica– o que culminou com a aprovação,
a unificação do ensino primário e ginásio, que na segunda década do século XXI, das Dire-
passou a ser denominado 1o grau e o Cole- trizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio
gial (médio) de 2o grau. Vinte e um anos mais no Brasil, as quais articuladas à LDB e Diretri-
tarde, em função dos anseios da população zes Gerais da Educação Básica, configuram-se
brasileira em geral e encerrado o período de como elementos de fundamentação e estrutu-
intervenção militar no Brasil, a sociedade re- ração de um currículo que contemple de forma
toma as discussões relacionadas à educação. satisfatória às demandas de uma sociedade
Neste sentido, a nova Constituição, aprovada contemporânea marcada pelo avanço extraor-
em 1988, apresenta, em seu artigo 205, uma dinário das tecnologias, as quais promovem
definição mais completa e inovadora sobre os encurtamento das distâncias físicas e mudan-
objetivos da educação, “visando o pleno de- ças significativas relações sociais (HARVEY,
senvolvimento da pessoa, e seu preparo para 2004).
o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho” (CF/88). Quanto às mudanças recentes, com atual re-
forma do Ensino Médio, proveniente da con-
Com o advento do Estado Democrático de versão da Medida Provisória no 746/2016 na
Direito, na década de 1980, o Ensino Médio Lei no 13.415, de 16.2.2017, esta alterou diver-
passou a ter um olhar mais atencioso aos es- sas leis, incluindo a Lei no 9.394/96 – LDBEN,
tudantes dessa etapa da educação básica, além de revogar explicitamente a Lei no 11.161,
percebendo-os como sujeitos de direito à edu- de 5.8.2005, que tornava obrigatório o ensino
cação, à preparação para o exercício da cida- de Espanhol.
dania e à inserção para o mundo do trabalho.
Dentro deste contexto de aprimoramento, a Dentre as principais alteração promovidas pela
década de 1990 foi marcada pela aprovação da Lei no 13.415/2017, destacam-se: a) Carga ho-
segunda Lei de Diretrizes e Bases No 9394/96 rária de, pelo menos, mil horas anuais para o
que trouxe a definição atual da estrutura e no- Ensino Médio; b) Os sistemas de ensino dis-
menclatura do ensino médio e profissionalizan- porão sobre a oferta de Educação de Jovens
te, além de incorporá-lo à Educação Básica, o e Adultos e de ensino noturno regular; c) De-
que proporcionou avanço especial em relação terminação de uma Base Nacional Comum
ao aspecto de investimento neste nível de en- Curricular que definirá direitos e objetivos de
sino. Pois, a partir da Constituição Cidadã, de- aprendizagem do ensino médio, com oferta
finiram-se os deveres do Estado com relação por áreas do conhecimento – I – Linguagens
à ampliação do acesso ao ensino médio, em e suas tecnologias – II – Matemática e suas
caráter de obrigatoriedade e gratuidade. tecnologias – III – Ciências da natureza e suas

Currículo do Piauí 2021 19


tecnologias – IV – Ciências humanas e sociais Parecer no 45/1977. Esses documentos legais
aplicadas; d) Obrigatoriedade de estudos e estabeleciam as diretrizes da educação nacio-
práticas de educação física, arte, sociologia nal, tanto para o ensino fundamental (primeiro
e filosofia – excluindo-os como componentes grau, com oito anos de escolaridade obriga-
curriculares das áreas do conhecimento, com tória), quanto para o ensino médio (segundo
exceção de arte que também foi previsto como grau, não obrigatório). A Lei 7.044/1982, em
componente; e) O ensino da língua portugue- seu artigo 1o, definia como objetivo geral “pro-
sa e da matemática obrigatório nos três anos porcionar ao educando a formação necessária
do ensino médio; f) Obrigatoriedade do Inglês ao desenvolvimento de suas potencialidades
como língua estrangeira, facultando a oferta de como elemento de autorrealização, preparação
outras línguas estrangeiras, preferencialmente para o trabalho e para o exercício consciente
o espanhol; g) Composição do Currículo for- da cidadania”.
mado por Base Comum Curricular (com carga
horária de até 1.800 horas) e Itinerários Forma- A Lei Federal 7.044/1982 estabeleceu tam-
tivos (com carga horária de, no mínimo 1.200 bém, dentre outras diretrizes, as disposições
horas); Itinerários formativos que deverão ser básicas sobre o currículo, definiu o núcleo
organizados por meio da oferta de diferentes comum obrigatório em âmbito nacional para
arranjos curriculares, conforme a relevância o ensino fundamental e médio e uma parte
para o contexto local e a possibilidade dos sis- diversificada a fim de contemplar as peculiari-
dades locais, a especificidade dos planos dos
temas de ensino, nas quatro áreas e na for-
estabelecimentos de ensino e as diferenças
mação técnica e profissional; h) Possibilidade
individuais dos alunos. Nesse sentido, coube
de concessão de certificados intermediários
aos Estados a formulação de propostas curri-
de qualificação para o trabalho, quando a for-
culares que serviram de base tanto às escolas
mação for estruturada e organizada em etapas
estaduais, como municipais e particulares.
com terminalidade; i) Profissionais com notório
saber reconhecido pelos respectivos sistemas
A Lei de Diretrizes e Bases – LDB no. 9.394/96
de ensino, para ministrar conteúdos de áreas
definiu o Ensino Médio (2o grau não profissio-
afins à sua formação ou experiência profissio-
nalizante) como etapa final da Educação Básica
nal; j) Instituição da Política de Fomento/MEC e a Educação Profissional (2o grau profissionali-
à Implementação de Escolas de Ensino Médio zante) como modalidade de ensino – com capí-
em Tempo Integral. tulo específico nessa Lei, regulamentado pelo
Decreto Federal no. 2.208/1997. Nesse novo
Referente à Educação Profissional, histori- contexto, a educação profissional, regulamen-
camente, esta foi compreendida e operacio- tada pelo Decreto Federal no. 2208/97, tinha,
nalizada como estratégia de cristalização da dentre outros objetivos: promover a transição
divisão social do trabalho no interior das agên- entre a escola e o mundo do trabalho, capa-
cias de formação profissional, na medida em citando jovens e adultos com conhecimentos
que sempre foi reservada às classes menos e habilidades gerais e específicas para o exer-
favorecidas, estabelecendo nítida distinção cício de atividades produtivas; especializar,
entre aqueles que produziam o saber (ensino aperfeiçoar e atualizar o trabalho em seus co-
secundário, normal e superior) e os que exe- nhecimentos tecnológicos.
cutavam tarefas manuais (ensino profissional),
(CEB, 1999, p. 77). Esse mesmo Decreto definia três níveis de
oferta da educação profissional: o básico –
O Ensino Profissionalizante, até meados dos destinado à qualificação e reprofissionalização
anos 1990, como era denominado, foi oferta- de trabalhadores independente da escolarida-
do com base nos termos previstos nas Leis de prévia; o técnico – destinado a proporcionar
Federal no 5.692/1971; no 7.044/1982 e no habilitação profissional a alunos matriculados

20 Novo Ensino Médio – Caderno 1


ou egressos do ensino médio, ministrado na Acerca da EPT, Vargas e Carzoglio (apud
forma concomitante ou pós-médio; e o tec- MAGALHÃES; CASTIONI, 2019) afirmam a
nológico – correspondente a cursos de nível necessidade de adequação dos sistemas edu-
superior na área tecnológica, destinados aos cativos de EPT para as necessidades dos ar-
egressos do ensino médio e técnico. ranjos produtivos regionais e locais. Para isso,
é necessário combinar momentos na escola e
A partir da LDB no 9.394/1996, a regulamenta- momentos no trabalho para facilitar a transição
ção da educação profissional no Brasil passou ao mundo do trabalho.
por diversos tipos de formatos e configuração
da oferta. O Decreto no 5.154/2004, que revo- O panorama apresentado acima representa
gou o decreto no 2.208/1997, propôs a orga- um esforço para compreensão dos avanços
nização por cursos e áreas, que não guardam do Ensino Médio no país, destacando as difi-
relação com as áreas que organizam o sistema culdades e desafios passados e presentes na
ocupacional brasileiro, a Classificação Brasilei- educação, em especial a este nível de ensino.
ra de Ocupações – CBO. Este último decreto E, particularmente, possibilita a compreensão
traz nova configuração e, neste, os cursos bá- das experiências passadas em relação ao de-
sicos são denominados de Formação Inicial safio de nosso Estado em reformular e implan-
e Continuada de trabalhadores. Os cursos de tar a nova estrutura de currículo amplamente
nível técnico são denominados Técnico Nível discutida pela sociedade brasileira e materiali-
Médio, devendo ser ofertados nas formas con- zada na Base Nacional Curricular Comum.
comitante ou integrado ao Ensino Médio para
os egressos do ensino fundamental e subse-
2.1.1  Contexto do Ensino Médio
quente ao ensino médio (pós-médio), para os
no Piauí
egressos do Ensino Médio.
A questão do ensino no Brasil está relacionada
Por fim, a Lei no 11.741/08 (BRASIL, 2008a)
ao processo de povoamento colonial do terri-
disciplinou as possibilidades de oferta nos ní-
tório. Nesse aspecto, no século XVII, quando
veis técnico e tecnológico. E a recente refor-
o Piauí era um corredor migratório, o ensino
ma do ensino médio (Lei no 13.415 – BRASIL, não foi objeto de preocupação do colonizador
2017) criou uma outra possibilidade: a forma- (COSTA FILHO, 2006, p. 73). No Piauí a atua-
ção técnica e profissional – conhecida como ção dos jesuítas não resultou na instalação de
área 5 do Novo Ensino Médio (o 5o Itinerário). escolas e seminários. No período colonial, o
ensino não fora uma prioridade do Estado, sur-
Importante destacar que a expansão da Rede giu como alternativa à instrução, no âmbito pri-
Federal de escolas técnicas no Brasil ocorreu vado, onde o ensino era ministrado no espaço
a partir de 2007, derivada de um plano coorde- doméstico por familiares letrados, capelães ou
nado de ampliação dos investimentos na edu- por mestres contratados, nas chamadas esco-
cação e teve origem com o advento do Plano las familiares, que mesmo informais, assegu-
de Desenvolvimento da Educação (PDE), que ravam aos egressos a conclusão dos estudos
propiciou a própria expansão da Rede Federal, em escolas oficiais.
o Programa Brasil Profissionalizado (Decreto
no 6.302/2007) e, posteriormente, o Progra- No período Imperial, com a Constituição de
ma Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e 1824, o Estado encarregava-se apenas do ensi-
Emprego – PRONATEC (Lei no 12.513/2011). no primário. De 1824 a 1850, mesmo em meio
A ampliação das escolas federais de EPT, que a uma série de reformas, não houve grandes
passaram de 140 entre 1999 e 2002, para 644 progressos em relação à educação escolariza-
unidades entre 2003 e 2016 (MAGALHÃES; da, devido a fatores como: falta de recursos,
CASTIONI, 2019, p.2). não execução das leis que criavam as escolas

Currículo do Piauí 2021 21


e a inabilidade dos professores. Durante esse colas de 1o grau) e primário superior (escolas
período histórico, no que concerne ao ensino de 2o grau), estando estas localizadas nas ci-
secundário, ainda perdurava o sistema de au- dades de Oeiras, Parnaíba e Teresina. Durante
las régias, que consistia em aulas particulares, o Império, no Piauí, semelhante ao que ocorria
em que o aluno deveria ir até a casa de um nas demais províncias, no ensino secundário,
regente educacional e não contemplava todas vigoraram dois sistemas: o regular seriado e
as disciplinas. o irregular inorgânico, este último predominou,
onde as matérias ofertadas eram avulsas e era
No que se refere à instrução pública no Piauí, facultado ao aluno organizar seu curso segun-
esta tem início em 1815, com criação de três do os próprios interesses. As matérias diferen-
escolas de primeiras letras; em Oeiras, em ciavam-se tanto pelo sexo quanto pelo local
Campo Maior e em Valença, e duas cadeiras onde estavam situadas as escolas. O ensino
de ensino de Latim, uma em Oeiras e outra secundário era ministrado a um número restri-
na Vila da Parnaíba, conforme Brito (1996, p. to de pessoas, e às mulheres estava reservado
16). Em cumprimento à Lei Geral do Ensino apenas o ensino primário.
de 1827, inicia-se um processo de criação de
escolas de primeiras letras em outras localida- Paralelo ao ensino oficial e face à ineficiência
des como Jaicós, São Gonçalo, Poti, Barras, do Estado em atender a demanda, desenvol-
Jerumenha, Parnaguá, Piracuruca, Marvão e veu-se o ensino particular. Na primeira metade
Piranhas (COSTA FILHO, 2006).
do século XIX, havia uma escola funcionando,
de propriedade do Padre Marcos de Araújo, na
A Reforma Constitucional de 1934 estabeleceu
fazenda Boa Esperança, hoje município de Jai-
as competências no campo da instrução públi-
cós, que teve pleno funcionamento no período
ca, deixando a cargo das províncias o ensino
imperial e perdurou por 30 anos. Na segunda
primário e secundário. Somente a partir da se-
metade do século XIX, havia escolas em Tere-
gunda década do século XIX é que o Ensino na
sina, Parnaíba e Oeiras, dentre estas, destaca-
Província se deslanchou. A Lei n. 198, de 4 de
-se o Colégio Nossa Senhora das Dores – uma
outubro de 1845, normatizou a rede escolar,
das escolas particulares mais importantes e
na qual se definiram os critérios de funciona-
mento e instalaram-se duas instituições esco- que funcionou em Teresina entre os anos de
lares em Oeiras; o primeiro estabelecimento 1882 a 1889. Nele, o ensino secundário cons-
de instrução secundária da Província, o Liceu tituía-se de todas as matérias exigidas para o
Provincial, que recebeu o nome de Colégio Es- exame de acesso ao ensino superior.
tadual do Piauí, hoje denominado Colégio Esta-
dual Zacarias de Góis e o Estabelecimento de No século XIX, emergem os colégios confes-
Educandos Artífices, voltado ao ensino profis- sionais, o primeiro denominado Colégio Cor-
sionalizante. Voltado a crianças do sexo mas- rentino Piauiense, de orientação evangélica,
culino, este estabelecimento funcionou por em que funcionava Jardim de Infância, ensino
mais de duas décadas (SOUSA NETO, 2003). primário e secundário (BRITO, 1996). O colégio
Diocesano surge como um dos primeiros de
Vale ressaltar que o Liceu piauiense era a única orientação católica, que funcionava em regime
instituição oficial de ensino secundário no Piauí de internato e externato, voltado inicialmente
e nele predominou o sistema de matérias pre- ao público masculino. O Colégio Sagrado Co-
paratórias ao ingresso no ensino superior, com ração de Jesus veio complementar a ação do
oferta da formação geral e ênfase no ensino de Colégio Diocesano, mas voltado à juventude
línguas, ministrado em três anos. feminina. Posteriormente, os dois passaram a
atender ambos os gêneros. O Colégio Sagrado
Com a Reforma do Ensino piauiense, em 1864, Coração de Jesus conseguiu igualar o curso
o nível primário foi dividido em elementar (es- pedagógico, a escola normal oficial, passando

22 Novo Ensino Médio – Caderno 1


esse colégio a participar da formação de pro- até hoje permanece em pleno funcionamento,
fessores elementares do estado. trazendo o nome de Colégio Estadual Zacarias
de Góis, em homenagem ao seu idealizador.
Dessa forma, a estruturação do ensino inicia
com uma rede de escolas primárias ainda de No decorrer do século XX, com as mudanças
forma simples, mas instalado e composto por inseridas nas legislações e normativas, o en-
ensino normal, ainda em fase de desenvolvi- sino formal, especificamente a educação bá-
mento; o ensino secundário estruturado; e o sica se estrutura no Estado. A LDB 9.394/96
ensino profissional ainda em desenvolvimento, assegura o ensino médio como a etapa con-
mesmo que restrito somente a um estabeleci- clusiva da educação básica, e de competência
mento governamental. dos Estados. Conforme o Art. 35 da LDB, o
ensino médio tem como objetivo o prossegui-
No século XX, a Sociedade Auxiliadora da Ins- mento dos estudos, preparação básica para o
trução, formada por intelectuais preocupados trabalho e a cidadania, aprimoramento como
com a situação da educação no Estado, fun- pessoa humana até a compreensão dos funda-
dou a escola Normal Livre, destinada exclusi- mentos científico-tecnológicos dos processos
vamente ao sexo feminino, de caráter laico, produtivos, visando superar caráter dual profis-
para atender a urgente necessidade de diplo- sionalizante e propedêutico/preparatório, dire-
mar normalistas. Com a Lei no 548/1910, foi cionando para uma formação geral e integral.
criada a Escola Normal Oficial, com a função
de formar professoras para atuar nos Grupos Em consonância com a LDB 9.394/96, e o pro-
Escolares. A trajetória dessa escola segue as pósito de universalização da educação básica,
modificações inseridas pelas reformas educa- o Ensino Médio na rede pública estadual no
cionais ocorridas em âmbito federal e estadual. Piauí, de 1991 a 2015, teve um avanço educa-
Recebeu outras denominações, de Escola cional significativo: entre 2000 e 2010, a pro-
Normal Oficial passou a ser chamada de Esco- porção de jovens de 15 a 17 anos que estavam
la Normal “Antonino Freire”, em homenagem frequentando o ensino médio passou de 15%
a um de seus idealizadores. para 40,8% (Censo IBGE, 2010). Nas duas
primeiras décadas do século XXI, houve ex-
Em 1971, foi transformada em Instituto de pansão da cobertura do Ensino Médio, sendo
Educação “Antonino Freire”; por força da Lei implantado em todos os municípios do Esta-
5692/71 e, com a LDB 9394/96, foi transfor- do, no ano de 2003, estruturado nas seguin-
mada em Instituto Superior de Educação, em tes modalidades: Ensino Médio Regular – em
2004; no ano de 2015, por meio de Portaria regime de tempo parcial; Ensino Médio Regu-
da então secretária de Educação, tornou-se lar – em regime de Tempo Integral; Formação
Centro de Formação dos Profissionais da Edu- Profissional Técnica de nível médio e Educa-
cação Básica, jurisdicionado à SEDUC e, mais ção de Jovens e Adultos (EJA).
recentemente, torna-se Centro de Formação
do Servidor Antonino Freire – CEFAF, conforme O Ensino Médio na modalidade Regular em re-
o art. 19, da Lei no 7.221/2019, com a função gime de tempo parcial contempla alunos dos
de capacitar, formar e qualificar profissionais 15 aos 17 anos de idade, e atende os 224 mu-
públicos civis do Estado do Piauí, passando a nicípios do Piauí, com 340 escolas. A Rede Es-
ser de responsabilidade da UESPI. tadual do Piauí, no ano de 2020, há registro de
88.634 (oitenta e oito mil, seiscentos e trinta e
Na primeira década do século XX, o ensino quatro) alunos matriculados no Ensino Médio
secundário tinha o Liceu como referência. Em Regular em regime de tempo parcial e 21.255
1916, é equiparado ao Colégio Pedro II e, em (vinte e um mil, duzentos e cinquenta e cinco)
1936, é instalado em sua sede própria, localiza- alunos no Ensino Médio em regime de Tempo
da à Praça Landri Sales, Teresina, local em que Integral (ISEDUC, 2020). Para observar uma

Currículo do Piauí 2021 23


Tabela 1 – Número de Matrícula no Ensino Médio na
rede estadual de 2001 a 2019

ANO TOTAL ESTADUAL

2001 121.468  89.655

2002 141.962 110.166

2003 169.567 139.392

2004 184.857 155.818

2005 188.216 160.121

2006 193.313 164.328

2007 181.772 157.086

2008 185.710 161.980

2009 178.778 155.276

2010 167.418 144.803

2011 162.027 138.277

2012 155.998 132.492

2013 148.150 125.196

2014 137.773 115.613

2015 142.843 121.344

2016 142.710 121.121

2017 141.248 119.936

2018 135.125 114.247 Fonte: elaboração própria, a partir de Sinopse


Estatística de matrículas da Educação Básica do Inep
2019 128.797 107.916 de 2001 a 2019 (2020).

Gráfico 1 – Número de Matrículas no Ensino Médio de 2001 a 2019


Fonte: elaboração própria, a partir de Sinopse Estatística de matrículas da Educação Básica do Inep de
2001 a 2019 (2020).

24 Novo Ensino Médio – Caderno 1


trajetória do quantitativo de estudantes matri- componentes: a taxa de rendimento escolar
culados no Ensino Médio, segue a tabela 01 (aprovação) e as médias de desempenho nos
comparativa baseada no número de matrícula exames aplicados pelo Inep. As médias de de-
constante nos dados estatísticos do Inep, se- sempenho utilizadas são as da Prova Brasil,
guida do gráfico 01: para escolas e municípios, e do Sistema de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), para os
O total de matrículas no Ensino Médio Regular estados e o País, realizados a cada dois anos.
exposto na tabela 1, baseado na estatística do Os participantes dessas avaliações são aque-
Inep por localização e dependência adminis- les que cursam as etapas finais do Ensino Fun-
trativa, considera as redes Federal, Estadual, damental (5o e 9o anos) e (3a série) do Ensino
Municipal e Privada, nas zonas urbana e rural. Médio. Os índices de aprovação são obtidos a
A terceira coluna da tabela 1 apresenta o quan- partir do Censo Escolar, realizado anualmente.
titativo de matrícula da rede estadual, conside- O Plano Nacional de Educação – PNE estabe-
rando as matrículas na zona urbana e rural. leceu como meta para 2021 atingir a média
de 5,2 no Ideb do Ensino Médio (MEC/PNE
A qualidade da educação ofertada pela rede 2014).
estadual, bem como sua estrutura é baseado
em dois sistemas de avaliações: o Ideb – Índi- A tabela a seguir apresenta os resultados ob-
ce de Desenvolvimento da Educação Básica – tidos no Ideb, pelo Estado do Piauí, no perío-
e o SAEPI – Sistema de Avaliação Educacional do de 2007 a 2019 e suas respectivas metas,
do Piauí. O Ideb é calculado a partir de dois para cada edição realizada nas escolas da rede

Tabela 2 – Resultado do Ideb da rede estadual do Piauí dos estudantes da 3a série do Ensino Médio, no período
de 2007 a 2019

ANO 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019

IDEB 2,5 2,7 2,9 3,0 3,2 3,3 3,7

Meta 2,3 2,4 2,6 2,8 3,2 3,6 3,8

Fonte: elaboração própria, a partir de dados do Mec/Inep de 2007 a 2020 (2020).

Gráfico 2 – Desempenho da rede estadual no Ideb de 2007 a 2019

Ideb do Piauí - rede estadual etapa final do Ensino


Médio
4
3
2
1
0
2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019

IDEB Meta

Fonte: elaboração própria, a partir de dados do Mec/Inep de 2007 a 2020 (2020).

Currículo do Piauí 2021 25


estadual no Ensino Médio. Os resultados em cance da meta. Vale destacar que de acordo
números indicam melhoras constantes nas su- com a Nota Informativa do Inep de 17/09/2020,
cessivas edições alcançando bons resultados, para a edição de 2019 do SAEB, as escolas da
sendo que em 2019 obteve maior diferença rede estadual foram aquelas de localização ur-
entre a edição anterior. Quando comparado às bana.
metas, observa-se a diferença entre eles es-
pecialmente nas duas últimas edições. Neste Apesar de ter conseguido considerável ascen-
caso, a rede não obteve sucesso quanto ao al- dência desde o início do Ideb, a rede estadual

Tabela 3 – Taxas de aprovação no Ensino Médio por rede no Piauí

TAXA DE APROVAÇÃO
ANO REDE Indicador de
Total 1a 2a 3a 4a
Rendimento (P)
Total (4) 69,1 60,2 72,8 80,4 77,1 0,72
2005 Privada 85,5 83,3 87,8 84,8 95,9 0,88
Estadual 66,5 57,7 70,3 79,3 57,6 0,65
Total (4) 70,6 60,7 74,3 82,9 81,7 0,74
2007 Privada 89,1 83,3 90,9 93,6 97,6 0,91
Estadual 68,8 58,8 72,7 81,7 75,4 0,71
Total (4) 71,2 61,5 74,3 83,5 88,1 0,75
2009 Privada 90,8 86,2 91,6 94,9 100,0 0,93
Estadual 68,8 58,9 72,1 81,7 78,9 0,72
Total (4) 74,8 65,0 77,5 84,8 91,1 0,78
2011 Privada 92,4 88,7 92,2 96,7 97,7 0,94
Estadual 72,2 61,9 75,2 83,0 93,2 0,77
Total (4) 77,3 68,8 79,5 86,8 92,0 0,81
2013 Privada 93,0 88,7 93,1 97,8 95,2 0,94
Estadual 75,0 66,2 77,4 85,0 93,3 0,79
Total (4) 80,4 72,7 82,4 88,5 90,3 0,83
2015 Privada 93,5 89,2 93,3 98,5 – 0,94
Estadual 78,7 71,0 80,9 87,1 96,0 0,83
Total (4) 82,8 75,3 84,3 90,5 95,1 0,86
2017 Privada 94,6 91,1 94,4 98,7 – 0,95
Estadual 81,5 73,8 83,2 89,3 100,0 0,86
Total (4) 84,7 76,9 86,8 93,1 97,8 0,88
2019 Privada 95,3 92,1 95,9 98,1 – 0,95
Estadual 83,3 75,2 85,3 92,3 100,0 0,87
Fonte: elaboração própria, a partir de dados do Mec/Inep de 2005-2019 (2020).

26 Novo Ensino Médio – Caderno 1


apresentou resultados mais baixos que a meta ma considera os resultados de desempenho
em 2017 e 2019. Tal desempenho justifica- e participação dos estudantes, a proficiência
-se pela taxa de aprovação que, nos anos em média alcançada por eles nas disciplinas de
questão, foi baixa. Enquanto nas edições an- Língua Portuguesa e Matemática, por série,
teriores apenas algumas escolas selecionadas por Gerência Regional e escola. Os dados do
participavam do SAEB, em 2017 e 2019 hou- SAEPI trazem as informações referentes à par-
ve a participação de todas as escolas da rede ticipação dos estudantes na avaliação: número
estadual. Segue uma série estatística baseado previsto e número efetivo de estudantes avalia-
nos indicadores educacionais compostos pela dos, bem como o percentual total de participa-
Taxa de Aprovação, nos anos de 2005, 2007, ção, e em sequência apresenta a distribuição
2009, 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019. Os da- dos estudantes por padrão de desempenho. A
dos estão dimensionados por unidade da fede- avaliação interna do estado é aplicada anual-
ração e organizados por rede de ensino. mente, em todas as escolas da rede.

Com o objetivo de produzir diagnósticos perió- A figura 1, a seguir, apresenta os dados acerca
dicos acerca do ensino e monitorar a qualidade do desempenho e participação geral dos estu-
da educação pública ofertada, com vista a ofe- dantes na 1a série, no Piauí, em Língua Portu-
recer subsídios para o desenho e implemen- guesa, seguido da figura 2 com percentual de
tação de políticas públicas educacionais no estudantes por nível de proficiência e padrão
Estado, a Secretaria de Estado de Educação de desempenho, e respectivamente, as figu-
do Piauí, criou, em 2011, o Sistema de Ava- ras 3 e 4 trazem os citados percentuais na dis-
liação Educacional do Piauí (SAEPI). O progra- ciplina de Matemática, conforme SAEPI 2019:

Figura 1 – Evolução do percentual de estudantes por padrão de Desempenho/


Língua Portuguesa – 1a Série


Fonte: CAED/ SAEPI, 2019 (2020).

Currículo do Piauí 2021 27


Figura 2 – Percentual de Estudantes por Nível de Proficiência e Padrão de Desempenho/
Língua Portuguesa – 1a Série


Fonte: CAED/ SAEPI-2019 (2020).

Figura 3 – Evolução do percentual de estudantes por padrão de Desempenho/Matemática – 1a Série


Fonte: CAED/ SAEPI-2019 (2020).

Figura 4 – Percentual de Estudantes por Nível de Proficiência e Padrão de Desempenho/


Matemática – 1a Série


Fonte: CAED/ SAEPI-2019 (2020).

28 Novo Ensino Médio – Caderno 1


No Sistema de Avaliação Educacional do Piauí me a exposição dos dados no período de 2007
(SAEPI), a Matriz de Referência apresenta a 2019, com aumento das médias. Ao relacio-
um conjunto de habilidades relacionadas às nar os resultados com suas metas também se
orientações curriculares da rede de ensino. As verifica resultados positivos, em apenas duas
habilidades apresentadas em cada Matriz de edições a rede não ultrapassou as projeções,
Referência, específicas para cada disciplina e o que significou um alerta para a identificação
etapa avaliadas, servem como base para a ela- das causas desse resultado. Portanto, as ava-
boração dos itens que compõem o teste. liações externas SAEB e SAEPI direcionam as
políticas educacionais da rede e trazem mu-
Na análise de resultados do SAEPI São apli- danças positivas ao favorecer uma constante
cadas a teoria clássica dos Testes (TCT) e a autoavaliação do trabalho desenvolvido e me-
teoria da resposta ao item (TRI). Com o uso da lhorias na sistemática de avaliação, ao tempo
TCT, por exemplo, é calculado o percentual de que contribuem para repensar o desenho da
acertos por descritor, enquanto a TRI é usada Matriz Curricular da rede.
para estimar a proficiência dos estudantes.
Ressalta-se que a Matriz Curricular do Ensino
Conforme as figuras trazidas de forma amos- Médio Regular é baseada na Instrução Nor-
tral, verifica-se que na 1a série do Ensino Mé- mativa SUPEN no 001/2017, a qual estabelece
dio na disciplina de Língua Portuguesa, ocorreu que a organização curricular básica deve ser
um crescimento na evolução do percentual de composta de Base Nacional Comum e de Par-
estudantes por padrão de desempenho nos te Diversificada, de forma integrada e contex-
níveis adequado para avançado de 2017 para tualizada, visando à aquisição de um conjunto
2018, e uma pequena queda de 2018 para necessário de saberes teóricos, práticos, inte-
2019. E crescimento no percentual de desem- grados e significativos. A referida matriz está
penho do nível abaixo do básico. No descritor organizada em quatro áreas de conhecimen-
componente curricular de Matemática, na mes- tos: I-Linguagens; II-Matemática; III-Ciências
ma série, de 2017 a 2018 houve uma queda no da Natureza e IV-Ciências Humanas. A dura-
percentual de desempenho de estudantes ava- ção do curso é de 03 (três) anos, com 200
liados abaixo do básico, e consequente cres- (duzentos) dias letivos, com carga horária total
cimento nos níveis básico, adequado e 0,7% de 3.600 horas, distribuídas pelas áreas de co-
no nível avançado. Esse percentual tem leve nhecimento, com destinação de 80 horas para
queda de 2018 para 2019, com crescimento do oficina (por bimestre), totalizando a carga horá-
percentual nos níveis abaixo do básico, e redu- ria de 240 horas anual, com oferta do esporte
ção nos demais níveis. educacional para as três séries do Ensino Mé-
dio Diurno.
A Matriz de avaliação do SAEPI é vinculada ao
trabalho realizado pela escola. O Sistema, ao Para atender às peculiaridades dos estudantes
realizar um diagnóstico das escolas da rede, do turno da noite, a Matriz curricular para o En-
possibilita o direcionamento de ações nortea- sino Médio Noturno no Piauí está organizada
doras do processo de ensino e aprendizagem, pela Instrução Normativa SUPEN no 002/2018,
que passam a considerar outras sistemáticas que determina a carga horária semanal de 25
de ensino e avaliação. (vinte e cinco) horas aulas, com carga horária
total de 3.000 (três mil) horas, com 1.000 ho-
Nesse sentido, a partir de 2017 em que todas ras por ano.
as escolas tiveram seu Ideb divulgado, busca-
ram melhorias no ensino com vista a alcançar No tocante à Educação Integral, o Plano Na-
melhores notas. A variação dos resultados do cional de Educação/PNE-Lei no 13.005/2014,
Ideb teve tendência evolutiva no Piauí, confor- em sua Meta 06, estabelece a implantação

Currículo do Piauí 2021 29


de escolas em regime de tempo integral “[…] ofertam apenas Ensino Fundamental; 06 com
em, no mínimo, cinquenta por cento das esco- oferta exclusiva de Ensino Profissional Técni-
las públicas, de forma a atender, pelo menos, co de Nível Médio. Em 2020, tem um total de
vinte e cinco por cento dos (as) alunos (as) da 16.151 (dezesseis mil e cento e cinquenta e
educação básica”. Consoante a isso, a Lei no um) alunos matriculados no Ensino Médio Re-
13.415/2017 trata da necessidade da integra- gular e 1.714 (um mil setecentos e quatorze)
ção curricular e da instituição da política de fo- alunos da Educação profissional (PIAUÍ, 2018;
mento às escolas de Ensino Médio de Tempo SISTEMA ISEDUC, 2020).
Integral. Neste sentido, as Portarias MEC no
1.145/2016 e no 727/2017 normatizam sobre o A partir de 2018, a organização curricular do
Programa de Fomento às Escolas de Ensino Ensino Médio em Regime de Tempo Integral
Médio em Tempo Integral, que tem o objetivo foi definida pela Instrução Normativa SUPEN/
de apoiar os sistemas de ensino público dos SEDUC-PI No 003/2017 que determinou a am-
estados e do Distrito Federal a oferecer a am- pliação da jornada pedagógica diária para 9
pliação da jornada escolar e a formação inte- (nove) horas-aula e instituiu uma matriz curri-
gral e integrada do estudante (PIAUÍ, 2018). cular a ser implementada, gradativamente, a
partir de 2018, nos 79 Centros Estaduais de
Assim, a SEDUC-PI orientou um currículo para Tempo Integral – CETI’s existentes na época.
atender à nova lei e, no período de 2017 a 2018, A organização curricular seguiu os moldes do
implantou 40 Centros Estaduais de Tempo In- artigo 26 da LDB 9.394/96, que determina que
tegral – CETIs, a partir da política de fomento os currículos devem ter base nacional comum,
do Ministério da Educação, por meio de duas a ser complementada por uma parte diversifi-
Instruções Normativas: a no 001/2017 – SUPEN, cada, fornecendo diretrizes para a concepção
que padroniza a denominação dos Centros Esta- das Disciplinas Eletivas no Ensino Integral.
duais de Tempo Integral no âmbito da Secretaria
de Estado da Educação, buscando fortalecer a E, com o advento da Lei 13.415/2017, os com-
identidade destas escolas. E a Instrução Nor- ponentes eletivos integraram a Parte Diver-
mativa SUPEN no 002/2017, que regulamenta a sificada (flexível), atendendo ao disposto no
Implementação da Matriz Curricular Básica do artigo 35 § 7o da referida lei, que dispõe que
Novo Ensino de Tempo Integral, sendo implanta- os currículos do Ensino Médio deverão consi-
da em caráter experimental nos 40 CETIs aten- derar a formação integral do aluno, de maneira
didos pelo Programa de Fomento do Ministério a adotar um trabalho voltado para a construção
da Educação. Nessa perspectiva, em 2017, foi de seu Projeto de Vida e para sua formação
dado início ao processo de formação continuada nos aspectos físicos, cognitivos e socioemo-
para gestores e professores em cada escola que cionais (PIAUÍ, 2018).
utilizou a matriz experimental (PIAUÍ, 2018).
A educação integral é baseada num currículo
A expansão dos CETIs, embora tenha prioriza- integrado, interdisciplinar e interdimensional,
do o Ensino Médio na modalidade regular/for- que propicie ao estudante uma atuação como
mação propedêutica, oferta, também, o ensino sujeito construtor de aprendizagens significa-
Profissional Técnico de Nível Médio. Assim, no tivas, que possibilitem o exercício dos quatro
período de 2009 a 2020, foram implantados 96 pilares da Educação atual: o aprender a conhe-
(noventa e seis) escolas em regime de Tem- cer, o aprender a ser, o aprender a fazer e o
po Integral. A distribuição da oferta alcança 51 aprender a viver (DELORS, 2010).
municípios piauienses, destes, 69 com oferta
exclusiva de Ensino Médio; 12 com oferta das Atualmente, ainda sem as recentes orienta-
etapas de Ensino Fundamental e Médio; 08 ções da Resolução CNE-CEB no 03/2018 (DC-

30 Novo Ensino Médio – Caderno 1


NEM), o currículo do Ensino Médio de Tempo O Ensino Médio em Regime de Tempo Inte-
Integral do Estado do Piauí segue o que esta- gral atende ao estudante em três formas de
belece a Instrução Normativa SUPEN/SEDUC organização curricular considerando as espe-
No 003/2017. Assim, é composto por Compo- cificidades: 1 – formação geral; 2 – formação
nentes da Base Nacional Comum Curricular e geral em parceria com a Polícia Militar; 3 – For-
por Componentes da Parte Diversificada (flexí- mação Profissional.
vel), formando um todo integrado, incorporan-
do projetos interdisciplinares, complementado Quanto à formação geral, em parceria com a
e articulado com os Campos de Integração Polícia Militar, existem algumas diferenças na
Curricular (CIC) e seus componentes eletivos. organização curricular, em função da especifi-
Compõem a parte diversificada, os temas inte- cidade de dois componentes: Ordem Unida e
gradores específicos: acompanhamento peda- Instrução Geral, com uma carga horária total
gógico, línguas estrangeiras, cultura corporal, de 200 horas, ao longo do curso, alterando a
produção e a fruição das artes, comunicação, carga horária de Projeto de Vida, Horário de
protagonismo juvenil, os direitos humanos, ci- Estudo e Componente Eletivo. No tocante à
dadania e as relações humanas, entre outros Formação Profissional Técnica de Nível Médio,
estão como componentes comuns ou eletivos a organização curricular apresenta Matrizes
(PIAUÍ, 2018). Curriculares diferenciadas com relação à Base
Comum, de acordo com o curso ofertado,
Conforme a matriz curricular disposta na re- havendo redução na carga horária de alguns
ferida Instrução Normativa, os componentes componentes de modo a possibilitar a inser-
curriculares da Base Nacional Comum Curricu- ção dos componentes específicos da Base
lar possuem uma carga horária total de 3.960 Técnica de cada curso. No entanto, a parte di-
horas, sendo 1.320 horas ano, distribuídas nas versificada permanece a mesma da formação
áreas de conhecimento: geral (PIAUÍ, 2018).

I –  Linguagens: Língua Portuguesa, Educa- Nos últimos anos, visando ao alcance da uni-
ção Física e Arte; versalização com qualidade, com a diversifica-
II – Matemática: Matemática; ção das formas de atendimento e ampliação
III – Ciências Humanas: Geografia, História, Fi- da sua oferta, a Secretaria da Educação e
losofia e Sociologia; Cultura – SEDUC propôs a implementação do
IV – Ciências da Natureza: Química, Física e Programa de Educação com Mediação Tecno-
Biologia. lógica – CANAL EDUCAÇÃO, com foco na me-
lhoria da qualidade do ensino nas escolas que
A Parte Diversificada está estruturada em enfrentam dificuldade para o acesso e perma-
Componentes Comuns com oferta anual por nência de estudantes aptos à matrícula no En-
série e em Componentes Eletivos com oferta sino Médio Regular. O programa oferecer aos
semestral por Módulo. Os Componentes Cur- estudantes piauienses a oportunidade de parti-
riculares Língua Estrangeira Moderna Inglês e cipação em cursos técnicos profissionalizantes
Espanhol, Projeto de Vida e o Horário de Estu- e cursos livres – Preparatório ENEM.
do são comuns a todos os estudantes matri-
culados no Ensino Médio de Tempo Integral, A Educação com Mediação Tecnológica ga-
com oferta anual. Cada estudante deve cursar rante que a oferta da educação básica, nas
anualmente 02 (dois) componentes eletivos. diferentes modalidades, seja ministrada por
Cada Componente Eletivo tem duração anual professores habilitados utilizando mídias edu-
de 40 horas, sendo 02 (duas) aulas semanais, cativas com transmissão via-satélite, com au-
ofertado a cada semestre letivo. las ministradas em estúdios e transmitidas via

Currículo do Piauí 2021 31


satélite (IP-TV) em tempo real em regime pre- Escola de Aprendizes Artífices, criada pelo De-
sencial para os 900 ambientes escolares insta- creto 7.566/1909 e instalada em 1910 com o
lados em áreas urbanas e rurais do Estado. O objetivo de formar profissionais artesãos. Em
estúdio de transmissão está localizado em um 13 de janeiro de 1937, por força da Lei no 378,
anexo da TV Antares, Teresina/PI. a Escola de Aprendizes Artífices do Piauí, e
todas as outras 18 unidades que compunham
O Programa foi sendo implementado de for- a Rede de Educação Profissional passaram a
ma gradativa, iniciando no ano de 2011, com a denominar-se Liceu Industrial.
criação e regulamentação do Programa Mais
Saber, por meio do Decreto no 14.628/2011. A partir de 1966, passou a atuar como Ensino
No ano seguinte, teve início a transmissão das Profissional em nível de 2o Grau, com a deno-
aulas, de disciplinas para a 1a série do Ensino minação de Escola Industrial Federal do Piauí.
Médio regular e cursos livres: preparatório para Em 1967, mudou a denominação para Escola
o Exame Nacional do Ensino Médio e o reforço Técnica Federal do Piauí – ETFPI. Por meio da
para a 1a e 2a série do Ensino Médio nas dis- Lei 8.948/1994 a Escola Técnica Federal do
ciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Piauí passou a Centro Federal de Educação
Tecnológica do Piauí – CEFET-PI, fase que ha-
No ano de 2016, houve um redirecionamento via no Piauí 2 (dois) Centros de Educação: Te-
e expansão do Canal Educação, ampliando as resina Central e Campus Floriano. Entre 2007
ofertas da Educação com mediação tecnológi- e 2016, que corresponde ao período de ex-
ca, incluindo a 1a, 2a e 3a série do Ensino Médio, pansão, foram criadas 18 unidades, atenden-
turmas puras (turmas com 100% dos profes- do aos municípios de Parnaíba, Picos, Angical
sores do Canal Educação), turmas mistas (dis- do Piauí, Corrente, Paulistana, Piripiri, São Rai-
ciplinas específicas), EJA com a VII etapa e mundo Nonato, Uruçuí, Pio IX, José de Frei-
preparatório para o ENEM. Em 2017, concreti- tas, Campo Maior, Cocal, Oeiras, Pedro II, São
zou-se a expansão da infraestrutura com cinco João do Piauí e Valença do Piauí.
estúdios e ampliação dos kits (900 kits), oferta
de Cursos Técnicos – Administração, Vendas No Estado do Piauí, a proposta curricular es-
e Cooperativismo (concomitante com o Ensi- truturada no ano de 1996, pelo Departamento
no Médio ofertado), Curso de Nível Superior de 2o grau da Secretaria Estadual de Educação
– Administração/UAPI e Serviços específicos, – SEED, para os cursos de 2o grau profissio-
com formação, capacitação, videoconferência, nalizante e não profissionalizante, com apre-
web conferência, gravação de vídeos, uso da sentação na forma de módulos curriculares,
plataforma para a SEDUC/PI. um módulo para cada curso, foi submetido à
análise e aprovação do Conselho Estadual de
A Educação com Mediação Tecnológica tem Educação – CEE, Parecer CEE/PI no 54/97, vi-
contribuído para a transformação do cenário da gente a partir de 1997, como orientação curri-
oferta da educação pública no Piauí, levando cular para a rede estadual até o final da década
educação de qualidade a quem antes não tinha de 1990, quando os estudos realizados pelos
perspectiva. A formação das turmas puras – alunos remanescentes da Lei 5.692/1971, ou
turmas onde só existe aula através da EMT/ seja, alunos matriculados nos cursos de 2o
Canal Educação – tem colaborado para alavan- grau profissionalizante e não profissionalizante
car os índices de escolaridade e acesso ao en- até o ano de 1998, período de transição dessa
sino superior. lei, foram finalizados. Nesse período, a rede de
educação profissional era constituída por 16
No tocante à Educação Profissional, sua insti- escolas, sendo 5 (cinco) escolas técnicas – ori-
tucionalização no Piauí passa pela criação de ginadas do Programa de Expansão e Melhoria

32 Novo Ensino Médio – Caderno 1


do Ensino Médio – PREMEN, 11(onze) escolas de Melo – PREMEN NORTE. Em 2000 apro-
normais, com abrangência em 22 municípios, vou com o Parecer CEE no 203/2000, os cur-
sendo os cursos profissionalizantes ofertados sos das demais escolas.
também, em escolas de ensino médio e fun-
damental. Nesse mesmo ano de 1999, por meio de con-
vênio entre MEC/SEMTEC/PROEP e coopera-
Com base no Decreto Federal no 2.208/1997, ção técnica da Organização das Nações Unidas
que definia como níveis de educação profis- para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNES-
sional o básico, técnico – concomitante ou CO) foi elaborado e submetido à aprovação
pós-médio e tecnológico, correspondente a MEC/SEMTEC/PROEP, o Plano Estadual de
cursos de nível superior na área tecnológica, Reordenamento da Educação Profissional –
destinados aos egressos do ensino médio e PEP. Esse plano, elaborado com recurso finan-
técnico, a opção, na rede estadual foi por ofer- ceiros do Programa de Expansão da Educação
tar somente o pós-médio, considerando a de- Profissional – PROEP, a partir de um estudo de
manda grande de egressos do ensino médio, mercado, redefiniu que a rede de educação pro-
não aprovados no vestibular, que optavam por fissional seria constituída de Centros, para ofer-
um curso técnico para conseguir uma habilita- ta de cursos básicos e técnicos e de Núcleos
ção profissional. para a oferta somente dos cursos básicos.

A partir de 1998, o Ensino Médio em expansão O PROEP financiaria também, a implantação


passou a ser ofertado também, pelas Escolas da educação profissional nos estados, a par-
Técnicas Estaduais – PREMENS, que ofer- tir da apresentação e aprovação dos Projetos
tavam somente o 2o grau profissionalizante. Escolares – PEC, de cada Centro e Núcleo. De
Inicialmente, em 1999, a modalidade de educa- acordo com o PEP, a rede de educação profis-
ção profissional de nível técnico (pós-médio), sional seria constituída por 18 CENTROS, um
sob orientação legal do decreto no 2.208/1997 em cada sede de DRE, e 11 NÚCLEOS que se-
foi implantada nas 5 (cinco) Escolas técnicas. riam posteriormente transformados em CEN-
Em Teresina, na Escola Técnica Pref. João TROS. As 5 (cinco) escolas técnicas seriam
Mendes Olímpio de Melo – PREMEN NORTE transformadas em CENTROS após elaboração
e na Escola Técnica Mons. José Luís Barbosa e aprovação pelo MEC/SEMTEC/PROEP, do
Cortês – PREMEN SUL, em Parnaíba, na Es- Plano Escolar – PEC, de cada escola.
cola Técnica Min. Petrônio Portela, em Picos
na Escola Técnica Petrônio Portela e em Flo- Com base no Decreto no 5.154/2004, que alte-
riano, na Escola Técnica Calisto Lobo, com a ra a configuração da oferta de educação profis-
oferta dos cursos de Contabilidade, Patologia sional, a forma integrada ao Ensino Médio foi
Clínica, Processamento de Dados e Enferma- implantada na rede de educação profissional a
gem, mencionados no Quadro II. Este quadro partir de 2006, com organização curricular se-
permaneceu inalterado até 2002. riada e duração de 4 anos, em regime regular
e de alternância. Os cursos de Formação Téc-
Os cursos pós-médio, cuja matriz curricular or- nica tiveram sua organização curricular refor-
ganizada por módulo semestral e carga horária mulada para 3 anos, com matrícula nesta nova
definida nas Diretrizes Curriculares Nacionais organização, a partir de 2012.
para o Ensino Técnico, foram aprovadas pelo
CNE/CEB em 1999. Nesse mesmo ano, o Em 2009, iniciaram as primeiras turmas de
Conselho Estadual de Educação – CEE aprovou PROEJA, ensino médio integrado na modali-
através do Parecer CEE no 22/1999 os cursos dade de EJA, cursos com organização curri-
da Escola Técnica Prof. João Mendes Olímpio cular modular semestral e duração de 3 anos.

Currículo do Piauí 2021 33


Nesse ano, iniciaram também os primeiros e demais normas e regulamentos, e visa a ar-
Centros de Educação Profissional de Tempo ticular os saberes que constituem as áreas do
Integral – CEPTI, com jornada pedagógica de conhecimento: Linguagens e Códigos e suas
7,5 horas diárias e seus cursos com organiza- Tecnologias, Ciências da Natureza e Matemá-
ção curricular seriada com duração de 3 anos. tica e suas Tecnologias, Ciências Humanas e
suas Tecnologias com os conhecimentos espe-
Em 2011, foram iniciadas as primeiras turmas cíficos deste curso dos eixos tecnológicos cor-
de educação à distância, na forma “subse- respondentes. Para isso, o currículo contempla
quente ao Ensino Médio”, com organização competências básicas previstas no ensino mé-
curricular modular semestral. Em 2012, inicia- dio, competências específicas relacionadas à
ram os cursos técnicos de nível médio na for- formação do Técnico de Nível Médio.
ma “concomitante ao Ensino Médio” também
com organização curricular modular semestral, O Currículo está estruturado em 03 (três) sé-
financiado pelo PRONATEC. ries anuais. Cada série terá carga horária de
1.080 horas de aulas teóricas e práticas, acres-
Em 2017, a Secretaria de Estado da Educação cidas das horas do estágio profissional super-
implementou a oferta dos Cursos Técnicos visionado, Visita Técnica Orientada (VTO) ou
de administração, cooperativismo e vendas Trabalho de Campo Orientado (TCO). O con-
na forma Concomitante ao ensino médio por junto dos componentes curriculares apresen-
meio do Canal Educação – Programa de Me- tados na matriz curricular serve de base para a
diação Tecnológica, em 186 municípios. As Es- construção das competências requeridas para
colas Famílias Agrícolas (EFAS) tiveram suas a formação geral e profissional do Técnico de
matrículas estadualizadas em 2015, passando Nível Médio, devendo estabelecer um diálogo
a figurar como entidade pública, conforme re- permanente entre teoria e prática, em toda
solução CEE-PI no 199/2016. a extensão do currículo, na construção das
aprendizagens, no âmbito da vida pessoal, so-
Em 2021, a Rede Pública de Educação Pro- cial, cultural e produtiva.
fissional do Estado do Piauí, com oferta de
Ensino Médio articulado, está constituída por Os Cursos Técnicos ofertados na modalidade
76 Unidades de Ensino, sendo 17 Centros de jovens e adultos (PROEJA) estão organiza-
Estaduais de Educação Profissional – CEEP, dos em seis módulos didáticos distribuídos em
15 Centros Estaduais de Educação Profissio- três anos letivos, perfazendo uma carga horá-
nal Rural – CEEPRU; 08 Centros Estaduais ria mínima de 2.400 (duas mil e quatrocentas
de Tempo Integral – CETI; 16 Escolas Família horas), acrescida das horas do estágio profis-
Agrícola – EFA, 01 Escola Técnica de Teatro, sional supervisionado, Visita Técnica Orientada
01 Núcleo de Educação Profissional e 19 Uni- (VTO) ou Trabalho de Campo Orientado (TCO).
dades Escolares, Jurisdicionadas as 21 Geren-
cias Regional de Educação e com oferta nos A implementação de políticas públicas de expan-
12 territórios de desenvolvimento. são da oferta de educação profissional como a
oferta de cursos subsequentes pela Rede Etec,
A Organização Curricular proposta para os cur- a oferta concomitante por meio do Pronatec/
sos integrados ao Ensino Médio tem como Mediotec assim como a oferta de cursos con-
fundamento as Diretrizes Curriculares Nacio- comitantes com utilização de instrumentos de
nais para a Educação Profissional (Resolução mediação tecnológica da rede estadual de en-
CEB/CNE no 06 de 20/09/2012), a Lei Federal sino resultou no aumento exponencial da matrí-
no 9.394/96 (LDB) alterada pela Lei Federal cula conforme gráfico de expansão da matrícula
11.741/2008, o Decreto Federal no 5.154/2004 de educação profissional abaixo:

34 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Gráfico 3 – Expansão da matrícula de Educação Profissional

Matrícula de EPT por dependência administrativa


2002-2020
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0

Federal Estadual Municipal Privada TOTAL



Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do MEC/INEP de 2002 – 2020 (2020).

Destaca-se, nesse período, o crescimento da É valido ressaltar que a Educação de Jovens


rede estadual que aumenta sua matrícula em e Adultos, em nível médio (2o Grau), come-
quase 1000% e é responsável, em 2020, por çou a ser ofertada em 1973 nos Núcleos de
70% da matrícula de educação profissional no Ensino Supletivo – NES. Na época o estado
Estado do Piauí. contava com 04(quatro) Núcleos de Ensino.
Na época, o estado contava com 43 (quarenta
Quanto à modalidade de Educação de Jovens e três) desses centros, mas no ano de 2011,
e Adultos, no ano 2000, foram aprovadas as a Instrução Normativa GSE 001/2011 determi-
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Edu- nou que todos os centros com até 200 alunos,
cação de Jovens e Adultos, parecer CEB no num total de 17 (dezessete), fossem desati-
11/2000, Resolução no 01 do Conselho Nacio- vados e os alunos transferidos para o regime
nal de Educação que define a EJA como mo- presencial.
dalidade da educação básica, estabelecendo
normas a serem obrigatoriamente observada A partir de 2011, o ensino médio na modali-
na oferta e estrutura curricular pelos respec- dade EJA foi expandido para Rede, de acordo
tivos Conselhos Estaduais e Municipais de com a demanda e espaços físicos existentes
Educação, bem como pela Secretaria de Edu- nas escolas. Em 2018, a EJA, em nível mé-
cação, atendendo as especificidades do cará- dio, foi ofertada em 400 (quatrocentas) esco-
ter próprio que lhe é peculiar. las e 220 (duzentos e vinte) municípios e em
2019 esse número caiu para 383(trezentas e
A modalidade supracitada está organizada por oitenta e três) escolas e 217(duzentos e de-
segmentos, subdivididos em etapas das quais zessete) municípios devido ao reordenamen-
corresponde ao Ensino Médio o segmento III, to da rede.
etapas VI (equivalente a 1a e 2a séries) e VII
(equivalente a 3a série), com duração total de Dessa forma, evidencia-se que as diversas
02 (dois) anos. modalidades de Ensino Médio, ofertadas pela

Currículo do Piauí 2021 35


rede estadual visam a atender as necessida- dos estudantes na escola. Todavia, a ausên-
des da sociedade piauiense e a diversidade de cia e/ou ineficiência de políticas públicas for-
sujeitos que demandam essa etapa. tes, voltadas para a garantia dos direitos dos
jovens, dão margem a desigualdades que re-
sultam na evasão e no abandono escolar, bem
2.2 Sujeitos do Ensino Médio1 como na geração de um quantitativo ainda
maior de jovens para a Educação de Jovens e
A escola constitui-se como um espaço que Adultos (EJA).
deve ser referência para a socialização dos
estudantes, oferecendo-lhes possibilidades E, aliada a políticas públicas educacionais, a
de desenvolvimento enquanto protagonistas escola tem papel importante nesse processo.
na construção do conhecimento. Para isso, a Para tanto, precisa contextualizar suas ações,
escola deve respeitar e valorizar as diferentes flexibilizando-as de acordo com as possibilida-
experiências que esse público traz de seus di- des e necessidades dos sujeitos dessa etapa
versos contextos e realidades e compreender de ensino, possibilitando, assim, o protagonis-
suas potencialidades. Além disso, deve reco- mo estudantil, como estímulo para a permanên-
nhecer cada um como sujeito de direito e pro- cia e o sucesso do ensino e da aprendizagem.
tagonista das ações pedagógicas na escola.
Neste sentido, percebe-se que as políticas
De acordo com Mesquita e Lelis (2015, p. 5), desenvolvidas recentemente têm procurado
valorizar o lugar da escola como um espaço im-
cerca de um pouco mais da metade dos jovens, portante para a garantia da aprendizagem dos
53%, estão no Ensino Médio Regular. Porém, a alunos. O Pacto Nacional pelo Fortalecimento
outra metade, ou estão com distorção série-ida- do Ensino Médio, Caderno II para Formação
de, ainda cursando o ensino fundamental, cerca de Professores do Ensino Médio, Etapa I, abor-
de 38%, ou estão fora da escola, 9%. É quase da essa temática considerando que o aluno é
um milhão de jovens longe da escola, eviden- o foco do processo de ensino aprendizagem,
ciando os problemas de acesso e permanência no entanto, muitas vezes, não é chamado para
que precisam ser enfrentados pelas políticas participar das ações da escola.
norteadores de formação da juventude no nível
médio. Muitas vezes, os alunos não são chamados para
emitir opiniões e interferir até mesmo nas ques-
Importante ressaltar que, embora essa infor- tões que lhe dizem respeito diretamente. E isso,
mação faça referência aos jovens, o direito de sem dúvida, pode ser considerado como um
aprender abarca todos os estudantes dessa desestímulo à participação e ao protagonismo
etapa de ensino, quer sejam jovens, adultos (PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO
ou idosos. Tanto os estudantes que estão no DO ENSINO MÉDIO, 2013, p. 10).
Ensino Médio na idade certa quanto os que
não conseguiram prosseguir seus estudos em A política pública educacional deve ser resul-
idade proporcional, no caso, os estudantes da tado de um amplo processo de participação
EJA devem ter esse direito assegurado. Nessa de todos que são envolvidos na tarefa pedagó-
perspectiva, evidencia-se que há necessidade gica, incluindo ativamente os professores, os
de se implementar um Ensino Médio que dê alunos e seus pais. Nesse sentido, é preciso
conta de garantir o acesso e a permanência que a formulação da política educacional con-

1  Importa destacar que o conceito de protagonismo para o Ensino Médio está muito articulado ao público juvenil (vide manuais de
referência). Entretanto, para além de uma faixa etária específica, este currículo adota o conceito de uma forma ampla, de modo a
abarcar jovens, adultos e idosos, como sujeitos do Ensino Médio – razão pela qual se utiliza a expressão protagonismo estudantil
em vários momentos neste documento ou mesmo o conceito de juventudes para contemplar todo o público dessa etapa de ensino.

36 Novo Ensino Médio – Caderno 1


sidere a legislação que trata da educação, prin- estudo, e muitos não são atendidos por políti-
cipalmente a Constituição Federal de 1988 e a cas públicas, o que gera desmotivação, ausên-
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB no cia de expectativas futuras, tudo isso ocasiona
9.394/1996), a Lei Federal No 13.415/2017, as evasão escolar. Para muitos os projetos de fu-
DCNEM (Resolução No 03/2018-MEC/CNE/ turo de entrelaçam com a necessidade de so-
CEB) e a BNCC (Resolução No 04/2018-MEC/ brevivência no presente, e precisam conciliar
CNE/CP) e, pois estes dispositivos legais, den- trabalho e estudo, e quando não conseguem,
tre ouros, definem as diretrizes para a educa- a educação fica em segundo plano.
ção brasileira.
Nessa perspectiva, os sujeitos do ensino mé-
O Estatuto da Juventude (Lei No 12.852/2013, dio devem ser percebidos como sujeitos so-
Seção II, Art. 7 a 13) define o jovem como sujei- ciais, com anseios e dilemas. Conforme Charlot
to que tem direito a uma educação de qualida- (2000), sujeito é um ser humano aberto a um
de com a garantia da educação básica. Todavia, mundo que possui uma historicidade; é porta-
é importante destacar que esse direito abarca dor de desejos, e é movido por eles, além de
todos os estudantes, independentemente da estar em relação com outros seres humanos.
faixa etária e, no caso do Ensino Médio, é pre- O sujeito é ativo, age no e sobre o mundo, e
ciso considerar que os sujeitos são diversos e nessa ação se produz e, ao mesmo tempo, é
abrange não só os jovens, mas também adul- produzido no conjunto das relações sociais no
tos e idosos que não tenham concluído essa qual se insere.
etapa da educação básica na idade certa.
Sob essa ótica, os sujeitos do ensino médio
Além da multiplicidade de idade dos sujeitos devem ser compreendidos em seus contextos
do Ensino Médio, a diversidade está inscrita sociais e familiares, pois muitos estão vulnerá-
nas relações sociais (classes sociais), culturais veis a diversos problemas de âmbito socioe-
(etnias, identidades religiosas, valores), de gê- conômicos e familiares, que os direcionam às
nero, geração, regiões geográficas, território drogas, a situações de bullying, depressão, vio-
urbano e rural, e com implicações das dife- lência e etc. Tudo isto são problemáticas que
rentes inserções no mundo do trabalho dentre impactam no processo ensino-aprendizagem e
outros aspectos que devem ser atendidos em desafiam a escola a superar e promover um
suas necessidades específicas, e precisam ensino que prepare o estudante para desenvol-
constar nas propostas curriculares. Pois, con- ver seu projeto de vida, que perpassa desde o
forme ressalta Rosimeire Reis (2015, p. 4), “a desejo de ingresso no ensino superior, ou in-
escola, embora não seja o único, é um impor- serção no mundo do trabalho. Deste modo, a
tante espaço de atuação no qual as identida- escola do Ensino Médio não pode mais ser a
des juvenis são negociadas e reinventadas”. E mesma, pois o seu público se modificou, sen-
ampliamos: é um espaço onde as identidades do estes jovens também os atores-chave dos
se reinventam, sejam elas de crianças, jovens, processos de mudanças da sociedade con-
adultos ou idosos. temporânea (CARRANO, 2012).

A diversidade também se reflete nas expecta- É preciso considerar a diversidade e a hete-


tivas desses sujeitos em relação à escola e ao rogeneidade que caracterizam o mundo do
futuro, tendo em vista que no caso da escola trabalho atualmente no Brasil, que demanda
pública, a maior parte dos estudantes é prove- considerar as diferentes situações vividas por
niente das classes populares, que vivem em estudantes trabalhadores, sejam os sujeitos
periferias nas cidades ou zona rural, sem aces- do meio rural que precisam conciliar o estudo
so a opções de lazer, e não contam com incen- com o trabalho no campo e em atividades no
tivos familiares e pessoais para a dedicação ao espaço doméstico, seja o estudante do meio

Currículo do Piauí 2021 37


urbano que trabalha no comércio, fábricas, em de estudo ou para a qualificação relativa à ativi-
atividades informais e etc. Os sujeitos quilom- dade laboral que já exerce.
bolas, indígenas, com culturas diversas que
devem ser atendidos em suas especificidades. Os sujeitos são influenciados pela sociedade
“Nesse sentido, o mundo do trabalho aparece em que vivem. Nesse sentido, considerando a
como uma mediação efetiva e simbólica na ex- especificidade do territorial do Estado do Piauí,
perimentação da condição juvenil, podendo-se com 224 municípios, dividido em 04 macrorre-
afirmar que ‘o trabalho também faz a juventu- giões (Litoral, Meio Norte, Semiárido e Cerra-
de’” (DAYRELL, 2007, p. 109). dos), e 11 territórios de desenvolvimento, com
base em critérios como vocações produtivas
Nesse sentido, o Ensino Médio no Piauí tem e dinâmicas socioeconômicas, a rede estadual
escolas com modalidades que se adequam deve considerar as identidades socioculturais
à diversidade de estudantes. As escolas de dos sujeitos que vivem nas diferentes regiões,
tempo Integral atendem um público jovem de forma a proporcionar uma educação que
que, em sua maioria, se dedica somente aos abarque a diversidade cultural e socioeconô-
estudos; as escolas de ensino médio regular mica do estado, que direcione os sujeitos ao
diurno atendem um público diversificado, con- aproveitamento das potencialidades econômi-
siderando que alguns trabalham seja formal ou cas, culturais, religiosas locais e regionais.
informal; o ensino médio noturno atende uma
clientela adulta, em que a maioria trabalha. As Nessa perspectiva, o currículo do ensino médio
escolas técnico-profissionais atendem um pú- busca responder às expectativas dos sujeitos,
blico mais adulto e muitos trabalhadores, as por meio do reconhecimento dos modos de ex-
escolas família Agrícolas e Agrotécnicas aten- pressão estudantis, de modo a contribuir para
dem jovens oriundos principalmente de comu- a valorização da cultura local e regional, favore-
nidades rurais, ou que ajudam seus pais na cendo a autoestima e autonomia enquanto su-
agricultura familiar. jeitos globalizados. Espera-se que a escola seja
um ambiente de pertencimento desses sujeitos
Destacam-se, também, os Centros de Educa- capaz de explorar suas potencialidades, não
ção de Jovens e Adultos – CEJAs – que aten- somente em sua função pedagógica, mas tam-
dem um público com diferentes experiências bém como local de sociabilidades, de afetos e
de vida e que, por razões diversas, afastou- de desenvolvimento de seres humanos cons-
-se da escola, porém, busca o seu retorno de cientes de si mesmos e de sua relação com os
acesso ao ensino formal, seja para conclusão outros, que possibilite o exercício da cidadania.

38 Novo Ensino Médio – Caderno 1


3 Base conceitual

O presente capítulo tem como foco o desenvol- 3.1.1 Currículo


vimento de concepções adotadas pela Rede Es-
tadual de Ensino acerca de determinados temas, O currículo é um documento político-pedagó-
como currículo, avaliação, juventudes, conforme gico, norteador de práticas docentes e edu-
descritos em tópicos posteriores. Apresenta cativas, resultante de concepções políticas,
também os princípios orientadores para o Novo culturais e sociais, além de ferramenta de ges-
Ensino Médio, cujo conceito de flexibilização tão para a implementação e o acompanhamen-
curricular deverá perpassar por toda a etapa fi- to de políticas públicas de educação. Derivado
nal da Educação Básica, como se percebe em da palavra latina currere, currículo “se refere à
detalhamento dos itinerários formativos. carreira, a um percurso que deve ser realiza-
do” (SACRISTÁN, 1998, p. 125). Conforme a
própria definição aponta, o vocábulo represen-
3.1 Concepções da Rede ta um conceito polissêmico.

O currículo definido pela Rede Estadual para Assim, resultante de discursividades, de in-
os sujeitos do Ensino Médio tem como foco o tenções diversas e de variadas representa-
desenvolvimento de competências que garan- ções, o currículo é influenciado pelo contexto
tam a formação humana e integral dos estudan- social e histórico no qual se insere, sendo
tes piauienses, enquanto sujeitos do direito de ainda resultado da interpretação daqueles
aprender em suas singularidades e diversidades. que o vivenciam. Neste sentido, parte-se da
Para isso, apresenta uma abordagem de ensino concepção de que o currículo é um repertório
e aprendizagem numa perspectiva de integra- para o percurso educativo, com projeto for-
ção de saberes. Neste sentido, discorre sobre a mativo que deve articular políticas e práticas
construção intencional de processos educativos docentes.
que promovam aprendizagens sintonizadas com
as necessidades, as possibilidades e os interes- Sob essa ótica, Sacristán (1998) ressalta que a
ses dos estudantes, bem como pressupõe um concretização das expectativas curriculares se
conceito de currículo que seja flexível, tal qual a dá a partir do resultado das interações em todo
perspectiva de Ensino Médio que se tem hoje. o processo. Ou seja, o currículo não pode ser
concebido como uma ação isolada no proces-
Nos tópicos a seguir, tem-se uma visão de Rede so de ensino e aprendizagem, muito menos
sobre os seguintes temas: Currículo; Avaliação; descontextualizado da realidade educacional
Ensino e Aprendizagem; Metodologias de ensi- em que se insere, conforme se percebe pela
no; Educação Integral e Juventudes. figura a seguir:

Currículo do Piauí 2021 39


Figura 5 – O currículo como processo

Fonte: Adaptado de Sacristán (1998).

Alinhado a essa concepção, devem-se consi- Enquanto componente pedagógico significati-


derar, ainda, as experiências, atividades, con- vo, o currículo deve sugerir propostas curricula-
teúdos, metodologias, métodos, forma e meios res, com base numa concepção de sociedade
empregados para cumprir os “fins da educa- e de cidadão que se quer construir, contex-
ção”. Como afirma Gimeno Sacristán (2000, tualizado com a realidade. Neste sentido, con-
p.15-16), textualizar implica estabelecer uma relação
dinâmica, dialética e dialógica entre contexto
O currículo é uma práxis antes que um objeto es- histórico-social-ambiental-político e cultural e
tático emanado de um modelo coerente de pen- o currículo como um todo, concebido como
sar a educação ou as aprendizagens necessárias um processo em constante construção. Des-
das crianças e dos jovens, que tampouco se es- sa forma, o currículo, contextualizado com a
gota na parte explicita do projeto de socialização realidade piauiense, visa ao reconhecimento e
cultural nas escolas. É uma prática, expressão, valorização oficial e intencional dos diferentes
da função socializadora e cultural que determina- e múltiplos saberes, discursos e enunciados
da instituição tem, que reagrupa em torno dele gestados e construídos pelos saberes e expe-
uma série de subsistemas ou práticas diversas, riências locais e regionais. Tem, portanto, um
entre as quais se encontra a prática pedagógica compromisso com a formação e o desenvolvi-
desenvolvida em instituições escolares que co- mento humano global dos estudantes piauien-
mumente chamamos de ensino. O currículo é ses, em suas dimensões intelectual, física,
uma prática na qual se estabelece diálogo, por afetiva, social, ética, moral e simbólica.
assim dizer, entre agentes sociais, elementos
técnicos, alunos que reagem frente a ele, pro- O currículo do século XXI deve incorporar
fessores que o modelam. enfoques pós-modernos e pós-estruturais,
caracterizados pela multiplicidade de tendên-

40 Novo Ensino Médio – Caderno 1


cias e orientações teórico-metodológicas que ça curricular, que, segundo sua concepção, é
se inter-relacionam produzindo os “multi” e pautada por três princípios: (a) os interesses
“trans’’ (SILVA, 2010), com a inserção de te- dos menos favorecidos, (b) participação e es-
máticas que ganham amplas dimensões como colarização comum e (c) a produção histórica
questões de gênero, etnia e sexualidade, in- da igualdade. “Para o autor, o critério da justi-
corporadas ao conceito de diferença, de modo ça curricular é o grau em que uma estratégia
a construir uma educação a favor da vida, que pedagógica produz menos desigualdade no
potencialize a diversidade cultural e a convi- conjunto de relações sociais ao qual o sistema
vência com as diferenças, por meio da desco- educacional está ligado” (MOREIRA e CAN-
lonização dos conhecimentos. DAU, 2003, p. 2).

Tal abordagem busca conviver com a provisorie- Segue, portanto, uma orientação multicultu-
dade e múltiplas realidades constituídas pelos ral numa perspectiva emancipatória. Confor-
discursos, de modo a atender diferentes ato- me Sousa Santos (2003, p. 33), “As versões
res sociais, de diferentes espaços e detentores emancipatórias do multiculturalismo baseiam-
de variados repertórios culturais, pois um cur- -se no reconhecimento da diferença e do direi-
rículo contextualizado compreende educação to à diferença e da coexistência ou construção
como um espaço de formação de humanos, de uma vida em comum além de diferenças
com referenciais culturais, políticos, religiosos de vários tipos”. É sob essa ótica que o cur-
específicos e diversos. Neste sentido, é neces- rículo para o Ensino Médio, ao propor objetos
sário imprimir a pluralidade e flexibilidade como de conhecimentos a serem trabalhados, deve
princípios orientadores do currículo contextuali- ser responsável pela condução do processo de
zado, com vista à superação do reducionismo, ensino-aprendizagem de uma forma holística e
e que imprima visibilidade dos conhecimentos equânime.
e relações dos sujeitos, de modo a contribuir
para o desenvolvimento da autonomia intelec- Sacristán (2013, p.18) afirma que, ao se consi-
tual e consciência social dos sujeitos. derar tudo o que se sabe e o que é passível,
em tese, de ensinamento e de ser aprendido,
Nessa linha, Saviani (2002, p. 68) defende “o currículo é uma seleção organizada dos con-
que o Currículo para se constituir em um ins- teúdos a aprender, os quais, por sua vez, re-
trumento de promoção humana “precisa ser gularão a prática que se desenvolve durante a
continuamente confrontado com os objetivos escolaridade”. Nesse sentido, o currículo deve
da nossa ação educativa, de acordo com as ca- eleger conteúdos que promovam um aprendi-
racterísticas próprias da atividade sistematiza- zado significativo, elaborado a partir das ne-
dora”, o que ocorre quando o educar é o foco cessidades concretas, e articulado à realidade
principal, que deve ser perpassado por plane- local e regional. De forma que se torne o veí-
jamento e ação didática. culo, o interlocutor dos saberes locais com os
saberes globais.
Nesta perspectiva, considerando o contexto
contemporâneo, o currículo do Piauí para a Seguindo essa lógica, o documento curricular
etapa do Ensino Médio visa nortear um mo- que ora se apresenta tem propósito para além
delo de educação que promova os sujeitos de uma discussão reflexiva acerca do proces-
dessa etapa ao exercício de cidadania, capaz so de ensino e aprendizagem. Por essa razão,
de promover a construção de uma sociedade apresenta detalhamento de como se colocar
igualitária e justa, comprometida com proces- em prática os aprendizados abordados por
sos de desenvolvimento social. Assim, procura cada área do conhecimento (vide capítulo se-
desenvolver o que Connell (1993, apud MO- guinte). E essa prática tende a ser exitosa a
REIRA e CANDAU, 2003) denomina de justi- partir da interação entre professores dos diver-

Currículo do Piauí 2021 41


sos componentes curriculares nos diferentes um currículo elaborado com foco no desenvol-
espaços formativos ofertados tanto pelos sis- vimento de competências tem estreita relação
temas de ensino como pelas próprias escolas. com as ideias do teórico em questão.

Considerando que a escola constitui-se “no ló-


cus privilegiado de um conjunto de atividades 3.1.2 Ensino e aprendizagem
que, de forma metódica, continuada e sistemá-
tica, responde pela formação inicial da pessoa, O processo de ensino e aprendizagem tem
permitindo lhe posicionar-se frente ao mundo” sido objeto de reflexão há décadas. A preocu-
(DIAS, 2008 p. 158), a escola é o espaço por pação com o ato de educar vem desde a anti-
excelência onde se efetivam as concepções guidade. O filósofo grego Sócrates, nos anos
do currículo. Nesta perspectiva, espera-se que entre 469 a 399 a.C., opondo-se à filosofia que
o currículo, enquanto documento relevante procurava explicar o mundo baseado na obser-
no desenvolvimento do processo de ensino- vação da natureza, defendeu a proposição de
-aprendizagem e produção do conhecimento que o ser humano deveria conhecer a si mes-
nas dimensões individual e social, conduza as mo, tendo como inquietação, levar as pessoas,
escolas do Ensino Médio do Piauí à produção por meio do autoconhecimento, à sabedoria
de saberes conectados às aplicações sociais. e à prática do bem. Para ele a valorização do
diálogo era algo importantíssimo, pois serviria
É importante destacar que, embora consideran- como meio de investigação acreditando, tam-
do as esferas da autonomia e da competência bém, que a aprendizagem deveria começar a
das redes e instituições de ensino, estas deve- partir da educação do corpo, que por sua vez,
rão assegurar, na organização de seus currículos permitiria controlar o físico.
e propostas pedagógicas, as devidas adequa-
ções às diferentes modalidades de ensino (Edu- Por volta dos anos 427 a 347 a.C., a formação
cação Especial, Educação de Jovens e Adultos, do homem moral, como objetivo final da edu-
Educação do Campo, Educação Escolar Indíge- cação, assim como a defesa de um estado jus-
na, Educação Escolar Quilombola, Educação to para acolher cada indivíduo foram objetivos
a Distância). Além disso, deverão incorporar a defendidos por Platão. Isso fez com que sua
abordagem de temas contemporâneos que afe- pedagogia se aproximasse da sua própria filo-
tam a vida humana em escala local, regional e sofia, dizendo que a busca da verdade é mais
global, preferencialmente de forma transversal importante que a dos dogmas incontestáveis.
e integradora. Tudo isso em atendimento às Este pensador defendeu a ideia de que profes-
orientações das Diretrizes Curriculares Nacio- sor ou aluno pensem sobre si próprios. Aris-
nais para o Ensino Médio (DCNEM/2018). tóteles (384 a 322 a.C.), discípulo de Platão,
acreditava que a educação deveria ser tomada
Ressalta-se, por fim, que, dentre as concep- como o real caminho para a vida pública, ten-
ções de currículos aqui abordadas, a que do em vista que somente com uma adequada
mais se aproxima do entendimento da Rede educação seria possível formar o caráter do
Estadual é a postura curricular defendida por aluno. Neste sentido, este filósofo defendia a
Sacristán, do qual extraímos o aspecto proces- ideia de que a criança aprende com o ato de
sual do currículo que, segundo o autor “tem a imitar os bons hábitos, e consequentemente,
ver com uma visão sobre as relações escola- se tornar um cidadão ético e voltado à efetivi-
-sociedade em geral” (1998, p. 140). E, como dade do bem comum em seu meio social.
o que se propõe neste documento curricular é
a integração de saberes, com vistas ao atendi- No período medieval, com o paradigma teo-
mento da garantia de aprendizagens essenciais cêntrico em alta nos mais diversos segmentos
dos sujeitos do Ensino Médio, entende-se que (religioso, cultural, político, epistemológico), a

42 Novo Ensino Médio – Caderno 1


educação era tratada como especificidade da Em uma perspectiva educacional pós con-
Igreja, assim como a expansão da mesma na texto da Revolução Francesa – na qual se
Europa. Era responsabilidade da Igreja a disse- defendeu uma sociedade movida pelos prin-
minação da cultura, bem como dos processos cípios da Liberdade, Igualdade e Fraternida-
educacionais deste contexto histórico, desta- de, como direito a ser usufruído por toda sua
cando-se um prévio curriculum instrucional população, surge uma marcante discussão a
embasado nas sete artes liberais, compostas partir das ideias de Karl Marx (1818-1883),
por: gramática, retórica, lógica, aritmética, onde se tem a defesa de um ensino pautado
geografia, astronomia e música. A Igreja torna- na transformação social. Na visão deste autor
-se a detentora do conhecimento e de formas a sociedade pode ser melhor compreendida
educacionais deste período, tendo em vista como uma composição de relações sociais,
que somente esta instituição poderia dar aval, onde o ser humano é feito a partir de suas
conforme seus interesses, do que poderia ser relações com a alteridade, ou seja, com os
ou não lecionado. O ensino era pautado na lei- outros homens. Assim, o ser humano seria
tura de textos e exposição das principais ideias movido à base de suas necessidades e liber-
pelo professor, formando muitas vezes deba- dade, existindo uma dialética em que se pos-
tes entre professores e alunos (scholastica sam justificar os fins.
disputattio), e que se tornou conhecido como
escolástica, método de estudos muito usado No século XX, teve grande contribuição na
por São Tomás de Aquino (1225-1274). formação da visão pedagógica, os pensamen-
tos de Maria Montessori (1870-1952), ao de-
No início da modernidade, é possível ser ob- fender a ideia de que a criança conquistava
servada uma importante transição no que a educação, partindo da concepção de que
se refere aos métodos educacionais, onde o já nascemos com a capacidade de ensinar a
método escolástico (medieval) ganha uma re- nós mesmos, desde que nos sejam dadas as
modelagem fundamentando-se não mais no condições. Seus estudos basearam-se na ob-
conhecimento revelado (religioso), mas na ver- servação de que as crianças aprendem melhor
tente que defende que o próprio ser humano, pela experiência direta da procura e descober-
enquanto ser racional, tem aparato mental e ta, cabendo ao professor acompanhar o pro-
pode estabelecer critérios específicos para o cesso e detectar o modo particular de cada um
alcance do conhecimento verdadeiro. Este in- manifestar seu potencial.
termediado pelas experiências e uso coerente
da razão, não mais tendo a razão como mero Ao longo do século XX, diferentes concepções
instrumento da religião. pedagógicas fundamentaram o processo de
ensino e aprendizagem, tais concepções, se-
Neste sentido, podem-se destacar algumas gundo Saviani (2006), podem ser agrupadas
perspectivas educacionais que têm sua ori- em duas grandes tendências: a primeira seria
gem e motivações a partir de significativos composta pelas concepções pedagógicas que
acontecimentos e mudanças ocasionados em dariam prioridade à teoria sobre a prática e a
determinados momentos da história moderna, segunda tendência, inversamente, compõe-
influenciando os mais diversos aspectos an- -se das concepções que subordinam a teoria à
tropológicos, tais como econômico, político, prática e dissolvem a teoria na prática.
social e cultural. Com isto, pode ser afirmado
que na modernidade têm-se ênfases de pro- As modalidades de pedagogia tradicional,
postas educacionais direcionadas a métodos de vertente religiosa ou leiga, dão prioridade
de ensino pensados a partir de fundamentos à teoria sobre a prática, e focam especifica-
filosóficos, conforme se observa na continui- mente nas teorias de ensino. Ao passo que as
dade deste texto. modalidades de pedagogias novas priorizam

Currículo do Piauí 2021 43


a prática, cuja ênfase é posta nas “teorias da A partir do século XX, a ênfase do processo
aprendizagem”. de aprendizagem se desloca para os métodos,
estabelecendo o primado dos fundamentos
Ainda conforme Saviani (2006), as concep- psicológicos da educação. Nesse, o professor
ções tradicionais, desde a pedagogia de Platão conduz a aprendizagem, mas o conhecimen-
e a pedagogia cristã, passando pelas pedago- to tem como ponto de partida a experiência já
gias dos humanistas, assim como a pedagogia existente ou a ser realizada pelo próprio aluno,
idealista de Kant, Fichte e Hegel, o humanismo conforme a perspectiva de Piaget (1983). Des-
racionalista, a teoria da evolução pautavam-se te modo, pode-se entender que a aprendiza-
pela centralidade da formação intelectual. Aqui gem, no contexto teórico construtivista, está
seria possível observar que o protagonista do subordinada ao desenvolvimento, ou seja, é
conhecimento era o professor, responsável por sempre provocada por uma situação e depen-
transmitir os conhecimentos acumulados pela de do desenvolvimento intelectual e da estru-
humanidade segundo uma gradação lógica, tura da própria inteligência.
cabendo aos alunos assimilar os conteúdos
que lhes são transmitidos. Nesse contexto, a Na perspectiva construtivista de Piaget, o co-
prática era determinada pela teoria que a mol- nhecimento humano se constrói na interação
dava, fornecendo-lhe tanto o conteúdo como a homem-meio, sujeito-objeto. O aprendizado
forma de transmissão pelo professor. depende essencialmente de uma prática peda-
gógica adequada, que favorecesse essa inte-
No que se refere às correntes educacionais li- ração, de forma a que gradativamente o aluno
gadas à renovação metodológica, temos como pudesse internalizar esse conhecimento, isto
referenciais pensadores como Rousseau, Kier- é, assimilá-lo integrando-o aos seus demais
kegaard, Stirner, Nietzsche e Bergson, chegan- conhecimentos (PIAGET, 1975).
do ao movimento da Escola Nova, bem como
às pedagogias não diretivas, à pedagogia ins- Conhecer consiste em operar sobre o real e
titucional e ao construtivismo priorizando em transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo
suas teorias da aprendizagem uma radical que se dá a partir da ação do sujeito sobre o
mudança, no qual a centralidade é o educan- objeto de conhecimento. As formas de conhe-
do. Este como protagonista da aprendizagem cer são construídas nas trocas com os objetos,
que, por meio da interação entre si e o pro- tendo uma melhor organização em momentos
fessor, constroem seus conhecimentos. Com sucessivos de adaptação ao objeto. Essa adap-
esta defesa de um método voltado mais aos tação ocorre através da organização, sendo
educandos, ao professor caberia o papel de que o organismo discrimina entre estímulos e
acompanha-los de modo a auxiliá-los em seu sensações, selecionando aqueles que irá orga-
próprio processo de aprendizagem. nizar em alguma forma de estrutura. A adap-
tação possui dois mecanismos opostos, mas
Nessa perspectiva de aprendizagem, o primado complementares, que garantem o processo
é sobre a prática, o eixo do trabalho pedagógico de desenvolvimento: a assimilação e a acomo-
desloca-se da compreensão intelectual para a dação. Segundo Piaget, o conhecimento é a
atividade prática; dos conteúdos cognitivos para equilibração/reequilibração entre assimilação e
os métodos ou processos de aprendizagem; do acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os
professor para o aluno; do esforço para o inte- objetos do mundo.
resse; da quantidade para a qualidade (SAVIA-
NI, 2006). Essa tendência torna-se hegemônica A aprendizagem, conforme defende Vygotsky
sob a forma do movimento da Escola Nova, na (2001, p. 115), “[…] pressupõe uma natureza
segunda metade do século XX, e assume no- social específica e um processo através do
vas versões, entre as quais o construtivismo, qual as crianças penetram na vida intelectual
sendo a mais difundida na atualidade. daqueles que a cercam”. É numa relação in-

44 Novo Ensino Médio – Caderno 1


trínseca do sujeito com o meio físico e social, cada pela escola, mas pela própria mente das
orientada por instrumentos e signos (entre crianças, em que esse processo deve ser gra-
eles a linguagem), que se processa o seu de- dual dependendo de sua assimilação e de uma
senvolvimento cognitivo. Nessa perspectiva, o reacomodação dos esquemas internos, o que
desenvolvimento psíquico do homem se reali- demanda tempo. O processo inicial da apren-
za por meio de processo de internalização (VY- dizagem é explicado também por variáveis
GOTSKY, 2001). sociais, culturais, políticas e psicolinguísticas.
Complementa a autora, que não existe ponto
Segundo esse autor, as relações intrapsíquicas zero da aprendizagem escrita; a criança sem-
(atividade individual) constituem-se a partir das pre apresenta um conhecimento prévio que o
relações interpsíquicas (atividade coletiva). É sujeito reestrutura a partir de um processo de
neste movimento do social ao individual que se acomodação e assimilação mental.
dá a apropriação de conceitos e significações,
ou seja, dá-se a apropriação da experiência so- Segundo Antoni Zabala (1998), a finalidade da
cial da humanidade. Desta forma, podemos escola é promover a formação integral dos alu-
entender que a aprendizagem não ocorre es- nos. Para ele, é na instituição escolar, através
pontaneamente, ela é mediada culturalmente. das relações construídas a partir das experiên-
Nas palavras de Leontiev (1978, p. 264) “O cias vividas, que se estabelecem os vínculos e
homem não está evidentemente subtraído ao as condições que definem as concepções pes-
campo da ação das leis biológicas. O que é soais sobre si e os demais. Daí a necessidade
verdade é que as modificações biológicas he- de uma reflexão profunda e permanente da
reditárias não determinam o desenvolvimento condição de cidadania dos alunos, e da socie-
sócio-histórico do homem e da humanidade”. dade em que vivem. Zabala atenta ainda para
as particularidades dos processos de apren-
A aprendizagem se dá por meio da interação dizagem de cada aluno. Na visão de Libâneo
e construção do conhecimento e também dos (1994, p. 88),
laços afetivos entre pessoas. Wallon argumen-
ta que as trocas relacionais da criança com os […] aprender é o processo de assimilação de
outros são fundamentais para o desenvolvi- qualquer forma de conhecimento, daquilo bem
mento da pessoa. simples onde a criança aprende a manipular os
brinquedos, aprende a fazer contas, lidar com as
O meio é um complemento indispensável ao ser coisas, nadar, andar de bicicleta etc., até aquilo
vivo. Ele deverá corresponder às suas necessi- mais complexo onde uma pessoa aprende a es-
dades e as suas aptidões sensório-motoras, colher uma profissão, lidar com as outras. Dessa
depois psicomotoras. Não é mesmo verdadeiro forma as pessoas estão sempre aprendendo.
que a sociedade coloca o homem em presença
de novos meios, novas necessidades e novos Na origem da aprendizagem está todo um pro-
recursos que aumentam a possibilidade de evo- cesso de assimilação no qual o aluno, com a
lução e diferenciação individual. A constituição orientação do professor, passa a compreender,
biológica da criança ao nascer não será a única refletir e aplicar os conhecimentos adquiridos,
do seu destino (…). Os meios em que vive a assim a aprendizagem é observada com a co-
criança e aqueles com que ela sonha constituem locação em prática, por parte do estudante,
a forma que amolda sua pessoa (…) (WALLON, desses conhecimentos que foram transmitidos
1975, p. 164). durante uma aula ou atividade. A aprendizagem
é algo que modifica o pensamento. Para que se
Para Emília Ferreiro (1983), a construção do possa haver a aprendizagem o aluno necessita
conhecimento tem uma lógica individual na es- ser estimulado com conteúdo de seu alcance,
cola e fora dela. A aprendizagem não é provo- textos que tratem de sua realidade.

Currículo do Piauí 2021 45


Nas palavras de Libâneo (1994, p. 90) “a rela- que tenha a intenção de formar no aluno uma
ção entre ensino e aprendizagem não é algo atitude crítica quanto às relações sociais nas
mecanizado, não é apenas uma transmissão quais se insere. Constatar essas relações pos-
feita pelo professor que ensina para um alu- sibilita colocar “nas mãos dos educadores uma
no que aprende”. Tem para ele, ao contrário, arma de luta capaz de permitir-lhes o exercício
um dever de “estabelecer exigências e expec- de um poder real, ainda que limitado” (SAVIA-
tativas que os alunos possam cumprir e, com NI, 2003, p.31), uma vez que a educação se
isso, mobilizem suas energias. Esse sim, pois torna decisiva neste constante processo de
é o seu papel, impulsionar a aprendizagem, transformação da realidade social.
precedendo-a muitas das vezes.”
A criação de sentido pessoal e social, orienta-
Segundo Paulo Freire (1996, p. 14), não existe da por princípios de solidariedade e favorecida
ensino sem aprendizagem, e nesse processo, pelas interações que aumentam o aprendizado
“educador e educandos, lado a lado, vão se instrumental produz a aprendizagem dialógica.
transformando em reais sujeitos da (re)cons- Essa aprendizagem apresenta-se como ferra-
trução do saber, pois o conhecimento não menta que vai auxiliar na superação de desa-
está no professor, o conhecimento circula, é fios que estão internalizados ao bom êxito do
compartilhado”. O processo de ensinar tem processo de ensino e aprendizagem, visto que,
por finalidade o alcance da aprendizagem pelo essa aprendizagem fundamenta-se e expres-
estudante. Nesse sentido, na condução satis- sa-se por meio do diálogo igualitário e na inte-
fatória do processo de ensino, efetivo e que ração mais diversa possível entre as pessoas.
agregue valor a vida dos estudantes, o profes-
sor adquire o papel de mediador e facilitador Como na contemporaneidade muito se tem
do processo de ensino-aprendizagem, assim refletido a respeito de como deve ser a atua-
precisa utilizar métodos adequados e centra- ção do professor em sala de aula no proces-
dos na realidade dos estudantes, num diálogo so de ensino/aprendizagem, reafirmamos que
constante entre estes atores, buscando esta- cabe ao professor, na coordenação do pro-
belecer e fortalecer vínculos. cesso de aprendizagem, articular os conheci-
mentos científicos, tecnológicos e artísticos,
Esse estreitamento de vínculos deve ser pon- cientes dos vários elementos didáticos que
derado por regras onde todos têm liberdade, influenciam e possibilitam a apropriação dos
uma vez que, como afirma Freire (1986. p.54): conhecimentos pelos alunos, seguindo uma
“uma experiência dialógica que não se baseia perspectiva dialética entre o saber imediato e
na seriedade e na competência é muito pior o mediato. Com adoção de prática pedagógi-
do que uma experiência ‘bancária’, onde o pro- ca que tenha dinâmica própria, que permita o
fessor simplesmente transfere conhecimen- exercício do pensamento reflexivo, conduza a
to”. Com isto, pode ser afirmado que nesse uma visão política de cidadania e que seja ca-
diálogo, o encontro das pessoas ocorre para paz de integrar a arte, a cultura, os valores e a
que elas reflitam sobre o mundo, sobre como interação, propiciando, assim, a autonomia dos
transformá-lo e melhorá-lo, tendo na sala de alunos e a reflexão sobre seu lugar no mundo,
aula o seu primeiro lugar de exercício prático. de forma significativa.

Frente a isto, objetiva-se uma educação que


ultrapasse a mera formação conceitual, condu- 3.1.3 Avaliação da Aprendizagem
zindo o alunado à reflexão sobre seu papel na
sociedade, para que ele possa nessa relação Com base nos pressupostos teóricos norteado-
teoria e prática encontrar novas maneiras de res da avaliação da aprendizagem, depreende-
atuar no contexto em que vive. Uma Educação -se que a prática de ensinar está intimamente

46 Novo Ensino Médio – Caderno 1


relacionada à prática de avaliar, posto que o Nesse sentido, Perrenoud (1999), leciona que
processo de ensino aprendizagem implica uma a avaliação da aprendizagem é um processo
tomada de decisão para as mudanças neces- mediador na construção do currículo, intrin-
sárias, com adoção de critérios e princípios secamente relacionada à gestão da apren-
relacionados aos objetivos previamente defini- dizagem dos alunos. O autor propõe uma
dos no planejamento curricular. reestruturação interna na escola quanto à sua
forma de avaliação e ressalta, sobretudo, que
Assim, é imperiosa a compreensão de que o a avaliação seja contínua e formativa, na pers-
conhecimento não é algo estático, mas um pectiva do desenvolvimento integral do aluno.
processo histórico de contínua produção em Afirma que, a partir de instrumentos adequa-
que a avaliação movimenta esta construção dos, possa ser estabelecido um diagnóstico
a partir das experiências trazidas pelos estu- justo para cada aluno, de modo a identificar
dantes, do questionamento da realidade e das as possíveis causas de suas dificuldades e
relações existentes com a pretensão da trans- potenciais, visando a uma maior qualificação
formação da sociedade. Daí deriva uma prática da aprendizagem. Significa dizer que a prática
pedagógica dinâmica, que consubstancia o ca- avaliativa tem que ser focada no diagnóstico e
ráter abstrato do saber, no qual se privilegia o não simplesmente na classificação.
raciocínio e não a memorização.
Ainda, segundo Perrenoud (1999), é conside-
O processo de ensino e aprendizagem cons- rada formativa toda prática de avaliação que
ciente exige postura proativa dos sujeitos en- pretenda contribuir para melhoria das apren-
volvidos, e requer reflexão na ação, no sentido dizagens em curso que, ao mesmo tempo,
de ultrapassar a dimensão do simples testar auxilie o aluno a aprender continuamente e a
e medir, para alcançar decisões de repensar e se desenvolver, atingindo objetivos propostos.
redimensionar conceitos, redirecionar práticas Todavia, cabe às escolas e aos professores o
e manter um novo olhar sobre a realidade. desafio de saber como a avaliação formativa
pode auxiliar, de forma efetiva, no processo de
A educação contemporânea se mantém for- ensino e aprendizagem.
temente inclinada a superar a compreensão
desse processo como algo unilateral, conce- Isto demanda discussão, análise, investiga-
bendo-o notadamente como parte integrante ção e tomada de decisão, pois, ao avaliar, o
do planejamento da ação didática, alicerçada professor torna-se um agente reflexivo, ten-
na concepção da escola enquanto espaço so- do em vista que na medida em avalia o aluno,
cial democrático de sistematização do saber. também reflete sobre sua práxis (avalia o seu
Compreende-se, pois, a avaliação da aprendi- próprio trabalho). Desse modo, professores e
zagem como instrumento do currículo interli- alunos são sujeitos protagonistas que se man-
gado a dois polos de um mesmo processo: o têm numa relação dinâmica de constante troca
do ensino e o da aprendizagem. de saberes, avaliando a si mesmos e ao outro
(HOFFMANN, 2005).
Significa dizer que, por um lado, ela deve estar
a serviço das aprendizagens, consubstancian- Nessa mesma linha, Luckesi (1997) reforça
do no âmbito pedagógico os direitos e obje- que a avaliação da aprendizagem compreende
tivos de aprendizagem para a efetivação da uma ação cuja função não consiste numa sim-
garantia da formação integral do estudante. ples verificação, pois ultrapassa a mera tarefa
Por outro lado, deverá fornecer informações de aplicação de testes e exames verificativos,
significativas que ajudem o docente a aperfei- quantitativos, classificatórios e excludentes.
çoar sua prática em direção à melhoria da qua- Ela é ação mediadora do processo de ensino
lidade do ensino. e aprendizagem e, como tal, deve ser o ponto

Currículo do Piauí 2021 47


de partida para reorientar o professor na cria- com prevalência dos aspectos qualitativos so-
ção de estratégias e acolhimento ao estudan- bre os quantitativos. E que leve em conta as
te. Portanto, é uma ação composta por etapas, múltiplas dimensões do desenvolvimento dos
desprovida da simples intenção de medir o estudantes piauienses no que diz respeito ao
conhecimento adquirido pelo estudante num desenvolvimento das competências gerais e
determinado intervalo de tempo. Isso deman- específicas, bem como as habilidades previs-
da movimento docente, no sentido de fazer tas tanto na Formação Geral Básica quanto nos
um acompanhamento contínuo para chegar a Itinerários Formativos das áreas do Conheci-
um diagnóstico da evolução do desempenho mento e da Formação Técnica e Profissional.
do aluno. E, esse diagnóstico, requer análise
e tomada de decisão para a necessária inter- Nessa perspectiva, o currículo flexível que se
venção capaz de contribuir com a melhoria do propõe, pressupõe inovações com mudanças
processo de desenvolvimento e promoção de significativas nas práticas pedagógicas, com
novas aprendizagens do estudante. a adoção de uma avaliação da aprendizagem
mais formativa e menos seletiva, imbuída em
A avaliação, como processo de caráter forma- impulsionar o estudante a aprender e o profes-
tivo, requer uma ação bem mais complexa sor a ensinar e, a ambos, aprenderem um com
do que simplesmente atribuir notas median- o outro. Para tanto, o currículo flexível, centra-
te aplicação de teste, exames ou provas. Não do no protagonismo estudantil, requer da ava-
se trata meramente de quantificar, classificar, liação da aprendizagem o reconhecimento das
mas de interpretar a evolução do aprendizado individualidades, considerando os diferentes
qualitativamente. Para Hoffmann (2005), ava- percursos formativos dos estudantes nas suas
liar qualitativamente se refere a compreender trajetórias de vida escolar, ao invés de simples-
e interpretar a evolução da aprendizagem do mente atribuí-lhes notas.
aluno, seus avanços, falhas e potenciais mani-
festos nas diferentes estratégias usadas para Sob essa ótica, a mudança das práticas de ava-
avaliar, a fim de garantir a continuidade dessa liação demanda, logicamente, uma transfor-
evolução. mação da prática do ensino, da gestão da aula,
do cuidado com os alunos, principalmente,
Segundo Vasconcelos (2003), a avaliação deve daqueles com dificuldades de aprendizagem.
estar comprometida com a promoção da apren- Dito isto, fica claro que o objetivo da avaliação
dizagem significativa por parte de todos os alu- da aprendizagem, como instrumento do proje-
nos. Assim, a proposta de um Ensino Médio to educativo, é consolidar a formação integral
mais flexível, diversificado e atrativo para os jo- do estudante (PERRENOUD, 1999).
vens do Piauí tem como escopo o sucesso es-
colar por meio da promoção de aprendizagens Vale reforçar que o reconhecimento das dife-
significativas resultantes do desenvolvimento rentes trajetórias de vida dos estudantes do
de competências e habilidades, num fazer pe- Novo Ensino Médio implica, indubitavelmente,
dagógico que respeite os diferentes ritmos de um movimento de flexibilização nas formas
aprendizagem, os interesses e o protagonismo de ensinar e avaliar as juventudes do Século
de todos os estudantes na construção do co- XXI, com exigência de contextualização e re-
nhecimento. criação das metodologias. Acrescenta-se que,
além de avaliar as competências cognitivas,
Neste sentido, com base na LDB 9.394/96 e serão necessárias ferramentas e metodologias
nas DCNEM/2018, o currículo do Ensino Médio inovadoras para avaliar as competências so-
do Piauí incorpora a concepção de avaliação da cioemocionais dos estudantes. Para este pro-
aprendizagem com diagnóstico preliminar, de pósito, é imprescindível a formação continuada
caráter formativo, permanente e cumulativo, de professores e gestores escolares, tendo em

48 Novo Ensino Médio – Caderno 1


vista a necessidade de redimensionar as ações De acordo com as orientações constantes no
e práticas pedagógicas. Isto para atender à Guia de Implementação do Novo Ensino Mé-
perspectiva crítica e consolidada do processo dio/MEC-CONSED, no que concerne à defini-
de flexibilização na prática educativa, visando ção de diretrizes para a avaliação e promoção
à efetivação de propostas que apontem para dos estudantes, observa-se que os modelos
a formação humana e integral dos estudantes. avaliativos não devem albergar espaço para o
aprendizado apenas de conteúdos, mas do de-
Com efeito, a Resolução no 4/2018-MEC/CNE/ senvolvimento de competências e habilidades:
CP que institui a Base Nacional Comum Curri-
cular na Etapa do Ensino Médio (BNCC-EM), A presença de unidades curriculares diversas,
determina em seu Art. 7o, V, combinado ao que vão além da lógica disciplinar, pressupõe
art. 27 da Resolução CNE/CEB no 3/2018, que a elaboração de modelos avaliativos que deem
os currículos e as propostas pedagógicas das conta das particularidades de cada metodologia
instituições escolares devem adequar as pro- e estratégia de ensino e aprendizagem. As es-
posições da BNCC-EM à realidade local e dos colas não devem se limitar somente à aplicação
estudantes, tendo em vista: de provas escritas ao final de um período, em
especial quando o que está sendo avaliado não
V – Construir e aplicar procedimentos de avalia- é apenas o aprendizado de conteúdos, mas o
ção formativa de processo ou de resultado que desenvolvimento de habilidades e competên-
levem em conta os contextos e as condições de cias. Propõe-se que se desenvolvam diferentes
aprendizagem, tomando tais registros como re- métodos de avaliação que atendam à nova rea-
ferência para melhorar o desempenho da esco- lidade, como a demonstração prática, a constru-
la, dos professores e dos alunos; ção de portfólios, a documentação emitida por
instituições de caráter educativo, entre outras
Articuladas com as regulamentações do siste- formas de se avaliar os saberes dos estudantes
ma e redes de ensino do Piauí, as instituições (BRASIL, 2018, pág. 58).
de ensino, poderão utilizar diversos instrumen-
tos e estratégias avaliativas, ao alcance dos Portanto, a concepção de avaliação da aprendi-
professores e dos estudantes. Os variados zagem defendida no presente documento, in-
instrumentos avaliativos, de modo paralelo corporada à missão da SEDUC-PI na oferta do
aos processos de ensino, podem levantar evi- Novo Ensino Médio, mantém sinergia com ob-
dências de aprendizagens pelos estudantes, jetivo da educação propagada há muito tempo
acompanhando assim, os níveis de desenvol- e, hoje, uma exigência no contexto educacio-
vimento desses em relação aos conteúdos nal contemporâneo que é a formação integral
apresentados remotamente e, caso contrário, dos estudantes, expressa por valores, aspec-
realizar os necessários ajustes tais como: au- tos físicos, cognitivos e socioemocionais, atra-
toavaliação, provas objetivas e dissertativas; vés de processos educativos significativos que
registros de cumprimento de tarefas; fichas promovam a autonomia, o comportamento ci-
de avaliação; intervenções orais e escritas dos dadão e o protagonismo na construção de seu
alunos durante as aulas; trabalhos individuais/ projeto de vida.
pares/grupos; tarefas de casa; portfólios; ob-
servação informal/auto-observação; registro Vale ressaltar, ainda, que devido às profundas
de observação; relatórios; projetos; teste de transformações no mundo, em particular à
compreensão oral, seminários, dentre outros. educação, os processos de aprendizagem se
Cabe a cada escola, numa ação coletiva, discu- revelam múltiplos, contínuos, híbridos, formais
tir os critérios de definição, elaboração, aplica- e informais, organizados e abertos, intencionais
ção dos instrumentos avaliativos, bem como a e não intencionais. Para responder às diversas
reflexão dos seus resultados. demandas dessas complexas realidades que

Currículo do Piauí 2021 49


se apresentam, é necessária uma discussão a cional e tecnológico, transformando-os em um
respeito da rigidez dos planejamentos pedagó- sistema adequado a cada comunidade escolar.
gicos das instituições educacionais. Aliar, por Porém, existe um consenso de que a avaliação
exemplo, aprendizagem ativa e híbrida com formativa se destaca pelo fato de possibilitar
tecnologias móveis hoje se constitui como que o processo de ensino aprendizagem seja
uma influente e interessante estratégia de en- acompanhado durante todo o desenvolvimen-
sinar e aprender. to do trabalho educativo, podendo ser reorga-
nizadas ações de acordo com as necessidades
A aprendizagem ativa destaca o protagonismo que forem sendo levantadas para a melhoria
do estudante, sua participação ativa, experimen- do estudante. Hoje existe uma grande diver-
tando, desenhando, criando, com mediação do sidade de modelo de ensino híbrido, basta,
professor. A aprendizagem híbrida destaca a então, adaptar aquele que melhor se adeque
flexibilidade, a combinação e compartilhamen- às estruturas da instituição de ensino e que,
to de espaços, tempos, atividades, materiais, nesse, se desenvolvam as formas de extrair as
técnicas e tecnologias que compõem esse pro- informações para gerir continuamente o pro-
cesso ativo. Desse modo, estas estratégias es- cesso de ensino e de aprendizagem.
tarão a serviço das aprendizagens favoráveis à
formação integral do estudante, como também Por todos esses aspectos abordados sobre
dará suporte teórico metodológico com infor- as concepções de avaliação da aprendizagem
mações significativas que ajudem os docentes para o Novo Ensino Médio e, com base nos
a aperfeiçoarem sua prática em direção à me- subsídios legais, as redes de ensino públicas
lhoria da qualidade do ensino. e privadas, no âmbito de suas autonomias,
implementarão novas diretrizes e/ou farão
E o processo de implementar estas estraté- adaptações nas já existentes para orientar as
gias demanda planejamento para uma boa escolas, especialmente os professores, acerca
execução. O ensino híbrido não apresenta dos procedimentos pedagógicos e operacio-
uma definição determinada, e se constitui, nais para a efetivação do processo de avalia-
como o próprio nome sugere, uma combina- ção da aprendizagem2. Tudo deverá concorrer
ção de diversos métodos, formas e técnicas para propiciar um espaço de redirecionamento
que podem dirigir ao ensino de certo conteú- das ações pedagógicas indicando caminhos
do. Pode-se dizer que é um contexto macro possíveis, por meio dos quais cada escola per-
que envolve desde atitudes simples às mais correrá conforme seu projeto político pedagó-
complexas, na intenção de se fazer educação gico de modo que cada docente se reconheça
(MORAN, 2015). como profissional mediador no processo ava-
liativo, aos olhos da educação baseada em prin-
Nessa vertente, analisando a avaliação da cípios e valores que possibilite aos estudantes
aprendizagem pela lente do presente e do fu- piauienses resultados em aprendizagem com
turo, são recorrentes as discussões e debates significação para suas vidas.
sobre as estratégias educativas para sintonizar
as escolas com o modelo de ensino híbrido.
Quanto a isto, Rodrigues (2015, p.124) sugere 3.1.4 Metodologias de Ensino
que a reflexão sobre a avaliação precisa ir além
de sua readequação de uso e sentido. É neces- Etmologicamente, a palavra “aluno” provem do
sário compreender cada um dos meios: tradi- latim alumnus, que significa “afilhado” “discí-

2  Ressalta-se que as orientações acerca da avaliação estão constantes nos capítulos seguintes, quando se aborda a Formação
Geral Básica e os Itinerários. Nos referidos capítulos, é possível compreender de que forma o processo avaliativo será colocado
em prática a partir deste Documento Referencial Curricular.

50 Novo Ensino Médio – Caderno 1


polo”, “criança de peito” e, este termo, é deri- nomia intelectual. Para tanto, a escola precisa
vado de alere, que tem o significado de “nutrir” se preparar para o cumprimento desta missão.
ou “alimentar”. A ideia do termo, portanto, é
de que o aluno é aquele que está sendo nu- Conforme a BNCC, as aprendizagens essen-
trido ou criado. Nesse entendimento, aluno é ciais devem concorrer para assegurar aos
aquele que se “alimenta” de conhecimento. estudantes o desenvolvimento de dez compe-
Com ênfase, este processo de “alimentação” tências gerais, que consubstanciam, no âmbi-
precisa de outra pessoa, o professor. O vínculo to pedagógico, os direitos de aprendizagem e
entre ambos se concretiza num espaço social desenvolvimento. Essas aprendizagens essen-
de aprendizagem, a escola, em algumas áreas ciais só se materializam mediante o conjunto
do conhecimento e no modelo da pedagogia de decisões que caracterizam o currículo em
(ALUNO, 2020). ação. Para tanto, recomenda:

Daí que a metodologia tradicional de ensino, selecionar e aplicar metodologias e estratégias


criada no século XVII, tem o professor (aque- didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo
le que “nutre” ou “alimenta”) como centro a ritmos diferenciados e a conteúdos comple-
do processo, detentor do conhecimento e mentares, se necessário, para trabalhar com as
responsável por transmiti-lo aos alunos. Uma necessidades de diferentes grupos de alunos,
metodologia pautada pela disciplina em que o suas famílias e cultura de origem, suas comuni-
conteúdo é o mais importante, predominando dades, seus grupos de socialização etc.; (BRA-
a aprendizagem pela memorização. Porém, no SIL, 2018 p. 17).
mundo atual, diante das rápidas transforma-
ções sociais embaladas pelo avanço da ciên- Conhecimento; Pensamento científico, crítico
cia e das tecnologias, tem-se buscado superar e criativo; Repertório cultural; Comunicação;
este modelo tradicional pela compreensão de Cultura digital; Trabalho e projeto de vida; Ar-
que não cabe ao professor “alimentar” seus gumentação; Autoconhecimento e autocuida-
alunos com o conhecimento, mas sim desper- do; Empatia e cooperação; Responsabilidade
tar neles a vontade de buscá-lo. e cidadania. Estas são as dez competências
gerais que todos os estudantes devem desen-
Pesquisas recentes, tanto nas áreas da edu- volver durante a Educação Básica, de acordo
cação quanto da psicologia e da neurociência, com a BNCC (BRASIL, 2018). O grande desa-
comprovam que “o processo de aprendizagem fio para a gestão do currículo nas redes e ins-
é único e diferente para cada ser humano, e tituições de ensino é materializá-lo em ações
que cada um aprende o que é mais relevante e/ou estratégias adequadas que resultem em
e que faz sentido para si, o que gera conexões processos de aprendizagem capazes de con-
cognitivas e emocionais” (BACICH; MORAN, templar o desenvolvimento dessas competên-
2018, p. 38). Desse modo, o processo de cias. Para tanto, é imprescindível que toda e
aprendizagem varia para cada ser humano, qualquer ação constante no planejamento cur-
segundo o ritmo de cada um, conforme suas ricular seja realizada de forma integrada e que
habilidades, sua modalidade de aprendizagem haja contextualização e interdisciplinaridade.
e, também pelas influências externas. Isto per-
mite a inferência de que o papel da escola per- Neste aspecto, Bacich e Moran (2018), ao
passa a simples tarefa de ensinar conteúdos, discorrerem sobre as metodologias ativas de
pois, enquanto espaço social, ela também tem aprendizagem, definem-nas como estratégias
a missão de auxiliar os estudantes no seu auto- de ensino que colocam o estudante no cen-
conhecimento e no seu autodesenvolvimento, tro do processo de aprendizagem, por meio da
tornando-os responsáveis pelo ato de apren- utilização de diversos recursos (principalmen-
der, aprender a aprender, ensinar e ter auto- te tecnológicos), na tentativa de experimentar

Currículo do Piauí 2021 51


diferentes formas de se aprender. Elas com- adentraremos no aprofundamento de cada um
preendem a implantação de novas formas de deles, por razões de não nos tornarmos repe-
ensino na prática escolar, modificando o modo titivos das ideias já desenvolvidas em tópicos
como é ativado a aprender. O objetivo da diver- anteriores (e posteriores) deste documento,
sificação de práticas escolares e metodologias mas é oportuno abordá-los para efeito de com-
ativas de ensino é melhorar a gestão educa- preensão. De toda maneira, são os seguintes
cional, enriquecer o ensino, estimular a apren- os princípios que constituem as metodologias
dizagem e abrir horizontes novos, tanto para ativas de ensino: a) Aluno: centro do processo
alunos quanto para professores. de aprendizagem; b) Autonomia; c) Problema-
tização da realidade e reflexão; d) Trabalho em
Para Beck (2018) a proposta de educação equipe; e) Inovação; f) Professor: mediador, fa-
que ativa, estimula e envolve os estudantes cilitador, ativador.
é bastante antiga, mas o conceito sobre me-
todologias ativas é que surgiu recentemen- Embora com algumas congruências princi-
te. Renomados autores como Freire, Dewey, piológicas quanto aos pressupostos teóricos
Knowles, Rogers, Vygotsky não citam o termo e metodológicos, as metodologias ativas não
“metodologias ativas”, porém, em suas obras, são uniformes, pois há grande diversidade e
defendiam a aplicação dos princípios que as diferentes modelos e estratégias para sua
fundamentam. Num passado remoto, a filoso- operacionalização, constituindo-se alternativas
fia socrática (século V a.C) já buscava ativar os para o processo de ensino aprendizagem, com
ouvintes por meio de um método interroga- diversos benefícios e desafios, nos diferentes
tivo. Significa dizer que, se fôssemos buscar níveis educacionais. Dentre a gama de varieda-
um ‘idealizador’, teríamos que voltar milênios des, destacam-se: Aprendizagem baseada
na história da educação. em projetos; Aprendizagem baseada em
problemas; Gamificação; Sala de aula in-
Todavia, é importante destacar que, “na constru- vertida; Aprendizagem entre pares; Cultu-
ção metodológica da Escola Nova, Dewey teve ra Maker; Storytelling; Estudos do meio, etc.
grande influência na ideia das metodologias ati- (COLLOR, 2019).
vas ao defender que a aprendizagem ocorre pela
ação, colocando o estudante no centro dos pro- Considerando a realidade atual, Bacich e Mo-
cessos de ensino e de aprendizagem” (DIESEL; ran (2018) confirmam que dois conceitos são
BALDEZS; MARTINS, 2017, p. 272). especialmente poderosos para a aprendiza-
gem: aprendizagem ativa e aprendizagem
Segundo as análises de Paiva et al. (2016), as híbrida. As metodologias ativas tem foco no
metodologias ativas promovem uma ruptura protagonismo do estudante, na sua autonomia
com o modelo tradicional de ensino e funda- frente ao aprendizado, no seu envolvimento
mentam-se em uma pedagogia problematiza- direto, participativo e reflexivo em todas as
dora, em que o aluno é estimulado/desafiado etapas do processo, experimentando, criando,
a assumir uma postura ativa diante de sua jor- tendo o professor como mediador. A apren-
nada educativa, do seu aprendizado. dizagem híbrida tem foco na flexibilidade, na
mistura e compartilhamento de espaços, tem-
Num trabalho primoroso de buscar pontos de pos, atividades, materiais, técnicas e tecno-
convergência entre as metodologias ativas de logias que compõem esse processo ativo. A
ensino e outras abordagens já consagradas do junção de metodologias ativas com modelos
âmbito da (re)significação da prática docen- flexíveis e híbridos tem apresentado significa-
te, Diesel; Baldezs; Martins (2017), também tivas contribuições na solução para garantir a
explicam os princípios que constituem as me- sociabilidade, encurtar a distância física entre
todologias ativas de ensino. No entanto, não professores e alunos.

52 Novo Ensino Médio – Caderno 1


No mundo contemporâneo, é notória a ten- mundo marcado pela aceleração e pela tran-
dência já consolidada para modelos híbridos sitoriedade das informações de interconexão
de aprendizagem escolar, nos quais os estu- com a cultura digital. Neste sentido, o proces-
dantes têm a combinação de atividades a dis- so de ensino e aprendizagem desenvolvido
tância ou remotamente por meio de vídeos e por meio de metodologias ativas apoiadas em
exercícios interativos, e encontros presenciais. tecnologias visa a superar as abordagens edu-
Mas vale destacar que, quanto às atividades a cacionais centradas na fala do professor e em
distância, o foco deverá estar menos centrado atividades educativas que situam os estudan-
nas tecnologias e mais nas competências e ha- tes em condições de expectadores passivos
bilidades de alunos e professores. (BACICH; MORAN, 2018).

A Resolução no 3/2018/MEC-CNE-CEB (DC- Não obstante, a incorporação das metodologias


NEM) em seu Art. 7o, § 2o dispõem que: ativas e inovadoras na gestão escolar deman-
da revisão na formação dos professores que,
O currículo deve contemplar tratamento metodo- por sua vez, também necessitam desenvolver
lógico que evidencie a contextualização, a diver- suas próprias competências e habilidades para
sificação e a transdisciplinaridade ou outras for- atuarem como protagonistas na autonomia de
mas de interação e articulação entre diferentes sua práxis, porque mais do que saber o que
campos de saberes específicos, contemplando são e como funcionam, os docentes preci-
vivências práticas e vinculando a educação es- sam se apropriar dessas metodologias.
colar ao mundo do trabalho e à prática social e
possibilitando o aproveitamento de estudos e o Na visão de Moran (2015, p. 17), romper com
reconhecimento de saberes adquiridos nas ex- os modelos tradicionais de ensino e trabalhar
periências pessoais, sociais e do trabalho. com as metodologias ativas exige grandes mu-
danças e tomadas de decisões quanto aos as-
Conforme Bacich e Moran (2018), um currículo pectos físicos, operacionais e organizacionais
flexível oportuniza o protagonismo dos estudan- das instituições de ensino:
tes, estimula sua autonomia intelectual, seu au-
todidatismo, para que possam personalizar seu Todos os processos de organizar o currículo, as
percurso conforme suas necessidades, possi- metodologias, os tempos, os espaços precisam
bilidades, expectativas, interesses e estilos de ser revistos e isso é complexo, necessário e um
aprendizagem, conciliando a prática e a teoria. pouco assustador, porque não temos modelos
Portanto, é dever das escolas adotar propostas prévios bem sucedidos para aprender. Estamos
metodológicas que elevem o aprendizado dos sendo pressionados para mudar sem muito tem-
estudantes e garantam sua autonomia intelec- po para testar. Por isso, é importante que cada
tual na interpretação do mundo pelas perspec- escola defina um plano estratégico de como fará
tivas real e virtual. Mas é preciso compreender estas mudanças. […] Capacitar coordenadores,
que transformar o aluno em protagonista do professores e alunos para trabalhar mais com
próprio aprendizado demanda, também, uma metodologias ativas, com currículos mais flexí-
transformação na gestão educacional, haja vis- veis, com inversão de processos (primeiro, ati-
ta que é necessário o planejamento baseado vidades online e, depois, atividades em sala de
em evidências para se proceder com a implan- aula). Podemos realizar mudanças incrementais,
tação de estratégias metodológicas que façam aos poucos ou, quando possível, mudanças mais
com que o aluno não apenas receba o conheci- profundas, disruptivas, que quebrem os modelos
mento entregue pelo professor, mas sim parti- estabelecidos. Ainda estamos avançando muito
cipe ativamente do processo. pouco em relação ao que precisamos.

Os estudantes do século XXI estão inseridos Nesta acepção, compreende-se que a imple-
em uma sociedade do conhecimento, num mentação do currículo piauiense nas redes e

Currículo do Piauí 2021 53


instituições de ensino prescinde de programas, formato de videoconferência. As aulas são
projetos ou planos de formação continuada de ministradas por professores especializados em
professores, incluindo, dentre as temáticas, cada área do conhecimento, em conjunto com
as metodologias de êxito e estratégias didá- professores mediadores e assistentes devida-
tico-pedagógicas diversificadas, adequadas mente capacitados para orientar e aprofundar
às necessidades dos educandos em suas di- os conteúdos, a partir do estúdio instalado na
ferentes realidades. Além disso, é necessário TV Educativa do Estado, em Teresina-PI, re-
definir sobre o lugar que essas metodologias sultando numa significativa interatividade en-
e estratégias didático-pedagógicas irão ocupar tre professor e aluno.
nas propostas pedagógicas das escolas para
o efetivo alcance dos resultados em aprendi- Os alunos, organizados em turmas, assistem
zagens, considerando o desenvolvimento de às aulas em recepção organizada, ou seja, es-
competências e habilidades, o protagonismo e tão presentes nos ambientes escolares de se-
a autonomia dos estudantes no seu percurso gunda à sexta-feira, nos horários estabelecidos
formativo, articulado com o seu projeto de vida. para a transmissão das aulas. Em cada sala de
aula há um mediador pedagógico que, de
É importante destacar que, em se tratando de forma também presencial, realiza a mediação
estratégias eficazes de ensino com o auxílio das atividades pedagógicas, organiza o ambien-
de recursos tecnológicos no processo de di- te físico e educativo, que permite a realização
namização dos ambientes de aprendizagem das atividades/dinâmicas locais e a interação
e construção de novos saberes e, sobretudo, discente/docente (ministrante), por meio de
para atender ao desafio de levar educação de uma webcam que transmite sua imagem, sua
qualidade às mais longínquas comunidades, a voz e dados, resultando num diálogo efetivo, ao
Secretaria de Educação do Estado/SEDUC-PI, vivo/tempo real, garantindo, assim, a completa
conta com o Programa de Mediação Tecno- comunicação/interatividade entre os sujeitos
lógica Canal Educação, que tem como ob- do processo de ensino e aprendizagem.
jetivo qualificar a oferta da educação básica,
com mediação presencial, elevando o índice de A metodologia vivenciada pelo programa exer-
escolarização, a inclusão social e o prossegui- cita o imperioso respeito nos ambientes esco-
mento nos estudos dos estudantes piauienses. lares destinado a ouvir e, ao apropriar-se da
informação, fica o educando credenciado às
Atualmente, o Programa garante que a oferta críticas reflexivas fundamentando os debates
da educação básica nas diferentes modalida- posteriores e, também, à tomada de cons-
des, ministradas por professores habilitados, ciência do quanto se pode produzir intelectual-
utilizando mídias educativas com transmissão mente ao aperfeiçoar-se o tempo destinado às
via-satélite, em regime presencial para 900 atividades pedagógicas, que são os momen-
ambientes escolares instalados em áreas urba- tos destinados aos exercícios lançados pelo
nas e rurais do Estado. A interatividade é vi- professor ministrante a serem trabalhados e
venciada pelo contato direto do educando do discutidos pelo mediador pedagógico com os
centro de recepção/ambientes escolares, com educandos e posterior retorno ao professor mi-
o professor ministrante no centro de Emissão nistrante.
(estúdio).
Relativamente ao alastramento da COVID-19 no
Detalhando um pouco mais sobre a metodo- mundo, caracterizado como estado de Pande-
logia utilizada e operacionalização do progra- mia, seguindo as deliberações da Organização
ma, as aulas são transmitidas via satélite pela Mundial de Saúde (OMS), bem como consi-
televisão e recepcionadas, em tempo real, derando as condições sanitárias do Estado do
pelas escolas com os kits tecnológicos, no Piauí em relação à Pandemia, com observân-

54 Novo Ensino Médio – Caderno 1


cia ao protocolo 042 do Comitê de Operações lógica Canal Educação, quanto à possibilidade
Emergenciais (COE/PI) e após consulta à co- de utilização desse instrumento na oferta da
munidade escolar sobre a impossibilidade da modalidade de EaD para o Novo Ensino Médio.
adoção do modelo híbrido, houve decretação
da suspensão de aulas presenciais em toda a Em vista dos aspectos mencionados sobre
rede pública estadual. Daí, por volta do mês de concepções de metodologias de ensino, na
agosto de 2020 aos dias atuais (abril/2021) as perspectiva de garantir a formação humana
aulas passaram a ser ofertadas no formato ex- e integral dos estudantes piauienses, a Rede
clusivamente remoto. Estadual de Ensino adota a concepção dos
princípios de integração metodológica coeren-
Diante desse contexto, com transmissão ao tes com o protagonismo, cuja centralidade de
vivo pelo YouTube e TV aberta, o Programa de todo o processo de organização dessa apren-
Mediação Tecnológica Canal Educação tornou- dizagem (estratégias didático-pedagógicas)
-se a principal plataforma de conteúdo das esteja, efetivamente, no estudante. Com isto,
aulas remotas da Rede Pública Estadual de são prevalentes os princípios das metodolo-
Ensino do Piauí. Na plataforma, estudantes e gias eficazes como possibilidades de ativar
professores têm acesso aos materiais didáti- significativamente o aprendizado dos estudan-
cos, além de aulas ao vivo, aulas gravadas e tes, colocando-os no centro do processo, com
atividades complementares. A estratégia foi autonomia para a construção do próprio conhe-
pensada de forma que os estudantes da Rede cimento articulado com o seu projeto de vida.
continuem recebendo conteúdos dos diversos
componentes curriculares em casa.
3.1.5 Educação Integral
Considerando, pois, a implementação de al-
ternativas pedagógicas com o uso de Tecno- O mundo contemporâneo passa por transfor-
logias de Informação e Comunicação (TIC’s), mações que exigem novas maneiras de or-
a relevância do Programa é perceptível em ganização social e de comportamentos dos
face do impacto imediato com largo alcance indivíduos na sociedade. O que exige a rein-
social, com atendimento às situações emer- venção, inovação e ressignificação das ações
genciais, à dinamização dos espaços e tem- no mundo. Especialmente, no contexto educa-
pos de aprendizagem e à demanda reprimida, cional em que o processo de ensino e aprendi-
garantindo condições de acesso, permanên- zagem precisa ser reinventado cotidianamente,
cia e elevação da escolaridade da população os estudantes se deparam com situações de
piauiense, combatendo, ainda, o elevado índi- aprendizagem dantes imaginada, como já se
ce de evasão escolar. Além disso, o Programa referiu em tópico destinado à reflexão sobre
atende às necessidades da SEDUC-PI quanto metodologias.
à mobilização, formação continuada e capaci-
tação técnica dos profissionais da educação, Conforme já abordado neste DCR, o Ensino
incidindo diretamente na elevação do padrão Médio é a etapa do ensino que tem como sujei-
de qualidade educacional. to principal o jovem – isso quando se considera
o estudante que vivencia cada etapa na idade
Ademais, diante do avanço da tecnologia e das certa. Por isso, faz-se pertinente questionar o
demandas da sociedade contemporânea, bem que os estudantes querem ao terminar o Ensi-
como das mudanças estruturais preconiza- no Médio? E como deve ser a escola que vai
das pela Lei 13.415/2017, regulamentada pela responder às suas expectativas? Dessa forma,
Resolução no 3/2018 (DCNEM – MEC/CNE/ é preciso pensar em uma educação significati-
CEB), já se pode pensar numa ampliação da va que considere o desenvolvimento do estu-
abrangência do Programa de Mediação Tecno- dante em todas as suas dimensões: cognitiva,

Currículo do Piauí 2021 55


social, física e afetiva. Uma educação que au- tividade, criticidade, autonomia e responsa-
xilie o protagonismo e direcione o projeto de bilidade, para atuarem numa sociedade cujas
vida desse público, levando em conta o respei- transformações e informações propagam-se
to às diferenças e diversidades étnica, cultural, à velocidade da luz (ABED, 2014, p.5). Isso
de gênero, religiosa e social. requer mudanças na organização da escola,
como reestruturação das práticas pedagógicas
Em vista disto, é preciso pensar um currícu- e a gestão de pessoas.
lo capaz de tornar o aprendizado significativo
e conectado com as necessidades dos estu- A escola que contemple a educação integral
dantes, com destaque para o desenvolvimento deve ser capaz de formar sujeitos hábeis a
de competências e habilidades, norteado por acompanharem o intenso fluxo de informações
princípios, atitudes e valores que os preparem do mundo contemporâneo e a responderem as
para os desafios da vida contemporânea. solicitações do cotidiano. Uma escola interati-
va e flexível, onde professores e estudantes
Dessa forma, uma nova proposição para su- não sejam simples receptores e transmissores
peração dos desafios no Ensino Médio é a dos conhecimentos culturalmente elaborados,
educação integral que deve promover transfor- mas protagonistas na construção de novos co-
mações na realidade dos estudantes. Trata-se nhecimentos, adaptação dos conhecimentos
de uma política educacional que fomenta o existentes às suas necessidades e ao projeto
protagonismo estudantil e motiva os sujeitos de vida dos sujeitos do ensino médio. Nesse
do ensino médio a pensar o seu presente e sentido, a educação integral estabelece diretri-
futuro com uma proposta de projeto de vida zes claras e possíveis de se materializar, com
que os auxiliem a desenvolver competências atenção para uma matriz flexível de competên-
e habilidades necessárias para vivenciar as cias e habilidades, estratégias de organização
mudanças no século XXI. De acordo com a integrada do currículo, formação, acompanha-
Subsecretária de Gestão e Ensino do Rio de mento, monitoramento e avaliação.
Janeiro, Patrícia Tinoco;
Segundo a Base Nacional Comum Curricular –
A escola precisa ser atrativa e atender às expec- BNCC, a educação integral tem como propósi-
tativas dos nossos jovens. Esse é o diferencial to a formação e o desenvolvimento global dos
dessa proposta de educação integral, que está estudantes, compreendendo “a complexidade
fundamentada na formação plena do estudante e a não linearidade desse desenvolvimento,
e na concepção contemporânea de desenvol- rompendo com visões reducionistas que pri-
vimento de competências do século 21. É real- vilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva)
mente uma proposta inovadora, que considera ou a dimensão afetiva” (BRASIL, 2018, p.14),
os jovens em sua plenitude e diversidade (INS- com o propósito de desenvolver uma educa-
TITUTO AYRTON SENNA E SECRETARIA DE ção global considerando os estudantes como
EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, protagonistas do conhecimento. Objetivo tam-
2014). bém presente na LDB, Art. 35-A, § 7o (BRA-
SIL, 1996), que propõe que a escola deve
A implementação da educação integral exige promover educação integral para desenvolver
foco no desenvolvimento pleno dos estudan- no estudante os aspectos físicos, cognitivos e
tes, flexibilizando as ações, considerando-os socioemocionais.
como centro do processo educativo, com vis-
tas a desenvolver suas competências socioe- Nessa perspectiva, o currículo do Ensino Mé-
mocionais, que implica no autoconhecimento, dio do Piauí está amparado na concepção de
na abertura para novas experiências, para a educação que deve concretizar os princípios
alteridade e para a interação social com cria- de inclusão, equidade e diversidade, com vis-

56 Novo Ensino Médio – Caderno 1


ta à formação integral dos sujeitos, conforme la ao ensino médio, refere-se a competências
proposto na LDB no 9.394/96 e BNCC/2018, socioemocionais como o processo de entendi-
considerando a formação e o desenvolvimento mento e manejo das emoções, com empatia
do estudante em todas as dimensões, não so- e pela tomada de decisão responsável. Para
mente a intelectual (cognitiva), mas também que isso ocorra, é fundamental a promoção da
a social, a física e a afetiva. Nesta acepção, o educação socioemocional nas mais diferentes
desenvolvimento das competências socioe- situações, dentro e fora da escola, pelo desen-
mocionais torna-se essencial, o que demanda volvimento das cinco competências apresenta-
paradigmas que sustentam a prática pedagógi- das a seguir:
ca que acomode o estudante do século XXI à
realidade que se apresenta, complexa e cheia Autoconsciência – envolve o conhecimento
de incertezas. de cada pessoa, bem como de suas forças e
limitações, sempre mantendo uma atitude oti-
Importa destacar que, em 2014, o Conselho mista e voltada para o crescimento.
Nacional de Educação – CNE/MEC apresentou
estudos a respeito da importância e dos efeitos Autogestão – relaciona-se ao gerenciamento
do desenvolvimento das habilidades socioe- eficiente do estresse, ao controle de impulsos
mocionais na qualidade da aprendizagem dos e à definição de metas.
alunos, nas suas múltiplas dimensões, consi-
derando que o processo de aprendizagem abar- Consciência social – necessita do exercício
ca não só os aspectos cognitivos, mas também da empatia, do colocar-se “no lugar dos ou-
os emocionais e os sociais. Assim, tros”, respeitando a diversidade.

Compreender como tais habilidades podem con- Habilidades de relacionamento – relacio-


tribuir com a melhoria do desempenho escolar e nam-se com as habilidades de ouvir com em-
vida futura dos estudantes permite construir ca- patia, falar clara e objetivamente, cooperar com
minhos que promovam o desenvolvimento, apri- os demais, resistir à pressão social inadequada
moramento e consolidação de uma educação de (ao bullying, por exemplo), solucionar conflitos
qualidade (ABED, 2014, p. 7). de modo construtivo e respeitoso, bem como
auxiliar o outro quando for o caso.
Essa educação de qualidade perpassa por
todo o planejamento escolar (desde a escrita Tomada de decisão responsável – preconi-
do currículo até sua execução na sala de aula) zam as escolhas pessoais e as interações so-
e deve considerar os estudantes como um su- ciais de acordo com as normas, os cuidados
jeito integral. Neste sentido, as competências com a segurança e os padrões éticos de uma
socioemocionais – vistas como uma série de sociedade.
habilidades que as pessoas precisam desen-
volver para lidar de forma eficiente e funcional Portanto, são competências com impacto posi-
com suas próprias emoções, com as emoções tivo comprovado pela evidência científica e não
dos outros, com os relacionamentos humanos, podem ser negligenciadas pelos sistemas de
com a vida em sociedade – são grande aliadas ensino e formuladores de políticas públicas. Es-
nesse processo. tes campos estão relacionados aos quatro Cs:
Comunicação, Criatividade, Curiosidade e Criti-
A Collaborative for Academic, Social, andEmo- cidade. Dessa forma, tornam-se competências
tional Learning (CASEL), criada em 1999, nos essenciais para preparar os estudantes às exi-
Estados Unidos, com a finalidade de promover gências do mundo moderno, que demandam do
o aprendizado acadêmico, social e emocional indivíduo habilidades além do cognitivo, como:
integrado para todas as crianças, da pré-esco- tolerância, flexibilidade, respeito às diferenças.

Currículo do Piauí 2021 57


Na BNCC, as competências socioemocionais Dessa forma, o currículo propõe uma escola
estão presentes em todas as competências mais dinâmica e mais conectada com o pre-
gerais, cuja proposta dever ser articular a sua sente e o futuro, com articulação curricular e
aprendizagem à de outras habilidades relacio- espaços para os alunos construírem sua au-
nadas às áreas do conhecimento. De modo a tonomia, visão interdisciplinar e mentalidade
focar nas virtudes humanas, não no comporta- adaptativa. Nesse sentido, o ensino deve aju-
mento (BRUENING, 2019). dar o jovem a compreender o mundo, a olhar
para o todo e fazer conexões, a agir com prota-
Nesta perspectiva, uma das questões centrais gonismo, influenciando e provocando mudan-
do Currículo do Ensino Médio do Piauí é for- ças na realidade.
mação e o desenvolvimento humano global do
adolescente, do jovem e do adulto, enquanto Assim, a concepção de educação integral ga-
sujeitos de direito a uma aprendizagem que nha corpo quando se associa o protagonismo
considere suas diversidades e adversidades, estudantil ao projeto de vida, pois é nessa
mediante a materialização da oferta de uma interação entre aprender a conhecer, apren-
educação plural, singular e integral. der a fazer, aprender a conviver e aprender a
ser (Quatro Pilares da Educação, propostos
Assim, para além de um documento orienta- pela UNESCO) que estudantes e professores
dor, o referido currículo tem o propósito de constroem, juntos, um novo jeito de definir as
contribuir com as aprendizagens essenciais aprendizagens essenciais para o desenvolvi-
dos estudantes e indica o componente Proje- mento pessoal, social e humano de cada um.
to de Vida3 como oportunidade para que es-
tes vivenciem o Ensino Médio não só como
uma etapa escolar a ser cumprida, mas, acima 3.1.6 O Ensino Médio e as Juventudes
de tudo, como um período de construção de
identidade. Nesse processo de construção, o Demograficamente, o Brasil conta atualmente
Projeto de Vida visa tornar o ensino significati- com uma população de 211,7 milhões de ha-
vo para os jovens, e adequado aos seus objeti- bitantes, conforme censo demográfico (IBGE,
vos, pois, ao compor o percurso formativo do 2010). Desse total, mais de 50 milhões são
estudante, contribui com o desenvolvimento jovens de 15 a 29 anos. Assim, um em cada
do autoconhecimento, da formação para con- quatro brasileiros é jovem. E conforme recen-
vivência ética, cidadã e, ainda, contribui para a te publicação do ITAÚ EDUCAÇÃO E TRABA-
autoconfiança e resiliência. LHO (2020, p. 59):

Ao atravessar a linha tênue da etapa do Ensi- Cada um desses milhões de jovens brasileiros
no Fundamental para o Médio, os estudantes carrega desejos, aspirações e expectativas para
vivenciam uma série de inquietações e incer- sua vida adulta e tem grande potencial para ser
tezas. E, na perspectiva de se tornarem prota- desenvolvido. São várias as juventudes que coe-
gonistas de suas histórias e, de certa forma, xistem em um país tão multicultural, diverso,
serem cobrados por isso, toda a ideia de uma extenso e desigual como o Brasil.
educação pautada no aprendizado de conteú-
dos cede espaço para um aprender no qual A juventude é uma categoria de difícil defini-
estudantes e professores dialogam, mas sem ção, pois os critérios que a constituem são
deixar de lado os conteúdos importantes a se- históricos e culturais, portanto, comporta uma
rem abordados durante a etapa de estudo. dimensão de diversidade, que atualmente se

3 Todo o aprofundamento do Projeto de Vida como componente curricular está disponível na Seção III, voltada para os Itine-
rários Formativos.

58 Novo Ensino Médio – Caderno 1


modifica em função das necessidades contem- do qual nos projetamos em nossas identida-
porâneas e de seus respectivos alinhamentos. des culturais, tornou-se mais provisório, va-
Conforme alguns autores, como Juarez Dayrell riável e problemático” (2006, p. 12). O sujeito
e Paulo Carrano (2014), uma nova configura- assume identidades diferentes, em diferentes
ção de juventudes, percebida como uma cate- momentos, que variam conforme os “siste-
goria plural, passa a ser considerada, deixando mas de significação e representação cultural
de lado algumas denominações como adulto se multiplicam” (p. 13). Da mesma forma que
em formação, rito de passagem, etapa de tran- as identidades, as culturas e juventudes de-
sição. vem ser pensadas no plural. Nessa relação en-
tre cultura e juventude requer perceber como
De acordo com Dayrell (2004) há uma diver- os indivíduos vivem suas juventudes, conside-
sidade de modos de ser jovem. As juventu- rando “as vulnerabilidades e potencialidades
des revelam-se mediante uma multiplicidade contidas em suas condições de vida e plura-
de símbolos, linguagens e comportamentos, lidade de expressões culturais que emergem
formando assim uma diversidade de subca- da experiência dos grupos juvenis” (SOUZA,
tegorias, dentro da categoria macro. Nessa REIS; SANTOS, 2015, p.6). Nessa perspecti-
perspectiva, as “juventudes” devem ser con- va, a escola tem uma participação relevante na
sideradas em seu aspecto plural, perpassados construção das identidades dos jovens.
por recortes que os diferenciam no modo de
ser e viver, tais como espaços urbano e rural, A Base Nacional Comum Curricular do Ensino
cultura, aspectos socioeconômicos, de gêne- Médio (BRASIL, 2018) propõe um novo olhar
ros, etnias e religião. Essas particularidades sobre a juventude, de modo a percebê-la em
estão expressas inclusive dentro das faixas sua diversidade de identidades e experiências,
etárias equivalentes. considerando que a escola é lugar de pluralida-
de de pessoas, identidades e objetivos. Dessa
Novaes (2008, p. 122) sintetiza que “Os jovens forma, a BNCC tem como premissa, que sendo
da mesma idade vão sempre viver juventudes os jovens sujeitos de direitos, a concepção de
diferentes”. Trazendo isso para a realidade das alunos passivos deixe de existir, dando lugar
juventudes piauienses será necessário obser- ao sujeito que protagoniza seu lugar no mundo
var que embora esteja se tratando do mesmo de forma efetiva com objetivos factíveis.
estado, cada porção do território tem varieda-
des de sujeitos juvenis, tendo que considerar O Brasil atualmente tem cerca de 50 milhões
a pluralidade destes que são e serão estudan- de jovens, com idade entre 15 e 29 anos, um
tes do Ensino Médio no Estado em suas diver- universo que só recentemente passa a ser ob-
sas realidades existenciais: jovens periféricos jeto das políticas públicas, que são implemen-
urbanos, quilombolas, rurais, ribeirinhos, indí- tadas a partir de 2005, por meio do avanço da
genas, LGBTQIA+ entre outros, rodeados de Política Nacional de Juventude (PNJ) – o que
desigualdades estruturais, imersos nas diver- direcionou conquistas importantes como o au-
sas situações socioeconômicas, com anseios mento do número de jovens no ensino supe-
diferentes e oportunidades diferenciadas. rior, a redução de milhões deles das condições
de miséria e pobreza e a criação de mecanis-
Nesse sentido a categoria juventude deve ser mos de participação social, por exemplo, nos
pensada em sua articulação com noções de Conselhos e Conferências Nacionais.
identidades e culturas juvenis. Pois, conside-
rando a noção de sujeito pós-moderno, envol- Ainda no período de 2005 a 2010, a juventude
to num mundo fragmentado, as identidades foi inserida na Constituição Federal, por meio
também os são. Conforme Hall (2006, p. 13) da emenda 65/201, e avançou na institucio-
“O próprio processo de identificação, através nalização dos PNJ com a criação de órgãos e

Currículo do Piauí 2021 59


conselhos específicos nos estados e municí- Nessa etapa da vida, os estudantes são in-
pios, além de colocar na pauta do Congresso fluenciados pela família e professores na sua
Nacional os marcos legais, com a aprovação concepção de futuro, tanto para encorajá-lo
do Estatuto da Juventude (Lei 12.852de 5 de em suas escolhas, como alertá-lo sobre os
agosto/2013) e a discussão do Plano Nacional possíveis percalços da trajetória. Nesse aspec-
de Juventude (2017 a 2018). to a escola, sobretudo a pública, onde estão
concentradas mais de 80% das matrículas
Nesse contexto sócio-político da juventude no brasileiras, desempenha papel fundamental
Brasil, visualiza-se a trajetória dos jovens como de socialização quando apresenta um campo
sujeitos do Ensino Médio, considerando que a de possibilidades ao jovem, nos diversos hori-
identidade juvenil se expressa, sobretudo, nas zontes e caminhos de carreiras, no mundo do
relações construídas no entorno escolar, sem trabalho, no mundo acadêmico e científico, na
perder de vista as influências recebidas pela vida política, ou no empreendedorismo, entre
convivência familiar, os conflitos emocionais, as outras possibilidades.
escolhas, os gostos e as expectativas profissio-
nais (DAYRELL; GOMES, 2004). Pois, cada um Nesse contexto, para tornar-se atrativa a esses
deles, ao chegar à escola, é fruto de um con- sujeitos, a escola precisa identificar as suas
junto de experiências sociais vivenciadas em expectativas acerca do futuro, ouvi-los, com
diferentes espaços sociais. Para Dayrel (2007), propósito de agregar valor à sua realidade e
um dos desafios do Ensino Médio é desvendar oferecer possibilidades de intervenções práti-
os sentidos atribuídos pelos jovens à educação. cas, quer seja na vida profissional quer seja na
vida pessoal. De acordo com Giddens (1991),
A condição juvenil vem se construindo em um observa-se uma rápida mudança no cenário do
contexto de profundas transformações socio- jovem brasileiro e de forma acentuada. Com
culturais ocorridas no mundo ocidental nas a crescente inserção dos jovens entre 14 a 18
últimas décadas, fruto da ressignificação do anos ao mundo do trabalho – que na maioria
tempo e espaço e da reflexividade, dentre ou- das vezes é informal, pois os mesmos não
tras dimensões, o que vem gerando uma nova conseguiram permanecer na escola em tempo
arquitetura do social (GIDDENS, 1991). Nesse hábil para uma mínima certificação que asse-
contexto, um brasileiro que nasceu em torno gure melhores vagas no mercado.
do ano 2000 enquadra-se na chamada geração
Z. Essa geração cresceu em um mundo digital Diante da precarização das oportunidades de
e tecnológico, com mais acesso a informações cursar um Ensino Médio que otimize a vida
que as gerações anteriores, está, portanto, ha- dos jovens das camadas populares, faz-se
bituado ao uso das redes sociais, utiliza o celu- necessário mudanças urgentes nos currícu-
lar para se conectar com o mundo, reconhece los do Ensino Médio. Nesse contexto, tem-se
novas profissões exclusivamente virtuais, uma nova configuração de currículos no que
como a de influenciador digital, nutre relações diz respeito ao mundo do trabalho. Desde o
interpessoais mais horizontais e colaborativas Plano Nacional de Educação de 2014, o Novo
e menos hierárquicas e aprende em rede. Ensino Médio surgiu acenando possibilidades
com a escolha por Itinerários Formativos. Na
As juventudes atuais também lidam com ques- configuração do currículo, as orientações das
tões contemporâneas, como mudanças cli- DCNEM/2018, consubstanciam uma proposta
máticas, consumo sustentável, proteção aos de diversificação e flexibilização da formação
animais, veganismo, empreendedorismo, ga- dos jovens, com foco em suas escolhas e no
rantia de direitos já existentes diante de ondas direcionamento do projeto de vida, visando,
conservadoras na política, assim como crises com isso, melhorar a relação das juventudes
econômicas e sanitárias globais. com a escola.

60 Novo Ensino Médio – Caderno 1


No início do século XXI, a difusão das tecno- A escola é uma referência imprescindível para
logias toma proporções sem precedentes e o jovem, pois é nela que ele tem a possibilida-
muda a dinâmica do mundo, caracterizado pe- de de ser direcionado diante de suas incertezas
las interações cada vez mais amplas e profun- no convívio com seus pares. Porém, no atual
das, sobretudo no campo da informação, que modelo escolar, as dificuldades aumentam no
configuram o que se conhece como globaliza- âmbito da sala de aula, pois segundo Edgar
ção. Esse processo de integração, por meio da Morin (2015), a fragmentação das disciplinas
tecnologia, proporcionou para a humanidade a escolares contribui tão somente para isolar
possibilidade de transformação a partir do co- partes da realidade, num projeto escolar que,
nhecimento integrado. Porém, essas informa- a pretexto de organização, fragmenta o que é
ções, que começaram a tomar forma nos anos indivisível. Ainda segundo o autor, a educação
1960, se difundiram de forma desigual por escolar para ser eficiente e eficaz precisa ser
todo o mundo (CASTELLS, 1999), aprofundan- trabalhada numa perspectiva de integração en-
do as desigualdades sociais já existentes. tre os saberes.

Convém, então, refletir se essa realidade – É nessa perspectiva que a escola precisa se
em que o mundo virtual se impõe como algo ajustar diante de um sujeito “antenado” e que
inerente às relações humanas – proporciona tem facilidades em transitar entre os “dois mun-
profundidade ao conhecimento empírico da dos”: virtual e real. Os conhecimentos precisam
juventude, em que parte tem acesso fácil a ser direcionados para beneficiar sua aplicação
celulares, computadores, internet, informa- nos vários ambientes da sociedade. Este ainda
ção, redes sociais, o que os tornam alvos fá- é um percurso tortuoso para os educadores,
ceis das mídias que os influencia ao consumo que precisam orientar os estudantes de forma
desenfreado ou a frustação pela incapacidade adequada, levando em consideração suas de-
do consumo. O marketing impõe para a socie- mandas e necessidades. Contudo, a escola pre-
dade padrões de comportamento, de beleza e cisa considerar a diversidade de sujeitos, pois,
de consumo (material ou imaterial), simulando no âmbito da escola pública, parte significativa
necessidades e constrangendo, sobretudo, os dos jovens ainda não está incluída no mundo
jovens, sujeitos mais expostos ao fetichismo digital, e para estes requer a sua inserção.
da mercadoria, a seguir determinadas ten-
dências, muitas vezes alheios ao que lhes é Compreende-se também a obrigação da famí-
essencial ou necessário. Um mundo caracteri- lia dentro do processo, mas, entende-se a in-
zado pela liquidez e volatilidade das relações, segurança e o desconhecimento desta diante
o que Bauman (2001) define como moderni- de avanços que não conseguem acompanhar,
dade líquida. pois como define Karnal (2019), a certeza que
nos dão num dia no outro já não vale mais, en-
Segundo Novaes (2009), é a presente geração tão tudo é muito efêmero, e isso é percebido
que experimenta mais intensamente as novas pela angústia do sujeito ressoando por todos
maneiras de estar no mundo, vivenciando as os espaços da sociedade e não apenas no am-
novas conexões entre tempo e espaço e a biente da escola.
disseminação das novas tecnologias de infor-
mação e comunicação. Nesse contexto, é pre- Nem o jovem consegue enxergar e definir com
ciso compreender a importância de a escola clareza qual é o seu papel dentro do contex-
acompanhar e se adequar a essas mudanças, to social em que está inserido, uma vez que
de modo que não se distancie dos anseios da sua situação fica confusa dentro do núcleo fa-
juventude. Do contrário, ela não será capaz de miliar. E é dentro da dualidade entre a crian-
fazer emergir todo o potencial do jovem e seu ça e o adulto que o sujeito precisa lidar com
papel ficará profundamente comprometido. a fragmentação dos saberes impostos pela

Currículo do Piauí 2021 61


quantidade imensa de informações com que é deparando-se muitas vezes com ambientes
bombardeado a cada segundo. O maior desa- econômicos hostis e frustação das suas expec-
fio do jovem hoje é conseguir conviver com ele tativas. Conforme o observatório de educação
mesmo frente a todas as frustações impostas Ensino Médio e Gestão do Instituto Unibanco,
pela sociedade pós-moderna, quando estes existe uma idade crítica para a evasão escolar
precisam se adequar a situação socioeconô- no Brasil, entre os 14 e 18 anos, faixa etária
mica em que se encontra frente ao desejo de essa que coincide com a idade adequada para
consumo imposto pelo apelo da sociedade em frequentar a etapa do ensino médio.
rede (CASTELLS, 1999).
De acordo com dados divulgados pelo Institu-
Esses jovens, ao encerrarem a última eta- to Brasileiro de Geografia e Estatística – Cen-
pa da educação básica, estarão em transição so 2010, (IBGE, 2020) a transição do ensino
não somente para outros níveis de ensino e/ fundamental para o médio evidencia o abando-
ou mercado de trabalho, mas também para no escolar. A percentagem na evasão escolar
outras vivencias pessoais enquanto fase adul- por jovens com idade de 15 anos é de 14,1%,
ta. Acerca da etapa de transição para a vida mostrando ser quase o dobro em relação à fai-
adulta, Pochmann (2004) destaca as múltiplas xa etária de 14 anos que mostram uma por-
possibilidades que impactam na juventude: o centagem de 8,1%. Esses valores aumentam
exercício do trabalho; a situação de desempre- para 18% considerando idades de 19 anos ou
go recorrente; a condição antecipada de pai ou mais. O IBGE (2020) ressalta que a necessida-
mãe, com família constituída ou mesmo iso- de de trabalhar foi a principal razão alegada em
ladamente; a fase de estudo com residência todas as regiões, subindo para 48,3% no Sul e
junto dos pais, e dependentes deles; a fase de 43,1% no Centro-Oeste. O desinteresse pela
estudo com vida independente e com família escola foi o segundo fator, com percentuais
própria; a situação de possuir mais de 24 anos variando de 25% a 31,5% na região Nordeste.
na condição de desempregado ou de ocupa- Esses dois principais motivos somados alcan-
ção com rendimento insuficiente, tornando-o çam cerca de 70% desses jovens.
ainda dependente dos pais, entre outras.
A taxa de escolarização identifica a parcela da
No Brasil, a reforma da lei trabalhista, associa- população matriculada em escola. Embora os
da a um conjunto de fatores socioeconômicos que estão na faixa etária entre 6 a 14 anos te-
trouxeram para o cenário atual a precarização nham excelentes percentuais de presença nas
do trabalho, tornando crescente o predomínio escolas, a taxa de escolarização nessa faixa
da informalidade. No Piauí, principalmente por etária chega a 99,9% no Piauí (PNAD Contí-
ser um Estado pobre, essas dificuldades de nua, 2019), a medida em que a idade avança,
acesso ao mercado de trabalho ficam mais menor é a taxa de escolarização no Piauí. A
evidenciadas e nesse cenário, os jovens são PNADE (2019) mostra que entre os jovens de
os que mais ocupam postos de baixa qualida- 15 a 17 anos, o índice de escolarização é de
de, ostentando frágeis vínculos empregatícios 90,5%. O percentual cai para 38% entre aque-
com remunerações pouco satisfatórias devido les com 18 e 24 anos. É possível identificar
a necessidade de contribuir com as despesas que um dos principais fatores que impactam
familiares. Tal situação acaba comprometendo sobre esses números é a dificuldade de con-
de forma expressiva sua escolarização e os ciliar trabalho e estudo. E essas dificuldades
distanciam da escola, refletindo assim em um surgem com estudantes que habitam tanto os
índice elevado de evasão escolar. Pois, na bus- espaços da cidade quanto os do campo.
ca de estratégias de sobrevivência pessoal e/
ou familiar, os jovens se sentem compelidos Segundo dados do último censo do IBGE
precocemente a buscarem uma ocupação, (2010), cerca de 65,8% da população piauien-

62 Novo Ensino Médio – Caderno 1


se está concentrada na zona urbana, e uma so ao microcrédito, ao turismo, o incentivo à
parcela bastante significativa na zona rural agricultura familiar, à produção artesanal. São
(34,2%). Assim, parte das famílias dos jovens ações que contemplam as juventudes e nesse
da maioria dos municípios do Estado trabalham cenário a educação escolar torna-se essencial
em sistemas agropastoris de subsistência, na para os desafios do trabalho que hoje exigem
qual a mão de obra do jovem conta como im- a aquisição de uma educação mais elaborada,
portante participação. Tais atividades laborais que torne o estudante um agente social, atuan-
por terem um ritmo muito fatigante, muitas te em sua comunidade. Dessa forma, cresce
vezes contribuem para o abandono escolar, fa- cada vez mais o número de estudantes que
zendo com que o estudante não consiga conci- anseiam o curso superior.
liar os estudos com o trabalho no campo.
Ações como a Lei do Estágio, que possibilita
Além das duras rotinas de trabalho no rural que uma vinculação pedagógica entre trabalho e
dificultam a conciliação com a escola, existem o curso regular do aluno-estagiário possibili-
uma parcela significativa dos estudantes da tam compatibilizar essas duas atividades. No
área rural piauiense, sobretudo a do gênero entanto, uma parcela pequena dos estudan-
masculino, que em busca de melhores condi- tes é contemplada, sobretudo os estudantes
ções de vida, migram para outras regiões do urbanos, desconsiderando a importância de
Brasil (principalmente para a região sudeste), serem incluídas também para os estudantes
e deixam em segunda instância o prossegui- de áreas rurais. Vale destacar que devido ao
mento nos estudos. Visto que os jovens do encurtamento entre as fronteiras rurais e ur-
campo, muitas vezes vivenciam conflitos de banas, esses espaços não devem ser vistos
valores e lançam para a cidade suas perspecti- de forma polarizada quanto aos anseios dos jo-
vas de futuro profissional. vens, visto que educação, emprego, cultura e
lazer atraem igualmente o interesse dos jovens
Em contrapartida a maioria das juventudes que urbanos e rurais.
vivem nas áreas urbanas, e que são estudan-
tes do ensino médio da rede pública estadual No século XXI, no Piauí, tem crescido o núme-
do Piauí, residem em vilas ou favelas. A neces- ro de estudantes da rede pública que ingressa
sidade de contribuir com a renda familiar ou de no ensino superior, em decorrências das po-
buscar precocemente sua autonomia financei- líticas educacionais desenvolvidas por meio
ra leva-os a desenvolver as mais diversas ativi- dos sistemas de cotas e financiamento estu-
dades laborais informais e até mesmo ilícitas, dantil – PROUNI, FIES, que possibilitam tam-
substituindo o tempo destinado à escola para bém a permanência do estudante até o final
tais atividades. Os que conseguem conciliar do curso. Aliado a essas políticas, tem ocorrido
a rotina de trabalho e estudo migram para as investimentos da Secretaria de Estado da Edu-
modalidades da Educação de Jovens e Adulto cação, por meio da oferta de Programas para
ou para a Educação Profissional e Técnica. preparação dos estudantes da 3a Série para o
Enem, o Pré-ENEM SEDUC, com revisões. Es-
Frente aos desafios postos pela sociedade sas ações se congregam com a expansão de
contemporânea para o indivíduo jovem, é pos- campus da Universidade Federal do Piauí e de
sível identificar a tendência do ingresso juvenil Campus/Núcleos da Universidade Estadual do
no mercado de trabalho em desalinho ao me- Piauí, que está presente em 12 municípios, na
lhor preparo educacional e profissional. As po- modalidade presencial. Por meio da interioriza-
líticas públicas sociais em curso no século XXI ção do ensino superior público no Brasil com a
trazem outras propostas ligadas ao trabalho, Universidade Aberta do Brasil, a UESPI, como
como o apoio à economia solidária, ao coope- instituição parceira da UFPI, oferece, na moda-
rativismo, ao empreendedorismo com aces- lidade a distância, 13 cursos de pós-graduação

Currículo do Piauí 2021 63


latu sensu em 15 municípios e 07 cursos de anseios dos estudantes, o currículo do Ensino
graduação entre bacharelados e licenciaturas Médio vem com a proposta de ensino flexível,
em 35 polos de todas as regiões do Piauí. onde o discente consiga fazer suas escolhas
e conciliar com seus projetos de vida. Nesse
Integrada ao Sistema de Universidade Aber- sentido, a trilhas de aprendizagem precisam
ta do Brasil – UAB, a Universidade Aberta do considerar as condições socioeconômicas de
Piauí – UAPI, criada por meio do decreto no cada território piauiense com vistas a escolher
16.933/2016, com um programa de ensino a oferta de itinerários formativos apropriados
voltado para o desenvolvimento da modalida- aos seus estudantes, considerando as diversi-
de de educação a distância tem possibilitado a dades socioeconômicas, culturais, religiosas e
expansão e interiorização da oferta de cursos de gêneros, compreendendo-os em suas es-
e programas de educação superior no Estado pecificidades e diversidade regional.
do Piauí, por meio de estratégias de inovação
tecnológica. A UAPI atua na oferta de cursos Na perspectiva citada, o currículo deve con-
superiores, tecnológicos, de graduação e de templar os estudantes das áreas urbanas, em
pós-graduação, todos apoiados em metodolo- seu estilo de vida, tanto aqueles conectados
gias que utilizem as tecnologias de informação com as tecnologias, quanto aqueles excluí-
e comunicação. A expansão do ensino supe- dos, considerando que parcela significativa
rior garante maiores oportunidades de acesso dos estudantes não tem acesso a internet no
aos egressos do ensino médio da rede pública Estado. A escola deve favorecer processos
de ensino. intencionais que valorize as experiências dos
estudantes do ensino médio, garantindo-lhes
Diante de toda essa heterogeneidade encontra- aprendizagens necessárias, com respeito às
da, o Currículo do Ensino Médio do Piauí tem suas culturas, modos de vida, compreenden-
como desafio ofertar uma educação de qualida- do os estudantes das áreas urbanas e rurais,
de, que contemple a todos em suas diversida- do litoral, das comunidades quilombolas, os in-
des e anseios, e que oportunize a progressão dígenas, os ribeirinhos e sertanejos, buscando
dos estudos para o ensino superior e/ou o di- valoriza-los em seus estilos de vida e identida-
recionamento para ao mercado de trabalho, de des socioculturais.
acordo com o projeto de vida de cada estudan-
te. Pois, conforme a BNCC (2018, p. 462) Diante desse cenário de mudanças que contri-
bui para constituição da juventude, em que a
Considerar que há juventudes implica organizar escola precisa contemplar, a SEDUC-PI adota
uma escola que acolha as diversidades e que re- uma concepção de juventude baseada na pers-
conheça os jovens como seus interlocutores le- pectiva da diversidade, que implica, em pri-
gítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem. meiro lugar, considerá-la como uma categoria
Significa, ainda, assegurar aos estudantes uma definida não a partir de critérios rígidos, mas
formação que, em sintonia com seus percursos sim como parte de um processo de crescimen-
e histórias, faculte-lhes definir seus projetos to totalizante, que ganha contornos específi-
de vida, tanto no que diz respeito ao estudo e cos no conjunto das experiências vivenciadas
ao trabalho como também no que concerne às pelos indivíduos no seu contexto social, reli-
escolhas de estilos de vida saudáveis, sustentá- gioso, familiar e cultural. Portanto, a noção de
veis e éticos. juventudes, no plural, com vista a enfatizar a
diversidade de modos de ser desses sujeitos,
Com o propósito de ofertar um ensino de qua- que constroem suas identidades no entrecruza-
lidade, que promova o protagonismo juvenil e mento dos seus papéis sociais de ser jovem e
a formação intelectual, de forma que atenda os ser estudante no ensino médio.

64 Novo Ensino Médio – Caderno 1


3.2 Princípios norteadores a partir do pensamento de Immanuel Kant
do Ensino Médio (1985), o qual formulou a filosofia do esclare-
cimento a partir da autonomia do sujeito, que
A ideia central deste tópico é apresentar os parte de uma concepção de ser humano dota-
princípios da Rede Estadual sob os quais o do de razão, que deve ser educado para desen-
currículo para o Novo Ensino Médio está or- volver suas potencialidades e assim, conviver
ganizado. Assim, discorre sobre: educação de forma ética e em comunidade com seu se-
emancipatória, trabalho, protagonismo juvenil, melhante (AMBROSINI, 2012, p, 381).
pesquisa e conhecimento científico, sustenta-
bilidade socioambiental. A proposta de Kant (1985), de emancipação
pelo esclarecimento, é retomada no pensa-
mento contemporâneo pelo filósofo Theodor
3.2.1 Educação emancipatória Adorno. Este criador da Teoria Crítica que visa
ampliar o saber que promova a emancipação
As políticas educacionais contemporâneas pro- do homem. Essa teoria desvela a neutralidade
movem mudanças curriculares na educação científica e a reconhece enquanto vinculada a
básica e convocam educadores a se engajarem uma práxis social determinada. Para este au-
em projetos capazes de promover uma educa- tor, o alcance de uma sociedade democrática
ção significativa para os estudantes, capaz de está vinculado a construção de um sujeito ra-
direcioná-los ao desenvolvimento de um proje- cional e livre.
to de vida. Nesse propósito, é pertinente abor-
dar a concepção de educação emancipatória Fundamentado na filosofia de Kant (1985),
para enfatizar o papel da escola de Ensino Mé- Adorno (1995) e Freire (2005), o currículo do
dio, cuja ação pedagógica deve ser direcionada Ensino Médio do Piauí tem como um dos prin-
a construir uma consciência crítica nos estu- cípios orientadores a educação emancipatória,
dantes, visando impulsionar as ações huma- que compreende que a educação enquanto
nas em busca de um mundo melhor, pautado formadora da consciência dos indivíduos deve
na igualdade, equidade de oportunidades, no ter a função de emancipação e formação de
respeito aos direitos humanos e na formação sujeitos autônomos. Numa proposta de privile-
de cidadãos emancipados. Para Theodor Ador- giar as competências técnicas sociais, políticas
no (1995a, p. 141-2), a educação tem como e intelectuais, para o uso socialmente útil do
objetivo primordial a emancipação humana. Na conhecimento que considere todas as condi-
concepção deste, uma democracia efetiva só ções do multiculturalismo evidente hoje na so-
pode ser imaginada enquanto uma sociedade ciedade globaliza.
de quem é emancipada.
Nessa abordagem, a educação para a emanci-
Na perspectiva de Freire (2005), emancipação pação pressupõe um conceito de inteligência
significa humanização do oprimido e superação mais amplo do que o saber formal e científi-
dos seus condicionamentos históricos. A abor- co. Ela implica uma inteligência concreta que
dagem de uma educação emancipatória pauta- entende o pensar e a realidade num proces-
-se na concepção de educação que extrapole so dialético. Assim, a educação para emanci-
o ensino de competências, que supere o saber pação deve ser primeiramente crítica, voltada
fazer restrito à preparação do estudante a ser- para o enfrentamento da realidade. “A educa-
vir ao mercado de trabalho, resumida ao cam- ção tem sentido unicamente como educação
po do utilitarismo. dirigida a uma auto reflexão crítica” (ADORNO,
1995, p. 121). Nesse sentido, a educação deve
O ideal de uma sociedade emancipada está conduzir o estudante a olhar criticamente para
presente desde o Iluminismo, no século XVIII, a realidade e direcioná-lo a superar as formas

Currículo do Piauí 2021 65


de assujeitamento para favorecer o exercício da adquire o significado não somente de transmi-
autonomia. tir habilidades e competências, mas de instruir
para o exercício da cidadania, mais ainda, de
Boaventura Santos (2009) enfatiza a necessi- formar a própria natureza humana.
dade de construir um ser humano esclarecido
para uma sociedade emancipada. Nesse senti- Nesta perspectiva de educação emancipatória,
do, propõe um projeto educativo emancipató- a escola, enquanto instituição indispensável na
rio, amparado em uma racionalidade conflitante luta por uma sociedade mais equânime, deve
com a lógica instrumental, técnica e pragmáti- estar sujeita a refletir-se criticamente, a ques-
ca da modernidade, com perfil epistemológico tionar os saberes uniformizantes, com foco
que apresente um campo de possibilidades de numa educação em que todos dela participem
ações e potencialize o inconformismo frente a de modo efetivo; uma educação reflexiva e crí-
realidade excludente. Concepção referenciada tica de si mesma na qual tanto os professores
por Freire (2005) que constrói uma teoria pe- quanto os alunos possam ser os verdadeiros
dagógica fundamentada nos valores humanis- protagonistas. Nesse processo emancipatório
tas, na perspectiva de transformação social. do estudante, a função da escola é formar cida-
dãos imbuídos de consciência crítica, sujeitos
Paulo Freire (2005) elabora um pensamento de suas ações e integrados à realidade de for-
que fundamenta uma educação para a eman- ma participativa, propositiva e transformadora.
cipação, reconhecendo a autonomia do sujeito
racional, que tem conhecimento e liberdade,
e que coletivamente, sem negar os saberes 3.2.2 Trabalho
construídos na experiência, pode romper com
a estrutura social opressora e construir uma so- Trabalho é uma categoria central no pensamen-
ciedade emancipada. to sociológico, um conceito visto sob diversas
perspectivas que perpassa diferentes enten-
O currículo é considerado como um artefato dimentos ao longo da história. Assim, alguns
político e cultural de organização e desenvol- sociólogos clássicos como Émile Durkheim,
vimento de um projeto pedagógico, com obje- Marx Weber influenciaram profundamente a
tivos de promoção dos sujeitos em interação consolidação do pensamento sociológico so-
com o mundo e a formação para o exercício da bre trabalho.
cidadania. Nesse aspecto, precisa ser orienta-
do pelo princípio da educação emancipatória, Os dois sociólogos veem o trabalho como uma
e atentar-se para as escolhas feitas e para a divisão social de tarefas. Segundo Durkheim
dimensão assumida pelos conteúdos curri- (1978), o trabalho para o homem leva em consi-
culares que estejam implicados, além do co- deração a divisão social das tarefas que ele cria.
nhecimento científico, as opções axiológicas, Para ele, o trabalho é o que une os indivíduos
reflexões éticas e atitudes que se traduzem em numa sociedade, pois geram um sentimento
marcas identitárias na relação homem/mundo, de solidariedade entre aqueles que realizam as
de forma a evidenciar as diferenças, as desi- mesmas funções. Nesta perspectiva, o que vale
gualdades, o multiculturalismo, os interesses, não é o homem que a natureza fez, mas o ho-
as escolhas e as formas de produzir conheci- mem que a sociedade quer que ele seja; e ela o
mento em tempos e lugares diferenciados, quer conforme o reclame a sua economia inter-
considerando a realidade local e a diversidade, na; o seu equilíbrio. Isso mostra que o conceito
em busca da construção de aprendizagens crí- de trabalho e educação se complementam.
ticas, capazes de construir competências políti-
cas, ética e socialmente comprometidas. Pois, Já a Sociologia de Weber, ao contrário do pen-
conforme Ambrosini (2012, p. 381), a educação samento de Durkheim, considera que o tra-

66 Novo Ensino Médio – Caderno 1


balho em uma sociedade não pode ser visto trais a serem consideradas nesse contexto da
apenas como algo externo ao indivíduo, mas Revolução 4.0, caracterizada pela revolução
considerado como uma situação mais comple- tecnológica, digital e científica, permeado de
xa de interações e ações sociais. Conseguin- conceitos, práticas e metodologias que in-
te, a sociologia de Weber tem como base a fluenciam a economia, o trabalho, o jeito de
interpretação da ação social, que aprecia rela- pensar e de viver de todas as pessoas. Assim,
ções, ideias e valores culturais. Portanto, com- a educação precisa de adequar às formas de
preende o trabalho como uma vocação na qual racionalização do trabalho e da vida social.
o indivíduo desenvolve uma conduta racional Nesta perspectiva, o ensino médio deve ter o
baseada em uma profissão. trabalho como um dos princípios norteadores.

Por outro lado, o trabalho na sociologia de As constantes transformações ocasionadas


Marx deve ser compreendido como uma re- pela revolução tecnológica impactam direta-
lação entre o homem e a natureza, sendo o mente no funcionamento da sociedade e no
homem responsável pelas transformações ao mundo do trabalho. Nesse cenário, é neces-
seu redor. Assim, o trabalho como princípio sário garantir uma formação que prepare os
educativo deve ser aquele que contribui com jovens para inserir-se no mundo do trabalho,
valorosos elementos para mostrar a necessária diante de uma realidade em que a força de tra-
definição e consolidação da função social, que balho se fragiliza pela flexibilização, quer seja
se consubstancia em promover uma educação das estruturas produtivas, das formas de orga-
integral e de qualidade para todos, visando
nização; contratos de tempo parcial, subcontra-
emancipar o homem e transformar o mundo.
tação e contratos temporários com freelancers,
Concepção preconizada pelas DCNEM’s, em
terceirização das funções, etc.; em que cresce
que o trabalho é visto como princípio educa-
a exigência de níveis de escolaridade e de ca-
tivo, sendo a base para a organização e de-
pacidades de conexão a um novo modelo de
senvolvimento curricular em seus objetivos,
produção e consumo.
conteúdos e métodos, ou seja, o ser humano
é produtor de sua realidade e, por isso, dela se
Assim, robótica, inteligência artificial, internet,
apropria e pode transformá-la, sendo sujeito
de sua história e de sua realidade. nuvem, big data, 3D printing, economia cola-
borativa, entre tantos outros, são exemplos
Segundo Moura (2012), o trabalho deve ser de áreas associadas às tecnologias produtivas
compreendido como princípio educativo em apoiadas na microeletrônica como a automa-
seu caráter histórico e ontológico, abordado a ção, a informática, a telemática. Essa junção
partir de questões sociais, culturais, de nature- de mecanismos altera processos de produ-
za e produção. Assim, a BNCC orienta que as ção, cria novos produtos e serviços, diminui a
decisões pedagógicas devem estar direciona- participação humana e requerem profissionais
das para o desenvolvimento de competências, habilitados e conectados, o que representa de-
por meio da indicação clara do que os alunos safios e oportunidades aos estudantes do sé-
devem “saber”; considerando a constituição culo XXI. Esse público estará, cada vez mais,
de conhecimentos, habilidades, atitudes e diante desses desafios, pois o perfil do profis-
valores e, sobretudo, do que devem “saber sional é um cidadão global, solícito, compro-
fazer”; considerando a mobilização desses metido e conectado a novas tecnologias.
conhecimentos para resolver demandas com-
plexas da vida cotidiana, do pleno exercício da Tal contexto demanda que o Ensino Médio
cidadania e do mundo do trabalho. permita aos estudantes o desenvolvimento de
competências e habilidades, de acordo com as
Nesse sentido, a educação e a formação pro- oscilações profissionais do mundo pós-moder-
fissional aparecem hoje como questões cen- no, capaz de aliar consciência crítica diante das

Currículo do Piauí 2021 67


formas de organização do trabalho e da legis- cola mais dinâmica, mais conectada com o
lação trabalhista e capacidades digitais e tec- presente e o futuro, com articulação curricular
nológicas, que gerará desafios de adaptação e e espaços para os alunos construírem sua au-
criará novas oportunidades de especialização. tonomia com criatividade e ética, contextuali-
zada com as potencialidades e oportunidades
Levando-se em consideração o trabalho como locais e global.
princípio educativo proposto pela BNCC, e
para que os estudantes consigam acompanhar Considerando esse contexto, a implementa-
todas as transformações do mundo do traba- ção do novo currículo, especialmente no que
lho, estes devem ser inseridos no conceito se refere ao itinerário de Educação Profissional
de protagonismo juvenil, a fim de desenvol- Técnica (EPT), a Rede Estadual tomará como
ver capacidades no âmbito produtivo, cultural, base os estudos realizados sobre as potencia-
socioemocional e o cognitivo, bem como sua lidades dos Territórios de Desenvolvimento do
formação integral. Nessa perspectiva, a função Piauí, haja vista a necessidade de conhecer a
da escola é preparar os estudantes para fazer realidade de todo o território piauiense para o
escolhas; apropriarem-se de conhecimentos e êxito da implementação.
experiências que os possibilitem a entender o
mundo do trabalho; desenvolver seus projetos Para compreensão das potencialidades da
de vida nos quais possam projetar e redefinir Rede, a Seduc construiu, com financiamento
para si ao longo da vida, sempre com autono- do Banco Interamericano de Desenvolvimento
mia, liberdade, consciência crítica e responsa- – BIRD, o Plano Estratégico e Operacional de
bilidade, com foco no protagonismo estudantil. Expansão da Educação Técnica de nível médio,
nas formas integrada, concomitante e subse-
Para desenvolver esse protagonismo na educa- quente, presencial ou a distância objetivando,
ção escolar, é necessário ultrapassar desafios o mapeamento da oferta de educação profis-
da educação básica para toda a sociedade, em sional técnica de nível médio no Piauí – envol-
conformidade ao que preconiza as Diretrizes vendo um diagnóstico completo da oferta de
Curriculares Nacionais do Ensino Médio acerca Educação Profissional Técnica de Nível Médio,
da importância da concepção de formação hu- no Estado, em seus Territórios de Desenvolvi-
mana emancipatória, que considera o trabalho mento e por município, contemplando as redes
como princípio educativo norteador. pública e privada; o mapeamento das cadeias
produtivas existentes no Piauí; o cruzamento
As tendências do trabalho no século XXI, como entre a oferta atual de Educação Profissional
mudanças no mundo produtivo, inovações Técnica de nível médio com as necessidades
tecnológicas globalizadas e incertezas nas destas cadeias produtivas; e identificação da
relações de trabalho influenciam diretamen- demanda existente e projetada para os próxi-
te a educação e as escolas. Nesse aspecto, mos 10 anos para a expansão sustentável da
a educação profissional e tecnológica ganha Educação Profissional Técnica de Nível Médio,
nova dimensão, e terá como desafio formar considerando o Estado, seus Territórios de De-
estudantes para habilidades gerais do mundo senvolvimento e municípios.
do trabalho e das técnicas de forma integrada.
Dessa forma, torna-se essencial o aprimora- Destacam-se, também, os estudos da Secre-
mento do conjunto de habilidades e conheci- taria de Estado do Planejamento no âmbito dos
mentos genéricos, úteis a determinadas áreas cenários regionais do Estado do Piaui, relató-
de atuação, além das também fundamentais rios de pesquisa sobre a educação profissonal
habilidades humanas interpessoais, de relacio- técnica de nível médio, realizados pela Funda-
namento, ética, empatia, boa comunicação, ção CEPRO, em parceria com a unidade de
participação colaborativa. Isso exige uma es- educação técnica profissional da Seduc. Tais

68 Novo Ensino Médio – Caderno 1


levantamentos foram essenciais para a aborda- des4. Conforme define Antonio Carlos Gomes
gem do trabalho nos itinerários formativos, e da Costa;
possibilitaram a contextualização do tema com
a realidade do estado. […] o protagonismo juvenil é uma forma de re-
conhecer que a participação dos adolescentes
Segundo o Parecer CEB 15/98, que fundamen- pode gerar mudanças decisivas na realidade
tou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o social, ambiental, cultural e política onde estão
Ensino Médio, a preparação para o Trabalho inseridos. Nesse sentido, participar para o ado-
está inevitavelmente ligada à capacidade de lescente é envolver-se em processos de discus-
aprendizagem e deve destacar a relação da são, decisão, desenho e execução de ações, vi-
teoria com a prática e a compreensão dos pro- sando, através do seu envolvimento na solução
cessos produtivos, enquanto aplicações dos de problemas reais, desenvolver o seu potencial
conhecimentos científicos, em todos os con- criativo e a sua força transformadora (COSTA,
teúdos curriculares. 2001, p. 126).

Nesse aspecto, o trabalho enquanto princípio Ao tratar da relação protagonismo e educação


norteador do Ensino Médio, bem como as formal no Brasil, Costa (2001, p. 9) concebe o
mudanças contemporâneas que o envolve, protagonismo como um método de trabalho
perpassa todas as áreas do conhecimento do cooperativo fundamentado na pedagogia ativa,
currículo e ganha foco na Educação Profissional “cujo foco é a criação de espaços e condições
Técnica, sobretudo nos seus itinerários forma- que propiciem ao adolescente5 empreender
tivos. O eixo de empreendedorismo, presente ele próprio a construção de seu ser em termos
nos Itinerários Formativos, de todas as áreas pessoais e sociais”. Nessa perspectiva, perce-
do conhecimento, possibilita a abordagem do be o trabalho pedagógico com foco na cons-
trabalho em suas múltiplas dimensões, garan- trução de conhecimentos e valores e situa o
tindo o cumprimento desse princípio na forma- estudante no centro do processo educativo,
ção básica dos estudantes do Ensino Médio. atribuindo-o a condição de protagonista, consi-
dera-o “como fonte de iniciativa (ação), liberda-
de (opção) e compromisso (responsabilidade)”
3.2.3. Protagonismo Juvenil (FERRETTI; ZIBAS; TARTUCE, 2004).

O protagonismo estudantil torna-se um dos O propósito da educação integral em promo-


conceitos pilares das inovações sugeridas pe- ver o desenvolvimento do estudante em todas
las Diretrizes Curriculares para o Ensino Mé- as suas dimensões – física, cognitiva, afetiva,
dio, cuja ênfase permeia tanto o eixo de gestão social e cultural – está alinhado ao objetivo de
quanto o eixo curricular da reforma do ensino incentivar o protagonismo estudantil, com vis-
médio, pressuposto previsto também pela ta a desenvolver nos estudantes uma postura
ONU (1995) que referencia a “plena e efetiva proativa na identificação de situações e bus-
participação dos jovens na vida da sociedade ca de soluções, bem como o empoderamento
e na adoção de decisões”. Nessa esfera, o dos jovens no campo político e social. Confor-
objetivo é desenvolver o potencial dos adoles- me a BNCC,
centes e jovens para transformar a realidade
e promover oportunidades para a expressão […] o conceito de educação integral com o qual
criativa e responsável das suas potencialida- a BNCC está comprometida se refere à cons-

4  Para além dessa especificidade de público referenciado pela ONU nesse contexto, enxergamos que a promoção de oportuni-
dades deve abarcar todos os sujeitos do Ensino Médio.
5  Mesmo Costa (2001) tratando da temática com foco em adolescentes, entendemos que é perfeitamente possível adaptar a
definição a todos os públicos do Ensino Médio.

Currículo do Piauí 2021 69


trução intencional de processos educativos que […] o do desenvolvimento do potencial do edu-
promovam aprendizagens sintonizadas com as cando, criando oportunidades e condições para
necessidades, as possibilidades e os interes- que as potencialidades presentes no ser de cada
ses dos estudantes e, também, com os de- jovem transformem-se, à medida que ele se pro-
safios da sociedade contemporânea (BRASIL, cura e se experiencia na ação, em competên-
2018, p. 14). cias, habilidades e capacidades para viver e tra-
balhar numa sociedade cada vez mais complexa,
Nessa perspectiva, a educação mediada pelo competitiva e exigente [ou seja] o Paradigma do
protagonismo pressupõe a formação do estu- Desenvolvimento Humano (COSTA, 2001, p.10).
dante para os desafios da sociedade contem-
porânea, isso demanda colocá-lo no centro do Delors (1996) acerca da educação para o sécu-
processo de ensino e aprendizagem, de for- lo XXI, ressalta que a escola básica passou a
ma que ele utilize seus conhecimentos para desempenhar um papel fundamental na prepa-
agir e interferir na sociedade, que desenvolva ração de cidadãos para uma participação ativa,
uma postura de participação social, por meio uma vez que os princípios democráticos se ex-
da formação de valores e de atitudes cidadãs pandiram por todo o mundo. Neste aspecto, o
que permitam a esses sujeitos conviver de for- autor recomenda que a educação, ao longo de
ma autônoma com o mundo contemporâneo. toda a vida, desenvolva no estudante a capaci-
Assim, a responsabilidade individual e social dade crítica que lhe permita ter um pensamen-
constitui elemento da formação ético-moral e
to livre e uma ação autônoma, com aquisição
cidadã dos jovens.
de valores, de conhecimentos e de aprendiza-
gens práticas de participação na vida pública.
Portanto, a função da educação escolar no
Ensino Médio é promover o protagonismo es-
No Ensino Médio, o desenvolvimento da ca-
tudantil, formar sujeitos autônomos, com par-
pacidade cidadã do jovem torna-se premente,
ticipação ativa, construtiva e comprometida
por exigir deles responsabilidades e ações de
socialmente. Isso demanda envolver o estu-
empoderamento. Assim, os termos sinôni-
dante em atividades que vão além do seu uni-
mos de protagonismo, como “participação”,
verso pessoal e familiar. Essa formação para a
chamada “moderna cidadania”, além de aten- “autonomia”, “empoderamento”, “cidadania”,
der uma exigência social, visa responder às “responsabilidades”, “ação individual e/ou co-
angústias (principalmente de adolescentes e letiva”, “resiliência”, dentre outros, convergem
jovens) diante da efemeridade, dos desafios e para um significado comum, que é o reconhe-
das exigências das sociedades pós-modernas cimento dos jovens como sujeitos sociais, pos-
e das novas configurações do mundo do traba- síveis de tomada de decisões sobre questões
lho Essas configurações demandam diversas que repercutem em suas próprias vidas.
modalidades de inserção no mundo do traba-
lho, diante das quais, o protagonismo pode ser Nesse processo, além de construção da capa-
uma via promissora para se viabilizarem as ex- cidade de discernimento e de protagonismo
pectativas pessoais dos estudantes que, cada juvenil, a escola deve propiciar ao estudante a
vez mais, se veem na busca de um engajamen- conciliação entre o exercício dos direitos indi-
to social produtivo e se deparam com o “acha- viduais, estes fundados na liberdade pública,
tamento” de oportunidades. e a prática dos deveres e da responsabilidade
em relação aos outros e às comunidades a que
O propósito de promover a formação geral e pertencem (DELORS, et al, 1996, p.61).
profissional de forma unificada presente nas
DCNEM alinha-se com a perspectiva do de- Destarte, o foco no protagonismo dos jovens
senvolvimento humano, mencionado por Cos- visa contribuir para o desenho do projeto de
ta, referente ao protagonismo juvenil: vida e na preparação do estudante para o futu-

70 Novo Ensino Médio – Caderno 1


ro, estimulando a participação deles na esfera demandas da sociedade, enquanto sujeitos
política, social, econômica e cultural, com vista ativos, atuantes, emancipados e éticos. Desta
a criar oportunidades e possibilidades de o es- forma, a pesquisa deve ser incentivada e in-
tudante se reconhecer como interferente so- tegrada ao processo educativo desde a etapa
cial, a partir da importância de sua participação infantil, tonando-se uma prática rotineira no en-
ativa e produtiva. sino médio.

O ensino com foco na pesquisa precisa intro-


3.2.4 Pesquisa e conhecimento duzir metodologias ativas que busquem tornar
científico os sujeitos independentes, questionadores e
curiosos. Pois, conforme Freire (2000, p. 32),
A pesquisa é um princípio educativo que deve “Ensinar exige pesquisa. Não há ensino sem
permear a prática pedagógica no cotidiano es- pesquisa e pesquisa sem ensino”. Vale ressal-
colar e pode ser compreendida, também, como tar que a pesquisa deve ser implementada de
uma atividade de caráter sistemático, com prin- forma a desenvolver o indivíduo em toda a sua
cípio científico e educativo. Segundo Demo completude. Para Richardson (2015), a nature-
(2003, p.16), za do conhecimento, em toda a sua completu-
de considerando-se a pesquisa, é a capacidade
Em termos cotidianos, pesquisa não é ato isola- que o ser vivo possui para representar o mun-
do, intermitente, especial, mas atitude proces- do que o rodeia e saber reagir a ele.
sual de investigação diante do desconhecido e
dos limites que a natureza e a sociedade nos Um sujeito crítico e autônomo deve compreen-
impõem. Faz parte de toda prática, para não ser der os processos naturais e sociais e posicio-
ativista e fanática. Faz parte do processo de in- nar-se diante de assuntos relevantes para a
formação, como instrumento essencial para a sociedade contemporânea: ambientais, econô-
emancipação. Não só para ter, sobretudo para micos, ética; conflitos territoriais, étnicos, de
ser. ordem social, política e religiosa; para que pos-
sam contribuir com avanços sociais que tornam
Nesse sentido, a associação entre ensino e a sociedade mais humana e mais colaborativa,
pesquisa deve ser um processo contínuo na com respeito às individualidades e diversidade.
educação. A prática da pesquisa é que promove
a independência dos sujeitos, sendo um meio Essa perspectiva de educação com foco na
de alcance da autonomia intelectual e capacida- pesquisa requer professores pesquisadores
de de formulação própria. Ainda de acordo com que manejem a pesquisa como princípio cientí-
Demo (2003, p.16), “pesquisa é processo que fico e cotidiano. Que direcionem os estudantes
deve aparecer em todo trajeto educativo, como a questionarem, por meio de aprendizagens
princípio educativo que é, na base de qualquer que possibilitem autonomia intelectual e posi-
proposta emancipatória. Se educar é sobretudo cionamento crítico. Isso torna a pesquisa um
motivar a criatividade do próprio educando”. princípio fundamental do novo ensino médio,
com objetivo de estimular a construção de no-
A educação deve, portanto, desenvolver nos vos conhecimentos e descobertas no âmbito
sujeitos as habilidades de criar coisas novas, da tecnologia e ciência que promovam mudan-
solucionar problemas da sociedade e contri- ças para a sociedade.
buir para o seu desenvolvimento social e tec-
nológico. Nesse sentido, cabe a escola formar A educação no mundo pós-moderno deve ter
sujeitos capazes de compreender os aspectos foco na aprendizagem significativa, de forma
políticos e sociais para que saibam se posi- a romper com um ensino voltado para a repe-
cionar de forma crítica e reflexiva perante às tição. Pedro Demo (2006, p. 13) salienta que

Currículo do Piauí 2021 71


a base da educação escolar é a pesquisa, e de sujeitos conscientes, capazes de reconhe-
através dela é possível desenvolver no aluno cer e se posicionar criticamente diante de fake
o questionamento sistêmico e reconstrutivo news. Conforme aduz Portilho e Almeida;
da realidade. Essa reconstrução compreende
o conhecimento inovador e sempre renovado, Sem dúvida a pesquisa escolar é um relevante
tendo como base a consciência crítica. Dessa instrumento metodológico de ensino aprendiza-
forma, o aluno inclui a sua própria interpreta- gem, sendo que, através dela é possível desen-
ção, formulação pessoal, aprende a aprender e volver ações que levem a interdisciplinaridade,
a saber pensar. palavra de ordem no atual contexto educacio-
nal. Sua utilização induz ao desenvolvimento de
Portanto, deve-se buscar formar pessoas que competências e habilidades indispensáveis à for-
sejam capazes de inovar, desenvolver a criativi- mação do educando. Sua prática permite que o
dade, propor soluções, compreender o mundo aluno aprenda ao transformar informação em co-
a sua volta. Para isso, é necessário entender nhecimento (PORTILHO; ALMEIDA, 2008, p.19).
as bases das teorias existentes e como o co-
nhecimento científico foi e é construído ao lon- Conforme Demo (2003, p. 2), “educar pela
go da história, no âmbito de todas as Ciências, pesquisa tem como condição primeira que o
sem a qual não será possível o desenvolvimen- profissional da educação seja pesquisador, ou
to pleno do indivíduo. Nesse processo, a tec- seja, maneje a pesquisa como princípio cien-
nologia é um grande aliado capaz de promover tífico e educativo e a tenha como atitude co-
inovação no ensino e pesquisa, onde o edu- tidiana”. Nesse processo, o professor precisa
cando assume o protagonismo. Assim, ensino adotar uma prática docente investigativa, que
e a pesquisa devem andar juntos e em colabo- promova o pensamento crítico, o espírito cien-
ração constante. tífico e a autonomia nos alunos.

O cidadão do século XXI necessita se inserir O ensino com prática de pesquisa desenvolve
de maneira adequada num mundo social e tec- capacidades de construção do conhecimento e
nológico cada vez mais complexo, para apren- postura autônoma do estudante, pois o ensino
der a pensar e refletir sobre tudo o que chega deve desenvolver aprendizagens que possibi-
até ele através das novas tecnologias de infor- litem o “desenvolvimento da autonomia inte-
mação e comunicação, saber pesquisar e sele- lectual, da consciência crítica” (DEMO, 2006,
cionar as informações para, a partir delas e da p. 86), para que os estudantes possam intervir
própria experiência, construir o conhecimento. criticamente em suas realidades. Assim, cabe
De acordo com Demo (2006, p. 7), “a aula que à escola adotar práticas pedagógicas adequa-
apenas repassa conhecimento, ou a escola das à realidade do mundo tecnológico e digi-
que somente se define como socializadora de tal, visando ofertar uma educação que ofereça
conhecimento, não sai do ponto de partida, e, espaço e condições para a (re)construção e
na prática, atrapalha o aluno, porque o deixa apropriação significativa de conhecimentos,
como objeto de ensino e instrução”. habilidades, valores e princípios éticos, para
que os educandos se tornem sujeitos ativos,
Nesse contexto em que a tecnologia democra- protagonistas do seu processo de aprendiza-
tizou as informações, o professor deixou de ser gem (PENIN, 2001).
o detentor do conhecimento e passou a ter um
papel de mediador, que deve guiar e orientar a
filtragem de informações necessárias a cons- 3.2.5 Sustentabilidade Socioambiental
trução de conhecimentos essenciais. Cabe,
assim, ao professor mediador direcionar os A Sustentabilidade, segundo Gadotti (2008,
estudantes às fontes confiáveis, ao processo p. 202), “É o sonho de bem viver. Sustenta-
de pesquisa científica com foco na construção bilidade é equilíbrio dinâmico com o outro e

72 Novo Ensino Médio – Caderno 1


com o meio ambiente, é harmonia entre os focado no desenvolvimento do estudante de
diferentes”. Nesse contexto, a sustentabilida- forma integral, com ênfase na necessidade
de deve ser compreendida como processo de de desenvolvimento da capacidade de cons-
inclusão em que cada cidadão pode assumir truir argumentos de maneira qualificada, res-
um papel importante no processo de cons- peitando o limite e a individualidade do outro,
cientização sobre a prática ambiental na so- com valores construídos na ética, nos direitos
ciedade, bem como no contexto escolar, na humanos, na sustentabilidade socioambiental
busca de soluções para uma vida saudável para que este seja agente transformador da
continuamente. Pedro Jacobi (2003, p. 191) sociedade. A contribuição do professor nes-
reforça tal concepção ao afirmar que “A preo- se processo, conforme Jacobi (2003, p. 193),
cupação com o desenvolvimento sustentável “tem a função de mediador na construção de
representa a possibilidade de garantir mudan- instrumentos para o desenvolvimento de uma
ças sociopolíticas que não comprometam os prática social com foco na natureza”. E com-
sistemas ecológicos e sociais que sustentam plementa:
as comunidades.”
Os professores(as) devem estar cada vez mais
Sobre os princípios de uma escola sustentá- preparados para reelaborar as informações que
vel, o MEC (BRASIL, 2012) recomenda que
recebem, e dentre elas, as ambientais, a fim de
o trabalho de forma integrada entre currículo,
poderem transmitir e decodificar para os alunos
gestão democrática e espaço físico é parte
a expressão dos significados sobre o meio am-
fundamental para uma escola sustentável que
biente e a ecologia nas suas múltiplas determi-
tenha metas, objetivos que almejam alcançar
nações e intersecções (JACOBI, 2003, p. 199).
e como fazer para alcançar. Assim, o currícu-
lo, o conhecimento, as práticas, as diferenças,
Dessa forma, a transformação com vistas na
as especificidades locais e os saberes deverão
aprendizagem significativa do aluno deve inte-
ser orientados pelos Projetos Políticos Pedagó-
ragir com diferentes temas da atualidade, por
gicos – PPP, alinhados com a BNCC, nos quais
meio de diálogo entre teorias e práticas, sem-
as diferenças, a cultura e o saber deverão ser
pre incentivando a participação social, em que
respeitados, sendo que e o papel da gestão é
a relação professor-aluno deve partir do conhe-
cuidar e educar de forma democrática, incen-
cimento das condições sociais, do repertório
tivar o diálogo e a coletividade. A inclusão e a
diversidade aparecem como destaque, como cultural, econômico dos alunos, suas famílias
um dos princípios orientadores da BNCC que e seu contexto, oportunizando este a fazer es-
devem ser seguidos na educação básica em colha com definição do que deve aprender, es-
conformidade com os DCNs. timulando o poder investigativo e o prazer em
apreciar o que lhe é oferecido.
Segundo Gadotti (2008), a educação poderá
contribuir de forma significativa na vida dos Para Freire (2000, p. 67), “A educação sozinha
educandos, devendo direcionar seu aprendi- não pode transformar a sociedade, tampouco
zado colaborando individualmente ou coletiva- sem ela a sociedade muda”. Nesse contexto,
mente, sendo capazes de transmitir saberes uma escola sustentável não está ligada apenas
pautados na consciência sustentável. A comu- a questão ambiental, ela abrange também as
nidade escolar e a sociedade em geral deverá questões sociais, econômicas, culturais e es-
ser parte integrante na busca de soluções sus- pirituais. Para ser sustentável, a escola precisa
tentáveis para a garantia de vida saudável para ser segura, inclusiva e permitir acessibilidade
as futuras gerações. e mobilidade para todos, respeitar os direitos
humanos, ter qualidade de vida, promover a
Com base nas competências da BNCC, o pro- saúde das pessoas e do meio ambiente e a
cesso de ensino e aprendizagem deve ser diversidade biológica, social, cultural, étnico,

Currículo do Piauí 2021 73


racial e de gênero, de forma a favorecer o exer- o meio ambiente, enquanto aprendizado social,
cício de participação, o compartilhamento de deve pautar-se no diálogo e na interação em
responsabilidades e promover uma educação constante processo de recriação e reinterpre-
integral (MEC, 2012). tação de informações, conceitos e significados
que podem se originar do aprendizado em sala
Para Leff (2001), a escola é o espaço ideal para de aula ou da experiência pessoal do aluno.
haver a promoção e socialização do saber, va- Assim, a escola pode transformar-se no espa-
lorizando as intenções que a sociedade deseja ço em que o aluno terá condições de analisar a
e aprova, onde as formas de comportamento, natureza em um contexto entrelaçado de prá-
ambientalmente corretas, devem ser aprendi- ticas sociais, em uma realidade multifacetada
das na prática, utilizando-se de novas habili- (JACOBI, 2003).
dades na tecnologia digital, bem como outras
formas de aprendizagens inovadoras capazes Percebe-se que a educação socioambiental é
de inserir o educando no mundo contemporâ- um princípio relevante para promover a cons-
neo, de forma a contribuir com sua formação, ciência dos jovens acerca do desenvolvimento
conscientemente, no que diz respeito à temáti- sustentável, e incentivar ações que visem a
ca ambiental. Nesse sentido, a educação para vida sustentável no planeta Terra.

74 Novo Ensino Médio – Caderno 1


4   Arquitetura geral do currículo

A grade curricular do Ensino Médio em regi- 4.1 Temas contemporâneos


me de Tempo Parcial, como se conhece hoje, transversais articulados com as
apresenta uma proposta de componentes cur- Competências Gerais do Ensino Médio
riculares obrigatórios para as três séries, que
leva os estudantes dessa etapa a seguirem um A abordagem dos temas contemporâneos no
caminho traçado pela escola, sob orientação Ensino Médio é mais um princípio norteador
das Secretarias de Educação, com base nos desse currículo, que visa aliar a concepção de
documentos nacionais que norteiam a Educa- formação integral e situar o jovem no contex-
ção Básica. Dessa forma, os estudantes são to de mudanças da sociedade pós-moderna.
levados, de antemão, a conhecerem o percur- Pois, conforme orienta a BNCC,
so que seguirão durante toda a etapa escolar.
cabe aos sistemas e redes de ensino. Assim
Com a proposta do Novo Ensino Médio, emba- como as escolas, em suas respectivas esferas
sada pela Lei 13.415/2017, os estudantes pas- de autonomia e competência, incorporar aos
sam a ter mais protagonismo sobre sua vida currículos e às propostas pedagógicas a aborda-
escolar, com vistas à definição e autonomia de gem de temas contemporâneos que afetam a
quais caminhos querem seguir. É nesta pers- vida humana em escala local, regional e global,
pectiva que surge a necessidade de as redes preferencialmente de forma transversal e inte-
e/ou os sistemas de ensino repensarem seus gradora (BRASIL, 2018, p. 19).
currículos e os (re)elaborarem de forma a aten-
der aos anseios dos sujeitos que compõem As instituições de ensino têm a função de
essa etapa. construir as bases para um aprendizado ético
e moral, direcionados a formação de cidadãos
Conforme já referido em capítulo anterior, tra- críticos com consciência de seu papel na so-
ta-se do “novo” e isso requer uma mudança ciedade. Nesse sentido, os temas contem-
de paradigma no que se refere à maneira de porâneos são relevantes e contribuem para
ensinar e de aprender. Nessa dinâmica de um estimular os jovens à reflexão sobre a realida-
Ensino Médio mais flexível, é possível que de na qual estão inseridos, incentivando-os a
os estudantes tracem seus caminhos, por transformar a realidade e a participar de forma
meio de um projeto de vida que lhes asse- ativa da vida em sociedade. Assim, os temas
gure o protagonismo dentro e fora da escola, atendem às demandas da sociedade pós-mo-
durante e após sua vida escolar, bem como derna.
norteá-los para o enfrentamento da realidade
do mundo atual. Para tanto, os Temas Con- Nessa perspectiva, o currículo com referên-
temporâneos Transversais precisam estar em cia à BNCC traz como Temas Contemporâ-
plena articulação com as dez competências neos Transversais (TCTs): o meio ambiente,
gerais da BNCC, conforme se apresenta em que engloba educação ambiental e educação
tópico seguinte. para o consumo; economia, aqui compreen-

Currículo do Piauí 2021 75


didos o trabalho, Educação financeira e Edu- incorporação desses assuntos, contribui para
cação Fiscal; Saúde que envolve os cuidados que os conteúdos científicos se integrem aos
com saúde e Educação alimentar e nutricional; conteúdos sociais e políticos.
Cidadania e civismo abarcando Vida familiar
e social, Educação para o trânsito, Educação As práticas interdisciplinar e transdisciplinar
em Direitos Humanos e Direitos da criança e buscam superar a fragmentação do conheci-
do adolescente, Processo de envelhecimento mento, pois visam à integralidade do conheci-
e respeito e valorização do Idoso; Multicultu- mento que extrapola as fronteiras disciplinares,
ralismo, que envolve o respeito a diversidade bem como a articulação da escola com a co-
cultural, educação para valorização do multi- munidade. Para Nicolescu (1999, p. 53),
culturalismo nas matrizes históricas e culturais
brasileira e Ciência e Tecnologia. A transdisciplinaridade, como o prefixo trans
indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo
Temas que afetam a vida humana em esca- tempo entre as disciplinas, através das diferen-
la local, regional e global e devem perpassar tes disciplinas e mais além de qualquer disci-
por todas as áreas de forma transversal e inte- plina. Seu objetivo é a compreensão do mundo
gradora, contempladas pelas habilidades dos presente, para o qual um dos imperativos é a
componentes de forma contextualizada. unidade do conhecimento.

Com vista a nortear a metodologia de traba- Nessa perspectiva, a transdisciplinaridade fa-


lho com esses temas, a BNCC propõe quatro vorece a religação entre os saberes disciplina-
pilares: Problematização da realidade e das si- res e experienciais, bem como a existência de
tuações de aprendizagem; Superação da con- conhecimentos plurais. Desta forma, “A trans-
cepção fragmentada do conhecimento para disciplinaridade caracteriza-se por ser uma
uma visão sistêmica; Promoção de um proces- pulsão religadora, por buscar pensar complexo
so educativo continuado e do conhecimento multidimensional, multirreferencial, articulan-
como uma construção coletiva e Integração do razão, emoção e atitude transformadora”
das habilidades e competências curriculares à (SUANNO, 2013, p. 07).
resolução de problemas (BRASIL, 2018).
A abordagem transdisciplinar permite que os
Nesse sentido, os temas estão diretamente temas sejam trabalhados nos diferentes com-
aliados ao princípio da transversalidade, e são ponentes, contextualizados com diversas habi-
pautados em metodologias modificadoras da lidades e relacionados às competências gerais
prática pedagógica, que ressaltam a necessi- da BNCC; com vistas a desenvolver atitudes,
dade de se instituir, na prática educativa, uma valores e gerar a interdisciplinaridade. Segue
analogia entre aprender conhecimentos teori- algumas possibilidades de articulação dos te-
camente sistematizados e as questões da vida mas com as competências gerais da BNCC:
real. Nessa abordagem, a gestão do conhe-
cimento parte do pressuposto de que os su-   1. DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLES-
jeitos são agentes da arte de problematizar e CENTE: pode ser articulado com as com-
interrogar, e buscam procedimentos interdisci- petências 2 – pensamento científico, crítico
plinares capazes de acender a chama do diálo- e criativo, e 10 – responsabilidade e cidada-
go entre diferentes sujeitos, ciências, saberes nia. Nesta, pode-se trabalhar com direitos
e temas (BRASIL, 2013).Nesse aspecto, a pro- e noção do eu, o outro e o nós, para des-
posta de trabalhar os temas contemporâneos pertar a corresponsabilidade social.
transversais de forma intra, inter ou transdis-
ciplinar, além de buscar o desenvolvimento   2. EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO: articula
de um trabalho pedagógico que considera a as competências 9 – empatia e coopera-

76 Novo Ensino Médio – Caderno 1


ção; e10 – responsabilidade e cidadania; senvolver valores acerca das manifestações
com vistas a desenvolver uma cultura mais artísticas de diferentes povos. Relaciona
harmônica no trânsito, bem como o respei- ainda as competências 7 – argumentação
to aos espaços de transitividade do outro. –, visando despertar nos estudantes pos-
turas de defesa contra as injustiças de to-
  3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: articula as com- das as ordens; competências 9 e 10, que
petências 2, 7 e 10. Nesse sentido, deve capacita os estudantes a não discriminar e
considerar o espaço de experiência cientí- exercer práticas de cidadania.
fica local para desenvolver práticas de re-
ciclagem, discutir o consumo responsável,   8. SAÚDE: envolve a competência 8 – auto-
baseado na sustentabilidade, de forma a conhecimento e autocuidado – leva os es-
desenvolver habilidades e argumentos que tudantes a pensar no bem estar, aprender
convença os outros e de se tornarem agen- a se preservar, evitar situações de riscos;
tes de promoção do meio ambiente. cuidado e preservação do corpo. Aborda a
educação sexual, saúde reprodutiva, dro-
  4. EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIO- gas e psicoativos, a saúde emocional, lidar
NAL: articula-se com a competência 8 – com as mudanças físicas e estímulos de
autoconhecimento e autocuidado. Neste sexo.
tema, pode-se educar o estudante para
um consumo saudável e responsável.   9. VIDA FAMILIAR E SOCIAL: relaciona-se
com as competências 4: comunicação –
  5. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO, educar para cidadania, no âmbito familiar,
RESPEITO E VALORIZAÇÃO DO IDOSO: comunitário. Desenvolve as habilidades de
envolve as competências 9 – Empatia e escutar, falar, discutir as possibilidades de
cooperação – e 10, com objetivo de levar harmonizar as relações familiares. Além
os estudantes a se reconhecer na diferen- das competências 9 e 10.
ça, desenvolver valores de respeito e exer-
citar a empatia. 10. EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO E EDU-
CAÇÃO FINANCEIRA E FISCAL: articula
  6. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: as competências 2 e 10. Trabalha a ques-
tema relevante na contemporaneidade que tão ambiental, os modelos econômicos
articula as competências 7, 9 e 10. Pode-se que focam no ter ao invés do ser; com
trabalhar a noção de diversidade, preparar organização de orçamento pessoal e fami-
o estudante para lidar com o mundo diver- liar. Direciona os estudantes a entender o
so, a conviver com o diferente, desenvol- impacto do consumo no mundo, ter critici-
ver habilidades para evitar e se defender dade diante da cultura do consumo e res-
de atitudes discriminatórias. Sobretudo, ponsabilidade cidadã.
educar no espaço da coletividade. Tudo
isso visando uma formação cidadã. TRABALHO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA:
11. 
tema relevante no mundo contemporâ-
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-
 7.  neo que envolve as competências 2, 5 –
-RACIAIS E ENSINO DE HISTÓRIA E CUL- Cultura digital. Esta leva os estudantes a
TURA AFRO-BRSILEIRA, AFRICANA E entenderem a usar tecnologia com ética
INDÍGENA E DIVERSIDADE CULTURAL: e responsabilidades, e a refletirem sobre
articula as competências 3 – Repertório cul- os impactos das tecnologias nas relações
tural – permite discutir a as identidades cul- pessoais, profissionais, políticas e econô-
turais diversas do povo brasileiro, trabalhar micas. Articula-se com a competência 6 –
as culturas sem estereótipos buscando de- Trabalho e Projeto de vida. O que permite

Currículo do Piauí 2021 77


abordar a educação profissional não este- compreensão da comunidade escolar sobre o
reotipada e discutir a dimensão humana do “novo” previsto pela reforma do Ensino Médio
trabalho, visando ressignificar as noções e, ainda, “escutar” seus anseios, a fim de se
de trabalho, as implicações das transfor- construir uma proposta que estivesse em con-
mações econômicas, pensar sobre o que formidade com os interesses demonstrados.
estimula os estudantes no campo do traba-
lho, quais habilidade necessárias exigidas Destarte essa orientação, a equipe ProBNCC
pelas profissões do presente e direcioná- entendeu que a obtenção desse diagnóstico
-los a realizar o projeto de vida. exigiria um esforço de uma equipe que pu-
desse atuar para além do processo de escrita.
Dessa forma, a abordagem dessas temáticas Então, seguiu-se o caminho inverso: a partir
propositivas e transformadoras considera a im- de estudo aprofundado das orientações cons-
portância de conectar os estudantes em suas tantes dos diversos manuais de orientação
realidades e contextualizá-los socialmente. As- já citados em momento anterior, iniciou-se o
sim, no Ensino Médio, os estudantes darão se- projeto da escrita, com base em informações
quência ao aprendizado desenvolvido na etapa existentes nos arquivos da SEDUC. Entretan-
do Ensino Fundamental, com a garantia da to, reconheceu-se que os dados não atendiam,
progressão das aprendizagens. Para tanto, o pela insuficiência de informações, aos anseios
currículo precisa considerar os diferentes con- dos redatores e nem, ao menos, davam um
textos e, também, os anseios das juventudes, direcionamento para a escrita.
a fim de se garantir uma educação integral.
Assim, definiu-se inicialmente um recorte de 3
Neste sentido, o tópico seguinte trará informa- (três) escolas por Gerência Regional, como pi-
ções relativas ao resulto de uma escuta rea- loto para o envio de um questionário a estudan-
lizada, em caráter amostral, com professores tes e professores, cujas respostas norteassem
e estudantes do Ensino Médio, distribuídos a construção do currículo, haja vista que todas
em escolas pertencentes às vinte e uma Ge- as questões eram voltadas para as mudanças
rências Regionais de Educação do Estado. Tal previstas para o Ensino Médio. A definição do
escuta foi necessária não somente como cum- quantitativo de escolas se deu considerando
primento de protocolo exigido para a escrita, diferentes modalidades dentro as vinte e uma
mas, sobretudo, como necessidade de se co- Gerências Regionais de Educação (GREs). No
nhecer um pouco do que as escolas já conhe- entanto, no decorrer do processo o questioná-
ciam acerca das mudanças. rio foi compartilhado por um número maior de
escolas, do qual se obteve retorno da maioria
e de algumas não. De modo que obtivemos
4.2 Expectativas dos sujeitos do respostas de escolas situadas em 24 (vinte e
Ensino Médio quatro) municípios.

De acordo com as orientações nacionais para A ideia de se aplicar o questionário com o públi-
a (re)construção dos currículos, uma das pre- co das escolas selecionadas tinha por finalida-
missas para êxito no processo seria a obtenção de observar se havia coerência das respostas
de um diagnóstico da Rede, que permitisse a dadas por estudantes e professores com o
construção de uma proposta coerente com a desenho da arquitetura curricular que a equipe
perspectiva das escolas, considerando todas estava propondo para o currículo. Para grata
as potencialidades e os contextos diversos e surpresa, as respostas elencadas estavam em
adversos. Além da obtenção de dados con- perfeita sintonia com o tom da escrita e o que
cretos, a equipe responsável pela (re)elabora- já se havia desenhado inicialmente e isso pro-
ção do currículo deveria conhecer o nível de porcionou uma certa segurança na escrita.

78 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Ao se pensar o quantitativo de escolas para as tadas às 21 Gerências Regionais de Educação,
quais seriam enviados os questionários, não por meio de um seminário regional, realizado
se fez o levantamento de quantas respostas em novembro de 2019, na modalidade pre-
seriam obtidas. Ressalta-se que, ao final do sencial (a equipe ProBNCC foi distribuída em
período de escuta, obteve-se o quantitativo grupos para que todos pudessem participar da
de 935 respostas de professores e 4.480 de atividade). A ideia era contextualizar os partici-
estudantes. Esse número ainda é pequeno, pantes das mudanças previstas para o Ensino
considerando a quantidade de escolas de En- Médio e apresentar o status em que se encon-
sino Médio da Rede. Mas constitui um corpus trava a escrita do documento curricular7, bem
significativo para a pesquisa que se pretendia. como compartilhar a devolutiva do questionário.

Quanto ao perfil dos respondentes, os profes- De acordo com as respostas, foi possível per-
sores têm idade entre 27 e 40 anos; residentes, ceber que alunos e professores demonstraram
em sua maioria, no mesmo município onde tra- conhecimento quanto ao processo de flexibili-
balham (91,1%); mais da metade possui curso zação curricular, possível a partir dos itinerários
superior com especialização (64,1%); a maior formativos e isso deu um suporte à equipe de
quantidade de respostas foi de professores redatores para a escrita das trilhas de aprendi-
de Língua Portuguesa (17%). Não foi possível zagem e a proposta de eletivas. Vale ressaltar
identificar o gênero dos professores porque o que o questionário foi aplicado com estudantes
questionário não contemplava essa opção. do Ensino Médio – um público que demonstra
um pouco mais de maturidade em relação às
Já os estudantes, 73,1% moram e estudam na
questões relacionadas à Educação Básica.
zona urbana e 92,1% declararam estudar no
mesmo município onde residem; 38,9% estão
Foram apresentadas seis mudanças previstas
cursando a 1a série; 30,9% na 2a e 30,1% na
para o Ensino Médio, dentre as quais destaca-
3a. Em sua maioria, estudam na modalidade
mos: possibilidade de escolha dos estudantes;
regular de ensino. Tal qual o questionário dos
adequação da carga horária; formação profissio-
professores, não se obteve informação acerca
nal no ensino regular; existência de uma Base
do gênero; também não foi possível identificar
comum. Destas, a que mais foi marcada como
a idade dos estudantes.
conhecida pelos professores foi a possibilidade
Para a realização dessa escuta, optou-se pelo de escolha (70,1%). A que foi apontada como
questionário desenvolvido pelo MEC (para as menos conhecida foi referente à carga horária
escolas que aderiram ao projeto de flexibiliza- (39,1% dos professores informaram não ter co-
ção curricular6 ), com alguns ajustes. Não se uti- nhecimento prévio sobre o tema).
lizou os dados obtidos no questionário aplicado
inicialmente com as escolas piloto, por conta da O mesmo questionamento foi apresentado aos
dificuldade de tabulação dos resultados. Assim, estudantes. Eles deviam marcar quais assun-
após adequação das questões ao que se pre- tos já eram de conhecimento deles e, tal qual
tendia obter como resposta, enviou-se o ques- os professores, a possibilidade de fazer esco-
tionário, por meio da plataforma google forms, o lhas foi a que mais obteve resposta (47,1%).
que facilitou em demasia o retorno pretendido. Outro ponto comum foi ao demonstrarem não
compreender a proposta de adequação de car-
De posse dos dados obtidos, foi feita a sistema- ga horária (apenas 16,9% demonstraram ter
tização das respostas e estas foram apresen- conhecimento).

6  O questionário foi aplicado nas escolas que aderiram ao Programa de Apoio Novo Ensino Médio, juntos aos alunos, com vistas
a atender as diretrizes do MEC de que trata o Documento Orientador do referido programa.
7  À espoca do seminário, toda a parte conceitual do DCR já estava pronta, bem como o definição da arquitetura curricular. A
equipe estava se debruçando sobre a Formação Geral Básica, com a intenção de concluir até o final do referido ano.

Currículo do Piauí 2021 79


Ainda sobre as respostas obtidas, alguns pontos Entretanto, apesar da resposta apresentada,
merecem atenção e serão elencados aqui, com um paradoxo chamou atenção. Ao serem ques-
as devidas considerações. Uma das questões tionados sobre quais áreas do conhecimento
que se pretende destacar é: Para você, quais os gostariam de aprofundar (eles poderiam indi-
principais motivos para o aluno cursar o Ensino car até 3), 42,1% dos estudantes escolheram
Médio?8 Como resposta, obteve-se o seguinte a Educação Técnica e Profissional, como se
resultado: 81,5% dos professores responderam percebe na descrição abaixo, e isso permite
que o motivo seria entrar na faculdade. 78,2% uma inferência de que, talvez, os estudantes
dos estudantes também deram a mesma respos- do Ensino Médio não tenham maturidade para
ta, o que leva a crer que um Ensino Médio com fazer escolhas.
foco nos exames nacionais seria mais atrativo.

Quadro 1 – respostas dos estudantes quanto à escolha para aprofundamento

ÁREA PERCENTUAL

Matemática e suas Tecnologias 23,5%

Linguagens e suas Tecnologias 26,9%

Ciências da Natureza e suas Tecnologias 32,7%

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 30,9%

Formação Técnica e Profissional 42,1%

Fonte: elaboração própria, a partir dos dados da escuta com os estudantes.

No entanto, a inferência citada no parágrafo muitos ajustes precisam ser feitos para a im-
anterior é refutada ao se observar o seguinte plantação do currículo.
ponto: indagados sobre se gostariam de fazer
algum tipo de Formação Técnica e Profissional Importante ressaltar que os resultados obtidos
(cursos Técnicos e habilitações profissionais) nas escutas estão conectados com o que a
durante o Ensino Médio, 78,9% responderam equipe de redatores havia pensado como su-
sim. gestão para a organização curricular, embora
o levantamento dos dados tenha ocorrido em
Com base nessas respostas, entende-se que etapa posterior ao desenho inicial da proposta.
os estudantes esperam, de fato, novidades Destaca-se, no entanto, que uma questão não
para o Ensino Médio, mas com uma dinâmi- foi contemplada nessa escuta: a diversidade
ca que os permitam construir seus projetos de de contextos coexistentes (Educação de Jo-
forma a atender às expectativas em relação a vens e Adultos, Educação Indígena, Educação
estudos e trabalho, mas sem perder de vista Quilombola, Educação do Campo, Educação
seus sonhos. Por isso, ao se construir propos- Especial etc.), por entendimento de que o cur-
tas de itinerários, a equipe levou em conside- rículo é geral para todas as modalidades, dife-
ração todas as necessidades que precisavam renciando pela forma de oferta e metodologias
ser consideradas, embora haja ciência de que utilizadas.

8  É possível conhecer todo o questionário em arquivo anexo a este documento curricular.

80 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Quanto ao aspecto da oferta, os professores proposta curricular apresentada. Ainda que
foram questionados sobre quais itinerários a haja manifestações contrárias ao estabelecido
escola de atuação deles teria condições de em Normativos e Resoluções Nacionais.
ofertar. As áreas de Linguagens e Matemática
obtiveram, respectivamente, 63,6% e 52,2% Quanto à necessidade de obtenção de um
das respostas; já as áreas de Ciências (tanto diagnóstico, a Rede já iniciou um estudo que
Humanas quanto Natureza) obtiveram percen- permita uma visão ampla de todo o contexto
tual bem menor em relação às duas citadas, educacional e, por meio dele, seja possível
ficando as duas com resposta igual (39,7%). elencar não só as possibilidades de ajustes na
arquitetura curricular, como também permita
Sobre essa percepção dos professores, é vá- a efetivação de um plano de implementação.
lido observar que talvez o desconhecimento Destaca-se que, no âmbito da Educação Pro-
da proposta curricular tenha contribuído para fissional, já existe o desenho das potencia-
obtenção do resultado. O mesmo se aplica ao lidades da Rede, conforme detalhado neste
Itinerário de Formação Técnica e Profissional: documento curricular em tópico referente ao
apenas 35,8% apontaram possibilidade de Histórico do Ensino Médio no Piauí.
oferta. Outro ponto de atenção é que as res-
postas dadas por professores talvez sejam di- Sobre esse ponto, paralelo ao processo de es-
ferentes das que dariam os gestores escolares. crita curricular (e posterior a ele), busca-se co-
nhecer a realidade da Rede Estadual quanto ao
A partir das respostas, percebeu-se também quantitativo de escolas por Regional (conside-
que estudantes e professores apresentaram rando as diferentes modalidades); professores
pontos de vista parecidos em relação a alguns e alunos por escolas; infraestrutura; alimenta-
tópicos, dentre eles, a sugestão de qual pro- ção; transporte escolar etc. Além disso, a Se-
fissional deveria ser o responsável pela con- duc inicia um plano de ação transversal com
dução do componente Projeto de Vida: 53,8% vistas ao cumprimento de todas as etapas do
dos estudantes responderam “um profissional processo de implementação do currículo para
especializado”; 52% dos professores tam- o Novo Ensino Médio.
bém optaram por essa resposta. É possível
que, sendo este um componente obrigatório Destaca-se que, em tópicos seguintes, apre-
somente nas escolas de Tempo Integral, pro- senta-se o desenho de todas as especifici-
fessores e estudantes ainda não tenham uma dades acerca do DCR do Piauí, iniciando pela
opinião formada sobre o tema, por não terem modelo de organização curricular adotado pela
vivenciado em sua prática cotidiana. Rede, após validação do Comitê de Governan-
ça9, e que foi apresentado a todas as GREs,
Há outras questões que não foram analisadas em Seminário Regional.
neste tópico, por conta do recorte e da análise
que se pretendia. Mas, de antemão, é possí-
vel afirmar que, embora não tenha havido uma 4.2 Modelo de organização curricular
conversa prévia com estudantes e professo-
res acerca do Novo ensino Médio, algumas Este documento curricular apresenta uma dis-
escolas já haviam iniciado esse diálogo, ainda tribuição de carga horária, em atendimento ao
que de forma tímida. E, quando da realização que determina a Lei 13.415/2017, a saber: até
do Seminário Regional (mencionado anterior- 1.800 horas para Formação Geral Básica, ali-
mente), muitos estudantes e professores ma- nhada à BNCC, comum a todos os estudantes;
nifestaram total interesse e empolgação pela e, no mínimo, 1.200 horas para os Itinerá-

9  Instituído pela Portaria PORTARIA SEDUC-PI/GSE No 442/2020, de 19 de junho de 2020.

Currículo do Piauí 2021 81


rios Formativos, conforme seus interesses e tou-se por uma proposta que não constitua
condições das redes e instituições de ensino. uma mudança brusca no desenho existente.
Ressalta-se que cada Estado tem a liberdade Assim, o modelo de organização curricular de-
de definir como fará a distribuição das horas finido pela Rede Estadual de Ensino segue a
nas três séries e, no âmbito da rede pública seguinte distribuição, conforme detalhamento
estadual de ensino do território piauiense, op- a seguir:

Quadro 2 – Distribuição da carga horária total para o Novo Ensino Médio

SÉRIE ANUAL
COMPOSIÇÃO
1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE

Formação Geral Básica 800 h 600 h 400 h

Itinerários formativos 200 h 400 h 600 h

Projeto de vida 80 h 40 h 40 h

Eletivas orientadas 120 h 80 h 120 h

Trilhas de Aprendizagem Não se aplica 280 h 440 h

Fonte: Equipe ProBNCC EM/PI

É válido salientar que o modelo aqui sugerido nerários formativos. Há uma parte comum a
considera componentes eletivos na primeira todos os estudantes, que são as 1.800 horas
série, com o propósito de ajudar os estudan- da FGB, assim distribuídas entre as áreas do
tes a fazerem suas escolhas, de acordo com conhecimento:
o que definirem no projeto de vida. Assim, na
1a série, o Projeto de Vida e os Componentes I – Linguagens e suas tecnologias;
Eletivos têm caráter de orientar os estudantes,
ao tempo em que aprendem numa dinâmica II – Matemática e suas tecnologias;
de autoconhecimento para, então, desenvol-
verem assertividade nas escolhas para suas III – Ciências da Natureza e suas tecnologias;
vidas, dentro e fora da escola. Esses compo-
nentes também se aplicam nas duas séries IV – Ciências Humanas e sociais aplicadas.
seguintes (2a e 3a ), mas a partir da 2a série,
os Componentes Eletivos terão intencionalida- Ressalta-se que a equipe ProBNCC teve o cui-
de pedagógica, mais voltados para o aprofun- dado em distribuir a carga horária das áreas
damento e ampliação das competências das do conhecimento por todos os componentes
áreas do conhecimento da Formação Geral curriculares em cada série, com o intuito de
Básica – FGB e/ou Formação para o mundo do facilitar o trabalho da gestão escolar. Quanto
Trabalho, vinculadas ou não ao Itinerário For- a esse ponto, é preciso compreender que a
mativo, conforme seja o formato de oferta em Lei no 13.415/2017, regulamentada pela Reso-
Orientadas (obrigatórias) ou Optativas. lução No 3/2018-DCNEM, e com observância
à Resolução no 124/2020-CEE-PI, que estabe-
Importante destacar que o caráter de flexibi- lecem a oferta de algumas disciplinas como
lidade do currículo está contemplado nos iti- componentes curriculares e, outras, como es-

82 Novo Ensino Médio – Caderno 1


tudos e práticas, de modo que alguns deles distribuição dos componentes curriculares e
sejam contemplados nas três séries. respectivas cargas horárias ao longo das três
séries do Ensino Médio, terá detalhamento em
Assim, segundo a definição da Rede estadual capítulo específico deste documento referente
em alinhamento com os ditames legais, a à Formação Geral Básica (FGB), conforme o
matriz da composição curricular constando a quadro síntese a seguir.

Quadro 3 – Distribuição de carga horária anual por área do conhecimento

Distribuição de CH FGB por área do conhecimento

Área do Conhecimento 1a 2a 3a Total

LINGUAGENS 200 240 120 560

MATEMÁTICA 120 80 80 280

HUMANAS 240 160 80 480

NATUREZA 240 120 120 480


Fonte: elaboração própria, equipe ProBNCC (2020).

Quadro 4 – Distribuição de carga horária anual da FGB por componente curricular

Distribuição Carga Horária FGB por Série

Componente 1a 2a 3a

Língua Portuguesa 120 120 80

Língua Inglesa 40 40

Língua Espanhola 40

Arte 40

Ed Física 40 40

Matemática 120 80 80

Química 80 40 40

Física 80 40 40

Biologia 80 40 40

História 80 40 40

Geografia 80 40 40

Filosofia 40 40

Sociologia 40 40

Total 800 600 400

Fonte: elaboração própria, equipe ProBNCC (2020).

Currículo do Piauí 2021 83


Quadro 5 – Distribuição de carga horária semanal da FGB por componente curricular

Carga Horária FGB Semanal

Componente 1a 2a 3a Total

Língua Portuguesa 3 3 2 8

Língua Inglesa 1 1 0 2

Língua Espanhola 0 1 0 1

Arte 0 0 1 1

Ed Física 1 1 0 2

Matemática 3 2 2 7

Química 2 1 1 4

Física 2 1 1 4

Biologia 2 1 1 4

História 2 1 1 4

Geografia 2 1 1 4

Filosofia 1 1 0 2

Sociologia 1 1 0 2

Total 20 15 10

Fonte: elaboração própria, equipe ProBNCC (2020).

Ressalta-se que a Rede optou por reorganizar No que se refere a um modelo de eletivida-
o currículo em uma estrutura que contemple de, defende-se que seja adotado um modelo
ao máximo as áreas do conhecimento. Prova que considere as especificidades da Rede e,
disso, é o cumprimento à Lei Estadual No 5.253 por essa razão, seja flexível. Entretanto, inicial-
de 15 de julho de 2002, que orienta o ensino mente, a Rede oferecerá um cardápio para que
de Sociologia e Filosofia nas três séries do En- as escolas façam suas escolhas e adotem um
sino Médio, como estudos e práticas. Em vista modelo que melhor se ajuste a sua estrutura
desse cumprimento, a SEDUC entende que os (física, logística, organizacional e operacional).
estudos e práticas de Sociologia e de Filosofia
devem perpassar todo o currículo e, por isso, A parte de Itinerários Formativos do documen-
eles estão contemplados, quer em forma de to curricular atende ao que preconiza a Lei
componente curricular, quer como estudos e 13.415/2017 e contempla a seguinte distribui-
práticas, presentes nos itinerários formativos ção:
da área de Ciências Humanas e sociais aplica-
das, bem como nos itinerários integrados des- I – Linguagens e suas tecnologias;
sa área e das demais áreas de conhecimento
que integram com ela. Conforme detalhado na II – Matemática e suas tecnologias;
área de Ciências Humanas, em capítulo poste-
rior deste documento. III – Ciências da Natureza e suas tecnologias;

84 Novo Ensino Médio – Caderno 1


IV – Ciências Humanas e sociais aplicadas; da oferta de Educação à Distância (EaD). Assim,
considerando a carga horária total, as atividades
V – Formação Técnica e Profissional (LDB, à distância no Ensino Médio diurno podem con-
Art. 36). templar até 20% (vinte por cento), podendo
chegar até 30% (trinta por cento) no Ensino Mé-
As formas diversificadas de itinerários formati- dio noturno e, até 80% (oitenta por cento) na
vos serão organizadas e articuladas com as di- modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
mensões do trabalho, da ciência, da tecnologia
e da cultura, definidas pela proposta político Vale ressaltar que, conforme as DCNEM/2018,
pedagógica de cada escola, considerando as a implementação do quantum dessa carga ho-
diretrizes e os documentos pedagógicos e que rária por EaD constitui opção dos sistemas,
definem e orientam a flexibilização curricular, redes e instituições de ensino, conforme
observando as necessidades, anseios e aspi- suas especificidades (demandas dos estu-
rações dos estudantes, a realidade da escola, dantes, contexto local e regional, infraestrutura,
as possibilidades estruturais e de recursos das recursos disponíveis, etc.). Além disso, as ativi-
instituições ou redes de ensino. dades realizadas a distância podem incidir tanto
na formação geral básica quanto, preferencial-
É importante destacar que, para o início de im- mente, nos itinerários formativos do currículo,
plementação do currículo, no que concerne às contanto que haja suporte tecnológico (di-
áreas do Conhecimento, foram construídas8 gital ou não) e pedagógico apropriado.
(oito) propostas de Itinerários Formativos, sen-
do 2 (dois) para cada área do conhecimento: E o que são essas atividades? Segundo as
1 (um) itinerário específico da área do conhe- supracitadas Diretrizes, trata-se de variadas
cimento; 1 (um) itinerário integrado (com uma situações pedagógicas, com carga horária
ou mais áreas do conhecimento). específica, podendo ser computadas como
certificações complementares e constar do
Quanto ao Itinerário da Formação Técnica e histórico escolar do estudante, tais como: au-
Profissional, para a oferta com terminalidade las, cursos, oficinas, games, vídeos, atividades
específica e os Programa de Aprendizagem/ supervisionadas, estágios, pesquisa de cam-
Estágio/Ambiente de Simulação, foi construída po, iniciação científica, aprendizagem profis-
uma proposta que atende tanto à habilitação sional, participação em trabalhos voluntários,
técnica de nível médio quanto à qualificação dentre outras atividades orientadas pelos do-
profissional ou formação inicial e continuada. centes, inclusive, mediante regime de parceria
com outras instituições credenciadas (DC-
Ressalta-se que o detalhamento de todas as NEM, 2018)
questões referentes ao modelo de arquitetura
escolhido está incluso em capítulos posterio- Consoante às normativas, embora haja possi-
res que tratam, especificamente, da Formação bilidade de oferta da EAD tanto na Formação
Geral Básica e dos Itinerários Formativos, com Geral Básica quanto nos Itinerários Formati-
o desenvolvimento da proposta referente ao vos, recomenda-se que se dê preferência no
modelo de eletividade adotado pela Rede para âmbito dos Itinerários Formativos, seguindo
a etapa do Ensino Médio. as orientações constantes nos Referenciais
Curriculares para Elaboração de Itinerários
Adianta-se que, no que se refere à distribuição Formativos – MEC/SEB/2018, haja vista que
da carga horária total de 3.000 horas, prevista constituem a parte mais flexível do currícu-
para o Ensino Médio, a Resolução 3/2018-MEC/ lo que permite aos estudantes fazerem suas
CNE/CEB–DCNEM/2018 (Art. 17, parágrafos escolhas de ampliação e aprofundamento de
5o; 9o; 15) e Resolução 124/2020-CEE-PI (Art. aprendizagens nas áreas do conhecimento e/
24 e respectivos parágrafos) preveem a opção ou na formação técnica e profissional.

Currículo do Piauí 2021 85


Neste sentido, vislumbrando a qualidade do EJA, preferencialmente para formação e/ou
processo de ensino aprendizagem na imple- qualificação técnica e profissional.
mentação da oferta de EaD, sem incorrer em
segregação de conhecimentos ou exclusão so- Vale esclarecer que a proposta aqui apre-
cial, propõe-se a aplicação de estratégias me- sentada traz uma organização curricular com
todológicas, preferencialmente baseadas em distribuição de carga horária e modelo de eleti-
projetos, com utilização de recursos tecnológi- vidade para o Ensino Médio Regular em regime
cos eficazes e eficientes, levando em conta os de Tempo Parcial como referência para o cur-
resultados de aprendizagem que se pretende rículo do Piauí. As especificidades de matrizes
alcançar, os interesses, a interatividade, as difi- curriculares (inclusive constando a distribuição
culdades, as necessidades, o protagonismo e da carga horária das áreas do conhecimento
o projeto de vida de cada estudante. e seus respectivos componentes curriculares)
para todas as formas, regimes e modalidades
Assim, compreende-se que o êxito na oferta de de oferta serão construídas em documentos
EaD demanda investimentos em infraestrutura, próprios das redes de ensino.
suporte tecnológico e pedagógico. Somado a
isto, é preponderante a formação continuada Mesmo constando em documentos orientado-
de professores e a devida orientação e estímu- res da Rede, construídos para fins de imple-
los aos estudantes quanto à adoção de postura mentação e regramentos internos, destaca-se
ativa e interativa, autodisciplina, autodidatismo, que a proposta trará uma matriz única para a
autonomia intelectual, responsabilidade e pro- Formação Geral Básica, comum a todos os
tagonismo que a modalidade EaD requer. estudantes do Ensino Médio, e uma matriz
flexível para a parte de Itinerários Formativos,
Levando-se em consideração a escolha as- construída a partir das especificidades de cada
sertiva e o uso adequado dos recursos tec- forma, regime e modalidade de oferta. E, sob
nológicos, articulados com o projeto político essa perspectiva, entende-se que a definição
pedagógico da escola, entende-se que as fer- das matrizes curriculares requer um trabalho
ramentas multimídias são fortes aliadas para coletivo que envolva todos os segmentos da
o êxito da prática educativa e, consequente- Secretaria e que, por essa razão, não constitui
mente, da ampliação e aprofundamento das item obrigatório deste documento curricular,
aprendizagens dos estudantes, permitindo- mas um item complementar que será elabora-
-lhes inúmeras possibilidades de usabilidade do em normativo específico pela Rede.
e variadas criações na construção do saber.
Logo, esses recursos tecnológicos permitem Ainda assim é possível apresentar um esbo-
aos professores a incorporação de inovações ço do que está sendo construído em termo de
metodológicas com resultados eficazes, ten- matriz, com parâmetro no ensino médio regu-
dentes à concretização da interdisciplinarida- lar, em capítulos destinados tanto à Formação
de, transversalidade, criatividade, imersão e Geral Básica como aos Itinerários Formativos.
interatividade na construção autônoma do co-
nhecimento pelas perspectivas real e virtual. É importante frisar que, com base no concei-
to de flexibilização abordado neste referencial
Outro ponto que merece destaque neste tó- curricular, as escolhas dos estudantes devem
pico é que a Rede ou os sistemas de ensino permitir, também, uma mobilidade entre esco-
precisam definir qual o olhar lançado para o En- las, territórios e/ou sistemas de ensino. Neste
sino Médio noturno e, nesse viés, a Rede Esta- sentido, é preciso haver garantia de aprendiza-
dual tem o entendimento de que, no processo gem e de aproveitamento de estudo, confor-
de implementação, dará prioridade à oferta do me normativos vigentes (definidos pela Rede
Ensino Médio diurno para a forma regular (re- e/ou pelo CEE-PI). E isso exige das redes de
gime de tempo parcial e integral) e o Ensino ensino uma restruturação de seus documen-
Médio noturno será destinado à modalidade tos normativos.

86 Novo Ensino Médio – Caderno 1


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92 Novo Ensino Médio – Caderno 1


SEÇÃO II
FORMAÇÃO GERAL BÁSICA:
Áreas de Conhecimento

Currículo do Piauí 2021 93


Formação Geral Básica, Alinhada à BNCC

Por Formação Geral Básica (FGB), entende-se ponsáveis pela implementação deste currículo.
a parte do currículo que é comum a todos os
estudantes e atende ao que orienta a BNCC Destaca-se que a Resolução no 03/20181, em
(BRASIL, 2018). Neste sentido, contempla seu Art. 7o, ao propor que os currículos sejam
todas as áreas do conhecimento, e tem uma pensados de forma a articular “vivências e sa-
carga horária mais rígida (podendo ser, no má- beres dos estudantes e contribuindo para o de-
ximo, 1.800h para as três séries do Ensino Mé- senvolvimento de suas identidades e condições
dio), mas com a flexibilidade de cada Estado cognitivas e socioemocionais”, orienta que:
poder escolher a distribuição que melhor se
ajuste a seu contexto. § 1o Atendidos todos os direitos e objetivos de
aprendizagem instituídos na Base Nacional Co-
Conforme modelo apresentado em tópico an- mum Curricular (BNCC), as instituições e redes
terior, o Piauí optou por distribuir a carga ho- de ensino podem adotar formas de organização
rária da FGB de forma decrescente (800h / 1a e propostas de progressão que julgarem per-
série; 600h / 2a série e 400h / 3a série). Essa tinentes ao seu contexto, no exercício de sua
proposta se justifica pela possibilidade de autonomia, na construção de suas propostas
adaptação dos estudantes ao novo, de forma curriculares e de suas identidades.
gradual. Inicia-se com o tempo maior para a
parte comum, a fim de que o aprofundamen- Sob essa perspectiva, o currículo que ora apre-
to possa acontecer de forma mais intensa nas sentamos tem como foco o protagonismo es-
duas séries seguintes (vide proposta dos itine- tudantil, compreendendo que esta é a “espinha
rários formativos em capítulo posterior). dorsal” do Novo Ensino Médio2, pois ao se tor-
narem protagonistas, os estudantes se tornam
Dada a distribuição de carga horária por ano, é responsáveis por suas escolhas, e pela toma-
preciso considerar também a organização das da de decisões sobre sua vida, a partir de um
áreas do conhecimento de forma a proporcionar projeto de vida elaborado no início do ensino
a integração entre os componentes – razão pela médio. Com base nessa premissa, destacada
qual se optou por detalhar os componentes no em documento orientador para a implementa-
quadro de habilidades de cada área – a fim de ção do Novo ensino Médio3, é que as Redes
permitir que o espaço destinado a cada compo- e/ou os sistemas de ensino são orientados a
nente seja bem compreendido por todos os res- repensarem seus currículos de forma a garan-

1  Disponível em https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/51281622. Acesso em 22/10/2020.


2  Nos manuais de orientação sobre o Novo Ensino Médio, a espinha dorsal é o protagonismo juvenil. Entretanto, por razões já
elencadas em documento introdutório deste currículo, utilizamos a expressão protagonismo estudantil, com vistas a atender a
todos os sujeitos da referida etapa.
3  Cf. Guia de Implementação do Novo Ensino Médio (MEC/Consed, 2019). Disponível em http://novoensinomedio.mec.gov.br/
resources/downloads/pdf/Guia.pdf.

Instituto Unibanco | Currículo do Piauí 2021 95


tir as aprendizagens previstas para essa etapa – FORMAÇÃO GERAL BÁSICA: conjunto de
da educação básica. Nesse contexto, os currí- competências e habilidades das áreas de co-
culos devem promover o desenvolvimento das nhecimento previstas na Base Nacional Comum
competências gerais e específicas da BNCC. Curricular (BNCC), que aprofundam e consoli-
dam as aprendizagens essenciais do ensino fun-
Neste capítulo, apresenta-se o detalhamento damental, a compreensão de problemas com-
do modelo adotado pela rede estadual para plexos e a reflexão sobre soluções para eles;
a parte comum do currículo, destacando-se,
– APRENDIZAGENS ESSENCIAIS: são defini-
conforme Resolução 03/2018, que, na forma-
das como conhecimentos, habilidades, atitudes,
ção geral básica (FGB), competências e habili-
valores e a capacidade de os mobilizar, articular
dades devem estar articuladas como um todo
e integrar, expressando-se em competências.
indissociável.
As aprendizagens essenciais compõem o pro-
cesso formativo de todos os educandos, como
Art. 11. A formação geral básica é composta por
direito de pleno desenvolvimento da pessoa,
competências e habilidades previstas na Base
seu preparo para o exercício da cidadania e qua-
Nacional Comum Curricular (BNCC) e articula-
lificação para o trabalho.
das como um todo indissociável, enriquecidas
pelo contexto histórico, econômico, social, am- – UNIDADES CURRICULARES: elementos
biental, cultural local, do mundo do trabalho e da com carga horária pré-definida, formadas pelo
prática social, e deverá ser organizada por áreas conjunto de estratégias, cujo objetivo é desen-
de conhecimento: volver competências específicas, podendo ser
    I – linguagens e suas tecnologias; organizadas em áreas de conhecimento, disci-
    II – matemática e suas tecnologias; plinas, módulos, projetos, entre outras formas
   III – ciências da natureza e suas tecnologias; de oferta;
   IV – ciências humanas e sociais aplicadas.
– ARRANJO CURRICULAR: seleção de compe-
Contudo, para maior clareza e compreensão, tências que promovam o aprofundamento das
ficam definidos alguns termos neste Docu- aprendizagens essenciais demandadas pela na-
mento Curricular de Referência (DCR) com tureza do respectivo itinerário formativo;
base nas normativas legais que norteiam o
– DIVERSIFICAÇÃO: articulação dos saberes
currículo do ensino médio (Lei no 9.394/96;
com o contexto histórico, econômico, social,
Lei no 13.005/2014(PNE); Lei no 13.415/2017;
ambiental, cultural local e do mundo do trabalho,
Resolução MEC-CNE-CEB No 3/2018 (DC-
contextualizando os conteúdos a cada situação,
NEM); Resolução MEC-CNE-CP No 4/2018
escola, município, estado, cultura, valores, arti-
(BNCC-EM); Resolução CEE/PI no 124/2020;
culando as dimensões do trabalho, da ciência,
Resolução CNE/CP no 1/2021 e Portaria MEC
da tecnologia e da cultura;
no 1.432/2018 MEC), assim como nos diver-
sos documentos pedagógicos orientadores, – COMPETÊNCIAS: mobilização de conheci-
mas com destaque para as definições do Art. mentos, habilidades, atitudes e valores, para re-
6o das DCNEM: solver demandas complexas da vida cotidiana,
do pleno exercício da cidadania e do mundo do
– FORMAÇÃO INTEGRAL: é o desenvolvimen- trabalho. Para os efeitos da Resolução 3/2018
to intencional dos aspectos físicos, cognitivos e (DCNEM), com fundamento no caput do art.
socioemocionais do estudante por meio de pro- 35-A e no § 1o do art. 36 da LDB, a expressão
cessos educativos significativos que promovam “competências e habilidades” deve ser conside-
a autonomia, o comportamento cidadão e o pro- rada como equivalente à expressão “direitos e
tagonismo na construção de seu projeto de vida; objetivos de aprendizagem” presente na Lei do

96 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Plano Nacional de Educação (Lei no 13.005/2014/ com desenvolvimento do pensamento cientí-
PNE); fico, criativo, crítico e reflexivo, comunicação,
autonomia, empatia, dentre outras habilidades,
– HABILIDADES: conhecimentos em ação, com atitudes e valores imprescindíveis para o mun-
significado para a vida, expressas em práticas do contemporâneo.
cognitivas, profissionais e socioemocionais, ati-
tudes e valores continuamente mobilizados, ar- Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as
ticulados e integrados; decisões pedagógicas devem estar orientadas
para o desenvolvimento de competências. Por
Objetos do conhecimento são os conteú- meio da indicação clara do que os alunos de-
dos, os assuntos abordados ao longo de cada vem “saber” (considerando a constituição de
componente ou unidade curricular, isto é, aqui- conhecimentos, habilidades, atitudes e valores)
lo que será o meio para o desenvolvimento das e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (con-
competências e habilidades; siderando a mobilização desses conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores para resolver de-
Objetivos de aprendizagem são as descri- mandas complexas da vida cotidiana, do pleno
ções concisas, claramente articuladas do que exercício da cidadania e do mundo do trabalho),
os estudantes devem saber e compreender, a explicitação das competências oferece refe-
e do que sejam capazes de fazer numa etapa rências para o fortalecimento de ações que as-
específica de sua escolaridade (nesse caso, segurem as aprendizagens essenciais definidas
na etapa do Ensino Médio). São os objetivos na BNCC. (BRASIL, 2018, p.13)
em função dos resultados pretendidos para a
aprendizagem que se pretende que os estu- Assim, a formação integral postula o desen-
dantes alcancem, de acordo com os objetos do volvimento de competências para aprender
conhecimento propostos e mediante o desen- a aprender, saber lidar com a comunicação e
volvimento das competências e habilidades. com a informação cada vez mais disponível,
atuar com discernimento, criticidade, tole-
Na área da educação, para melhor entendi- rância e responsabilidade nos contextos das
mento sobre competência, é importante dis- relações sociais, das culturas digitais, aplicar
secarmos a definição à luz da BNCC, segundo conhecimentos para resolver demandas do
a qual é “a mobilização de conhecimentos cotidiano, ter autonomia para tomar decisões,
(mobilizar conceitos, saberes, experiências, agir com proatividade, resolutividade, interme-
vivências), habilidades (práticas cognitivas diar e solucionar conflitos, conviver e aprender
e socioemocionais), atitudes (conduta, com- com as diferenças e com as diversidades.
portamento, posicionamento) e valores (prin-
cípios, preceitos, concepções, padrões) para Com ênfase, Zabala e Arnau (2014) aduzem
resolver demandas complexas da vida co- que a competência deve detectar o que cada
tidiana, do pleno exercício da cidadania e pessoa precisa para resolver questões cotidia-
do mundo do trabalho”. Portanto, trata-se nas ao longo da vida:
de “maneiras diferentes e intercambiáveis para
designar algo comum, isto é, aquilo que todos A competência, no âmbito da educação escolar,
os estudantes devem aprender na Educação deve identificar o que qualquer pessoa necessi-
Básica (aprendizagens essenciais), o que in- ta para responder aos problemas aos quais será
clui tanto os saberes quanto a capacidade de exposta ao longo da vida. Portanto, a competên-
mobilizá-los e aplicá-los”. Em outras palavras, cia consistirá na intervenção eficaz nos diferen-
refere-se à capacidade de mobilizar recursos, tes âmbitos da vida, mediante ações nas quais
conhecimentos ou vivências/experiências para se mobilizam, ao mesmo tempo e de maneira
resolver questões/problemas do cotidiano, inter-relacionada, componentes atitudinais, pro-

Currículo do Piauí 2021 97


cedimentais e conceituais (ZABALA e ARNAU, partindo dos conhecimentos gerais para os
2014, p. 12). específicos. Nessa organização, os objetos do
conhecimento são as expressões dos compo-
Neste sentido, um currículo baseado no de- nentes curriculares (e dos estudos e práticas)
senvolvimento de competências é aquele que que, em conjunto, potencializam o desenvol-
reflete a formação em aprendizagens traduzi- vimento das habilidades e competências das
das na capacidade de serem aplicadas em con- áreas do conhecimento.
textos reais, cotidianos. Portanto, a essência
das competências é a sua funcionalidade nas No entanto, é importante enfatizar, que cada
situações reais, ou seja, sua efetiva aplicabi- escola, com base (e a partir) do seu Projeto
lidade (mobilização de conhecimentos) diante Político Pedagógico deverá adotar as estra-
de qualquer situação nova ou conhecida. tégias pedagógicas que mais se adequem à
sua realidade de acordo com sua autonomia e
Quanto às habilidades, estas são os “conhe- realidade, bem como consoante às diretrizes
cimentos em ação, expressas em práticas nacionais e estaduais, como também dos re-
profissionais e socioemocionais, atitudes e va- gramentos da rede de ensino à qual é vincu-
lores continuamente mobilizados, articulados e lada.
integrados”. São os conhecimentos em movi-
mento (saber fazer) necessários para o pleno É importante enfatizar que, enquanto as habili-
desenvolvimento das competências. Todavia, dades da Formação Geral Básica são definidas
o desenvolvimento de competências passa a partir das Competências Gerais e dos obje-
pela articulação de várias habilidades que são tos do conhecimento, nos Itinerários Formati-
organizadas na BNCC de maneira progressiva, vos, os objetos do conhecimento são definidos
ou seja, das mais simples para as mais com- em função das habilidades gerais e específicas
plexas. a serem desenvolvidas no âmbito dos quatro
eixos estruturantes.
De acordo com a Resolução no 3/2018 (DC-
NEM) em seu Art. 17, § 7o, A forma como se organizam as competências,
as habilidades, os objetos de conhecimento e
As áreas do conhecimento podem ser organi- os objetivos de aprendizagem por cada área do
zadas em unidades curriculares, competências conhecimento com seus respectivos compo-
e habilidades, unidades de estudo, módulos, netes curriculares, será detalhada em tópicos
atividades, práticas e projetos contextualizados seguintes deste DCR.
ou diversamente articuladores de saberes, de-
senvolvimento transversal ou transdisciplinar de Ademais, neste mesmo documento, contém
temas ou outras formas de organização. orientação para que não haja prejuízo da inte-
gração e articulação entre as áreas do conhe-
Seguindo essa orientação, a estrutura curricu- cimento. Por essa razão, optamos por uma
lar desenhada na Formação Geral Básica para distribuição de carga horária que fosse equi-
cada área do conhecimento, as competências, valente para cada área, de modo a não haver
as habilidades, os objetos do conhecimento sobreposição de um componente sobre os ou-
e os objetivos de aprendizagem estão organi- tros, nem de uma área sobre as outras.
zados considerando conceitos estruturantes,
temas integrados, situações problemas, situa- A organização por áreas do conhecimento é
ções de aprendizagem, unidades temáticas, uma das possibilidades de articular o currículo
dentre outras estratégias pedagógicas. Tudo de forma interdisciplinar. As áreas do conhe-
numa escala de complexidade e integralidade, cimento favorecem a comunicação entre os
observando a progressão da aprendizagem, conhecimentos e saberes dos diferentes com-

98 Novo Ensino Médio – Caderno 1


ponentes curriculares, mas permitem que os e seus respectivos componentes curriculares,
procedimentos e conceitos próprios de cada como expressão dos direitos de aprendizagem
componente sejam preservados. Contudo, é e desenvolvimento de todos os estudantes
importante lembrar que, para que a integra- piauienses.
ção curricular ocorra de forma fluente para o
aprendizado do aluno, é imprescindível que Por fim, salienta-se que, nos tópicos seguin-
o planejamento seja realizado de forma in- tes, encontram-se as indicações para o aten-
tegrada e que haja contextualização, inter- dimento da garantia do caráter interdisciplinar
disciplinaridade e transdisciplinaridade. e transdisciplinar entre as áreas, bem como
orientações para efetivação da proposta apre-
Outro aspecto que merece atenção neste tex- sentada neste documento curricular. Antes,
to é a presença dos componentes em cada porém, discorremos sobre a progressão das
área do conhecimento. A Resolução diz que aprendizagens de uma etapa à outra, mais es-
deve haver estudos e práticas de: I – língua pecificamente do Ensino Fundamental para o
portuguesa; II – matemática; III – conhecimen- Médio.
to do mundo físico e natural […]; IV– arte; V
– educação física; VI – história do Brasil e do
mundo; VII – história e cultura afro-brasileira e Interface Ensino Fundamental e
indígena; VIII – sociologia e filosofia; IX – língua Ensino Médio
inglesa. No entanto, este currículo denomina e
detalha cada componente curricular em qua- A educação básica no Brasil é dividida em três
dro de competências e habilidades, inclusive, dimensões, educação infantil, ensino funda-
com orientações de objeto do conhecimento a mental e ensino médio. Cada uma das três eta-
ser trabalhado. pas suscita propostas de aprendizagens que
tem relação direta com a idade do estudante,
Essa escolha se justifica pelo entendimento de bem como as habilidades e competências que
que as escolas da Rede ainda não têm maturi- o mesmo deve adquirir em cada período da
dade para vivenciar uma mudança tão brusca vida escolar.
(considerando que hoje se tem um currículo
conteudista e por componente curricular) e A LDB, 9.394/96, institui as condições de ofer-
que, mesmo com todo o processo formativo ta da educação infantil nos artigos 29 e 30:
pelo qual passarão as equipes das escolas,
ainda é preciso cautela na implementação do […] A educação infantil, primeira etapa da edu-
“novo”. cação básica, tem como finalidade o desenvolvi-
mento integral da criança até seis anos de idade,
Sob essa ótica, evidencia-se que, além das em seus aspectos físico, psicológico intelectual
orientações dos normativos nacionais, a exem- e social, complementando as ações da família
plo da Resolução 03/2018, aqui citada, para a e da comunidade. […] “A educação infantil será
construção do currículo, foram consideradas as oferecida: I. em creches, ou entidade equivalen-
potencialidades do território piauiense, confor- tes, para criança de até três anos de idade; II.
me descritas nas propostas das quatro áreas Em pré-escolas, para crianças de quatro a seis
de conhecimento. anos de idade”.

Em conformidade com os fundamentos peda- A referida Lei, através de seus artigos que ver-
gógicos da BNCC, este DCR está estrutura- sam sobre a educação infantil, busca garantir
do de modo a explicitar as competências que uma educação capaz de satisfazer as necessi-
devem ser desenvolvidas ao longo de todo o dades básicas de aprendizagem da criança do
Ensino Médio, em cada área do conhecimento primeiro ciclo escolar, desempenhando papel

Currículo do Piauí 2021 99


significativo no desenvolvimento físico, cogni- uma das grandes transformações do estágio
tivo, afetivo e social das crianças. de desenvolvimento operatório formal é o sur-
gimento do pensamento hipotético-dedutivo,
O Ensino Fundamental, por sua vez, possui diferente do estágio operatório concreto, em
como objetivo geral a formação básica do cida- que a criança apenas raciocina sobre proposi-
dão. Para isso, segundo o artigo 32o da LDB, é ções que julgasse verdadeiras, apoiando-se no
necessário: concreto para isso. Em outras palavras, é nes-
sa fase em que o adolescente pensa e reflete
I – o desenvolvimento da capacidade de apren- hipoteticamente, adquirindo a capacidade de
der, tendo como meios básicos o pleno domínio ultrapassar, pelo pensamento, situações vivi-
da leitura, da escrita e do cálculo; das e a projetar ideias para o futuro.
II – a compreensão do ambiente natural e social,
do sistema político, da tecnologia, das artes e Com base nisso, a transição entre as etapas
dos valores em que se fundamenta a sociedade; escolares do Ensino Fundamental e Ensino
III – o desenvolvimento da capacidade de apren- Médio, de alguma forma, precisam estabele-
dizagem, tendo em vista a aquisição de conhe- cer objetivos que, de algum modo, atendam as
cimentos e habilidades e a formação de atitudes demandas que esta fase da vida exige.
e valores;
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, Segundo o Art. 35 da LDB, o ensino médio
dos laços de solidariedade humana e de tolerân- com duração de três anos se constitui como
cia recíproca em que se assenta a vida social. uma etapa escolar em que ao estudante é pro-
porcionada(o):
Nessa dinâmica, ao final do ensino fundamen-
tal, e considerando um percurso formativo I – a consolidaçãoe o aprofundamento dos co-
sem reprovações, o aluno finaliza esta etapa nhecimentos adquiridos no ensino fundamental,
com 14 ou 15 anos, que, segundo especialis- possibilitando o prosseguimento de estudos;
tas, se configura como a fase em que os jo- II – a preparação básica para o trabalho e a cida-
vens precisam responder algumas demandas dania do educando, para continuar aprendendo,
socioeducacionais, tais como: Estão prepara- de modo a ser capaz de se adaptar com flexibili-
dos para os desafios do futuro? Conseguem dade a novas condições de ocupação ou aperfei-
refletir, argumentar e se comunicar efetiva- çoamento posteriores;
mente? São capazes de continuar aprendendo III – o aprimoramento do educando como pes-
por toda a vida? soa humana, incluindo a formação ética e o de-
senvolvimento da autonomia intelectual e do
Em tempo, as transformações a nível intelec- pensamento crítico;
tual são de extrema importância, visto que, IV – a compreensão dos fundamentos científico-
nessa fase, a inteligência toma a sua forma fi- -tecnológicos dos processos produtivos, relacio-
nal com o pensamento abstrato ou formal, o nando a teoria com a prática, no ensino de cada
que os estudiosos do comportamento humano disciplina.
convencionam como período das operações
formais, na qual o adolescente vai se adaptan- Nessa proposta, o estudante é desafiado a
do ao mundo real e ao seu cotidiano, além dis- desenvolver habilidades como a autonomia
so, ampliam a capacidade de formular teorias cognitiva, social, física e afetiva, bem como o
e ideias. aprimoramento do pensamento crítico e esta-
belecimento de metas e objetivos mais claros
Consoante Piaget (2002), as transformações para o futuro. Para isso, o currículo do Ensino
emocionais que ocorrem na adolescência de- Médio, precisa responder a tais expectativas e
pendem das transformações cognitivas e, assegurar essa formação.

100 Novo Ensino Médio – Caderno 1


É nessa perspectiva que “a definição das com- serem modelos para os adolescentes consti-
petências e habilidades para o Ensino Médio tuírem sua estimulação.
articula-se às aprendizagens essenciais esta-
belecidas para o Ensino Fundamental, com o Como consequência, temos hoje na educação
objetivo de consolidar, aprofundar e ampliar a brasileira, altos índices de reprovação e aban-
formação integral dos estudantes, atendendo dono na 1a série do Ensino Médio, justamente
às finalidades dessa etapa e contribuindo para no período em que as mudanças físicas, com-
que cada um deles possa construir e realizar portamentais, hormonais e de pensamento
seus projetos de vida, em consonância com os estão alicerçadas por um modelo pedagógi-
princípios da justiça, da ética e da cidadania”. co escolar que, eventualmente, não satisfaz
(BRASIL, 2018, p. 470) ao estudante, levando-o a experienciar outras
vivências ou espaços que o enquadrem de
Em relação ao currículo do Ensino Médio, o modo, menos doloroso, ao mundo real que o
Art. 35, inciso 7o, da mesma lei, estabelece permeia. Para evitar esse problema da repro-
ainda que: vação e do abandono, mantendo um todo in-
tegrado entre as etapas da educação básica:
Os currículos do ensino médio deverão consi-
derar a formação integral do aluno, de maneira A BNCC do Ensino Médio se organiza em con-
a adotar um trabalho voltado para a construção tinuidade ao proposto para a Educação Infantil
de seu projeto de vida e para sua formação nos e o Ensino Fundamental, centrada no desen-
aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais volvimento de competências e orientada pelo
(Incluído pela Lei no 13.415, de 2017). princípio da educação integral. Assim, as com-
petências gerais estabelecidas para a Educação
Isto posto, é possível estabelecer que, median- Básica orientam tanto as aprendizagens essen-
te a proposta apresentada pela Lei que regula a ciais a ser garantidas no âmbito da BNCC do
educação brasileira, as demandas da sociedade Ensino Médio quanto os itinerários formativos a
serão atendidas como êxito, no tocante a transi- ser ofertados pelos diferentes sistemas, redes e
ção entre o Ensino Fundamental e Médio, visto escolas. (BRASIL, 2018, p. 468).
que integram os estudantes em uma proposta
que subsidia seu projeto de vida, sua formação Nesse sentido, a abertura e ampliação do cur-
integral, por meio da autonomia intelectual, do rículo com a proposta de flexibilização escolar,
desenvolvimento do pensamento crítico e da introduzindo novos percursos formativos e/ou
preparação para o mundo do trabalho. itinerários articulados ao projeto de vida dos
estudantes, respeitando suas expectativas de
Contudo, a educação brasileira que tem como aprendizagem e capacitando-os ao protagonis-
pano de fundo profundas desigualdades so- mo juvenil, estabelece se como um modelo de
ciais, é tradicionalmente impactada negativa- gestão pedagógica que, possivelmente, pro-
mente nas condições de oferta e de qualidade duzirá melhores condições para a estimulação
do ensino observadas nos diversos sistemas desse estudante egresso do ensino fundamen-
de ensino, principalmente os públicos. tal ao que se objetiva na etapa do ensino médio.

A grande maioria dos estudantes ingressos/ Diante do exposto, a seguir, encontram-se,


egressos do ensino médio público, infelizmen- na íntegra, as propostas curriculares de cada
te não possuem altas expectativas de apren- área do conhecimento, referentes à FGB, com
dizagem e tampouco, conseguem consolidar seus respectivos quadro de competências e
um desenvolvimento intelectual satisfatório, habilidades, seguindo a seguinte ordem: Lin-
considerando que as influências e os estímu- guagens, Matemática, Ciências da Natureza,
los externos são de grande importância por Ciências Humanas.

Currículo do Piauí 2021 101


Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros


Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, Curriculares Nacionais. Brasília, DF: MEC/
2018. SEF, 1998.

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Como aprender e
Nacional no 9394/96. Brasília, 1996. ensinar competências [recurso eletrônico]; tra-
dução: Carlos Henrique Lucas Lima. Porto Ale-
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações gre: Penso, 2014. Disponível em: http://www.
Educacionais Complementares aos Parâme- creaes.org.br/img/III_FEAT/3_GT_ Aprendiza-
tros Curriculares Nacionais (PCN+). Ciências gem-ativa/Como-Aprender-e-Ensinar-Compe-
da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. tencias.pdf. Acesso em 10/05/2021.
Brasília: MEC, 2006.

102 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Área de Linguagens
e suas Tecnologias
1 Parte Comum do Currículo Alinhado à
BNCC e às DCN do Ensino Médio

As áreas do conhecimento, compreendidas possibilitam mobilizar e ampliar recursos ex-


como um conjunto de conhecimentos inter- pressivos para construir sentidos com o outro
-relacionados, coletivamente construídos e em diferentes campos de atuação e agir no
reunidos segundo a natureza do objeto de in- mundo social em interações mediadas por pa-
vestigação, tem a finalidade de ensino, pesqui- lavras, imagens, sons, gestos e movimentos.
sa e aplicações práticas. Nesse contexto, os Ao examinar a Base Nacional Comum Curricu-
componentes curriculares são agrupados em lar para o Ensino Médio, considerando os as-
função das relações e afinidade entre eles, pectos sociais e contemporâneos cambiados
numa perspectiva interdisciplinar. As áreas são pelas rápidas transformações decorrentes do
definidas em conformidade com a proposta desenvolvimento tecnológico, tem-se a clare-
de diferentes documentos oficiais, dentre os za de que:
quais os PCNs, a Matriz do ENEM, as Diretri-
zes Curriculares Nacionais para o Ensino Mé- […] o foco esteja na ampliação da autonomia,
dio e, atualmente, a Base Nacional Comum do protagonismo e da autoria nas práticas de di-
Curricular que estabelece: ferentes linguagens; na identificação e na crítica
aos diferentes usos das linguagens, explicitando
Cada área do conhecimento estabelece compe- seu poder no estabelecimento de relações; na
tências específicas de área, cujo desenvolvimen- apreciação e na participação em diversas mani-
to deve ser promovido ao longo dessa etapa, festações artísticas e culturais e no uso criativo
tanto no âmbito da BNCC como dos itinerários das diversas mídias (BRASIL, 2018. p 46).
formativos das diferentes áreas. Essas compe-
tências explicitam como as competências gerais Para isso, devem-se promover situações de
da Educação Básica se expressam nas áreas. aprendizagem significativas e relevantes para
Elas estão articuladas às competências especí- a formação integral dos estudantes, tendo em
ficas de área para o Ensino Fundamental, com vista que é nessa etapa que se consolida o pro-
as adequações necessárias ao atendimento das jeto de vida iniciado no Ensino Fundamental.
especificidades de formação dos estudantes do Esses princípios estão explícitos no parágrafo
Ensino Médio (BRASIL, 2018). 2o do artigo 7o das DCNEM:

Dentre as áreas do conhecimento, a área de […] o currículo deve contemplar tratamento me-
Linguagens e suas Tecnologias, composta todológico que evidencie a contextualização, a
pelos quatro componentes curriculares (Lín- diversificação e a transdisciplinaridade ou for-
gua Portuguesa; Língua Estrangeira – Inglês mas de interação e articulação entre diferentes
e Espanhol; Arte e Educação Física), trata os campos de saberes específicos, contemplando
conhecimentos relativos à atuação dos sujei- vivências práticas e vinculando a educação es-
tos em práticas de linguagem. Mais do que colar ao mundo do trabalho e à prática social
objetos de conhecimento, são meios que (BRASIL, 2018).

Currículo do Piauí 2021 105


Nesse contexto, o trabalho de construção da nomia e poder de decisão, mesmo diante
proposta curricular piauiense está organizado de situações adversas. E que, empoderados
considerando as competências e habilidades desses seus conhecimentos, crenças, valo-
presentes na BNCC, respeitando o princípio res, e da consciência de seu potencial prossi-
da progressão da aprendizagem e a interdis- gam motivados, capacitados para agir, para a
ciplinaridade. Espera-se, assim, que o ensino execução do seu projeto de vida e o exercício
contribua para que o estudante ganhe auto- da cidadania.

106 Novo Ensino Médio – Caderno 1


2 Interface com o Ensino Fundamental

A finalidade da área de linguagem na Educação ocorrer na perspectiva de que o estudante con-


Básica é ampliar a compreensão das práticas siga desenvolver a capacidade de se expressar
de linguagem de tal modo que os estudantes tanto oralmente como de forma escrita, e tam-
utilizem-nas em diferentes manifestações ar- bém a de ler e entender textos e contextos.
tísticas, corporais e linguísticas, continuando a
aprender ao vivenciá-las. Percebe-se que prá- Assim, a articulação do Ensino Médio com o
ticas mais complexas e que apresentam pa- Ensino Fundamental está ancorada no desen-
drões linguísticos e textuais, exigem um grau volvimento de competências e habilidades, a
mais elevado de conhecimento e uma prática partir da aprendizagem contextualizada, inte-
de reflexão mais aprofundada sobre o funcio- grada e articulada de conteúdos, conceitos e
namento da linguagem em uso e sobre suas processos. O encaminhamento das práticas
propriedades. pedagógicas envolvidas no contexto escolar
depende da efetiva compreensão desse per-
No Ensino Fundamental, é esperado que o curso. A definição de competências engloba
estudante tenha se apropriado, pelo menos a mobilização de conhecimentos, habilidades,
parcialmente, de práticas letradas de uso da atitudes e valores para resolver demandas
linguagem mais complexas e menos cotidia- complexas da vida cotidiana, do pleno exercí-
nas, em leitura e compreensão de textos orais, cio da cidadania e do mundo do trabalho.
escritos, multissemióticos, assim como em
sua produção de textos. Importante também As habilidades mencionadas nesta descrição
que tenham tido contato com as línguas es- dizem respeito às aprendizagens essenciais
trangeiras modernas, sobretudo o inglês. As- para cada disciplina e série. Iniciam-se sempre
sim compreendida, a área de Linguagens no por um verbo que explicita o processo cogni-
Ensino Médio deverá propor o aprofundamen- tivo envolvido que se deseja construir ou con-
to da reflexão crítica da realidade e dos diferen- solidar.
tes modos de se expressar, criar, questionar,
organizar, analisar, apresentar conclusões e Os objetos de conhecimento referem-se
produzir linguagens. aos conteúdos, conceitos e processos aborda-
dos nas habilidades e podem ser identificados
Neste sentido, e dado o momento vivenciado como complemento do verbo relacionado ao
(um momento no qual a informação e a comu- processo cognitivo em questão. Essa sistema-
nicação são cada vez mais valorizadas), essa tização fica clara no quadro organizador curri-
interface entre as duas etapas de ensino deve cular da área.

Currículo do Piauí 2021 107


3 A Área de Linguagens e seus
Componentes

O desenvolvimento do ser humano está mar- Significa tomar parte do diálogo: fazer pergun-
cado historicamente pelo uso prático da lin- tas, dar respostas, dar atenção, responder, estar
guagem, constituída a partir das interações de acordo e assim por diante. Desse diálogo,
sociais. Sobre esse tema, Bakhtin (1997) advo- uma pessoa participa integralmente e no de-
ga que todos os domínios da atividade humana correr de toda sua vida: com seus olhos, lábios,
estão sempre relacionados com a utilização da mãos, alma, espírito, com seu corpo todo e com
linguagem. Essa prática se efetiva em forma todos os seus feitos. Ela investe seu ser inteiro
de “enunciados” que surgem a partir das di- no discurso e esse discurso penetra no tecido
versas formas de interações humanas. Este dialógico da vida humana, o simpósio universal.
processo torna possível que o homem se tor-
ne sujeito de sua própria história como um ser A propósito do tema, os Parâmetros Curricu-
histórico e social lares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 126) de-
fendem a importância e o valor dos usos da
Neste contexto, pode-se inferir que a lingua- linguagem como determinados historicamen-
gem ultrapassa a dimensão meramente co- te segundo as demandas de cada momento
municativa no sentido de que os sujeitos se como está descrito: “A organização do espaço
constituem por meio das interações sociais social, as ações dos agentes coletivos, nor-
mediadas por ela. Bakhtin (1997) ressalta mas, os costumes, rituais e comportamentos
ainda que não falamos no vazio, os nossos institucionais influem e são influenciados na e
enunciados (expressos de forma oral, escrita, pela linguagem, que se mostra produto e pro-
através de gestos, manifestações artísticas) dutora da cultura e da comunicação”.
terão sempre um conteúdo temático, uma
organização composicional e estilos próprios, Portanto, incorporada em uma sociedade
que estarão ligados às condições de realização complexa, a escola precisa oferecer aos es-
e às finalidades específicas de cada esfera de tudantes condições de melhoria e ampliação
atividade. na capacidade discursiva do sujeito, para que
possam desempenhar as atribuições que lhe
O ensinar, o aprender e o empregar a lingua- são impostas na contemporaneidade visto que
gem, nessa perspectiva, passa necessariamen- as exigências dos níveis de leitura e de escri-
te pelos sujeitos, num processo intencional de ta são diferentes e muito superiores aos que
expressar suas experiências, necessidades, in- satisfaziam as demandas sociais em tempo
ferências, vontades, de forma nunca acabada, atrás. Isso porque, as linguagens nas diver-
sempre aberto, algo que está presente como sas formas de expressão são carregadas por
aquilo que está por ser alcançado. visões de mundo, que suscitam um conjunto
de significados e significações que vão além
Para Bakhtin (1997, p. 293), a vida humana é do seu aspecto formal. As diversas represen-
por sua própria natureza dialógica. Nesse sen- tações contribuem para a formação geral do
tido, destaca: aluno, oferecendo possibilidades de escolhas,

Currículo do Piauí 2021 109


mesmo que restritas por princípios sociais, po- nais, com vistas a desenvolver, no jovem es-
dendo conservar/e/ou transformá-la. tudante brasileiro, competências e habilidades
que possibilitem uma reflexão sobre a vida e
Dessa forma, compete à escola possibilitar o trabalho que querem ter. Para isso, devem-
as condições dos seus membros fazerem -se promover situações de aprendizagem
uso dos diferentes discursos, nas diferentes significativas e relevantes para sua formação
modalidades (oral, escrita, artística, corporal), integral. Em razao disso, é nessa etapa que se
considerando suas necessidades pessoais e consolida o projeto de vida iniciado no Ensino
sociais. Os processos de concretização das Fundamental.
intencionalidades da linguagem devem estar
relacionados às ações efetivas do cotidiano, à Sendo assim, o componente curricular Arte,
transmissão e busca de informação, ao exercí- considerando as novas tecnologias, propõe-se
cio da reflexão e da criatividade humana como a contribuir para o desenvolvimento da autono-
produtora de cultura. Assim, a linguagem as- mia reflexiva, criativa, expressiva do estudante,
sume papel fundamental nessa concepção de numa perspectiva crítica, sensível e poética.
cultura, porque é vista como termo geral para Além disso, pretende-se aprofundar na pes-
práticas de representação ocupando posição quisa e no desenvolvimento de processos de
privilegiada na produção e circulação dos sig- criação autorais nas artes visuais, audiovisuais,
nificados. dança, teatro, artes circenses e música. Nesse
sentido, a escola constitui-se espaço propício
ao engajamento social, onde as diversas artes
3.1 A articulação entre os e culturas de diferentes matrizes são valoriza-
componentes da área de Linguagens das e apreciadas.

Os componentes curriculares da área de Lin- Sobre a Educação Físcia, o Art. 35-A, § 2o


guagens estão organizados neste documento da LDB (com a redação dada pela Lei no
curricular em uma perspectiva interdiscipli- 13.415/2017) estabelece que: “A Base Na-
nar, cujas habilidades pressupõem o desen- cional Comum Curricular referente ao ensino
volvimento integral do estudante a partir da médio incluirá obrigatoriamente estudos e
articulação entre eles. Essa articulação e orga- práticas de educação física, arte, sociologia
nização responde ao conjunto de documentos e filosofia”. Neste sentido, há previsão legal
e orientações oficiais como as DCNEM e a Lei da obrigatoriedade não somente de estudos,
no 13.415/2017, bem como a Base Nacional como também de práticas que possibilitem
Curricular Comum (BNCC) que, nessa dire- ao estudante o desenvolvimento de habilida-
ção, consideram os fundamentos básicos de des cognitivas e sensório-motoras. Por meio
ensino e aprendizagem das Linguagens, como do currículo, nos estudos e práticas de Educa-
uma formação voltada a participação plena dos ção física, pretende-se explorar movimentos e
estudantes nas diferentes práticas sociocultu- gestualidades em práticas corporais, refletindo
rais que envolvem o uso das linguagens. sobre a importância de um estilo de vida ativo,
numa visão que extrapole o autoconhecimento
Nesse sentido, a área de Linguagens e Suas e autocuidado. Nessa etapa, desenvolvem-se
Tecnologias é a primeira das áreas apresenta- habilidades que estimulem a curiosidade inte-
das e é composta pelos seguintes componen- lectual, a busca do conhecimento por meio da
tes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, pesquisa e a capacidade agumentativa dos jo-
Educação Física e Língua Estrangeira (In- vens. Estes devem experimentar novos jogos
glês e Espanhol). Estes, como já descrito e brincadeiras, esportes, danças, refletindo
acima, devem ser mobilizados e articulados sobre essas práticas e exercendo cidadania e
simultaneamente a dimensões socioemocio- protagonismo comunitário.

110 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Quanto à Língua Estrangeira, nos currículos dante deve estar apto a uma participação nas
do Ensino Médio, o Art. 35-A, § 4o da LDB várias esferas da vida, como cultura, trabalho,
(com a redação dada pela Lei no 13.415/2017) escolhas pessoais e vida pública. Suas deci-
traz em seu bojo a obrigatoriedade do compo- sões precisam estar pautadas em orientações
nente de Língua Inglesa, facultando a oferta éticas que visão ao bem coletivo. Para isso, os
de outras línguas estrangeiras, preferencial- estudos devem aliar-se às práticas cotidianas
mente o espanhol, de acordo com a disponi- de linguagem através dos diversos tipos e gê-
bilidade de oferta, locais e horários definidos neros textuais da atualidade, organizados de
pelos sistemas de ensino. Na prática, no En- forma híbrida e multissemiótica.
sino Fundamental não há mudança estrutural,
já que continua a predominar a Língua Inglesa. Essas práticas buscam desenvolver habilida-
Assim, a proposta curricular para a rede esta- des e critérios de curadoria e apreciação ética
dual incopora as Línguas Estrangeiras: Inglês e estética. No âmbito do campo pessoal, as
(obrigatória) e Espanhol (facultativa). Em ple- aprendizagens devem apontar para a constru-
no mundo globalizado, esses componentes ção de um projeto de vida pautado em refle-
propõem o desenvolvimento de habilidades xões sobre a própria identidade juvenil, seus
que promovam consciência crítica e reflexiva potenciais, seus relacionamentos afetivos,
do jovem estudante, além de prepará-los para familiares, de trabalho e também com o am-
atuar nos diversos campos, sejam culturais, de biente. O campo das práticas de estudo
estudo ou pesquisas, de modo a aprofundar e pesquisa abrange a pesquisa, recepção,
sua compreensão sobre o mundo. Isso, numa apreciação, análise, aplicação e produção de
visão intercultural e desterritorializada, consi- discursos/textos expositivos, analíticos e argu-
derando as práticas sociais no mundo digital. mentativos, que circulam tanto na esfera esco-
lar como na acadêmica e de pesquisa, assim
A Língua Portuguesa deve ser ofertada nas como no jornalismo de divulgação científica.
três séries do Ensino Médio e apresenta-se or-
ganizada por campo de atuação social: O domínio desse campo é fundamental para
ampliar a reflexão sobre as linguagens, contri-
1. Vida pessoal buir para a construção do conhecimento cien-
tífico e para aprender a aprender. É o campo
2. Campo das Práticas de estudo e pesquisa metalinguístico em que se desenvolve a
habilidade de aprender a aprender. O campo
3. Campo jornalístico jornalístico promove um exercício de partici-
pação crítica e seletiva quanto à produção e cir-
4. Campo de atuação na vida pública culação de informações, em que o estudante
desenvolve a capacidade de avaliar e posicio-
5. Campo artístico nar-se frente às contradições do mundo atual.

Esse componente deve possibilitar aos estu- O campo da vida pública permite refletir e
dantes (principalemente aos jovens) experiên- participar da vida pública, pautando-se pela éti-
cias significativas com práticas de linguagens ca. Por fim, no campo artístico, as práticas
em diferentes mídias, cabendo à escola ampliar linguísticas devem promover o reconhecimen-
situações de aprendizado. Na perspectiva de to e valorização de manifestações com base
adensamento de conhecimentos iniciados no em critérios estéticos e no exercício da sensi-
Ensino Fundamental, o jovem deve ser prepa- bilidade.
rado para desenvolver maior nível de teorização
e análise crítica. Por meio da argumentação, O referencial Curricular piauiense dialoga dire-
formulação e avaliação de propostas, o estu- tamente com a Base Nacional Comum Curricu-

Currículo do Piauí 2021 111


lar (BNCC), articulando-se com as habilidades timodais e em sua variedade de linguagens e
específicas da Língua Portuguesa presentes discursos, considerando, segundo Rojo, “que
no referido documento, com a cultura e as ca- os letramentos múltiplos, ou multiletramentos,
racterísticas específicas do nosso Estado. abrangem leitura crítica, análise e produção de
textos multissemióticos em enfoque multicul-
Dentro da perspectiva enunciativo-discursiva tural” (ROJO, 2013, p. 8). É nessa concepção
da linguagem, o texto é compreendido como o de trabalhar a interação entre áreas e compo-
centro das situações comunicativas. Não se ins- nentes que o vasto conjunto de linguagens e
taura um texto sem uma função comunicativa, textos contemporâneos dimensiona os concei-
o texto tem seu fluxo controlado pela respecti- tos de letramento, multiplica-se em benefício
va situação de comunicação que exerce. Dessa das semioses visuais, verbais e sonoras e re-
forma, todo texto é a expressão de algum pro- define novos gêneros midiatizados.
pósito comunicativo. Caracteriza-se, portanto,
como uma atividade eminentemente funcional, As Práticas de Leitura e Escrita permitem
no sentido de que a ele recorremos com uma a ampliação do repertório do estudante, ga-
finalidade, com um objetivo específico. Conse- rantindo o acesso à leitura e produção dos
quentemente todo texto é expressão de uma chamados textos multissemióticos, ou seja,
atividade social. Além de seus sentidos linguís- textos que extrapolam a ideia da escrita, in-
ticos, reveste-se de uma relevância sócio comu- corporando elementos de diversas mídias e
nicativa, pois está sempre inserido como parte linguagens e que exigem capacidades e práti-
constitutiva, em outras atividades do ser huma- cas de compreensão e produção de cada uma
no. Nas palavras de Marcuschi (2008:23)’’não delas (multiletramentos) para fazer significar.
existe um uso significativo da linguagem fora Tais elementos estão presentes em todos os
das inter-relações pessoais e sociais situadas. componentes, não se limitando ao trabalho ex-
clusivo em Língua Portuguesa.
As habilidades específicas para Língua Portu-
guesa, sugeridas pela BNCC, oferecem possi- As Práticas de Oralidade enquadram-se na
bilidade de diálogo com as demais disciplinas, concepção de textos multissemióticos, consi-
permitindo uma integração efetiva com os de- derando a variada gama de construções possí-
mais componentes da área. Algumas práticas veis, desde podcasts, textos teatrais, debates,
de linguagem, desenvolvidas em Língua Por- jogos argumentativos, vídeos e produções nos
tuguesa dialogam diretamente com todos os quais a voz do aluno seja respeitada, de forma
componentes, ampliando a construção dessa protagonista e reflexiva.
integração.
A aprendizagem e o desenvolvimento devem
Práticas de linguagem com os gêneros tex- acontecer em esferas sociais a partir de si-
tuais de acordo com os diferentes campos de tuações públicas formais comunicativas, nas
atuação ou esferas sociais em que o estudante quais a língua pode ser utilizada tanto na es-
está incluído, bem como o trabalho centrado crita quanto na oralidade, ou seja, o estudante
na contextualização de forma articulada quan- deve ser competente na fluência das duas prá-
to ao uso da língua em seu sentido social, ticas (escrita e oral), como aponta Marcuschi
devem ser priorizadas. Seguindo os avanços (2001). Ainda nessa perspectiva, o autor tece
da contemporaneidade e a popularização das considerações acerca dessas duas modalida-
tecnologias digitais da informação e comuni- des, apontando que “o estudo da oralidade
cação (TDICs), estamos vivenciando novas pode mostrar que a fala mantém com a escrita
propostas de ensino e aprendizagem e novos relações mútuas e diferenciadas, influenciando
conceitos de letramento. Com isso, o compo- uma a outra nas diversas fases da aquisição da
nente tem enfoque na presença de textos mul- escrita” (MARCUSCHI, 2001, p. 23). Assim,

112 Novo Ensino Médio – Caderno 1


compreende-se que é possível trabalhar em a informação e a opinião, no que diz respeito à
sala de aula, com ambos os textos, de forma veracidade e confiabilidade de informações, à
contínua, pois cada modalidade (oral e escrita) adequação, validade e força dos argumentos,
apresenta características próprias, tendo em à articulação entre as semioses para a produ-
vista que não designam oposições entre elas. ção de sentidos etc., é preciso intensificar o
desenvolvimento de habilidades que possi-
As Práticas de Análise Linguística trazem bilitem o trato com o diverso e o debate de
algumas especificidades, como distinguir tra- ideias. Tal desenvolvimento deve ser pautado
ços distintivos e significativos dos textos e, pelo respeito, pela ética e pela rejeição aos
embora mais específicos para Língua Portu- discursos de ódio.
guesa, ampliam-se para os demais componen-
tes quando se trabalha o funcionamento do Trata-se de ampliar as possibilidades de parti-
idioma. Língua Inglesa, Arte e Educação Física cipação dos estudantes nas práticas relativas
propõem a compreensão dos usos da língua ao trato com a informação e opinião, as quais
em suas especificidades dentro dos objetos de estão no centro da esfera jornalística/midiáti-
conhecimento específicos para as habilidades ca. Para além de consolidar habilidades envol-
da área. Segundo a BNCC (BRASIL, 2018), vidas na escuta, leitura e escrita de textos que
circulam no campo, o que se pretende é propi-
ciar experiências que mantenham os alunos in-
Considerando que uma semiose é um sistema
teressados pelos fatos que acontecem na sua
de signos em sua organização própria, é impor-
comunidade, na sua cidade e no mundo e que
tante que os alunos ao explorarem as possibili-
afetam as vidas das pessoas no cotidiano.
dades expressivas das diversas linguagens, pos-
sam realizar reflexões que envolvam o exercício
Pretende-se que o alunado incorpore em sua
de análise de elementos discursivos, composi-
vida a prática de escuta, leitura e produção de
cionais e formais de enunciados nas diferentes
textos pertencentes a gêneros da esfera jorna-
semioses visuais (imagens estáticas e em movi-
lística em diferentes fontes, veículos e mídias,
mento), sonoras (música, ruídos, sonoridades), e desenvolvam autonomia e pensamento crí-
verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e es- tico para se situar em relação a interesses e
crita) e corporais (gestuais, cênica e dança). posicionamentos diversos. Também estão em
jogo a produção de textos noticiosos e opinati-
Do ponto de vista das práticas contemporâ- vos e a participação em discussões e debates
neas de linguagem, ganham mais destaque, de forma ética e respeitosa. Esse movimento
no Ensino Médio, a cultura digital, as culturas repercutirá em todos os campos de atuação
dos estudantes, os novos letramentos e os de forma ampla.
multiletramentos, os processos colaborativos,
as interações e atividades que têm lugar nas Num mundo contemporâneo, de tão rápidas
mídias e redes sociais, os processos de circula- transformações e de tantas contradições,
ção de informações e a hibridização dos papéis estar formado para a vida real significa mais
nesse contexto (de leitor/autor e produtor/con- do que reproduzir dados, denominar classifi-
sumidor), já exploradas no Ensino Fundamen- cações ou identificar símbolos. Significa ser
tal. Fenômenos como a pós-verdade e o efeito capaz de comunicar e argumentar; compreen-
bolha, em função do impacto que produzem na der e solucionar problemas; participar de um
fidedignidade do conteúdo disponibilizado nas convívio social como cidadão; fazer escolhas
redes, nas interações sociais e no trato com a e proposições e, especialmente, assumir uma
diversidade, também são ressaltados. atitude de permanente aprendizado.

Para além de continuar a promover o desenvol- Nesse contexto, a língua portuguesa ocupa pa-
vimento de habilidades relativas ao trato com pel central. Assim sendo, o ensino desta, na

Currículo do Piauí 2021 113


atualidade, requer como finalidades desenvol- social, positiva ou negativa (BAGNO, 2006, p,
ver no aluno seu potencial crítico, sua percep- 8). Associado a isto, Bagno (2002) sinaliza que
ção das múltiplas possibilidades de expressão o ensino da língua na escola brasileira tem vi-
linguística, sua formação como escritor e leitor sado, tradicionalmente, reformar ou consertar
efetivo dos mais diversos textos representati- a língua do aluno, considerado, logo de saída,
vos de nossa cultura. Para além da memoriza- como um deficiente linguístico. Esse modo de
ção mecânica de regras gramaticais, o aluno conceber os fatos de linguagem condena ao
deve ter meios para ampliar e articular conhe- submundo do não ser todas as manifestações
cimentos e competências que possam ser linguísticas não normativas, rotuladas automa-
mobilizados nas inúmeras situações de uso ticamente como erros. E, junto com as formas
da língua com que se depara, na família, entre linguísticas estigmatizadas, condena-se ao si-
amigos, na escola, no mundo do trabalho. Des- lêncio e à quase inexistência as pessoas que
se modo, o ensino da língua materna não visa se servem delas.
apenas ao domínio técnico, mas principalmen-
te à competência de desempenho, ao saber Ao contrário disso, cabe à escola reconhecer
usar as linguagens em diferentes situações ou a legitimidade da variedade linguística utilizada
contextos. por seus alunos, a ponto de trabalhar com ela
em sala de aula, reconhecendo que tal língua
Deve-se considerar que as salas de aula são vale para seus fins, tanto quanto a varieda-
povoadas pela heterogeneidade linguística as- de padrão vale para outros fins. Isso porque,
sociada aos diferentes perfis sociais e culturais segundo Cyranka e Pernambuco (2008), en-
dos alunados. De modo que se faz necessário quanto a escola insistir em negar o caráter só-
empreender uma prática pedagógica que leve cio-histórico-funcional dessa variedade, ela ao
em conta a pluralidade de realizações empíri- invés de aproximar os alunos da língua padrão,
cas da língua (BAGNO, 2002). O que implica os distancia da crença de que são capazes de
afirmar que é imperativo trazer para o centro adquirir a competência de uso dessa variedade
do ensino da Língua Portuguesa a diversidade mais prestigiada e diferente da que utilizam.
linguística. A discussão sobre essa variedade é
essencial para que os alunos não criem ou ali- Assim, cabe à escola ensinar a língua padrão,
mentem preconceitos em relação aos falares considerando sua utilização social, mas ter ati-
diversos que compõem o espectro do portu- tudes positivas e não discriminatórias em rela-
guês utilizado no Brasil. ção às variedades linguísticas de seus alunos.
É preciso garantir ao aluno o direito de optar
O professor pode valer-se de estudos da So- por uma determinada variante, conforme a si-
ciolinguística para expor a seus alunos que as tuação de uso, sem que seja discriminado por
variedades faladas pelos diferentes sujeitos isso. Também é essencial que a escola apre-
são perfeitamente adequadas ao pensamen- sente aos alunos as diferentes formas pro-
to lógico e à aprendizagem e que a distinção feridas por pessoas de diversas regiões, de
inferioridade/superioridade constitui um fenô- diversos estratos sociais, de diversas faixas
meno social e político (BAGNO, 2002). Deste etárias, etc. a fim de conscientizar os alunos
modo, […] uma das tarefas do ensino de língua de que a sua forma de falar é tão valiosa quan-
na escola seria, portanto, discutir criticamente to à norma padrão ensinada na escola.
os valores sociais atribuídos a cada variante
linguística, chamando a atenção para a carga Neste sentido, a abordagem das variações da
de discriminação que pesa sobre determina- língua incorpora-se à organização curricular do
dos usos da língua, de modo a conscientizar o ensino da língua portuguesa não apenas para
aluno de que sua produção linguística, oral ou esclarecer aos alunos que existem variedades
escrita, estará sempre sujeita a uma avaliação linguísticas que identificam geográfica e so-

114 Novo Ensino Médio – Caderno 1


cialmente as pessoas e sobre os preconceitos determinada época, de suas formas poéticas e
decorrentes do valor social que é atribuído aos das formas de organização social e cultural do
diferentes modos de fala e de escrita. Cabe Brasil, sendo ainda hoje capaz de tocar os lei-
ainda oferecer situações de aprendizagem que tores nas emoções e nos valores. Além disso,
possibilitem aos alunos utilizarem as diversas tais obras proporcionam o contato com uma
variedades linguísticas de sua língua, que lhes linguagem que amplia o repertório linguístico
permitam conquistar as condições de partici- dos estudantes e oportuniza novas potenciali-
pação cultural, social e política. dades e experimentações de uso da língua, no
contato com as ambiguidades da linguagem e
A partir da leitura literária, é possível desafiar seus múltiplos arranjos. O contato com litera-
os alunos a produzirem discussões que am- turas não canônicas também deve ser privile-
pliem o conhecimento do mundo, explorar giado, assegurando ao aluno a possibilidade do
questões relacionadas ao país e seus habi- desenvolvimento de um olhar crítico sobre as
tantes, em sua diversidade, oferecendo-lhes obras produzidas, seus contextos de produção
condições de adquirir novos saberes, aprender e de circulação, valorizando as diversas possi-
com os sentidos produzidos pela tradição e se bilidades de olhar/refletir sobre o mundo.
reconhecer dentro do contexto literário, como
ser ativo e criativo. Esta relação se estabelece
por meio dos usos que o produtor e leitor da Arte
literatura fazem da língua, contribuindo para a
compreensão de que ela é representativa da Desde o Século XIX, o ensino da Arte no Bra-
cultura. Assim, a literatura está fundada no fe- sil passou por uma série de transformações.
nômeno da língua, vincula-se à descoberta do Em 1920, surgiram vários movimentos a favor
mundo e das perplexidades que ele pode sus- da implantação da Arte na escola; entretan-
citar em cada ser humano. to, somente a partir dos anos 70, emergiu no
cenário da educação no Brasil, os primeiros
Em relação à leitura do texto literário, é pre- passos para que o ensino de Arte se tornas-
ciso evitar simplificações didáticas, como bio- se obrigatório (BARBOSA, 1986). A Arte, por
grafias de autores, características de épocas, meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
resumos e outros gêneros artísticos substitu- Nacional (LDB), conseguiu assumir um espa-
tivos, que relegam o texto literário a um pla- ço no Currículo escolar no Brasil, denominada
no secundário do ensino. Assim, é importante Educação Artística, sendo incluídas as artes
não só recolocá-lo como ponto de partida para plásticas, a educação musical e as artes cêni-
o trabalho com a literatura, como intensificar cas, amparadas pela Lei no 5692/71, que regia
seu convívio com o estudante. o ensino de 1o e 2o graus.

No Ensino Médio, devem ser introduzidas para No entanto, o ponto fraco da normativa é que
fruição e conhecimento, ao lado da literatura o ensino da Arte deveria ser incorporado como
africana, afro-brasileira, indígena e da literatura uma “atividade educativa”, e não como disci-
contemporânea, obras da tradição literária bra- plina, era voltado para o mercado de trabalho
sileira, da literatura piauiense e de língua por- e para o desenvolvimento econômico. Entre-
tuguesa, de um modo mais sistematizado, em tanto, conforme ressalta Barbosa (2008, p.10),
que sejam aprofundadas as relações com os “O Ensino Médio público nem preparava para
períodos históricos, artísticos e culturais. Nes- o acesso à universidade, nem formava técni-
se sentido, a tradição literária tem importância cos assimiláveis pelo mercado”. Por questões
não só por sua condição de patrimônio, mas políticas e sociais da época, o ensino da Arte
também por possibilitar a apreensão do ima- correu sério risco de ser retirado da grade cur-
ginário e das formas de sensibilidade de uma ricular, o que fez com que vários educadores

Currículo do Piauí 2021 115


da área se manifestassem e, assim, manteve- de difícil aplicação, devido a vários fatores. So-
-se no currículo. bre esses fatores, Cunha (2012) enfatiza que,
apesar da grande importância do componen-
No ano de 1987, surgiu a proposta ou abor- te Arte no currículo escolar, torna-se confusa
dagem Triangular, sistematizada por Ana Mae a utilização dos diferentes procedimentos da
Barbosa, que objetivava o enriquecimento do produção artística no sentido de promover a
ensino através da aprendizagem significativa e aprendizagem integral do estudante, sendo
integral do estudante de forma crítica, direcio- um grande desafio tornar o ensino e aprendi-
nada para alunos e professores. Essa proposta zagem da Arte prazeroso e significativo, tanto
triangular consistia em três abordagens para se para alunos, quanto para professores.
construir conhecimento em arte, “fazer arte,
ver arte e contextualizar”, e tornou-se refe- Dessa forma, os professores têm en-
rência no ensino da Arte no Brasil e se firmou frentado numerosos empecilhos na prática edu-
como a base da maioria dos programas em Ar- cativa em Arte, tais como: a estrutura escolar,
te-Educação que deveria ser guiada por esse sobretudo, nas escolas públicas, inadequadas
currículo. Outra base que se referia à melhoria ao desenvolvimento do ensino das diversas
do ensino e aprendizagem da Arte contida nos linguagens do Componente Arte; a escassez
PCNs, dizia respeito a estudos sobre educa- de recursos didáticos necessários à aprendiza-
ção estética do cotidiano, que complementava gem, a indisciplina e o desinteresse de parte
a formação estético-artístico dos educandos. dos estudantes – causado, muitas vezes, pela
falta de uniformidade nas estratégias de ensi-
A Lei no 13.415/2017 alterou o Art. 26, § 2o da no. Isso traz à tona um ensino reprodutivista e
LDB no 9.394/96 definindo que: “O ensino da engessado, sendo um enorme desafio, buscar
Arte, especialmente em suas expressões re- novas ferramentas capazes de impactar o ensi-
gionais, constituirá componente curricular no e aprendizagem dos educandos de acordo
obrigatório da educação básica” (grifo nos- com as novas vertentes contemporâneas.
so). E, também, o Art. 35-A, § 2o da LDB (com
a redação dada pela Lei no 13.415/2017) esta- Quanto aos desafios do ensino da Arte no
belece que a Base Nacional Comum Curricular Piauí no Ensino Médio, ainda permeia na es-
referente ao Ensino Médio incluirá obrigato- cola, principalmente da rede pública, uma re-
riamente estudos e práticas de Arte (…). sistência em relação às inquietudes dos jovens
Portanto, os currículos do Ensino Médio deve- no sentido de não incorporar a cultura local e,
rão, obrigatoriamente, incluir Arte não só como portanto, não vivenciando as maravilhas que o
componente curricular da Formação Geral Estado oferece, como as lendas, os festivais
Básica (BNCC) coom também nos Itinerários de música, teatro de bonecos, as danças re-
Formativos. Significa dizer que há previsão le- gionais, os rituais afros, indígenas e religiosos,
gal para garantir o acesso dos estudantes aos o patrimônio material e imaterial, as festas po-
processos formativos culturais e às diversas pulares, a gastronomia, o artesanato, as artes
manifestações artísticas, tais como as Artes plásticas, entre outros, de forma a valorizar e
Visuais, a Dança, a Música e o Teatro etc. construir sua identidade.

Nessa perspectiva e, considerando o contexto


Desafios do ensino de Arte de ensino por competências (já discutido em
tópico anterior deste documento), é impres-
Ao se pensar uma proposta de educação volta- cindível que a motivação e o reconhecimento
da para o ensino e aprendizagem em Arte, no do profissional da Arte (quer seja professor ou
contexto atual do Ensino Médio, observa-se artista) sejam colocados como pauta nas deci-
que a sua sistematização, ainda, se constitui sões curriculares, tendo em vista que, muitas

116 Novo Ensino Médio – Caderno 1


vezes, os professores do componente substi- às diversas manifestações artísticas locais
tudos por professores de outros componentes que sejam desafiantes e prazerosas ao ato de
curriculares, para complementação de carga aprender e se surpreender ao mesmo tem-
horária. po. Oportunizar ao estudante experimentar a
construção de algo inédito, que tenha caracte-
rísticas próprias, podendo exercer seu protago-
Propostas metodológicas no ensino de nismo de forma a se expressar, a apreciar e a
Arte no Piauí valorizar a produção artística tanto local quan-
to nacional e internacionalmente, contribuindo
As abordagens presentes neste currículo do na formação do pensamento crítico, ligado ao
componente Arte, na etapa do Ensino Médio, pensamento artístico nas diversas linguagens
pretende descrever a importância de avaliar a da Arte, que são a Música, as Artes Visuais, a
prática escolar, tanto do educador como dos Dança e o Teatro.
educandos, no processo de ensino e apren-
dizagem em Arte; os anseios do estudante, Dessa maneira, o educando tem a possibilida-
considerar o repertório de conhecimentos ad- de de ter contato com cada uma dessas lin-
quiridos no Ensino Fundamental para facilitar a guagens, que possuem suas características
transição para o Ensino Médio, conceituando próprias, podendo, ainda, inter-relacionar-se
os objetivos de aprendizagens e sua forma de com outras linguagens e áreas do conheci-
interagir com os conceitos e as linguagens da mento, considerando as escolas do Ensino
Arte, valorizando os aspectos regionais, po- Médio no contexto regional. Assim, não deve
dendo comunicar-se com outras áreas do co- separar as experiências no cotidiano do aluno
nhecimento, tanto local como nacionalmente. no contexto escolar, valorizando, sobretudo,
as manifestações e produções artísticas locais
O processo de ensino e aprendizagem em diversificadas das linguagens da Arte, como:
Arte na contemporaneidade assume um papel o artesanato, as artes plásticas, o patrimônio
gigantesco no contexto escolar e na socieda- material e imaterial, os festivais de música, de
de, sobretudo no Estado do Piauí, dadas as teatro, de gastronomia e de dança, os saraus,
abundantes frentes de riquezas, a começar os eventos de afoxé, indígena, entre outros,
pelos berços de seu patrimônio material e com vista a promover um contato mais direto
imaterial, a vegetação e o clima, a pecuária, a com as manifestações artísticas regionais, de
maior exportação de mel de abelhas, a maior forma a levar esse estudante a saborear as de-
concentração de sítios arqueológicos do conti- lícias que se apresenta no Estado.
nente americano, a cajuína e seu processo de
fabricação já reconhecido como bem cultural Outro aspecto importante relativo ao ensino
imaterial, o turismo diversificado, as pedras da Arte, bem como dos demais componen-
preciosas, especialmente a opala, entre outros. tes, são os processos avaliativos. De acordo
Nesse sentido, os alunos precisam conhecer com Luckesi (2011, p. 419), “o ato de avaliar
essas potencialidades para que possam viven- é um ato de atribuir qualidade tendo por base
ciar de forma mais significativa, a ampliação de uma quantidade, o que implica ser a avalia-
sua formação de acordo com o que vem pre- ção constitutivamente qualitativa”. A esco-
conizando a BNCC. la deve oportunizar ao estudante a interação
com suas práticas pedagógicas, favorecen-
De acordo com Hernandes (2007), no que se do seu protagonismo no processo de ensino
refere ao processo de ensino e aprendizagem, e aprendizagem, cabendo ao professor ser o
o professor pode optar por uma gama de pos- seu interlocutor nesse contexto, em todas as
sibilidades de temas que tenham sentido no linguagens do Componente Arte, que são as
universo cotidiano do educando, referentes Artes Visuais, a Música, a Dança e o Teatro.

Currículo do Piauí 2021 117


Nesse sentido, as formas de avaliação nas mensões para se construir conhecimentos em
décadas passadas, quando o produto final era arte: contextualização histórica (conhecer a sua
mais importante que o processo de criação, o contextualização histórica); fazer artístico (fazer
ensino de Arte era direcionado para apresen- arte); apreciação artística (saber ler uma obra
tações culturais em datas comemorativas, de arte), será concebida na implementação da
por exemplo. Nesse novo contexto, torna-se Base Nacional Comum Curricular, dando segui-
importante o professor conhecer a história de mento ao que já estava sendo ofertado pelos
cada estudante, considerando seu repertório Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
sociocultural, sua relação com as atividades
produzidas, oportunizando a interação com A abordagem triangular tem significativas
outras formas de conhecimento, tanto no con- apropriações de educadores de outras áreas
texto regional quanto nacional, tendo em vista do conhecimento, pois abre caminhos para o
que esse currículo deve ser flexível, no ritmo professor na sua prática docente. Não é um
que demanda a sociedade e de acordo com o modelo pronto, é flexível, também é permitido
avanço tecnológico. mudanças e adequações. Qualquer educador
pode fazer suas escolhas metodológicas, pois
não é conteúdo. A aprendizagem da Arte não
Proposta de aprendizagem em Arte pode ser vista apenas como códigos e técni-
cas, que era concebida no ensino da Arte em
De acordo com o que preconiza a BNCC, é décadas passadas. A BNCC apresenta a pro-
importante consolidar e aprofundar as apren- posta de que o produto é tão importante quanto
dizagens construídas nas etapas anteriores o processo, ambos estão no mesmo patamar.
do Ensino Infantil e do Ensino Fundamental,
permitindo ampliar as diferentes formas de co- Nesse contexto, a articulação para a aprendiza-
municação e expressão através da Arte e de gem em Arte requer que a abordagem das lingua-
diferentes linguagens e saberes, propiciando gens articule seis dimensões do conhecimento,
ao estudante a compreensão das habilidades que são: criação, crítica, estesia, expressão, frui-
e competências a serem desenvolvidas no En- ção e reflexão. Tais dimensões perpassam os
sino Médio. conhecimentos das Artes Visuais, da Dança, da
Música, do Teatro e das Artes Integradas, uma
Com a reforma, o currículo será flexibilizado de novidade na BNCC, que surgiu para articular a
acordo com os interesses do aluno, sendo que interdisciplinaridade entre as linguagens artísti-
60% da carga horária será de Formação Geral cas, possibilitandoo uso de novas tecnologias da
Básica (BNCC), obrigatória para todos os estu- informação e comunicação.
dantes do Ensino Médio (que irá incorporar o
ensino de Arte,) e 40% será composta de Iti- Desse modo, para que o aluno possa contribuir
nerários Formativos – em que será ofertado o nesse processo de ensino e aprendizagem é
Componente Arte na área de Linguagens para necessário conhecer os parâmetros de suas
os alunos que optarem por aprofundar e am- habilidades, ressignificando a compreensão
pliar seus conhecimentos nesta área. do fenômeno artístico e suas relações com o
mundo contemporâneo a partir de vivências
Para Ana Mae Barbosa (2008), a reflexão acer- cotidianas, na realização de processos criati-
ca da história é algo primordial para o desenvol- vos autorais nas linguagens das Artes Visuais,
vimento de políticas que possam dar suporte do Audiovisual, da Dança, do Teatro, das Artes
para projetar o futuro do ensino-aprendizagem Circenses, da Música e das Artes Integradas,
da arte que se deseja ter, mesmo que este considerando as novas tecnologias, como in-
não seja um processo imediato. A Proposta ou ternet e multimídia e seus espaços de com-
Abordagem Triangular que consiste em três di- partilhamento e de convívio, estabelecendo

118 Novo Ensino Médio – Caderno 1


relação entre mídia, política, mercado e consu- a sensibilidade e a criatividade. Porém, as Ar-
mo. Nessa perspectiva, é importante garantir tes Visuais não devem se restringir somente
o respeito às diversas culturas presentes na ao visual, podendo ser atribuídos significados
formação da sociedade brasileira, em especial, ao abordar outras manifestações artísticas
as matrizes indígenas e africanas. locais ligadas às linguagens da Arte, como a
Dança, o Teatro e a Música, com a interface
Muito se tem discutido, recentemente, acerca das Artes Integradas, fazendo a interdisciplina-
da importância de valorizar as expressões da ridade entre ambas.
linguagem estética na Arte, contribuindo para
o respeito, à diversidade, a sustentabilidade, Na abordagem triangular, que enfatizam-se as
assegurando uma ação docente efetiva que vertentes para a melhoria do ensino e apren-
promova aprendizagens significativas, conhe- dizagem em Arte: o fazer artístico, a leitura
cendo e sabendo utilizar os diferentes proce- da imagem e a contextualização histórica, o
dimentos da produção artística, que envolvam foco deixa de ser o produto, pois atualmente,
a sensibilidade, a intuição, a subjetividade, o ambos estão inseridos no mesmo patamar. A
aspecto emocional, a educação inclusiva, o observação da obra de arte faz parte do pro-
pensamento, as experiências inter classe e ex- cesso de ensino e aprendizagem suscitando
traclasse, para compreender e fazer uma análi- ao mesmo tempo produção, fruição e a refle-
se crítica acerca da realidade do mundo que o xão, de forma significativa, devendo abranger
capacita no exercício da cidadania, promoven- o ensino e aprendizagem, buscando interagir
do um diálogo intercultural, assegurando o seu com os produtores e suas produções artísticas
desenvolvimento pleno das habilidades, sendo piauienses.
capazes da transformação do seu meio através
da Arte, com vistas a impulsionar o desenvolvi-
mento integral do aluno. Música

Nesse contexto, na etapa do Ensino Médio, o O panorama musical presente na cultura


professor deve ser o mediador que possibilita piauiense é contagiante com múltiplas diversi-
o desenvolvimento das competências, levando dades musicais de saberes que constituem tal
o aluno a ter um pensamento crítico, argumen- fenômeno ao longo de sua história, com uma
tativo, investigativo e criativo, a desenvolver mistura de estilo, numa combinação de sons
seu projeto de vida que o capacita para o mun- e ritmos bem musicais presentes em sua cul-
do do trabalho e da cidadania, a valorizar seu tura que abrange todas as camadas e idades
repertório cultural, a conhecer da diversidade, do Estado. Essa expressividade musical, se
a se conectar ao mundo tecnológico, a ter em- intensificam em seus repertórios, como forró,
patia, a ser colaborativo e responsável, contri- xote,toada, baião, afoxé, dentre outros, ao som
buindo na sua formação integral, enfim, a ser da zabumba, sanfona, triângulo, rabeca, ban-
agente e protagonista do seu próprio processo dolins, etc,  com grande estilo e categoria na
de ensino e aprendizagem. criatividade presente nas letras e melodias.

Essa cultura musical deverá ser pautada no


Linguagens da Arte interesse do aluno, considerando suas intera-
ções sociais, possibilitando-os ter um contato
Artes Visuais com o mundo do trabalho com as mídias di-
gitais contemporâneas e na autoria das práti-
As Artes Visuais são linguagens vistas como cas de processos criativos na música, tendo o
uma ciência que estuda o visual, aborda uma aprofundamentos de sua formação no Ensino
série de significações, como o senso estético, Médio, tanto na formação geral básica quan-

Currículo do Piauí 2021 119


to nos itinerários formativos, fazendo a inter- De acordo com Boal (2011, p.139), no ensino
disciplinaridade com as outras linguagens do de Teatro, o professor deve levar em conta que
componente Arte: as Artes Visuais, a Dança, e os jovens educandos têm direito à aprendiza-
o Teatro, tendo uma articulação com a Unida- gem, à utilização de jogos teatrais com o uso
de Temática das Artes Integradas, bem como de metodologias ativas (canal para a aprendiza-
de outros componentes curriculares no Ensi- gem), a ter acesso às tecnologias contemporâ-
no Médio, de acordo com o que preconiza a neas, a buscar possibilidade de conhecimento
BNCC. da diversidade cultural, tendo contato com
culturas variadas, valorizando seu repertório
Dessa maneira, quanto ao que deverá ser en- pessoal, interagindo com os elementos pró-
sinado aos estudantes jovens, Schafer (2011, prios do Teatro: corpo, voz, face, gestos, movi-
p. 272) aborda que “Todo professor deve se mento, improvisação, interpretação e atuação.
permitir ensinar diferentemente ou ao menos Atuar em diversas situações, como saber a di-
imprimir, no que ensina, sua personalidade”. ferença entre palco e plateia.
Independentemente de dom ou talento, todo
ser humano através da música consegue se Desse modo, conhecendo a realidade no con-
expressar, a música contribui de forma signi- texto regional piauiense em que a cultura do
ficativa no processo pedagógico, enfatizando Teatro é escassa, tendo em vista a falta de
que o professor deve ser o espelho, no ato de incentivo governamental para seu fomento,
ensinar e aprender. Dessa maneira, o contato falta incentivo da população, pouco interesse
do estudante com o novo formato do Ensino da juventude em conhecer seus espetáculos,
Médio, deverá abordar além de outras temá- há pouco engajamento e interesse dos alunos
ticas, os temas transversais, por seu caráter nas aulas de Teatro na escola. Nesse sentido,
cultural que serão contemplados de forma in- é importante enfatizar alguns aspectos que
terdisciplinar e trabalhados com profundidade contribuem para um ensino e aprendizagem
pelo professor, que precisa entender a realida- de Teatro de forma mais prazerosa e que tenha
de dos jovens com uma linguagem mais pro- sentido para os educandos, permitindo viven-
pícia no processo de ensino e aprendizagem. ciar um ambiente de pluralidade no contexto
regional nos aspectos socioculturais, ambien-
tais e educacionais, fazendo a interdisciplina-
Teatro ridade com as linguagens da Arte, bem como
de outras áreas do conhecimento, conforme
O Teatro é uma das linguagens artísticas que PCNs Arte/Teatro.
se manifestam no cenário piauiense, reinven-
tando-se com suas características próprias de
diversidades poéticas, inventivas e estimulan- Dança
tes, recriando o universo teatral em um clima
de descontração e encantamento. Tal expres- A Dança é uma das linguagens da Arte que ex-
sividade busca contribuir na formação de pla- pressa as emoções e sentimentos, através do
téias, práticas educativas interdisciplinares, corpo, de forma articulada em qualquer idade,
expressividade, autonomia, consciência corpo- que no Piauí se apresenta em algumas frentes
ral e a capacidade de se relacionar em grupos, com variadas formas de comunicação, através
a fim de que possam interagir com as especifi- das danças típicas como: bumba-meu-boi, ma-
cidades regionais, tanto dos educandos, como rujada, balandê baião, cavalo piancó, folia de
do público em geral, buscando uma interação reis, quadrilhas juninas, entre outras, que foi
comunicativa de maior valorização das produ- passando de geração a geração e perdura até
ções teatrais cheias de regionalismo realizadas hoje nos costumes da população, bem como,
por aqui. de outras regiões do Brasil.

120 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Dessa forma, o ensino e aprendizagem da Dança 1. Contribuem para o processo cultural dos es-
poderá ser desenvolvida baseado na compreen- tudantes, interagindo por meio do audiovi-
são e prática dos princípios do movimento, que sual, registro, pesquisa, dos jogos teatrais,
incluem a técnica e habilidades motoras e cogni- das narrativas literárias de diferentes auto-
tivas, a expressão e capacidades coreográficas, res; das artes circenses, da música, da dan-
favorecendo a criatividade, a produção estética, ça, do teatro, das mídias sociais e digitais
a formação de cidadãos críticos, participativos e contemporâneas (performance art, a arte
responsáveis, levando em consideração práticas sonora, as instalações e esculturas sonoras,
baseadas no repertório que os alunos já trazem entre outras);
consigo, contribuindo na sua criatividade, o seu
protagonismo, a diversidade cultural e interdisci- 2. 
Favorecem a integração dos estudantes
plinaridades com as linguagens da Arte e com com a Arte através dos Itinerários Forma-
outras áreas do conhecimento. tivos no Ensino Médio, aprofundando seu
repertório cultural adquirido no ensino fun-
Por consequência, compreende-se que o lega- damental, sua pluralidade, a sua integração
do da Dança e a contextualização histórica, é com outras áreas do conhecimento, tendo
de primordial importância para compreender a o professor como mediador do ensino e
Arte enquanto fenômeno sociocultural e esté- aprendizagem na Arte.
tico, sendo essencial para o ensino e apren-
dizagem dos educandos, tanto no contexto Dessa forma, de acordo com as pesquisas
regional quanto nacional, dando vida a uma levantadas nesse texto, torna-se importante
cadência de corporalidade representada nos que o ensino de Arte na escola deve ser de-
movimentos rítmicos, criando uma harmonia senvolvido por um profissional que possua no
própria de espaço e no tempo, traduzidos no
mínimo, uma formação acadêmica na área de
corpo e na mente com poética e sentimento.
Arte, vivenciando os modos de sua produção
e de sua crítica, demonstrando que a mesma,
vai além de ser apenas leitura e representação.
Artes Integradas
Assim, espera-se que através da Arte no En-
sino Médio, os estudantes possam construir
Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a
sua identidade e autoestima, estudar e traba-
BNCC, na última versão, vêm ampliando as pos-
lhar liberando seus sentimentos e tensões,
sibilidades de experiências com as linguagens
aprimorar suas percepções, fatores estes que
do Componente Arte, incluindo as Artes Inte-
influenciarão positivamente na aprendizagem,
gradas, que vem como Unidade Temática, ex-
plorando as relações e articulações das práticas na sua relação com o eu, com o outro e com
artísticas e forma inter-relacionadas, que são as o mundo, se permitindo vivenciar o significado
propostas de corporalidade no mundo dança, e a experiência do apreciar, criticar e analisar,
os sons e ritmos na música, a linguagem visual exaltando a importância e o respeito pela cul-
nas artes visuais, os jogos teatrais no teatro, tura de uma comunidade, os valores éticos,
possibilitando ao aluno o uso de tecnologias da políticos e religiosos, que influenciam e carac-
informação e comunicação de forma a exercer terizam o sujeito.
seu protagonismo, sua criatividade, sua subje-
tividade no Ensino Médio, proporcionando, as-
sim, a interdisciplinaridade entre as linguagens Educação Física
da arte: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro,
cada uma dessas quatro linguagens – reúne Revisitando a trajetória da Educação Física nas
objetos de conhecimentos e habilidades para décadas anteriores aos anos 80, percebe-se
a melhoria do ensino e aprendizagem da Arte. que além das próprias limitações, condições de
Assim, as Artes Integradas: trabalho, valorização do profissional, na prática

Currículo do Piauí 2021 121


este componente curricular ainda apresenta pedagógicas projetadas para o ensino da Edu-
marcas de um modelo biológico de aptidão, uti- cação Física, não são suficientemente capazes
litário. Diferentes pressupostos, muitas vezes de dar conta da legitimação desse componen-
contraditórios e antagônicos, têm sido defendi- te curricular no âmbito escolar na atualidade.
dos e difundidos através do discurso e da prá-
tica pedagógica dos profissionais e estudiosos Estas questões enseja algumas considerações
dessa área. cabendo reconhecer, que a realidade é bem
mais complexa do que os esquemas mentais
Na década de setenta, a luta dos profissio- para explicá-la, portanto neste momento de
nais e estudiosos da Educação Física tinha a atualização dos documentos curriculares, não
finalidade de inserir e fazer cumprir de fato a podemos deixar passar despercebido as ques-
obrigatoriedade desse componente no âmbito tões culturais, os universos simbólicos e as
escolar resultando, nas reformas de 1971, em inquietações das crianças, jovens no sentido
que a educação Física tornou-se obrigatória compreender e atender os sujeitos dessa eta-
em todos os níveis de escolarização; a Lei de pa da Educação Básica, uma vez que temos
Diretrizes e Base – LDB (1996), em que pas- um quadro forte de evasão e abandono desses
sou a componente curricular com a mesma jovens. Neste ponto Carrano (2013, p. 15) des-
importância que todos os outros, com novos taca que a juventude vem ganhando:
arranjos relacionadas a estrutura didática e au-
tonomia das escolas e sistemas de ensino. Os […] contornos próprios em contextos históri-
PCNs (1999) apontam propostas para desen- cos, sociais e culturais distintos. As distintas
volvimento do componente, orientando profes- condições sociais (origem de classe e cor da
sores a trabalhar de forma lúdica sem perder o pele, por exemplo), a diversidade cultural (as
caráter educativo. E ainda, coloca a Educação identidades culturais e religiosas, os diferentes
Física como área de estudo fundamental para valores familiares, etc.), a diversidade de gêne-
compreensão do ser humano, enquanto produ- ro (a heterossexualidade, a homossexualidade,
tor de cultura. a transexualidade) e até mesmo as diferenças
territoriais se articulam para a constituição das
Atualmente, o desafio desses profissionais diferentes modalidades de se vivenciar a juven-
encontra-se na redefinição da identidade da tude. Além das marcas da diversidade cultural
educação física escolar, considerando que a e das desiguais condições de acesso aos bens
relação objetivo-conteúdo– forma suporte a econômicos, educacionais e culturais, a juven-
re-significação do conhecimento, como prática tude é uma categoria dinâmica. Ela é transfor-
social e cultural integrada com a consecução mada no contexto das mutações sociais que
das finalidades da instituição escolar. Esse de- vêm ocorrendo ao longo da história. Na realida-
safio implica em superar a histórica da subordi- de, não há tanto uma juventude e sim jovens,
nação da identidade da educação física escolar enquanto sujeitos que a experimentam e a
às tendências, aos valores, aos códigos e às sentem segundo determinado contexto socio-
orientações conceituais e metodológicas que cultural em que se inserem e, assim, elaboram
têm sido forjadas a partir de qualquer institui- determinados modos de ser jovem. É nesse
ção externa à escola como assinala Bracht, sentido que enfatizamos a noção de juventu-
(1991). des, no plural, para enfatizar a diversidade de
modos de ser jovem existente.
As produções intelectuais que no iníciotinham
preocupação com a dimensão da legalidade, Por conseguinte, quando se fala em estudan-
agora discorrem sobre a questão da legitimida- tes do Ensino Médio deve-se fazer referência
de da Educação Física. Esse é um dos desafios a sujeitos das diferentes juventudes que estão
premente, na medida em que as conjecturas em processo de construção identitária.

122 Novo Ensino Médio – Caderno 1


A solução dessa tensão pode-se dar consi- cialidades desse componente na Educação
derando o critério último que justifica essas Básica. O documento, Base Nacional Curricu-
posições: o ser humano. Surge a pergunta, a lar Comum – BNCC (2018) com o compromis-
Educação Física, hoje como está sendo desen- so de aproximação dos aspectos concretos
volvido nas escolas promove a dignidade huma- da aprendizagem, reconhece que a Educação
na, possibilitando-lhes expressar e desenvolver Física proporciona densa possibilidade de ex-
todos os seus talentos? Conhecimento, expe- periências para crianças, jovens e adultos na
riências? Promove relações harmônicas entre educação básica, implicando na expansão e
pessoas, entre grupos sociais? Promove uma acesso a um extenso universo cultural. Acres-
relação com a natureza que a reconheço como centa, pois, que o referido componente inclui
dádiva que devemos às futuras gerações? Pro- saberes corporais, experiências estéticas, afe-
move a produção, a circulação e o consumo de tivas, lúdicas e agonista, como proposições
bens que assegurem a todos uma vida digna e que guiam a busca pela qualidade do trabalho
respeitem o ambiente? Enfim, promove e ins- pedagógico sem reduzi-lo à racionalidade típi-
pira-se nela a relação com o transcendente? ca dos saberes científico que, freqüentemen-
te, orienta as práticas pedagógicas.
O ponto a resolver esta na tensão, entre a me-
mória e o sonho, é a busca pelo equilíbrio que Nessa dinâmica, a prática educativa deve ser
não é meio termo, mas contemplação dessas compreendida a partir de um conjunto de co-
dimensões numa relação dialógica e dinâmica nhecimentos organizados em torno de inten-
a partir de discussões como, por exemplo, qual cionalidades, procurando criar mecanismos de
tipo de conhecimento é valorizado e por quem, ação que implicam valores, orientações, códi-
tendo em vista, que uma posição pode mudar gos e semânticas no sentido de tornar exeqüí-
de acordo com o contexto social e histórico. veis as propostas consentidas no sentido da
Este cenário, provoca em toda comunidade manutenção, modernização ou transformação
escolar uma pausa, para a identificação e aná- cultural. Portanto, uma prática pedagógica que
lise crítica das concepções auto definidas de incorpore a reflexão contínua e coletiva, de
abordagens de ensino, examinando-as partir forma a assegurar que a intencionalidade pro-
de que contextos estão sendo elaboradas e se posta seja disponibilizada a todos, como argu-
justificam, e que referencial didático-pedagó- menta, Franco (2016).
gico está viabilizando a síntese teoria-prática.
Portanto a direção da prática pedagógica da
Nota-se que as tendências (higienista, militar, educação física, deve estar alinhada ao princí-
pedagogicista, competitivista e popular) são pio da mediação crítica entre teoria e prática,
classificações que caracterizam períodos his- assegurando que os alunos (re) significar os
tóricos da Educação Física, esquemas mentais conhecimentos, como ferramentas mentais
que ajudam na compreensão da realidade. Po- que auxiliem na compreensão a respeito dos
rém a realidade é bem mais complexa e es- seus movimentos e dos recursos para o cui-
tas valorizações vão sendo corrompidas pelas dado de si e dos outros. E ainda, Desenvolver
pressões provocadas pelos diferentes estados autonomia para apropriação e utilização da cul-
sucessivos da sociedade. E mas, estas mudan- tura corporal de movimento em diversas finali-
ças não vão acontecendo isoladamente, estão dades humanas, favorecendo sua participação
ligadas em relações complexas, requerendo de forma confiante e autoral na sociedade.
conceitos que lidem com esta complexidade.
A escola, entendida como “locus” político-
Portanto, experimentar e analisar as diferen- -social de promoção e circulação dos conhe-
tes formas de expressão que não se alicerçam cimentos culturais apreendidos e elaborados
apenas nessa racionalidade é uma das poten- historicamente, com a função básica de de-

Currículo do Piauí 2021 123


senvolver habilidades, atitudes e pautas de mento e de experiência aos quais ele não teria
comportamento para a formação do cidadão de outro modo, como conferir o documento
para sua intervenção na vida pública, de forma da BNCC (2018). Conclui-se que a vivência da
crítica, deve também ser um espaço privilegia- prática corporal suscita conhecimentos muito
do para a prática das atividades corporais. O específicos, expressivos, porém, necessita
planejamento das aulas deve assegurar que as como o próprio documento destaca, problema-
práticas corporais sejam apresentadas como tizar, desnaturalizar e vivenciar a multiplicidade
fenômeno cultural dinâmico, diversificado, plu- de sentidos e significados que os grupos so-
ridimensional, singular e contraditório, e nunca ciais atribuem às diferentes manifestações da
como possibilidades de aprendizagem “espon- cultura corporal de movimento.
taneísta” e automotivada.
A Educação Física escolar, neste documen-
Diante do exposto, o ponto primordial para as to, como atividade curricular versa peda-
mudanças passa, obrigatoriamente, por uma gogicamente, da reflexão e da prática de
atualização do currículo no que cerca a Edu- conhecimentos e habilidades do que estamos
cação Física. Currículo como defende Gómez denominando de cultura corporal. Esta se con-
(1998), fundado no pensamento de (STE- figura através de temas ou formas de ativida-
NHOUSE, 1984) como um documento vivo des particularmente corporais, tais como: os
em que ofereça modelos propícios de com- jogos recreativos e esportivos; a ginástica; a
partilhamento de princípios e propostas edu- dança; as manifestações folclóricas, dentre ou-
cativas, com características de flexibilidade, tras práticas que constituem seu conteúdo.
aberto à reflexão crítica e passíveis de serem
efetivamente colocados em prática.
Cultura corporal e Educação Física
Por esta razão, as questões culturais não po-
dem passar despercebidas neste processo de Educação Física no ensino médio deve integrar
reconstrução do currículo pelos educadores o aluno na cultura corporal do movimento, ali-
sob o risco da escola se distanciar dos univer- nhando aos objetivos educacionais, facilitando
sos simbólicos e das inquietudes das crianças e promovendo a educação do corpo e movi-
e jovens. Este Reconhecimento do universo mento para diversidade. Isso significa formar
multicultural pelo aluno prepara-o para en- o cidadão não apenas para a reprodução dos
frentamento e discernimento na escolha de movimentos, mas para usufruir destes, como,
respostas efetivas às questões postas pela jogos, dança, lutas, em benefício de sua quali-
sociedade, em particular sobre as desigualda- dade de vida e da qualidade das suas relações
des impostas aos sujeitos de forma por vezes com meio ambiente e com os outros seres hu-
inevitável. Incluem-se neste contexto a busca manos.
de práticas sociais/culturais que induzem a
solidariedade, a colaboração, a crítica e a cria- Seguindo esta linha, os planos de ensino de-
ção evocado pela educação multicultural têm vem ter caráter inclusivo e participativo para
influenciado os vários componentes curricula- suplantar o histórico da Educação Física, que,
res, dentre eles a educação Física. embora estejamos em pleno século XXI, ainda
adotamos em muitos momentos a seletivida-
A experiência efetiva das práticas corporais de do indivíduo em aptos e inaptos.
deve oportunizar aos alunos participar de for-
ma autônoma, contextos de lazer e saúde, Nesse processo de atualização do currículo, o
compreendendo a complexidade do corpo grande desafio é tornar claro para sociedade
humano nos seus diversos aspectos de exis- quais conhecimentos específicos de fato trata
tência. Cada prática corporal deve propiciar ao o componente curricular. Esta clareza implica
sujeito o acesso a uma dimensão do conheci- compreender em que sentido estes conheci-

124 Novo Ensino Médio – Caderno 1


mentos impactam na formação do estudante, manas. A visão de um corpo visto apenas pela
numa posição de sujeito reflexivo e conscien- ótica biológica reduz a amplitude de compreen-
te e críticoacerca das diferentes práticas cor- são do ser humano, nega seu caráter multidi-
porais. Para que a prática do professor seja mensional.
aprimorada, é importante refletir e avaliar: A
Educação Física como área de conhecimen- Por este ângulo, o ensino dos jogos, das lutas,
to tem contribuindo com desígnio formador da dança, da ginástica e outras manifestações
da escola? Os estudantes compreendem a culturais do movimento humano deve provo-
Educação Física como componente curricu- car a participação criativa do aluno, enquanto
lar, em comparação com os outros? O porquê cultura de seu cenário vital cotidiano, como su-
de realizá-lo, deste ou daquela maneira? Que gere Goméz (1998). A Compreensão do que
contribuições essa prática traz para sua vida? fazemos com o nosso corpo deverá ser re-sig-
O estudante efetivamente se apropria de uma nificada e percebida dentro de um contexto
cultura corporal e estabelece relações deste que pode ser lido como a cultura corporal. A
saber com outros saberes para soluções prá- contribuição dessas discussões sobre as ques-
ticas do seu cotidiano? tões culturais são vitais para a Educação Físi-
ca, porque redimensiona o olhar sobre o corpo,
A noção de construção cultural é fundamen- pois oportuniza observá-lo não mais como um
tal para a compreensão de como devem ser amontoado de ossos, músculos, articulações,
desenvolvidas as aulas, o que reforça a impor- nervos e células.
tância de se discutir qual a influência que os
aspectos culturais têm sobre elas. Para o autor Partindo dessa concepção, ressalta-se que
Daolio (1999, p.35) quando a escola assume o planejamento das aulas de Educação Físi-
o seu planejamento com esta postura (…) Há ca deve acolher às experiências culturais das
que considerar, primeiro a história, a origem e atividades corporais, guiados pelo respeito às
o local daquele grupo específico, depois, suas regras, tradições e significados para cada co-
representações sociais, emolduradas pelas ne- munidade, tendo como critério de mediação,
cessidades, seus valores e seus interesses. a realidade histórico-cultural, as experiências
dos alunos e a competência político-pedagó-
Portanto, o significado atribuído à cultura é o gica do professor. Os objetivos de ensino de-
ponto de partida para as discussões que cir- vem expressar um processo vivo de relações e
culam nesse texto, pois dá subsídios para as trocas, dentro de um contexto, natural em que
discussões sobre as formas de manifestações as diferentes manifestações da cultura corpo-
culturais que estão relacionadas ao corpo. De- ral, em coerência com o estágio de desenvol-
cifrá-las e transportá-la didaticamente, é uma vimento do aluno, se constituam na fonte de
das tarefas do professor. Os condicionantes seleção dos conteúdos de ensino.
socioculturais que influenciam o comporta-
mento das pessoas precisam ser considera-
dos pelo professor em sua mediação. Educação Física – interface Ensino
Fundamental e Médio
Segundo os autores que compõem o Coletivo
de Autores (2011), o professor de Educação Fí- A Educação Física faz parte do universo dos
sica ao aderir esta proposta precisa levar o alu- conhecimentos humanos relativos às manifes-
no a compreender que o homem não nasceu tações das intenções e da comunicação. Neste
pulando, saltando, arremessando, balançando, sentido faz-se necessário que o planejamento
jogando etc. Todas essas manifestações cor- de ensino desse componente contribua para
porais foram induzidas em determinadas épo- que os alunos compreendam que cada cultura
cas históricas, como respostas a determinados tem uma interpretação diferente, um Código
estímulos, ou desafios, ou necessidades hu- Cultural diferente, do nosso dia a dia, e que

Currículo do Piauí 2021 125


muitos desses códigos relacionam-se com o seus sinais, vislumbrar em profundidade as
universo da cultura corporal de movimentos, novidades de processos humanos que estão
devendo ser interpretados, discutidos e ressig- acontecendo, para compreender, analisar, in-
nificados durante as aulas de Educação Física tervir. Esta formação deve iniciar na educação
na escola. infantil, permeando o ensino fundamental e
aprofundando no ensino médio.
No Ensino Fundamental, as brincadeiras e os
jogos desenvolvem processos de leituras so- O professor de Educação física, principal respon-
bre dinâmicas sociais utilizando-se da imagi- sável pela organização das situações de apren-
nação na busca de respostas aos problemas dizagem, precisa estar convencido a respeito
reais do cotidiano. Gilles Brougère (2001) cha- do valor das práticas corporais que envolvem a
ma a atenção para esses aspectos culturais e Educação Física Escolar em todos os níveis de
sociais envolvidos na brincadeira na tentativa ensino. É fundamental que o planejamento pe-
de romper com o mito de que a brincadeira dagógico seja anual e semanal das aulas com
é natural na criança. (…) “A brincadeira é um objetivos claros e que desenvolvam as compe-
processo de relações interindividuais, portan- tências como investigar, interpretar, raciocinar,
to de cultura. É preciso partir dos elementos e intervir na realidade, prevista na BNCC (2018),
que ela vai encontrar em seu ambiente ime- de modo que possam ampliar suas possibilida-
diato, em parte estruturado por seu meio, para des de atuação na escola e na vida.
se adaptar às suas capacidades. A brincadeira
pressupõe uma aprendizagem social” (BROU- Desse modo, como observa os Parâmetros
GÈRE, 2001, p. 97). Curriculares Nacionais (1997), a organização
dos conteúdos precisam guardar níveis cres-
No Ensino Fundamental a Educação Física centes de complexidade para cada etapa de
procura garantir a ampliação das práticas de desenvolvimento, envolvendo articulação en-
linguagens, seus repertórios, análise das ma- tre teoria e prática na metodologia utilizada.
nifestações corporais e como essas consti- Deixar claro aos alunos que a aula de Educa-
tuem a vida social em diferentes culturas, das ção Física não é apenas lazer e recreação, mas
locais as nacionais. No Ensino Médio, visa à que envolve uma série de conhecimentos que
consolidação e a ampliação das habilidades de poderão trazer muitos benefícios para saúde e
uso e reflexão sobre as linguagens corporais. qualidade de vida, quando colocados em práti-
Aprofunda o trabalho desenvolvido no Ensino ca no cotidiano.
Fundamental oferecendo oportunidade para
que os estudantes possam compreender as Portanto as práticas corporais desenvolvidas
relações intricadas nas representações sociais na escola, agregando sentidos a linguagem
expressas nas práticas corporais, observan- corporal, devem estabelecer entre os alunos
do o caráter de integralidade do homem com relações individuais e coletivas, que lhe per-
patrimônio cultural, as diferentes esferas e os mitam situações reais, e consequentemen-
campos diversos de atividade humana de cada te, a possibilidade de (re)criação, elaboração
comunidade. e organização dessas práticas corporais, nos
diferentes espaço/tempo sociais, assumindo
o papel de protagonistas do/no usufruto das
Práticas Corporais (Jogos e Brincadei- manifestações da cultura corporal.
ras, danças, lutas, ginásticas, esporte e
atividades corporais de aventura) Assim sendo, espera-se, que os conhecimen-
tos abordados no Ensino Médio, além das
A realidade atual e complexa exige um corpo proposições técnicas e orientação da prática,
ágil, consciente, multidisciplinar para captar devem deixar claros o significado real e os va-

126 Novo Ensino Médio – Caderno 1


lores que estas ações originam, em função do além de prepará-lo para atuar nos diversos
contexto metodológico e institucional em que campos, sejam culturais, de estudo ou pesqui-
estas se desenvolvem como enfatiza Sacristan sas, de modo a aprofundar sua compreensão
(1998). Que possam suscitar nos estudantes sobre o mundo. Isso, numa visão intercultural
uma participação política mais efetiva no que e desterritorializada, considerando as práticas
se refere à organização dos espaços e recur- sociais no mundo digital.
sos públicos de prática de esporte, ginástica,
dança, luta, jogos populares, entre outros. O componente curricular de Língua Inglesa
foi definido pela Base Nacional Comum Cur-
ricular (BNCC – homologada em 2017) como
Língua Inglesa o idioma estrangeiro obrigatório a ser ensina-
do para a Educação Básica a partir do Ensino
O ensino de Língua Inglesa no Brasil teve início Fundamental II de todas as escolas brasileiras.
em meados do século XIX, ocupando, a partir Assim, apresenta as habilidades específicas
de então, a posição de idioma clássico de es- do componente considerando o os alunos do
tudo obrigatório, idioma este que ao longo dos Ensino Fundamental devem dominar e que são
anos sofreu inúmeras mudanças no que diz aprofundadas na última etapa da Educação bá-
respeito ao espaço e obrigatoriedade de oferta sica. A Língua Inglesa é Integrante da área de
nas grades curriculares das escolas regulares. Linguagens, que tem em sua composição 07
competências e 27 habilidades no Ensino Mé-
Em 1996, quando a nova LDB/96 foi promul- dio, como se destaca na competencia a seguir:
gada, o texto do Art. 26, § 5o passa a dispor
que na parte diversificada do currículo será (1) Compreendida como língua de uso mundial,
incluído obrigatoriamente o ensino de, pelo pela multiplicidade e variedade de usos,usuários
menos uma língua estrangeira moderna, fican- e funções, o que a caracteriza como língua fran-
do a escolha a cargo da comunidade escolar, ca, uma vez que através dela, embora as pessoas
alinhado às possibilidades das redes e institui- não dominem, elas conseguem se comunicar e
ções de Ensino Médio de caráter obrigatório, se fazerem ser compreendidos pelo receptor na
permitindo aos sistemas de ensino, em cará- contemporaneidade (BNCC, 2018, p. 476).
ter optativo ofertar outras línguas estrangeiras,
preferencialmente o Espanhol. Isso torna o inglês um componente legitimado
pela Base como língua franca uma oportunida-
Assim, a Língua Inglesa apresenta-se, desde a de de acesso ao mundo globalizado, deixando
LDB com a reforma do Ensino médio, compo- de ser apenas dos falantes nativos, o que favo-
nente de oferta obrigatória aos currículos dos rece o ensino da língua com mais intercultura-
sistemas de ensino. A oferta do idioma como lidade, porque varia com diferentes contextos.
componente curricular obrigatório no Ensino
Médio possibilita o atendimento das atuais ne- O texto da Base define ainda como objetivo
cessidades de colocar o estudante da educa- para o ensino de língua Inglesa que os estudan-
ção básica em contato com uma língua, que tes devem desenvolver competências e habili-
politicamente é considerada língua global, de dades a partir de uma perspectiva de educação
comunicação internacional cuja aprendizagem linguística consciente, crítica e reflexiva, de
é instrumento para aquisição de conhecimen- forma que a aprendizagem do idioma propicie
tos, exercício da cidadania e símbolo de partici- aos estudantes o acesso a novos percursos de
pação em um mundo plurilíngue e globalizado. construção de conhecimento e o exercício da
O mapa de habilidades e objetivos propostos cidadania ativa, permitindo-lhes vivenciar “no-
para o ensino do componente pressupõe o vas formas de engajamento e participação em
desenvolvimento de habilidades que ampliam um mundo social cada vez mais globalizado e
a consciência crítica e reflexiva do estudante, plural” (BNCC, 2018, p. 239).

Currículo do Piauí 2021 127


Assim, o ensino de Língua Inglesa está anco- ção dos alunos em um mundo social cada vez
rado na perspectiva de uma abordagem volta- mais globalizado e plural, em que as frontei-
da para a oralidade e para o seu uso em um ras entre países e interesses pessoais, locais,
viés que transcende uma aprendizagem vol- regionais, nacionais e transnacionais estão
tada para estruturas linguísticas, passando ao cada vez mais difusas e contraditórias. Assim,
universo das estruturas sociais e de aspectos o estudo da Língua Espanhola possibilita aos
culturais: “(2) De acordo com a BNCC consi- alunos ampliar horizontes de comunicação e
derar que há juventudes implica organizar uma de intercâmbio cultural, científico e acadêmi-
escola que acolha as diversidades e que reco- co e, nesse sentido, abre novos percursos de
nheça os jovens como seus interlocutores legí- acesso, construção de conhecimentos e par-
timos sobre currículo, ensino e aprendizagem” ticipação social. É esse caráter formativo que
(BNCC, 2017, p. 463). inscreve a aprendizagem de espanhol em uma
perspectiva de educação linguística, conscien-
Dessa forma, essse texto que apresenta a te e crítica, na qual as dimensões pedagógica
contextualização para o ensino de Língua In- e política são intrinsecamente ligadas.
glesa no Ensino Médio está sequenciado do
Contexto Histórico da oferta e os Marcos le- Ensinar espanhol com essa finalidade tem,
gais que fundamentam o ensino da língua no para o currículo, duas implicações importan-
país e no estado do Piauí, apresentando uma tes. A primeira é que ela obriga a rever as
abordagem crítica da inserção da língua no cur- relações entre língua, território e cultura, na
rículo, sendo considerada inicialmente como medida em que os falantes de espanhol já não
língua estrangeira moderna e, posteriormen- se encontram apenas nos países em que ela
te assumindo o status de língua franca, pois tem o caráter de língua oficial. Trata-se, por-
permite a integração com grupos multilíngues tanto, de definir a opção pelo ensino da língua
e multiculturais no mundo global. Em seguida espanhola como língua franca, uma língua de
são apresentados aspectos que constituem a comunicação internacional utilizada por falan-
aprendizagem da língua inglesa e a organização tes espalhados no mundo inteiro, com diferen-
curricular com abordagem das competências e tes repertórios linguísticos e culturais. Essa
habilidades gerais e específicas da língua para perspectiva permite questionar a visão de que
o Ensino Médio. o único espanhol correto – e a ser ensinado – é
aquele falado por espanhóis, por exemplo.
Assim, espera-se que estudantes, professores
e a comunidade escolar piauiense façam uso Desse modo, o tratamento do espanhol como
da língua em diferentes contextos interacionais língua franca o desvincula da noção de per-
e comunicativos, possibilitando o compartilha- tencimento a um determinado território e,
mento de experiências e abrindo caminhos consequentemente, há culturas típicas de co-
para que o aprendizado e a aplicação da língua munidades específicas. Esse entendimento fa-
aconteçam de forma natural e fruitiva e ain- vorece uma educação linguística voltada para
da, que seja meio para ampliar o engajamento a interculturalidade, isto é, para o reconheci-
discursivo nas redes sociais e demais softwa- mento das (e o respeito às) diferenças, e para
res que permitam as trocas de informação no a compreensão de como elas são produzidas.
mundo interativo e globalizado. A segunda implicação diz respeito à ampliação
da visão de letramento, ou melhor, dos letra-
mentos, concebida especialmente nas práticas
Língua Espanhola sociais do mundo digital – no qual saber a lín-
gua espanhola potencializa as possibilidades
Aprender a língua espanhola propicia a criação de participação e circulação – que aproximam
de novas formas de engajamento e participa- e entrelaçam diferentes semioses e linguagens

128 Novo Ensino Médio – Caderno 1


(verbal, visual, corporal, audiovisual). Essas queda de salários para os cidadãos nacionais
práticas criam novas possibilidades de identi- das comunidades receptoras. Um deles é a lín-
ficar e expressar ideias, sentimentos e valores. gua materna (espanhol) ajudando com a língua
portuguesa.
O ensino de uma língua estrangeira deve partir
não somente dos conteúdos linguísticos corres- De acordo com Santos (2017), professor da
pondentes a ela, mas, também, correlacionar o Universidade Estadual do Piauí, ex-presiden-
seu aprendizado aspectos vinculados à língua te da Associação de Professores de Espanhol
como um todo. Esses aspectos correspondem do Estado de Alagoas e atual presidente da
a questões relativas ao povo que fala e vive Associação de Professores de Espanhol do
o idioma em estudo, tais como: geográficos, Estado do Piauí, “A aprendizagem da Língua
culturais, econômicos, sociopolíticos e outros, Espanhola é uma possibilidade de aumentar a
tornando o processo aprendizagem mais rico autopercepção do aluno como ser humano e
e significativo para aquele que aprende. Com como cidadão. Por esse motivo, ela deve cen-
relação à aprendizagem da língua espanhola, trar-se no engajamento discursivo do aprendiz,
como segunda língua, em sala de aula, tem-se ou seja, em sua capacidade de se engajar e
um campo vasto de conteúdos relacionados a engajar outros no discurso de modo a poder
ela, além dos linguísticos. No caso específico, agir no mundo social”.
são instrumentos que com ela relacionam-se.
Um deles é o Mercosul (Mercado Comum do Para que isso seja possível, é fundamental que
Sul), visto como elemento de integração dos o ensino de Língua Estrangeira, no caso do es-
países do Cone Sul. panhol, seja balizado pela função social desse
conhecimento na sociedade brasileira, e princi-
A Constituição Federal de 1988 trata em seu palmente no Estado em tela. Tal função está,
Parágrafo Único, do Artigo 4o.: “A República principalmente, relacionada ao uso que se faz
Federativa do Brasil buscará a integração eco- de Língua Estrangeira via leitura, embora se
nômica, política, social e cultural dos povos da possa também considerar outras habilidades
América Latina, visando à formação de uma comunicativas em função da especificidade
comunidade latino-americana de nações”. É de algumas línguas estrangeiras e das condi-
de suma importância e constitucional esta in- ções existentes no contexto escolar. Além dis-
tegração entre os países e suas línguas, onde so, em uma política de pluralismo linguístico,
o Brasil e seus entes federados, não podem condições pragmáticas apontam necessidade
esquecer de incluir no sistema educativo a lín- de considerar três fatores para orientar a inclu-
gua espanhola. são de uma determinada língua estrangeira no
currículo: fatores relativos à história, às comu-
Outra relação que se deve ter no nosso siste- nidades locais e à tradição.
ma educacional a partir da língua espanhola é o
acolhimento dos refugiados latino-americanos, Duas questões teóricas ancoram os parâme-
haja vista que muitos que vêm ao nosso Esta- tros de Língua Estrangeira: uma visão socioin-
do do Piauí, são hispano-falantes. Os esforços teracional da linguagem e da aprendizagem. O
de apoio no nível regional devem ser redobra- enfoque sociointeracional da linguagem indica
dos em vários aspectos, mas especialmente que, ao se engajarem no discurso, as pessoas
no contexto da assistência humanitária e na consideram aqueles a quem se dirigem ou
cooperação internacional. É fundamental pro- quem se dirigiu a elas na construção social do
porcionar a inclusão social laboral dos refugia- significado. É determinante nesse processo
dos e migrantes para que acessem o trabalho o posicionamento das pessoas na instituição,
formal sem exploração laboral (venezuelanos, na cultura e na história. Para que essa natu-
bolivianos e peruanos, por exemplo) sem uma reza sociointeracional seja possível, o aprendiz

Currículo do Piauí 2021 129


utiliza conhecimentos sistêmicos, de mundo competências e 28 habilidades no Ensino Mé-
e sobre a organização textual, além de ter de dio. Compreendida como língua de uso mun-
aprender como usá-los na construção social dial, pela multiplicidade e variedade de usos,
do significado via Língua Estrangeira. A cons- usuários e funções na contemporaneidade, o
ciência desses conhecimentos e a de seus espanhol é legitimado pela Base como uma
usos são essenciais na aprendizagem, posto oportunidade de acesso ao mundo globalizado,
que focaliza aspectos metacognitivos e desen- deixando de ser apenas dos falantes nativos,
volve a consciência crítica do aprendiz no que o que favorece o ensino da língua com mais
se refere a como a linguagem é usada no mun- interculturalidade, porque varia com diferentes
do social, como reflexo de crenças, valores e contextos. Conforme BNCC (2017, p. 476, gri-
projetos políticos. fo nosso), “IX – língua inglesa, podendo ser
oferecidas outras línguas estrangeiras, em ca-
No que se refere à visão sociointeracional da ráter optativo, preferencialmente o Espanhol,
aprendizagem, pode-se dizer que é compreen- de acordo com a disponibilidade da instituição
dida como uma forma de se estar no mundo ou rede de ensino (Resolução CNE/CEB no
com alguém e é, igualmente, situada na insti- 3/2018, Art. 11, § 4o )”.
tuição, na cultura e na história. Assim, os pro-
cessos cognitivos têm uma natureza social, O texto da Base define ainda como objetivo
sendo gerados por meio da interação entre um para o ensino de língua espanhola que os es-
aluno e um parceiro mais competente. Em sala tudantes devem desenvolver competências
de aula, esta interação tem, em geral, caráter e habilidades a partir de uma perspectiva de
assimétrico, o que coloca dificuldades especí- educação linguística consciente, crítica e re-
ficas para a construção do conhecimento. Daí flexiva, de forma que a aprendizagem do idio-
a importância de o professor aprender a com- ma propicie aos estudantes o acesso a novos
partilhar seu poder e dar voz ao aluno de modo percursos de construção de conhecimento e o
que este possa se constituir como sujeito do exercício da cidadania ativa, permitindo-lhes vi-
discurso e, portanto, da aprendizagem. venciar “novas formas de engajamento e par-
ticipação em um mundo social cada vez mais
Os temas centrais desta proposta são a ci- globalizado e plural” (BNCC, 2017, p. 241).
dadania, a consciência crítica em relação à
linguagem e os aspectos sociopolíticos da Assim, o ensino de língua espanhola está an-
aprendizagem de Língua Estrangeira. Esses corado na perspectiva de uma abordagem vol-
temas se articulam com os temas transver- tada para a oralidade, audição, leitura e escrita
sais dos Parâmetros Curriculares Nacionais, para o seu uso em um viés que transcende
notadamente, na possibilidade de se usar a uma aprendizagem voltada para dimensão lin-
aprendizagem de línguas como espaço para se guística, passando ao universo das dimensões
compreender, na escola, as várias maneiras de sociais e culturais.
se viver a experiência humana
Considerando que o público do Ensino Médio
O Componente Curricular de Língua Espanhola é o jovem e que nesta fase afloram dúvidas na-
foi definido pela Base Nacional Comum Cur- turais em relação à construção da identidade,
ricular (BNCC – homologada em 2017) como além dos aspectos citados acima, o ensino de
o idioma estrangeiro optativo a ser ensinado língua espanhola bem como dos demais com-
para a Educação Básica a partir do Ensino Mé- ponentes curriculares deve estar balizado na
dio de todas as escolas brasileiras. premissa de que o jovem tem características
peculiares e, portanto precisa garantir o prota-
A língua Espanhola é integrante da área de gonismo, a pluralidade e diversidade próprias
linguagens, que tem em sua composição 07 dessa faixa etária, proporcionando autonomia

130 Novo Ensino Médio – Caderno 1


e formação de estudantes críticos com capaci- estrangeira moderna e, posteriormente assu-
dade para definir seus projetos de vida. mindo o status de língua franca, pois permite a
integração com grupos multilíngues e multicul-
De acordo com a BNCC (2017, p. 464), “Para turais no mundo global.
atender às necessidades de formação geral,
indispensáveis ao exercício da cidadania e à Portanto, esperamos que estudantes, pro-
inserção no mundo do trabalho, e responder à fessores e a comunidade escolar piauiense
diversidade de expectativas dos jovens quan- façam uso da língua em diferentes contextos
to à sua formação, a escola que acolhe as interacionais e comunicativos, possibilitando o
juventudes têm de estar comprometida com compartilhamento de experiências e abrindo
a educação integral dos estudantes e com a caminhos para que o aprendizado e a aplicação
construção de seu projeto de vida”. da língua aconteçam de forma natural e fruitiva
e ainda, que seja meio para ampliar o engaja-
Desta forma, este texto que apresenta a con- mento discursivo nas redes sociais e demais
textualização para o ensino de Língua Espa- softwares que permitam as trocas de infor-
nhola no Ensino Médio está sequenciado do mação no mundo interativo e globalizado. Em
contexto histórico da oferta e os marcos legais seguida são apresentados aspectos que cons-
que fundamentam o ensino da língua no país e tituem a aprendizagem da Língua Espanhola e
no estado do Piauí, apresentando uma aborda- a organização curricular com abordagem das
gem crítica da inserção da língua no currículo, competências e habilidades gerais e específi-
sendo considerada inicialmente como língua cas da língua para o Ensino Médio.

Currículo do Piauí 2021 131


4 O Desenvolvimento de Competências e
Habilidades na Área de Linguagens

O presente tópico aborda alguns aspectos ne- para que possam manifestar-se através de-
cessários à compreensão do significado de respostas inéditas, criativas, considerando as
competências e habilidades, no contexto da linguagens artísticas, corporais, linguísticas e
área de Linguagem e suas Tecnologias, no in- digitais; e que se traduzem em compromisso
tuito de auxiliar o profissional de educação no de atuação com as novas realidades.
trabalho com os estudantes.
As habilidades expressam as aprendizagens
As dez competências gerais sumarizam os direi- essenciais que devem ser asseguradas aos
tos de aprendizagem e desenvolvimento dos es- alunos nos diferentes contextos escolares e
tudantes, sendo fundamental que todas sejam devem estar correlacionadas ao escopo de
manifestadas até o final da etapa do Ensino Mé- aprendizagem esperados pela competência
dio. No que tange às competências especificas específica. O Objeto do conhecimento diz
da área de Linguagem e do Componente Cur- respeito à seleção de conteúdos que o pro-
ricular (Língua Portuguesa) é fundamental que fessor pode lançar mão para desenvolver tais
sejam potencializadas de modo articulado com habilidades com os estudantes. Objetivos da
as competências gerais, que significa na prática, aprendizagem seria o desdobramento dessas
envolver as quatro dimensões da educação do habilidades pelo professor com a finalidade
século XXI: aprender a aprender, aprender a fa- de movimentar o estudante no sentido de de-
zer, aprender a ser e aprender a conviver. senvolver uma aprendizagem autônoma com a
mobilidade necessária para se relacionar com
As Competências Específicas da Área de Lin- os conteúdos, apropriar-se e utilizá-los quando
guagens guardam relação com conceitos dire- as diversas situações cotidianas demandarem.
tamente relacionados aos campos dos saberes
dos componentes curriculares, Língua Portu- O Documento Curricular de Referência (DCR)
guesa, Língua estrangeira, Arte e Educação do Estado do Piauí apresenta a área de Lingua-
Física. Nesse processo, serão mobilizados os gens composta por sete Competências Espe-
conhecimentos essenciais de cada componen- cíficas da Área que se encontram articuladas
te da área, imprescindíveis para a consolidação às dez Competências Gerais (conforme qua-
e ampliação das habilidades de uso e de refle- dro a seguir) às quais serão tratadas de forma
xão sobre as linguagens – artísticas, corporais transdisciplinar. No Ensino Médio, a área tem
e verbais (oral ou visual-motora, como Libras, a responsabilidade de propiciar oportunidades
e escrita) que se constituem como objeto de para a consolidação e ampliação das habilida-
estudos como prevê BNCC (2018). des de uso e de reflexão sobre as linguagens
– artísticas, corporais e verbais (oral ou visual-
Essas competências específicas da área em -motora, como Libras, e escrita) –, que são
articulação com os campos de atuação bus- objeto de seus diferentes componentes (Arte,
cam orientar as práticas de linguagem visan- Educação Física, Língua Inglesa e Língua Por-
do o desenvolvimento integral dos estudantes tuguesa (BNCC, p. 483).

Currículo do Piauí 2021 133


Quadro 1 – Competências Específicas relacionadas às Gerais

COMPETÊNCIAS ESPECIFICAS COMPETÊNCIAS GERAIS RELACIONADAS


01. Compreender o funcionamento das diferentes 01. Conhecimento
linguagens e práticas culturais(…)para ampliar as 02. Pensamento Científico, crítico e criativo
formas de participação social (…). 10. Responsabilidade e cidadania.
02. Compreender os processos identitários, confli- 08. Autoconhecimento e autocuidado
tos e relações de poder (…) exercitando o autoco- 09. Empatia e Cooperação
nhecimento(…).
03. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corpo- 04. Comunicação
rais e verbais) para exercer, com autonomia e cola- 07. Argumentação
boração, protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva(…)
04. Compreender as línguas como fenômeno (geo) 01. Conhecimento
político, histórico, cultural, social, variável, hetero- 04. Comunicação
gêneo e sensível aos contextos de uso (…)
05. Compreender os processos de produção e ne- 03. Repertorio Cultural
gociação de sentidos nas práticas corporais(…) 08. Autoconhecimento e autocuidado
09. Empatia e Cooperação
06.Apreciar esteticamente as mais diversas pro-
duções artísticas e culturais, considerando suas 03. Repertorio Cultural
características locais, regionais e globais,(…)
07. Mobilizar práticas de linguagem no universo di- 04. Comunicação
gital, considerando as dimensões técnicas, críticas, 05. Cultura Digital
criativas, éticas e estéticas, (…) 06. Trabalho e projeto de Vida
Fonte: BNCC, 2018.

As Habilidades da Área são ções e atuar socialmente com base em prin-


identificadas por um código cípios e valores assentados na democracia, na
alfanumérico com a seguinte igualdade nos Direitos Humanos, exercitando
estrutura: a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
a cooperação, e combatendo preconceitos de
1. Compreender o funcionamento das diferen- qualquer natureza..
tes linguagens e práticas (artísticas, corporais
e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na 3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, cor-
recepção e produção de discursos nos diferen- porais e verbais) para exercer, com autonomia
tes campos de atuação social e nas diversas e colaboração, protagonismo e autoria na vida
mídias, para ampliar as formas de participação pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética
social, o entendimento e as possibilidades de e solidária, defendendo pontos de vista que res-
explicação e interpretação crítica da realidade peitem o outro e promovam os Direitos Huma-
e para continuar aprendendo. nos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável, em âmbito local, regional e global.
2. Compreender os processos identitários,
conflitos e relações de poder que permeiam 4. Compreender as línguas como fenômeno
as práticas sociais de linguagem, respeitar as geopolítico, histórico, social, variável, hetero-
diversidades, a pluralidade de ideias e posi- gêneo e sensível aos contextos de uso, reco-

134 Novo Ensino Médio – Caderno 1


nhecendo-as e vivenciando-as como formas Nesse cenário, as aprendizagens para o desen-
de expressões identitárias, pessoais e cole- volvimento das competências permitem que
tivas, bem como respeitando as variedades se estabeleçam os conteúdos fundamentais,
linguísticas e agindo no enfrentamento de pre- permitindo sua priorização. As sete compe-
conceitos de qualquer natureza. tências da área de Linguagem consideradas
essenciais, orientam a definição, seleção e
5. Compreender os múltiplos aspectos que delimitação dos conteúdos “[…], já que estes
envolvem a produção de sentidos nas práticas não são mais definidos a partir de um corpo
sociais da cultura corporal de movimento, re- de conhecimentos disciplinares existentes,
conhecendo-as e vivenciando-as como formas mas sim a partir das situações em que podem
de expressão de valores e identidades, em ser utilizados e mobilizados com o objetivo de
uma perspectiva democrática e de respeito à se construir as competências[…].” (COSTA,
diversidade.. 2005, p. 54).

6. Apreciar esteticamente as mais diversas Os tempos atuais nos exige um olhar aberto,
produções artísticas e culturais, considerando interdisciplinar e multidisciplinar para captar a
suas características locais, regionais e globais, realidade complexa, especialmente para vis-
e mobilizar seus conhecimentos sobre as lin- lumbrar em maior profundidade as novidades
guagens artísticas para dar significado e (re) e criações humanas que estão acontecendo ao
construir produções autorais individuais e co- nosso redor, por isso, foco da área de lingua-
letivas, de maneira crítica e criativa, com res- gens está além do domínio técnico dos códigos
peito à diversidade de saberes, identidades e específicos de cada linguagem, mas incide no
culturas.. uso deles, em diferentes situações da vida e
por diferentes interlocutores, pois é imprescin-
7. Mobilizar práticas de linguagem no universo dível reconhecer a linguagem como produto-
digital, considerando as dimensões técnicas, ra de sentidos. Em virtude disso, a linguagem
críticas, criativas, éticas e estéticas, para ex- deve propiciar o incremento na construção do
pandir as formas de produzir sentidos, de en- pensamento, na utilização e transmissão cons-
gajar se em práticas autorais e coletivas, e de ciente e crítica a das informações, mas além
aprender a aprender nos campos da ciência, disso, precisa ser vista como um fator de in-
cultura, trabalho, informação e vida pessoal e teração humana, no qual se ressignifica nas /
coletiva. pelas relações sociais que se estabelecem no
processo discursivo. Por meio dela, o sujeito
pratica ações que não conseguiria realizar, a
Progressão das Habilidades Gerais e não ser utilizando a linguagem como processo
Específicas de elaboração e reelaboração da realidade, em
função do contexto e dos lugares do discurso.
Na perspectiva de ensino que possibilite ao
estudante do ensino médio responder às de- Nessa lógica, é possível identificar e valorizar,
mandas da realidade atual, e ainda, conseguir de forma mais ampla e aprofundada, o patrimô-
organizar linhas de pensamento capazes de nio cultural de um povo, nas artes, nos esportes
subsidiar a construção de seu projeto de vida ou na combinação entre linguagens – verbais,
considerando suas relações consigo mesmo, gráficas, pictóricas e tecnológicas, e ainda, o
com os outros, faz-se necessário que a defi- significado do ensino é refletido na aprendiza-
nição dos objetos do conhecimento adquira o gem na medida em que possibilita ao estudan-
sentido de estratégia, “o caminho para”, que te torna-se proativo e assumir a construção da
estimule a sua contextualização e aplicação na autonomia ao longo da vida. Isso requer que o
vida real, para dar sentido ao que se aprende. estímulo ao desenvolvimento do pensamento,

Currículo do Piauí 2021 135


do raciocínio, da reflexão e da capacidade de tecnologia é uma grande aliada na mediação
“aprender a aprender”, diferentemente de ape- dos processos de aprendizagem, bem como
nas reproduzir ou acumular conteúdo desco- no estabelecimento de novas relações sociais.
nectados e fragmentados. Nessa perspectiva
a Área de Linguagem pode ser facilmente ar- A organização das habilidades fundamen-
ticulada às demais – Ciências Humanas, Ciên- ta-se na Taxonomia de Bloom (1993-2001),
cias da Natureza e Matemática –, por meio da compreendendo que a área de Linguagens
partilha de informações, da reflexão crítica e da no Ensino Médio propõe o aprofundamento
argumentação, da participação ativa e coopera- da reflexão crítica da realidade e dos diferen-
tiva, do enfrentamento de problemas, da intera- tes modos de se expressar, criar, questionar,
ção entre os sujeitos e do desenvolvimento no organizar, analisar, apresentar conclusões e
domínio de diferentes linguagens. produzir linguagens, como explicitado no Do-
cumento de Referência, a Base Nacional Curri-
Para apoiar essa prática, deliberados esforços cular Comum (BNCC). A taxonomia de Bloom,
serão necessários, como por exemplo, ela- originalmente publicada em 1956, mas atuali-
borar projetos inter e transdisciplinares, em zada em 2001, pode fornecer recursos para o
torno de temas (Transversais) e de objetivos planejamento e a estruturação de disciplinas e
comuns a todas as áreas, projetos integrados cursos (remotos ou presenciais) com foco na
dos componentes da área, contemplando os aprendizagem. Os níveis de aprendizagem vão
conhecimentos de cada um de modo relacio- do mais simples ao mais complexo, conferindo
nal e contextualizado por meio de pontos de uma progressividade, o que se pretende atingir
cruzamento necessários ao desenvolvimento com os alunos, além de orientar o planejamen-
de competências levantados e planejado pelos to de aulas e avaliações do professor.
componentes que a constitui. Esses projetos
a princípio, poderiam partir das diversas mani- Pode-se perceber que a progressão das apren-
festações das linguagens e seus significados, dizagens essenciais dos Componentes Curri-
possibilitando a compreensão de suas funções culares está relacionada com o nível/ano do
e os contextos de espaço-tempo em que ocor- conhecimento, conforme se verifica na tabela
rem. Uma outra possibilidade, diz respeito à a seguir e é sistematizada a partir das com-
reflexão acerca do universo profissional, por petências, habilidades e dos objetos do co-
meio da problematização dos aspectos so- nhecimento dos componentes curriculares.
ciais, culturais e econômicos que o envolvem. Consideram, ainda, as especificidades da Lín-
Isso pode ser realizado por meio de debates, gua Portuguesa que possui habilidades pró-
palestras, feiras e outros eventos que mobili- prias, a carga horária para cada série, os níveis
zem profissionais de diferentes áreas. Nessa de complexidade das habilidades para alcance
e nas demais propostas explicitadas aqui, a das competências.

136 Novo Ensino Médio – Caderno 1


8 TABELA DE COMPETÊNCIAS GERAIS E ESPECÍFICAS
1a SÉRIE CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES
TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO LÍNGUA PORTUGUESA:120
PRÁTICAS: Leitura, escrita, produção de textos (orais, escritos, multisse- EDUCAÇÃO FÍSICA: 40
mióticos) e análise linguística/semiótica. ARTE:
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS:40
Competência específica 1: Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos
na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as
possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
Competências Gerais: 01. Conhecimento. 02. Pensamento científico, crítico e criativo. 10. Responsabilidade e cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(EMLGG101) Compreender, ana- Língua Portuguesa ü 
Relacionar discursos e atos de linguagem (linguísti- • Condições de produção, circulação e recepção de dis-
lisar processos de produção e cos, multimodais, produções artísticas, práticas da cursos e atos de linguagem.
circulação de discursos, nas dife- cultura corporal) a seus contextos de produção e cir- • Réplica (posicionamento responsável em relação à
rentes linguagens, para fazer es- culação. temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
colhas fundamentadas em função ü 
Analisar usos de recursos expressivos (linguísticos, diversos meios de comunicação).
de interesses pessoais e coleti- gestuais, artísticos, multissemióticos) e seus efeitos • Recursos expressivos e seus efeitos de sentidos.
vos. de sentidos. • Reconstrução das condições de produção,circulação
ü 
Analisar o contexto de produção de diferentes gê- e recepção de textos.
neros em diferentes campos de atuação, na leitura,
escrita, escuta, apreciação e produção de textos.
Educação Física ü 
Adquirir autonomia na construção de conceitos e • Ginástica (condicionamento e conscientização corpo-
procedimentos para tomada de decisões, ações ral).
planejadas e intencionais, a partir da percepção do • Manifestações e representações da cultura rítmica.
ritmo pessoal e grupal. • Dança.
ü 
Desenvolver a noção espaço/tempo, exploração e • Jogos populares.
compreensão de gestos de códigos e outros mo-
vimentos corporais, incentivando a compreensão e
superação de limites pessoais.
ü 
Relacionar as atividades rítmicas e expressivas ao
desenvolvimento de atitudes,normas, valores e ati-
tudes, cooperação e solidariedade para incentivo ao
diálogo, valorização da cultura popular nacional e lo-

Currículo do Piauí 2021


cal.

137
138
(EMLP11) Fazer curadoria de infor- Língua Portuguesa ü 
Utilizar estratégias de busca/pesquisa de textos con- • Contextos de produção, circulação e recepção de tex-
mação, tendo em vista diferentes fiáveis. tos. Curadoria. Procedimentos de estudo (grifar, ano-
propósitos e projetos discursivos. ü 
Classificar informações. tar, resumir).
ü 
Selecionar informações, tendo em vista objetivos de
busca e/ou de pesquisa previamente definidos.
(EMLP01) Relacionar o texto, tan- Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção de diferentes gêne- • Reconstrução das condições de produção,circulação
to na produção como na leitura/ ros em diferentes campos de atuação,na leitura,es- e recepção de textos.
escuta,com suas condições de crita,escuta,apreciação e produção de textos.
produção e contexto sócio-histó-
rico de circulação (leitor/audiência

Novo Ensino Médio – Caderno 1


previstos, objetivos, pontos de
vista e perspectivas,papel social
do autor,época,gênero do dis-
curso etc.),de forma a ampliar as
possibilidades de construção de
sentidos e de análise crítica e pro-
duzir textos adequados a diferen-
tes situações.
(EMLP02)Estabelecer relações Língua Portuguesa ü 
Relacionar as diferentes partes do texto,observando • Reconstrução das condições de produção,circulação
entre as partes do texto,tanto na as informações principais e as secundárias,conside- e recepção de textos.
produção como na leitura/escuta, rando o texto como o objeto de estudo da Língua • Dialogia e relações entre textos e discursos: intertex-
considerando a construção com- portuguesa. tualidade e interdiscursividade.
posicional e o estilo do gênero, ü 
Reconhecer os efeitos de sentido causados pelo uso • Paráfrase.
usando/reconhecendo adequa- dos elementos coesivos. • Paródias.
damente elementos e recursos • Estilização.
coesivos diversos que contribuam • Reconstrução das condições de produção, circulação
para a coerência, a continuidade e recepção de textos.
do texto e sua progressão temá- • Dialogia e relações de textos.
tica, e organizando informações,
tendo em vista as condições de
produção as relações lógico-dis-
cursivas envolvidas(causa/efeito
sequência;tese/argumentos; pro-
blema/solução; definição/exem-
plos etc.).
(EM1LP03) Analisar relações de Língua Portuguesa ü 
Identificar relações de intertextualidade e interdis- • Reconstrução das condições de produção, circulação
intertextualidade e interdiscursivi- cursividade presentes nas relações dialógicas. e recepção de textos.
dade que permitam a explicitação • Dialogia e relações de textos.
de relações dialógicas, a identifi- • Dialogia e relações entre textos e discursos: intertex-
cação de posicionamentos ou de tualidade e interdiscursividade.
perspectivas, a compreensão de • Paráfrase.
paráfrases, paródias e estiliza- • Paródias.
ções, entre outras possibilidades. • Estilizações.
(EMLP04) Estabelecer relações Língua Portuguesa ü 
Posicionar-se criticamente de acordo com o texto, • Condições de produção, circulação e recepção de tex-
de interdiscursividade e intertex- apresentando operadores argumentativos. tos e atos de linguagem.
tualidade para explicitar, sustentar • Gênero com predomínio do argumentar.
e conferir consistência a posicio- • Argumentação, operadores da argumentação e mo-
namentos e para construir e corro- dalização.
borar explicações e relatos, fazen- • Produção de textos orais e escritos.
do uso de citações e paráfrases
devidamente marcadas.
(EMLP05)Analisar, em textos argu- Língua Portuguesa ü 
Reconhecer a polissemia da linguagem e seus usos • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
mentativos, os posicionamentos em diferentes contextos de leitura e produção es- tos.
assumidos,os movimentos argu- crita. • Emprego de recursos linguísticos e multissemióticos.
mentativos (sustentação, refuta- • Efeitos de sentidos.
ção/contra argumentação e nego-
ciação)e os argumentos utilizados
para sustentá-los, para avaliar sua
força e eficácia, e posicionar-se
criticamente diante da questão
discutida e/ou dos argumentos
utilizados, recorrendo aos meca-
nismos linguísticos necessários.
(EM1LP06) Analisar efeitos de sen- Língua Portuguesa ü 
Reconhecer a polissemia da linguagem e seus usos • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
tido decorrentes de usos expressi- em diferentes contextos de leitura e produção es- tos. Emprego de recursos linguísticos e multissemió-
vos da linguagem, da escolha de crita. ticos e efeitos de sentidos.
determinadas palavras ou expres-
sões e da ordenação, combinação
e contraposição de palavras, den-
tre outros, para ampliar as possibi-
lidades de construção de sentidos

Currículo do Piauí 2021


e de uso crítico da língua.

139
140
(EM13LP07) Analisar, em textos Língua Portuguesa ü 
Reconhecer que os efeitos de sentido são constituti- • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
de diferentes gêneros, marcas vos dos sentidos de um texto. tos.
que expressam a posição do • Modalização. Efeitos de sentido. Apreciação (avalia-
enunciador frente àquilo que é ção de aspectos éticos, estéticos e políticos em tex-
dito: uso de diferentes modalida- tos e produções artísticas e culturais etc.).
des (epistêmica, deôntica e apre- • Réplica (posicionamento responsável em relação a
ciativa) e de diferentes recursos temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
gramaticais que operam como textos e atos de linguagem).
modalizadores (verbos modais,

Novo Ensino Médio – Caderno 1


tempos e modos verbais, expres-
sões modais, adjetivos, locuções
ou orações adjetivas, advérbios,
locuções ou orações adverbiais,
entonação etc.), uso de estraté-
gias de impessoalização (uso de
terceira pessoa e de voz passiva
etc.), com vistas ao incremento
da compreensão e da criticidade
e ao manejo adequado desses
elementos nos textos produzidos,
considerando os contextos de
produção.
(EM1LP08) Analisar elementos e Língua Portuguesa ü 
Identificar a função dos elementos constitutivos da • Contextos de produção, circulação e recepção de tex-
aspectos da sintaxe do português, oração ou dos sintagmas. tos. Estilo.
como a ordem dos constituintes • Morfossintaxe(concordância e regência).
da sentença (e os efeito que cau-
sam sua inversão), a estrutura dos
sintagmas, as categorias sintáti-
cas, os processos de coordena-
ção e subordinação (e os efeitos
de seus usos)e sintaxe de concor-
dância de regência, de modo a po-
tencializar os processos de com-
preensão e produção de textos e
possibilitar escolhas adequadas à
situação comunicativa.
(EM13LGG103) Analisar o funcio- Educação Física ü 
Oportunizar práticas corporais, de forma reflexiva, • Corpo movimento e saúde (capacidade física e pa-
namento das linguagens, para in- procurando estabelecer a relação dessas com a so- drões de beleza).
terpretar e produzir criticamente ciedade em que se vive. • Esporte (técnico combinatório). Danças urbanas.
discursos em textos de diversas ü 
Identificar as funções e transformações ocorridas
semioses (visuais, verbais, sono- naspráticas corporais ao longo dos anos,visto que
ras, gestuais). estas se distanciaram de suas finalidades iniciais.
Língua Portuguesa ü 
Identificar relações de intertextualidade e interdis- • Reconstrução das condições de produção, circulação
cursividade presentes nas relações dialógicas. e recepção de textos.
• Dialogia e relações de textos.
• Dialogia e relações entre textos e discursos: intertex-
tualidade e interdiscursividade.
• Paráfrase.
• Paródias.
• Estilizações.
(EM13LGG104) Utilizar as diferen- Educação Física ü 
Relacionar conteúdos fundamentais da cultura de • Práticas corporais de aventura.
tes linguagens, levando em con- movimento com temáticas relacionadas à vida co- • Gestualidade e Culturas (capoeira).
ta seus funcionamentos, para a tidiana, garantindo assim, seu compromisso peda- • Brincadeiras e jogos eletrônicos e cooperativos.
compreensão e produção de tex- gógico, educacional, político e social, com abertura
tos e discursos em diversos cam- para a discussão.
pos de atuação social.
Língua Portuguesa ü 
Posicionar-se criticamente de acordo com o tex- • Condições de produção, circulação e recepção de tex-
to,apresentando operadores argumentativos. tos e atos de linguagem.
• Gênero com predomínio do argumentar.
• Argumentação, operadores da argumentação e mo-
dalização.
• Produção de textos orais e escritos.

Competência específica 2: Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversida-
des e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando
o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza.

Competências Gerais: 08. Autoconhecimento e autocuidado.09. Empatia e cooperação.

Currículo do Piauí 2021


141
142
HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO
(EM1LGG201)Utilizar as diversas Língua Portuguesa ü 
Analisar os contextos de produção, circulação e re- • Compreensão geral e específica de textos(orais, es-
linguagens (artísticas, corporais e cepção de práticas com as diferentes linguagens. critos, multissemióticos); relação entre textos e con-
verbais) em diferentes contextos, ü 
Relacionar discursos e atos de linguagem (linguísti- textos de produção.
valorizando-as como fenômeno cos, multimodais, produções artísticas, práticas da
social, cultural, histórico, variável cultura corporal) a grupos e seus valores.
e heterogêneo. Educação Física ü 
Compreender que os exercícios rítmicos interagem • Dança.
continuamente com as manifestações, represen-
tações desde seus primórdios estreitando vínculos

Novo Ensino Médio – Caderno 1


com outros saberes (fisiologia, biologia, psicologia
etc.) numa busca de relação que considera a história
individual do sujeito e as memórias coletivas de uma
população.
ü 
Refletir sobre a prática corporal da Ginástica, como
treinamentos, campeonatos e eventos acadêmicos
em relação à educação do corpo nesta manifestação
corporal e artística, suas relações de poder e saber
que as envolvem e suas redes de influências e inter-
ferências no contexto atual.
(EM1LGG202) Analisar interes- Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção e circulação de dis- • Reconstrução das condições de produção, circulação
ses, relações de poder e perspec- cursos e atos das diferentes linguagens (artísticas, e recepção de discursos e atos de linguagens, nas
tivas de mundo nos discursos das corporais e verbais). práticas das diferentes linguagens.
diversas práticas de linguagem ü 
Relacionar discursos e atos das diferentes lingua- • Relação entre discursos, atos de linguagem, valores
(artísticas, corporais e verbais), gens a relações de poder, intencionalidades, valores, e ideologia.
compreendendo criticamente o ideologias e preconceitos. • Influência de marcadores sociais nas práticas da cul-
modo como circulam, constituem- tura corporal.
-se, (re)produzem significados e • Influência do contexto histórico e cultural na produ-
ideologias. ção e apreciação artística.
• Apreciação e réplica.
Educação Física ü 
Explicar a regulamentação, a lógica do surgimento do • Esporte no mundo.
esporte, os requisitos de sua prática. • Práticas corporais de aventura.
ü 
Descrever como as práticas corporais de aventura, • Lutas.
as lutas e o esporte estão inseridas na sociedade de
distintas maneiras, na economia, cultura e na política,
e como são integrados esses elementos em maior
ou menor grau dependendo da finalidade,da prática e
do sentido que lhe é conferido.
ü 
Identificar as estratégias de marketing, produção e
comercialização dos materiais, equipamentos espor-
tivos e do próprio esporte transformado em merca-
doria, coisificado como produto da indústria cultural.
ü 
Demonstrar que o esporte como linguagem corpo-
ral e ou forma de expressão e comunicação entre os
homens, pode favorecer o diálogo do bem comum
entre as culturas, aproximando os homens para a
convivência.
(EM1LGG203) Analisar os diálo- Língua Portuguesa ü 
Analisar fatores históricos, econômicos, técnicos e • Reconstrução das condições de produção, circulação
gos e os processos de disputa sociais no processo de normatização da língua portu- e recepção de discursos e atos de linguagens nas
por legitimidade nas práticas de guesa, da língua inglesa de não nativos, das práticas práticas das diferentes linguagens, inclusive as me-
linguagem e em suas Jogos e Línguas corporais e das linguagens artísticas. nos valorizadas.
Brincadeiras populares de matriz Estrangeiras ü 
Relacionar diferentes atores e seus discursos à legiti- • Apreciação, experimentação e réplica
africana eindígena produções (ar- mação das diferentes práticas de linguagem. • Relação entre discursos, textos, atos de linguagem e
tísticas, corporais e verbais, Jogos processos de legitimação de práticas das diferentes
e Brincadeiras populares de ma- linguagens.
triz africana e indígenas
(EM1LP29) Resumir e resenhar Língua Portuguesa ü 
Utilizar estratégias e mecanismos lexicais e sintáti- • Estratégias e mecanismos lexicais e sintáticos para a
textos, por meio do uso de pa- cos na produção de resumos e paráfrases. produção de resumos e paráfrases.
ráfrases, de marcas do discurso ü 
Utilizar recursos linguísticos que marcam as vozes • Marcas linguísticas que evidenciam modos de intro-
reportado e de citações, para uso introduzidas no texto. dução de outras vozes no texto.
em textos de divulgação de estu- • Uso de paráfrases, citações e marcas de discurso.
dos e pesquisas.

(EMLP36) Analisar os interesses Língua Portuguesa ü 


Analisar textos e discursos do campo jornalístico-mi- • Análise dos novos meios de produção e circulação de
que movem o campo jornalísti- diático. textos do campo jornalístico midiático.
co, os impactos das novas tec- ü 
Analisar textos e discursos da publicidade contempo- • Relações entre textos e interesses.
nologias digitais de informação rânea no campo jornalístico-midiático. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
e comunicação e da Web 2.0 no ü 
Relacionar estratégias de engajamento e viralização a políticos em textos e produções artísticas e culturais
campo e as condições que fazem efeitos de persuasão. etc.).
da informação uma mercadoria e • Réplica (posicionamento responsável em relação a
da checagem de informação uma temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
prática (e um serviço) essencial, textos e atos de linguagem).
adotando atitude analítica e crítica

Currículo do Piauí 2021


diante dos textos jornalísticos.

143
(EM2LP37)Conhecer e analisar Língua Portuguesa ü 
Analisar comparativamente diferentes projetos edito- • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-

144
diferentes projetos editorias – riais, observando a composição do jornal, as escolhas tos do campo jornalístico midiático.
institucionais, privados, públicos, e os tratamentos dados aos assuntos. • Projetos editoriais informativos.
financiados, independentes etc. ü 
Analisar usos de recursos linguísticos e multissemió- • Recursos linguísticos e multissemióticos e efeitos de
–, de forma a ampliar o repertório ticos e seus efeitos na construção de sentidos. sentido.
de escolhas possíveis de fontes ü 
Discutir pluralidade de imprensa à luz de valores de- • Relação entre textos e discursos do campo jornalís-
de informação e opinião, reconhe- mocráticos. tico-midiático.
cendo o papel da mídia plural para • Curadoria.
a consolidação da democracia. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
políticos em textos e produções artísticas e culturais
etc.).
• Réplica (posicionamento responsável em relação a

Novo Ensino Médio – Caderno 1


temas, visões de mundo e ideologiasveiculados por
textos e atos.
(EM2LP38) Analisar os diferentes Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Curadoria.
graus de parcialidade/imparciali- ção de textos do campo jornalístico midiático. • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
dade (no limite, a não neutralida- ü Realizar a curadoria de textos de diferentes gêneros, tos do campo jornalístico midiático.
de) em textos noticiosos, compa- diferentes veículos e meios do campo jornalístico-mi-
rando relatos de diferentes fontes diático.
e analisando o recorte feito de
fatos/dados e os efeitos de sen-
tido provocados pelas escolhas
realizadas pelo autor do texto, de
forma a manter uma atitude críti-
ca diante dos textos jornalísticos e
tornar-se consciente das escolhas
feitas como produtor (campo jor-
nalístico midiático).
(EM23LP40) Analisar o fenômeno Língua Portuguesa ü 
Analisar textos e discursos do campo jornalístico-mi- • Caracterização do campo jornalístico midiático, com
da pós-verdade – discutindo as con- diático. foco nos novos gêneros em circulação, bem como
dições e os mecanismos de disse- ü 
Analisar fenômenos do jornalismo contemporâneos, mídias e práticas da cultura digital.
minação de fake news e também como a produção de fake news e a pós-verdade. • Curadoria de informação.
exemplos, causas e consequências ü Utilizar procedimentos de checagem da informação. • Condições e mecanismos de disseminação de fotos.
desse fenômeno e da prevalência ü Produzir posicionamentos críticos e éticos diante de • Apreciação e réplica, com uso de gêneros como co-
de crenças e opiniões sobre fatos –, conteúdos do jornalismo contemporâneo, com gêne- mentários e carta de leitor.
de forma a adotar atitude crítica em ros como comentários e carta de leitor.
relação ao fenômeno e desenvolver
uma postura flexível que permita
rever crenças e opiniões quando
fatos apurados as contradisserem.
(EMLP42) Acompanhar, analisar e Língua Portuguesa ü 
Analisar textos discursos do campo jornalístico-mi- • Reconstrução do contexto de produção, circulação e
discutir a cobertura da mídia dian- diático. recepção de textos do campo jornalístico-midiático.
te de acontecimentos e questões ü 
Comparar textos e discursos do campo jornalístico- Curadoria de informações.
de relevância social, local e glo- -midiático. • Relação entre textos, discursos, mídias e práticas da
bal, comparando diferentes enfo- ü 
Posicionar-se diante de discursos do campo jornalís- cultura digital.
ques e perspectivas, por meio do tico-midiático. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
uso de ferramentas de curadoria políticos em textos e produções artísticas e culturais
(como agregadores de conteúdo) etc.).
e da consulta a serviços e fontes • Réplica (posicionamento responsável em relação a
de checagem e curadoria de infor- temas,visões mundo ideologias veiculados por tex-
mação, de forma a aprofundar o tos e atos de linguagem).
entendimento sobre um determi-
nado fato ou questão, identificar o
enfoque preponderante da mídia
e manter-se implicado, de forma
crítica, com os fatos e as ques-
tões que afetam a coletividade.
(EMLP52)Analisar obras signi- Língua Portuguesa ü 
Relatar experiências de leitura de textos de diferen- • Repertórios de leitura: literatura brasileira, portugue-
ficativas das literaturas brasilei- tes gêneros literários e temporalidades das literatu- sa, indígena, africana, latino-americana.
ras,piauiense e de outros países ras brasileira, piauiense, portuguesa, africana, indíge- • Repertórios de leitura:literatura piauiense.
e povos, em especial a portu- nas e latino– americanas. • Reconstrução das condições de produção, circulação
guesa, a indígena, a africana e a ü 
Analisar efeitos de sentidos provocados pelos usos e recepção de textos artísticos literários.
latino-americana, com base em de recursos linguísticos e multissemióticos. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
ferramentas da crítica literária ü 
Relacionar visões de mundo e valores culturais ficcio- políticos em textos e produções artísticas e culturais
(estrutura da composição, estilo, nalizados em textos a seus contextos de produção. etc.).
aspectos discursivos) ou outros ü Relacionar textos e discursos de obras das literatu- • Réplica (posicionamento responsável em relação a
critérios relacionados à diferentes ras brasileira, portuguesa, africana, indígenas e lati- temas, visões de mundo.
matrizes culturais, considerando o no-americanas.
contexto de produção (visões de ü 
Reconstrução das condições de produção, circulação
mundo, diálogos com outros tex- e recepção de textos artísticos literários.
tos, inserção em movimentos es- ü Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
téticos e culturais etc.) e o modo políticos em textos e produções artísticas e culturais
como dialogam com o presente. etc.).
ü 
Réplica (posicionamento responsável em relação a
temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
textos e atos de linguagem).
ü Reconstrução da textualidade e compreensão dos
efeitos de sentido provocados pelos usos de recur-

Currículo do Piauí 2021


sos linguísticos e multissemióticos.
ü Relações entre textos e discursos.

145
146
Competências específicas 3: Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pes-
soal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental
e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Competências Gerais: 03.Repertório cultural02. Pensamento científico, crítico e criativo06. Trabalho e projeto de vida10. Responsabilidade e cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EMLGG301) Participar de proces- Língua Portuguesa ü 


Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Consideração do contexto de produção, circulação e
sos de produção individual e cola- ção de textos e atos de linguagem. recepção de textos e atos de linguagem.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


borativa em diferentes linguagens ü 
Produzir textos e atos de linguagem. • Processo de produção de textos linguísticos e mul-
(artísticas, corporais e verbais), ü 
Usar recursos de diferentes linguagens para alcançar tissemióticos.
levando em conta suas formas e efeitos de sentido. • Usos de recursos das diferentes linguagens.
seus funcionamentos, para pro- • Produção de sentidos.
duzir sentidos em diferentes con-
textos. Educação Física ü 
Coreografar como um processo técnico, incluindo • Dança urbana.
possibilidades de utilização de movimentos naturais
e que representem, de forma artística e autônoma,
movimentos relacionados a algum contexto subsidia-
dos pela experiência de vida dos alunos.

(EMG302) Posicionar-se critica- Língua Portuguesa ü 


Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Análise do contexto de produção, circulação e recep-
mente diante de diversas visões ção de textos e atos de linguagem. ção de textos e atos de linguagem.
de mundo presentes nos discur- ü 
Relacionar textos e atos de linguagem a visões de • Recursos das diferentes linguagens e produção de
sos em diferentes linguagens, mundo. sentidos.
levando em conta seus contextos ü 
Produzir posicionamentos críticos em diferentes lin- • Produção de sentidos.
de produção e de circulação. guagens. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
políticos em textos e produções artísticas e culturais
etc.).
• Réplica (posicionamento responsável em relação a
temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
textos e atos de linguagem.
Educação Física ü 
Compreender as lutas como parte da cultura do mo- • Lutas de origem Ocidental e Oriental.
vimento humano, historicamente produzidas e enri-
quecidas com a cultura dos seus povos de origem.
(EM13LGG303) Debater questões Educação Física ü 
Conceber as Práticas corporais como uma ligação en- • Práticas corporais de lazer em espaços públicos e
polêmicas de relevância social, tre a vida cotidiana e a cultura local, elementos funda- privados.
analisando diferentes argumentos mentais para a construção da identidade do exercício • Prática corporais de aventura/natureza.
e opiniões, para formular, nego- da cidadania.
ciar e sustentar posições, frente à ü Conferir os benefícios das práticas corporais de
análise de perspectivas distintas. aventura para a saúde, qualidade de vida e formação
educacional.
ü Compreender a educação para o lazer relacionada às
estratégias de desenvolvimento da crítica e da cons-
ciência nas escolhas de suas preferências no tempo
e espaço de lazer em todas as linguagens (corporais,
artísticas e verbais).
(EM13LGG304) Formular propos- Educação Física ü 
Compreender como a prática corporal de aventura • Construção de jogos e brinquedos para lazer em es-
tas, intervir e tomar decisões que pode contribuir com ações ambientais, modificando paços públicos eprivados;
levem em conta o bem comum e a relação ser humano e natureza, o qual os estudan- • Práticas corporais de aventura na natureza.
os Direitos Humanos, a consciên- tes, pessoas da comunidade em geral possam ter
cia socioambiental e o consumo acesso,como um direito,colaborando para uma boa
responsável em âmbito local, re- saúde física e mental para uma consciência socioam-
gional e global biental e de consumo responsável em âmbito local,
regional e global.
(EMLP05) Analisar, em textos ar- Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção, circulação e recep- • Condições de produção, circulação e recepção de
gumentativos,os posicionamen- ção de textos de gêneros do argumento. textos e gêneros com predomínio do argumento de
tos assumidos,os movimentos ü 
Fazer curadoria de argumentos. linguagem.
argument ativos(sustent ação, ü 
Analisar estratégias e operadores da argumentação e • Produção de textos orais e escritos.
refutação/contra– argumentação recursos de modalização.
e negociação) e os argumentos ü 
Produzir textos orais e escritos, em gêneros com pre-
utilizados para sustentá-los, para domínio do argumentar.
avaliar sua força e eficácia, e po-
sicionar-se criticamente diante da
questão discutida e/ou dos argu-
mentos utilizados, recorrendo aos
mecanismos linguísticos neces-
sários.

Currículo do Piauí 2021


147
148
(EMLP15) Planejar, produzir, revi- Língua Portuguesa ü 
Considerar o contexto de produção, circulação e re- • Consideração do contexto de produção, circulação e
sar,editar, descrever e avaliar tex- cepção de textos escritos e multissemióticos. recepção de textos escritos e multissemióticos.
tos escritos e multissemióticos, ü 
Produzir textos escritos e multissemióticos com o • Planejamento e produção de textos escritos e mul-
considerando sua adequação às uso de processos e procedimentos trazidos pelas tissemióticos.
condições de produção do texto, novas mídias. • Uso de recursos linguísticos e multissemióticos com
no que diz respeito ao lugar social ü 
Considerar o contexto de produção, circulação e re- efeitos de sentido.
a ser assumido e à imagem que cepção de textos multimodais diversos. Planejar e
se pretende passar a respeito de produzir textos orais e multissemióticos, com uso de
si mesmo, ao leitor pretendido, ao softwares de edição variados.
veículo e mídia em que o texto ou ü 
Conhecer-se, com significação da trajetória pessoal,

Novo Ensino Médio – Caderno 1


produção cultural vai circular, ao acadêmica e profissional.
contexto imediato e sócio histó-
rico mais geral, ao gênero textual
em questão e suas regularidades,
à variedade linguística apropria-
da a esse contexto e ao uso do
conhecimento dos aspectos no-
tacionais (ortografia padrão, pon-
tuação adequada, mecanismos
de concordância nominal e verbal,
regência verbal etc.), sempre que
o contexto oexigir
(EM13LP27) Engajar-se na busca Língua Portuguesa ü 
Participar de práticas da vida pública. • Práticas e gêneros do campo de atuação na vida pú-
de solução para problemas que ü 
Discutir problemas que afetam a coletividade. blica.
envolvam a coletividade, denun- ü 
Fazer curadoria de informações e opiniões. • Apreciação e réplica.
ciando o desrespeito a direitos, ü 
Produzir textos linguísticos e multissemióticos em • Curadoria de informações e opiniões.
organizando e/ou participando de gêneros do campo de atuação na vida pública. • Processos de produção de textos linguísticos e mul-
discussões, campanhas e deba- tissemióticos em gêneros do campo de atuação na
tes, produzindo textos reivindica- vida pública.
tórios, normativos, entre outras
possibilidades, como forma de
fomentar os princípios democráti-
cos e uma atuação pautada pela
ética da responsabilidade, pelo
consumo consciente e pela cons-
ciência socioambiental.
Competência específica 4: Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reco-
nhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer
natureza.

Competências Gerais: 01.Conhecimento.03. Repertório cultural.08. Autoconhecimento e autocuidado.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(EM13LGG401)Analisar critica- Língua Portuguesa ü 
Reconhecer a variação linguística. Relacionar con- • Condições de produção, circulação e recepção de
mente textos de modo a com- dições sociais, históricas, geográficas e culturais a discursos e atos de linguagem.
preender e caracterizar as línguas usos das variedades da língua. • 
Variação linguística histórica (diacrônica), regional
como fenômeno (geopolítico, his- ü 
Relacionar a diversidade de usos da língua a perten- (diatópica), social (diastrática) e de situação comuni-
tórico, social, cultural, variável,he- ças geográficas, culturais e sociais de grupos de fa- cativa(diafásica).
terogêneo e sensível aos contex- lantes.
tos de uso.
(EMGG402) Empregar, nas inte- Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Contexto de produção, circulação e recepção.
rações sociais, a variedade e o ção de textos. • Variação linguística.
estilo de língua adequados à si- ü 
Usar recursos das variedades da língua, estratégias • Variação de estilo.
tuação comunicativa, ao(s) interlo- de modalização, com intencionalidade, adequação e • Adequação e pertinência.
cutor(es) e ao gênero do discurso, pertinência. • Uso do piauiêsde textos.
respeitando os usos das línguas ü 
Vivenciar respeitosamente práticas de linguagem
por esse(s) interlocutor(es) e sem de grupos identitários diversos. Relacionar usos de
preconceito linguístico. recursos das variedades e dos estilos das línguas a
grupos e seus processos identitários.
(EMLP09)Comparar o tratamento Língua Portuguesa ü 
Analisar diferentes intencionalidades e interesses • Gramáticas prescritivas.
dado pela gramática tradicional e nas formas de explicar o português. • Gramáticas descritivas.
pelas gramáticas de uso contem- ü 
Analisar recortes e abordagens da gramática pres- • Variedade padrão:contexto de formação,interesses e
porâneas em relação a diferentes critiva e seu papel na configuração do português-pa- valores na defesa de uma língua única.
tópicos gramaticais, de forma a drão. • Variação linguística: variedades de prestígio, norma-
perceber as diferenças de aborda- ü 
Utilizar normas e regras, considerando contextos de -culta e variedades estigmatizadas.
gem e o fenômeno da variação lin- produção, circulação e recepção de textos. • Usos do português brasileiro contemporâneo.
guística e analisar motivações que
levam ao predomínio do ensino da
norma-padrão na escola.

Currículo do Piauí 2021


149
Competências específicas 5: Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de

150
expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade.

Competências Gerais: 04.Comunicação.03. Repertório cultural.09. Empatia e cooperação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(ELGG501) Selecionar e utilizar Educação Física ü 
Usar recursos cinéticos (gestos e expressão corpo- • Movimento e saúde (atividades físicas X qualidade
movimentos corporais de forma ral) com intencionalidade e de acordo com o contexto de vida).
consciente e intencional para in- de produção, circulação e recepção de textos e de • Ginástica.
teragir socialmente em práticas atos de linguagem. • Danças.
corporais, de modo a estabelecer ü 
Experimentar, por meio de processos investigativos • Lutas.
relações construtivas, empáticas, e de solução de problemas, gestos de diferentes prá-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


éticas e de respeito às diferenças. ticas corporais.
ü 
Variar, intencionalmente, formas de executar gestos
das diferentes práticas corporais, de forma coerente
com a inclusão e o respeito à diversidade.
(EM13LGG502) Analisar critica- Língua Portuguesa ü 
Analisar expressões de preconceito e estereótipos • Contexto de produção, circulação e recepção de dis-
mente preconceitos, estereótipos nas práticas da cultura corporal, em discursos e atos cursos sobre as práticas corporais.
e relações de poder presentes de linguagem que circulam em diferentes campos de • Planejamento e produção de textos escritos e mul-
nas práticas corporais, adotando atuação. tissemióticos.
posicionamento contrário a qual- ü 
Produzir textos escritos e multissemióticos.
quer manifestação de injustiça e
desrespeito a direitos humanos e
valores democráticos.
Competências específicas 6:Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mo-
bilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira
crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.

Competências Gerais: 06. Trabalho e Projeto de vida.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(ELGG601) Apropriar-se do pa- Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção, circulação e recep- • Contextos de produção, circulação e recepção das
trimônio artístico de diferentes ção de produções e manifestações do patrimônio produções e manifestações artísticas.
tempos e lugares, compreenden- artístico. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
do a sua diversidade, bem como ü 
Apreciar diferentes produções e manifestações do políticos em textos e produções artísticas e culturais
os processos de legitimação das patrimônio artístico, com valorização das diversida- etc.).
manifestações artísticas na socie- des de valores e culturas a que remetem. • Réplica (posicionamento responsável em relação a
dade, desenvolvendo visão crítica ü 
Analisar processos de legitimação de produções e temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
e histórica. manifestações artísticas diversas como integrantes textos e atos de linguagem).
de patrimônios. • Patrimônio artístico, material e imaterial.
ü 
Instigar a análise de contextos de produção, circu-
lação e recepção de manifestações do patrimônio
artístico material e imaterial, com valorização das
diversidades de culturas a que remetem a analisar
processos de legitimação de produções e manifesta-
ções artísticas diversas.
(EMLGG602) Fruir e apreciar es- Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção, circulação e recep- • Réplica (posicionamento responsável em relação a
teticamente diversas manifes- ção de manifestações artísticas. temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
tações artísticas e culturais, das ü 
Apreciar, com procedimentos de experimentação, textos e atos).
locais às mundiais, assim como análise e contextualização, diversas manifestações
delas participar, de modo a aguçar artísticas e culturais.
continuamente a sensibilidade, a
imaginação e a criatividade.
(EMLGG603) Expressar-se e atuar Língua Portuguesa ü 
Definir contextos de produção, circulação e recepção • 
Contextos de produção, circulação e recepção de
em processos de criação autorais dos resultados de processos criativos. criações artísticas.
individuais e coletivos nas diferen-
tes linguagens artísticas (artes vi-
suais, audiovisual, dança, música
e teatro) e nas intersecções entre
elas, recorrendo a referências es-
téticas e culturais, conhecimentos
de naturezas diversas (artísticos,
históricos, sociais e políticos) e
experiências individuaise coleti-
vas.
(EM13LGG604) Relacionar as prá- Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção, circulação e recep- • Contextos de produção, circulação e recepção de
ticas artísticas às diferentes di- ção de práticas artísticas. práticas artísticas.
mensões da vida social, cultural, ü 
Relacionar práticas artísticas de diferentes lingua- • Linguagens artísticas, materialidades, concepções e
política e econômica e identificar gens artísticas a estéticas e estilos de época. processos.
o processo de construção históri- ü 
Relacionar políticas públicas, economia, produção e • Experimentação de linguagens e materialidades ar-
ca dessas práticas. circulação da produção artística, de diferentes mo- tísticas.
mentos históricos. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
políticos em textos e produções artísticas e culturais
etc.).

Currículo do Piauí 2021


151
152
(EMLP49) Perceber as peculia- Língua Portuguesa ü 
Relatar experiências de leitura de textos de diferen- • Repertórios de leitura: textos artísticos literários de
ridades estruturais e estilísticas tes gêneros literários, temporalidades e culturas. diferentes gêneros.
de diferentes gêneros literários ü 
Analisar como as escolhas de regularidades dos gê- •  Gêneros artístico-literários: regularidades. Recons-
(a apreensão pessoal do cotidia- neros (composicionais e estilísticas) geram efeitos de trução das condições de produção, circulação e re-
no nas crônicas, a manifestação sentidos de representação e expressão de diferentes cepção de textos artístico-literários.
livre e subjetiva do eu lírico diante subjetividades, processos identitários e valores. • Apreciação :valiação de aspectos éticos, estéticos e
do mundo nos poemas, a múlti- políticos em textos e produções artísticas e culturais
pla perspectiva da vida humana e etc.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


social dos romances, a dimensão
política e social de textos da lite-
ratura marginal e da periferia etc.)
para experimentar os diferentes
ângulos de apreensão do indiví-
duo e do mundo pela literatura.
Competências específicas 7: Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir
as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal
e coletiva.

Competências Gerais: 05. Cultura Digital.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(EMLGG701) Explorar tecnologias Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação, recepção • Condições de produção, circulação, recepção de dis-
digitais da informação e comuni- de discursos e atos de linguagem no universo digital. cursos e atos de linguagem no universo digital.
cação (TDIC), compreendendo ü 
Explorar ferramentas digitais de informação e comu- • Tecnologias digitais da informação e comunicação.
seus princípios e funcionalidades, Línguas nicação, com intencionalidade, criticidade e criativi- • Produção de textos multissemióticos.
e utilizá-las de modo ético, criati- Estrangeiras dade.
vo, responsável e adequado a prá- ü Discutir responsabilidades e consequências éticas
ticas de linguagem em diferentes do uso de ferramentas digitais de informação e co-
contextos. municação, plataformas e mídias sociais, jogos onli-
ne, entre outros.
ü Usar ferramentas digitais de informação e comuni-
cação para participar de diferentes práticas de lingua-
gem, em diferentes campos de atuação.
(EM13LGG702)Avaliar o impacto Língua Portuguesa ü 
Avaliar criticamente usos das tecnologias digitais da • Condições de produção, circulação e recepção de
das tecnologias digitais da infor- informação e comunicação em práticas de diferentes textos e atos de linguagem no universo digital.
mação e comunicação (TDIC) na linguagens, em diferentes campos de atuação. • 
Curadoria de informação, opinião. Relações entre
formação do sujeito e em suas ü 
Analisar condições de produção, circulação e recep- textos, atos de linguagem e discursos circulantes
práticas sociais, para fazer uso ção de textos e atos de linguagem no universo digital. em meio digital.
crítico dessa mídia em práticas ü 
Fazer curadoria de informação e opinião, com dife- • Princípios éticos nas práticas mediadas pelas TDIC.
de seleção, compreensão e pro- rentes intencionalidades e propósitos, considerando
dução de discursos em ambiente valores éticos.
digital. ü 
 Participar de práticas de linguagem em ambientes
digitais de maneira ética e responsável.
ü 
 Identificar as representações expressas no discurso
dos jovens praticantes de jogos eletrônicos sobre o
modo como se veem e de que forma concebem tais
práticas.
(EM13LP32) Selecionar informa- Língua Portuguesa ü 
Fazer curadoria de conteúdos em contextos digitais, • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
ções e dados necessários para tendo em vista objetivos de investigação/pesquisa e tos da divulgação científica.
uma dada pesquisa (sem excedê- critérios de confiabilidade e rigor. • Curadoria de informações. Procedimentos de pesqui-
-los) em diferentes fontes (orais, ü 
 Comparar conteúdos quanto a abordagem e senti- sa: coleta e análise de dados.
impressas, digitais etc.) e compa- dos que agregam à discussão de tema, questão, pro- • Relações entre textos e discursos. Apreciação (ava-
rar autonomamente esses con- blema etc. liação de aspectos éticos, estéticos e políticos em
teúdos, levando em conta seus ü 
Recortar conteúdos de acordo com intencionalidades textos e produções artísticas e culturais etc.).
contextos de produção, referên- e objetivos de pesquisa/investigação. • Réplica (posicionamento responsável em relação a
cias e índices de confiabilidade, e ü 
Usar conteúdos com intencionalidade na alimenta- temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
percebendo coincidências, com- ção de textos em gêneros de divulgação de pesquisa textos e atos de linguagem).
plementaridades, contradições, e investigação.
erros ou imprecisões conceituais
e de dados, de forma a compreen-
der e posicionar se criticamente
sobre esses conteúdos e estabe-
lecer recortes precisos.

Currículo do Piauí 2021


153
154
(EMLP39) Usar procedimentos Língua Portuguesa ü 
Usar procedimentos de checagem de notícias (veri- • Caracterização do campo jornalístico-midiático, com
de checagem de fatos noticiados ficação e avaliação de veículo, fonte, data e local da foco nos novos gêneros em circulação, mídias e prá-
e fotos publicadas (verificar/ava- publicação, autoria, URL, formatação; comparação de ticas da cultura digital.
liar veículo, fonte, data e local da diferentes fontes; consulta a ferramentas e sites che- • Reconstrução do contexto de produção, circulação e
publicação, autoria, URL, forma- cadores; entre outros). recepção de notícias.
tação; comparar diferentes fon- ü 
Comparar notícias e falsas notícias, para identificar • Procedimentos de checagem de notícias. Regularida-
tes; consultar ferramentas e sites regularidades dos gêneros. des do gênero notícia falsa (fake news).

Novo Ensino Médio – Caderno 1


checadores etc.), de forma a com- • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
bater a proliferação de notícias fal- políticos em textos e produções artísticas e culturais
sas (fake news). etc.).
• Réplica (posicionamento responsável em relação a
temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
textos e atos de linguagem).
(EM13LP12) Selecionar informa- Língua Portuguesa ü 
Selecionar informações relevantes sobre o objeto de • Procedimentos de estudo (grifar, anotar, resumir).
ções, dados e argumentos em estudo definido. • Curadoria.
fontes confiáveis, impressas e ü 
Tratar informações de acordo com a intencionalidade • Gêneros de apoio à compreensão (sínteses, resu-
digitais, e utilizá-los de forma re- de uso. mos, esquemas).
ferenciada, para que o texto a ser ü 
Usar recursos da língua para se apropriar do discur- • Textualização e retextualização.
produzido tenha um nível de apro- so do outro de forma referenciada (discurso citado e • Processos de produção textual.
fundamento adequado (para além reportado). .
do senso comum) e contemple a
sustentação das posições defen-
didas.
(EMLP28) Organizar situações de Língua Portuguesa ü 
Planejar situações de estudo individual ou coletivo. • Gêneros e procedimentos de apoio à compreensão.
estudo e utilizar procedimentos e ü 
Selecionar fontes confiáveis, considerando a defini- • Exercício das capacidades de leitura (localizar e rela-
estratégias de leitura adequados ção prévia de temas, questões de pesquisa e recor- cionar informações, inferir, generalizar compreensão,
aos objetivos e à natureza do co- tes. apreciar eticamente, entre outras), conforme o pro-
nhecimento em questão. ü Fazer curadoria de informações e conteúdos. pósito do leitor (ler para aprender)
ü 
Usar capacidades de leitura, gêneros e procedimen-
tos de apoio à compreensão.
(EM13LP30) Realizar pesquisas Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção, circulação e recep- • Tipos e processos de pesquisa.
de diferentes tipos (bibliográfica, ção de textos de divulgação de pesquisas. • Curadoria de informação em fontes abertas.
de campo, experimento científi- ü 
Selecionar tipo de pesquisa, suas etapas e seus pro- • Procedimentos de pesquisa e gêneros de apoio à
co, levantamento de dados etc.), cedimentos. compreensão.
usando fontes abertas e confiá- ü 
Fazer curadoria de informações e conteúdos em con-
veis, registrando o processo e co- textos digitais
municando os resultados, tendo ü 
Usar capacidades de leitura, procedimentos e gêne-
em vista os objetivos pretendidos ros digitais de apoio à compreensão.
e demais elementos do contex-
to de produção, como forma de
compreender como o conheci-
mento científico é produzido e
apropriar-se dos procedimentos e
dos gêneros textuais envolvidos
na realização de pesquisas.
(EM13LP35) Utilizar adequada- Língua Portuguesa ü 
Usar procedimentos de checagem de notícias (veri- • Contexto de Produção,circulação e recepção de tex-
mente ferramentas de apoio a ficação e avaliação de veículo, fonte, data e local da tos.
apresentações orais,escolhendo publicação, autoria, URL, formatação; comparação de • Caracterização do campo jornalístico midiático, com
e usando tipos e tamanhos de diferentes fontes; consulta a ferramentas e sites che- foco nos novos gêneros em circulação, mídias e prá-
fontes que permitam boa visua- cadores; entre outros). ticas da cultura digital.
lização, topicalizando e/ou orga- ü 
Comparar notícias e falsas notícias, para identificar • Reconstrução do contexto de produção, circulação e
nizando o conteúdo em itens, regularidades dos gêneros. recepção de notícias.
inserindo de forma adequada ima- • Procedimentos de checagem de notícias.
gens, gráficos, tabelas, formas e • Regularidades do gênero notícia falsa (fake news).
elementos gráficos, dimensionan- • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
do a quantidade de texto e ima- políticos em textos e produções artísticas e culturais
gem por slide e usando, de forma etc.).
harmônica, recursos (efeitos de • Réplica(posicionamento responsável em relação a
transição, slides mestres, layouts temas,visões de mundo eideologias veiculados por
personalizados, gravação de áu- textos e atos de linguagem).
dios em slides etc.).

Currículo do Piauí 2021


155
(EM13LP40) Analisar o fenôme- Língua Portuguesa ü 
Analisar textos e discursos do campo jornalístico-mi- • Caracterização do campo jornalístico midiático, com

156
no da pós verdade – discutindo diático. foco nos novos gêneros em circulação, mídias e prá-
as condições e os mecanismos ü 
Analisar fenômenos do jornalismo contemporâneos, ticas da cultura digital.
de disseminação de fake news e como a produção de fake news e a pós-verdade. • Curadoria de informações.
também exemplos, causas e con- ü 
Utilizar procedimentos de checagem da informação. • Condições e mecanismos de disseminação de fake
sequências desse fenômeno e da ü 
Produzir posicionamentos críticos e éticos diante de news.
prevalência de crenças e opiniões conteúdos do jornalismo contemporâneo, com gêne- • Apreciação e réplica, com uso de gêneros como co-
sobre fatos, de forma a adotar ros como comentários e carta de leitor mentários e carta de leitor
atitude crítica em relação ao fenô-
meno e desenvolver uma postura
flexível que permita rever crenças

Novo Ensino Médio – Caderno 1


e opiniões quando fatos apurados
a contradisserem.

2a SÉRIE CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES


TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO LÍNGUA PORTUGUESA:120
PRÁTICAS: Leitura, escrita, produção de textos (orais, escritos, multissemió- EDUCAÇÃO FÍSICA:40
ticos) e análise linguística/semiótica. ARTE:
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS:80
Competência específica 1: Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos
na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as
possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.

Competências Gerais: 01. Conhecimento.02. Pensamento científico, crítico e criativo. 10. Responsabilidade e cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM2LGG102)Analisar visões de Educação Física ü 


Analisar criticamente acerca da beleza corporale do • Corpo e cultura.
mundo,conflitos de interesse, que é “ser saudável” com base no modelo que a • Ginástica geral.
preconceitos e ideologias presen- ciência propõe e que se tornaram signos estéticos • Esporte coletivo.
tes nos discursos veiculados nas valiosos no mercado.
diferentes mídias como forma de ü 
Identificar as práticas discursivas presentes nos es-
ampliar suas possibilidades de ex- portes que reforçam pejorativamente a identidade de
plicação e interpretação crítica da raça, gênero, sexualidade e idade.
realidade. ü 
Compreender os mecanismos de construção do mito
do atleta.
ü Relacionar os tipos de modalidade esportiva com
os espaços sociais onde ocorrem para aproximação
com o cotidiano dos estudantes.
(EMGG105)Analisar e experimen- Língua Portuguesa ü 
Analisar processos contemporâneos de produção • Apreciação de textos com processos de remidiação
tar diversos processos de remi- textual, com estratégias de remidiação, multimídia e e de produções multimídia e transmídia. Intertextua-
diação de produções multisse- Línguas transmídia. lidade e interdiscursividade.
mióticas, multimídia e transmídia, Estrangeiras. ü 
Propor formas de intervir usando processos contem- • Processos de produção textual com remidiação.
desenvolvendo diferentes modos porâneos de produção textual, com estratégias de • Processos de produção textual multimídia e transmí-
de participação e intervenção so- remidiação, multimídia e transmídia. dia.
cial. ü 
Participar de processos de autoria coletiva em pro-
cessos contemporâneos de produção textual, com
estratégias de remidiação, multimídia e transmídia.
Educação Física ü 
Observar o estabelecimento de associações e rela- • Brincadeiras e jogos eletrônicos.
ções, escolhas, classificação, autonomia permitidas
pelos jogos e brincadeiras eletrônicas, entre outras
possibilidades que podem potencializar posturas ino-
vadoras.
(EM1LP12) Selecionar informa- Língua Portuguesa ü 
Selecionar informações relevantes sobre o objeto de • Curadoria de informação. Seleção de informação, da-
ções, dados e argumentos em estudo definido. dos e argumentação em fontes confiáveis impressas
fontes confiáveis, impressas e ü 
Tratar informações de acordo com a intencionalidade e digitais para produção textual fundamentada para
digitais, e utilizá-los de forma re- de uso. além do senso comum. Procedimentos de estudo
ferenciada, para que o texto a ser ü 
Usar recursos da língua para se apropriar do discur- (grifar, anotar, resumir).
produzido tenha um nível de apro- so do outro de forma referenciada (discurso citado e • Gêneros de apoio à compreensão (sínteses, resu-
fundamento adequado (para além reportado) mos, esquemas).
do senso comum) e contemple a • Textualização e retextualização.
sustentação das posições defen- • Seleção de informação, dados e argumentação em
didas. fontes confiáveis impressas e digitais para produção
textual fundamentada para além do senso comum.
(EMLP15) Planejar, produzir, re- Língua Portuguesa ü 
Selecionar informações relevantes sobre o objeto de • Consideração do contexto de produção, circulação e
visar, editar, descrever e avaliar estudo definido. recepção de textos escritos e multissemióticos.
textos escritos multissemióticos, ü 
Planejar a escrita de acordo com as informações le- • Planejamento e produção de textos escritos e mul-
considerando sua adequação às vantadas,estabelecendo um paralelo entre as infor- tissemióticos.
condições de produção do texto, mações mais relevantes e as informações secundá- • Uso de recursos linguísticos e multissemióticos com
no que diz respeito ao lugar social rias. efeitos de sentido.
a ser assumido e à imagem que • Variedades linguísticas.
se pretende passar a respeito de •  Morfossintaxe.
si mesmo,ao leitor pretendido, ao
veículo e mídia em que o texto ou
produção cultural vai circular, ao

Currículo do Piauí 2021


contexto imediato e sócio histó-
rico mais geral, ao gênero textual

157
em questão e suas regularidades,

158
à variedade linguística apropria-
da a esse contexto e ao uso do
conhecimento dos aspectos no-
tacionais (ortografia padrão, pon-
tuação adequada, mecanismos
de concordância nominal e verbal,
regência verbal etc.), sempre que
o contexto oexigir.
(EM1LP16) Produzir e analisar Língua Portuguesa ü 
Discutir temas controversos de interesse da turma e/ • Planejamento e produção de textos orais e multisse-
textos orais, considerando sua ou de relevância social. mióticos.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


adequação aos contextos de pro- ü 
Apresentar posições em relação ao assunto e ao dis- • Usos expressivos de recursos linguísticos, paralin-
dução, à forma composicional e curso de outros, de forma respeitosa e ética. guísticos e cinésicos.
ao estilo do gênero em questão, ü 
Planejamento e produção de textos orais e multisse- • Usos de variedades linguísticas.
à clareza, à progressão temática mióticos.
e à variedade linguística emprega-
da, como também aos elementos
relacionados à fala (modulação
de voz, entonação, ritmo, altura e
intensidade, respiração etc.) e à
cinestesia (postura corporal,movi-
mentos e gestualidade.
(EM1LP25) Participar de reuniões Língua Portuguesa ü 
Discutir temas controversos de interesse da turma e/ • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
na escola (conselho de escola e ou de relevância social. tos da divulgação científica.
de classe, grêmio livre etc.), agre- ü 
Apresentar posições em relação ao assunto e ao dis- • Regularidades dos gêneros da divulgação científica.
miações, coletivos ou movimen- curso de outros,de forma respeitosa e ética. • Organização tópico– discursiva.
tos, entre outros, em debates, •  Curadoria.
assembleias, fóruns de discussão
etc., exercitando a escuta atenta,
respeitando seu turno e tempo
de fala, posicionando-se de for-
ma fundamentada, respeitosa e
ética diante da apresentação de
propostas e defesas de opiniões,
usando estratégias linguísticas
típicas de negociação e de apoio
e/ou de consideração do discurso
do outro (como solicitar esclareci-
mento, detalhamento, fazer
referência direta ou retomar a fala
do outro, parafraseando-a para
endossá-la,enfatizá-la, comple-
mentá-la ou enfraquecê-la), con-
siderando propostas alternativas
e reformulando seu posiciona-
mento, quando for o caso, com
vistas ao entendimento e ao bem
comum.
(EM1LP48) Identificar assimila- Língua Portuguesa ü 
Relatar experiências de leitura de clássicos da litera- • Reconstrução das condições de produção, circulação
ções, rupturas e permanências tura brasileira e piauiense. e recepção de textos da literatura brasileira e piauien-
no processo de constituição da ü 
Analisar recursos e procedimentos literários em se.
literatura brasileira e piauiense obras lidas. • Reconstrução da textualidade e compreensão dos
ao longo de suas trajetórias, por ü 
Comparar recursos e procedimentos literários em efeitos de sentidos provocados pelos usos.
meio da leitura e análise de obras obras de uma mesma temporalidade, de diferentes • Recursos linguísticos e multissemióticos e efeitos de
fundamentais para perceber a his- temporalidades, pertencentes à literatura brasileira e sentidos.
toricidade de matrizes e procedi- à piauiense. • Relações entre textos, com foco em assimilações
mentos estéticos. e rupturas, quanto a temas e procedimentos esté-
ticos”
(EM1LP49) Perceber as peculia- Língua Portuguesa ü 
Relatar experiências de leituras de textos de diferen- • Repertórios de leitura: textos artísticos literários de
ridades estruturais e estilísticas tes gêneros literários, temporalidades e culturas. diferentes gêneros. Gêneros artístico-literários:regu-
de diferentes gêneros literários ü 
Analisar como escolhas de regularidades dos gêne- laridad
(a apreensão pessoal do cotidia- ros (composicionais e estilísticas) geram efeitos de • Reconstrução das condições de produção, circulação
no nas crônicas, a manifestação sentidos de representação e expressão de diferentes e recepção de textos artísticos literários.
livre e subjetiva do eu lírico diante subjetividades, processos identitários e valores. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
do mundo nos poemas, a múlti- políticos em textos e produções artísticas e culturais
pla perspectiva da vida humana e etc.).
social dos romances, a dimensão • Réplica (posicionamento responsável em relação a
política e social de textos da lite- temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
ratura marginal e da periferia etc.) textos e atos de linguagem).
para experimentar os diferentes • Reconstrução da textualidade e compreensão dos
ângulos de apreensão do indiví- efeitos de sentidos provocados pelos usos de recur-
duo e do mundo pela literatura. sos linguísticos e multissemióticos.
Línguas ü 
Reconhecer os discursos produzidos pelos sujeitos • 
Análise e compreensão dos discursos produzidos
Estrangeiras nos diferentes gêneros e campos de atuação. por sujeitos e instituições em diferentes gêneros e

Currículo do Piauí 2021


campos de atuação.

159
160
ü 
Produzir argumentos sustentáveis na defesa do pon- • Réplica (posicionamento responsável em relação a
to de vista em relação a temas,visões de mundo e temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
ideologias veiculados por textos e atos de linguagem. textos e atos de linguagem.
• Planejamento, produção e edição de textos orais, es-
critos e multissemióticos.

(EM2LP53) Produzir apresenta- Língua Portuguesa ü 


Avaliar diferentes objetos do campo artístico-literário. • 
Reconstrução da textualidade e compreensão dos
ções e comentários apreciativos ü 
Produzir textos de apreciação, em diferentes gêne- efeitos de sentido provocados pelo uso de recursos
e críticos sobre livros, filmes, dis- ros, linguagens e mídias. linguísticos e multissemióticos.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


cos,canções, espetáculos de tea- Línguas • Relações entre textos e discursos.
tro e dança, exposições etc. (rese- Estrangeiras • Produção de textos.
nhas, vlogs e podcasts literários e
artísticos, playlists comentadas,
fanzines, ezines etc.).
(EM13LGG103) Analisar o fun- Língua Portuguesa ü 
Avaliar diferentes objetos do campo artístico-literário. • Repertórios de leitura e de apreciação.
cionamento das linguagens, para ü 
Produzir textos de apreciação, em diferentes gêne- •  Reconstrução das condições de produção, circula-
interpretar e produzir criticamente ros, linguagens e mídias. ção e recepção. Apreciação (avaliação de aspectos
discursos em textos de diversas Línguas éticos, estéticos e políticos em textos e produções
semioses (visuais, verbais, sono- Estrangeiras artísticas e culturais etc.).
ras, gestuais). • Réplica (posicionamento responsável em relação a
temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
textos e atos de linguagem).
• Reconstrução da textualidade e compreensão dos
efeitos de sentido provocados pelo uso de recursos
linguísticos e multissemióticos.
• Relações entre textos e discursos.
• Produção de textos.
(EM13LGG103) Analisar o fun- Educação Física ü 
Estabelecer a relação entre contexto das lutas com a • Lutas.
cionamento das linguagens, para sociedade em que se vive.
interpretar e produzir criticamente ü Identificar as funções e transformações ocorridas
discursos em textos de diversas nas lutas ao longo dos anos destacando odistancia-
semioses (visuais, verbais, sono- mento de suas finalidades iniciais.
ras, gestuais).
(EM3LP13) Analisar, a partir de Língua Portuguesa ü 
Analisar em discursos e atos de linguagem efeitos de • Reconstrução das condições de produção, circulação
referências contextuais, estéti- sentido de usos de elementos sonoros. e recepção de textos.
cas e culturais, efeitos de sentido ü 
Relacionar elementos sonoros,recursos verbais e • Efeitos de sentidos provocados pelos usos de recur-
decorrentes de escolhas de ele- multissemióticos na produção de sentidos. sos sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas,
mentos sonoros volume, timbre, ü 
Reconstrução das condições de produção, circulação ritmo, efeitos sonoros.
intensidade, pausas, ritmo, efei- e recepção de textos.
tos sonoros, sincronização etc.) ü Efeitos de sentidos provocados pelos usos de recur-
e de suas relações com o verbal, sos sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas,
levando-os em conta na produção ritmo, efeitos sonoros.
de áudios, para ampliar as possibi-
lidades de construção de sentidos
e de apreciação.
(EM3LP23) Analisar criticamente Língua Portuguesa ü 
Identificar interesses que modificam discursos po- • Reconstrução, circulação e recepção de textos do
o histórico e o discurso político líticos, programas, propostas de governo e políticas campo da vida pública.
de candidatos, propagandas políti- públicas. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
cas, políticas públicas, programas ü 
Posicionar-se crítica e eticamente em relação a dis- políticos em textos e produções artísticas e culturais
e propostas de governo, de forma cursos da esfera política. etc.).
a participar do debate político e to- ü 
Analisar, comparativamente, documentos de progra- • Réplica (posicionamento responsável em relação a
mar decisões conscientes e fun- mas e propostas de governo. temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
damentadas. textos e atos de linguagem).
• Relação entre textos e discursos da esfera política.
• Debate.
(EM3LP45) Analisar, discutir, pro- Língua Portuguesa ü 
Definir contexto de produção, circulação e recepção • Consideração do contexto de produção, circulação e
duzir e socializar, tendo em vista de textos a serem produzidos em gêneros do campo recepção de textos do campo jornalístico-midiático.
temas e acontecimentos de in- jornalístico-midiático. • Relação entre os gêneros em circulação no campo
teresse local ou global, notícias, jornalístico-midiático, mídias e práticas da cultura di-
foto denúncias, fotorreportagens gital.
,reportagens multimidiáticas,
documentários, infográficos, po-
dcastsnoticiosos, artigos de opi-
nião, críticas da mídia, vlogs de
opinião, textos de apresentação e
apreciação de produções culturais
(resenhas, ensaios etc.) e outros
gêneros próprios das formas de
expressão das culturas juvenis
(vlogs e podcasts culturais, game-

Currículo do Piauí 2021


play etc.), em várias mídias, viven-
ciando de forma significativa o fato

161
162
(EMLP31) Compreender criti- Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação e recep- • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
camente textos de divulgação ção de textos de gêneros da divulgação científica. tos da divulgação científica.
científica orais, escritos e multis- ü 
Fazer curadoria de informação. • Regularidades dos gêneros da divulgação científica.
semióticos de diferentes áreas ü 
Usar procedimentos de apoio à compreensão, inves- • Organização tópico– discursiva.
do conhecimento, identificando tigação e pesquisa. • Curadoria.
sua organização tópica e a hierar- ü 
Produzir textos, observando as regularidades dos gê-
quização das informações, iden- neros de divulgação científica.
tificando e descartando fontes ü 
Fazer curadoria de textos de divulgação científica,
não confiáveis e problematizando comparando fontes.
enfoques tendenciosos ou super-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


ficiais (campo das práticas de es-
tudo e pesquisa).
(EM1LP48) Identificar assimila- Língua Portuguesa ü 
Relatar experiências de leitura de clássicos da litera- • Reconstrução das condições de produção, circulação
ções, rupturas e permanências tura brasileira e piauiense. e recepção de textos da literatura brasileira e piauien-
no processo de constituição da ü 
Analisar recursos e procedimentos literários em se.
literatura brasileira e piauiense obras lidas. • Reconstrução da textualidade e compreensão dos
ao longo de suas trajetórias, por ü 
Comparar recursos e procedimentos literários em efeitos de sentidos provocados pelos usos.
meio da leitura e análise de obras obras de uma mesma temporalidade, de diferentes • Recursos linguísticos e multissemióticos e efeitos de
fundamentais para perceber a his- temporalidades, pertencentes à literatura brasileira e sentidos.
toricidade de matrizes e procedi- à piauiense. • Relações entre textos, com foco em assimilações e
mentos estéticos. rupturas quanto a temas, procedimentos estéticos.
Competências específicas 2:Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversida-
des e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando
o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza

Competências Gerais: 08. Autoconhecimento e autocuidado. 09. Empatia e Cooperação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM1LGG204) Dialogar e pro- Educação Física ü 


Propor aos alunos experimentar o uso de suas po- • Lutas.
duzir entendimento mútuo, nas tencialidades físicas de maneira crítica e consciente • Dança.
diversas linguagens (artísticas, por meio de uma prática que condiz com o encontro
corporais e verbais), com vistas e análise de possibilidades de aprendizagens volta-
ao interesse comum pautado em das para a valorização da cultura afro-brasileira, bem
princípios e valores de equidade como para a construção de relações respeitosas com
assentados na democracia e nos a diversidade cultural que habita na sociedade brasi-
Direitos Humanos. leira.
(EM1LP01) Relacionar o texto, Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção de diferentes gêne- • Práticas de oralidade: escuta atenta, turno e tempo
tanto na produção como na leitu- ros em diferentes campos de atuação,na leitura,es- de fala.
ra/escuta, com suas condições de crita,escuta,apreciação e produção de textos. • Tomada de nota.
produção e seu contexto sócio- • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
-histórico de circulação (leitor/au- políticos em textos e produções artísticas e culturais
diência previstos, objetivos, pon- etc.).
tos de vista e perspectivas, papel • Réplica (posicionamento responsável em relação a
social do autor, época, gênero do temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
discurso etc.), de forma a ampliar textos e atos de linguagem).
as possibilidades de construção • Planejamento, produção e edição de textos orais, es-
de sentidos e de análise crítica e critos e multissemióticos.
produzir textos adequados a dife- • Relação do texto com o contexto de produção e ex-
rentes situações. perimentação dos papéis sociais.
• Efeitos de sentido.
Competências específicas 3:Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pes-
soal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental
e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.

Competências Gerais: 04. Comunicação. 07. Argumentação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13LGG301) Participar de pro- Educação Física ü 


Expressar e refletir sobre situações-conflito, gerados • Danças urbanas.
cessos de produção individual através daslinguagens corporais proporcionadas em
e colaborativa em diferentes lin- cada movimento nas danças urbanas.
guagens (artísticas, corporais e
verbais), levando em conta suas
formas e seus funcionamentos,
para produzir sentidos em diferen-
tes contextos.
(EM13LGG305) Mapear e criar, Educação Física ü 
Avaliar a inserção das práticas corporais e suas repre- • Danças contemporâneas.
por meio de práticas de lingua- sentações sociais na atualidade da região, do país e • Práticas esportivas de aventura.
gem, possibilidades de atuação do mundo. • Brincadeiras e jogos eletrônicos.
social, política, artística e cultural ü 
Definir contexto de produção, circulação e recepção • Jogos paralímpicos.
para enfrentar desafios contem- daspráticas corporais em diversos contextos.
porâneos, discutindo princípios e ü Exercitar a autoria coletiva de coreografias com aber-
objetivos dessa atuação de ma- tura para o diálogo e participação colaborativa.

Currículo do Piauí 2021


neira crítica, criativa, solidária e
ética.

163
(EM13LP17)Elaborar roteiros para Língua Portuguesa ü 
Definir contexto de produção, circulação e recepção • Definir contexto de produção, circulação e recepção

164
a produção de vídeos variados de roteiro. de roteiro.
(vlogs, videoclipe, videominuto, ü 
Produzir roteiros, conforme contexto de produção e • Regularidades do gênero roteiro. Produção de rotei-
documentário etc.), apresenta- gênero definidos. Exercitar a autoria coletiva de rotei- ros para diferentes gêneros, práticas e campos de
ções teatrais, narrativas multi- ros, com abertura para o diálogo e participação cola- atuação.
mídia e transmídia, podcasts, borativa.
playlists comentadas etc., para
ampliar as possibilidades de pro-
dução de sentidos e engajar-se
em práticas autorais e coletivas.
(EM13LP19) Apresentar-se por Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Consideração do contexto de produção, circulação e

Novo Ensino Médio – Caderno 1


meio de textos multimodais diver- ção de textos para se apresentar. recepção de textos multimodais diversos.
sos (perfis variados, gifs biográfi- ü 
Analisar informações e registros, que possam ser • Conhecimento de si, com significação da trajetória
cos, biodata, currículo web, vídeo usados em textos para falar de si. pessoal, acadêmica e profissional.
currículo etc.) e de ferramentas ü 
Produzir textos, em diferentes gêneros e linguagens, • Planejamento e produção de textos orais e multisse-
digitais (ferramenta de gif, wiki, para falar de si, conforme situação de interação. mióticos, com uso de softwares de edição variados.
site etc.), para falar de si mesmo
de formas variadas, considerando
diferentes situações e objetivos.
(EMLP20) Compartilhar gostos, Língua Portuguesa ü 
Discutir gostos, temas e questões de interesse. Par- • Apreciação de objetos culturais.
interesses, práticas culturais, te- ticipar de práticas coletivas da arte e da cultura. • Consideração do contexto de produção, circulação e
mas/problemas/questões que ü 
Organizar colaborativamente grupos para trocar infor- recepção.
despertam maior interesse ou mações sobre temas de interesse. • Planejamento e produção de textos orais e multisse-
preocupação, respeitando e valo- mióticos.
rizando diferenças, como forma
de identificar afinidades e interes-
ses comuns, como também de
organizar e/ou participar de gru-
pos, clubes, oficinas e afins.
(EM13LP22) Construir e/ou atua- Língua Portuguesa ü 
Pesquisar informações sobre profissões e ocupa- • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
lizar, de forma colaborativa, regis- ções. tos.
tros dinâmicos (mapas, wiki etc.) ü 
Produzir registros dinâmicos para a divulgação de co- • Procedimentos de investigação e pesquisa.
de profissões e ocupações de nhecimentos sobre profissões e ocupações. • Relações entre textos.
seu interesse (áreas de atuação, ü 
Relacionar registros produzidos com registros sobre • Produção de registros dinâmicos, em gêneros digi-
dados sobre formação, fazeres, si e sobre o Projeto de Vida. tais.
produções, depoimentos de pro- • Projeto de Vida.
fissionais etc.) que possibilitem
vislumbrar trajetórias pessoais e
profissionais.
(EM13LP25) Participar de reu- Língua Portuguesa ü 
Discutir temas controversos de interesse da turma e/ • Tomada de nota.
niões na escola (conselho de es- ou de relevância.social.Práticas de oralidade: escuta • Réplica (posicionamento responsável em relação a
cola e de classe,grêmio livre etc.), atenta, turno e tempo de fala. temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
agremiações, coletivos ou movi- ü 
Apresentar posições em relação ao assunto e ao dis- textos e atos de linguagem).
mentos, entre outros, em deba- curso de outros, de forma respeitosa e ética. • Participação em debates, assembleias e fóruns de
tes, assembleias, fóruns de dis- ü 
Apresentar argumentos e contra-argumentos na de- discussão.
cussão etc., exercitando a escuta fesa de seu ponto de vista. • Seleção e uso de argumentos para defesa de opi-
atenta, respeitando seu turno e ü 
Defender opiniões em processos de representação niões.
tempo de fala, posicionando-se discente.
de forma fundamentada, respei-
tosa e ética diante da apresenta-
ção de propostas e defesas de
opiniões, usando estratégias lin-
guísticas típicas de negociação e
de apoio e/ou de consideração do
discurso do outro (como solicitar
esclarecimento, detalhamento,
fazer referência direta ou retomar
a fala do outro, parafraseando-a
para endossá-la, enfatizá-la, com-
plementá-la ou enfraquecê-la),
considerando propostas alterna-
tivas e reformulando seu posicio-
namento, quando for caso, com
vistas ao entendimento e ao bem
comum.
(EMLP28) Organizar situações de Língua Portuguesa ü 
Planejar situações de estudo individual ou coletivo. • Curadoria da informação.
estudo e utilizar procedimentos e ü 
Selecionar fontes confiáveis, considerando a defini- • Exercício das capacidades de leitura (localizar e rela-
estratégias de leitura adequados ção prévia de temas, questões de pesquisa e recor- cionar informações, inferir, generalizar compreensão,
aos objetivos e à natureza do co- tes. Fazer curadoria de informações e conteúdos. apreciar eticamente, entre outras), conforme opropó-
nhecimento em questão. ü 
Usar capacidades de leitura, gêneros e procedimen- sito leitor (ler para aprender).
tos de apoio à compreensão.
(EMLP29) Resumir e resenhar Língua Portuguesa ü 
Utilizar estratégias e mecanismos lexicais e sintáti- • Estratégias e mecanismos lexicais e sintáticos para a
textos, por meio do uso de pa- cos na produção de resumos e paráfrases. produção de resumos e paráfrases.
ráfrases, de marcas do discurso ü 
Utilizar recursos linguísticos que marcam as vozes • Marcas linguísticas que evidenciam modosde intro-
reportado e de citações, para uso introduzidas no texto. dução de outras vozes no texto: uso de paráfrases,

Currículo do Piauí 2021


em textos de divulgação de estu- citações e marcas de discurso.
dos e pesquisas.

165
(EM13LP47) Participar de eventos Língua Portuguesa ü 
Mapear eventos e práticas do campo artístico literá- • Mapeamento de práticas do campo artístico literário,

166
(saraus, competições orais, au- rio, considerando contextos locais e digitais. considerando contextos locais e digitais.
dições, mostras, festivais, feiras
culturais e literárias, rodas e clu-
bes de leitura, cooperativas cultu-
rais, jograis, repentes, slams etc.),
inclusive para socializar obras da
própria autoria (poemas,contos
e suas variedades, roteiros e mi-
crorroteiros, videominutos, play-
lists comentadas de música etc.)
e/ou interpretar obras de outros,

Novo Ensino Médio – Caderno 1


inserindo-se nas diferentes práti-
cas culturais de seu tempo.
Competências específicas 4: Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reco-
nhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer
natureza.

Competências Gerais: 01. Conhecimento. 04. Comunicação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

((EMGG401) Analisar criticamente Educação Física ü 


Relacionar o fenômeno das tribos urbanas associado • Tribos urbanas e suas manifestações.
textos de modo a compreender e ao processo de formação de identidade reportando • Basquete, skate, surfistas.
caracterizar as línguas como fenô- principais tribos urbanas dos últimos séculos.
meno (geopolítico, histórico, so- Língua Portuguesa ü 
Reconhecer a variação linguística. Relacionar con- • Condições de produção, circulação e recepção de
cial, cultural, variável,heterogêneo dições sociais, históricas, geográficas e culturais a discursos e atos de linguagem.
e sensível aos contextos de uso. usos das variedades da língua. Relacionar a diversida- • 
Variação linguística histórica (diacrônica), regional
de de usos da língua a pertenças geográficas, cultu- (diatópica), social (diastrática) e de situação comuni-
rais e sociais de grupos de falantes. cativa(diafásica).
(EM13LGG402) Empregar, nas EducaçãoFísica ü 
Defender a popularização dos jogosregionais e as • Jogos populares regionais.
interações sociais, a variedade e danças típicas como uma possibilidade de diálogo • Danças Ttpicas.
o estilo de língua adequados à si- com a cultura, de (re)produzir sentidos e significados,
tuação comunicativa, ao(s) interlo- ao ser vivenciada no interior das escolas.
cutor(es) e ao gênero do discurso,
respeitando os usos das línguas
por esse(s) interlocutor(es) e sem
preconceito linguístico.
Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Contexto de produção, circulaçãoe recepção de tex-
ção de textos. tos.
ü 
Usar recursos das variedades da língua, estratégias •  Variação linguística.
de modalização, com intencionalidade, adequação e • Variação de estilo.
pertinência. • Adequação e pertinência.
ü 
Vivenciar respeitosamente práticas de linguagem de • Uso do “piauiês”.
grupos identitários diversos.
ü 
Relacionar usos de recursos das variedades e dos
estilos das línguas a grupos e seus processos iden-
titários.
(EMGG403) Fazer uso do inglês EducaçãoFísica ü 
Problematizar elementos/produtos culturais de paí- • Esportes.
e do espanhol como línguas de ses de língua inglesa absorvidos pela sociedade bra-
comunicação global, levando em sileira/comunidade no mundo do esporte.
conta a multiplicidade e a varie- Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação e recep- • Condições de produção, circulação e recepção de
dade de usos, usuários e funções ção de discursos e atos de linguagem com uso do discursos e atos de linguagem.
dessas línguas no mundo con- inglês e do espanhol. • Práticas de linguagem com o inglês e com o espa-
temporâneo. Línguas ü 
Interagir em inglês e espanhol em contextos diver- nhol.
Estrangeiras sos, presenciais ou virtuais, síncronos ou não. • Produção de textos linguísticos e multissemióticos.
ü 
Utilizar recursos linguísticos e multissemióticos para • Experimentação de ferramentas ede processos mul-
produzir textos orais ou escritos em inglês. timidiáticos.
ü 
Experimentar ferramentas e processos multimidiáti-
cos, na produção de textos ou atos de linguagem em
inglês.
ü 
Participar de práticas trans línguas, como traduzir
uma conversa para alguém, produzir uma paródia de
uma canção, resumir as ideias de um texto ou tecer
um comentário em português sobre um texto ou ví-
deo em inglês e/ou espanhol (ou vice-versa).
(EMLP10) Analisar o fenômeno Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação e recep- • Níveis e dimensões de análise das variedades da lín-
da variação linguística, em seus ção de textos e atos de linguagem. gua.
diferentes níveis (variações foné- ü 
Analisar ocorrências da variação linguística, em dife- • Variedades linguísticas de prestígio.
tico-fonológica, lexical, sintática, rentes níveis. • Língua e poder.
semântica e estilístico pragmática) ü 
Avaliar usos das variedades, de acordo com a ade- • Adequação dos usos de variedades da língua.
e em suas diferentes dimensões quação a contextos. • Condições de produção, circulação e recepção de
(regional, histórica, social, situa- ü 
Usar variedades da língua, com adequação a contex- textos e atos de linguagem.
cional, ocupacional, etária etc.), de tos. • Preconceito linguístico.
forma a ampliar a compreensão ü 
Contrapor-se, com posicionamento fundamentado
sobre a natureza viva e dinâmica no conhecimento da variação linguística, a posições
da língua e sobre o fenômeno da de preconceito.
constituição de variedades linguís-

Currículo do Piauí 2021


ticas de prestígio e estigmatiza-
das, e a fundamentar o respeito às
variedades linguísticas e o comba-

167
te a preconceitos linguísticos.
168
(EMLP16) Produzir e analisar tex- Língua Portuguesa ü 
Considerar contextos de produção,circulação e re- • Reconstrução e consideração do contexto de produ-
tos orais, considerando sua ade- cepção de textos orais ou multissemióticos. ção, circulação e recepção de textos.
quação aos contextos de produ- ü 
Produzir textos orais ou multissemióticos. • Planejamento e produção de textos orais e multisse-
ção, à forma composicional e ao ü 
Usar recursos linguísticos, paralinguísticos e cinéti- mióticos.
estilo do gênero em questão, à cos em discursos orais e/ou multissemióticos com • Usos expressivos de recursos linguísticos, paralin-
clareza, à progressão temática e efeitos de sentido. guísticos e cinéticos.
à variedade linguística emprega- • Usos de variedades linguísticas.
da, como também aos elementos

Novo Ensino Médio – Caderno 1


relacionados à fala (modulação
de voz, entonação,ritmo, altura e
intensidade, respiração etc.) e à
cinestesia (postura corporal, mo-
vimentos e gestualidade significa-
tiva, expressão facial, contato de
olho complateia etc.
Competências específicas 5:Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de
expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade.

Competências Gerais: 03. Repertório Cultural. 08. Autoconhecimento e autocuidado. 09. Empatia e Cooperação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13LGG502) Analisar critica- Educação Física ü 


Selecionar atitudes éticas e de respeito na vivência • Danças urbanas
mente preconceitos, estereótipos de práticas corporais. • Construção cultural das lutas.
e relações de poder presentes ü Experimentar processos criativos com dança, des- • Apreciação e réplica como combate a preconceitos e
nas práticas corporais, adotando construindo preconceitos e estereótipos. estereótipos em práticas corporais.
posicionamento contrário a qual- ü 
Investigar e elaborar estratégias para auxiliar na des- • Valores e princípios (ética, equidade, justiça, respei-
quer manifestação de injustiça e construção dos estereótipos de gênero presentes na to) nas práticas corporais.
desrespeito a direitos humanos e prática pedagógica dos esportes coletivos futebol/
valores democráticos. futsal, danças, lutas.
Língua Portuguesa ü 
Analisar expressões de preconceito e estereótipos • Contexto de produção, circulação e recepção de dis-
nas práticas da cultura corporal, em discursos e atos cursos sobre as práticas corporais.
de linguagem que circulam em diferentes campos de • Planejamento e produção de textos escritos e mul-
atuação. tissemióticos.
ü 
Produzir textos escritos e multissemióticos.
Competências específicas 6: Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mo-
bilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira
crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
Competências Gerais:03. Repertório Cultural.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(ELGG601) Apropriar-se do pa- Educação Física ü 


Recriar produções artísticas piauienses como: ca- • História das danças populares.
trimônio artístico de diferentes valo piancó, marujada, bumba meu boi, quadrilhas • Dança de salão.
tempos e lugares, compreenden- juninas, lendas piauienses, etc; para continuidade e • Danças locais.
do a sua diversidade, bem como valorização do patrimônio cultural do Estado do Piauí.
os processos de legitimação das Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção, circulação e recep- • Contextos de produção, circulação e recepção das
manifestações artísticas na socie- ção de produções e manifestações do patrimônio produções e manifestações artísticas.
dade, desenvolvendo visão crítica artístico. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
e histórica. ü 
Apreciar diferentes produções e manifestações do políticos em textos e produções artísticas e culturais
patrimônio artístico, com valorização das diversida- etc.).
des de valores e culturas a que remetem. • Réplica (posicionamento responsável em relação a
ü 
Analisar processos de legitimação de produções e temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
manifestações artísticas diversas como integrantes textos e atos de linguagem).
de patrimônios. • Patrimônio artístico, material e imaterialInstigar a
análise de contextos de produção, circulação e re-
cepção de manifestações do patrimônio artístico ma-
terial e imaterial, com valorização das diversidades
de culturas a que remetem a analisar processos de
legitimação de produções e manifestações artísticas
diversas.
(EMLP46) Compartilhar sentidos Língua Portuguesa ü 
Considerar o contexto de produção, circulação e re- • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
de leitura/escuta de textos lite- cepção na significação de textos literários. tos literários.
rários, percebendo diferenças e ü 
Analisar efeitos de sentido de procedimentos recur- • Efeitos de sentido apreendidos em textos literários.
eventuais tensões entre as for- sos poéticos na significação de textos literários. • Desenvolvimento da perspectiva crítica.
mas pessoais e as coletivas de ü 
Relatar experiências de leitura de textos literários, de • Práticas de trocas de experiências leitoras.
apreensão desses textos, para diferentes gêneros e de diferentes temporalidades, • Réplica (posicionamento responsável em relação a
exercitar o diálogo cultural e agu- em práticas de trocas com outros leitores. temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
çar a perspectiva crítica. ü 
Discutir diferentes possibilidades de leitura de um textos e atos de linguagem).
texto. • Desenvolvimento da perspectiva crítica.

Currículo do Piauí 2021


ü 
Comparar sentidos atribuídos a um texto com os dis-
cutidos pela crítica e/ou pela historiografia literária.

169
(EM13LP47) Participar de eventos Língua Portuguesa ü 
Mapear eventos e práticas do campo artístico literá- • Mapeamento de práticas do campo artístico literário,

170
(saraus, competições orais, au- rio, considerando contextos locais e digitais. considerando contextos locais e digitais.
dições, mostras, festivais, feiras ü 
Relacionar eventos e práticas do campo artístico-lite- • Apreciação e réplica.
culturais e literárias, rodas e clu- rário a gostos e interesses. • Processos de produção de textos linguísticos e mul-
bes de leitura, cooperativas cultu- ü 
Analisar modos de participar de práticas do campo ar- tissemióticos em gêneros do campo artístico-literá-
rais, jograis, repentes, slams etc.), tístico-literário, gêneros e linguagens que mobilizem. rio.
inclusive para socializar obras da ü 
Analisar procedimentos poéticos, recursos linguísti- • Literatura piauiense: Reconstrução da textualidade e
própria autoria (poemas, contos e cos e multissemióticos e seus efeitos de sentido. compreensão dos efeitos de sentido provocados por
suas variedades, roteiros e micror- ü 
Produzir performances com textos linguísticos e mul- recursos literários.
roteiros, vídeominutos,playlists tissemióticos para participar de eventos e práticas do
comentadas de música etc.) e/ campo artístico-literário.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


ou interpretar obras de outros,in-
serindo-se nas diferentes práticas
culturais de seu tempo.
(EMLP48) Identificar assimila- Língua Portuguesa ü 
Relatar experiências de leitura de clássicos da litera- • Reconstrução das condições de produção, circulação
ções, rupturas e permanências no tura brasileira e piauiense. e recepção de textos da literatura brasileira e piauien-
processo de constituição da lite- ü 
Analisar recursos e procedimentos literários em se.
ratura piauiense e brasileira e ao obras lidas. • Compreensão em leitura e análise das obras funda-
longo de sua trajetória, por meio ü 
Comparar recursos e procedimentos literários em mentais do cânone ocidental. Literatura portuguesa
da leitura e análise de obras fun- obras de uma mesma temporalidade e de diferentes e Literatura brasileira
damentais do cânone, em espe- temporalidades, pertencentes à literatura piauiense,
cial da literatura portuguesa, para brasileira e à ocidental.
perceber a historicidade de matri-
zes e procedimentos estéticos.
(EMLP50) Analisar relações inter- Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Reconstrução das condições de produção, circulação
textuais e interdiscursivas entre ção de textos literários e artísticos. e recepção de textos literários.
obras de diferentes autores gêne- ü 
Relacionar textos literários e discursos. • Dialogia e relações entre textos literários e/ou artísti-
ros literários do mesmo momento ü 
Analisar efeitos de sentidos da intertextualidade. cos na leitura/escuta/apreciação de um texto literário.
histórico e de momentos históri- • Uso dos efeitos de sentido.
cos diversos, explorando os mo-
dos como a literatura e as artes
em geral se constituem, dialogam
e se retroalimentam.
(EMGG602) Fruir e apreciar esteti- EducaçãoFísica ü 
Relatar sentidosatribuidos a manifestações artísticas, • Danças.
camente diversas manifestações acionando o conhecimento sensível, criativo e imagi- • Lutas.
artísticas e culturais, das locais às nativo. • Capoeira;
mundiais, assim como delas parti- ü 
Fruir e apreciar esteticamente as expressões corpo- • Esporte (técnico – combinatório).
cipar, de modo a aguçar continua- rais, manifestação de sentimentos ou de sensações
mente a sensibilidade, a imagina- internas, tanto quanto de conteúdos mentais, por
ção e a criatividade. meio de movimentos representativos ou simbólicos
do corpo em movimento.
(EMGG603) Expressar-se e atuar EducaçãoFísica ü 
Defendera prática corporal da dança como possibi- • Ginástica.
em processos de criação autorais lidades de novas formas de expressão e comunica- • Lutas.
individuais e coletivos nas diferen- ção, contribuindo dessa forma para aprimoramento • Esporte.
tes linguagens artísticas (artes vi- das habilidades básicas dos padrões fundamentais
suais, audiovisual, dança, música do movimento, e no desenvolvimento das potencia-
e teatro) e nas intersecções entre lidades humanas.
elas, recorrendo a referências es- ü 
Identificar na prática corporal, dança, ginástica, lutas e
téticas e culturais, conhecimentos esporte possibilidades de acesso a conhecimentos e
de naturezas diversas (artísticos, experiências passíveis de leitura e novas produções.
históricos, sociais e políticos) e Língua Portuguesa ü 
Definir contextos de produção, circulação e recepção •  Contextos de produção, circulação e recepção de
experiências individuais e coleti- dos resultados de processos criativos. criações artísticas.
vas. ü 
Mobilizar conhecimentos diversos e repertórios de ex- • Práticas e linguagens artísticas.
periência com Arte em processos de criação artística. • Processos de criação.
ü 
Investigar e experimentar processos de criação au-
torais, coletivos ou individuais, em diferentes lingua-
gens artísticas.
Competências específicas 7:Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir
as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal
e coletiva.

Competências Gerais: 04. Comunicação. 05. Cultura digital. 06. Trabalho e projeto de vida.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EMGG701) Explorar tecnologias Educação Física ü 


Discutir sobreresponsabilidades e consequências • Uso de aplicativos de celular em diferentes práticas
digitais da informação e comu- éticas do uso de ferramentas digitais de informação na educação física para qualificação da educação cor-
nicação (TDIC), compreendendo e comunicação, plataformas e mídias sociais, jogos poral.
seus princípios e funcionalidades, online, entre outros.
e utilizá-las de modo ético, criati- ü 
Usar ferramentas digitais de informação e comunica-
vo, responsável e adequado a prá- ção para participar de diferentes práticas de lingua-
ticas de linguagem em diferentes gem, em diferentes campos de atuação.
contextos. Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação, recepção • Condições de produção, circulação, recepção de dis-
de discursos e atos de linguagem no universo digital. cursos e atos de linguagem no universo digital. Tec-
Línguas ü 
Explorar ferramentas digitais de informação e comuni- nologias digitais da informação e comunicação.
Estrangeiras cação, com intencionalidade, criticidade e criatividade. • Produção de textos multissemióticos.
ü Discutir responsabilidades e consequências éticas
do uso de ferramentas digitais de informação e co-
municação, plataformas e mídias sociais, jogos onli-
ne, entre outros.

Currículo do Piauí 2021


ü Usar ferramentas digitais de informação e comuni-
cação para participar de diferentes práticas de lingua-

171
gem, em diferentes campos de atuação.
172
(EMLP17) Elaborar roteiros para Língua Portuguesa ü 
Definir contexto de produção, circulação e recepção • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
a produção de vídeos variados de roteiro. tos e atos de linguagem, em gêneros que pressu-
(vlog, videoclipe, videominuto, do- ü 
Produzir roteiros, conforme contexto de produção e põem etapa de roteirização.
cumentário etc.), apresentações gênero definidos. • Regularidades do gênero roteiro.
teatrais, narrativas multimídia e ü 
Exercitar a autoria coletiva de roteiros, com abertura • Produção de roteiros para diferentes gêneros, práti-
transmídia, podcasts, playlists para o diálogo e participação colaborativa. cas e campos de atuação.
comentadas etc., para ampliar
as possibilidades de produção de
sentidos e engajar-se em práticas

Novo Ensino Médio – Caderno 1


autorais e coletivas.
EMLP18) Utilizar softwares de Língua Portuguesa ü 
Identificar interesses que motivam discursos políti- • Reconstrução das condições de produção, circulação
edição de textos, fotos, vídeos e cos, programas e propostas de governo e políticas e recepção de textos do campo da vida pública.
áudio, além de ferramentas e am- públicas. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
bientes colaborativos para criar ü 
Analisar comparativamente documentos de progra- políticos em textos e produções artísticas e culturais
textos e produções multissemió- mas e propostas de governo. etc.).
ticas com finalidades diversas, ü 
Posicionar-se critica e eticamente em relação a dis- • Réplica (posicionamento responsável em relação a
explorando os recursos e efeitos cursos da esfera política. temas,visões de mundo e ideologias veiculados por
disponíveis e apropriando-se de textos e atos de linguagem).
práticas colaborativas de escrita, • Relação entre textos e discursos da esfera política.
de construção coletiva do conhe- Debate.
cimento e de desenvolvimento de
projetos.
(EMLP40) Analisar o fenômeno Língua Portuguesa ü 
Analisar textos e discursos do campo jornalístico-mi- • Caracterização do campo jornalístico midiático, com
da pós-verdade – discutindo as diático. foco nos novos gêneros em circulação, mídias e prá-
condições e os mecanismos de ü 
Analisar fenômenos do jornalismo contemporâneos, ticas da cultura digital.
disseminação de fake news e como a produção de fake news e a pós-verdade. • Curadoria de informações.
também exemplos, causas e con- ü 
Utilizar procedimentos de checagem da informação. • Apreciação e réplica, com uso de gêneros como co-
sequências desse fenômeno e da ü 
Produzir posicionamentos críticos e éticos diante de mentários e carta de leitor.
prevalência de crenças e opiniões conteúdos do jornalismo contemporâneo, com gêne- • Condições e mecanismos de disseminação de fake
sobre fatos, de forma a adotar ros como comentários e carta de leitor. news.
atitude crítica em relação ao fenô-
meno e desenvolver uma postura
flexível que permita rever crenças
e opiniões quando fatos apurados
a contradisserem.
(EMLP41) Analisar os proces- Língua Portuguesa ü 
Comparar feeds de notícias. • Feeds (RRS) de notícias e redes sociais.
sos humanos e automáticos de ü 
Analisar regularidades nesse processo de curadoria e • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
curadoria que operam nas redes circulação de notícias, considerando critérios de con- políticos em textos e produções artísticas e culturais
sociais e outros domínios da in- fiabilidade e relevância. etc.).
ternet, comparando os feeds de ü 
Utilizar procedimentos de checagem da informação. • Réplica (posicionamento responsável em relação a
diferentes páginas de redes so- ü 
Identificar fenômenos como efeito bolha e manipu- temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
ciais discutindo os efeitos desses lação. textos e atos de linguagem).
modelos de curadoria, de forma a ü 
Produzir posicionamentos críticos e éticos diante de • Análise de fenômenos de efeito bolha e de manipula-
ampliar as possibilidades de tra- notícias que circulam por feeds de redes sociais. ção de terceiros na Internet.
to com o diferente e minimizar o
efeito bolha e a manipulação de
terceiros.
(EMLP43) Atuar de forma funda- Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção,recepção de conteú- • Contexto de produção,circulação e recepção de con-
mentada ética e crítica na produ- dos, na cultura de rede. teúdos, na cultura de rede.
ção e no compartilhamento de ü 
Produzir conteúdo em gêneros e práticas próprias da • Curadoria e redistribuição de conteúdos.
comentários, textos noticiosos e cultura de rede (memes,gifs). • Curadoria e redistribuição de conteúdos
de opinião, memes, gifs, remixes ü 
Compartilhar conteúdo produzido ou selecionado por • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos
variados etc. em redes sociais ou procedimento de distribuição e compartilhamento e políticos em textos e produções artísticas e cultu-
outros ambientes digitais. (retweet, marcar etc.). rais etc.
ü 
Discutir dimensões éticas no trato e compartilha- • Réplica (posicionamento responsável em relação a
mento de conteúdo pela Internet. temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
textos de linguagem).
(EMGG702) Avaliar o impacto das EducaçãoFísica ü 
Identificar as representações expressas no discurso • Jogos eletrônicos.
tecnologias digitais da informação dos jovens praticantes de jogos eletrônicos sobre o
e comunicação (TDIC) na forma- modo como se veem e de que forma concebem tais
ção do sujeito e em suas práticas práticas.
sociais, para fazer uso crítico des- Língua Portuguesa ü 
Avaliar criticamente usos das tecnologias digitais da • Condições de produção, circulação e recepção de
sa mídia em práticas de seleção, informação e comunicação em práticas de diferentes textos e atos de linguagem no universo digital.
compreensão e produção de dis- linguagens, em diferentes campos de atuação. • Curadoria de informação, opinião.
cursos em ambiente digital. ü 
Analisar condições de produção, circulação e recep- • Relações entre textos, atos de linguagem e discur-
ção de textos e atos de linguagem no universo digital. sos circulantes em meio digital.
ü  Fazer curadoria de informação e opinião, com dife- • Princípios éticos nas práticas mediadas pelas TDIC.
rentes intencionalidades e propósitos, considerando
valores éticos.
ü 
Participar de práticas de linguagem em ambientes di-
gitais de maneira ética e responsável.
ü 
Identificar as representações expressas no discurso

Currículo do Piauí 2021


dos jovens praticantes de jogos eletrônicos sobre o
modo como se veem e de que forma concebem tais

173
práticas.
174
(ELGG703) Utilizar diferentes lin- Educação Física ü 
Exercitar a autoria colaborativa, com abertura para a • Atividade Física Multimídia – aplicativo e estilo de
guagens, mídias e ferramentas di- negociação, planejamento e execução de propostas vida ativo.
gitais em processos de produção autorais coletivas, em práticas das diferentes lingua- • Aplicativo de edição.
coletiva, colaborativa e projetos gens (linguística, corporal e artística).
autorais em ambientes digitais. ü Explicar o desenvolvimento de aplicativos móveis
voltados para saúde, sua importância, considerando
que os conteúdos sejam analisados e validados por

Novo Ensino Médio – Caderno 1


profissionais que conheçam as reais necessidades
dos usuários visto que o conhecimento prático é
essencial para planejar e implementar novas tecno-
logias de maneira coerente e adequada, de acordo
com as demandas específicas.
Língua Portuguesa ü 
Exercitar a autoria colaborativa, com abertura para a • Condições de produção, circulação e recepção de
negociação, planejamento e execução de propostas textos e atos de linguagem no contexto digital. Au-
autorais coletivas, em práticas das diferentes lingua- toria coletiva.
gens • Uso autônomo, crítico e criativo de softwares e ferra-
ü 
Usar meios e ferramentas digitais para processos co- mentas e ambientes colaborativos.
laborativos de criação de produção de textos e atos • Processos de experimentação, criação e produção
de linguagem. textual.
(EMGG704) Apropriar-se critica- Educação Física ü 
Investigar a respeito da relação Corpo, Movimento • Curadoria de fonte de pesquisa.
mente de processos de pesquisa e Saúde enfatizando as consequênciasdo sedenta- • Corpo, Movimento e Saúde.
e busca de informação, por meio rismo, que pode estar associado a outros tipos de
de ferramentas e dos novos for- doenças, entre elas a obesidade e o sobrepeso.
matos de produção e distribuição Língua Portuguesa ü 
Utilizar ferramentas digitais para selecionar, categori- • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
do conhecimento na cultura de zar, tratar, organizar e disponibilizar informações. tos e atos de linguagem, no contexto da cultura de
rede. rede.
• Utilizar ferramentas digitais para selecionar, categori-
zar, tratar, organizar e disponibilizar informações.
• Uso crítico de recursos e agregadores de conteúdo
e compartilhamento de informações no universo di-
gital.
3a SÉRIE CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO LÍNGUA PORTUGUESA: 80


EDUCAÇÃO FÍSICA:
PRÁTICAS: Leitura, escrita, produção de textos (orais, escritos, multisse- ARTE: 40
mióticos) e análise linguística/semiótica. LÍNGUAS ESTRANGEIRAS:
Competência específica 1: Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos
na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as
possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.

Competências Gerais: 01 Conhecimento. 02. Pensamento científico, crítico e criativo.03. Repertório cultural.04. Comunicação.05. Cultura digital.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EMLGG101) Compreender, ana- Arte ü 


Aplicar conhecimentos para o desenvolvimento de •  Planejamento, produção, experimentação, pesquisa
lisar processos de produção e atividades ou de projetos diversos em práticas das e utilização de práticas individuais e coletivas, perfor-
circulação de discursos, nas dife- manifestações artísticas (saraus, cine-debate, virada mances artísticas, produção/recepção de artigos de
rentes linguagens, para fazer es- cultural, mostras individuais e colaborativas de arte, opinião, práticas da cultura corporal, apreciação de
colhas fundamentadas em função festivais,espetáculos,performance,concertos,reci- obras, etc.
de interesses pessoais e coleti- tais,intervenção e happening etc.). Interagir com a
vos. diversidade de linguagens presentes nos diferentes
contextos que permeiam a vida social, familiar, esco-
lar, comunitário, midiático, entre outros.
Língua Portuguesa ü 
Analisar usos de recursos expressivos (linguísticos, •  Recursos expressivos e seus efeitos de sentidos.
gestuais, artísticos, multissemióticos) e seus efeitos • 
Reconstrução das condições de produção, circulação
de sentidos. e recepção de textos.
ü 
Analisar o contexto de produção de diferentes gêne-
ros em diferentes campos de atuação,na leitura, es-
crita, escuta, apreciação e produção de textos.
(EM13LGG103) Analisar o fun- Arte ü 
Reconhecer a linguagem da Arte como propulsora de • Fundamentos das linguagens – Elementos da Lin-
cionamento das linguagens, para conhecimento para ser capaz de produzir e interpre- guagem – Conceitos e definições – Gramática Ar-
interpretar e produzir criticamente tar criticamente a realidade do seu entorno através ticuladora da Arte – Mediação Cultural – Imagens
discursos em textos de diversas de textos e discursos. estáticas e em movimento de artes visuais, dança,
semioses (visuais, verbais, sono- ü 
Analisar práticas artísticas e seu processo de produ- música, teatro e artes integradas.
ras, gestuais). ção para intervir de forma crítica no contexto local, • Processo de Criação – Produção textual-escrita e
nacional e global. imagética.

Currículo do Piauí 2021


• Saberes Estéticos e Culturais – Estética e História
da Arte.

175
(EMLP24) Analisar formas não Língua Portuguesa ü 
Analisar práticas de linguagens próprias para partici- • 
Reconstrução das condições de produção, circulação

176
institucionalizadas de participação pação social, observando seu uso em diferentes con- e recepção de textos e atos de linguagem, em práti-
social, sobretudo as vinculadas a textos. cas de participação social.
manifestações artísticas, produ- ü 
Discutir temas de interesse social, especialmente •  Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
ções culturais, intervenções urba- das juventudes. políticos em textos e produções artísticas e culturais
nas e formas de expressão típica etc.).
das culturas juvenis que preten- • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a
dam expor uma problemática ou temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
promover uma reflexão/ação, po- textos e atos de linguagem.
sicionando-se em relação a essas
produções e manifestações.
(EM1LP31) Compreender criti- Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação e recep- • 
Contexto de produção, circulação e recepção de tex-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


camente textos de divulgação ção de textos de gêneros da divulgação científica. tos da divulgação científica.
científica orais, escritos e multis- ü 
Fazer curadoria de informação. • 
Regularidades dos gêneros da divulgação científica.
semióticos de diferentes áreas ü 
Usar procedimentos de apoio à compreensão, inves- • 
Organização tópico-discursiva.
do conhecimento, identificando tigação e pesquisa. • 
Curadoria.
sua organização tópica e a hierar- ü 
Produzir textos, observando as regularidades dos gê-
quização das informações, iden- neros de divulgação científica.
tificando e descartando fontes ü 
Fazer curadoria de textos de divulgação científica,
não confiáveis e problematizando comparando fontes.
enfoques tendenciosos ou super-
ficiais (campo das práticas de es-
tudo e pesquisa).
(EIMGG102)Analisar visões de Línguas ü 
Reconhecer os discursos produzidos pelos sujeitos
mundo, conflitos de interesse, Estrangeiras nos diferentes gêneros e campos de atuação.
preconceitos e ideologias presen- ü 
Produzir argumentos sustentáveis na defesa do pon-
tes nos discursos veiculados nas to de vista em relação a temas, visões de mundo e
diferentes mídias como forma de ideologias veiculados por textos e atos de linguagem.
ampliar suas as possibilidades de
explicação e interpretação crítica
da realidade.
(EM2LP21) Produzir, de forma co- Língua Portuguesa ü 
Apreciar objetos culturais, fomentando sua produção • 
Objetos artísticos e culturais.
laborativa, e socializar playlists co- nos espaços da escola e da comunidade. • 
Produção, divulgação e fomento de playlists em Arte.
mentadas de preferências culturais ü 
Considerar as diversas manifestações artísticas lo- • 
Planejamento e produção de playlists.
e de entretenimento, revistas cul- cais intensificando sua produção e divulgação nas
turais, fanzines, e-zines ou publica- plataformas.
ções afins que divulguem, comen-
tem e avaliem músicas, games,
séries, filmes, quadrinhos, livros,
peças, exposições, espetáculos de
dança etc., de forma a compartilhar
gostos, identificar afinidades, fo-
mentar comunidades etc.
(EM2LP24) Analisar formas não Língua Portuguesa ü 
Analisar práticas de linguagens próprias para partici- • 
Reconstrução das condições de produção, circula-
institucionalizadas de participação pação social, observando seu uso em diferentes con- ção e recepção de textos e atos de linguagem, em
social, sobretudo as vinculadas a textos. práticas de apreciação (avaliação de aspectos éticos,
manifestações artísticas, produ- ü 
Discutir temas de interesse social, especialmente estéticos e políticos em textos e produções artísticas
ções culturais, intervenções urba- das juventudes. e culturais etc.).
nas e formas de expressão típica • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a
das culturas juvenis que preten- temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
dam expor uma problemática ou textos e atos de linguagem participação social.
promover uma reflexão/ação, po-
sicionando-se em relação a essas
produções e manifestações.
(EM2LP26) Relacionar textos e Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e recep- • Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
documentos legais e normativos ção de textos legais e normativos. tos legais e normativos.
de âmbito universal, nacional, lo- ü 
Analisar regularidades dos textos de gêneros legais • Regularidades de gêneros de textos legais e norma-
cal ou escolar que envolvam a de- e normativos. tivos.
finição de direitos e deveres – em ü 
Comparar textos legais e normativos. • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a
especial, os voltados a adolescen- ü 
Discutir direitos e deveres, com base em textos le- temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
tes e jovens – aos seus contextos gais e normativos. textos e atos de linguagem.
de produção, identificando ou in-
ferindo possíveis motivações e fi-
nalidades, como forma de ampliar
a compreensão desses direitos e
deveres.
(EM2LP44) Analisar formas con- Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e recep- •  Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
temporâneas de publicidade em ção de textos publicitários. tos publicitários.
contexto digital (advergame, ü 
Analisar textos e discursos da publicidade. • 
Análise de textos de gêneros discursivos contempo-
anúncios em vídeos, social adver- ü 
Relacionar textos e discursos da publicidade. râneos de campanhas publicitárias e políticas.
tising, unboxing, narrativa merca- ü 
Analisar escolhas de recursos linguísticos e multisse- • 
Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
dológica, entre outras), e peças mióticos e seus efeitos de sentido. políticos em campanhas publicitárias.
de campanhas publicitárias e po- • Recursos linguísticos e multissemióticos e efeitos
líticas (cartazes, folhetos, anún- de sentido.
cios, propagandas em diferentes • Mecanismos de persuasão e argumentação.
mídias, spots, jingles etc.), identi-
ficando valores e representações
de situações, grupos e configura-
ções sociais veiculadas, descons-
truindo estereótipos, destacando
estratégias de engajamento e

Currículo do Piauí 2021


viralização e explicando os meca-
nismos de persuasão utilizados e

177
os efeitos de sentido provocados
pelas escolhas feitas em termos

178
de elementos e recursos linguís-
tico-discursivos,imagéticos, sono-
ros, gestuais e espaciais, entre ou-
tros (campo jornalístico midiático).

(EM3LP14) Analisar, a partir de re- Língua Portuguesa ü 


Analisar contextos de produção, circulação e recep- • 
Análise do contexto de produção, circulação e recep-
ferências contextuais, estéticas e ção de discursos e atos de linguagem da cultura au- ção de textos e de atos de linguagem diversos e, em
culturais, efeitos de sentido decor- diovisual. especial, da cultura audiovisual.
rentes de escolhas e composição ü 
Analisar discursos e atos de linguagem das práticas • 
Usos de recursos linguísticos e multissemióticos e
das imagens (enquadramento, da cultura audiovisual. efeitos de sentido.
ângulo/vetor, foco/profundidade ü 
Analisar recursos linguísticos e multissemióticos e

Novo Ensino Médio – Caderno 1


de campo, iluminação, cor, linhas, seus efeitos de sentido.
formas etc.) e de sua sequen-
ciação (disposição e transição,
movimentos de câmera, remix,
entre outros), das performances
(movimentos do corpo, gestos,
ocupação do espaço cênico), dos
elementos sonoros (entonação,
trilha sonora, sampleamento etc.)
e das relações desses elementos
com o verbal, levando em conta
esses efeitos nas produções de
imagens e vídeos, para ampliar as
possibilidades de construção de
sentidos e de apreciação.
(EM3LP52) Analisar obras signifi- Língua Portuguesa ü 
Praticar leitura para identificação de pontos comuns • 
Repertórios de leitura: literatura piauiense, brasileira,
cativas das literaturas brasileiras e entre literatura piauiense, brasileira, portuguesa, indí- portuguesa, indígena, africana e latino-americana.
de outros países e povos, em es- gena, africana e latino-americana. • 
Contexto de produção da literatura piauiense, autores
pecial a portuguesa, a indígena, a ü 
Reconhecer as condições de produção, circulação e consagrados e autores contemporâneos.
africana e a latino-americana, com recepção de textos artístico-literários. • 
Reconstrução das condições de produção, circulação
base em ferramentas da crítica li- ü 
Avaliar criticamente os aspectos éticos, estéticos e e recepção de textos artísticos literários.
terária (estrutura da composição, políticos presentes em textos e produções artísticas • 
Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
estilo, aspectos discursivos) ou e culturais. políticos em textos e produções artísticas e culturais
outros critérios relacionados a di- ü 
Posicionar-se criticamente em relação a temas, vi- etc.).
ferentes matrizes culturais, consi- sões de mundo e ideologias veiculados por textos e • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a
derando o contexto de produção atos de linguagem). temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
(visões de mundo, diálogos com ü 
Reconstrução da textualidade e compreensão dos textos e atos de linguagem).
outros textos, inserções em movi- efeitos de sentidos provocados pelos usos de recur- • 
Reconstrução da textualidade e compreensão dos
mentos estéticos e culturais etc.) sos linguísticos e multissemióticos. efeitos de sentidos provocados pelos usos de recur-
e o modo como dialogam com o ü 
Identificar as relações entre textos e discursos. sos linguísticos e multissemióticos.
presente. • 
Relações entre textos e discursos.
(EM3LP54) Criar obras autorais, Língua Portuguesa ü 
Produzir textos artístico-literários, considerando as • 
Relação entre textos, com foco em assimilações e
em diferentes gêneros e mídias condições de produção, circulação e recepção. rupturas quanto a temas e procedimentos estéticos.
– mediante seleção e apropriação ü 
Produzir textos verbais e multimodais estruturados •  Definição das condições de produção.
de recursos textuais e expressi- nas condições de produção,circulação e recepção. • circulação e recepção.
vos do repertório. artístico –, e/ • Usos de recursos linguísticos e multissemióticos.
ou produções derivadas (paródias, • 
Intertextualidade, paródia e estilização.
estilizações, fanfics, fan clipes, • Produção de textos verbais e multimodais: paródias,
etc.), como forma de dialogar crí- estilizações, fanfics, fanclipes etc.
tica e/ou subjetivamente com o
texto literário.
Competências específicas 2:Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversida-
des e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando
o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza

Competências Gerais: 01. Conhecimento.02. Pensamento científico, crítico e criativo.08. Autoconhecimento e autocuidado.09. Empatia e cooperação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EMG201) Utilizar as diversas lin- Arte ü 


Demonstrar que no corpo inscrevem-se narra- • 
Música.
guagens (artísticas, corporais e tivas, que marcam e se materializam, a partir de • 
Expressão, comunicação humana na linguagem musi-
verbais) em diferentes contextos, fragmentos, representações, imaginários e simbo- cal.
valorizando-as como fenômeno lismos, tanto a história individual do sujeito, como • 
Canção: exploração/estruturação de ruídos, sons, rit-
social, cultural, histórico, variável, as memórias coletivas de uma população, media- mos, movimentos, apreciação musical.
heterogêneo e sensível aos con- do pela cultura. • 
Signos musicais a partir de oficinas (experimentação/
textos de uso. ü 
Interpretar as relações entre produções musicais, pesquisa) desenvolvidas pelo professor no contexto do
seu contexto e sua identidade cultural, aproprian- Piauí.
do se dos fundamentos expressivos da Música, • 
Apreciação estética da linguagem da música.
sabendo reconhecer a pluralidade de expressões • 
Leitura e compreensão de canções de diferentes épo-
musicais, nos contexto nacional, local e global. cas, noção de ruídos, sons, ritmos, movimentos.
ü 
Identificar elementos da expressão musical, bus- • Identificação e leitura (apreciação) de diferentes estilos
cando compreender os parâmetros estéticos e musicais e o sentido atribuído no contexto social e cul-
históricos. tural no território piauiense.
ü 
Analisar, enquanto fruidor, experiências musicais, • 
Identificação e leitura (apreciação musical.
buscando conhecer e contextualizar produções • 
Produção cultural, histórica e manifestação coletiva da
musicais. linguagem musical.
ü 
Reconhecer os fundamentos expressivos da Mú- • 
Releitura de obras musicais(paródia), noção de canção.
sica, identificando os elementos básicos do som, • Noção de ruídos, sons, ritmos, movimentos na produ-
reconhecendo características da produção musi- ção musical.
cal diversificada no Piauí, onde há uma mistura de • 
Estilos de música na releitura de obras musicais

Currículo do Piauí 2021


estilos, desde a regional a tradicional como: baião, piauienses.
xote, balada pop, MPB, reggae, toada, samba,

179
bossa, jazz, tango, forró, entre outros.
(EM1LP01) Relacionar o texto, Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção de diferentes gê- • 
Práticas de oralidade: escuta atenta, turno e tempo de

180
tanto na produção como na leitu- neros em diferentes campos de atuação,na leitura, fala.
ra/escuta, com suas condições de escrita, escuta, apreciação e produção de textos. • 
Tomada de nota.
produção e seu contexto sócio– LínguasEstrangeiras • 
Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
histórico de circulação (leitor/au- políticos em textos e produções artísticas e culturais
diência previstos, objetivos, pon- etc.).
tos de vista e perspectivas, papel • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a te-
social do autor, época, gênero do mas, visões de mundo e ideologias veiculados por tex-
discurso etc.), de forma a ampliar tos e atos de linguagem).
as possibilidades de construção • 
Planejamento, produção e edição de textos orais, escri-
de sentidos e de análise crítica e tos e multissemióticos.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


produzir textos adequados a dife- • 
Relação do texto com o contexto de produção e experi-
rentes situações. mentação dos papéis sociais.
• 
Efeitos de sentido.
(EM23LP40) Analisar o fenôme- Língua Portuguesa ü 
Analisar textos e discursos do campo jornalístico- • 
Caracterização do campo jornalístico midiático, com
no da pós-verdade – discutindo -midiático. foco nos novos gêneros em circulação, bem como mí-
as condições e os mecanismos ü 
Analisar fenômenos do jornalismo contemporâ- dias e práticas da cultura digital.
de disseminação de fake news e neos, como a produção de fake news e a pós-ver- • 
Curadoria de informação.
também exemplos, causas e con- dade. • 
Condições e mecanismos de disseminação de fotos.
sequências desse fenômeno e da ü 
Utilizar procedimentos de checagem da informa- • 
Apreciação e réplica, com uso de gêneros como docu-
prevalência de crenças e opiniões ção. mentários, editoriais, carta do leitor, artigos de opinião,
sobre fatos, de forma a adotar ü 
Produzir posicionamentos críticos e éticos diante dentre outros.
atitude crítica em relação ao fenô- de conteúdos do jornalismo contemporâneo, com
meno e desenvolver uma postura gêneros como documentários, editoriais, carta do
flexível que permita rever crenças leitor, artigos de opinião, dentre outros.
e opiniões quando fatos apurados
as contradisserem.
EMLP42) Acompanhar, analisar e Língua Portuguesa ü 
Analisar textos, discursos do campo jornalístico- • 
Reconstrução do contexto de produção, circulação e re-
discutir a cobertura da mídia dian- -midiático. cepção de textos do campo jornalístico-midiático. Cura-
te de acontecimentos e questões ü 
Comparar textos e discursos do campo jornalísti- doria de informações.
de relevância social, local e glo- co-midiático. • Relação entre textos, discursos, mídias e práticas da
bal, comparando diferentes enfo- ü 
Posicionar-se diante de discursos do campo jorna- cultura digital.
ques e perspectivas, por meio do lístico-midiático. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
uso de ferramentas de curadoria políticos em textos e produções artísticas e culturais
(como agregadores de conteúdo) etc.).
e da consulta a serviços e fontes • Réplica (posicionamento responsável em relação a te-
de checagem e curadoria de infor- mas, visões mundo ideologias veiculados por textos e
mação, de forma a aprofundar o atos de linguagem).
entendimento sobre um determi-
nado fato ou questão, identificar o
enfoque preponderante da mídia
e manter-se implicado, de forma
crítica, com os fatos e as ques-
tões que afetam a coletividade.
MLP52)Analisar obras significa- Língua Portuguesa ü 
Relatar experiências de leitura de textos de dife- • 
Repertórios de leitura: literatura brasileira, portuguesa,
tivas das literaturas brasileiras, rentes gêneros literários e temporalidades das indígena, africana, latino-americana.
piauiense e de outros países e literaturas brasileira, piauiense, portuguesa, africa- • 
Repertórios de leitura:literatura piauiense.
povos, em especial a portugue- na, indígenas e latino-americanas. • 
Reconstrução das condições de produção, circulação e
sa, a indígena, a africana e a la- ü 
Analisar efeitos de sentidos provocados pelos recepção de textos artísticos literários.
tino-americana, com base em usos de recursos linguísticos e multissemióticos. • 
Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
ferramentas da crítica literária ü  Relacionar visões de mundo e valores culturais políticos em textos e produções artísticas e culturais
(estrutura da composição, estilo, ficcionalizados em textos a seus contextos de pro- etc.).
aspectos discursivos) ou outros dução. • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a te-
critérios relacionados a diferentes ü Relacionar textos e discursos de obras das litera- mas, visões de mundo.
matrizes culturais, considerando o turas brasileira, portuguesa, africana, indígenas e
contexto de produção (visões de latino-americanas.
mundo, diálogos com outros tex- ü 
Repertórios de leitura: literatura brasileira, por-
tos, inserção em movimentos es- tuguesa, indígena, africana, latino-americana e
téticos e culturais etc.) e o modo piauiense.
como dialogam com o presente.
Competências específicas 3:Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pes-
soal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental
e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.

Competências Gerais: 03. Repertório cultural. 04. Comunicação.07. Argumentação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EMLGG303) Debater questões Arte ü 


Reconhecer as práticas dos profissionais das lin- • 
Matrizes estéticas, artísticas e culturais: valorização dos
polêmicas de relevância social, guagens artísticas como uma ligação entre a vida profissionais locais das diversas linguagens artísticas.
analisando diferentes argumentos cotidiana e a cultura local, para a construção da • Apreciação(avaliação de aspectos estéticos e políticos
e opiniões, para formular, nego- identidade e do exercício da cidadania do estudan- em textos e produções artísticas e culturais.
ciar e sustentar posições, frente à te.
análise de perspectivas distintas.
Práticas corporais de lazer em es-

Currículo do Piauí 2021


paços.

181
182
(EMLGG304) Formular propostas, Arte ü 
Defender as práticas artísticas como um conhe- • 
Consciência ambiental em espaços públicos e privados.
intervir e tomar decisões que le- cimento que constitui um acervo cultural o qual • 
Arte ecológica.
vem em conta o bem comum e os toda comunidade em geral possam ter acesso, • 
Projetos e propostas de intervenção nas diversas mani-
Direitos Humanos, a consciência como um direito, colaborando para uma boa saúde festações artísticas de forma consciente.
socioambiental e o consumo res- mental, facilitando os processos de socialização, • 
História da arte como celeiro de ideias de intervenção.
ponsável em âmbito local, regio- comunicação, expressão e construção do conheci-
nal e global. mento para uma consciência socioambiental e de
consumo responsável em âmbito local, regional e
global.
(EM13LP33) Selecionar, elaborar Língua Portuguesa ü 
Selecionar instrumentos de coleta de dados e in- •  Instrumentos de coleta de dados.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


e utilizar instrumentos de coleta formações. • 
Tratamento e análise de conteúdo.
de dados e informações (questio- ü 
Colher dados e informações.
nários, enquetes, mapeamentos, ü Analisar dados e informações.
opinários) e de tratamento e aná- ü 
Tratar e/ou retextualizar dados e informações para
lise dos conteúdos obtidos, que difusão de investigação/pesquisa.
atendam adequadamente a dife-
rentes objetivos de pesquisa.
(EMLP34) Produzir textos para a Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e re- • 
Consideração do contexto de produção, circulação e
divulgação do conhecimento e cepção de textos no campo de práticas de estudo recepção de textos do campo de práticas de estudo e
de resultados de levantamentos e pesquisas. pesquisa.
e pesquisas – texto monográfi- ü 
Utilizar os recursos de diferentes linguagens ade- • Gêneros do campo de práticas de estudo e pesquisa.
co, ensaio, artigo de divulgação quados ao gênero do texto em produção, com vis- • 
Curadoria de informação.
científica, verbete de enciclopédia tas à construção de sentidos. • 
Relação entre textos, com procedimentos de paráfrase
(colaborativa ou não), infográfico e citação.
(estático ou animado), relato de
experimento, relatório, relatório
multimidiático de campo, repor-
tagem científica, podcast ou vlog
científico, apresentações orais,
seminários, comunicações em
mesas redondas, mapas dinâmi-
cos etc., considerando o contexto
de produção e utilizando os co-
nhecimentos sobre os gêneros
de divulgação científica, de forma
a engajar-se em processos signifi-
cativos de socialização e divulga-
ção do conhecimento.
(EMLP45) Analisar, discutir, pro- Língua Portuguesa ü 
Definir o contexto de produção, circulação e re- • 
Consideração do contexto de produção, circulação e re-
duzir e socializar, tendo em vista cepção de textos a serem produzidos em gêneros cepção de textos do campo jornalístico-midiático.
temas e acontecimentos de in- do campo jornalístico-midiático. • Relação entre os gêneros em circulação no campo jor-
teresse local ou global, notícias, ü 
Produzir individual e colaborativamente, textos em nalístico-midiático, mídias e práticas da cultura digital.
fotodenúncias, fotorreportagens, gêneros do campo artístico midiático, para infor- • Produção de textos do campo jornalístico midiático:
reportagens multimidiáticas, do- mar ou influenciar na formação de opinião. processo.
cumentários, infográficos, pod- ü 
Usar recursos linguísticos e multissemióticos. • 
Usos de recursos linguísticos e multissemióticos e
casts noticiosos, artigos de opi- seus efeitos de sentido.
nião, críticas da mídia, vlogs de
opinião, textos de apresentação e
apreciação de produções culturais
(resenhas, ensaios etc.) e outros
gêneros próprios das formas de
expressão das culturas juvenis
(vlogs e podcasts culturais, em
várias mídias, vivenciando de for-
ma significativa o papel de repór-
ter, analista, crítico, editorialista
ou articulista, leitor, vlogueiro e
booktuber, entre outros.
(EM13LP51) Selecionar obras do Língua Portuguesa ü 
Analisar contextos de produção, circulação e re- • 
Práticas do letramento literário para escolha de títulos.
repertório artístico literário con- cepção de obras literárias contemporâneas. • 
Análise de contextos de produção, circulação e recep-
temporâneo à disposição segun- ü Analisar referências e opiniões sobre obras literá- ção de obras.
do suas predileções, de modo a rias contemporâneas. • 
Curadoria de títulos da literatura contemporânea.
constituir um acervo pessoal e ü Relacionar referências e opiniões sobre obras lite- • 
Apreciação e réplica.
dele se apropriar para se inserir e rárias contemporâneas a gostos e interesses. • 
Compartilhamento de experiências leitoras.
intervir com autonomia e criticida- ü Ler com autonomia obras contemporâneas.
de no meio cultural. ü 
Compartilhar experiências de leitura.
(EMLP53) Produzir apresentações Língua Portuguesa ü 
Avaliar diferentes objetos do campo artístico-lite- • 
Repertórios de leitura e apreciação.
e comentários apreciativos e crí- rário. • Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
ticos sobre livros, filmes, discos, ü 
Produzir textos de apreciação em diferentes gêne- políticos em textos e produções artísticas e culturais
canções, espetáculos de teatro e ros, linguagens e mídias. etc.).
dança, exposições etc. (resenhas, • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a te-
vlogs e podcasts literários e artís- mas, visões de mundo e ideologias veiculados por tex-
ticos, playlists comentadas, fanzi- tos e atos de linguagem).
nes, e-zines etc.). • 
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efei-
tos de sentido provocados pelos usos de recursos lin-
guísticos e multissemióticos.

Currículo do Piauí 2021


• 
Relações entre textos e discursos.
• 
Reconstrução das condições de produção, circulação e

183
recepção de textos.
184
Competências específicas 4: Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reco-
nhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer
natureza.

Competências Gerais:01. Conhecimento.02.Pensamento científico, crítico e criativo. 04. Comunicação.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13LP09)Comparar o tratamento Língua Portuguesa ü 


Analisar diferentes intencionalidades e interesses • 
Gramáticas Prescritivas.
dado pela gramática tradicional e pelas nas formas de explicar o português. • 
Gramáticas descritiva.
gramáticas de uso contemporâneas ü 
Analisar recortes e abordagens da gramática pres- • 
Variedade padrão:contexto de formação,interes-
em relação a diferentes tópicos grama- critiva e seu papel na configuração do português- ses e valores na defesa de uma língua única.
ticais, de forma a perceber as diferen- -padrão. • 
Variação linguística: variedades de prestígio, nor-
ças de abordagem e o fenômeno da va- ü 
Utilizar normas e regras, considerando contextos ma-culta e variedades estigmatizadas.
riação linguística e analisar motivações de produção, circulação e recepção de textos. • Usos do português brasileiro contemporâneo.
que levam ao predomínio do ensino da
norma-padrão na escola.
(EM13LP10) Analisar o fenômeno da Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação e re- • 
Níveis e dimensões de análise das variedades da
variação linguística, em seus diferentes cepção de textos e atos de linguagem. língua.
níveis (variações fonético-fonológica, ü 
Analisar ocorrências da variação linguística, em di- • Variedades linguísticas de prestígio.
lexical, sintática, semântica e estilísti- ferentes níveis. • 
Língua e poder.
co pragmática) e em suas diferentes ü 
Avaliar usos das variedades, de acordo com a ade- • Adequação dos usos de variedades da língua.
dimensões (regional, histórica, social, quação a contextos. • 
Língua e poder.
situacional, ocupacional, etária etc.), de ü 
Usar variedades da língua, com adequação a con- • Adequação dos usos de variedades da língua.
forma a ampliar a compreensão sobre textos. • 
Preconceito linguístico.
a natureza viva e dinâmica da língua e ü 
Contrapor-se, com posicionamento fundamentado
sobre o fenômeno da constituição de no conhecimento da variação linguística, a posi-
variedades linguísticas de prestígio ções de preconceito.
e estigmatizadas, e a fundamentar o
respeito às variedades linguísticas e o
combate a preconceitos linguísticos.
Competências específicas 5:Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de
expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade.

Competências Gerais: 03. Repertório cultural. 08. Autoconhecimento e autocuidado. 09. Empatia e cooperação.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EMLGG502) Analisar criticamen- Língua Portuguesa ü 


Analisar expressões de preconceito e estereóti- • Contexto de produção, circulação e recepção de dis-
te preconceitos, estereótipos e pos nas práticas da cultura corporal, em discursos cursos sobre as práticas corporais.
relações de poder presentes nas e atos de linguagem que circulam em diferentes •  Contexto de produção, circulação e recepção de dis-
práticas corporais, adotando posi- campos de atuação. cursos sobre as práticas corporais.
cionamento contrário a qualquer ü 
Produzir textos escritos e multissemióticos.
manifestação de injustiça e desres- Arte ü 
Contribuir para o processo de ensino e aprendiza- • 
Dança: Expressão, comunicação humana na lingua-
peito a direitos humanos e valores gem levando em consideração as danças piauien- gem da dança.
democráticos. ses, ressignificando a importância do regionalismo • 
Corporalidade,movimentos,esforço, respiração,ritmo.
presente nessas manifestações, por exemplo: ca- • 
Signos, elementos e dinâmica da dança.
valo piancó, bumba-meu-boi, quadrilha junina, ma- • Linguagem corporal, movimentos, esforço, respira-
rujada, Folia de Reis, dança de São Gonçalo, balan- ção, ritmo, peso, espaço, fluência e expressão.
dê-baião etc., respeitando as diversidades locais. • 
Produção cultural, histórica e manifestação coletiva da
ü 
Identificar as relações entre produções em dança, linguagem da dança.
seu contexto e suas identidades culturais, auxilian- • 
Linguagem corporal, movimentos, esforço, respira-
do na desconstrução dos estereótipos de gênero ção, ritmo,etc.
na prática pedagógica. • 
Dinâmicas de movimento: peso, espaço, fluência e
ü 
Compreender os fundamentos da dança. tempo: interpretação, representação, direção e en-
ü 
Identificar os elementos expressivos da dança em cenação, cenografia, indumentária, iluminação, sono-
seu contexto regional. plastia e espaço-cênico na composição.
ü Linguagem corporal, movimentos, esforço, respi- • 
Descrever as relações entre produções em dança,
ração, ritmo, peso, espaço, fluência e expressão. seu contexto e suas identidades culturais locais.
Posicionar-se criticamente em relação a produções
e expressividade da dança enfatizando o ativismo
contra preconceito de todas as naturezas, com éti-
ca e respeito pelo outro.
ü Produção cultural, histórica e manifestação cole-
tiva da linguagem da dança: Estabelecer relações
entre as diferentes performances em dança de
forma crítica, não linear, que culmine com os inte-
resses dos estudantes.

Currículo do Piauí 2021


ü 
Descrever as relações entre produções em dança,
seu contexto,e suas identidades culturais locais.

185
186
Competências específicas 6: Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mo-
bilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira
crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.

Competências Gerais: 02. Pensamento científico, crítico e criativo.03. Repertório cultural.05. Cultura digital.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13LGG601) Apropriar-se do Arte ü 


Analisar as produções e manifestações do patri- • Contextos de produção, circulação e recepção das pro-
patrimônio artístico de diferentes mônio artístico, considerandoos diversos contex- duções e manifestações artísticas do patrimônio artís-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


tempos e lugares, compreenden- tos de circulação e recepção. tico material e imaterial.
do a sua diversidade, bem como ü 
Apreciar diferentes produções e manifestações do • Tendência de avaliação de aspectos éticos, estéticos
os processos de legitimação das patrimônio artístico, com valorização das diversi- e políticos em textos e produções artísticas e culturais
manifestações artísticas na socie- dades de valores e culturas a que remetem. etc.).
dade, desenvolvendo visão crítica ü 
Analisar processos de legitimação de produções e • 
Réplica (posicionamento responsável em relação a
e histórica. manifestações artísticas diversas como integran- temas, visões de mundo e ideologias veiculados por
tes de patrimônios, de forma consciente e respon- textos e atos de linguagem) e seupatrimônio artístico,
sável. material e imaterial.
Arte ü 
Investigar a respeito dos diferentes contextos •  Patrimônio cultural imaterial e material; tradição e rup-
referentes ao patrimônio material e imaterial pre- tura; Arte contemporânea; Educação patrimonial; arte
sentes na cultura piauiense, permitindo apreciar, pública; intervenções urbanas; Paisagem sonora; Mú-
experimentar, analisar e contextualizar, atribuindo sicos da rua;Escola de samba; Tambor de crioula; Jon-
sentido ao conhecimento previamente concebido. go; Roda de samba; Frevo; Forró; Dança contemporâ-
ü 
Recriar produções artísticas piauienses como: ca- nea; Dança popular; Artes circenses; Circo tradicional;
valo piancó, balandê-baião, marujada, bumba meu Circo contemporâneo; palhaço/clown e a tradição cô-
boi, quadrilhas juninas, lendas piauienses etc., mica; Folia de Reis; Palhaços de hospital; Pré-projetos
para continuidade e valorização do patrimônio cul- de intervenção escola.
tural do Estado do Piauí.
(EM13LGG602) Fruir e apreciar Arte ü 
Analisar a materialidade em Arte e utilizar suas •  Materialidade nas artes visuais.
esteticamente diversas manifes- possibilidades em processos de criações autorais •  Práticas artísticas autorais nas diversas linguagens da
tações artísticas e culturais, das nas linguagens das artes visuais, da música, do arte.
locais às mundiais, assim como teatro, da dança e das artes integradas, no contex- • 
Estética e história da arte.
delas participar, de modo a aguçar to local e de outras culturas.
continuamente a sensibilidade, a
imaginaçãoe a criatividade.
(EM13LGG603) Expressar-se e Arte ü 
Expressar-se através das diversas manifestações •  Apropriação e a citação na produção em artes visuais,
atuar em processos de criação artísticas,ressignificando sua prática no contexto dança, música, teatro, as artes integradas; citações de
autorais individuais e coletivos local em processos criativos que tenha impacto na obras de outras épocas (sejam melódicas, harmônicas,
nas diferentes linguagens artís- vida dos estudantes, nos processos de naturezas instrumentações…), nas composições de composito-
ticas (artes visuais, audiovisual, diversas (artísticos, históricos, sociais e políticos). res eruditos, do jazz, da MPB e piauiense; continuidade
dança, música e teatro) e nas in- ü Contribuir para o aprimoramento das Artes vi- de projetos poéticos individuais ou coletivos nas lin-
tersecções entre elas, recorrendo suais, da Dança, da Música e do Teatro como guagens artísticas globais, nacionais e piauienses.
a referências estéticas e culturais, instrumento de socialização, para a formação de
conhecimentos de naturezas di- cidadãos críticos, participativos e responsáveis em
versas (artísticos, históricos, so- diversas linguagens.
ciais e políticos) e experiências ü 
Inferir que as práticas das Linguagens da Arte,
individuais e coletivas. possibilita novas formas de expressão e comuni-
cação com outras linguagens, contribuindo para
aprimoramento das habilidades básicas, no desen-
volvimento das potencialidades humanas e sua re-
lação com o mundo.
(EM13LGG604) Relacionar as prá- Arte • Produzir esboços de projetos individuais ou colabo- • 
Práticas de linguagem e atuação social, política, artís-
ticas artísticas às diferentes di- rativos visando à intervenção e à mediação cultural tica e cultural.
mensões da vida social, cultural, na escola e na cidade. • 
Mediação Cultural – Imagens estáticas e em movimen-
política e econômica e identificar • Avaliar  projetos de intervenção na comunidade, to de artes visuais, dança, música, teatro e artes inte-
o processo de construção histórica analisando sua evolução histórica e política. gradas.
dessas práticas.  • 
Projeto de grafite.
• 
Inclusão social  dos DJ, profissional da dança, Douto-
res da Alegria, Clown, Commedia Dell’arte, Mímica,
Improvisação, Pantomima, Grafite, Deficiência (visual,
auditiva, física e intelectual).
(EM13LP21) Produzir, de forma Arte ü 
Apreciar objetos culturais, especialmente das cul- • Objetos culturais. Consideração do contexto de produ-
colaborativa, e socializar playlists turas juvenis, contextualizando com as manifesta- ção, circulação e recepção de playlists.
comentadas de preferências cul- ções artísticas piauienses. • 
Planejamento e produção de playlists
turais e de entretenimento, revis- ü 
Considerar o contexto de produção, circulação e re- • 
Usos expressivos de recursos linguísticos e paralin-
tas culturais, fanzines, e-zines ou cepção de playlists comentadas para entretenimen- guísticos.
publicações afins que divulguem, to, de acordo com os repertórios dos estudantes.
comentem e avaliem músicas, ga- ü 
Considerar o contexto de produção, circulação e re-
mes, séries, filmes, quadrinhos, cepção de playlists comentadas para entretenimen-
livros, peças, exposições, espe- to, de acordo com os repertórios dos estudantes.
táculos de dança etc., de forma ü 
Produzir playlists com uso de softwares de edição
a compartilhar gostos, identificar de áudio, de diferentes manifestações artísticas,

Currículo do Piauí 2021


afinidades, fomentar comunidades divulgando e intensificando seu fomento na comu-
etc. nidade e outros meios.

187
(EM13LP47) Participar de eventos Língua Portuguesa ü 
Mapear eventos e práticas do campo artístico li- •  Mapeamento de práticas do campo artístico literário,

188
(saraus, competições orais, au- terário, considerando contextos locais e digitais. considerando contextos locais e digitais.
dições, mostras, festivais, feiras ü 
Relacionar eventos e práticas do campo artístico-li- • 
Mapeamento de práticas do campo artístico literário,
culturais e literárias, rodas e clu- terário a gostos e interesses. considerando contextos locais e digitais.
bes de leitura, cooperativas cultu- ü 
Analisar modos de participar de práticas do campo •  Processos de produção de textos linguísticos e mul-
rais, jograis, repentes, slams etc.), artístico-literário, gêneros e linguagens que mobi- tissemióticos em gêneros do campo artístico-literário.
inclusive para socializar obras da lizem.
própria autoria (poemas, contos e ü 
Analisar procedimentos poéticos, recursos linguís-
suas variedades, roteiros e micror- ticos e multissemióticos e seus efeitos de sentido.
roteiros, videominutos, playlists ü 
Produzir performances com textos linguísticos e
comentadas de música etc.) e/ou multissemióticos para participar de eventos e prá-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


interpretar obras de outros, inse- ticas do campo artístico-literário.
rindo-se nas diferentes práticas
culturais de seu tempo.
(EM13LP48) Identificar assimila- ü 
Relatar experiências de leitura de clássicos da lite- • 
Reconstrução das condições de produção, circulação e
ções, rupturas e permanências no ratura brasileira e piauiense. recepção de textos da literatura brasileira e piauiense.
processo de constituição da lite- ü 
Analisar recursos e procedimentos literários em • 
Compreensão em leitura e análise das obras funda-
ratura piauiense e brasileira e ao obras lidas. mentais do cânone ocidental.
longo de sua trajetória, por meio ü 
Comparar recursos e procedimentos literários em • 
Literatura portuguesa.
da leitura e análise de obras fun- obras de uma mesma temporalidade e de dife- • 
Literatura brasileira.
damentais do cânone, em especial rentes temporalidades, pertencentes à literatura • 
Literatura piauiense.
da literatura portuguesa, para per- piauiense, brasileira e à ocidental. • 
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efei-
ceber a historicidade de matrizes e tos de sentido provocados por recursos literários.
procedimentos estéticos.
Competências específicas 7:Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir
as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal
e coletiva.

Competências Gerais: 04. Comunicação.05. Cultura Digital. 06. Trabalho e projeto de vida.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13LGG701) Explorar tecnolo- Arte ü 


Considerar o contexto de produção, circulação e • 
Mídias e  tecnologias digitais da informação e comu-
gias digitais da informação e comu- recepção de playlists comentadas para entreteni- nicação.
nicação (TDIC), compreendendo mento, de acordo com os repertórios dos estudan- • 
(TDIC); Materialidade: suporte, materiais, equipamen-
seus princípios e funcionalidades, e tes de forma ético e criativo. tos e ferramentas digitais.
utilizá-las de modo ético e criativo. ü 
Produzir conteúdos com uso de ferramentas digi- • 
Mediação Cultural: Imagens estáticas e em movimen-
tais contemporâneas para impulsionar a produção to – vídeos.
e valorização das diferentes manifestações artísti- • 
Processo de criação: produção de vídeo minuto – ani-
cas, divulgando e intensificando seu fomento na mação.
comunidade e outros meios.
• 
planejamento de um espetáculo com foco nas tecno-
logias utilizadas no Teatro Contemporâneo.
• 
Saberes estéticos e culturais: história da iluminação
no teatro, conceitos de dança telemática, motion cap-
ture, história da arte.
(EM13LGG701) Explorar tecnolo- Língua Portuguesa ü 
Analisar condições de produção, circulação, recep- • Condições de produção, circulação, recepção de dis-
gias digitais da informação e comu- ção de discursos e atos de linguagem no universo cursos e atos de linguagem no universo digital.
nicação (TDIC), compreendendo digital. • Tecnologias digitais da informação e comunicação.
seus princípios e funcionalidades, e ü 
Explorar ferramentas digitais de informação e co- • Produção de textos multissemióticos.
utilizá-las de modo ético e criativo. municação, com intencionalidade, criticidade e
criatividade.
ü 
Discutir responsabilidades e consequências éticas
do uso de ferramentas digitais de informação e
comunicação, plataformas e mídias sociais, jogos
online, entre outros.
ü 
Usar ferramentas digitais de informação e comu-
nicação para participar de diferentes práticas de
linguagem, em diferentes campos de atuação.
(EM13LP41) Analisar os processos Língua Portuguesa ü 
Comparar feeds de notícias. • 
Reconstrução do contexto de produção, circulação e
humanos e automáticos de curado- ü 
Analisar regularidades nesse processo de curado- recepção de notícias.
ria que operam nas redes sociais e ria e circulação de notícias, considerando critérios • 
Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
outros domínios da internet, com- de confiabilidade e relevância. políticos em textos e produções artísticas e culturais,
parando os feeds de diferentes pá- ü 
Produzir posicionamentos críticos e éticos diante etc.).
ginas de redes sociaisdiscutindo os de notícias que circulam por feeds de redes so-
efeitos desses modelos de curado- ciais.
ria, de forma a ampliar as possibi-
lidades de trato com o diferente e
minimizar o efeito bolha e a mani-
pulação de terceiros.
(EM13LP43) Atuar de forma fun- Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção,recepção de con- • Contexto de produção,circulação e recepção de con-
damentada ética e crítica na pro- teúdos, na cultura de rede. teúdos, na cultura de rede.
dução e no compartilhamento de ü 
Produzir conteúdo em gêneros e práticas próprias • Curadoria e redistribuição de conteúdos.
comentários, textos noticiosos e da cultura de rede (memes,gifs).
de opinião, memes, gifs, remixes ü 
Compartilhar conteúdo produzido ou selecionado
variados etc. em redes sociais ou por procedimento de distribuição e compartilha-
outros ambientes digitais. mento (retweet, marcar etc.).

Currículo do Piauí 2021


ü 
Discutir dimensões éticas no trato e compartilha-
mento de conteúdo pela Internet.

189
(EM13LP44) Analisar formas con- Língua Portuguesa ü 
Analisar o contexto de produção, circulação e re- • 
Contexto de produção, circulação e recepção de tex-

190
temporâneas de publicidade em cepção de textos publicitários. tos publicitários.
contexto digital (advergame, anún- ü 
Analisar textos e discursos da publicidade. • 
Contexto de produção, circulação e recepção de tex-
cios em vídeos, social advertising, ü 
Relacionar textos e discursos da publicidade. tos publicitários.
unboxing, narrativa mercadológica, • 
Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e
entre outras), e peças de campa- políticos em textos e produções artísticas e culturais
nhas publicitárias e políticas (carta- etc.).
zes, folhetos, anúncios, propagan-
das em diferentes mídias, spots,
jingles etc.), identificando valores
e representações de situações,

Novo Ensino Médio – Caderno 1


grupos e configurações sociais
veiculadas, desconstruindo este-
reótipos, destacando estratégias
de engajamento e viralização e
explicando os mecanismos de per-
suasão utilizados e os efeitos de
sentido provocados pelas escolhas
feitas em termos de elementos e
recursos linguístico-discursivos,
imagéticos, sonoros, gestuais e
espaciais, entre outros(campo jor-
nalístico midiático).
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Currículo do Piauí 2021 191


Área de Matemática
e suas Tecnologias
1 Parte Comum do Currículo Alinhado à
BNCC e a DCN do Ensino Médio

Nos últimos anos do século XIX a educação pas- professor durante a aula, conduz claramente a
sou por grandes transformações. Estas trans- não percepção do que os silêncios na sala de
formações se deram por grandes movimentos, aula indicam, a ausência do diálogo no contex-
como por exemplo, a Escola Nova e a Escola to escolar, e isso é um dos motivos do fracas-
Ativa, que vieram dar às instituições de ensino so do ensino de Matemática.
um viés transformador, mudando o seu modo
de ser através de métodos ativos, onde integrar Segundo Baraldi, “para os alunos, a Matemá-
o aluno ao ato de “fazer” se torna elemento es- tica consiste num manipular de fórmulas que,
sencial no processo de ensino e aprendizagem. após certo treino, torna-se fácil em situações
Muito antes disso, na Antiguidade, as pessoas próprias da Matemática”. (Baraldi, 1999, p.88).
se reuniam em várias situações para conversar, No entanto, a Matemática não é um cardápio
discutir, trocar ideias, e sem perceberem, umas de fórmulas em que se tenha que decorá– las
ensinavam aquilo que sabiam às outras, de for- para resolver um problema, mas, sobretudo,
ma prática, experimental e investigativa. uma forma de pensar e enxergar o mundo que
nos auxilia no dia a dia.
E embora tais métodos e movimentos tenham
surgido para traçar um novo painel ao ensino Educar em Matemática requer objetivos estabe-
propedêutico, o que se vê na maioria das es- lecidos em função de objetos do conhecimento,
colas é o distanciamento cada vez maior entre planejamento para a ação educativa e ferramen-
o que se deve ensinar e o que se deve apren- tas para potencializar o ensino e, não menos
der tornando a educação escolar enfadonha e importante, a avaliação daquilo que foi realiza-
desgastada, segundo a visão dos estudantes. do. É preciso eliminar a concepção, dos que
pensam a sala de aula como lugar de encontro
A Matemática, uma das mais questionadas de alunos ignorantes, que tem ali um professor
pela metodologia pouco atrativa, vem sendo totalmente sábio repassando informações pura-
ensinada sem se relacionar com a realidade mente técnicos, sem vida própria e distante da
e expectativa dos alunos, não instigando ne- realidade. É notório que compreendamos a sala
nhuma curiosidade naquilo que o professor diz de aula, como um espaço de múltiplas intera-
estar ensinando, isto é, o ensino da disciplina ções de pessoas com conhecimentos de senso
afasta os estudantes, ao invés de instigar a pai- comum e que ali estão almejando a aquisição
xão pelos números. sistematizada de conhecimentos. Para Chamay
(2001, p. 36), “um dos objetivos essenciais do
Em suma, não estamos preparando nossos jo- ensino da Matemática é precisamente que, o
vens e adultos para a revolução digital, pois o que se ensine, esteja carregado de significado,
futuro será daqueles que saibam Matemática tenha sentido para o aluno”.
suficiente para se integrar nesse processo. In-
felizmente a manipulação de poder ou a abor- O sentido de um conhecimento matemático se
dagem didática, muitas vezes exercida pelo define não só pela coleção de situações em que

Currículo do Piauí 2021 195


este conhecimento é realizado como teoria ma- Segundo os Parâmetros Curriculares Nacio-
temática ou como situações em que o sujeito nais (1997)
o encontrou como meio de solução, mas tam-
bém pelo conjunto de concepções que rejeita, (…) A Matemática é componente importante na
de erros que evita, de economias que procura, construção da cidadania, na medida em que a so-
de formulações que retorna (Bousseau, 1983). ciedade utiliza, cada vez mais, de conhecimentos
científicos e recursos tecnológicos, dos quais os
O objeto do conhecimento matemático quando cidadãos devem se apropriar. A aprendizagem em
compreendido, tem por significado inicial ter a Matemática está ligada à compreensão, isto é, à
consciência de que ele tem, em algum lugar, apreensão do significado; aprender o significado
um tipo de existência, e que tal existência é de um objeto ou acontecimento pressupõe vê-lo
algo dependente de aspectos históricos e so- em suas relações com outros objetos e aconte-
ciais. Assim, a Matemática deve ser inicialmen- cimentos. Recursos didáticos como jogos, livros,
te observada como ela se apresenta, levando à vídeos, calculadora, computadores e outros ma-
compreensão de que a investigação e a desco- teriais têm um papel importante no processo de
berta, ao longo dos anos, se constituíram como ensino aprendizagem. Contudo, eles precisam
essenciais a ela, bem como seus núcleos inspi- estar integrados a situações que levem ao exercí-
radores: um mundo externo com seus proble- cio da análise e da reflexão, em última instância,
mas e sua própria estruturação interna. a base da atividade matemática”.

Sobre isso, Cortella (1998, p. 102) afirma que: Com a BNCC, a Matemática para o Ensino Mé-
dio é apresentada com foco na construção de
Quando um educador(a) nega (com ou sem in- uma visão integrada, aplicada à realidade, nos
tenção) aos alunos a compreensão das condi- diversos contextos, levando em consideração
ções culturais, históricas e sociais de produção as vivências cotidianas dos discentes, estes
do conhecimento, termina por reforçar a mitifi- que são inteiramente impactados pelas revolu-
cação e a sensação de perplexidade, impotência ções tecnológicas, pelo que exige o mercado
e incapacidade cognitiva. de trabalho, pelos projetos de vida dos povos,
entre outros. Assim, a área da Matemática e
O ensino proposto pela escola do século XXI suas Tecnologias no Ensino Médio tem a im-
desafia formar pessoas solidárias, criativas e portante responsabilidade de aproveitar os
autônomas, capazes de lidar em meio às incer- conhecimentos adquiridos pelos estudantes
tezas, buscando alcançar uma sociedade bem durante o Ensino Fundamental, possibilitando
mais justa, digna e solidária. O ensino de Ma- o avanço no letramento matemático aprendido
temática é bem maior do que apenas provocar nos anos anteriores de escolaridade.
o raciocínio lógico-dedutivo dos alunos, que
por muitas vezes parece ser o objetivo princi- Segundo a nova proposta, aprender Matemá-
pal em planejamentos de aulas, pois através tica deve consistir, essencialmente, em fazer
do conhecimento da história da Matemática é Matemática. E fazer Matemática na escola sig-
possível a compreensão do presente, o enten- nifica tratar com questões que exigem obser-
dimento do passado e a projeção de futuro. O vação, análise, estabelecimento de conexões,
Lúdico também é parte importante nesse pro- conjecturas, percepção e expressão de regula-
cesso, conectando o ensino com experiências ridades, busca de explicações, criação de so-
adequadas a cada faixa etária. Além disso, o luções, invenção de estratégias próprias que
uso de tecnologias se incorpora ao processo envolvam noções, conceitos e métodos mate-
cognitivo como parte indissociável e indispen- máticos e, por fim, a comunicação da produ-
sável para a formação na sociedade da Comu- ção realizada. Argumentação e prova são dois
nicação e da Tecnologia da atualidade. aspectos da comunicação em Matemática.

196 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Na sociedade moderna e complexa que vive- A prova do PISA – Programa Internacional de
mos hoje, ensinar Matemática requer o desen- Avaliação de Estudantes, coordenada pela
volvimento de habilidades básicas, através de OCDE – Organização para a Cooperação e o
uma aprendizagem significativa e que eviden- Desenvolvimento Econômico, cujo Brasil par-
cie sua aplicabilidade, que dê as possibilidades ticipa como convidado desde 2000 demonstra
reais de conquistas. A Educação Matemática a real situação do país em termos de apren-
deve visar a construção de um saber para ca- dizagem, já que tem o objetivo de avaliar de
pacitar nossos alunos a pensar e a refletir sobre forma amostral, se os estudantes de escolas
a realidade, assim como a agir e transformá-la. públicas e particulares, aos 15 anos de idade,
adquiriram conhecimentos e habilidades es-
Santaló (2001, pg. 11) afirma ainda que, senciais para uma participação plena em so-
ciedade moderna.
A missão dos educadores é, portanto, preparar
as novas gerações para o mundo em que terão Ao avaliar a proficiência dos estudantes de
que viver. Isto quer dizer proporcionar-lhes o en- 15 anos de idade em Leitura, Matemática e
sino necessário para que adquiram as destrezas Ciências de escolas públicas e privadas, que
e habilidades que vão necessitar para seu de- estejam matriculados a partir do 8o ano do En-
sempenho, com comodidade e eficiência, no sino Fundamental, o objetivo principal do PISA
seio da sociedade que enfrentarão ao concluir é fornecer indicadores que contribuam para a
sua escolaridade. discussão da qualidade da educação ofertada
nos países participantes, de modo a subsidiar
Nesse aspecto, o ensino de Matemática pres- políticas de melhoria da educação básica. Por
tará sua contribuição à medida que forem ex- outro lado, os resultados produzidos pelo pro-
ploradas metodologias que priorizem a criação grama podem indicar até que ponto as esco-
de estratégias, a comprovação, a justificativa, las de cada país participante estão preparando
a argumentação, o espírito crítico, e favoreçam seus jovens para exercer e/ou responder as
a criatividade, o trabalho coletivo, a iniciativa demandas sociais, já que o PISA avalia até que
pessoal e a autonomia advinda do desenvolvi- ponto os estudantes, próximos ao final da edu-
mento da confiança na própria capacidade de cação obrigatória, adquiriram conhecimentos e
conhecer e enfrentar desafios (PCN’s – Mate- habilidades essenciais para plena participação
mática, 1997). na vida social e econômica.

Enquanto isso, a melhoria da qualidade da edu- Conforme Pessoa e Silva (2019), o resultado
cação escolar no Brasil se firma, na atualidade, brasileiro nesta avaliação comparada, isto é,
como um dos grandes desafios a serem supe- promovida entre os países e convidados da
rados pelas gestões públicas e pesquisadores OCDE, indica que os estudantes brasileiros
da educação, dado a condição pouco satisfató- avaliados em 2012, cujo foco da avaliação era
ria da qualidade da aprendizagem apresentada Matemática, possuem baixos níveis de apren-
pela maioria dos estudantes ao final da Educa- dizado matemático, considerando que cerca
ção Básica, sejam estes, oriundos de escolas de 70% encontram-se nos níveis menores da
públicas ou privadas. escala, conforme a seguir:

Tabela 1 – Resultado Brasil 2012 – Matemática

Nível/Edição Abaixo de 1 1 2 3 4 5 6

2012 35% 32% 21% 8% 4% 1% 0,5%

Fonte: INEP (2013).

Currículo do Piauí 2021 197


Para as autoras, esta constatação é validada, Piauí não foge à regra brasileira, desde 2006
ao observarmos a diferença, entre o Brasil e recebendo nota padronizada no teste, o Estado
países que obtém os melhores resultados no obteve resultados mais baixos que a média na-
PISA, verificada nas etapas posteriores da vida cional, embora com pequenos avanços.
escolar. Segundo a OCDE, a média de enge-
nheiros formados entre os Conforme dados do PISA/INEP (2016), o Piauí
concentra a maioria dos alunos (79%) nos ní-
concluintes de cursos superiores nos países veis abaixo de 1 e 1 em Matemática. Tais nú-
membros da organização é de 14%; na Coréia meros revelam que o padrão de desempenho
do Sul, esse índice é de 25%. No Brasil, segun- dos estudantes piauienses demonstra carência
do dados do MEC/INEP, obtido através do Cen- de aprendizagem em relação ao que é previsto
so da Educação Superior (2016), apenas cerca para a etapa de escolaridade avaliada, tendo
de 6% dos concluintes estavam nas áreas de em vista que a OCDE institui o nível 2 como
Engenharia. A distância observada na condu- o “aceitável” para os estudantes com 15 anos
ção das políticas educacionais é ainda mais de idade.
esmagadora se considerarmos o desenvolvi-
mento tecnológico e econômico observado en- Dessa forma, o resultado do Piauí na avaliação
tre os dois países. Nesse ínterim, é, portanto, corrobora a fragilidade do sistema educacio-
válido considerar através desses percentuais a nal brasileiro diante das desigualdades eco-
vocação e o incentivo que os dois países forne- nômicas e sociais historicamente verificadas
cem para a inovação tecnológica. Segundo o e debatidas em âmbito nacional, se incorpo-
boletim Radar: tecnologia, produção e comér- rando às diferentes concepções educacionais
cio exterior do Instituto de Pesquisa Econômica observadas nas regiões brasileiras. Tradicional-
e Aplicada – IPEA (2014): mente, os estados da região Norte e Nordeste
detêm, em média, os piores indicadores edu-
[…] a economia nacional mostra-se pouco inten- cacionais e sociais; no PISA, essa realidade
siva em trabalho qualificado e de cunho técni- não é diferente.
co-científico, insumos tidos como necessários à
inovação e à competição em mercados globais. Tais desigualdades educacionais estão muito
De outro, o sistema educacional brasileiro pare- presentes no cenário brasileito. Na tentativa
ce operar em um equilíbrio de baixa qualidade, de amenizar essas irregularidades, a Base Na-
em todos os níveis de ensino, o que afeta a ca- cional Comum Curricular – BNCC se consolida
pacidade produtiva da força de trabalho, em ge- como uma oportunidade para a transformação
ral, e a das engenharias, em particular (RADAR, dos sujeitos, a partir da aquisição de novas
2014, p. 19). competências. Com estaa partir da de even-
tuais distorções curriculares e metodológicas
A formação em nível superior nas carreiras que no âmbito da escola. A reformulação curricu-
exigem aprofundamento científico fica compro- lar proposta com a BNCC tem o objetivo de
metida pela pouca eficiência dos sistemas de aproximar mais a escola das expectativas de
ensino ofertados nacionalmente e, nesse âm- aprendizagem dos estudantes do século XXI,
bito, “o Brasil segue tendo diante de si grandes que são altamente tecnológicos e que buscam
desafios para melhorar o aprendizado, em to- repostas paras suas demandas socioemocio-
dos os níveis de escolaridade, com potenciais nais, evidenciando o protagonismo juvenil/
repercussões na qualidade da força de traba- estudantil, bem como sua preparação para o
lho” (RADAR, p. 34). Em âmbito estadual, o mundo do trabalho.

198 Novo Ensino Médio – Caderno 1


2 Interface entre os Ensinos Fundamental
e Médio na Área de Matemática e suas
Tecnologias

No Ensino Médio a área de Matemática e suas 5. A construção do espaço amostral de even-
Tecnologias se propõe a consolidar, ampliar tos equiprováveis, utilizando a árvore de
e aprofundar as aprendizagens adquiridas ao possibilidades e oportunizar os estudantes
longo do Ensino Fundamental. E, para tanto, a interpretarem dados estatísticos divulga-
coloca-se como pressuposto a inter-relação dos pela mídia e, sobretudo, dar-lhes supor-
entre os conhecimentos já tanto explorados te para planejar e executar uma pesquisa
nos anos anteriores da escolarização dos estu- amostral…;
dantes, isso para possibilitar que eles tenham
chances de construir uma visão mais integrali- Diante do exposto, a BNCC faz referência ao
zada da Matemática e suas aplicações a fatos compromisso com o letramento matemático
da realidade. e, com isso, o Ensino Fundamental deve ser
responsável por esse letramento, definindo
Na nova proposta trazida pela BNCC para o competências e habilidades relacionadas a
Ensino Fundamental, as habilidades da área raciocinar, representar, comunicar e argumen-
de Matemática e suas Tecnologias foram or- tar matematicamente, de modo a favorecer o
ganizadas em grupos chamados de unidades estabelecimento de conjecturas, a formulação
temáticas ou de conhecimentos que são: Nú- e a resolução de problemas em uma varieda-
meros, Geometria, Grandezas e Medidas, Ál- de de contextos, utilizando conceitos, proce-
gebra e Probabilidade e Estatística. Para cada dimentos, fatos e ferramentas matemáticas
uma dessas unidades de conhecimentos os (BNCC – 2017).
estudantes são provocados a desenvolver:
Assim é muito importante refletir sobre o fato
1. Habilidades que farão referência ao pensa- de que essas competências não se desenvol-
mento numérico, expandindo a compreen- vem apenas com propostas de exercícios que
são dos diferentes campos e significados visem a aplicação de conceitos e procedimen-
das operações…; tos matemáticos, ou seja, apenas por trans-
posição analógica, onde o estudante busca na
2. Habilidades para interpretar e representar a memória uma outra atividade que se asseme-
localização e deslocamento de objetos em lha e desenvolve caminhos idênticos ao
um plano…;
da situação proposta, não garantindo que seja
3. Habilidades para construírem e ampliarem capaz de utilizar seus conhecimentos em ou-
a noção de medida, pelo estudo de diferen- tras situações diferentes ou mais complexas.
tes grandezas…; Aprender Matemática é estar engajado em um
processo de resolver situações-problema e,
4. O pensamento algébrico, tendo em vista as por isso, a sala de aula se torna o ambiente
demandas para identificar a relação de de- que simula o fazer Matemática e exige o pen-
pendência entre duas grandezas…; sar e o refletir constantes.

Currículo do Piauí 2021 199


Daí percebe-se que a transformação de infor- comunicar os resultados por meio de relatório
mação em conhecimento orienta ações educa- contendo gráficos e interpretação das medidas
cionais em todos os componentes curriculares. de tendência central e das medidas de disper-
Assim, naturalmente, o reconhecimento e a ca- são (amplitude e desvio padrão), utilizando ou
racterização das ideias fundamentais em cada não recursos tecnológicos”
componente curricular é uma tarefa urgente
e ingente, compondo um verdadeiro antídoto (EM13MAT202). Essa dinâmica se apresenta
para o combate ao excesso da fragmentação em diversas outras habilidades entre as duas
dos objetos de conhecimento. Ressaltamos etapas da educação básica.
que se espera que ao final da escolarização
fundamental, o estudante reconheça e saiba É notório ainda ressaltar que a Matemática está
operacionalizar no campo numérico real, o que integralizada a diversas áreas do conhecimen-
vai constituir a inserção para aprofundamen- to, tendo uma estreita relação com o desenvol-
tos, sistematizações e o estabelecimento de vimento científico e tecnológico, contribuindo
novas relações no Ensino Médio. especialmente para a Informática e Engenha-
ria. Porém, sua participação não se restringe
Dessa forma, na terceira e última etapa da Edu- apenas a essas áreas, ela está cada vez mais
cação Básica, o Ensino Médio, a área de Mate- presente nas Ciências Humanas, Sociais e
mática e suas Tecnologias tem como proposta Biológicas, na construção de instrumentos de
a consolidação, ampliação e o aprofundamento mensuração e validação de observações e na
das aprendizagens essenciais desenvolvidas construção de modelos para a explicação do
no Ensino Fundamental. Para tanto, propõe co- fato social. (GONTIJO ET AL; 2019). Entre tais
locar em jogo, de modo mais inter-relacionado, modelos podemos destacar como exemplo o
os conhecimentos já explorados na etapa an- uso da função exponencial para resolução de
terior, a fim de possibilitar que os estudantes problemas sobre abalos sísmicos ou ainda na
construam uma visão mais integrada da Mate- aplicação da Lei do Resfriamento dos Corpos,
mática, ainda na perspectiva de sua aplicação que pode identificar, por exemplo, a hora de
à realidade. (BNCC – 2017). óbito de um cadáver. Ou ainda, as questões
antropológicas e sociais, evidenciadas em es-
Esse aprofundamento de conhecimentos ma- tudos da Etnomatemática e a própria História
temáticos é vislumbrado com a complemen- da Matemática que, de forma contundente, faz
taridade das habilidades relacionadas entre um resgaste histórico de fatos que podem ser
o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Por amplamente trabalhados nas áreas de Lingua-
exemplo, a habilidade EM13MAT201 amplia os gens ou Humanas.
cálculos de área, perímetro e volume já desen-
volvidos no ensino fundamental que passarão A Matemática para o Ensino Médio, construída
a ser utilizados na solução de problemas apli- a partir da BNCC, tem a responsabilidade de
cados na etapa posterior. Da mesma forma, é aproveitar todo o potencial dos estudantes, ou
possível verificar que a habilidade EF08MA25 seja, os novos conhecimentos específicos de-
que se propõe a “obter os valores de medidas vem estimular processos bem mais criativos e
de tendência central de uma pesquisa estatísti- elaborados de reflexão e de abstração, dando,
ca (média, moda e mediana) com a compreen- assim, sustentação a modos de pensar, permi-
são de seus significados e relacioná-los com a tindo aos aprendizes formular e resolver pro-
dispersão de dados, indicada pela amplitude”, blemas diversos em diferentes contextos com
se aprofunda no Ensino Médio com a intenção muito mais autonomia, confiança e recursos
de “planejar e executar pesquisa amostral so- matemáticos que validarão suas resoluções
bre questões relevantes, usando dados cole- com uma maior confiabilidade. A Matemática
tados diretamente ou em diferentes fontes, e tem a capacidade de promover o desenvol-

200 Novo Ensino Médio – Caderno 1


vimento do raciocínio lógico dos estudantes, matemáticos onde precisam apresentar e
de orientar a organização do pensamento de justificar seus resultados, interpretar os re-
modo que o sujeito possa compreender o sultados dos colegas e interagir com eles.
mundo que o cerca a partir da perspectiva Nas comunicações, os estudantes devem
científica, superando as barreiras impostas ser capazes de justificar suas conclusões
pela visão simplista baseada em observações não apenas com símbolos matemáticos e
limitadas pelos órgãos sensitivos. (CURRÍCU- conectivos lógicos, mas também por meio
LO DO PIAUÍ, 2019). da língua materna, realizando apresenta-
ções orais dos resultados e elaborando re-
Para que esses propósitos se concretizem latórios, entre outros registros.
nessa área, os estudantes devem desenvolver
habilidades relativas aos processos de investi- IV. Argumentar, e seu desenvolvimento
gação, de construção de modelos e de reso- pressupõe também a formulação e a testa-
lução de problemas. Para tanto, eles devem gem de conjecturas, com a apresentação
mobilizar seu modo próprio de raciocinar, repre- de justificativas, além dos aspectos já cita-
sentar, comunicar, argumentar e, com base em dos anteriormente em relação às compe-
discussões e validações conjuntas, aprender tências de raciocinar e representar.
conceitos e desenvolver representações e pro-
cedimentos cada vez mais sofisticados. Assim, A partir de tais proposições, percebe-se que
no Ensino Médio, os estudantes são levados a as aprendizagens previstas para os estudan-
desenvolver competências relacionadas a: tes do Ensino Médio têm a proposta de tornar
mais denso e eficiente o letramento matemá-
I. 
Raciocinar, a partir da interação com seus tico, além de garantir o desenvolvimento de
colegas e professores, investigar, explicar competências específicas, em que relaciona-
e justificar as soluções apresentadas para das a cada uma delas, são indicadas, em pos-
os problemas, com ênfase nos processos terior, habilidades a ser desenvolvidas para
de argumentação matemática. Embora to- essa etapa. Nesse ínterim, cabe ressaltar que
dos esses processos pressuponham o ra- as competências não possuem uma ordem
ciocínio matemático, em muitas situações preestabelecida, assim elas formam um todo
são também mobilizadas habilidades relati- em conexão, onde para o desenvolvimento de
vas à representação e à comunicação para uma requer, em algumas situações, a mobili-
expressar as generalizações, bem como à dade de outras.
construção de uma argumentação consis-
tente para justificar o raciocínio utilizado. Enquanto que para a etapa do Ensino Funda-
mental, a área de Matemática e suas Tecno-
II. Representar, por meio da elaboração de re- logias, traz oito competências especificas, no
gistros para evocar um objeto matemático, Ensino Médio são apresentadas cinco, quais
não sendo esta ação exclusiva da Matemá- sejam: utilizar de estratégias, conceitos e
tica, uma vez que todas as áreas têm seus procedimentos matemáticos para interpretar
processos de representação, em especial situações em diversos contextos; propor ou
nessa área é possível verificar de forma ine- participar de ações para investigar desafios do
quívoca a importância das representações mundo contemporâneo e tomar decisões éti-
para a compreensão de fatos, ideias e con- cas e socialmente responsáveis; utilizar estra-
ceitos, uma vez que o acesso aos objetos tégias, conceitos, definições e procedimentos
matemáticos se dá por meio delas. matemáticos para interpretar, construir mode-
los e resolver problemas em diversos contex-
III. Comunicar, que ganha importância após tos; compreender e utilizar, com flexibilidade
os estudantes resolverem os problemas e precisão, diferentes registros de represen-

Currículo do Piauí 2021 201


tação matemáticos (algébrico, geométrico, ramenta que serve para a vida cotidiana e para
estatístico, computacional etc.); investigar e muitas tarefas específicas em quase todas as
estabelecer conjecturas a respeito de diferen- atividades humanas. Em seu papel formativo,
tes conceitos e propriedades matemáticas. a Matemática contribui para o desenvolvimen-
to de processos de pensamento e a aquisição
O currículo é conceituado como a proposta de atitudes, cuja utilidade e alcance transcen-
de ação educativa constituída pela seleção de dem o âmbito da própria matemática, poden-
conhecimentos construídos pela sociedade, do formar no aluno a capacidade de resolver
expressando-se por práticas escolares que se problemas genuínos, gerando hábitos de in-
desdobram em torno de conhecimentos rele- vestigação, proporcionando confiança e des-
vantes e pertinentes, permeadas pelas rela- prendimento para analisar e enfrentar situações
ções sociais, articulando vivências e saberes novas, propiciando a formação de uma visão
dos estudantes e contribuindo para o desen- ampla e científica da realidade, a percepção da
volvimento de suas identidades e condições beleza e da harmonia, o desenvolvimento da
cognitivas e socioemocionais. (Art. 7o, da Re- criatividade e de outras capacidades pessoais.
solução No 3 – DCNEM) Ela deve ser vista pelo estudante como um
conjunto de técnicas e estratégias para serem
Segundo Sacristán (2007), é necessário pen- aplicadas a outras áreas do conhecimento, as-
sar nos conteúdos propostos pelos currículos sim como para a atividade profissional.
como materiais ou ferramentas para capacitar
e auxiliar o estudante e não como meta a ser Quanto ao ensino da matemática na Educação
cumprida. Da mesma forma, é necessário re- de Jovens e Adultos, cabe lembrar aos pro-
conhecer o que os estudantes já sabem e pre- fessores que o adulto, trabalhador ou não, traz
cisam saber mais, assim, o currículo possibilita consigo uma matemática sua, uma matemática
ao aluno aprofundar mais os seus conhecimen- particular, que precisa ser compreendida pelo
tos e adquirir outros novos. professor para que possa auxiliá-lo na sua sis-
tematização para, a partir dela, compreender a
Nesse âmbito, a área de Matemática e suas matemática dos livros e também aplicá-la no
Tecnologias no Ensino Médio tem um valor seu trabalho, dando-lhe oportunidades do do-
formativo que ajuda a estruturar o pensamento mínio básico da escrita e leitura da matemática,
e o raciocínio dedutivo, como também desem- instrumentos fundamentais para a aquisição de
penha um papel instrumental, pois é uma fer- conhecimentos mais avançados Santos (2005).

202 Novo Ensino Médio – Caderno 1


3 Componentes Curriculares

No campo do currículo, a área de Matemática Relações, Geometria, Grandezas e Medidas,


e suas Tecnologias constitui-se na proposta da Probabilidade e Estatística, Matemática Fi-
BNCC uma das áreas de conhecimento que nanceira e Matemática Computacional, que
possui componente curricular único, apenas são incorporados com abordagens distintas
a Matemática. Nessa estratégia, expõe-se o ao longo da 1a, 2a e 3a séries do Ensino Mé-
pensamento matemático como um processo dio. Tais unidades temáticas se estabelecem
em que é possível aumentar o entendimento como complementaridade das aprendizagens
daquilo que nos rodeia, estimulando a capa- essenciais desenvolvidas no Ensino Funda-
cidade de pensar dos estudantes, de realizar mental, em especial das unidades temáticas
perguntas com fundamento, contribuindo para de números, álgebra, geometria, grandezas e
a bagagem cultural das pessoas, além de, medidas, e probabilidade e estatística, de for-
logicamente, ser a base para a resolução de ma ainda mais inter-relacionada, visando pos-
problemas, a partir de sua utilidade prática pre- sibilitar que os estudantes consolidem uma
sente no dia-a– dia. visão mais integrada da Matemática e a vejam
relacionada ao seu Projeto de Vida e a aplica-
Em suma, todos lidam com números, medi- ções em diversas situações.
das, formas, operações; todos leem e interpre-
tam textos e gráficos, vivenciam relações de Enquanto no Ensino Fundamental a propos-
ordem e de equivalência; todos argumentam ta de Matemática relaciona as habilidades a
e tiram conclusões válidas a partir de proposi- unidades temáticas, no Ensino Médio elas se
ções verdadeiras, fazem inferências plausíveis relacionam diretamente às competências es-
a partir de informações parciais ou incertas. pecíficas da área, mantendo uma ampliação
Em outras palavras, a ninguém é permitido dis- das ideias centrais que foram desenvolvidas na
pensar o conhecimento da Matemática sem etapa anterior, visando ampliar o Letramento
abdicar de seu bem mais precioso: a consciên- Matemático, apresentar novos conhecimentos
cia nas ações. específicos, estimular processos mais elabo-
rados de reflexão e de abstração, que deem
A estruturação do currículo de Matemática sustentação a modos de pensar que permitam
para o Ensino Médio com 43 habilidades pre- aos estudantes formular e resolver problemas
vê que os objetos do conhecimento devem em diversos contextos com mais autonomia e
ser organizados de modo a permitir ao estu- recursos matemáticos. Nesta etapa, espera-
dante o acesso, de maneira ordenada, aos -se que os estudantes desenvolvam habilida-
conceitos e relações que permeiam o conhe- des relativas aos processos de investigação,
cimento matemático, em busca do desenvol- de construção de modelos e de resolução de
vimento das competências básicas para sua problemas, mobilizando modos próprios de ra-
formação pessoal. Esses conteúdos podem ciocinar, representar, comunicar, argumentar
ser organizados em cinco grandes campos ou e, com base em discussões e validações con-
unidades temáticas, assim definidas: Álgebra/ juntas, aprender conceitos e desenvolver re-

Currículo do Piauí 2021 203


presentações e procedimentos cada vez mais novos passos a serem dados para o enriqueci-
complexos. mento da prática pedagógica.

Em relação aos conteúdos tradicionalmente en- Reiteramos que este novo Currículo deve
sinados na área de Matemática para o Ensino estar especialmente atento à incorporação
Médio, observa-se que na BNCC alguns tópicos crítica dos inúmeros recursos tecnológicos
quais sejam, Matrizes e Números Complexos, disponíveis para a representação de dados e
Polinômios e Geometria Analítica foram supri- o tratamento das informações, na busca da
midos, tendo em vista não possuírem muita transformação de informação em conheci-
aplicabilidade no Ensino Médio, e que, podem, mento. Da mesma forma, com ele é possível
havendo necessidade, ser aprofundados no En- estabelecer articulações e conexões entre
sino Superior. Outro aspecto observado na pro- conceitos e procedimentos tanto internos à
posta desta área exata na BNCC é que há uma área como com outras áreas do conhecimen-
ênfase em temáticas relacionadas à probabili- to, colocando as situações reais como de-
dade, estatística e matemática financeira, além sencadeadoras de investigações por parte de
da inclusão de noções da matemática compu- alunos e professores.
tacional com a introdução de conceitos para a
construção de algoritmos. Nesse âmbito, a Matemática, em parceria com
a língua materna, se constitui um recurso im-
Sendo assim, a aproximação entre os conteúdos prescindível para uma expressão rica, uma
escolares e o universo da cultura, a valorização compreensão abrangente, uma argumentação
das contextualizações e a busca permanente correta, um enfrentamento assertivo de situa-
de uma instrumentação crítica para o mundo ções-problema, uma contextualização significa-
do trabalho não constituem exatamente uma tiva dos temas estudados. Quando os contextos
novidade entre nós. Tais princípios servem, na- são deixados de lado, os conteúdos estudados
turalmente, de ponto de partida para a reconfi- deslocam-se sutilmente da condição de meios
guração que agora se realiza, tendo em vista os para a de fins das ações docentes.

204 Novo Ensino Médio – Caderno 1


4 Competências e Habilidades

O documento de Matemática para a etapa do (CE01) Utilizar estratégias, conceitos e


Ensino Médio na BNCC tem uma organização procedimentos matemáticos para inter-
por competências específicas e habilidades pretar situações em diversos contextos,
que se articulam com as competências gerais sejam atividades cotidianas, sejam fatos
e, também, com as aprendizagens já previstas das Ciências da Natureza e Humanas, ou
para o ensino fundamental. No entanto, como ainda questões econômicas ou tecnológi-
explicitado no documento da Base: cas, divulgados por diferentes meios, de
modo a consolidar uma formação científi-
(…) As competências não têm uma ordem ca geral.
preestabelecida. Elas formam um todo conecta-
do, de modo que o desenvolvimento de uma re- A primeira competência específica pressupõe
quer, em determinadas situações, a mobilização habilidades que preparam o estudante para
de outras.(…) Por sua vez, embora cada habili- uma leitura crítica frente aos problemas que
dade esteja associada a determinada competên- impactam sua vida e do seu coletivo.
cia, isso não significa que ela não contribua para
o desenvolvimento de outras. (p. 530) Traz também conceitos e procedimentos ma-
temáticos necessários para uma interpretação
É importante destacar que a seleção de ha- e compreensão da realidade que o aluno está
bilidades resultou em maior concentração inserido. A competência 1 apresenta a Mate-
de habilidades da Competência Específica 3 mática como um corpo de conhecimentos a
(Utilizar estratégias, conceitos, definições e serviço de outras áreas do conhecimento e, por
procedimentos matemáticos para interpretar, isso, colabora para a formação integral do es-
construir modelos e resolver problemas em tudante. O conhecimento de estratégias, con-
diversos contextos, analisando a plausibilidade ceitos e procedimentos matemáticos, sempre
dos resultados e a adequação das soluções levando em consideração o contexto em que
propostas, de modo a construir argumentação a situação está inserida, estão associados ao
consistente.). O ensino para essa competência domínio da competência. A compreensão do
pode desenvolver a Competência 1, se a reso- que se deseja determinar de acordo com cada
lução de problemas em diversos contextos in- situação, exige a combinação de vários conhe-
cluir os das Ciências da Natureza e Humanas, cimentos de modo apropriado para que seja
questões socioeconômicas ou tecnológicas, possível colocar esse conjunto de ideias em
divulgados por diferentes meios. A colabora- ação, monitorando estratégias selecionadas
ção dessa competência com a Competência em cada situação e analisando sua eficiência;
4 se dá pela resolução de problemas com e a leitura e interpretação de textos verbais,
diferentes registros de representação mate- desenhos técnicos, gráficos e imagens. É uma
máticos (algébrico, geométrico, estatístico, competência relacionada à preparação dos jo-
computacional etc.), na busca de solução e co- vens para construir e realizar Projetos de Vida.
municação de resultados dos problemas. Vale destacar a relação dessa competência

Currículo do Piauí 2021 205


com a Competência Geral 2 da BNCC, no que nas dimensões pessoal e social/cidadã. Está
se refere ao exercício da curiosidade intelectual associada à Competência Geral 7 da BNCC
que utiliza o conhecimento para investigar, re- que permite ao estudante um posicionamento
fletir e criar soluções em diferentes situações. ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta, bem como com a Com-
(CE02) Articular conhecimentos matemá- petência Geral 10 que trata do agir pessoal
ticos ao propor e/ou participar de ações e coletivo com tomada de decisões, a partir
para investigar desafios do mundo contem- de princípios éticos, democráticos, inclusivos,
porâneo e tomar decisões éticas e social- sustentáveis e solidários.
mente responsáveis, com base na análise
de problemas de urgência social, como os (CE03) Utilizar estratégias, conceitos e pro-
voltados a situações de saúde, sustentabi- cedimentos matemáticos, em seus campos
lidade, das implicações da tecnologia no – Aritmética, Álgebra, Grandezas e Medi-
mundo do trabalho, entre outros, recorren- das, Geometria, Probabilidade e Estatísti-
do a conceitos, procedimentos e linguagens ca – para interpretar, construir modelos e
próprios da Matemática. resolver problemas em diversos contextos,
analisando a plausibilidade dos resultados
Esta competência está voltada para a investi- e a adequação das soluções propostas, de
gação de ações possíveis de serem realizadas modo a construir argumentação consis-
a partir de análises com base em elementos da tente.
matemática, tendo em vista aspectos éticos e
socialmente responsáveis. Note que a ênfase A C3 prevê a utilização de estratégias, concei-
dessa competência está na intervenção na rea- tos, definições e procedimentos matemáticos
lidade. Essas ações de intervenção poderão para construir modelos e resolver problemas.
fornecer um excelente contexto para aprender Uma vez construído o modelo e resolvido o
novos conceitos matemáticos ao mesmo tem- problema, é preciso se debruçar sobre essa
po em que permitem aos alunos vivenciar a solução de modo a analisar a adequação e ve-
aplicabilidade da matemática. A competência 2 racidade do elaborado para convencer a si, aos
coloca o estudante como personagem atuante colegas e ao professor de que sua conclusão
em sua comunidade local e no mundo globa- é correta.
lizado. As ações de propor e participar fazem
referência à capacidade de ser parte de algo, Convém também observar que no processo
compartilhar saberes com o outro e colaborar de resolução de problemas o estudante deve
conjuntamente para a produção de algo. Des- ser motivado a: questionar… formular… testar
taca-se também o papel da investigação por e validar hipóteses… buscar contraexemplos…
parte do estudante, o que pressupõe a obser- modelar situações… verificar adequação da
vação dos desafios presentes em sua comu- resposta. E, como consequência, desenvolver
nidade local/global, a elaboração de hipóteses linguagens e construir formas de pensar que o
que as descrevam, o tratamento dos dados levem a refletir e agir de maneira crítica.
associados à situação envolvida, a análise dos
resultados obtidos e, por fim, a tomada de de- É importante frisar que a referida competência
cisão a partir das conclusões obtidas. Ao de- não se restringe apenas à resolução de proble-
senvolver essa competência, pode-se afirmar mas, mas também trata de sua elaboração. Isso
que o estudante avança em relação ao enten- revela uma concepção da resolução de proble-
dimento de que os Projetos de Vida não são mas além da mera aplicação de um conjunto
apenas no âmbito profissional, mas também de regras. Outro grande destaque refere-se à

206 Novo Ensino Médio – Caderno 1


modelagem matemática como a construção situações implica e revela a aprendizagem,
de modelos matemáticos que sirvam para ge- além de potencializar o letramento matemáti-
neralizar ideias ou para descrever situações co. Essa competência está relacionada ao de-
semelhantes. Essa competência tem estreita senvolvimento das Competências Gerais 4 e 5
relação com a Competência Geral 2 da BNCC, da BNCC, uma vez que a linguagem utilizada
no sentido da capacidade de formular e resol- de modo flexível permite expressar ideias e
ver problemas, e com a Competência Geral 4, informações que facilitam o entendimento e
que reforça a importância de saber utilizar as ampliar o repertório de formas de expressão,
diferentes linguagens par expressar ideias e in- inclusive a digital com espaço para autoria pes-
formações para a comunicação mútua. soal e criatividade do estudante.

(CE04) Compreender e utilizar, com flexi- (CE05) Investigar e estabelecer conjecturas


bilidade e fluidez, diferentes registros de a respeito de diferentes conceitos e pro-
representação matemáticos (algébrico, priedades matemáticas, empregando re-
geométrico, estatístico, computacional, cursos e estratégias como observação de
entre outros), na busca de solução e co- padrões, experimentações e tecnologias di-
municação de resultados de problemas, de gitais, identificando a necessidade, ou não,
modo a favorecer a construção e o desen- de uma demonstração cada vez mais for-
volvimento do raciocínio matemático. mal na validação das referidas conjecturas.

Nesta competência há a proposição do uso fle- A competência 5 prevê que os alunos po-
xível dos diferentes registros de representação tencializem seus processos de abstração e
da linguagem matemática. O domínio de tais generalização na elaboração de conjecturas.
registros amplia a capacidade de análise das si- Busquem recursos que permitam uma valida-
tuações representadas e aprimora tanto os as- ção mais formal da conjectura elaborada ou
pectos de formulação como a comunicação de sua refutação.
resultados. As aprendizagens previstas nessa
competência contribuem ainda para melhorar Os alunos devem utilizar o raciocínio indutivo
a capacidade de argumentar e identificar racio- baseado na observação de padrões e em regu-
cínios falsos. laridades. No entanto, eles deverão reconhe-
cer que o raciocínio indutivo e as verificações
A competência 4 complementa as demais no meramente empíricas não são apropriadas
sentido de que utilizar, interpretar e resolver para validar propriedades, podendo levar, algu-
situações-problema se faz pela comunicação mas vezes, a conclusões equivocadas. Desse
das ideias dos estudantes por meio da lingua- modo, é necessário reconhecerem que as con-
gem matemática. Transitar entre os diversos jecturas formuladas devem ser justificadas por
tipos de representações (simbólica, algébrica, meio de resultados matemáticos já demons-
gráfica, textual etc.) permite a compreensão trados. Assim, a competência 5 tem como
mais profunda dos conceitos e ideias da mate- objetivo principal que os estudantes se apro-
mática. A representação de uma mesma situa- priem da forma de pensar matemática, como
ção de diferentes formas ciência com uma forma específica de validar
suas conclusões pelo raciocínio lógico-deduti-
estabelece conexões que possibilitam resol- vo. Não se trata de trazer para o Ensino Médio
ver problemas matemáticos usando estraté- a Matemática formal dedutiva, mas de permitir
gias diversas. Além disso, a capacidade de que os jovens percebam a diferença entre uma
elaborar modelos matemáticos para expressar dedução originária da observação empírica e

Currículo do Piauí 2021 207


uma dedução formal. É importante também SÍNTESE DAS COMPETÊNCIAS
verificar que essa competência e suas habili-
dades não se desenvolvem em separado das
demais; ela é um foco a mais de atenção para Aplicar conhecimentos
o ensino em termos de formação dos estudan-
tes, de modo que identifiquem a Matemática
diferenciada das demais Ciências. As habilida-
des para essa competência demandam que o Construir Argumentos
estudante vivencie a investigação, a formula-
ção de hipóteses e a tentativa de validação de
suas hipóteses. De certa forma, a proposta é
Comunicar em Matemática
que o estudante do

Ensino Médio possa conhecer parte do pro-


cesso de construção da Matemática, tal qual Formalizar/Demonstrar
aconteceu ao longo da história, fruto do pensa-
mento de muitos em diferentes culturas.

Um ponto de atenção está no fato de que al-


gumas das habilidades escolhidas pela BNCC PROCESSOS PARA APRENDIZAGEM
(2018) para essa competência remetem a con-
teúdos muito específicos, de pouca aplicabili-
dade e de difícil contextualização, mas que, no Investigação
entanto, favorecem a investigação e a formula-
ção de hipóteses antes de que os estudantes
conheçam os conceitos ou a teoria subjacente
a esses conteúdos específicos. As habilidades Construção de Modelos
propostas para essa competência possuem
níveis diferentes de complexidade cognitiva,
desde a identificação de uma propriedade até
a investigação completa com dedução de uma Resolução de Problemas
regra ou procedimento.

Essa competência se relaciona com as Com-


petências Gerais 2, 4, 5 e 7 da BNCC, uma vez
que há o incentivo ao exercício da curiosidade As habilidades selecionadas para a
intelectual na investigação, neste caso, com matriz curricular de matemática
maior centralidade no conhecimento matemá-
tico. A linguagem e os recursos digitais são fer- As habilidades previstas na matriz curricular
ramentas básicas e essenciais para facilitar a de Matemática para a etapa do Ensino Médio
observação de regularidades, expressar ideias na BNCC se articulam com as competências
e construir argumentos com base em fatos. gerais e e específicas da área e também com
as aprendizagens já previstas para o ensino
O conjunto das competências específicas da fundamental. No entanto, como explicitado no
área de Matemática estão articuladas entre si, documento da Base:
possibilitando aos estudantes identificarem a im-
[…] Por sua vez, embora cada habilidade este-
portância do conhecimento matemático em seu
ja associada a determinada competência, isso
desenvolvimento pessoal, social e profissional.

208 Novo Ensino Médio – Caderno 1


não significa que ela não contribua para o de- mo acontece com outros objetos do conhe-
senvolvimento de outras. […] as habilidades são cimento especificados na matriz. O currículo
apresentadas sem indicação de seriação. Essa proposto nesse formato possibilita que o alu-
decisão permite flexibilizar a definição anual dos no possa ir do conhecimento geral ao conhe-
currículos e propostas pedagógicas de cada es- cimento especializado naturalmente. Isso se
cola. (p. 530) deve a um modelo de aprendizagem contínua
que evita que os conceitos caiam facilmente
Essa característica permite escolher as habili- no esquecimento.
dades livres da pressão da seriação e, por um
critério de decidir por sua centralidade na for- Como mencionado na introdução deste docu-
mação integral, pela importância dela na cons- mento, o desenvolvimento integral, as dez com-
tituição da área, pelas conexões que favorecem petências gerais e os princípios metodológicos
na área ou entre áreas e, ainda, pela possibili- integradores são a principal forma de integrar
dade de seu desenvolvimento em períodos re- o desenvolvimento de ações educacionais de
duzidos de escolaridade, tais como programas diversos tipos a partir da matriz curricular. No
de aceleração da aprendizagem ou cursos de entanto, é possível observar situações especí-
Educação de Jovens e Adultos (EJA). ficas nas quais a Matemática se relaciona com
as demais áreas, possibilitando a construção
Na sequência, apresentaremos o quadro des- de conhecimentos de modo contextualizado
tinado à Matriz Curricular de Matemática indi- pelos estudantes.
cada por série , de modo a possibilitar melhor
adequação ao trabalho pedagógico dos profes- A Matemática pode ser entendida como uma
sores, ao que inclui-se a carga horária prevista. linguagem, sendo parte dos processos de letrar
Além disso são especificados, as Competên- os alunos em diferentes sentidos, formando
cias Específicas (CE) da área de Matemática leitores para múltiplas formas de comunicação,
(CE01, CE02, CE03, CE04, CE05) e as Com- aproximando-se assim da área de Linguagens.
petências Gerais da BNCC as quais se relacio- As Artes Gráficas e a Música são outras pro-
nam; os objetos do conhecimento e objetivos missoras formas de integração da Matemática
de aprendizagem para cada habilidade, segun- com a área de Linguagens. Conhecimentos de
do a competência específica (CE) estabelecida. geometria ampliam a percepção de espaço e
das formas de sua representação, fornecen-
Para melhor compreensão, ressaltamos que as do referenciais para as representações planas
habilidades são o pressuposto para a indicação nos desenhos, mapas e ferramentas de locali-
dos objetos do conhecimento e objetivos de zação espacial. Tais representações são úteis
aprendizagem, o que permitiu elaborar a matriz a Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
por série. Por isso, é possível que habilidades As habilidades relacionadas à probabilidade e
diferentes incorram em objetos do conheci- estatística, em especial aquelas ligadas a co-
mento semelhantes ou iguais. No entanto, o letar, organizar, descrever e analisar dados,
que será determinante na abordagem deste realizar inferências e fazer predições com base
objeto do conhecimento pelo professor é, uni- em amostras de população, são aplicações da
camente, a complexidade exigida pela habili- Matemática em questões do mundo real que
dade. Assim, por exemplo, o tópico de “juros tiveram um crescimento muito grande e se
simples” está inserido na 1a e 3a séries, porém tornaram instrumentos importantes também
com habilidades e objetivos de aprendizagem para as Linguagens e as Ciências Humanas.
distintos, na primeira são observados aspec- A articulação entre Matemática e Ciências da
tos relativos à definição e cálculo e na outra, Natureza se dá pela leitura, pela escrita e pela
aplicações deste conceito em objetivos mais resolução de problemas, nos quais a Matemá-
complexos da matemática financeira; o mes- tica permite o desenvolvimento de modelos

Currículo do Piauí 2021 209


que sintetizam as investigações, a generaliza- cumprir também seu papel de acompanha-
ção de resultados encontrados e a possibili- mento do processo de aprendizagem, quan-
dade de utilizá-los na resolução de problemas do o professor observa, registra, solicita que
semelhantes. Além disso, projetos temáticos o estudante fale ou represente como pensou,
se constituirão cenários propícios à integração como fez, ou o que não entendeu.
da Matemática com as demais áreas de co-
nhecimento. Na perspectiva de uma avaliação formativa,
é preciso considerar as limitações dos instru-
Outro aspecto a ser considerado na implemen- mentos prova, listas de exercícios ou pesqui-
tação da matriz curricular é o planejamento. sas sem alinhamento com um projeto, muito
Planejar a utilização das metodologias integra- utilizados apenas para gerar notas. Isso signi-
doras de forma mais adequada para o ensino fica qualificar mais o instrumento prova, ado-
de cada objeto de conhecimento ou habilidade tando diferentes modalidades para o emprego
não pode ser feito no momento da aula, uma desse recurso de avaliação, e inserir outras
vez que é preciso considerar os alunos, os re- formas de avaliar validadas pelo registro e pela
cursos disponíveis, o tempo para o ensino e clareza do que se está avaliando.
o acompanhamento das aprendizagens espe-
radas, sendo que a avaliação é central nesse Um elemento da matriz que é muito relevante
processo. para o planejamento e a avaliação está tradu-
zido em “exemplos de objetivos de aprendiza-
A avaliação em seu caráter diagnóstico é feita gem”. Eles indicam aquilo que se espera de
sempre que for necessário ouvir e observar os aprendizagem para cada conjunto de compe-
estudantes, para permitir que expressem ou tências e habilidades e, podem ser parâmetros
registrem o que sabem, ou pensam que sa- para acompanhar ensino e aprendizagem, fa-
bem, sobre um conceito, um problema, uma zer ajustes na caminhada e planejar formas de
observação sistemática etc. A avaliação deve conseguir que todos aprendam.

210 Novo Ensino Médio – Caderno 1


5 MATRIZ CURRICULAR MATEMÁTICA – PIAUÍ

1a SÉRIE CARGA HORÁRIA ANUAL

TEMA GERAL
120 horas/ano – 3 aulas/semana
Álgebra, Matemática computacional; Grandezas e Medidas; Matemá-
tica Financeira e Probabilidade.
(CE01) Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos
das ciências humanas, ou ainda questões econômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a consolidar uma formação cientifica geral.
Competências Gerais: 2. Pensamento científico, crítico e criativo

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM1MAT101 – PI01) Interpretar situações MATEMÁTICA Descrever a variação de uma grandeza em função da ou- Funções: interpretação de gráficos e de
econômicas, sociais e das Ciências da Na- tra. Interpretar gráficos que representam a variação entre expressões algébricas.
tureza que envolvem a variação de duas duas grandezas. » Construir gráficos mostrando a varia- Sistemas e unidades de medida: leitura e
grandezas, pela análise dos gráficos das ção entre duas grandezas. Comparar valores presentes conversão de unidades de grandezas di-
funções representadas e das taxas de va- em gráficos que mostram a variação entre duas grande- versas.
riação com ou sem apoio de tecnologias zas. Elaborar conclusões a partir da análise de um gráfico Variação de grandezas: taxas e índices.
digitais. que representa a variação entre duas grandezas.
(EM1MAT103 – PI02) Interpretar e com- MATEMÁTICA Identificar, em um determinado contexto, a grandeza Funções: representação gráfica e algébri-
preender textos científicos ou envolvida em um processo de medição. Relacionar duas ca.
divulgados pelas mídias, que empregam grandezas de naturezas diferentes em um dado contexto Sistema Internacional de Medidas: princi-
unidades de medida de diferentes grande- para obter uma unidade de medida do Sistema Métrico pais unidades e conversões.
zas e as conversões possíveis entre elas, Decimal (espaço e tempo, temperatura e comprimento, Bases de sistemas de contagem (base
adotadas ou não pelo Sistema Internacional massa e volume etc.). Converter unidades de medidas decimal, base binária, base sexagesimal
(SI), como as de armazenamento e veloci- relacionadas à uma mesma grandeza a fim de expressar etc.).
dade de transferência de dados, ligadas aos a mesma situação em diferentes escalas. Comparar di- Principais unidades de armazenamento
avanços tecnológicos. ferentes unidades de armazenamento e transmissão de de dados na informática (bit, byte, kiloby-
dados em diferentes dispositivos eletrônicos (físicos e te, megabyte, gigabyte etc.) e transferên-
virtuais) a partir da leitura de manuais técnicos, reporta- cia de dados (Mbps, Kbps, Gbps etc.).
gens e/ou peças publicitárias (panfletos, anúncios etc.).

Currículo do Piauí 2021


211
212
(EM1MAT105 – PI03) Utilizar as noções de MATEMÁTICA Usar composições de transformações geométricas (re- Geometria das Transformações: isome-
transformações isométricas (translação, re- flexão, translação e/ou rotação) para reproduzir padrões trias (reflexão, translação e rotação) e ho-
flexão, rotação e composições destas) e artísticos, mosaicos ou aqueles presentes na natureza. motetias (ampliação e redução).
transformações homotéticas para construir Classificar padrões de repetição étnicos (indígenas, das Noções de geometria dos fractais.
figuras e analisar elementos da natureza e culturas afro, árabe, etc.) de acordo com as isometrias
diferentes produções humanas (fractais, no plano (reflexão, translação e rotação). Utilizar iterações
construções civis, obras de arte, entre ou- para compor fractais simples para modelar padrões pre-
tras). sentes na natureza, por exemplo, a estrutura microscópi-
ca de um floco de neve, com ou sem auxílio de softwares.
Identificar composições de transformações geométricas
em trechos de partituras musicais, em construções da

Novo Ensino Médio – Caderno 1


engenharia e em obras arquitetônicas, produzidas em di-
ferentes tempos e culturas. Elaborar releituras de obras
artísticas utilizando homotetia (ampliação e/ou redução)
com auxílio de softwares de geometria dinâmica.
(CE03) Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos, em seus campos – Aritmética, Álgebra, Grandezas e Medidas, Geometria, Probabilidade e
Estatística –, para interpretar, construir modelos e resolver problemas em diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das solu-
ções propostas, de modo a construir argumentação consistente.

Competências Gerais: 2. Pensamento Científico, Crítico e Criativo e 4. Comunicação.

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM1MAT302 – PI04) Construir modelos MATEMÁTICA Listar situações que envolvem proporcionalidade direta Função polinomial do 1o grau.
empregando as funções polinomiais de 1o em contextos matemáticos e em outras áreas do conhe- Função polinomial do 2o grau.
e 2o graus, para resolver problemas em cimento. Construir gráficos de funções polinomiais do 1o
contextos diversos, com ou sem apoio de e do 2o grau a partir de translações e reflexões aplicadas
tecnologias digitais. em funções elementares [ f(x) = a.x e f(x) = x²], com ou
sem o uso de softwares. Modelar situações em contex-
tos diversos por funções polinomiais do 1o e do 2o grau,
da linguagem verbal para a linguagem algébrica e geomé-
trica e vice-versa. Resolver situações-problema envolven-
do funções polinomiais do 1o e do 2o grau.
(EM1MAT303 – PI05) Interpretar e compa- MATEMÁTICA Descrever a incidência da taxa de juros em situações re- Conceitos de Matemática Financeira, ju-
rar situações que envolvem juros simples lacionadas aos sistemas de capitalização simples e tam- ros simples e juros compostos.
com as que envolvem juros compostos, por bém no sistema de capitalização composto. Diferenciar Funções e gráficos de funções de 1o grau
meio de representações gráficas ou análi- situações em que os juros simples são utilizados (como e exponencial.
ses de planilhas, destacando o crescimento em juros de mora) de outras situações em que os juros
linear ou exponencial de cada caso. são compostos. Interpretar situações cotidianas que en-
volvam empréstimos, financiamentos e multas progres-
sivas para avaliação e tomada de decisão. Elaborar plani-
lhas e gráficos mostrando o crescimento de um capital
investido sob uma taxa fixa tanto no sistema de capitali-
zação simples (linear) quanto no sistema de capitalização
composto (exponencial).
(EM1MAT304 – PI06) Resolver e elaborar MATEMÁTICA Descrever por meio de um texto, tabela, ou gráfico a va- Funções exponenciais.
problemas com funções exponenciais nos riação de duas grandezas que se relacionam de modo Variação exponencial entre grandezas.
quais seja necessário compreender e inter- exponencial. Corresponder os termos de uma sequência Noções de Matemática Financeira.
pretar a variação das grandezas envolvidas, numérica (PG) com a expressão de uma função exponen-
em contextos como o da Matemática Fi- cial. Relacionar situações de financiamentos a juros com-
nanceira. postos à expressão de uma função exponencial. Resolver
problemas sobre educação financeira.
(EM1MAT305 – PI07) Resolver e elaborar MATEMÁTICA Definir logaritmo como operação matemática que deter- Logaritmo (decimal e natural).
problemas com funções logarítmicas nos mina o expoente de uma potenciação a partir da base e Função logarítmica.
quais seja necessário compreender e inter- da potência obtida. Expressar a relação entre potenciação Variação entre grandezas: relação entre
pretar a variação das grandezas envolvidas, e logaritmo de números reais de mesma base. Resolver variação exponencial e logarítmica
em contextos como os de abalos sísmicos, situações-problema em que é necessário o cálculo de um
pH, radioatividade, Matemática Financeira, logaritmo. Interpretar o logaritmo em funções que des-
etc. crevam fenômenos de outras áreas do conhecimento,
como, por exemplo, a magnitude de abalos sísmicos e
valores de decaimento da atividade nuclear de uma subs-
tância radioativa ao longo do tempo.
(EM1MAT307 – PI08) Empregar diferentes MATEMÁTICA Identificar em um mapa de uma cidade/bairro polígonos Áreas de figuras geométricas (cálculo por
métodos para a obtenção da medida da e/ou setores circulares que representam suas partes. decomposição, composição ou aproxima-
área de uma superfície (reconfigurações, Mostrar a partir de um esboço que uma área pode ser ção). Expressões algébricas.
aproximação por cortes etc.) e deduzir ex- decomposta em polígonos e/ou setores circulares. Me-
pressões de cálculo para aplicá-las em si- dir, com auxílio de instrumentos e/ou aplicativos, distân-
tuações reais (como o remanejamento e a cias em torno de estádios, ginásios ou praças para ob-
distribuição de plantações, entre outros), ter as áreas de tais locais. Resolver situações-problema
com ou sem apoio de tecnologias digitais. utilizando a decomposição de uma superfície e algumas
expressões algébricas que representam áreas de polígo-
nos em contextos próximos. Estimar a área aproximada
de uma superfície plana irregular, utilizando polígonos e/
ou setores circulares para pavimentar sua representação

Currículo do Piauí 2021


em um mapa.

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214
(EM1MAT311 – PI09) Identificar e descre- MATEMÁTICA Explicar o espaço amostral envolvido em diferentes ex- Noções de probabilidade básica: espaço
ver o espaço amostral de perimentos aleatórios. Listar as possibilidades de ocor- amostral, evento aleatório (equiprovável).
eventos aleatórios, realizando contagem rência de dois eventos simultâneos ou consecutivos en- Contagem de possibilidades.
das possibilidades, para resolver e elaborar volvendo eventos independentes (união, intersecção ou Cálculo de probabilidades simples.
problemas que envolvem o cálculo da pro- condicional de eventos). Quantificar e fazer previsões em
babilidade. situações aplicadas a diferentes áreas do conhecimento

Novo Ensino Médio – Caderno 1


e da vida cotidiana que envolvam o cálculo de probabili-
dades.
(EM1MAT313 – PI10) Utilizar, quando ne- MATEMÁTICA Reconhecer que a notação científica é uma maneira efi- Notação cientifica.
cessário, a notação cientifica para expressar ciente de expressar números muito grandes ou muito Algarismos significativos e técnicas de ar-
uma medida, compreendendo as noções pequenos em diversos contextos. Representar números redondamento.
de algarismos significativos e algarismos em diferentes contextos utilizando a notação científica. Estimativa e comparação de valores em
duvidosos, e reconhecendo que toda medi- Representar quantidades não inteiras usando técnicas de notação cientificam e em arredondamen-
da é inevitavelmente acompanhada de erro. arredondamento. Comparar valores obtidos por diferen- tos.
tes instrumentos de medição com o intuito de verificar o Noção de erro em medições.
grau de precisão indicado em ambos.
(EM1MAT314 – PI11) Resolver e elaborar MATEMÁTICA Identificar que unidade de medida (velocidade média, Grandezas determinadas pela razão ou
problemas que envolvam grandezas de- densidade de um corpo, densidade demográfica, potên- produtos de outras (velocidade, densida-
terminadas pela razão ou pelo produto de cia elétrica, aceleração média etc.) é definida pela divisão de de um corpo, densidade demográfi-
outras (velocidade, densidade demográfica, e/ou pela multiplicação de outras grandezas de mesma ca, potência elétrica, bytes por segundo,
energia elétrica etc.) natureza ou não. Solucionar problemas que envolvam etc.). Conversão entre unidades compos-
grandezas determinadas pela razão ou produto das me- tas.
didas de outras, como o consumo de energia elétrica de
um aparelho conhecendo sua potência elétrica e período
de funcionamento, ou o tempo necessário para que um
dado pacote de dados (em gigabytes, megabytes etc.)
se esgote conhecendo a velocidade de transferência de
dados utilizada (kilobytes por segundo, megabytes por
segundo etc.)
(CE04) Compreender e utilizar, com flexibilidade e fluidez, diferentes registros de representação matemáticos (algébrico, geométrico, estatístico, computacional
etc.), na busca de solução e comunicação de resultados de problemas, de modo a favorecer a construção e o desenvolvimento do raciocínio matemático.

Competências Gerais: 4. Comunicação e 5. Cultura Digital

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM1MAT401 – PI12) Converter represen- MATEMÁTICA Exemplificar a variação entre duas grandezas por meio Funções afins, lineares, constantes.
tações algébricas de funções polinomiais de uma função polinomial de 1o grau, em diferentes con- Gráficos de funções a partir de transfor-
de 1o grau em representações geométricas textos por meio de um texto, uma tabela, um esquema e mações no plano.
no plano cartesiano, distinguindo os casos um gráfico. Explicar as modificações ocorridas no gráfico Proporcionalidade estudo do crescimento
nos quais o comportamento é proporcional, da função f(x) = a.x usando um texto, uma tabela, um es- e variação de funções.
recorrendo ou não a softwares ou aplicati- quema e uma expressão algébrica, empregando ou não Estudo da variação de funções polino-
vos de álgebras e geometria dinâmica um programa gráfico. Concluir com auxilio de um gráfico miais de 1o grau: crescimento, decresci-
e de sua expressão algébrica que a taxa de crescimento mento, taxa de variação da função.
de uma função afim é constante.

(EM1MAT402 – PI13) Converter represen- MATEMÁTICA Corresponder duas grandezas que variam uma em rela- Funções polinomiais de 2o grau.
tações algébricas de funções polinomiais ção ao quadrado da outra por meio de um relato oral, tex- Gráficos de funções a partir de transfor-
de 2o grau em representações geométricas to, tabela, esquema e gráfico. Mostrar as modificações mações no plano.
no plano cartesiano, distinguindo os casos ocorridas no gráfico da função f(x) = a.x² quando se alte- Estudo do comportamento da função
nos quais uma variável for diretamente pro- ram e/ou acrescentam valores para obter outras funções quadrática (intervalos de crescimento/de-
porcional ao quadrado da outra, recorrendo polinomiais do 2o grau, utilizando ou não software ou crescimento, ponto de máximo/mínimo e
ou não a softwares ou aplicativos de álge- programa gráfico. Utilizar ou não software ou programa variação da função).
bra e geometria dinâmica, entre outros ma- gráfico para mostrar as modificações ocorridas no gráfico
teriais. da função f(x) = a.x² quando se alteram e/ou acrescen-
tam valores para obter outras funções polinomiais do 2o
grau. Verificar, com auxílio de um gráfico e de sua expres-
são algébrica, que a taxa de crescimento de uma função
quadrática varia como uma função do 1o grau. Selecionar
a melhor representação de uma função do 2o grau para
expressar ou interpretar uma situação-problema que é
modelada por essa função.

Currículo do Piauí 2021


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(EM1MAT403 – PI14) Analisar e estabele- MATEMÁTICA Relatar através de um texto, tabela e gráfico a variação de Funções: exponencial e logarítmica.
cer relações, com ou sem apoio de tecno- duas grandezas que se relacionam de modo exponencial. Gráfico de funções a partir de transforma-
logias digitais, entre as representações de Mostrar através de uma tabela, gráfico e expressão algé- ções no plano. Estudo do crescimento e
funções exponenciais e logarítmica expres- brica a variação logarítmica de duas grandezas. Comparar, analise do comportamento das funções
sas em tabelas e em plano cartesiano, para com ou sem auxílio de software, gráficos de uma função exponencial e logarítmica em intervalos
identificar as características fundamentais exponencial e sua respectiva inversa. (função logarítmica), numéricos.
(domínio, imagem, crescimento) de cada expressando a relação entre potenciação e logaritmo de
função. números reais de mesma base. Relacionar as escritas al-
gébrica e gráfica de funções exponenciais e logarítmicas
por meio da análise de parâmetros numéricos na expres-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


são algébrica e pontos do gráfico dessas funções.
(EM1MAT404 – PI15) Analisar funções de- MATEMÁTICA Descrever como ocorre a variação entre duas grandezas Funções definidas por partes.
finidas por uma ou mais sentenças (tabela em um determinado intervalo numérico. Identificar, entre Gráficos de funções expressas por diver-
do Imposto de Renda, contas de luz, água, as funções afim, quadrática, exponencial e logarítmica, sas sentenças. Analise do comportamen-
gás, etc.). em suas representações algébri- a mais adequada para representar a variação entre duas to de funções em intervalos numéricos.
ca e gráfica, identificando domínios de vali- grandezas em um determinado intervalo numérico. Es-
dade, imagem, crescimento, e convertendo crever as sentenças algébricas que representam trechos
essas representações de uma para outra, do gráfico de uma função que apresenta diferentes tipos
com ou sem apoio de tecnologias digitais. de variação entre suas grandezas. Compor, usando dife-
rentes expressões algébricas, uma única lei de formação
para representar uma função que apresenta diferentes
tipos de variação entre suas grandezas.
(CE05) Investigar e estabelecer conjecturas a respeito de diferentes conceitos e propriedades matemáticas, empregando recursos e estratégias como observação
de padrões, experimentações e tecnologias digitais, identificando a necessidade, ou não, de uma demonstração cada vez mais formal na validação das referidas
conjecturas.
Competências Gerais: 2. Pensamento Científico, Crítico e Criativoa; 4. Comunicação; 5. Cultura Digital e 7. Argumentação

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM1MAT501 – PI16) Investigar relações MATEMÁTICA Identificar regularidades em relações que apresentam va- Funções polinomiais do 1o grau (função
entre números expressos em tabelas para riação constante entre duas grandezas. Construir gráficos afim, função linear, função constante,
representá-los no plano cartesiano, identifi- de funções polinomiais do 1o grau a partir de translações função identidade). Gráficos de funções.
cando padrões e criando conjecturas para e reflexões aplicadas na função elementar [ f(x) = a.x ]. Taxa de variação de funções polinomiais
generalizar e expressar algebricamente Associar os termos de uma progressão aritmética aos do 1o grau.
essa generalização, reconhecendo quando valores de uma função afim de mesmo domínio que a
essa representação é de função polinomial progressão. Concluir que a taxa de crescimento de uma
de 1o grau. função afim é constante.
(EM1MAT502 – PI17) Investigar relações MATEMÁTICA Corresponder duas grandezas que variam uma em re- Funções polinomiais do 2o grau (função
entre números expressos em tabelas para lação ao quadrado da outra por meio de um relato oral, quadrática): gráfico, raízes, pontos de má-
representá-los no plano cartesiano, identifi- texto, tabela, esquema ou gráfico. Listar, através de uma ximo/mínimo, crescimento/decrescimen-
cando padrões e criando conjecturas para tabela, a relação entre duas grandezas por meio de uma to, concavidade, gráficos de funções.
generalizar e expressar algebricamente função polinomial do 2o grau em determinados contex-
essa generalização reconhecendo quando tos. Construir gráficos de funções polinomiais do 2o grau
essa representação é de função polinomial a partir de translações e reflexões aplicadas na função
de 2o grau do tipo y=ax². elementar [ f(x) = x² ] com ou sem uso de software. Pro-
duzir uma expressão algébrica polinomial do 2o grau que
se relacione com a variação de duas grandezas, sendo
que a primeira varia de acordo com o quadrado da se-
gunda.
(EM1MAT503 – PI18) Investigar pontos de MATEMÁTICA Formular hipóteses sobre a variação de uma função qua- Funções polinomiais do 2o grau (função
máximo ou de mínimo de funções quadrá- drática e o tipo de ponto crítico que ela apresenta. Des- quadrática) gráficos de funções, pontos
ticas em contextos envolvendo superfícies, crever a concavidade do gráfico de uma função quadráti- críticos de uma função quadrática: conca-
Matemática Financeira ou Cinemática, en- ca pelo seu gráfico e pelo sinal do coeficiente do termo vidade, pontos de máximo ou de mínimo.
tre outros, com apoio de tecnologias digi- quadrático da expressão algébrica da função. Explicar a
tais. variação (crescimento/decrescimento) de fenômenos
que são descritos por funções quadráticas. Relacionar a
mudança de comportamento (crescimento/decrescimen-
to ou decrescimento/crescimento) de uma função qua-
drática com o seu ponto crítico (pontos de máximo ou
mínimo).
(EM1MAT506 – PI19) Representar grafica- MATEMÁTICA Mostrar, com auxílio de gráficos, como o perímetro e a Polígonos regulares (perímetro e área).
mente a variação da área e do perímetro de área de um polígono regular variam ao modificarmos pro- Funções (linear e quadrática).
um polígono regular quando os comprimen- porcionalmente a medida de seus lados. Verificar a va-
tos de seus lados variam, analisando e clas- riação do perímetro e da área de um polígono regular ao
sificando as funções envolvidas. modificar a medida de seu lado. Conjecturar que tipo de
função está associada à variação do perímetro e da área
de um polígono regular ao modificar a medida de seus
lados. Construir gráficos que expressem a variação do
perímetro e da área de um polígono regular ao modificar
a medida de seus lados.

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(EM1MAT507 – PI20) Identificar e asso- MATEMÁTICA Identificar a regularidade em uma sequência, seja ela Funções afins.
ciar progressões aritméticas (PA) a funções apresentada por uma sequência de figuras ou números Sequências numéricas: progressões arit-
afins de domínios discretos, para análise de que recursivamente aumentam/diminuem de um valor méticas (P.A.).
propriedades, dedução de algumas fórmu- constante, ou seja, uma P.A. Associar os termos de uma
las e resolução de problemas. progressão aritmética aos valores de uma função afim de
mesmo domínio que a progressão. Formular proprieda-
des de uma P.A., transpondo para a sequência as proprie-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


dades das funções afins.
(EM1MAT508– PI21) Identificar e associar MATEMÁTICA Identificar a regularidade existente em sequências numé- Função exponencial. Sequências numéri-
progressões geométricas (PG) a funções ricas ou de figuras, em que, por recursão, cada termo a cas: progressões geométricas (P.G.).
exponenciais de domínios discretos, para partir do segundo é obtido pelo produto do anterior por
análise de propriedades, dedução de algu- um fator constante. Corresponder os termos de uma
mas fórmulas e resolução de problemas. sequência numérica (Progressão Geométrica) com a ex-
pressão de uma função exponencial. Inferir, a partir da ob-
servação de sequências de figuras geométricas geradas
por iterações (fractais), como serão os próximos termos
da sequência. Formular propriedades de uma P.G., ade-
quando à sequência as propriedades das funções expo-
nenciais.
(EM1MAT510 – PI22) Investigar conjuntos MATEMÁTICA Identificar conjuntos de dados que podem ser modelados Funções polinomiais do 1o grau (função
de dados relativos ao comportamento de por uma função polinomial de 1o grau e representados afim, linear e constante).
duas variáveis numéricas, usando ou não pelo gráfico de uma reta, com ou sem auxílio de soft- Gráficos de funções.
tecnologias da informação, e, quando apro- ware de geometria dinâmica. Determinar uma reta no Taxa de variação de uma função (cresci-
priado, levar em conta a variação e utilizar plano cartesiano para representar a relação entre duas mento/decrescimento).
uma reta para descrever a relação observa- grandezas que variam de maneira linear. Associar a taxa Razões trigonométricas: tangente de um
da. de variação entre duas grandezas ao coeficiente angular ângulo. Equação da reta: coeficiente an-
da reta do gráfico que representa a relação entre essas gular
grandezas.
2a SÉRIE CARGA HORÁRIA ANUAL DO COMPONENTE

TEMA GERAL
80 horas/ano – 2 aulas/semana
Probabilidade e Estatística; Álgebra; Geometria; Grandezas e Medidas.

(CE01) Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos
das ciências humanas, ou ainda questões econômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a consolidar uma formação cientifica geral.

Competências Gerais: 2. Pensamento científico, crítico e criativo

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM2MAT102 – PI23) Analisar Localizar informações em textos na forma de tabelas ou Conceitos estatísticos: população e
tabelas, gráficos e amostras de pesquisas gráficos estatísticos, inclusive aqueles veiculados pelas amostragem.
estatísticas apresentadas em relatórios mídias impressa e visual. Identificar amostras adequadas Gráficos utilizados pela estatística: ele-
divulgados por diferentes meios de comu- a uma pesquisa de opinião ou preferência. Detectar erros mentos de um gráfico.
nicação, identificando, quando for o caso, ou inadequações em textos que divulgam informações Confiabilidade de fontes de dados.
inadequações que possam induzir a erros MATEMÁTICA de natureza estatística. Justificar inferências possíveis Correção no traçado de gráficos estatís-
de interpretação, como escalas e amostras ou equivocadas elaboradas a partir de tabelas ou gráficos ticos.
não apropriadas. estatísticos. Medidas de Tendência Central e de dis-
persão.
(EM2MAT104 – PI24) Identificar as variáveis associadas ao cálculo de um deter- Estatística: pesquisa e organização de da-
Interpretar taxas e índices de natureza so- minado índice, taxa ou coeficiente. Explicar a relação que dos.
cioeconômica (índice de desenvolvimento uma variável mantém com outra na composição de um Porcentagens: cálculo de índices, taxas e
humano, taxas de inflação, entre outros), MATEMÁTICA índice. Comparar diferentes índices, taxas e coeficientes coeficientes.
investigando os processos de cálculo des- relativos. Elaborar conclusões envolvendo índices, taxas
ses números, para analisar criticamente a e coeficientes em um determinado contexto. Resolver
realidade e produzir argumentos. problemas que envolvam a utilização de taxas e índices
diversos.
(EM2MAT106 – PI25) Identificar situações MATEMÁTICA Identificar em bulas, textos científicos e de divulgação a Porcentagem: cálculo de taxas,índices e
da vida cotidiana nas quais seja necessário eficácia de medicamentos e vacinas para uma determina- coeficientes.
fazer escolhas levando-se em conta os ris- da doença/sintoma. Calcular a probabilidade condicional Probabilidade simples e condicional.
cos probabilísticos (usar este ou aquele mé- de dois eventos simultâneos, sendo conhecida a relação Eventos sucessivos, mutuamente exclu-
todo contraceptivo, optar por um tratamen- entre ambos. Interpretar separatrizes (mediana, quartis, sivos e não mutuamente exclusivos.
to médico em detrimento de outro etc.). decis e/ou percentis) em gráficos de distribuição estatís- Estatística: distribuição estatística, distri-
tica representando uma amostra de uma população, em buição normal e medidas de posição (me-

Currículo do Piauí 2021


relação a questões de saúde e de cuidado pessoal. diana, quartis, decis e percentis).

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(CE02) Articular conhecimentos matemáticos ao propor e/ou participar de ações para investigar desafios do mundo contemporâneo e tomar decisões éticas e
socialmente responsáveis, com base na análise de problemas de urgência social, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações da
tecnologia no mundo do trabalho, entre outros, recorrendo a conceitos, procedimentos e linguagens próprios da Matemática.

Competências Gerais: 7 – Argumentação e 10 – Responsabilidade e Cidadania;

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(EM2MAT201 – PI26) Propor ou MATEMÁTICA Identificar tipos de figuras geométricas que representam Conceitos e procedimentos de geometria
participar de ações adequadas às deman- uma determinada composição geométrica. Decompor métrica.
das da região, referencialmente para sua uma figura em polígonos e/ou setores circulares. Calcular Sistema métrico decimal e unidades não
comunidade, envolvendo medições e cál- a área total de uma figura geométrica a partir da sua de- convencionais.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


culos de perímetro, de área, de volume, de composição em figuras geométricas elementares. Reali- Funções, fórmulas e expressões algébri-
capacidade ou de massa. zar medições das dimensões de um local a fim de calcu- cas.
lar suas respectivas áreas. Resolver situações– problema
utilizando a decomposição de uma superfície e algumas
expressões algébricas que representam áreas de polígo-
nos em determinados contextos.
(CE03) Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos, em seus campos – Aritmética, Álgebra, Grandezas e Medidas, Geometria, Probabilidade e
Estatística –, para interpretar, construir modelos e resolver problemas em diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das solu-
ções propostas, de modo a construir argumentação consistente.
Competências Gerais: 2. Pensamento Científico, Crítico e Criativo e 4. Comunicação.
HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO
(EM2MAT301 – PI27) Resolver MATEMÁTICA Calcular o ponto de encontro, quando houver, em siste- Sistemas de equações lineares.
e elaborar problemas do cotidiano, da Mate- mas lineares 2 x 2 ou 3 x 3, que descrevam fenômenos
mática e de outras áreas do conhecimento, como o movimento de dois móveis, relações de massa, Gráficos de funções lineares com uma ou
que envolvem equações lineares simultâ- capacidade ou valores monetários envolvendo relações duas variáveis.
neas, usando técnicas algébricas e gráficas, lineares entre duas ou três variáveis a partir das expres-
com ou sem apoio de tecnologias digitais. sões algébricas que descrevem essas relações. Usar
softwares ou outros recursos para representação gráfica
da solução ou da inexistência de solução de sistemas li-
neares, aplicados a situações e contextos diversos. Ela-
borar argumento explicando a existência ou não de so-
lução de um sistema 2 x 2 ou 3 x 3 em um contexto.
Resolver situações– problema em contextos diversos,
modelando-as por sistemas lineares sistema 2 x 2 ou 3 x
3, para decidir pela estratégia de resolução mais conve-
niente à situação proposta.
(EM2MAT306 – PI28) Resolver e elaborar MATEMÁTICA Relacionar as razões seno e cosseno de um ângulo em Trigonometria no triângulo retângulo (prin-
problemas em contextos que envolvem fe- triângulos retângulos à medida desse ângulo. Reconhecer cipais razões trigonométricas).
nômenos periódicos reais (ondas sonoras, os principais elementos (período, amplitude, comprimen- Trigonometria no ciclo trigonométrico.
fases da lua, movimentos cíclicos, entre ou- to de onda) a partir da análise do gráfico de fenômenos Unidades de medidas de ângulos (radia-
tros) e comparar suas representações com periódicos, como aqueles presentes em notas musicais. nos).
as funções seno e cosseno, no plano carte- Construir um gráfico com ou sem auxílio de software, re- Funções trigonométricas (funções seno,
siano, com ou sem apoio de aplicativos de presentando fenômenos periódicos, como a variação da cosseno e tangente).
álgebra e geometria. altura em relação ao solo, de um ponto marcado numa
roda que se movimenta com velocidade constante, ou
o ciclo lunar, a posição do sol ao longo do dia e da som-
bra correspondente de uma vara exposta ao sol. Resol-
ver situações-problema utilizando as razões e as funções
trigonométricas em contextos diversos, como inclinação
de rampas e na descrição e análise de fenômenos perió-
dicos da Física.
(EM2MAT308 – PI29) Aplicar as relações MATEMÁTICA Utilizar instrumentos de medida, como réguas, trenas, Lei dos senos e lei dos cossenos.
métricas, incluindo as leis do seno e do transferidores e teodolitos rudimentares para medição e Congruência de triângulos (por transfor-
cosseno ou as noções de congruência e se- resolução de situações-problema. Medir, a partir da posi- mações geométricas – isometrias).
melhança, para resolver e elaborar proble- ção de três elementos não colineares, a distância (inaces- Semelhança entre triângulos (por trans-
mas que envolvem triângulos, em variados sível) entre dois deles conhecendo as distâncias entre os formações geométricas – homotetias).
contextos. outros elementos e os ângulos adjacentes aos mesmos.
Reconhecer, com uso de instrumentos de medição (ré-
gua e transferidor) e auxílio de calculadora científica ou
comum, que a razão entre as medidas dos lados de um
triângulo qualquer e o valor do seno do ângulo oposto a
ele é constante. Aplicar a relações métricas para o cálcu-
lo da altura de um monumento, torre ou qualquer outra
edificação inacessível utilizando triângulos semelhantes.
Utilizar as razões trigonométricas em outras áreas, como
na obtenção da força resultante num corpo onde é aplica-
do um sistema composto por duas forças de intensidade
conhecidas e o ângulo formado entre elas.

Currículo do Piauí 2021


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(EM2MAT309 – PI30) Resolver e elaborar MATEMÁTICA Calcular o volume de poliedros e corpos redondos em si- Geometria Métrica: poliedros e corpos

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problemas que envolvem o cálculo de áreas tuações concretas, como é o caso de embalagens e reci- redondos.
totais e de volumes de prismas, pirâmi- pientes. Utilizar o cálculo de volumes pela composição ou Área total e volume de prismas, pirâmi-
des e corpos redondos em situações reais decomposição em sólidos mais simples, por exemplo, ob- des e corpos redondos.
(como o cálculo do gasto de material para ter a capacidade de um copo descartável (tronco de cone)
revestimento ou pinturas de objetos cujos ou o volume de materiais necessários para a construção
formatos sejam composições dos sólidos de um redutor de velocidade (quebra– molas) (tronco de
estudados), com ou sem apoio de tecnolo- pirâmide). Estimar a quantidade de material necessário
gias digitais. para revestir (área) um artefato ou embalagem composta
por partes semelhantes a sólidos geométricos (prismas,
pirâmides e corpos redondos). Aplicar propriedades geo-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


métricas de figuras planas e espaciais em contextos reais,
envolvendo o cálculo de áreas e volumes de sólidos inscri-
tos ou circunscritos. Elaborar situações que exigem repre-
sentações de sólidos geométricos e/ou cálculos de áreas
e volumes de prismas, pirâmides e corpos redondos.
(EM2MAT310 – PI31) Resolver MATEMÁTICA Diferenciar situações em que a ordem dos elementos de Noções de combinatória: agrupamentos
e elaborar problemas de contagem envol- um agrupamento influencia seu contexto (arranjo) de ou- ordenáveis (arranjos) e não ordenáveis
vendo agrupamentos ordenáveis ou não tras nas quais isso não ocorre (combinação). Usar o prin- (combinações).
de elementos, por meio dos princípios mul- cípio multiplicativo e/ou o princípio aditivo para contagem Princípio multiplicativo e princípio aditivo.
tiplicativo e aditivo, recorrendo a estraté- em situações em que a ordem dos elementos é relevante Modelos para contagem de dados: dia-
gias diversas, como o diagrama de árvore. (arranjos) e em outras sem essa condição (combinações). grama de árvore, listas, esquemas, dese-
Criar situações-problema envolvendo agrupamentos de nhos etc.
objetos nas quais a ordem de seus elementos influencia
a contagem e outras nas quais isso não ocorre. » Resol-
ver situações envolvendo contagem. Elaborar situações
de investigação de contagem.
(EM2MAT315 – PI32) MATEMÁTICA Listar os procedimentos necessários para executar uma Noções básicas de Matemática Compu-
Investigar e registrar, por meio de um fluxo- rotina diária, como acessar um site específico na Internet, tacional. Algoritmos e sua representação
grama, quando possível, um algoritmo que baixar um aplicativo num smartphone, preparar uma recei- por fluxograma.
resolve um problema. ta, realizar o trajeto entre dois locais etc. Representar por
um fluxograma as etapas necessárias para realizar um pro-
cedimento com uma ou mais escolhas, como a resolução
de um problema de lógica dedutiva. Estruturar uma rotina
para alguns procedimentos da Matemática, como a resolu-
ção de uma expressão numérica ou de problemas algébri-
cos, ou ainda o cálculo de áreas ou volumes e das medidas
do ângulo interno de um polígono regular. Determinar erros
em listas de comandos/fluxogramas. Elaborar um algorit-
mo de programação usando software (SuperLogo, Logo
for Windows, etc.) para traçar, por exemplo, um polígono
regular, ou decidir se uma equação possui ou não solução.
(EM2MAT316 – PI33) Resolver MATEMÁTICA Identificar, entre as medidas de tendência central (mé- Noções de estatística descritiva.
e elaborar problemas, em diferentes con- dia, moda e mediana), a mais adequada de acordo com Medidas de tendência central: média,
textos, que envolvam cálculo e interpre- a característica desejada (normalizar os dados, dividir o moda e mediana. Medidas de dispersão:
tação as medidas de tendência central conjunto de dados em partes de mesmo tamanho e veri- amplitude, variância e desvio-padrão.
(média, moda, mediana) e das medidas de ficar o valor mais frequente). Calcular o desvio-padrão de
dispersão (amplitude, variância e desvio-pa- conjuntos de dados distintos com o auxílio de uma plani-
drão). lha eletrônica, em contextos diversos. Construir um polí-
gono de frequência absoluta a partir de uma distribuição
de frequências envolvendo uma determinada situação. »
Interpretar separatrizes (mediana, quartis, decis e/ou per-
centis) em gráficos de distribuição estatística represen-
tando uma amostra de uma população. » Correlacionar as
medidas de tendência central (média, moda e mediana)
com as medidas de dispersão (amplitude, desvio-padrão
ou coeficiente de variação) em uma série de dados.
(CE05) Investigar e estabelecer conjecturas a respeito de diferentes conceitos e propriedades matemáticas, empregando recursos e estratégias como observação
de padrões, experimentações e tecnologias digitais, identificando a necessidade, ou não, de uma demonstração cada vez mais formal na validação das referidas
conjecturas.
Competências Gerais: 2. Pensamento Científico, Crítico e Criativoa; 4. Comunicação; 5. Cultura Digital e 7. Argumentação

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(EM2MAT504 – PI34) MATEMÁTICA Mostrar que as seções paralelas à base de um prisma Sólidos geométricos (prismas, pirâmides,
Investigar processos de obtenção da me- são congruentes entre si. Comparar os volumes de mo- cilindros e cones).
dida do volume de prismas, pirâmides, delos de prismas (retos) e de pirâmides (retas) de mesma Cálculo de volume de sólidos geométri-
cilindros e cones, incluindo o princípio de altura e mesma área da base. Comparar o volume interno cos.
Cavalieri, para a obtenção das fórmulas de de modelos de cones com o de cilindros de mesma base
cálculo da medida do volume dessas figu- e mesma altura. Elaborar expressões algébricas que indi-
ras. quem o volume de alguns sólidos geométricos (prismas,
pirâmides, cilindros, cones) a partir da fórmula do volume
de um paralelepípedo. Calcular o volume de poliedros e
corpos redondos em situações concretas.
(EM2MAT505 – PI35) Resolver problemas MATEMÁTICA Reconhecer, em polígonos regulares, a medida de cada Polígonos regulares e suas característi-
sobre ladrilhamento do plano, com ou sem ângulo interno a partir da soma de seus ângulos internos. cas: ângulos internos, ângulos externos
apoio de aplicativos de geometria dinâmi- Mostrar que o ângulo ao redor de um único vértice de um etc.
ca, para conjecturar a respeito dos tipos ou polígono regular pode ser 360° a partir da combinação de Pavimentações no plano (usando o mes-
composição de polígonos que podem ser polígonos regulares do mesmo tipo, com ou sem auxílio mo tipo de polígono ou não).

Currículo do Piauí 2021


utilizados em ladrilhamento, generalizando de software. Propor fórmulas para o cálculo da área de po- Linguagem algébrica: fórmulas e habilida-
padrões observados. lígonos obtidos por ladrilhamento. Resolver situações pro- de de generalização.

223
blema que envolvam o ladrilhamento de região do plano.
224
(EM2MAT511 – PI36) MATEMÁTICA Identificar entre duas situações distintas (enumerável e Probabilidade.
Reconhecer a existência de diferentes tipos não enumerável) aquela que se refere ao espaço amos- Espaços amostrais discretos ou contí-
de espaços amostrais, discretos ou não, e tral discreto. Reconhecer entre dois eventos diferentes nuos.
de eventos, equiprováveis ou não, e inves- (equiprovável e não equiprovável) aquele que sempre Eventos equiprováveis ou não equipro-
tigar implicações no cálculo de probabilida- produz a mesma probabilidade de ocorrer. Descrever váveis.
des. entre duas situações distintas (evento equiprovável com
espaço amostral discreto e não equiprovável e/ou espaço
amostral contínuo) aquela em que é possível calcular a
probabilidade de ocorrer.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


3a SÉRIE CARGA HORÁRIA ANUAL DO COMPONENTE

TEMA GERAL
80 horas/ano – 2 aulas/semana
Matemática Computacional; Geometria; Probabilidade e Estatística.
(CE02) Articular conhecimentos matemáticos ao propor e/ou participar de ações para investigar desafios do mundo contemporâneo e tomar decisões éticas e
socialmente responsáveis, com base na análise de problemas de urgência social, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações da
tecnologia no mundo do trabalho, entre outros, recorrendo a conceitos, procedimentos e linguagens próprios da Matemática.

Competências Gerais: 7 – Argumentação e 10 – Responsabilidade e Cidadania;

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM3MAT202 – PI37) Planejar e executar MATEMÁTICA Descrever as etapas de uma pesquisa estatística. Rea- Conceitos simples de Estatística Descri-
pesquisa amostral sobre questões relevan- lizar pesquisa estatística (censitária ou não). Determinar tiva.
tes, usando dados coletados diretamente medidas de tendência central (média, moda e mediana) e
ou em diferentes fontes, e comunicar os medidas de dispersão (amplitude, desvio padrão ou coe- Medidas de tendência central (média,
resultados por meio de relatório contendo ficiente de variação) de uma série de dados.Interpretar moda e mediana).
gráficos e interpretação das medidas de medidas de dispersão (amplitude, desvio padrão ou coefi- Medidas de dispersão (amplitude, desvio
tendência central e das medidas de disper- ciente de variação) em um determinado contexto. Comu- padrão e coeficiente de variância).
são (amplitude e desvio padrão), utilizando nicar os resultados de uma pesquisa estatística utilizando
ou não recursos tecnológicos. o gráfico estatístico mais adequado para aquela situação Gráficos estatísticos (histogramas e polí-
(histograma de frequência absoluta/acumulada, polígono gonos de frequência).
de frequência simples/acumulada etc.).
(EM3MAT203 – PI38) Aplicar conceitos ma- MATEMÁTICA Predizer com base no cálculo de juros simples ou com- Cálculos envolvendo porcentagens.
temáticos no planejamento, na execução e postos o valor final obtido num determinado investimen-
na análise de ações envolvendo a utilização to com taxa fixa após um determinado período. Calcular Conceitos de matemática financeira (ju-
de aplicativos e a criação de planilhas (para a taxa de juros final que representa um aumento salarial ros simples, compostos, taxas de juros
o controle de orçamento familiar, simulado- após sucessivos acréscimos percentuais (constantes ou etc.).
res de cálculos de juros simples e compos- variáveis). Usar simuladores de crédito on– line ou apli-
tos, entre outros), para tomar decisões. cativos para obter o valor das parcelas no financiamen- Alguns sistemas de amortização e no-
to de um determinado valor no sistema de capitalização ções de fluxo de caixa.
composto. Diferenciar, a partir da leitura de panfletos e
peças publicitárias, a taxa de juros efetiva envolvida no
parcelamento de um determinado bem de consumo. Ela-
borar uma planilha de orçamento, com ou sem utilização
de software, mostrando receitas e despesas de uma re-
sidência, categorizando os gastos de acordo com sua na-
tureza. Decidir, entre dois sistemas de amortização, qual
é o mais adequado para a aquisição de um bem de con-
sumo de acordo com as receitas mensais de uma família.
(CE03) Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos, em seus campos – Aritmética, Álgebra, Grandezas e Medidas, Geometria, Probabilidade e
Estatística –, para interpretar, construir modelos e resolver problemas em diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das solu-
ções propostas, de modo a construir argumentação consistente.

Competências Gerais: 2. Pensamento Científico, Crítico e Criativo e 4. Comunicação.

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM3MAT312 – PI39) Resolver e elaborar MATEMÁTICA Reconhecer eventos independentes em situações que Eventos dependentes e independentes.
problemas que envolvem o cálculo de pro- envolvem eventos equiprováveis consecutivos (lança-
babilidade de eventos em experimentos mento sucessivo de duas moedas ou de dois dados). Cálculo de probabilidade de eventos rela-
aleatórios sucessivos. Determinar a probabilidade de dois eventos independen- tivos a experimentos aleatórios sucessi-
tes e consecutivos ocorrerem, com o auxílio do princí- vos.
pio multiplicativo. Calcular a probabilidade de ocorrer o
sorteio de um bilhete em situações envolvendo loterias
com alguns condicionantes, como marcar seis números,
sete números, oito números etc., conhecendo a probabi-
lidade de algum condicionante, como sair um resultado
par dado que já saiu um resultado par anterior. Elaborar
problemas envolvendo situações aleatórias e o cálculo de

Currículo do Piauí 2021


probabilidade.

225
(CE04) Compreender e utilizar, com flexibilidade e fluidez, diferentes registros de representação matemáticos (algébrico, geométrico, estatístico, computacional,

226
etc.), na busca de solução e comunicação de resultados de problemas, de modo a favorecer a construção e o desenvolvimento do raciocínio matemático.

Competências Gerais: 4. Comunicação e 5. Cultura Digital

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM3MAT405 – PI40) Utilizar MATEMÁTICA Descrever, por meio de um texto, as etapas necessárias Noções elementares de matemática com-
conceitos iniciais de uma linguagem de pro- para efetuar um procedimento matemático, como a se- putacional: sequências, laços de repeti-
gramação na implementação de algoritmos quência de etapas em operação matemática elementar, ou ção, variável e condicionais. Algoritmos:
escritos em linguagem corrente e/ou mate- para explicar como obter uma medida de tendência central modelagem de problemas e de soluções.
mática. de uma série de dados discretos etc. Usar alguns conec- Linguagem da programação: fluxogramas.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


tivos lógicos (e, ou, se então) para expressar a relação (Estatística)
entre duas proposições e sua conclusão. Executar, com
auxílio de um software de programação elementar, uma
rotina, por exemplo, o traçado do itinerário entre duas posi-
ções em um mapa ou planta. Determinar um procedimen-
to algorítmico capaz de resolver uma classe de problemas.
(EM3MAT406 – PI41) Construir e interpre- MATEMÁTICA Localizar informações em textos na forma de tabelas ou Amostragem.
tar tabelas e gráficos de frequências com gráficos estatísticos. Identificar as variáveis relacionadas
base em dados obtidos em pesquisas por ao cálculo de um determinado índice, taxa ou coeficiente. Gráficos e diagramas estatísticos: histo-
amostras estatísticas, incluindo ou não o Comparar diferentes índices, taxa e coeficientes relativos gramas, polígonos de frequência.
uso de softwares que inter– relacionem es- a um determinado contexto. Elaborar conclusão baseada
tatística, geometria e álgebra. em índices, taxas e coeficientes em determinado contex- Medidas de tendência central e medidas
to. Converter uma tabela em um gráfico estatístico. de dispersão.
(EM3MAT407 – PI42) MATEMÁTICA Escolher, entre diferentes tipos de gráficos estatísticos, Gráficos e diagramas estatísticos: histo-
Interpretar e comparar conjuntos de dados aquele mais adequado para representar uma característica gramas, polígonos de frequências, diagra-
estatísticos por meio de diferentes diagra- desejada do conjunto de dados, por exemplo, entre as notas ma de caixa, ramos e folhas etc,
mas e gráficos (histograma, de caixa (bo- dos estudantes de uma sala de aula (nota mais frequente, Medidas de tendência central e medidas
x-plot), de ramos e folhas, entre outros), variação das notas, comparação entre notas de diferentes de dispersão.
reconhecendo os mais eficientes para sua grupos etc.). Relatar as principais vantagens/desvantagens
análise. do uso de tabletes e gráficos estatísticos obtidos de repor-
tagens e/ou sites de referências que mostrem ações para
uma vida mais saudável (alimentação adequada, prática
esportiva, cuidados com a mente etc.). Explicar a escolha
a ser feita entre dois ou mais gráficos estatísticos que re-
presentam o mesmo fenômeno, as principais vantagens
que representam em relação a uma característica deseja-
da, como variação dos dados, comparação entre grupos
distintos, ênfase num determinado conjunto de valores,
distribuição dos dados em relação ao conjunto etc. Elabo-
rar gráficos estatísticos de tipos diferentes, evidenciando
características distintas de uma mesma situação.
(CE05) Investigar e estabelecer conjecturas a respeito de diferentes conceitos e propriedades matemáticas, empregando recursos e estratégias como observação
de padrões, experimentações e tecnologias digitais, identificando a necessidade, ou não, de uma demonstração cada vez mais formal na validação das referidas
conjecturas.

Competências Gerais: 2. Pensamento Científico, Crítico e Criativoa; 4. Comunicação; 5. Cultura Digital e 7. Argumentação

HABILIDADES COMPONENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


(EM3MAT509 – PI43) MATEMÁTICA Relatar o que ocorre com a soma dos ângulos internos de Transformações geométricas (isometrias
Investigar a deformação de ângulos e áreas um triângulo desenhado sobre uma esfera. Exemplificar, e homotetias). Posição de figuras geo-
provocada pelas diferentes projeções usa- usando materiais concretos (cartolina, papel cartão, fo- métricas (tangente, secante, externa).
das em cartografia lhas de papel etc.), o que ocorre com a área de uma figura Inscrição e circunscrição de sólidos geo-
(como a cilíndrica e a cônica), com ou sem geométrica quando a sobrepomos na superfície de um métricos. Noções básicas de cartografia
suporte de tecnologia digital. cilindro. Usar sistema de projeção luminoso (retroproje- (projeção cilíndrica e cônica).
tor, lâmpadas, data show etc.) para projetar sobre malhas
quadriculadas um polígono qualquer. Descobrir o que
ocorre com o perímetro de um polígono regular quando é
projetado sobre um cone. Justificar como a área de uma
figura geométrica se modifica de acordo com o tipo de
projeção utilizada (cilíndrica, cônica etc.).

Currículo do Piauí 2021


227
Referências

BARALDI, I. M. Matemática na escola: que MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução No 3, de


ciência é esta? Bauru: EDUSC, 1999. 21 de novembro de 2018. Atualiza as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
BRASIL, Secretária de Educação Fundamental. 2018
Parâmetros Curriculares Nacionais: introdu-
ção. 3 ed. Brasília: MEC, vol 1, 1997. OCDE. About Pisa. Disponível em: http://www.
oecd.org/pisa/aboutpisa/. Acesso em: 26 de fe-
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional vereiro de 2015.
Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
PESSOA, Nemone S; SILVA, Jovina. Resultado
BOUSSEAU, G. Lês obstacles epistémologi- do PISA no Piauí: O que muda na gestão
ques et lês problémes d’enseignment. Re- educacional? . Artigo publicado na revista Fi-
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CHARNAY, R. Aprendendo (com) a resolução de da experiência. Da qualidade de ensino à apren-
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CNI. Série: Propostas da Indústria para as Eleições SANTALÓ, L A. Matemática para não-matemá-
2018, composta por 43 documentos. Baseada ticos. In: PARRA, Cecília; SAIZ, Irma (org).
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Disponível em: http://www.cni.com.br/elei- pedagógicas. Porto Alegre: Editora Artmed,
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INSTITUTO REUNA. BNCC comentada para o SANTOS, M. A. A. Educação Matemática na


Ensino Médio. Disponível em: https://institu- Alfabetização de Jovens e Adultos: forma-
toreuna.org.br/projeto/base-comentada-para- ção de alfabetizadores. Universidade Católica
-o-ensino-medio/.Acesso em: 20 de janeiro de de Brasília, disponível em: Acesso em: 02 dez.
2020. 2014.

228 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Currículo do Ensino Médio –
Área de Ciências da Natureza
e suas Tecnologias
1 Parte Comum do Currículo Alinhado à
BNCC e a DCN do Ensino Médio

A área de Ciências da Natureza está relaciona- ideia evoluiu de algo que era absoluto (imutá-
da com a descoberta de fatos e a busca por vel) para ser relativo.
leis para explicar os fenômenos e enriquecer,
de maneira ordenada e inteligente, os conheci- Os avanços tecnológicos que causaram e que
mentos do ser humano a respeito da natureza. também foram consequências de mudanças
O estudo dessa área deve oferecer suporte sociais e culturais estão intrinsecamente re-
para que o estudante possa conhecer o mun- lacionados ao desenvolvimento do conheci-
do que o cerca, esclarecer suas dúvidas sobre mento científico. A crescente valorização das
o ambiente em que vive, sendo capaz de mo- Ciências da Natureza e Tecnologias é resul-
dificá-lo com ética, sempre visando o bem-es- tado de um olhar mais significativo sobre as
tar social, o respeito ao próximo, a valorização mesmas. Isso se deu principalmente, após a
da sustentabilidade e preservação ambiental Segunda Guerra Mundial, quando foi possível
(BRASIL, 2018). observar o quanto a ciência é relevante para o
desenvolvimento socioeconômico de uma na-
O reconhecimento da presença intrínseca das ção (SILVEIRA e BAZZO, 2009).
Ciências da Natureza na vida cotidiana ressalta
mais ainda a sua importância. Desde a antigui- A expressão “Ciência, Tecnologia e Socieda-
dade, a humanidade já se questionava sobre a de” é aplicada sob uma perspectiva de asso-
natureza, quando, por exemplo, observava o ciação com a percepção pública da atividade
céu e fazia anotações sobre o movimento das tecno-científica, com o debate entre ensino
estrelas, nesse contexto nasciam as Ciências em ciência e tecnologia, com pesquisas, com
da Natureza. Com o avanço das observações a sustentabilidade, com as questões ambien-
científicas, o caráter mais filosófico do seu tais, com a responsabilidade social, com a
surgimento foi extrapolado e pôde-se consta- construção de uma consciência social sobre a
tar que essa área do conhecimento está em produção e o fluxo de saberes e com a cida-
constante mudança, graças aos estudos cien- dania. O ensino de ciências abrange o conhe-
tíficos realizados com o auxílio das novas tec- cimento científico e tecnológico, e a formação
nologias. cidadã, que visa desenvolver competências e
habilidades técnico-científico-sociais entre os
O conhecimento científico está em contínua estudantes, abarcando valores éticos (CRE-
transformação. Por exemplo, até recentemen- MASCO; PEREIRA; LUCAS, 2017).
te, acreditava-se que as menores partes da
matéria, eram os prótons e elétrons, hoje se A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
sabe que os prótons e nêutrons são constituí- cional (LDB) de 1996 destaca a importância de
dos, ainda, por partículas mais elementares conduzir o aluno a interagir com a ciência e a
chamadas de quarks (MOREIRA, 2007). As- tecnologia, oportunizando um conhecimento
sim, a Ciência é uma construção que se trans- dentro de seu cotidiano sociocultural. O alu-
forma com o passar do tempo, cuja própria no tem direito a um saber científico, que lhe

Currículo do Piauí 2021 231


oportunize opinar, problematizar, agir, interagir, sultante dos fatores infundidos pela sociedade
e entender que o conhecimento adquirido não cultural, política, econômica, ambiental e que
é definitivo e absoluto, mas que está em cons- se manifestam na relação do ser humano. Des-
trução (BRASIL, 1996). De acordo com o Art. sa forma, o estudante torna-se o protagonista
2o da LDB (1996) a educação no Brasil deve de sua aprendizagem, ou seja, assume ativa-
romper com os pressupostos que não permi- mente sua responsabilidade enquanto cidadão
tem tornar efetivos os avanços educacionais pensante e questionador, sendo o responsável
em matéria de teorias, metodologias e inova- pela obtenção e garantia de seus direitos de
ções no ensino (BRASIL, 1996). aprendizagens, precisando para isso, conhecer
o que lhe é de direito enquanto aprendizagem
De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018), o da área de Ciências da Natureza (RABIN & BA-
aprendizado das Ciências da Natureza envolve CICH, 2018).
a mobilização de conceitos para identificar pro-
blemas a partir da análise de situações reais Segundo a BNCC, o Ensino da área de Ciên-
e avaliar ou propor soluções, considerando as cias da Natureza deve ir na direção da educa-
peculiaridades de cada contexto. Isso possibi- ção integral:
litará discutir o papel do conhecimento cientí-
fico e tecnológico na organização social, nas No Ensino Médio, a área deve, portanto, se
questões ambientais, na saúde humana e na comprometer, assim como as demais, com a
formação cultural, analisando as relações en- formação dos jovens para o enfrentamento dos
tre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. desafios da contemporaneidade, na direção da
Sendo assim, deve-se valorizar a aplicação dos educação integral e da formação cidadã. Os es-
conhecimentos na vida dos estudantes, favo- tudantes, com maior vivência e maturidade, têm
recendo seu protagonismo no enfrentamento condições para aprofundar o exercício do pen-
de questões cotidianas (BRASIL, 2018). samento crítico, realizar novas leituras do mun-
do, com base em modelos abstratos, e tomar
O processo de ensino e aprendizagem das decisões responsáveis, éticas e consistentes na
Ciências da Natureza deve se propor a favore- identificação e solução de situações-problema
cer o desenvolvimento de posturas críticas e (BRASIL, 2018, p. 537).
éticas em relação a mudanças de pensamen-
tos políticos e socioambientais, para que ele Nesta perspectiva, entende-se que o Ensino
possa refletir, sentir e agir a favor da vida, de Médio não pode mais oferecer um currículo
modo a valorizar o ambiente que o cerca, le- em que a ciências não dialogue com todos os
vando-o a tomar as decisões mais acertadas componentes curriculares, principalmente, por
para com os semelhantes e com a natureza. se adotar uma perspectiva de ensino que per-
O estudante tem o direito de entender o de- mita uma integração entre todas as áreas do
senvolvimento científico-tecnológico, como re- conhecimento.

232 Novo Ensino Médio – Caderno 1


2 Interface com o Ensino Fundamental

O desenvolvimento da ciência e da tecnologia vem ser desenvolvidas em todas as áreas do


tem provocado diversas transformações na conhecimento e as competências específicas
sociedade contemporânea, que se refletem de cada área do conhecimento. Vale ainda des-
na economia, na política e no social. No en- tacar, que as competências gerais interrelacio-
tanto, é necessário compreender como essas nam-se e desdobram-se na aplicação didática
transformações ocorreram no contexto social, nas três etapas da Educação Básica (Educação
político, econômico e cultural. Assim, surge Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio),
o movimento CTS (Ciência, Tecnologia e So- propondo também que o Ensino Médio amplie
ciedade) que propõe motivar os estudantes e sistematize as aprendizagens essenciais de-
a buscarem conhecimentos relevantes sobre senvolvidas até o nono ano do Ensino Funda-
Ciência e Tecnologia de forma crítica e refle- mental (BRASIL, 2018).
xiva, observando os valores sociais, culturais
e de construção de todo esse processo, dan- No Ensino Fundamental, a área de Ciências da
do relevantes contribuições para a Educação, Natureza traz as aprendizagens essenciais or-
e que vem ganhando cada vez mais adesão ganizadas em três unidades temáticas que se
na área educacional (OLIVEIRA, 2019). Esse repetem em todo o Ensino Fundamental que
movimento tem sido base para construir cur- são: Matéria e Energia, Vida e Evolução, Terra
rículos em vários países, especialmente os de e Universo. Na Unidade Matéria e Energia são
Ciências da Natureza, dando prioridade a uma contemplados o estudo de materiais e suas
alfabetização em Ciência e Tecnologia integra- transformações, fontes e tipos de energia uti-
da com o contexto social (PINHEIRO, SILVEI- lizados na vida em geral, objetivando construir
RA, BAZZO, 2007). conhecimento sobre a natureza da matéria e os
diferentes usos da energia, ampliando nos anos
O movimento CTS representa uma inovação finais a relação dos jovens com o ambiente.
educacional em sintonia com os padrões de
qualidade internacional da educação, promo- Por sua vez, nos anos finais, a ampliação da
vendo no Ensino de Ciências da Natureza, a al- relação dos jovens com o ambiente possibilita
fabetização científica e Tecnológica para todos que se estenda a exploração dos fenômenos
os cidadãos (OLIVEIRA, 2019). Pode-se ainda relacionados aos materiais e à energia ao âm-
observar que a BNCC (BRASIL, 2018), incor- bito do sistema produtivo e ao seu impacto na
pora a educação CTS tanto no Ensino Fun- qualidade ambiental. Assim, o aprofundamento
damental quanto no Ensino Médio, trazendo da temática desta unidade, que envolve inclusi-
assim, aspectos fundamentais para a educa- ve a construção de modelos explicativos, deve
ção da sociedade moderna, que cada vez mais possibilitar aos estudantes fundamentar-se no
utiliza a tecnologia no seu dia a dia. Além dis- conhecimento científico para, por exemplo, ava-
so, traz também o ensino por competências e liar vantagens e desvantagens da produção de
habilidades a serem desenvolvidas pelos estu- produtos sintéticos a partir de recursos naturais,
dantes, como as competências gerais que de- da produção e do uso de determinados combus-

Currículo do Piauí 2021 233


tíveis, bem como da produção, da transformação competências específicas e nas habilidades,
e da propagação de diferentes tipos de energia e incluindo aquelas que permitem a aplicação
do funcionamento de artefatos e equipamentos de modelos com maior nível de abstração e
que possibilitam novas formas de interação com que buscam explicar, analisar e prever os efei-
o ambiente, estimulando tanto a reflexão para tos das interações e relações entre matéria e
hábitos mais sustentáveis no uso dos recursos energia. Já na unidade temática Vida, Terra e
naturais e científico-tecnológicos quanto a pro- Cosmos, resultado da articulação das unida-
dução de novas tecnologias e o desenvolvimen- des temáticas Vida e Evolução e Terra e Uni-
to de ações coletivas de aproveitamento respon- verso desenvolvidas no Ensino Fundamental,
sável dos recursos (BRASIL, 2018, p. 326). os alunos poderão compreender a construção
histórica das teorias da origem do universo re-
A unidade temática Vida e evolução apresenta lacionando a magnitude e a relatividade da di-
o estudo sobre os seres vivos (incluindo os se- mensão temporal da formação do planeta Terra
res humanos), suas características e necessi- com a origem da vida, além disso, propõe-se
dades, a vida como fenômeno natural e social, que os estudantes analisem a complexidade
os elementos essenciais à sua manutenção e dos processos relativos à origem e evolução
à compreensão dos processos evolutivos. Es- da Vida (em particular dos seres humanos), do
tudam-se também os ecossistemas, destacan- planeta, das estrelas e do Cosmos, bem como
do-se as interações entre os seres vivos e o a dinâmica das suas interações, a diversidade
ambiente. Abordam-se também a importância dos seres vivos e sua relação com o ambiente
da preservação da biodiversidade e como ela se e a intensidade da gravidade, ou o nível de inte-
distribui nos principais ecossistemas brasileiros. ração das partículas que compõem os átomos.

E, na unidade temática Terra e Universo busca- Assim, o Ensino Médio deve ampliar as aprendi-
-se a compreensão de características da Terra, zagens desenvolvidas no Ensino Fundamental:
do Sol, da Lua e de outros corpos celestes,
como, suas dimensões, composição, localiza- A BNCC da área de Ciências da Natureza e
ções, movimentos e forças que atuam entre suas Tecnologias – integrada por Biologia, Físi-
eles. Onde, estas três unidades temáticas de- ca e Química – propõe ampliar e sistematizar
vem ser consideradas objetivando a continui- as aprendizagens essenciais desenvolvidas até
dades das aprendizagens e a integração de o 9o ano do Ensino Fundamental. Isso significa,
seus objetos do conhecimento ao longo dos em primeiro lugar, focalizar a interpretação de
anos (BRASIL, 2018). fenômenos naturais e processos tecnológicos
de modo a possibilitar aos estudantes a apro-
A BNCC do Ensino Médio (BRASIL, 2018) pro- priação de conceitos, procedimentos e teorias
põe para o Ensino de Ciências da Natureza, dos diversos campos das Ciências da Natureza.
um aprofundamento conceitual nas temáticas Significa, ainda, criar condições para que eles
Matéria e Energia, Vida e Evolução, e Terra e possam explorar os diferentes modos de pensar
Universo, que são consideradas essenciais, e de falar da cultura científica, situando-a como
para que competências cognitivas, comunicati- uma das formas de organização do conhecimen-
vas, pessoais e sociais possam continuar a ser to produzido em diferentes contextos históricos
desenvolvidas e mobilizadas na resolução de e sociais, possibilitando-lhes apropriar-se dessas
problemas e tomada de decisões. Traz ainda linguagens específicas (BRASIL, 2018, p. 537).
duas unidades temáticas que são: Matéria e
Energia e Vida, Terra e Cosmos. No Ensino Médio, os estudantes também de-
vem ampliar as habilidades investigativas
A unidade temática Matéria e Energia di- desenvolvidas no Ensino Fundamental, apoian-
versifica situações-problemas, referidas nas do-se em análises quantitativas, na avaliação

234 Novo Ensino Médio – Caderno 1


e na comparação de modelos explicativos. tecnológico, impõe enormes desafios ao en-
Além disso, espera-se que eles aprendam a sino, em particular, ao Ensino Médio. Volta-se
estruturar linguagens argumentativas que lhes assim às necessidades de formação geral, in-
permitam comunicar, para diversos públicos, dispensáveis ao exercício da cidadania e à in-
em contextos variados e utilizando diferentes serção no mundo do trabalho, e responder à
mídias e tecnologias digitais de informação e diversidade de expectativas dos jovens quanto
comunicação, conhecimentos produzidos e à sua formação. A escola atual que acolhe nos-
propostas de intervenção pautadas em evidên- sos jovens, têm de estar comprometida com
cias, conhecimentos científicos e princípios a educação integral dos estudantes e com a
éticos e responsáveis (BRASIL, 2018). estruturação de seu projeto de vida.

Além disso, na BNCC (2018) e nos Parâmetros Para guiar essa atuação, torna-se indispensá-
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), a área vel reavaliar as finalidades do Ensino Médio,
de Ciências da Natureza no Ensino Fundamen- estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da
tal trabalha com princípios sustentáveis a partir Educação (LDB/96, Art. 35):
do entendimento da vida em diferentes níveis.
Sendo, a ciência que colabora para a com- Garantir a consolidação e o aprofundamen-
preensão do mundo e suas transformações, to dos conhecimentos adquiridos no Ensino
para reconhecer o homem como parte do uni- Fundamental é essencial nessa etapa final da
verso e como indivíduo. Desta forma, o currí- Educação Básica”. Além do mais, possibilitar o
culo é estruturado com base no pensamento prosseguimento dos estudos a todos aqueles
pedagógico dos professores que compõem que assim o desejarem, o Ensino Médio deve
os componentes curriculares de Ciências da atender às necessidades de formação geral in-
Natureza, posicionando-se na perspectiva de dispensáveis (BRASIL, 2018, p. 467).
uma construção coletiva, considerando a di-
versidade do ser humano e do seu campo de A progressão das aprendizagens essenciais do
atuação enquanto referência para o pleno exer- Ensino Fundamental para o Ensino Médio, e o
cício da cidadania. conjunto das competências específicas e habi-
lidades definidas para o Ensino Médio. Concor-
Nesse contexto, a área de Ciências da Natu- re para o desenvolvimento das competências
reza irá aprofundar os conhecimentos adqui- gerais da Educação Básica e está articulado às
ridos no Ensino Fundamental desenvolvendo aprendizagens essenciais estabelecidas para o
conceitos em ciências de forma ética e com Ensino Fundamental, com o objetivo de con-
pensamento crítico. Dessa forma, emerge solidar, aprofundar e ampliar a formação inte-
para a iminente necessidade de construção de gral, atendendo às finalidades dessa etapa e
uma escola comprometida com a cidadania e contribuindo para que os estudantes possam
com a diversidade, que busca prover o sistema construir e realizar seu projeto de vida, em con-
educativo de instrumentos necessários para sonância com os princípios da justiça, da ética
que crianças, adolescentes, jovens, adultos e e da cidadania.
idosos possam desenvolver-se plenamente,
recebendo uma formação de qualidade corres- A BNCC relata essa relação entre a área de
pondente a sua idade e nível de aprendizagem, Ciências da Natureza, o Ensino Fundamental e
respeitando suas diferentes condições sociais, o Ensino Médio:
culturais, emocionais, físicas e étnicas.
A área de Ciências da Natureza, no Ensino Fun-
A dinâmica social contemporânea mun- damental, propõe aos estudantes investigar ca-
dial, marcada fortemente pelas rápidas trans- racterísticas, fenômenos e processos relativos
formações resultantes do desenvolvimento ao mundo natural e tecnológico, explorar e com-

Currículo do Piauí 2021 235


preender alguns de seus conceitos fundamen- sário que os componentes das Ciências da
tais e suas estruturas explicativas, além de valo- Natureza sejam integrados de forma a não se-
rizar e promover os cuidados pessoais e com o rem desenvolvidos de forma isolada. E para
outro, o compromisso com a sustentabilidade e que esta integração de fato ocorra é neces-
o exercício da cidadania. sário estimular a articulação e aplicação de
saberes, por meio de práticas pedagógicas
No Ensino Médio, a área de Ciências da Natu- que tenham como foco temas integradores.
reza e suas Tecnologias oportuniza o aprofun- Como, questões relacionadas ao exercício da
damento e a ampliação dos conhecimentos ex- cidadania que se articulam entre si e estimu-
plorados na etapa anterior. Trata a investigação lam o protagonismo e a construção do proje-
como forma de engajamento dos estudantes na to de vida dos estudantes, além de, dialogar
aprendizagem de processos, práticas e procedi- com as habilidades de todos os componentes
mentos científicos e tecnológicos, e promove o curriculares nas diferentes etapas da Educa-
domínio de linguagens específicas, o que per- ção Básica. A definição dos temas integrado-
mite aos estudantes analisar fenômenos e pro- res priorizados pelo Currículo Piauiense leva
cessos, utilizando modelos e fazendo previsões. em consideração as diversidades regionais,
Dessa maneira, possibilita aos estudantes am- culturais e políticas existentes no estado do
pliar sua compreensão sobre a vida, o nosso pla- Piauí, no Brasil e no mundo, o texto consti-
neta e o universo, bem como sua capacidade de tucional e os princípios que orientam a edu-
refletir, argumentar, propor soluções e enfrentar cação (SILVA, 2019). Os temas Integradores
desafios pessoais e coletivos, locais e globais Contemporâneos Transversais (TCTs) estão
(BRASIL, 2018). dispostos na BNCC no sentido de atender
às novas demandas sociais e garantir que o
Além de tornar o processo de aprendizagem estudante seja o protagonista de sua própria
contínuo entre as etapas, também é neces- história.

236 Novo Ensino Médio – Caderno 1


3 A Área de Ciências da Natureza e a
Integração entre os Componentes

A integração entre os componentes curricu- a aprendizagem significativa do conhecimento


lares da área de Ciências da Natureza e suas histórico, o qual é acumulado na mente, para
Tecnologias, no Ensino Médio, permite que os que se possa ter uma concepção de Ciência e
estudantes possam construir e utilizar conhe- suas relações com a Tecnologia e com a Socie-
cimentos específicos da área para argumentar, dade. Os campos do conhecimento científico
propor soluções e enfrentar desafios locais e/ – Astronomia, Biologia, Física, Geociências e
ou globais, relativos às condições de vida e ao Química – irão contemplar de forma multidis-
ambiente. Comprometendo-se, assim como ciplinar a área de Ciências da Natureza, bus-
as demais áreas, com a formação dos jovens cando mudar a realidade das teorias vigentes,
para o enfrentamento dos desafios da contem- que se apresentam como conjuntos de propo-
poraneidade, na direção da educação integral sições e metodologias altamente estruturadas
e da formação cidadã, dando condições aos e formalizadas, muito distantes do estudante
estudantes para aprofundar o exercício do pen- em formação (PCN, 1998, p. 27).
samento crítico, realizar novas leituras do mun-
do, com base em modelos abstratos, e tomar Na perspectiva de ensino por competências
decisões responsáveis, éticas e consistentes e habilidades, como é proposto pela BNCC,
na identificação e solução de situações-proble- destacam-se indagações do tipo: o que são
mas (BRASIL, 2018). competências? e como aplicar estes novos
conceitos de educação em sala de aula? De
A Área de Ciências da Natureza e suas Tec- acordo com Antunes (2001), competências
nologias traz um olhar articulado de seus são capacidades para resolver problemas ou
componentes, para que as competências e ha- para criar produtos que sejam considerados de
bilidades se desenvolvam de forma conjunta, valor em um meio social, são capacidades de
o que exige que o planejamento seja por área, compreender, de se adaptar e contextualizar.
indissociavelmente, e não por componente. No âmbito escolar, competência é a capacida-
Nesse contexto, é apresentado o Currículo de de mobilizar recursos, conhecimentos ou
Referência da área de Ciências da Natureza saberes vivenciados diante de situações com-
e suas Tecnologias, instrumento norteador plexas (PERRENOUD, 2002).
das estratégias de ensino, sistematização dos
conteúdos e avaliação, proporcionando uma De acordo com a BNCC, as competências são
educação com uma abordagem crítica, carac- resultado da mobilização de conhecimentos,
terizando o conhecimento científico como cul- habilidades, valores e atitudes. Desta forma,
tural e relevante para a vida, proporcionando para se trabalhar por meio das competências
aos estudantes uma melhor compreensão e e habilidades não significa que se deve deixar
atuação no mundo contemporâneo. de ensinar conteúdos, mas sim deve-se, para
além disso, utilizar informações, atribuindo-lhes
Outro fator importante, para o ensino de Ciên- um significado, fazendo uma contextualização
cias da Natureza é que este possa favorecer com a vida e o espaço em que o estudante

Currículo do Piauí 2021 237


se insere. Neste sentido, o professor deve pro- questionem e procurem conhecer sobre como
curar temas que se refletem no cotidiano dos produzir uma aprendizagem significativa e
alunos, para desta forma formular situações- como construir o conhecimento (PINTO et al.,
-problema. Assim, os alunos serão desafiados 2012). Para isto, é necessário que o professor,
e motivados a pesquisarem estas situações, a durante a prática de ensino, insira diferentes
descobri-las e a apresentá-las (BRASIL, 2018). metodologias, dando oportunidade aos alu-
nos de externar seus conhecimentos prévios
Além disso, segundo Lima et al., (2019), o En- (CARLOS & BAHL, 2016).
sino das Ciências da Natureza tem o compro-
misso com o desenvolvimento do letramento Nesse âmbito, as metodologias ativas consti-
científico, onde se entende que o estudante tuem-se formas de desenvolver o processo de
deve possuir a capacidade de realizar uma leitu- aprender, colocando o aluno como sujeito ativo
ra do mundo, compreender e construir saberes do seu processo de ensino e aprendizagem,
e valores, e que possa atuar como um sujeito utilizando experiências reais ou simuladas, com
crítico capaz de identificar as múltiplas aplica- o intuito de estimular condições para solucionar
ções da ciência e da tecnologia no cotidiano. desafios advindos das atividades essenciais da
prática social, em diferentes contextos, am-
Nesse contexto, o montante de informação pliando possibilidades de exercitar a liberdade
disponível, permite aos professores encontrar e a autonomia na tomada de decisões em dife-
uma maneira para que o aluno possa sair da rentes momentos, preparando-se para o exercí-
passividade e desenvolver competências, se cio profissional futuro (BERBEL, 2011).

238 Novo Ensino Médio – Caderno 1


4 Apresentação dos Componentes
Curriculares

4.1 Apresentação do componente preensão de que há relações complexas entre


Biologia a produção científica e os contextos sociais,
econômicos e políticos.
Os componentes curriculares da área de Ciên-
cias da Natureza são: Biologia, Física e Quí- Uma narrativa do Ensino de Biologia no Brasil,
mica que são trabalhados ao longo de todo o preconizou-se por meio do contexto filosófico
Ensino Médio. Eles devem conversar entre si, europeu do século XVIII motivados pelas ideias
para promover uma maior integração, interdis- revolucionárias reunindo estudos e teorias que
ciplinaridade e transdisciplinaridade. Juntos, mostram o distanciamento dos preceitos teo-
constituem um campo rico e diversificado de cêntrico e uma aproximação as concepções
conhecimentos. Ao longo dos anos, compreen- humanísticas e explicação dos fenômenos
de-se as interfaces das diferentes áreas inse- naturais. Nesta perspectiva, valorizava-se os
ridas dentro da Biologia como a absorção de estudos da mente enquanto sistema biológico,
conceitos elaborados e a influência de fatores os estudos do corpo humano e da consciência
externos (entre eles, econômico, político, cul- indivíduo nos aspectos físicos e biológicos.
tural e social) no desenvolvimento da ciência.
Instituiu-se nas escolas um modelo de ensino
A Biologia tem como base central o estudo de Ciências Naturais que contemplava os mé-
da vida em todas suas manifestações, sendo todos de análise, observação e dedução mes-
responsável por uma imensa quantidade de mo que ainda em fase experimental. Ainda
conhecimentos. A variedade de seres vivos e assim, o ensino de ciências, mais precisamen-
suas relações com o meio natural formam uma te o eixo da Biologia, era considerado inovador
complexa rede de saberes que são difíceis de e desafiador para a escola.
serem assimilados e compreendidos se não
forem articuladas e contextualizadas devido a É objeto de estudo da “Biologia” o fenôme-
gama de informações e a diversidade biológica. no vida em toda sua diversidade de manifes-
tações, desde a composição, funcionamento,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o níveis de organização, bem como a interação
Ensino Médio (BRASIL, 1999) nos permite com os fatores abióticos do meio em que vi-
compreender a evolução biológica no contexto vem os organismos, contemplando as espé-
do ensino. Esse documento defende em seu cies animal, vegetal e de microrganismos. O
texto os principais objetos do conhecimento aprendizado da Biologia deve permitir a com-
nas situações de ensino, articulados, contex- preensão da natureza viva e sua importância
tualizados historicamente e embasados nas re- à própria condição da existência humana, ao
lações ecológicas e evolutivas entre os seres passo que estuda o corpo humano, as doen-
vivos. Os PCNEM apontam também a impor- ças e suas prevenções abordando os hábitos
tância de elementos da História e da Filosofia a serem cultivados no dia a dia das comunida-
da Biologia para possibilitar aos alunos a com- des. Este componente também trata de ques-

Currículo do Piauí 2021 239


tões ambientais, como a preservação do meio sou a ser de 33,3% da carga horária (Bezerra,
ambiente, conscientização da sociedade sobre 2009). Recentemente antes da Base Nacional
os riscos do consumismo e os impactos da po- Comum Curricular (BNCC) o Ensino de Física
luição sobre a vida terrestre (BRASIL, 2006). era visto apenas a partir do Ensino Médio, com
O conhecimento aqui deve contribuir para a uma pequena parte sendo apresentada no fi-
análise de questões polêmicas, que dizem res- nal do Ensino Fundamental na disciplina de
peito ao desenvolvimento, ao aproveitamento Ciências e que após a promulgação da BNCC
de recursos naturais e à utilização de tecno- houve mudanças notadamente positivas tra-
logias que implicam intensa ação humana no zendo o ensino de Física a partir do primei-
ambiente, cuja avaliação deve levar em conta a ro ano do ensino fundamental. Desta forma,
dinâmica dos ecossistemas e organismos e do espera-se que a estranheza e dificuldades da
modo como a natureza se comporta e a vida inserção abrupta e descontextualizada deste
se processa (BRASIL, 1998). componente seja superada, tornando o ensino
da área de Ciências da Natureza muito mais
Uma abordagem interessante das orientações conectado com o mundo real e atualizado com
sobre métodos de ensino de Biologia emba- a vida moderna.
sadas pela BNCC é a sua construção do saber
a partir de Projetos Científicos que propicia a Atualmente o ensino de Física ainda é muito
construção de conhecimentos partindo de situa- tradicional e voltado para a resolução de proble-
ções didáticas cotidianas aos estudantes. Nesta mas teóricos e à preparação dos jovens para o
perspectiva, a aprendizagem abrange desde os vestibular, o que faz muitos acharem a discipli-
aspectos conceituais, procedimentais aos atitu- na desinteressante e complicada, porém esta
dinais, uma vez que as experiências vivenciadas realidade está mudando e muitos professores
apontaram para o desenvolvimento de capaci- já adotam uma metodologia mais dialogada. E
dades e habilidades cognitivas na construção já há uma mudança na percepção dos profes-
de aprendizagem significativa, compreensão sores desta área, que o ensino deve romper
teórico/prática da pedagogia de projetos e es- com estas formas tradicionais para superar a
tabelecimento de relações entre teoria e prática visão de que é uma disciplina difícil e complexa
de forma indissociáveis. Diante das demandas (Bezerra, 2009). Para Moreira (2018), os Pro-
sociais e a natureza que constrói o componen- fessores de Física são essenciais no ensino
te Biologia enraizados no eixo central que é a de Física, mas que suas condições de traba-
vida, permite integrar conteúdos curriculares e lho não lhes permitem buscar um ensino que
relacioná-los a temas que precisam ser discuti- conduza a uma aprendizagem significativa, e
dos no ambiente escolar para desenvolver uma ressalta ainda a fraca formação inicial em que
sociedade mais sustentável. são formados para o ensino tradicional com
abordagens de aulas expositivas e listas de
problemas. No entanto, é preciso romper com
4.2 Apresentação do componente esse ensino decoreba e de memorização e
Física pensar como ensinar esses conteúdos/objetos
do conhecimento e abordar a Física de modo
No Brasil o Ensino de Física começou ainda a despertar o interesse, a intencionalidade e a
no período colonial no secundário e superior predisposição dos alunos, sem os quais não
com a participação dos jesuítas. Já no perío- haverá aprendizagem significativa.
do do império a disciplina de Física era vista a
partir do quinto ano do ensino secundário. No Outro problema apontado por Moreira (2018)
período da república 27,3% da carga horária está relacionado à cidadania em que é neces-
era reservada para o ensino de Matemática e sário a utilização de situações-problemas para
Ciências e que após a revolução de 1930 pas- que o ensino de Física faça sentido aos alunos

240 Novo Ensino Médio – Caderno 1


e destaca que essas situações é que darão seus estudos sobre os gases, mudou a inter-
sentido aos conceitos e formam o âmago do pretação da Química, ao contrapor qualquer
desenvolvimento cognitivo. Com as primeiras explicação mágica para os fenômenos naturais
situações integrando o contexto do aluno e ao considerar que as interpretações da química
a partir de então devem ser inseridas novas deveriam ser feitas por meio de observações e
situações em um nível crescente de profundi- experimentações. Durante o século XX, a par-
dade e complexidade. E destaca ainda que é tir dos estudos e descobertas desses primei-
um erro começar a ensinar sem usar situações ros cientistas, a Química experimentou grande
que façam sentido para os alunos. desenvolvimento teórico e metodológico, so-
bretudo pela afirmação da mecânica quântica,
O componente curricular “Física” estuda o dos métodos espectroscópicos e das meto-
mundo físico, como a relação entre movimen- dologias de síntese orgânica que conduziam o
tos e forças, geração de energia e suas trans- descobrimento de novos fármacos; determina-
formações, os estados da matéria e a relação ção da estrutura química de moléculas, como
matéria e energia. Ademais são estudados a o ácido desoxirribonucleico; e sofisticação das
eletrônica básica, circuitos elétricos, equipa- teorias já existentes (BELL, 2005).
mentos eletrodomésticos, a eficiência energé-
tica, os geradores, os motores e o consumo de O componente Química é um conhecimento
energia. Sendo assim, há importantíssima vin- que não está restrita simplesmente às pesqui-
culação para a utilização consciente da ener- sas de laboratório e à produção industrial, mas,
gia, contribuindo para a preservação do meio de maneira oposta, ela está muito marcada em
ambiente e o uso consciente dos recursos nosso cotidiano pelas mais diversificadas for-
naturais (BRASIL, 1998). Além disso, o com- mas. Sendo que, seu notável centro de estudo
ponente curricular de Física investiga também é a matéria, suas transformações e a energia
a origem e a evolução do Universo e procura envolvida nesses processos. A componente
estabelecer modelos e teorias que expliquem química aparece de forma a esclarecer diver-
o comportamento da natureza, sendo funda- sos fenômenos da natureza, entendimento
mental para o desenvolvimento de novas tec- esse que pode ser utilizado em melhoramento
nologias e o bem-estar da sociedade. Avalia para do próprio ser humano.
ainda as radiações ionizantes e não ionizantes
com ampla aplicação na medicina e no dia a Por exemplo, o nosso corpo, é construído de
dia da sociedade. Pode-se dizer que a Física inúmeras substâncias, as quais encontram-
faz parte da vida dos seres humanos e está -se em contínua transformação, as quais que
na base das Tecnologias de Informação e Co- proporcionam o ser humano continuar vivo.
municação, da engenharia e das técnicas de Ou seja, a ausência dessas reações no corpo
diagnósticos e tratamentos usadas na medi- provocaria inexistência de vida. Além disso,
cina, estando intrinsecamente relacionada às o componente de química é uma ciência que
tecnologias e à vida moderna (BRASIL, 1998). não é apenas achada. É na verdade, especial-
mente, geração e transformação de tudo ao
nosso redor.
4.3 Apresentação do Componente
Química Ademais, vale lembrar que o componente de
Química não é um componente a se traba-
Entre os séculos III a.C. e XVI d.C., registra-se lhar sozinho, é preciso desenvolver uma arti-
os primeiros ensaios sobre a construção do culação interdisciplinar, de forma a conduzir
conceito de Química. Este entendimento era organicamente o aprendizado pretendido. Por
desempenhado pelos Alquimistas na tentativa exemplo, em uma compreensão atualizada do
de manipular substâncias. Robert Boyle, com conceito de energia, dos modelos de átomo

Currículo do Piauí 2021 241


e de moléculas, não é algo a ser trabalhado O ensino do componente de Química, com
apenas na química ou física ou biologia, mas essas estimativas, envolve a contextualização
de forma conjunta entre os três componentes. sociocultural dos conhecimentos, ou melhor,
Outro exemplo, a poluição ambiental seja ela a referência de processos químicos e suas im-
urbana ou rural, do solo, das águas ou do ar, plicações sociais e ambientais. Além disso, a
não é algo apenas biológico físico ou químico, contextualização do componente de Química
esse conhecimento se trabalha em qualquer demanda que os conceitos químicos sejam
componente. entendidos em determinados contextos ge-
rais, como, por exemplo, na análise da utiliza-
Nesse contexto, as questões ambientais têm ção de radioatividade, a sua importância para
tido um destaque na mídia nacional e interna- a humanidade, seus benefícios e impactos
cional e praticamente em todas as reuniões para a saúde e o meio ambiente (CARVALHO,
entre Chefes de Estado incluem em suas pau- 1995).
tas temas envolvendo a redução de emissões
ou o controle da degradação de reservas am- Nesse cenário, o componente de Química bus-
bientais. Muitos estudiosos procuram definir ca desenvolver as habilidades propostas pela
os princípios da química nesse enquadramen- BNCC na área de Ciências da Natureza e suas
to. Alguns dos princípios da Química estariam Tecnologias, o qual estará interligado com a
em evitar a produção do resíduo que é melhor Biologia, e a Física onde irão propor ampliar e
do que tratá-lo ou além disso, procurar ilustrar sistematizar as aprendizagens essenciais de-
novas metodologias sintéticas que possam po- senvolvidas até o 9o ano do Ensino Fundamen-
tencializar a o bem-estar ambiental e sustentá- tal. Na qual estarão potencializando de forma
vel para toda a humanidade (ANASTAS, 1998). conjunta as interpretações dos fenômenos
naturais e processos tecnológicos de modo
Assim, os objetos do conhecimento no compo- a possibilitar aos estudantes a apropriação de
nente de Química devem ser abordados a par- conceitos, procedimentos e teorias dos diver-
tir de temas que permitam a contextualização sos campos das Ciências da Natureza. Onde
do conhecimento. É necessário que o aluno de- terão a oportunidade de proporcionar condi-
senvolva competências adequadas para reco- ções para que possam explorar os variados jei-
nhecer e saber utilizar as linguagens simbólicas tos de pensar e de falar dos hábitos científicos,
na química, sendo capaz de entender e empre- colocando-se dentro da organização do conhe-
gar, a partir das informações, a representação cimento, o qual foi gerado em numerosos con-
simbólica das transformações químicas. textos históricos e sociais.

242 Novo Ensino Médio – Caderno 1


5 Distribuição das Habilidades por Série

Os componentes da área de Ciências da Natu- derá implicar em diversificação e modificações


reza têm em comum a investigação científica, metodológicas, que orientadas pelo projeto
além de compartilharem linguagens para a re- pedagógico da escola promoverão a organiza-
presentação e sistematização do conhecimen- ção e estruturação dos tópicos a serem enfati-
to e, portanto, necessitam ser desenvolvidos zados em cada área ou etapa. Procedimentos
de forma não isolada (BRASIL, 2006). A fim comuns, como a experimentação praticada
de promover a organização do aprendizado, as nas ciências da natureza, estudo do meio e
habilidades foram organizadas em unidades projetos interdisciplinares, nos quais diferen-
temáticas que tem a função de estruturar o tes componentes tratam ao mesmo tempo de
processo de ensino-aprendizagem. As unida- temas afins, são exemplos de metodologias
des temáticas definidas para a área de ciências integradoras (BRASIL, 2006; PONTUSCHKA
da natureza no currículo do Piauí para o ensino et al., 1991).
médio são Matéria e Energia e Vida, Terra
e Cosmos. Essas unidades temáticas fazem a Recomenda-se ainda que os temas contempo-
integração com os objetos do conhecimento, râneos transversais, também sejam aplicados
a partir das quais, as habilidades e competên- na perspectiva de integrar os componentes
cias devem ser desenvolvidas, de forma articu- das Ciências da Natureza, e estes com as de-
lada e contextualizada, com o objetivo de dar mais áreas do conhecimento. Propiciando ao
sentido ao aprendizado dos alunos. estudante uma integração da formação geral
básica com a vida social e com o mundo do
Os componentes, Biologia, Química e Física qual faz parte. Na BNCC os temas contem-
apresentam elementos de identidade que os porâneos transversais são quinze, distribuí-
aproximam entre si, ou seja, existem temáti- dos em seis macro áreas temáticas que são:
cas comuns entre elas. Para fins de articula- Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Saúde,
ção, o primeiro passo é explicitar os vínculos Cidadania e Civismo, Multiculturalismo e Eco-
e aspectos comuns entre os componentes da nomia, como é mostrado na Figura 1 (BRA-
área. A articulação entre os componentes po- SIL, 2019).

Currículo do Piauí 2021 243


Figura 1 – Temas Contemporâneos Transversais

Fonte: BRASIL, 2019.

As habilidades estão vinculadas aos objetivos ção com acolhimento e respeito à diversidade
de aprendizagem e aos objetos do conheci- de indivíduos, que faz parte das competências
mento necessários para que o ensino seja gerais.
desenvolvido em toda a sua integridade. Tais
objetos devem ser trabalhados de forma inter- As Tabelas 1, 2 e 3 apresentam as compe-
disciplinar, contextualizada e aplicada ao coti- tências propostas pela BNCC associada a cada
diano dos estudantes, visando formá-los como uma das habilidades a elas vinculadas. Sendo
cidadãos conscientes, críticos, criativos e ca- a Tabela 1 referente à primeira série, a Tabela
pazes de se adaptarem às rápidas mudanças 2 à segunda série e a Tabela 3 à terceira série.
que ocorrem na atualidade, e acima de tudo, A distribuição das habilidades de Ciências da
respeitando o próximo e as diferentes culturas Natureza por série no Ensino Médio, foi pen-
e etnias. sada de forma que a sequência permita aos
estudantes o desenvolvimento orgânico das
Outro ponto importante é que ao tempo em habilidades e com uma maior interdisciplinari-
que se busca o desenvolvimento das habilida- dade entre os componentes Biologia, Física e
des e competências específicas da área, de- Química, para tanto cada habilidade está asso-
ve-se também atentar para as competências ciada a uma unidade temática. Vale ressaltar,
gerais a serem desenvolvidas ao longo de toda que não há impedimento algum em repetir as
a educação básica. Por exemplo, ao se abordar habilidades nos diferentes anos, desde que os
uma certa competência específica, o Profes- objetivos de aprendizagem também se alterem
sor também pode pedir que os alunos desen- no que diz respeito ao nível de complexidade
volvam projetos em equipe. Desta forma, o dos processos cognitivos ao longo do Ensino
aluno estará exercitando a empatia, a coopera- Médio.

244 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Tabela 1. Descrição das Competências, habilidades, objetivos de aprendizagem e objetos do conhecimento a serem desenvolvidos na primeira série do ensino médio nas
escolas do Estado do Piauí.

CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES


Biologia – 80h
1a SÉRIE
Física – 80h
Química – 80h

Unidade Temática: Matéria e Energia

Competência específica 1: Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações indivi-
duais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

EM13CNT101) Analisar e representar, BIOLOGIA ü 


Analisar como funciona o fluxo de energia e ma- ü 
Fluxo de energia e de matéria nos ecossistemas;
com ou sem o uso de dispositivos e apli- téria nos ecossistemas para identificar possíveis ü 
Seres autótrofos seres heterótrofos;
cativos digitais específicos, as transfor- agentes que interfiram nesse processo; ü 
Fotossíntese e respiração celular;
mações e conservações em sistemas ü 
Relacionar os processos energéticos celulares ü 
Cadeia alimentar;
que envolvam quantidade de matéria, à transformação e transferência de energia nos ü 
Níveis tróficos;
de energia e de movimento para realizar ecossistemas; ü 
Pirâmides ecológicas;
previsões sobre seus comportamentos ü 
Sucessão ecológica;
em situações cotidianas e em processos ü 
Metabolismo energético (Fotossíntese, Respiração,
produtivos que priorizem o desenvolvi- Fermentação e Quimiossíntese);
mento sustentável, o uso consciente
dos recursos naturais e a preservação da FÍSICA ü 
Analisar a relação trabalho e energia mecânica, ü 
Trabalho e Energia mecânica;
vida em todas as suas formas. para aplicar esta relação em situações do cotidia- ü 
Potência;
no; ü 
Conservação da energia;
ü 
Aplicar a definição de potência na dinâmica e anali- ü 
Energias renováveis;
sar a sua relação com a eficiência energética; ü 
Conservação da quantidade de movimento;
ü 
Relacionar a definição de potência com experiên-
cias do cotidiano;
ü 
Aplicar os conhecimentos sobre a conservação de
energia em fenômenos do cotidiano e na geração
de energia, como energia eólica, hidrelétrica, ter-

Currículo do Piauí 2021


melétrica e nuclear;

245
246
ü 
Propor o uso de novas fontes renováveis de energia,
relacionando-as a questões sociais, ambientais, po-
líticas e culturais em âmbito local, regional e global;
ü 
Analisar a definição da quantidade de movimento
analisando situações do cotidiano dos estudantes;
QUÍMICA ü 
Explicar a relação entre as propriedades da maté- ü 
Propriedades da matéria;
ria extensivas e intensivas e a quantidade de ma- ü 
Cálculos estequiométricos;
téria, de energia e de movimento; ü 
Leis Ponderais;
ü 
Analisar fenômenos químicos por meio da obser- ü 
Modelos atômicos;

Novo Ensino Médio – Caderno 1


vação de evidências e dados qualitativos e quan- ü 
Ligações e reações químicas;
titativos; ü 
Balanceamento de reações químicas;
ü 
Representar os fenômenos químicos por meio de
equações químicas balanceadas;
ü 
Demonstrar as características e propriedades dos
materiais usados no cotidiano, devido à mudança
entre as diferentes formas de ligações químicas,
bem como as possíveis reações que acontecem
com esses materiais;
ü 
Comparar e estabelecer relações proporcionais
entre as massas de reagentes e produtos envolvi-
dos em diferentes transformações químicas con-
siderando sistemas fechados e abertos;
Competência específica 3: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedi-
mentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT301) Construir questões, ela- BIOLOGIA ü 


Desenvolver hipóteses, fazer medições, interpre- ü 
Método Científico;
borar hipóteses, previsões e estimativas, tar dados e fazer previsões na Biologia;
empregar instrumentos de medição e
representar e interpretar modelos expli-
cativos, dados e/ou resultados experi-
mentais para construir, avaliar e justificar
conclusões no enfrentamento de situa-
ções-problema sob uma perspectiva
científica.
FÍSICA ü 
Identificar as grandezas fundamentais e deriva- ü 
Operações com grandezas (Sistema Internacional
das, estabelecendo relações entre elas, utilizando de Unidades);
códigos, símbolos e nomenclaturas específicas; ü 
Unidades de medida;
ü 
Realizar operações com as grandezas do Sistema ü 
Grandezas e suas relações;
Internacional de Unidades (SI), utilizando adequa- ü 
Método Científico;
damente os prefixos das unidades de medida des- ü 
Instrumentos de Medidas;
sas grandezas; ü 
Refração e reflexão da Luz;
ü 
Resolver situações-problema, envolvendo conver- ü 
Formação de imagens utilizando espelhos e lentes;
sões entre unidades de medidas das grandezas;
ü 
Desenvolver hipóteses, fazer medições, interpre-
tar dados e fazer previsões na Física;
ü 
Manusear instrumentos e/ou equipamentos de
medição (régua, trena, transferidor, cronômetro,
paquímetro, calculadora etc.), utilizando adequa-
damente as unidades de medidas da grandeza
envolvida na situação problema;
ü 
Explicar o funcionamento de microscópios, lune-
tas e telescópios;
QUÍMICA ü 
Desenvolver hipóteses, fazer medições, interpre- ü  Método Científico;
tar dados e fazer previsões na Química; ü 
Composição e fórmulas de substâncias;
ü 
Diferenciar as substâncias através de sua estrutu-
ra, densidade, temperatura de fusão e ebulição,
coeficiente de dilatação térmica, resistência e aná-
lise de fórmulas;
(EM13CNT302) Comunicar, para públi- BIOLOGIA ü 
Utilizar de experimentos e/ou materiais alternati- ü 
Componentes celulares e suas funções;
cos variados, em diversos contextos, vos que facilitem a compreensão de diminutas es- ü  Composição química da célula;
resultados de análises, pesquisas e/ou truturas celulares. Exemplos: Aplicativos de Rea- ü Citologia;
experimentos, elaborando e/ou interpre- lidade Aumentada (RA), sites com imagens 3D,
tando textos, gráficos, tabelas, símbo- impressora 3D, maquetes entre outros;
los, códigos, sistemas de classificação FÍSICA ü 
Reconhecer como são geradas as imagens de ü  Imagens obtidas por sensoriamento remoto;
e equações, por meio de diferentes lin- sistemas opto-eletrônico utilizados para gerar ima-
guagens, mídias, tecnologias digitais de gens ou outros tipos de informações, sobre obje-
informação e comunicação (TDIC), de tos distantes;
modo a participar e/ou promover deba-
QUÍMICA ü 
Discutir sobre as propriedades da matéria extensi- ü 
Propriedades da matéria;
tes em torno de temas científicos e/ou
vas e intensivas;
tecnológicos de relevância sociocultural

Currículo do Piauí 2021


e ambiental.

247
248
Unidade temática: Vida, Terra e Cosmos

Competência específica 1: Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações indivi-
duais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT104) Avaliar os benefícios e BIOLOGIA ü 


Reconhecer e diferenciar as funções orgânicas, ü Produtos Transgênicos;
os riscos à saúde e ao ambiente, consi- que serão estudadas através da identificação de ü 
Biossegurança de Organismos Geneticamente Mo-
derando a composição, a toxicidade e a seus respectivos grupos funcionais e suas regras dificados;
reatividade de diferentes materiais e pro- para nomenclatura;

Novo Ensino Médio – Caderno 1


dutos, como também o nível de exposi-
ção a eles, posicionando-se criticamente ü 
Debater metodologias científicas para a avaliação
e propondo soluções individuais e/ou da segurança ambiental e alimentar dos organis-
coletivas para seus usos e descartes res- mos geneticamente modificados;
ponsáveis. QUÍMICA ü 
Reconhecer e diferenciar as funções orgânicas, ü  Introdução a química orgânica;
que serão estudadas através da identificação de ü Petróleo, hulha e madeira;
seus respectivos grupos funcionais e suas regras ü 
Interações intermoleculares;
para nomenclatura;
ü 
Relacionar as funções químicas na vida cotidiana;
ü 
Avaliar a toxicidade de diferentes substâncias or-
gânicas bem como uso desses compostos em
agrotóxicos e seus possíveis prejuízos ao meio
ambiente;
EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeo- BIOLOGIA ü 
Compreender os processos químicos, físicos, ü 
Ciclos biogeoquímicos;
químicos e interpretar os efeitos de fe- biológicos e geológicos que ocorrem na natureza, ü 
Poluição do solo, do ar e da água;
nômenos naturais e da interferência hu- mais especificamente relacionados ao fluxo de ele- ü 
Desmatamento e Queimadas;
mana sobre esses ciclos, para promover mentos gerados por tais processos por meio da ü 
Incidentes em barragens no Brasil;
ações individuais e/ ou coletivas que mi- interação com o meio ambiente e os seres vivos e ü 
A relação meio ambiente e saúde humana;
nimizem consequências nocivas à vida. sua circulação entre a atmosfera, hidrosfera, litos- ü 
Ecossistemas e preservação ambiental;
fera e biosfera; ü 
Relações entre os seres vivos de uma comunidade;
ü 
Avaliar os riscos da ação antrópica sobre os ecos- ü 
Cadeias Produtivas do Nordeste;
sistemas considerando os riscos e consequências ü 
Bioprodutos ecológicos;
para a saúde humana e ambiental; ü 
Fluxo de energia dos ecossistemas;
ü 
Analisar as principais atividades das cadeias produ-
tivas locais situadas nos ecossistemas do semiári-
do nordestino: Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica,
Restinga e Manguezal;
QUÍMICA ü 
Compreender o fenômeno conhecido como efeito ü  Ciclos biogeoquímicos;
estufa e sua importância para a manutenção da
vida na Terra. Analisar a importância dos ciclos bio-
geoquímicos, na reciclagem dos elementos quími-
cos da natureza, reconhecendo a sua essencialida-
de para a vida no planeta;
ü 
Compreender o fenômeno conhecido como efeito ü 
Efeito estufa e camada de ozônio;
estufa e sua importância para a manutenção da
vida na Terra;
Competência específica 2: Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funciona-
mento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

EM13CNT201) Analisar e discutir mo- BIOLOGIA ü 


Discutir sobre aos modelos propostos para expli- ü 
A origem dos seres vivos: Biogênese e abiogênese;
delos, teorias e leis propostas em dife- car a origem da vida; relacionando-as ao contexto ü 
A origem da vida;
rentes épocas e culturas para comparar histórico; ü 
Evidências da Evolução;
distintas explicações sobre o surgimento ü 
Debater ideias e evidências sobre proposições ü 
As teorias evolutivas;
e a evolução da Vida, da Terra e do Uni- distintas das Teorias da Evolução, respeitando o ü 
A teoria sintética da evolução;
verso com as teorias científicas aceitas contexto histórico e cultural das hipóteses suge-
atualmente. ridas;
FÍSICA ü 
Analisar os processos de elaboração de modelos ü 
Modelos explicativos da matéria e do surgimento
sobre o surgimento do Universo considerando as do Universo;
diferentes metodologias de trabalho empregadas ü 
História e Filosofia da Ciência;
e os diferentes contextos sócio culturais e econô- ü 
Natureza da Ciência: aspectos sociais, econômicos
micos em que esses processos estavam inseri- e políticos;
dos; ü 
O Método científico;
ü 
Perceber a diferença entre as teorias científicas e ü 
Teoria do Big Bang – Formação do Universo;
criacionistas sobre a origem do universo, reconhe- ü 
Criacionismo;
cendo que o planeta Terra faz parte de um sistema ü 
Evolução;
natural de imensa grandeza;
ü 
Aplicar a teoria do Big Bang para explicar a compo-
sição do Universo Primitivo e as diferenças entre
os astros que compõem o Sistema Solar;

Currículo do Piauí 2021


249
QUÍMICA ü 
Analisar os processos de elaboração de modelos ü 
Evolução química: modelos e teorias sobre a ori-

250
sobre o surgimento dos elementos químicos no gem dos elementos químicos;
Universo; ü 
Propriedades Periódicas;
ü 
Discutir a importância da Tabela Periódica para rea-
lizar previsões acerca das propriedades dos ele- ü 
Modelos moleculares;
mentos químicos a partir da análise dos critérios ü 
Estrutura da matéria (modelos atômicos de Dalton,
utilizados na sua organização; Thomson, Rutherford, Bohr, número atômico, nú-
ü 
Elaborar a sequência dos modelos atômicos, com mero de massa, isótopos);
ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais ü 
Substâncias simples e compostas;
específicos; ü 
Ligações químicas;
ü 
Relacionar a evolução dos modelos às descober-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


tas das partículas subatômicas;
ü 
Utilizar métodos de visualização, com ou sem o
uso de dispositivos e aplicativos digitais específi-
cos, para representar as diferenças entre substân-
cias simples e compostas;
ü 
Comparar as diferentes formas de interação entre
átomos, considerando os tipos de ligações quí-
micas (iônica, covalente e metálica) com o intuito
de explicar sobre as interações da matéria e suas
constantes mudanças e adaptações;
(EM13CNT202) Analisar as diversas for- BIOLOGIA ü 
Classificar diversos modos dos seres vivos a fim ü 
Níveis de organização dos seres vivos (principais ca-
mas de manifestação da vida em seus de facilitar o estudo sobre esses organismos e racterísticas de cada reino);
diferentes níveis de organização, bem de compreender suas relações evolutivas com o ü  Organismos, fatores limitantes e nicho ecológico;
como as condições ambientais favorá- meio natural;
veis e os fatores limitantes a elas, com ü 
Examinar formas de como os organismos intera-
ou sem o uso de dispositivos e aplicati- gem com o ambiente e suas influências no de-
vos digitais (como softwares de simula- sempenho biológico, ou seja, seu sucesso no
ção e de realidade virtual, entre outros). meio;
ü 
Relacionar a interação de um indivíduo com o am-
biente no qual vive, envolvendo a troca de energia
e material, sendo que o seu ambiente é composto
por componentes abióticos (não vivos) e bióticos
(outros indivíduos de sua espécie e de outras es-
pécies);
QUÍMICA ü 
Analisar as alterações moleculares que ocorrem ü 
Mudanças de estado físico da matéria;
no meio ambiente quanto aos estados físicos das
substâncias e as mudanças de estado;
(EM13CNT203) Avaliar e prever efeitos BIOLOGIA ü 
Detectar uma economia que permita aproveitar os ü 
Unidades de Conservação;
de intervenções nos ecossistemas, e seus múltiplos benefícios sem, no entanto, des- ü 
Homeostase;
seus impactos nos seres vivos e no cor- truí-las, mantendo-as em pé, valorizando-as, im-
po humano, com base nos mecanismos pedindo o desflorestamento e contribuindo com a
de manutenção da vida, nos ciclos da sustentabilidade global;
matéria e nas transformações e transfe- ü 
Conferir a capacidade dos sistemas biológicos de
rências de energia, utilizando represen- permanecerem em estado de equilíbrio interno
tações e simulações sobre tais fatores, mesmo em condições de constante alteração do
com ou sem o uso de dispositivos e meio externo;
aplicativos digitais (como softwares de FÍSICA ü 
Analisar os efeitos sobe o clima devido ao aqueci- ü 
Propagação de calor e o clima;
simulação e de realidade virtual, entre mento nas diferentes regiões da Terra e nos ocea-
outros). nos;
QUÍMICA ü 
Identificar representações e simulações referen- ü 
Funções orgânicas (hidrocarbonetos, álcoois, áci-
tes a diversos compostos orgânicos e suas pro- dos carboxílicos, éter, éster, aldeído, cetona, amina,
priedades; amida);
ü 
Formular proposições sobre a importância dos ü 
Propriedade dos compostos orgânicos;
compostos orgânicos para o corpo humano; ü 
Forças intermoleculares;
ü 
Reconhecer a estrutura e as funções das macro- ü 
Noções de química celular (proteínas, carboidratos,
moléculas envolvidas nos processos biológicos lipídios e ácidos nucleicos);
das transformações e transferência de energia; ü 
Tipos de ligações químicas;
(EM13CNT204) Elaborar explicações, FÍSICA ü 
Definir grandezas físicas e mostrar exemplos prá- ü 
Grandezas Físicas Escalares e Vetoriais;
previsões e cálculos a respeito dos movi- ticos do cotidiano; ü 
Referenciais inerciais e não inerciais;
mentos de objetos na Terra, no Sistema ü 
Aplicar o conceito de referencial analisando situa- ü 
Leis de Newton e Movimento;
Solar e no Universo com base na análise ções reais de movimento; ü 
Movimento de Queda Livre;
das interações gravitacionais, com ou ü 
Aplicar as Leis de Newton para fazer previsões ü 
Leis da Gravitação Universal;
sem o uso de dispositivos e aplicativos acerca do movimento de veículos e de equipa- ü 
Astronomia: gravitação e Leis de Kepler;
digitais (como softwares de simulação e mentos automotores empregados em processos
de realidade virtual, entre outros). industriais;
ü 
Analisar a queda livre como um movimento verti-
cal com e sem a resistência do ar como nos casos
de saltos de pára-quedas e gotas de chuva;
ü 
Aplicar a Lei da Gravitação nos movimentos dos
planetas, das galáxias, de satélites e nas viagens
espaciais;
ü 
Aplicar os conceitos básicos de astronomia e Leis
de Kepler para analisar situações reais inclusive

Currículo do Piauí 2021


aquelas relacionadas à descoberta de planetas;

251
BIOLOGIA ü 

252
(EM13CNT205) Interpretar resultados Apoiar por meio de métodos estatísticos os pro- ü 
Probabilidade e Genética;
e realizar previsões sobre atividades cessos de transmissão de caracteres entre diver-
experimentais, fenômenos naturais e sas gerações;
processos tecnológicos, com base nas FÍSICA ü 
Reconhecer que a medição e o controle de pro- ü  Medições e grandezas físicas;
noções de probabilidade e incerteza, re- cessos são fundamentais para gerar os melhores ü  Previsão do Tempo;
conhecendo os limites explicativos das resultados possíveis quanto à utilização de recur-
ciências sos, máquinas, desempenho, rentabilidade, prote-
ção ambiental e segurança;
ü 
Realizar estudos de grandezas físicas como tudo o
que pode ser medido nas ciências;

Novo Ensino Médio – Caderno 1


ü 
Avaliar previsões e entender todo o funcionamen-
to ocorrido na atmosfera e todos os aspectos cli-
máticos nos mais distintos lugares do planeta;
QUÍMICA ü 
Avaliar a dinâmica das reações químicas, median- ü 
Previsões sobre interações e transformações da
te estudos cinéticos, de equilíbrio e termoquími- matéria: modelo cinético molecular e reações quí-
co, com ou sem uso de tecnologias digitais, levan- micas;
do em consideração os efeitos das variáveis para
avaliar processos reacionais e a dinâmica no meio
ambiente;
(EM13CNT208) Aplicar os princípios da BIOLOGIA ü 
Identificar as etapas da evolução humana através ü 
Evolução humana;
evolução biológica para analisar a histó- da história evolutiva de nossa espécie e das espé- ü 
Respeito à diversidade;
ria humana, considerando sua origem, cies ancestrais; ü 
Evolução: raças e espécies;
diversificação, dispersão pelo planeta e ü 
Preservar o respeito à diversidade dentro da espé- ü 
Bioquímica: aminoácidos, proteínas, ácidos nuclei-
diferentes formas de interação com a na- cie humana; cos;
tureza, valorizando e respeitando a diver- ü 
Desenvolver a percepção de que todos os homens ü 
A composição genética das populações;
sidade étnica e cultural humana. pertencem à mesma espécie e que as diferenças ü 
Marcadores fenotípicos e moleculares;
genéticas não podem ser usadas para embasar
desigualdades sociais e econômicas;
ü 
Reconhecer a origem do Humano Americano por
meio de estudos fósseis da história evolutiva dos
ancestrais tendo como referência o Parque Nacio-
nal Serra da Capivara, no Piauí, com seus registros
da vida do ser humano pré-histórico;
ü 
Utilizar os conceitos de evolução, biologia molecu-
lar e genética para argumentar sobre a variabilida-
de da espécie humana;
(EM13CNT209) Analisar a evolução este- BIOLOGIA ü 
Debater sobre a existência de seres vivos em ou- ü Astrobiologia;
lar associando-a aos modelos de origem tros planetas, as principais características destes
e distribuição dos elementos químicos seres vivos, suas origens e evolução para formular
no Universo, compreendendo suas rela- hipóteses sobre o futuro da vida no universo;
ções com as condições necessárias ao
surgimento de sistemas solares e plane- FÍSICA ü 
Conhecer o ramo da Astronomia que estuda o uni- ü 
Astrofísica: evolução estelar;
tários, suas estruturas e composições e verso e os diversos corpos celestes; ü 
Exoplanetas;
as possibilidades de existência de vida, ü 
Analisar a composição do universo por meio das ü 
Buracos negros;
utilizando representações e simulações, leis da natureza, assim como por meio de instru- ü 
Relatividade geral e restrita;
com ou sem o uso de dispositivos e mentos utilizados pela ciência; ü 
Efeito Doppler relativístico;
aplicativos digitais (como softwares de ü 
Reconhecer o modelo de formação do sistema so- ü 
Modelo padrão para formação do Sistema Solar;
simulação e de realidade virtual, entre lar assim como as ideias que fundamentam esse
outros). modelo;
QUÍMICA ü 
Analisar a comparação físico-química de outros ü 
Planetologia comparada;
planetas e corpos celestes a partir de imagens
aqui da Terra e da imagem de sondas espaciais;
Competência específica 3: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedi-
mentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT303) Interpretar textos de di- BIOLOGIA ü 


Desenvolver o senso crítico sobre a confiabilida- ü 
Fontes confiáveis e relevantes;
vulgação científica que tratem de temá- de de uma informação, identificando, através de ü 
Reportagem e artigo científico;
ticas das Ciências da Natureza, disponí- embasamento teórico, possíveis contradições du- ü 
Saúde e bem-estar;
veis em diferentes mídias, considerando rante a análise de textos e/ou vídeos com informa- ü 
Preservação da biodiversidade;
a apresentação dos dados, tanto na for- ções científicas na Biologia;
ma de textos como em equações, gráfi- FÍSICA ü 
Desenvolver o senso crítico sobre a confiabilida- ü 
Fontes confiáveis e relevantes;
cos e/ou tabelas, a consistência dos ar- de de uma informação, identificando, através de ü  Reportagem e artigo científico;
gumentos e a coerência das conclusões, embasamento teórico, possíveis contradições du- ü  Uso de novas tecnologias;
visando construir estratégias de seleção rante a análise de textos e/ou vídeos com informa-
de fontes confiáveis de informações. ções científicas na Física;
ü 
Desenvolver o senso crítico sobre a confiabilida- ü 
Fontes confiáveis e relevantes;
QUÍMICA de de uma informação, identificando, através de ü  Reportagem e artigo científico;
embasamento teórico, possíveis contradições du- ü  Educação ambiental e sustentabilidade na química;
rante a análise de textos e/ou vídeos com informa-

Currículo do Piauí 2021


ções científicas na química;

253
(EM13CNT305) Investigar e discutir o BIOLOGIA ü 
Combater as mais diferentes formas de discrimi- ü 
Bioética;

254
uso indevido de conhecimentos das nação praticadas com base na utilização imprópria ü 
Darwinismo social e discriminação étnico-racial;
Ciências da Natureza na justificativa de dos conhecimentos científicos referentes a gené- ü 
Eugenia;
processos de discriminação, segregação tica e variabilidade da espécie humana; ü 
Mapeamento genético;
e privação de direitos individuais e cole- ü 
Debater e argumentar, do ponto de vista ético, a ü 
Sequenciamento genético dos seres vivos;
tivos, em diferentes contextos sociais e divulgação e utilização de informações genéticas ü 
Fake news e saúde;
históricos, para promover a equidade e o da população; ü 
Ética em Ciências da Natureza;
respeito à diversidade. ü 
Empregar o embasamento teórico-científico para
argumentar sobre as fake news que envolvam
questões de saúde, ajudando na conscientização
da sociedade para um olhar crítico quanto às notí-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


cias veiculadas.;
ü 
Aplicar o conceito de ética para analisar o desen-
volvimento e a aplicação de conhecimentos cientí-
ficos, sob o ponto de vista da diversidade de raça,
da produção de alimentos, condição socioeconô-
mica e das liberdades individuais;
FÍSICA ü 
Aplicar o conceito de ética para analisar o desen- ü 
Ética em Ciências da Natureza;
volvimento e a aplicação de conhecimentos cientí-
ficos sob o ponto de vista da geração e consumo
de energia, da automatização de processos indus-
triais e comerciais, e do desenvolvimento de no-
vas tecnologias;
QUÍMICA ü 
Aplicar o conceito de ética para analisar o desen- ü 
Ética em Ciências da Natureza;
volvimento e a aplicação de conhecimentos cien-
tíficos sob o ponto de vista do consumo, do de-
senvolvimento de novos medicamentos, do meio
ambiente e dos resíduos residenciais na disciplina
de química;
(EM13CNT306) Avaliar os riscos envolvi- BIOLOGIA ü 
Relacionar as causas e consequências dos dife- ü  Poluição (atmosférica, sonora e visual) e contami-
dos em atividades cotidianas, aplicando rentes tipos de poluição e contaminação com o nação;
conhecimentos das Ciências da Nature- meio ambiente e a saúde da comunidade; ü 
Sistemas respiratório, cardiovascular e digestório;
za, para justificar o uso de equipamentos ü 
Identificar os principais riscos e problemas de ü  Agrotóxicos (defensivos agrícolas);
e recursos, bem como comportamentos saúde causados pelas ações do dia a dia e suas
de segurança, visando à integridade físi- consequências;
ca, individual e coletiva, e socioambien- ü 
Propor soluções referentes à integridade da saúde
tal, podendo fazer uso de dispositivos e individual e coletiva;
aplicativos digitais que viabilizem a estru- ü 
Analisar a importância do desenvolvimento econô-
turação de simulações de tais riscos. mico da atividade agropecuária no Cerrado;
ü 
Relacionar a agropecuária no Cerrado aos impac-
tos ambientais evidenciados a partir de mapas,
gráficos e tabelas, verificando as causas e conse-
quências para essas situações, tanto em relação
ao meio ambiente quanto à saúde da comunidade
local;
FÍSICA ü 
Analisar as grandezas envolvidas em colisões, ü  Colisão entre veículos;
como as forças de Newton e Quantidades de mo- ü  Direção consciente e responsável;
vimento;
ü 
Avaliar os riscos de acidentes nas rodovias, para
compreender a importância em seguir as leis de
trânsito;
QUÍMICA ü 
Caracterizar a mineração como atividade que con-
siste nos processos de pesquisa, exploração, ex- ü 
Mineração;
tração e beneficiamento de minérios;
ü 
Relacionar a mineração com o desenvolvimento
socioeconômico de uma sociedade;
ü 
Avaliar os riscos ambientais associados a minera-
ção

Currículo do Piauí 2021


255
256
Tabela 2. Descrição das Competências, habilidades, objetivos de aprendizagem e objetos do conhecimento a serem desenvolvidos na segunda série do ensino médio nas
escolas do Estado do Piauí.

CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES


Biologia – 40h
2a SÉRIE
Física – 40h
Química – 40h

Unidade Temática: Matéria e Energia

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Competência específica 1: Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações indivi-
duais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT102) Realizar previsões, ava- BIOLOGIA ü 


Explicar o conceito de efeito estufa e sua importância para ü 
Aquecimento global;
liar intervenções e/ou construir protóti- a manutenção da vida e com os desequilíbrios da natu- ü  A importância das plantas e algas no com-
pos de sistemas térmicos que visem à reza, usando dados sobre as intervenções antrópicas no bate ao aquecimento global;
sustentabilidade, considerando sua com- planeta; ü 
Mudanças climáticas;
posição e os efeitos das variáveis ter- ü 
Fenômenos climáticos;
modinâmicas sobre seu funcionamento, FÍSICA ü 
Analisar o funcionamento dos sistemas térmicos; ü 
Definição de Temperatura;
considerando também o uso de tecnolo- ü 
Explicar a primeira Lei da Termodinâmica como uma gene- ü 
Equação Geral dos gases;
gias digitais que auxiliem no cálculo de ralização da conservação da energia, utilizando experiên- ü 
Trabalho realizado por um gás;
estimativas e no apoio à construção dos cias e simulações para analisar como o calor e o trabalho ü 
Processos de propagação do calor;
protótipos. mecânico podem influenciar em um sistema térmico; ü 
Dilatação térmica;
ü 
Aplicar os conceitos relativos à Termodinâmica para com- ü 
Calorimetria;
preender os mecanismos térmicos; ü 
Transformações dos estados físicos da ma-
ü 
Construir protótipos de sistemas térmicos considerando a téria;
sustentabilidade e o apoio de tecnologias digitais, aplican- ü 
Primeira Lei da Termodinâmica;
do os conhecimentos da termodinâmica; ü 
Segunda Lei da Termodinâmica;
ü 
Identificar as máquinas térmicas como processos que ü 
Transformações termodinâmicas: isobárica,
transformam calor (energia térmica) em trabalho mecânico; isocórica, isotérmica e adiabática;
ü 
Propor a construção de protótipos térmicos que sejam ü 
Ciclo de Carnot;
mais eficientes, utilizando-se de tecnologias digitais como ü 
Máquinas térmicas (Eficiência);
auxílio;
QUÍMICA ü 
Comparar a eficiência energética de combustíveis fósseis ü 
Termoquímica;
e alternativos com base na quantidade de calor produzido
e na formação de potenciais poluentes para o ambiente;
(EM13CNT104) Avaliar os benefícios e BIOLOGIA ü 
Identificar os resíduos, provenientes do uso de diferentes ü 
Cadeias alimentares;
os riscos à saúde e ao ambiente, consi- defensivos agrícolas, considerando sua origem e seu grau ü 
Controles químicos e biológicos de pragas;
derando a composição, a toxicidade e a de periculosidade física, química ou biológica; ü 
Contaminação da água e solo;
reatividade de diferentes materiais e pro- ü 
Explicar sobre a importância da bacia do Rio Parnaíba ü 
Bioacumulação e biomagnificação trófica;
dutos, como também o nível de exposi- como unidade para planejamento e conservação do am- ü 
Descarte e tratamento de resíduos;
ção a eles, posicionando-se criticamente biente natural e urbano para avaliar os riscos de processos
e propondo soluções individuais e/ou de bioacumulação em uma cadeia trófica, relacionando-o a
coletivas para seus usos e descartes res- presença de poluentes orgânicos persistentes;
ponsáveis. QUÍMICA ü 
Identificar as propriedades físicas e químicas, os métodos ü 
Reações orgânicas;
de obtenção e principais reações químicas; ü 
Substâncias cancerígenas;
ü 
Definir os processos de produção de materiais sintéticos; ü 
Substâncias tóxicas;
ü 
Identificar alternativas que causem menor impacto am- ü 
Os principais efeitos causados pelas subs-
biental em relação aos produtos e subprodutos derivados tâncias químicas;
das reações químicas realizadas na produção de materiais
sintéticos;
ü 
Conhecer os diferentes tipos de agentes químicos cance-
rígenos;
(EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeo- QUÍMICA ü 
Caracterizar os sistemas em equilíbrio químico e reconhe- ü 
Características de um sistema em equilí-
químicos e interpretar os efeitos de fe- cer sua presença no ambiente e nas tecnologias utilizadas brio químico;
nômenos naturais e da interferência hu- no sistema produtivo; ü 
Estudo da constante de equilíbrio e sua
mana sobre esses ciclos, para promover ü 
Observar a reversibilidade das reações químicas em um aplicação para prever quantidades envolvi-
ações individuais e/ ou coletivas que mi- sistema utilizando-se de uma linguagem adequada para das nos sistemas em estudo;
nimizem consequências nocivas à vida. representar sistemas em equilíbrio químico; ü 
Equilíbrio molecular iônico;
(EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o FÍSICA ü 
Explicar o que é corrente elétrica e como é conduzida em ü 
Processos de eletrização;
uso de dispositivos e aplicativos digitais, diferentes materiais; ü 
Corrente elétrica;
tecnologias e possíveis soluções para ü 
Efeito Joule;
as demandas que envolvem a geração, QUÍMICA ü 
Analisar os processos de produção de energia elétrica a
o transporte, a distribuição e o consu- partir da biomassa, petróleo, gás natural e carvão;
mo de energia elétrica, considerando a ü 
Conscientizar-se quanto à importância da minimização dos ü 
Propriedades dos materiais;
disponibilidade de recursos, a eficiência impactos ambientais causados pela geração de poluentes,
energética, a relação custo/benefício, as bem como o papel da Química nesses processos de ob-
características geográficas e ambientais, tenção de energia;
a produção de resíduos e os impactos
socioambientais e culturais.

Currículo do Piauí 2021


257
258
Competência específica 3: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedi-
mentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

Novo Ensino Médio – Caderno 1


(EM13CNT307) Analisar as propriedades BIOLOGIA ü 
Conferir o protagonismo industrial no uso eficiente e sus- ü 
Bioeconomia;
dos materiais para avaliar a adequação tentável dos recursos naturais e no aproveitamento da bio- ü 
Indústria Farmacêutica;
de seu uso em diferentes aplicações (in- diversidade brasileira; ü 
Serviços ecossistêmicos associados – BSE;
dustriais, cotidianas, arquitetônicas ou ü 
Atribuir à biodiversidade como uma das principais fontes
tecnológicas) e/ ou propor soluções se- para a indústria farmacêutica;
guras e sustentáveis considerando seu ü 
Inferir sobres benefícios que os seres humanos obtêm
contexto local e cotidiano. dos ecossistemas, como: o fornecimento direto de bens
ou produtos, como alimentos, água, solo matéria-prima
para a geração de energia, recursos genéticos para produ-
ção de fármacos e cosméticos e fibras para o setor têxtil;
FÍSICA ü 
Discutir o processo de desenvolvimento de novos ma- ü 
Nanotecnologia;
teriais e componentes para diversas áreas de pesquisa, ü 
Processos de propagação de calor;
como: medicina, eletrônica, computação, ciências e enge- ü 
Propriedades térmicas dos materiais;
nharia; ü 
Absorção de calor pelas superfícies;
ü 
Analisar os materiais quanto à condução de calor e propor
formas sustentáveis de reduzir a temperatura no interior
das casas ou apartamentos, considerando o clima do Piauí;
QUÍMICA ü 
Analisar as propriedades físico-químicas nos materiais e ü  Propriedades físico-químicas de substân-
explicá-las com base no modelo de constituição submi- cias e materiais;
croscópica relacionando as propriedades dos compostos
com suas estruturas debatendo a importância dessas aná-
lises para indústria farmacêutica, de alimentos, civil e para
o meio ambiente no estado do Piauí;
Unidade temática: Vida, Terra e Cosmos

Competência específica 2: Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funciona-
mento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT207) Identificar, analisar e dis- BIOLOGIA ü 


Identificar diferentes classes de compostos orgânicos ü 
Compostos orgânicos;
cutir vulnerabilidades vinculadas às vi- com ênfase nos que possuem aplicações psicoativas;
vências e aos desafios contemporâneos ü 
Explicar como ocorre a interação de compostos químicos
aos quais as juventudes estão expostas, psicoativos com o sistema nervoso e quais as consequên-
considerando os aspectos físico, psicoe- cias para a qualidade de vida;
mocional e social, a fim de desenvolver e ü 
Criar campanhas informativas sobre o funcionamento e
divulgar ações de prevenção e de promo- impacto de substâncias psicoativas na vida dos jovens e
ção da saúde e do bem-estar. na comunidade;
QUÍMICA ü 
Analisar os efeitos de drogas lícitas e ilícitas sobre a saúde ü 
Automedicação e uso excessivo de medi-
humana de forma a favorecer o desenvolvimento de pos- camentos;
turas críticas e éticas frente ao seu uso. ü 
Drogas e vício;
Competência específica 3: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedi-
mentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT304) Analisar e debater si- BIOLOGIA ü 


Analisar os avanços da biotecnologia nas áreas da saúde, ü 
Biotecnologia e DNA;
tuações controversas sobre a aplicação agricultura, alimentação, entre outras; ü 
Engenharia genética;
de conhecimentos da área de Ciências ü 
Argumentar, considerando o conhecimento científico, ü 
Alimentos transgênicos;
da Natureza (tais como tecnologias do questões éticas e de segurança, sobre os impactos da bio- ü 
Tratamento farmacológico personalizado;
DNA, tratamentos com células-tronco, tecnologia das células-tronco, da interação de moléculas
neuro tecnologias, produção de tecno- com o sistema nervoso e dos organismos geneticamente
logias de defesa, estratégias de controle modificados (OGM);
de pragas, entre outros), com base em
argumentos consistentes, legais, éticos
e responsáveis, distinguindo diferentes
pontos de vista.

Currículo do Piauí 2021


259
260
(EM13CNT306) Avaliar os riscos envolvi- FÍSICA ü 
Compreender os processos de descarga elétrica, bem ü  Descarga atmosférica;
dos em atividades cotidianas, aplicando como a formação de raios atmosféricos; ü 
Choque elétrico;
conhecimentos das Ciências da Nature- ü 
Conceituar corrente elétrica e reconhecer os perigos en- ü 
Materiais isolantes e condutores de eletri-
za, para justificar o uso de equipamentos volvidos em atividades com energia elétrica; cidade;
e recursos, bem como comportamentos
de segurança, visando à integridade físi-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


ca, individual e coletiva, e socioambien- QUÍMICA ü 
Analisar causas e consequências dos maiores acidentes ü 
Acidentes nucleares;
tal, podendo fazer uso de dispositivos e nucleares no Brasil e no mundo;
aplicativos digitais que viabilizem a estru-
turação de simulações de tais riscos.
(EM13CNT309) Analisar questões so- FÍSICA ü 
Comparar os diferentes tipos de motores à combustão, ü  Motor a combustão;
cioambientais, políticas e econômicas quanto aos aspectos de eficiência e sustentabilidade; ü 
Fontes alternativas e renováveis de energia;
relativas à dependência do mundo atual ü 
Analisar os diferentes tipos de energias renováveis com
em relação aos recursos não renováveis potencialidade no Piauí, bem como no Brasil e no mundo,
e discutir a necessidade de introdução observando sua aplicabilidade e o impacto ambiental gera-
de alternativas e novas tecnologias ener- do por essas fontes;
géticas e de materiais, comparando dife- QUÍMICA ü 
Desenvolver a noção de agente transformador do ambien- ü 
Aquecimento global;
rentes tipos de motores e processos de te e mostrar a possibilidade de discussão e intervenção ü 
Biocombustíveis;
produção de novos materiais. nas ações humanas analisando de forma crítica as causas ü 
Combustíveis fósseis;
e consequências com relação às oscilações térmicas da ü 
Propriedades dos combustíveis;
superfície do planeta e seus efeitos sobre a vida em geral. ü 
Motor de combustão interna;
ü 
Avaliar como os derivados de biomassa renovável podem
substituir ou ajudar na composição da matriz energética
brasileira, em substituição aos combustíveis fósseis em
motores a combustão ou outros tipos de geração de ener-
gia;
ü 
Analisar o processo de formação dos combustíveis fósseis
e avaliar as vantagens e desvantagens dos seus usos nos
processos produtivos e na vida cotidiana;
Tabela 3. Descrição das Competências, habilidades, objetivos de aprendizagem e objetos do conhecimento a serem desenvolvidos na terceira série do ensino médio nas
escolas do Estado do Piauí.

CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES


Biologia – 40h
3a SÉRIE
Física – 40h
Química – 40h

Unidade Temática: Matéria e Energia

Competência específica 1: Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações indivi-
duais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT101) Analisar e representar, com ou FÍSICA ü 


Analisar os fenômenos ondulatórios e suas ü  Ondulatória;
sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais aplicações na indústria, na geração de energia, ü 
Instrumentos musicais;
específicos, as transformações e conservações e nos instrumentos musicais; ü 
Energia das ondas;
em sistemas que envolvam quantidade de ma-
téria, de energia e de movimento para realizar
previsões sobre seus comportamentos em situa-
ções cotidianas e em processos produtivos que
priorizem o desenvolvimento sustentável, o uso
consciente dos recursos naturais e a preservação
da vida em todas as suas formas.
(EM13CNT103) Utilizar o conhecimento sobre as BIOLOGIA ü 
Analisar os diferentes usos e aplicações da ra- ü 
Efeitos biológicos das radiações ionizan-
radiações e suas origens para avaliar as potencia- diação e seus efeitos biológicos; tes;
lidades e os riscos de sua aplicação em equipa- ü 
Reconhecendo os tipos de radiações, suas ori- ü 
Mutações e aberrações;
mentos de uso cotidiano, na saúde, no meio am- gens e potenciais efeitos sobre o planeta e as ü 
Câncer;
biente, na indústria, na agricultura e na geração diferentes formas de vida; ü 
Radioterapia;
de energia elétrica. FÍSICA ü 
Conhecer os conceitos básicos da física quân- ü 
Radiação de Corpo Negro e a Equação de
tica para compreender as tecnologias moder- Planck;
nas; ü 
A Dualidade onda-partícula e o Efeito Fo-
ü 
Analisar os princípios físicos de funcionamen- toelétrico;
to dos equipamentos utilizados na medicina e ü 
Estrutura da matéria;
os cuidados necessários com esses equipa- ü 
Laser;
mentos; ü 
Radiotividade;

Currículo do Piauí 2021


ü 
Analisar os processos de produção de energia ü 
Fissão e fusão nuclear;
elétrica por meio da fissão nuclear e o funcio- ü 
Equipamentos de raios x;

261
namento do reator nuclear; ü 
Armazenamento de resíduos radioativos;
(EM13CNT104) Avaliar os benefícios e os riscos BIOLOGIA ü 
Avaliar os riscos à saúde devido a exposição à ü 
Materiais tóxicos;

262
à saúde e ao ambiente, considerando a compo- materiais tóxicos ou radioativos; ü 
Materiais radioativos;
sição, a toxicidade e a reatividade de diferentes QUÍMICA ü 
Utilizar dados de concentração para resolver ü  Concentração de soluções químicas;
materiais e produtos, como também o nível de problemas envolvendo cálculos de doses de ü  Poluição do meio ambiente;
exposição a eles, posicionando-se criticamente e medicamentos que deveriam ser administra- ü  A composição de adubos e fertilizantes;
propondo soluções individuais e/ou coletivas para das segundo receitas/prescrições médicas.
seus usos e descartes responsáveis. ü 
Analisar dados de concentração de poluen-
tes atmosférico para avaliar a qualidade do ar
segundo parâmetros fornecidos pelos órgãos
competentes.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


ü 
Avaliar os impactos ambientais decorrentes
do uso de fertilizantes e de pesticidas a partir
da análise de dados de concentração de dife-
rentes espécies químicas tóxicas, tais como
metais pesados, organoclorados, entre outros;
(EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeoquímicos QUÍMICA ü 
Avaliar os riscos da ação antrópica sobre os ü 
Poluição do solo, do ar e da água;
e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e ecossistemas considerando os riscos e con- ü  Desmatamento e Queimadas;
da interferência humana sobre esses ciclos, para sequências para a saúde humana e ambiental; ü Incidentes em barragens no Brasil;
promover ações individuais e/ ou coletivas que ü 
A relação meio ambiente e saúde humana;
minimizem consequências nocivas à vida.
(EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o uso de BIOLOGIA ü 
Debater sobre as fontes de Energias Renová- ü 
Energia Eólica;
dispositivos e aplicativos digitais, tecnologias e veis das principais matrizes ambientais exis- ü 
Energia Solar;
possíveis soluções para as demandas que envol- tentes (água, solo e ar) sob o ponto de vista da ü 
Fotovoltaica;
vem a geração, o transporte, a distribuição e o preservação ambiental; ü 
Usina Hidrelétrica e Biomassa;
consumo de energia elétrica, considerando a dis- FÍSICA ü 
Analisar como é realizada a distribuição de ü 
Circuitos elétricos;
ponibilidade de recursos, a eficiência energética, energia elétrica nas diferentes regiões do Bra- ü 
Distribuição de energia elétrica;
a relação custo/benefício, as características geo- sil e a interligação no sistema elétrico nacional; ü 
Potência elétrica;
gráficas e ambientais, a produção de resíduos e ü 
Discutir sobre a importância do uso conscien- ü 
Consumo de Energia elétrica;
os impactos socioambientais e culturais. te de energia elétrica, considerando os impac- ü 
Eficiência energética dos eletrodomésti-
tos ambientais; cos;
ü 
Calcular o consumo de energia elétrica pelos ü 
Usinas de geração de energia elétrica (Eó-
equipamentos elétricos para avaliar os melho- lica, Solar, Fotovoltaica, Hidrelétrica, etc) e
res hábitos de consumo da energia elétrica; impacto ambiental;
ü 
Avaliar as potencialidades do Piauí com rela- ü 
Formas sustentáveis de obtenção e arma-
ção a instalação de usinas de energia elétrica; zenamento de energia elétrica;
ü 
Avaliar os impactos ambientais, observan- ü 
Energia nuclear;
do-se a sustentabilidade e a preservação do
meio ambiente;
ü 
Posicionar-se de forma consciente sobre essa
forma de geração de energia e analisar os seus
impactos ambientais;
ü 
Analisar os processos de produção de energia
elétrica por meio da fissão nuclear e o funcio-
namento do reator nuclear;
ü 
Posicionar-se de forma consciente sobre essa
forma de geração de energia e analisar os seus
impactos ambientais;
(EM13CNT107) Realizar previsões qualitativas FÍSICA ü 
Aplicar o conceito de campo elétrico em inves- ü 
História do Magnetismo;
e quantitativas sobre o funcionamento de gera- tigações experimentais envolvendo ímãs natu- ü 
Ímã;
dores, motores elétricos e seus componentes, rais e artificiais; ü 
Campo magnético;
bobinas, transformadores, pilhas, baterias e dis- ü 
Analisar como a força magnética atua num fio ü 
Lei de Ampére;
positivos eletrônicos, com base na análise dos condutor que transporta corrente elétrica, as- ü 
Força Magnética;
processos de transformação e condução de ener- sim como o torque sobre espiras e bobinas, ü 
Motores Elétricos;
gia envolvidas – com ou sem o uso de dispositi- compreendendo o funcionamento dos moto- ü 
Lei da indução de Faraday;
vos e aplicativos digitais – para propor ações que res elétricos; ü 
Força eletromotriz;
visem a sustentabilidade. ü 
Aplicar a Lei da Indução de Faraday para ana- ü 
Geradores de eletricidade;
lisar como os geradores produzem a energia
elétrica através da variação do campo magné-
tico;
ü 
Analisar os processos de produção e condu-
ção de energia e propor modelos de geradores
que visem a sustentabilidade a partir da asso-
ciação entre a força eletromotriz e o movimen-
to das espiras;
QUÍMICA ü 
Identificar equipamentos que utilizam pilhas e ü 
Eletrólise;
baterias e propor explicações para seus meca- ü 
Reações de óxido-redução;
nismos de funcionamento a partir da análise ü 
Eletroquímica: pilhas e baterias;
das transformações de óxido-redução envolvi- ü 
Importância do consumo consciente de
das; energia e suas implicações;
ü 
Associar as reações de oxirredução com os
princípios eletroquímicos e, consequentemen-
te, com as pilhas diferenciando as reações de
oxidação e redução;
ü 
Avaliar consequências do descarte incorreto

Currículo do Piauí 2021


de pilhas e baterias usadas visando possíveis
ações para a sustentabilidade;

263
264
Competência específica 3: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedi-
mentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
(EM13CNT302) Comunicar, para públicos varia- BIOLOGIA ü 
Comunicar para a comunidade escolar e aca- ü  Comunicação científica;
dos, em diversos contextos, resultados de aná- dêmica, pesquisa realizada ao longo do ensino
lises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando médio relacionada à Biologia, utilizando inclu-
e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, sím- sive as TDIC;
bolos, códigos, sistemas de classificação e equa- FÍSICA ü 
Comunicar para a comunidade escolar e aca- ü  Comunicação científica;
ções, por meio de diferentes linguagens, mídias, dêmica, pesquisa realizada ao longo do ensino

Novo Ensino Médio – Caderno 1


tecnologias digitais de informação e comunicação médio relacionada à Física, utilizando inclusive
(TDIC), de modo a participar e/ou promover deba- as TDIC;
tes em torno de temas científicos e/ou tecnológi-
cos de relevância sociocultural e ambiental. QUÍMICA ü 
Comunicar para a comunidade escolar e aca- ü  Comunicação científica;
dêmica, pesquisa realizada ao longo do ensino
médio relacionada à Química, utilizando inclu-
sive as TDIC;

Unidade temática: Vida, Terra e Cosmos

Competência específica 2: Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funciona-
mento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT203) Avaliar e prever efeitos de inter- BIOLOGIA ü 


Prever as consequências da exposição às ra- ü  Energia e matéria nos ecossistemas;
venções nos ecossistemas, e seus impactos nos diações em função do tempo de exposição; ü 
Ciclos Biogeoquímicos;
seres vivos e no corpo humano, com base nos ü 
Reconhecer os diferentes níveis tróficos ocu-
mecanismos de manutenção da vida, nos ciclos pados pelos seres vivos a partir da análise de
da matéria e nas transformações e transferências situações-problema envolvendo o ecossiste-
de energia, utilizando representações e simula- ma regional e esquemas (cadeias e teias ali-
ções sobre tais fatores, com ou sem o uso de mentares; pirâmides tróficas);
dispositivos e aplicativos digitais (como softwares ü 
Identificar as substâncias químicas essenciais
de simulação e de realidade virtual, entre outros). para a manutenção da vida na Terra e suas
transformações em ciclos biogeoquímicos;
ü 
Analisar ciclos biogeoquímicos da matéria para
relacionar os impactos da poluição no equilí-
brio que rege esses ciclos;
FÍSICA ü 
Avaliar a utilização de radiações em diferen- ü 
Ondas eletromagnéticas;
tes tecnologias, equipamentos para exames
médicos, estética e de uso cotidiano, como o
celular
(EM13CNT205) Interpretar resultados e realizar BIOLOGIA ü 
Aplicar cálculos de variáveis populacionais ü  Dinâmica de populações;
previsões sobre atividades experimentais, fenô- (densidade populacional, distribuição espacial,
menos naturais e processos tecnológicos, com taxas de crescimento, natalidade e mortalida-
base nas noções de probabilidade e incerteza, re- de) na resolução de situações-problema;
conhecendo os limites explicativos das ciências. ü 
Formulação de hipóteses sobre causas e con-
sequências de fenômenos;
QUÍMICA ü 
Identificar os fatores que interferem na ocor- ü 
Cinética Química;
rência e na velocidade das transformações
químicas;
ü Relacionar observações qualitativas de trans-
formações químicas com dados quantitativos
obtidos por meio de experimentos;
(EM13CNT206) Discutir a importância da preser- BIOLOGIA ü 
Descrever e comparar causas e consequên- ü  Problemas ambientais mundiais e políticas
vação e conservação da biodiversidade, conside- cias dos problemas ambientais mundiais (mu- ambientais para a sustentabilidade;
rando parâmetros qualitativos e quantitativos, e danças climáticas, chuva ácida, inversão térmi-
avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ca, erosão e eutrofização);
ambientais para a garantia da sustentabilidade do ü 
Reconhecer a importância das políticas am-
planeta. bientais e do desenvolvimento sustentável (di-
mensões ecológica, econômica e social);
ü 
Analisar dados sobre qualidade do solo, da
água e do ar para definir quais níveis de po-
luentes são aceitáveis segundo as políticas
ambientais brasileiras;
FÍSICA ü 
Relacionar o nível da refração com a qualidade ü 
Refração;
da água;
ü 
Organizar um experimento para avaliar a inten-
sidade da luz antes e depois de atravessar um
líquido;
ü 
Estimar a interferência do líquido na refração
da luz incidente por meio de comparações;
QUÍMICA ü 
Apresentar a visão dos problemas ambientais ü 
Química ambiental;
importantes e suas consequências ao ambien-

Currículo do Piauí 2021


te e à saúde humana mostrando as formas
para minimizar esses impactos na sociedade;

265
266
(EM13CNT209) Analisar a evolução estelar as- BIOLOGIA ü 
Formular argumentos a partir da análise e co- ü 
Exobiologia;
sociando-a aos modelos de origem e distribui- leta de dados em textos, vídeos, simuladores
ção dos elementos químicos no Universo, com- virtuais e experimentos sobre temas da exo-
preendendo suas relações com as condições biologia;
necessárias ao surgimento de sistemas solares FÍSICA ü 
Analisar o processo de combinação de dois Fusão Nuclear;
e planetários, suas estruturas e composições e núcleos atômicos para a formação de um novo
as possibilidades de existência de vida, utilizando elemento e reconhecer a liberação de grande
representações e simulações, com ou sem o uso quantidade de energia;
de dispositivos e aplicativos digitais (como soft-
QUÍMICA ü 
Analisar o processo de combinação de dois ü  Fusão Nuclear;
wares de simulação e de realidade virtual, entre

Novo Ensino Médio – Caderno 1


núcleos atômicos para a formação de um novo ü 
Química nuclear;
outros).
elemento e reconhecer a liberação de grande
quantidade de energia;
ü 
Explicar a formação de novos elementos por
meio da dinâmica das transformações nuclea-
res do átomo;
Competência específica 3: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedi-
mentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CNT303) Interpretar textos de divulgação BIOLOGIA ü 


Discutir: periódicos, artigos científicos, sites, ü 
Divulgação Científica;
científica que tratem de temáticas das Ciências dissertações de mestrado, teses de doutora-
da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, do, artigos científicos, resenhas, dentre outros
considerando a apresentação dos dados, tanto manuscritos que “populariza a ciência”, ou
na forma de textos como em equações, gráficos seja, difundir o conhecimento científico, que
e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a transmitem assim diversas informações de
coerência das conclusões, visando construir es- valor indiscutível nos principais objetos de co-
tratégias de seleção de fontes confiáveis de in- nhecimento do componente Biologia;
formações. FÍSICA ü 
Ler e interpretar textos de divulgação científica ü 
Textos de divulgação científica;
relacionados à Física, de forma a compreender ü  Geração de energia elétrica;
os dados e as informações apresentadas, seja ü  Desenvolvimento de novas tecnologias;
em gráficos ou tabelas. Identificando, através
de embasamento teórico, possíveis contradi-
ções durante a análise de textos e/ou vídeos
com informações científicas;
QUÍMICA ü 
Desenvolver o senso crítico sobre a confia- ü 
Fontes confiáveis e relevantes;
bilidade de uma informação, identificando, ü 
Reportagem e artigo científico;
através de embasamento teórico, possíveis ü 
Saúde e bem-estar;
contradições durante a análise de textos e/ou ü 
Educação ambiental, sustentabilidade e
vídeos com informações científicas; preservação da biodiversidade;
ü 
Uso de novas tecnologias;
(EM13CNT306) Avaliar os riscos envolvidos em BIOLOGIA ü 
Classificar estes equipamentos de ( EPI’s e ü Equipamentos de Segurança Individual. –
atividades cotidianas, aplicando conhecimentos EPC’s ) utilizados para evitar danos à saúde EPI E Equipamentos de Proteção Coletiva
das Ciências da Natureza, para justificar o uso de e à vida desse funcionário e nos espaços co- – EPC’s;
equipamentos e recursos, bem como comporta- letivos que circulam pessoas e destacá-los,
mentos de segurança, visando à integridade físi- como: os cones, fitas e placas de sinalização,
ca, individual e coletiva, e socioambiental, poden- alarmes, plataformas, grades e dispositivos de
do fazer uso de dispositivos e aplicativos digitais bloqueio, barreiras contra luminosidade e ra-
que viabilizem a estruturação de simulações de diação, exaustores, corrimão, etc;
tais riscos.
(EM13CNT308) Investigar e analisar o funciona- BIOLOGIA ü 
Relatar sobre a Política Nacional de Resíduos ü Lixo eletrônico;
mento de equipamentos elétricos e/ou eletrôni- Sólidos (PNRS), a logística reversa é caracte- ü 
Logística reversa;
cos e sistemas de automação para compreender rizada a viabilizar a coleta e a restituição dos
as tecnologias contemporâneas e avaliar seus im- resíduos sólidos ao setor empresarial, para
pactos sociais, culturais e ambientais. reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada;
FÍSICA ü 
Investigar o princípio de funcionamento dos ü 
Equipamentos elétricos e eletrônicos;
equipamentos elétricos/eletrônicos, assim ü  Componentes eletrônicos;
como os componentes que os compõem, para ü  Sistemas de automação;
propor a reutilização desses componentes na
aplicação de projetos sustentáveis;
ü 
Analisar os processos de automatização,
como prototipagem e internet das coisas e o
seu impacto social, cultural e ambiental;
QUÍMICA ü 
Reconhecer os principais tipos de exames clí- ü 
Exames e diagnósticos;
nicos e quais os processos biológicos e quí-
mico-físicos aplicados à obtenção de diagnós-
ticos;
ü 
Identificar a composição de materiais utiliza- ü 
Uso e descarte consciente de equipamen-
dos em componentes eletrônicos, analisar a tos eletrônicos;

Currículo do Piauí 2021


toxicidade das substâncias em questão e pro-
por possibilidades de descarte adequadas;

267
268
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de BIOLOGIA ü 
Descrever as principais doenças endêmicas ü 
Introdução a parasitologia;
programas de infraestrutura e demais serviços do Piauí, identificando os principais agentes ü 
Vírus;
básicos (saneamento, energia elétrica, transpor- etiológicos, os principais mecanismos de pro- ü 
Epidemia, endemia e pandemias;
te, telecomunicações, cobertura vacinal, atendi- filaxia e a relação das endemias com a condi- ü 
Doenças Endêmicas no Piauí;
mento primário à saúde e produção de alimentos, ção de vida dos cidadãos; ü 
Programas de imunização, prevenção e
entre outros) e identificar necessidades locais e/ ü 
Propor melhorias nas condições de combate tratamento de doenças;

Novo Ensino Médio – Caderno 1


ou regionais em relação a esses serviços, a fim às doenças endêmicas do Piauí;
de avaliar e/ou promover ações que contribuam ü 
Identificar os mecanismos de imunidade do
para a melhoria na qualidade de vida e nas condi- organismo humano;
ções de saúde da população. ü 
Reconhecer a importância da higiene pessoal
e saneamento básico;
ü 
Propor meios de conscientização da preven-
ção de doenças;
FÍSICA ü 
Avaliar o rendimento e custo de energia elétri- ü 
Usinas de energia elétrica: eficiência e
ca na fonte de produção; custo;
ü 
Identificar os principais meios de comunicação ü Meios de telecomunicações;
em massa e quais os princípios físicos envolvi-
dos na transferência de dados;
QUÍMICA ü 
Identificar e analisar as principais formas de ü 
Tratamento de água e esgoto;
tratamento de água e esgoto aplicadas a sua ü 
Processos de separação de misturas;
região; ü 
Custos dos processos de tratamento de
ü 
Reconhecer a importância ambiental do trata- água e esgoto;
mento de água e do consumo consciente da ü 
Defensivos agrícolas;
água potável; ü 
Toxicidade dos agroquímicos;
ü 
Debater sobre os benefícios e riscos do uso
de defensivos agrícolas autorizados para uso
nas lavouras;
ü 
Analisar informações sobre a toxicologia dos
produtos químicos, através da identificação e
classificação dos defensivos agrícolas;
Referências

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270 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Área de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
1 Parte Comum do Currículo Alinhado à
BNCC e a DCN do Ensino Médio

A Base Nacional Comum Curricular – BNCC cias Humanas e Sociais Aplicadas está organi-
é essencial no processo de transformação da zada por competências e habilidades, em uma
educação brasileira, por isso a reconstrução do perspectiva da educação integral, compreen-
currículo estadual do Piauí é um procedimento dendo os seguintes componentes curriculares:
necessário, considerando que a educação se Filosofia, Geografia, História e Sociologia. Tem
insere em um contexto que se modifica rapi- como objetivo
damente e que comporta uma grande diversi-
dade de realidades. […] propiciar aos alunos a capacidade de inter-
pretar o mundo, de compreender processos e
Entende-se por Currículo um conjunto de con- fenômenos sociais, políticos e culturais e de
cepções, de saberes, de práticas, processos e atuar de forma ética, responsável e autônoma
métodos de ensino, aprendizagem e de avalia- diante de fenômenos sociais e naturais. (BNCC,
ção orientados pelas redes de ensino. Nessa 2018, p. 356)
perspectiva o currículo do Piauí adequar-se-á
à BNCC enquanto documento norteador, com Os objetos do conhecimento, anteriormente
vistas à materialização dos conceitos e proce- denomindados de “conteúdos” dos compo-
dimentos nela presentes, buscando ajustar-se nentes curriculares, serão desenvolvidos no
ao contexto local e regional. Ensino Médio a partir de uma abordagem in-
terdisciplinar, integradora e contextualizada,
Conforme a Base Nacional Comum Curricular, com vista a aprendizagens significativas. Para
o Currículo do Ensino Médio será composto garantir a flexibilidade na construção dos cur-
pela indissociabilidade entre conhecimentos rículos e abordagens pedagógicas, a etapa do
comuns previstos na Formação Geral Básica e ensino médio apresenta competências e habi-
pela parte diversificada, esta composta pelos lidades sem indicarem a seriação. Cabe notar
Itinerários Formativos que compreende Proje- que pela lei no 13.415 aLíngua Portuguesa e
to de Vida, Trilhas de aprendizagem e eletivas. Matemática são os únicos componentes que
Os itinerários formativos são o conjunto de uni- precisam estar presentes nos três anos do En-
dades curriculares que serão ofertadas pelas sino Médio, por isso a base traz habilidades
escolas e redes de ensino que possibilitam ao específicas para estes componentes.
estudante aprofundar seus conhecimentos e
se prepararem para um projeto de vida que os Decorrente destas mudanças estruturais, na
direcionem no prosseguimento dos estudos e/ parte da Formação Geral Básica consta uma
ou para o mundo do trabalho. redução de carga horária proposta pela BNCC
(2018) na área de Ciências Humanas e Sociais
Diferente do Ensino Fundamental, a BNCC or- Aplicadas e na área de Ciências da Natureza
ganiza as aprendizagens do Ensino Médio em e suas tecnologias. Contudo, o Currículo do
quatro áreas do conhecimento, estimulando Piauí reforça a visão de área do conhecimen-
assim a interdisciplinaridade. A área de Ciên- to, como é proposto pela BNCC (2018), mas

Currículo do Piauí 2021 273


garante as aprendizagens dos quatro compo- longo da Educação Básica, nos diferentes co-
nentes (Filosofia, Geografia, História e Sociolo- textos escolares deve garantir a “formação
gia), que deverão ser trabalhados baseados na humana integral e à construção de uma socie-
construção de saberes, valores e habilidades, dade justa, democrática e inclusiva” (BNCC,
numa perspectiva holística. 2018, p. 9). No Enisno Médio os estudantes
deverão consolidar, aprofundar e ampliar a for-
Tendo a preocupação em fortalecer o pensa- mação iniciada no ensino fundamental, aperfei-
mento crítico entre os educandos, no Piauí, çoar a capacidade de relacionar teoria e prática
a presença dos componentes de Sociologia e, desenvolver conhecimentos que favoreçam
e Filosofia estão garantidos por meio da Lei a reflexão sobre seu projeto de vida para que
no5.253/2002 que torna obrigatório o ensi- façam escolhas presentes e futuras, condizen-
no destas em todos os estabelecimentos de tes com seus objetivos pessoais, profissionais
educação de nível médio do Estado. Filosofia e sociais.
e Sociologia têm uma contribuição necessária
para os estudantes refletirem a sua condição Deste modo, espera-se que a BNCC na área
enquanto indivíduos, aderindo e tendo porosi- de Ciências Humanas e Sociais ajude a superar
dade ao conhecimento escolar e acadêmico, a fragmentação do conhecimento da realidade
sistematizados na escola. Assim, o Currículo educacional, de modo a suplantar os desafios
do Piauí compreendendo a importância dos provenientes dessa realidade e assim, fortale-
referidos componentes para formação do pen- cer o regime de colaboração entre União, Esta-
sar, para o desenvolvimento do senso crítico e dos e Municípios. O foco dessa conjunção é a
da autonomia, essenciais para formação crítica qualidade, igualdade e equidade na educação.
e social dos jovens e adultos, contempla-os, Por isso, ela é tão importante para quebrar as
tanto na Formação Geral Básica, quanto nas barreiras da fragmentação, pois, busca articu-
trilhas de aprendizagem. O ensino religioso lar os conhecimentos locais e regionais ao na-
está integrado nesta área como componente cional, por meio de um trabalho interdisciplinar
eletivo, pois se torna importante para reforçar e transdisciplinar que possibilite o planejamen-
as competências socioemocionais dos edu- to e desenvolvimento de práticas educativas
candos. articulados entre os componentes da área de
humanas, e entre esta com as demais áreas.
No Ensino Médio as aprendizagens são ex-
pressas sob a forma de competências, sendo Assim, o papel de Ciências Humanas é am-
a competência, conforme definição da BNCC, pliar o campo de conhecimento do que e
como a mobilização de conhecimentos (con- como ensinar e aprender com solidariedade,
ceitos e procedimentos), habilidades (práticas, autonomia, postura crítica, liberdade de pensa-
cognitivas e socioemocionais), atitudes e valo- mento e escolha, reconhecendo as diferenças,
res para resolver demandas complexas da vida a diversidade e os direitos humanos. Contudo,
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do sem deixar de abordar também os temas que
mundo do trabalho (BNCC, 2018, p. 8). Portan- afetam a vida humana em escala local, regional
to, representam a capacidade dos estudantes e global, denominados temas transversais con-
de mobilizar, articular e integrar conhecimen- temporâneos, que devem perpassar por todas
tos, habilidades, atitudes e valores, devendo as áreas de forma integradora e contextualiza-
os estudantes saberem e, sobretudo, saber da, de modo a propiciar a problematização da
fazer com que aprenderam. sociedade nas diversas dimensões.

Nesta perspectiva, o conjunto de aprendiza- A proposta da BNCC, que norteia esse currícu-
gens essenciais a serem desenvolvidas ao lo, é que as dez competências sejam desenvol-

274 Novo Ensino Médio – Caderno 1


vidas de forma inter-relacionadas e articuladas, Nessa direção, a equipe de coordenadores, re-
com vista a construção de conhecimentos e datores e colaboradores da área de Ciências
saberes a serem mobilizados e aplicados con- Humanas e Sociais Aplicadas acredita que a
forme a realidade do estudante e suas pos- implementação do currículo alinhado à BNCC
sibilidades. Tal perspectiva visa a formação é um ponto fundamental para direcionar uma
integral do estudante e, para isso, considera proposta curricular que atenda os anseios so-
o desenvolvimento humano global, que com- ciais, econômicos, políticos e culturais do Es-
preenda o sujeito na sua dimensão complexa tado do Piauí e contribua efetivamente para o
cognitiva e afetiva, com suas singularidades e fortalecimento da qualidade do ensino da Rede
diversidades. Estadual.

Currículo do Piauí 2021 275


2 Interface entre o Ensino Fundamental e
Médio na Área de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas

A área de Ciências Humanas e Sociais Apli- xidade, sobretudo devido à necessidade de se


cadas apresenta uma especificidade em rela- apropriarem das diferentes lógicas de organiza-
ção a progressão de aprendizagens, uma vez ção dos conhecimentos relacionados às áreas.
que os componentes de Sociologia e Filosofia Tendo em vista essa maior especialização, é
e seus objetos do conhecimento se apresen- importante, nos vários componentes curricula-
tam pela primeira vez nesta interface Ensino res, retomar e ressignificar as aprendizagens do
Fundamental e Ensino Médio. Nesse sentido, Ensino Fundamental no contexto das diferen-
as habilidades da área apresentam uma pro- tes áreas, visando ao aprofundamento e à am-
gressão do conhecimento pela consolidação, pliação de repertórios dos estudantes. Nesse
aprofundamento a ampliação de conhecimen- sentido, também é importante fortalecer a au-
tos previstos para o Ensino Fundamental, de- tonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes
senvolvidos nos componentes de História e condições e ferramentas para acessar e intera-
Geografia. Essa ampliação deve ocorrer com gir criticamente com diferentes conhecimentos
aprofundamento do potencial cognitivo dos e fontes de informação. (BRASIL, 2018, p. 60)
estudantes, com a extensão do acervo con-
ceitual e de sua capacidade de estabelecer Nessa perspectiva, no concernente à etapa do
abstrações e correlações entre informações e Ensino Fundamental, a área de Ciências Huma-
conhecimentos do mundo real articulados aos nas e Sociais Aplicadas traz as aprendizagens
intelectuais. fundamentais organizadas em quatro unidades
temáticas, que correspondem a conhecimen-
Com vista a atender a progressão de aprendiza- tos próprios da História e da Geografia, que es-
gens entre as etapas, a matriz da área abarca as tão presentes em todo o Ensino Fundamental,
competências gerais a serem desenvolvidas na são elas: Tempo e Espaço; Territórios e Fron-
educação básica, as competências específicas teiras; Individuo, Natureza, Sociedade, Cultura
da área inter-relacionadas às habilidades. Des- e Ética; e Política e Trabalho. Cada uma delas
sa forma considera os processos cognitivos e pode se estender em outras ou ainda ser ex-
socioemocionais a serem trabalhados nessa ploradas à luz das especificidades regionais, de
etapa, num processo contínuo com as habilida- seu território, da sua história e da sua cultura.
des desenvolvidas no ensino fundamental, vi-
sando assim o desenvolvimento das categorias Com a introdução dos componentes Sociolo-
centrais da área. Neste aspecto, os objetos do gia e Filosofia, a exploração dessas unidades
conhecimento e os objetivos de aprendizagens temáticas sob uma perspectiva mais apro-
indicados proporcionam o aprofundamento das fundada torna-se possível no Ensino Médio,
habilidades com objetivo de alcançar uma for- dada a maior capacidade cognitiva dos jovens,
mação integrada, uma vez que: que lhes permite expandir seu repertório con-
ceitual e sua capacidade de sistematizar in-
Ao longo do Ensino Fundamental, os estudan- formações e conhecimentos. Este exercício
tes se deparam com desafios de maior comple- intelectual proporciona o desenvolvimento das

Currículo do Piauí 2021 277


capacidades de imaginação, estranhamento, No que se refere a unidade temática Tempo
desnaturalização, memória e abstração, permi- e Espaço, estas são categorias elaboradas e
tindo assim, percepções mais elaboradas da analisadas de forma conjunta como forma de
realidade e raciocínios mais complexos. Essa explicar os fenômenos nas Ciências Huma-
interface de conhecimentos possibilita aos nas nos seus mais variados componentes, por
estudantes na etapa do ensino médio apro- meio do exercício de análise de fatos que ocor-
fundarem reflexões, discussões e práticas já rem em situações específicas, seus processos
iniciadas no ensino fundamental: de transformação e manutenção de estruturas
sociais e políticas. Na etapa do Ensino Médio,
As Ciências Humanas devem, assim, estimu- os estudantes devem adentrar em reflexões
lar uma formação ética, elemento fundamental que exigem uma maior articulação de conhe-
para a formação das novas gerações, auxiliando cimentos já desenvolvidos e exercitados no
os alunos a construir um sentido de responsa- ensino fundamental, que constituiu:
bilidade para valorizar: os direitos humanos; o
respeito ao ambiente e à própria coletividade; […] o raciocínio espaço-temporal baseia-se na
o fortalecimento de valores sociais, tais como ideia de que o ser humano produz o espaço em
a solidariedade, a participação e o protagonis- que vive, apropriando-se dele em determinada
mo voltados para o bem comum; e, sobretudo, circunstância histórica. A capacidade de iden-
a preocupação com as desigualdades sociais tificação dessa circunstância impõe-se como
(BNCC, 2018, p. 354). condição para que o ser humano compreenda,
interprete e avalie os significados das ações rea-
Com isto, a BNCC da área de Ciências Huma- lizadas no passado ou no presente, o que o torna
nas e Sociais Aplicadas pressupõe que sejam responsável tanto pelo saber produzido quanto
destacadas as aprendizagens dos estudantes pelo controle dos fenômenos naturais e históri-
no ensino médio referentes ao diálogo com o cos dos quais é agente. (BRASIL, 2018, p. 355).
outro e com novas tecnologias, que propicie o
protagonismo juvenil para que sejam capazes As noções de Tempo e Espaço devem ultra-
de articular categorias do pensamento históri- passar a perspectiva cronológica do Ensino
co, sociológico, geográfico e filosófico frente a Fundamental adquirindo outros pontos de vis-
suas vivências cotidianas. Bem como mobilizar ta como aspectos simbólicos e abstratos, e
múltiplas linguagens, reconhecer o trabalho de como as diferentes sociedades interpretam a
campo, buscar as diversas fontes de informa- categoria tempo em espaços distintos no En-
ções e engajar-se em práticas cooperativas, sino Médio. A categoria espaço atravessa o
para a elaboração e solução de problemas. exercício de análise, compreensão, leitura e
Para isso: produção de mapas, para a construção de uma
compreensão mais ampla sobre a constituição
[…] os conhecimentos específicos na área de de espaços em suas dimensões histórica, geo-
Ciências Humanas exigem clareza na definição gráfica, social e cultural. Essa abordagem dire-
de um conjunto de objetos de conhecimento ciona a compreensão do espaço a partir das
que favoreçam o desenvolvimento de habilida- interações que se estabelecem entre o lugar, o
des e que aprimorem a capacidade de os alunos social e o cultural.
pensarem diferentes culturas e sociedades, em
seus tempos históricos, territórios e paisagens As categorias Território e Fronteira, por sua
(compreendendo melhor o Brasil, sua diversida- vez, têm ampla utilização nas ciências huma-
de regional e territorial). E também que os le- nas e sociais. São trabalhadas com vista a
vem a refletir sobre sua inserção singular e res- desenvolver nos estudantes o entendimento
ponsável na história da sua família, comunidade, sobre a ideia de lugar, região, limites políticos
nação e mundo. (BNCC, 2018, p. 354). e administrativos de cidades, estados e paí-

278 Novo Ensino Médio – Caderno 1


ses, representando ferramentas de raciocínio pressupõe a compreensão da importância dos
da organização da sociedade. Assim como a direitos humanos e de se aderir a eles de forma
cultura de um povo que define seus limites e ativa no cotidiano, a identificação do bem co-
organização social. mum e o estímulo ao respeito e ao acolhimento,
as diferenças entre pessoas e povos, tendo em
No ensino médio os estudos dessas catego- vista a promoção do convívio social e o respeito
rias devem proporcionar aos estudantes a universal às pessoas, ao bem público e a coleti-
compreensão sobre “os processos identitários vidade. (BNCC, 2018, p. 567).
marcados por territorialidades e fronteiras”,
em conflitos de diversas origens, compreen- Indagar sobre si para indagar sobre o outro
dendo-os como marcados por comportamen- constitui uma capacidade pertinente a forma-
tos preponderantemente construídos em um ção de sujeitos protagonistas, que deve ser
contexto histórico perpassado de conflitos, provocada nos estudantes no processo de de-
lutas de classe e do fazer rotineiro. O aprofun- senvolvimento da ação ética frente a realidade
damento das categorias Território e Fronteira social e virtual, estabelecida por uma multipli-
desperta a curiosidade dos estudantes quanto cidade cultural. Estimular uma formação ética
ao seu lugar no mundo, a capacidade de trans- pautada em princípios que visem o desenvol-
formação de suas ações e da realidade que o vimento dos estudantes apresenta-se como a
circunda, ao mesmo tempo aproximando e re- proposta das ciências humanas, possibilitando
conhecendo diferenças. a estes construir a noção de responsabilidade
com vista a reconhecer o respeito a si, ao ou-
No que tange às categorias Indivíduo, Natureza, tro, à coletividade e ao meio ambiente.
Sociedade, Cultura e Ética o foco apresenta-se
nos princípios de pertencimento e identidade E por fim, as categorias Política e Trabalho, que
analisados conforme o contexto sociocultural no ensino fundamental são trabalhadas com a
e espacial dos estudantes, em busca da iden- proposta de desenvolver nos estudantes a ca-
tificação das diferenças e semelhanças de es- pacidade de percepção das múltiplas ativida-
paços que lhes são familiares, como também, des econômicas e políticas desenvolvidas no
de sociedades e populações com as mais va- âmbito social em que está inserido, No Ensino
riadas características socioculturais. Tenciona- Médio são abordadas na aspecto do contraste
-se provocar nos estudantes do ensino médio presente em atividades desenvolvidas no cam-
a construção de sua identidade na interação po e em áreas urbanas; compreendendo as
com o outro. O aprofundamento dessas cate- mudanças que a tecnologia acarreta ao setor
gorias acontece nesta etapa, com o exercício produtivo e nas relações de produção; as trans-
reflexivo de deslocamento de um determinado formações ocorridas nas relações entre os in-
ponto de vista, para outras perspectivas. En- divíduos, no mundo do trabalho, e na aquisição
tendendo que, para a formação da juventude e efetivação dos direitos dos trabalhadores no
é necessário o reconhecimento da necessida- Brasil e no mundo. Nesse aspecto visa situar
de de discussões políticas, para romper com os estudantes na dinâmica social contempo-
posturas etnocêntricas e de preconceito como rânea, inter-relacionadas com a competência
base para avaliação do outro. Nesse sentido a geral do trabalho e projeto de vida, leva-os a
BNCC (2018) ressalta; compreensão das relações próprias do mundo
do trabalho e os auxiliam nas escolhas alinha-
[…] o entrelaçamento entre questoes sociais, das ao exercício da cidadania e ao seu projeto
culturais e individuais permite aprofundar, no de vida, por meio de uma abordagem pedagó-
Ensino Médio, a discussao sobre a ética. Para gica que respeita as culturas juvenis.
tanto, os estudantes devem dialogar sobre no-
ções básicas como o respeito, a convivéncia e O exercício dessas categorias no ensino médio
o bem comum em situações concretas. A ética deve oportunizar aos estudantes uma análise e

Currículo do Piauí 2021 279


compreensão mais aprofundada sobre os papéis no médio propõe, a partir de suas categorias,
dos diferentes sujeitos e grupos sociais e suas competências, habilidades, objetos e objetivos
formas de participação política, identificando os do conhecimento, o desenvolvimento de uma
projetos políticos e econômicos desenvolvidos reflexão da área pautada na ética e construção
pelos sistemas e governos nas diferentes socie- do senso crítico na vida do estudante. Tencio-
dades. O desenvolvimento da sensibilidade, da nando a formação de um cidadão consciente
autocrítica e da criatividade devem ser provoca- capaz de conceber seu papel na sociedade e
dos nos estudantes, com o objetivo de despertar a sua contribuição no que diz respeito a trans-
um novo olhar sobre as múltiplas perspectivas formação de uma sociedade mais justa e sus-
de mundo e o convívio com a diferença. Tais prá- tentável. Desta maneira, proporcionando um
ticas resultam em ganhos significativos para os amplo desenvolvimento das potencialidades
estudantes no que diz respeito a autonomia na dos estudantes para além da perspectiva volta-
resolução de problemas e o compromisso com da meramente ao trabalho produtivo, ofertan-
práticas que visam a ética, a liberdade, a justiça, do uma formação que esteja sintonizada com
a solidariedade e sustentabilidade. seus percursos e histórias, dando-lhes oportu-
nidades de definir suas escolhas em relação
Nessa perspectiva, a área de Ciências Hu- aos estudos, trabalho, e estilos de vida saudá-
manas e Sociais Aplicadas na etapa do ensi- veis, sustentáveis e éticos.

280 Novo Ensino Médio – Caderno 1


3 Componentes Curriculares

A área de Ciências Humanas e sociais aplicadas instabilidades. Sardá (2018) ressalta que a pre-
tem por objetivo o estudo dos seres humanos sença da filosofia nos currículos escolares, ao
em suas múltiplas dimensões; filosóficas, geo- longo do tempo, no nosso país, pode ser anali-
gráficas, históricas e sociológicas. Partindo desta sada em três momentos. O primeiro é caracte-
perspectiva, a área é integrada pelos componen- rizado pela presença obrigatória nos currículos.
tes de Filosofia, Geografia, História e Sociologia, O segundo momento caracteriza-se por uma
onde cada um contribui com suas especificida- presença indefinida, da Primeira República até
des para consolidação da aprendizagem na área o Golpe Civil Militar de 1964. No período pos-
de humanidades. Assim, a Filosofia trata do ser terior a 1930, o sistema educacional brasileiro
humano e dos paradigmas; a Geografia traba- foi marcado por algumas reformas – Francisco
lha as relações de sociedade e natureza sempre Campos em 1932 e Gustavo Capanema em
em uma perspectiva crítica, autoral e reflexiva; 1942 –, ambas reestruturam o ensino secun-
a História trabalha os processos e dinâmicas de dário garantindo a obrigatoriedade do ensino
diferentes tempos, espaços e sociedades; e a de filosofia. O terceiro período se caracteriza
Sociologia trata das instituições e dos grupos pela ausência definida da filosofia no ensino
sociais, buscando desenvolver o protagonismo médio e corresponde ao período ditatorial.
dos indivíduos como seres coletivos.
Contudo, é importante lembrar que já nos anos
O conhecimento promovido pelo conhecimen- de 1961, com a lei 4.024/61, a filosofia deixava
to com conceitos, práticas e narrativas próprias de ser disciplina obrigatória para ser comple-
de cada componente leva os estudantes a des- mentar, e no ano de 1971, com a Lei 5.692/71
naturalizar seu cotidiano e, assim, conduzir a a filosofia é oficialmente extinta dos currículos
percepção de uma interculturalidade-espaço- escolares. Com o processo de redemocratiza-
-temporal de experiências, normas de convívio, ção do país, a filosofia aos poucos foi retornan-
condutas e papéis sociais necessários para a do ao sistema educativo brasileiro. Em 1982, já
vida em sociedade, de forma a contribuir para no final da ditadura militar o parecer 7.044/82
formação integral e cidadã dos estudantes. do Conselho Federal de Educação abre a pos-
sibilidade do retorno da filosofia aos currículos
Com fito de ressaltar a contribuição de cada do Ensino Médio e nos anos de 1990, com a
componente para a área, a seguir é feita a nova Lei de Diretrizes Bases da Educação Lei
apresentação destes e de suas abordagens 9.394/96, a filosofia é apresentada como um
específicas. conhecimento a ser dominado pelos estudan-
tes, mas não como uma disciplina.

3.1 Filosofia De acordo com Luz e Santos (2012) no ano de


1999, o Conselho Nacional Educação sugeriu
Historicamente o ensino de Filosofia no Brasil, a reintrodução da disciplina de filosofia no En-
conforme Daniela Sardá (2018) é marcado por sino Médio como um tema transversal, sem

Currículo do Piauí 2021 281


uma sistematização dos seus conteúdos nem Outrossim, ressalta-se a importância da filo-
mesmo uma análise de como esses conteú- sofia nos currículos escolares não apenas por
dos deveriam se articular com outras áreas do uma exigência da lei, mas, sobretudo porque o:
conhecimento. O que ocasionou, durante a dé-
cada de 1990 e início dos anos 2000, o ensino Ensino da filosofia no ensino médio, se afirma
de filosofia no ensino médio como algo com- como um saber capaz de provocar uma interre-
plexo e irreal sem conexão com a vida prática. lação entre as áreas do conhecimento, inquie-
tações, reflexões e mudanças necessárias para
Com a promulgação da Lei 11.684, de 02 de a construção da autonomia do educando (LUZ;
junho de 2008 o ensino de filosofia assume o SANTOS, 2012, p.313).
caráter de obrigatoriedade em todas as séries
do Ensino Médio em todo o país. Entretanto, O ensino da filosofia se coaduna com o que
em 2017 com publicação da Medida Provisória preconiza a BNCC, pois a área de Ciências Hu-
de número 746 que cria o “Novo Ensino Mé- manas Sociais Aplicadas, propõe a ampliação
dio”, mais uma vez foi alterado o modo como dos conhecimentos essenciais desenvolvidos
o ensino de filosofia vinha sendo concebido. no Ensino Fundamental. Conhecimentos estes
que se concentram no processo de tomada de
No Estado do Piauí, em 1999, a disciplina foi in- consciência do indivíduo, do próximo e da co-
serida no ensino médio, por orientação do Con- letividade, das diferenças em relação ao outro,
selho Estadual de Educação (SEED/PI). A partir bem como das mais diversas formas de orga-
de 2000, a disciplina passou a constar como nizações, sempre orientado para uma educa-
disciplina obrigatória na matriz curricular do en-
ção ética. Nesse sentido, a ética é entendida:
sino médio das escolas públicas estaduais.
[…] como juízo de apreciação da conduta huma-
O ensino da Filosofia como componente cur-
na, necessária para o viver em sociedade, e em
ricular no Ensino Médio, conforme propõe
cujas bases destacam-se as ideias de justiça,
a Base Nacional Curricular Comum – BNCC,
solidariedade e livre-arbítrio, essa proposta tem
demonstra a necessidade do desenvolvimento
como fundamento a compreensão e o reconhe-
de um Ser ético e crítico, capaz de interagir
cimento das diferenças, o respeito aos direitos
com a sociedade, com as pessoas (o outro),
com os grupos sociais, com o conhecimento e humanos e à interculturalidade, e o combate aos
consigo mesmo, bem como desenvolver com- preconceitos (Brasil, 2018, p. 547).
petências e habilidades que possam funda-
Ainda de acordo com o que preconiza a BNCC,
mentar e orientar o convívio humano em suas
diversas realidades que se apresentam na con- nesta etapa formativa que é o Ensino Médio,
temporaneidade. O mesmo torna-se indispen- a Filosofia deverá contribuir para o desenvol-
sável por desenvolver o pensamento crítico, vimento das capacidades de observação e
autônomo e transformador, que possibilita ao abstração, permitindo ao jovens percepções
jovem vivenciar processos individuais e cole- mais acuradas da realidade, além de um do-
tivos de emancipação com vistas a construir mínio maior sobre as diferentes linguagens, fa-
uma sociedade mais justa e inclusiva. vorecendo assim o processo de simbolização
e abstração. Dessa forma, os jovens poderão
Além de outros conhecimentos,a filosofia fun- construir suas próprias hipóteses e elaborar
damentará a compreensão das mais diversas seus argumentos, como preconiza a BNCC:
realidades, bem como orientará o desenvolvi-
mento crítico e necessário ao exercício da au- a elaboração de uma hipótese é o primeiro pas-
tonomia, para que o educando seja capaz de so para o diálogo, que pressupõe sempre o direi-
interagir e transformar os desafios a eles apre- to ao contraditório. É por meio do diálogo que os
sentados (LUZ; SANTOS, 2012). estudantes ampliam sua percepção crítica tanto

282 Novo Ensino Médio – Caderno 1


em relação à produção científica quanto às infor- a presença da Filosofia no currículo do Ensino
mações que circulam nas mídias, colocando em Médio torna-se essencial devido sua capaci-
prática a dúvida sistemática, elemento essen- dade formativa de proporcionar aos indivíduos
cial para o aprimoramento da conduta humana processos de formação da cidadania e aquisi-
(BRASIL, 2018, p. 548). ção de autonomia crítica.

A filosofia enquanto disciplina contribui de for-


ma significativa para a realização plena da fina- 3.2 Geografia
lidade do Ensino Médio, expressa no Inciso III
do artigo 35 da LDB, que é “o aprimoramento A Geografia escolar, ensinada na sala de aula,
do educando como pessoa humana, incluindo sobretudo nas últimas décadas tem buscado
a formação ética e o desenvolvimento da au- uma aprendizagem mais significativa. O ensi-
tonomia intelectual e do pensamento crítico”. no de Geografia ao longo do seu processo de
Por esta razão entendemos que: consolidação vem cada vez mais aproximar os
conteúdos escolares aos cotidianos dos estu-
A Filosofia deve ter lugar no currículo escolar ofi- dantes. Dessa forma, esse componente curri-
cial em caráter de obrigatoriedade porque ela é cular pode assumir a missão de denunciar as
uma disciplina que contribui para o desenvolvi- contradições existentes na sociedade, tornan-
mento dos indivíduos como sujeitos éticos (…) do o saber fornecido por ele mais útil e atraen-
e como pessoas intelectualmente autônomas te para os jovens.
(…) que estão acostumadas ao empreendimen-
to crítico (…), qualidades que nós estimamos Desde os primórdios do estabelecimento do
por si mesmas, não porque a lei determina, e ensino formal no Brasil até o momento presen-
isso em virtude do modo como somos consti- te, a compreensão das ações do homem no
tuídos, ou seja, humanamente falando […]. As- espaço geográfico e seus reflexos na natureza
sim, é porque nós naturalmente as apreciamos são objetos de estudos da geografia. Portan-
que aquelas qualidades devem ser finalidades a to, estes estudos configuram-se num desafio,
serem atingidas pela escola e, particularmente, tendo em vista a grande extensão territorial
pelo ensino de Filosofia (SILVA, 2011; p. 208). do nosso país, que envolve uma forte variação
dos aspectos naturais, socioeconômicos e cul-
A filosofia enquanto componente curricular, turais.
corrobora no cumprimento da diretriz funda-
mental da LDB (1996) segundo a qual não se Dessa forma, o estabelecimento de parâme-
deve formar apenas para o mundo do traba- tros para construir uma base de conhecimen-
lho, mas para a cidadania. Desta forma, a Fi- tos que consiga abranger toda a diversidade
losofia associada aos demais componentes do território brasileiro, é sem dúvidas uma ba-
de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas fun- talha de estudos constantes. Este é um desa-
damentará a compreensão das mais diversas fio que vem sendo enfrentado desde o século
realidades, bem como orientará o desenvolvi- XIX no Brasil, e recentemente também com a
mento crítico e necessário ao exercício da au- homologação do documento da Base Nacional
tonomia, para que o educando seja capaz de Comum Curricular – BNCC.
interagir e transformar os desafios a eles apre-
sentados. Sabendo-se que um dos principais objetivos da
BNCC é promover mais igualdade e equidade
A construção de sociedades em que cidadãos nos processos educacionais para os estudan-
exerçam plenamente seus direitos e deveres tes, o currículo de Geografia deve ser elabo-
requer a formação do senso público e indivi- rado, obedecendo às características regionais
dual de justiça e participação coletiva. Assim, contemplando aqueles conhecimentos que se

Currículo do Piauí 2021 283


relacionam à realidade dos estudantes. Dessa sociais aplicadas, deve trabalhar através da ob-
forma, estes poderão concluir a educação bá- servância e compreensão das relações de pro-
sica com as aprendizagens necessárias, con- dução, capital e trabalho, à luz da percepção
forme a necessidade e o direito de cada um. dos impactos econômicos e socioambientais,
configurando-se em premissa básica para a
Com a| homologação do documento da BNCC promoção de uma consciência socioambiental,
e, consequentemente, o estabelecimento das essencial para o estabelecimento de atitudes
competências específicas da área de ciências conservacionistas como por exemplo, o con-
humanas, tanto para o ensino fundamental sumo sustentável e ético.
como para o ensino médio, as propostas e dis-
cussões para promover as adaptações neces- A Geografia além de abordar fenômenos diver-
sárias serão mais desafiadoras. sificados, busca fazer uma inter– relação en-
tre eles, trazendo variações de assuntos para
Nessa perspectiva, estão assegurados no pre- o temário geográfico. Ela orienta os princípios
sente currículo aspectos fundamentais acerca éticos, estéticos e políticos que visa uma for-
do território piauiense, que se alinham ao com- mação humana e suas múltiplas dimensões,
ponente de Geografia, a saber: 1) a relevância visando a construção de uma sociedade mais
do estudante do ensino médio em compreen- justa democrática e inclusiva, tendo como pre-
der a pluralidade natural, econômica, política missa uma educação integral que visa o pleno
e sociocultural do Estado; 2) a importância de desenvolvimento do estudante e seu cresci-
analisar e compreender o processo histórico- mento comocidadão.
-evolutivo que culminou com a atual comparti-
mentação dos limites político– administrativos Vale ressaltar ainda que o ensino de geografia
do Piauí, bem como suas atuais disputas por proposto neste documento, deve se conso-
áreas litigiosas com Estados fronteiriços; e lidar a partir do desenvolvimento prático das
3) difundir a amplitude e potencialidade dos competências específicas da área de ciências
acervos paleontológicos e arqueológicos que humanas e sociais aplicadas, levando em con-
o Estado possui, buscando fortalecer entre os sideração a pesquisa e a investigação como
estudantes uma identidaderegional. forma de tornar o estudante protagonista da
produção de conhecimentos.
Tendo como foco o desenvolvimento da ciência
geográfica, a BNCC estabelece para o ensino Destaca-se também neste processo, a leitu-
médio uma relação intrínseca com os demais ra como elemento fundamental. É importante
componentes curriculares que compõem a ressaltar que a leitura referida se caracteriza
área de Ciências Humanas e Sociais aplicadas. como verbal e não verbal, em particular a car-
Além disso, a geografia possui partes signifi- tográfica, que é comum e indispensável na
cativas dos seus objetos do conhecimento que análise dos fenômenos geográficos espaciais
estão estreitamente associados aos da área de e suas espacialidades.
Ciências da Natureza. Não obstante, existem
enfoques bastante pertinentes que também Por fim destaca-se que o ensino de geografia,
perpassam pelas áreas de Linguagens e Ma- assim como dos demais componentes, está
temática e suas tecnologias, o que reforça a inserido em um contexto onde os processos
interdisciplinaridade e importância de ser tra- de comunicação evoluíram de forma significa-
balhada em conjunto com as demais áreas do tiva nas últimas décadas, sobretudo por conta
conhecimento. dos avanços das tecnologias de informação
e comunicação. É a chamada Cultural Digital
O ensino de geografia associado aos demais (uma das dez competências gerais da Base
componentes da Área de Ciências Humanas e Nacional ComumCurricular).

284 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Neste sentido, é indispensável na composição uma aprendizagem efetiva às crianças, jovens
dos Projetos Pedagógicos das escolas, que e adultos.
nortearão o trabalho docente, a compreensão
deste contexto no sentido de que o desenvol- A partir desta contextualização, temos que o
vimento das competências específicas da área ensino de História insere-se no contexto his-
de Ciências Humanas, devem ser estabeleci- tórico educacional brasileiro e vem ao longo
das a partir de um alinhamento com o universo desta trajetória se adequando gradativamen-
cultural digital do qual os estudantes fazem par- te às demandas de sua época, seguindo uma
te, universo este permeado de novas formas trajetória de diferentes percursos quanto aos
de interação multimidiática e multimodal e de objetivos, conteúdos e práticas educacionais.
atuação social em rede, que se realizam de
modo cada vez mais ágil (BRASIL, 2018, p.59). Traçando um rápido retrospecto dos aspectos
metodológicos, o ensino de história no Bra-
sil se estrutura a partir do final do século XIX
3.3 História como disciplina, pautada no estudo dos gran-
des acontecimentos e personagens de desta-
Inserida dentro da História, a educação é um que, embasados no pensamento de Augusto
processo amplamente discutido ao longo do Comte, que lhe empresta o título de História
tempo, principalmente no que diz respeito aos Positivista. Um pouco mais tarde com a criação
seus avanços no ato específico de aprender. do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
Sobre este aspecto em específico, que é o a disciplina é aprimorada metodologicamen-
ato de aprender, o Brasil nos últimos 30 anos te, contudo ainda é direcionada ao estudo das
vem delineando através de debates, projetos, personalidades, seus feitos com propósito de
leis, diretrizes, tratados internacionais, etc. sua construção de um discurso de identidade na-
política educacional, no sentido de garantir o cional.Constituída sob paradigmas metodoló-
alcance do objetivo maior da educação, que é gicos que prevalecia a concepção de História
a aprendizagem por parte dos estudantes, dos eurocêntrica, em que a História do Brasil era
conhecimentos essenciais para a compreen- trabalhada como apêndice da história da civi-
são do mundo à sua volta. Conhecimentos es- lização europeia, focado nos feitos de “gran-
tes que devem traduzir-se na capacidade de des homens” e na pátria, determinante para a
modificar de forma positiva a sociedade. propagação do etnocentrismo que justificava a
superioridade da Europa sobre os demais po-
Neste sentido, destacamos nesta trajetória da vos e nações.
Educação em nosso país os últimos 20 anos
dessa história, com ênfase na Lei de Diretrizes No século XX no Pós Segunda Guerra, com o
e Bases da Educação – LDB, Plano Nacional predomínio da democracia no Ocidente, a His-
de Educação – PNE e por último a Base Na- tória enquanto disciplina escolar passa a ter a
cional Comum Curricular – BNCC (2018) que função de formar o aluno para a cidadania par-
estruturaram legalmente a educação brasileira. ticipativa (BITENCOURT, 2018). Essa concep-
ção de História era direcionada a preparação
Ressaltamos neste processo a Base Nacional para o exercício da democracia, que muitas
Comum Curricular, homologada em 2018, que vezes se confrontava com os interesses tecni-
em suas linhas gerais apresenta em seu tex- cistas do mundo globalizado.
to as competências básicas de aprendizagem
para os educandos de todo o território brasi- Nos anos 1960 e 1970 a História passa a com-
leiro. Desta forma, ao estabelecer o que é es- por com a disciplina de Geografia, o que foi
sencial aprender em cada etapa da educação denominado de Estudos Sociais, representan-
básica, o país tem a possibilidade de garantir do um esforço de direcionamento da formação

Currículo do Piauí 2021 285


educacional de crianças e jovens, com foco apresenta-se as linhas gerais para o ensino de
num ensino tecnicista, com silenciamento da História no Ensino Médio no Estado do Piauí.
dimensão política, que diluiu as especificida-
des dos campos da História e Geografia, cen- Vale ressaltar que em conformidade com o
trada numa abordagem dos grandes homens e que está disposto na Base Nacional Comum
fatos. Somente a partir dos anos 1980, durante Curricular (2018), o currículo do Estado do
o processo de redemocratização do Brasil e as Piauí aborda os aspectos históricos gerais e
mudanças advindas das inovações historiográ- nacionais do componente. Contudo, a par-
ficas influenciados pelos estudos marxistas e tir de estudo da historiografia piauiense bus-
da Escola dos Annales, que passaram a ques- ca adequar-se às especificidades históricas e
tionar a produção histórica centrada no aconte- territoriais piauienses, no sentido de valorizar
cimento e no político, que esta assume o papel as contribuições histórico-culturais do Estado,
de conduzir os indivíduos à compreensão e crí- bem como conduzir os jovens e adultos estu-
tica dos problemas sociais e econômicos ao dantes à compreensão e consolidação da sua
longo da história humana. identidade do povo piauiense.

A partir daí os reflexos das discussões teó- Neste sentido, o currículo do Piauí, em sua es-
rico-metodológicas da Escola dos Annales, sência, alinha-se aos objetivos propostos pela
Nova História e História Cultural possibilitam BNCC e suas competências gerais e especí-
uma revisão historiográfica, com a inserção da ficas da área de Ciências Humanas e Sociais
produção da história sociocultural e do mun- Aplicadas, especificamente quando se referem
do do trabalho, com propostas de conteúdos às categorias temáticas de aprofundamento e
e de novos métodos de ensino. Dessa forma, problematização estabelecidas no documento,
ampliam o processo de formação de profes- dentre as quais se dar ênfase neste documen-
sores e traduzem-se em uma nova forma de to, levando em consideração as características
abordagem do conhecimento histórico em sala do Estado e os conceitos imprescindíveis que
de aula. Neste contexto, a História amplia seu fazem parte do arcabouço do conhecimento
campo de estudo, com novos sujeitos, objetos histórico, como: Cultura, Cidadania, Espaço,
e abordagens, e atores antes marginalizados Ética, Indivíduo, Identidade, Trabalho, Tempo,
ganham destaques nas pesquisas e livros didá- Memória, Patrimônio e Processo histórico,
ticos. O exemplo mais significante é a inclusão analisados em sua historicidade, com vistas
legal da história da África e dos africanos, a luta a auxiliar os alunos na sua vivência como ci-
dos afro-brasileiros e dos povos indígenas no dadãos. Uma vez que o ensino de História é
Brasil, a cultura afro-brasileira e indígena brasi- imprescindível para o conhecimento humano
leira no currículo escolar brasileiro a partir das na construção de identidades, e como base,
Lei no 10.639/03 e 11.645/08. Essa perspecti- serve de exemplo para compreender o presen-
va anuncia a formação política e cultural para o te por meio de uma reflexão histórica sobre
exercício de uma cidadania social voltado para os fatos do passado, sendo este considerado
a valorização das representações culturais de como uma experiência apreendida e consolida-
matriz africana e indígena, que além de pos- da. Pois a história é uma ciência do presente,
sibilitar a convivência com as diferenças, per- na medida em que, em ligação com as ciên-
mite também priorizar o ensino da História da cias humanas, investiga as leis de organização
América e da África e tira do centro a História e transformação das sociedades humanas.
Europeia.
Ressalta-se que o objetivo primeiro do conhe-
Com base nesta contextualização da educação cimento histórico é a compreensão dos pro-
brasileira ao longo dos últimos 30 anos e no re- cessos e dos sujeitos históricos nas relações
trospecto da disciplina História em nosso país, que se estabelecem entre grupos humanos

286 Novo Ensino Médio – Caderno 1


em diferentes tempos e espaços (BEZERRA, do componente de história, buscar aproximar
2010, p.40). Nessa perspectiva, articulada cada vez mais os conhecimentos histórico-
com as propostas de inovação inseridas com a -científicos construídos ao longo do tempo e
BNCC, o componente de História no Currículo as tecnologias disponíveis para sua transmis-
do Piauí propõe seguir uma postura crítica so- são e compreensão.
bre a realidade presente, assumindo um papel
de subversão ao cenário de opressão, manipu- O ensino de História fornece pilares constru-
lação e dependência, numa perspectiva deco- tivos para a formação cidadã dos educandos,
lonial, com crítica às estruturas de poder que ao proporcionar o desenvolvimento crítico, cul-
o colonialismo instaurou. Pois, conforme infere tural, reflexivo, ético, moral permitindo a com-
Maldonato-Torres (2007, p.243): preensão dos fatos sociais e reconhecimento
das identidades individual, coletiva, regional
Colonialidade refere-se aos padrões duradouros e nacional. Além de favorecer o desenvolvi-
de poder que emergem como resultado do colo- mento social e o respeito à diversidade. Para
nialismo, mas que definem a cultura, o trabalho, Pellegrini et al (2009, p. 03) “ao estudarmos
as relações intersubjetivas, e a produção de co- História, percebemos a importância do respei-
nhecimento muito mais além dos limites estri- to à diversidade cultural e o direito de cada um
tos das administrações coloniais. ser o que é, e entendemos como esse respei-
to é indispensável para o exercício da cidadania
Neste sentido, o currículo propõe uma aborda- e para construirmos um mundo melhor”.
gem de História que construa novos caminhos,
que permitam reconfigurar o eixo eurocêntrico- Enfatiza-se que à frente do componente de
-colonial que entremeia a nossa própria concep- História está o desafio de garantir o cumpri-
ção de mundo, possibilitando ressignificar os mento do objetivo proposto para Educação em
temas e entender os fatos históricos para além seus marcos legais e na BNCC, no sentido de
da visão eurocêntrica de dominação, de modo uma formação integral do cidadão, particular-
a direcionar a visita dos fatos históricos do pas- mente a partir da compreensão das mudanças
sado a partir de marcos referenciais da História e permanências ao longo do tempo, a capa-
do Brasil e da Améria Latina. Com isso, propõe cidade de relacionar os conhecimentos, com-
a releitura da História do nosso continente, a ser petências e habilidades à uma prática social
vista sob a perspectiva do homem latino-ame- de valores e atitudes como o respeito às dife-
ricno, questionando a versão, até então susten- renças, cidadania e ética. Para alcançar essa
tada pelos grupos de poder de dentro e de fora proposição, a postura do professor de Histó-
do território. Uma vez que uma análise histórica ria deve ser direcionada a promover estímulos
que parta do viés decolonial traz uma gama de significativos no processo de ensino e apren-
possibilidades para a construção do pensar, vis- dizagem, por meio de uma História crítica e
to que enquanto conceito pós-moderno, deve flexível, problematizante, desmistificadora e
buscar produzir nos conceitos da modernidade transformadora, a partir de uma abordagem de
desconstruções e reconfigurações. objetos do conhecimento que interligue teoria
e prática. Nesse âmbito deve ser priorizado o
Neste Currículo, para alcançar as característi- ensino mais próximo da realidade histórica e
cas próprias do componente História, que bus- cultural dos educandos, de forma a relacionar
ca em sua essência analisar as conjunturas e a história local com o contexto macro dos pro-
contextos espaços-temporais, é imprescindí- blemas culturais, políticos, econômicos e so-
vel a compreensão dos avanços tecnológicos ciais, despertando, assim, a capacidade crítica,
(em especial no campo das comunicações) questionadora e de opinião.
no qual estão inseridos os atores do processo
educacional, estudantes e professores. Sendo Nessa perspectiva, os objetos do conhecimen-
uma das missões essenciais dos professores to da História devem ser contemplados em

Currículo do Piauí 2021 287


uma abordagem inter, trans e multidisciplinar, Nesse novo contexto de currículo o compo-
com vistas a dialogar com os objetos do conhe- nente de Sociologia se articula com os conhe-
cimento dos componentes da área de Ciências cimentos alinhados às competências gerais da
Humanas e demais áreas do conhecimento, BNCC e às competências específicas da área
abordados a partir de temáticas contemporâ- de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A
neas, com vistas a compreensão dos fatos e Sociologia torna-se essencial para o desenvol-
processos históricos, ao desenvolvimento de vimento das habilidades necessárias para arti-
uma postura participativa por meio do protago- cular a construção do conhecimento e saberes
nismo político e do projeto de vida do estudante, necessários no Século XXI.
de modo a servir como elemento de motivação
no sentido de contribuir para a identificação dos Visando garantir os direitos dos estudantes do
educandos enquanto sujeitos da história. Piauí a fim de desenvolverem competências e
habilidades esperadas na educação básica, o
Portanto, o currículo do Piauí propõe um ensi- currículo traz na sua estrutura de componen-
no de História que desperte a problematização tes a Sociologia como meio dos estudantes in-
e reflexão da realidade social no presente, de teragirem com o meio social, pois a partir dela
forma a tornar a aprendizagem em História sig- os indivíduos são capazes de refletirem acerca
nificativa e atraente para os estudantes, levan- dos desafios da atualidade e proporcionar uma
do-os a romper com padrões tradicionais da reflexão sobre experiências e conhecimentos
inerente a sociedade.
aprendizagem neutra, passiva e fragmentada,
com vista a despertar a curiosidade em ques-
O ensino de Sociologia deve atender prefe-
tionar e interpretar o passado, a partir da con-
rencialmente os vínculos comunitários, orga-
textualização do presente.
nizações, e movimentos com base nas ideias
propagadas pela BNCC de justiça, solida-
riedade, autonomia, equidade, liberdade de
3.4 Sociologia
pensamento e de escolha, compreensão e o
reconhecimento das diferenças e da intercul-
A sociologia é uma ciência que agrega parcela
turalidade. Nessa perspectiva, seus conteúdos
significativa das Ciências Humanas na forma- devem contemplar uma abordagem inter, trans
ção dos jovens, visto que todas as sociedades e multidisciplinar com vistas a contemplar ob-
estão vinculadas às mudanças culturais e so- jetos do conhecimento específicos das demais
ciais, definindo transformações que impactam áreas, temáticas de conhecimento geral e es-
na vida dos indivíduos, em especial a dos jo- pecífico visando ao domínio, ao engajamento
vens. Dessa forma, a Sociologia contribui para profissional e ao projeto de vida.
moldar a personalidade, interesses, projetos
de vida e relações com o mundo em que os Nesse sentido, a Sociologia visa incentivar
estudantes vivem. os sujeitos a participarem do debate público
de forma crítica, respeitando diferentes posi-
Como componente curricular, a Sociologia sur- ções e fazendo escolhas alinhadas ao exercí-
giu a partir da década de 1920, e enfrentou cio profissional, com liberdade, autonomia,
percalços até se consolidar nas instituições consciência crítica e responsabilidade social,
escolares. Em 2009, tornou-se componente considerando o que preconiza a BNCC de en-
obrigatório nos currículos do ensino médio, es- trelaçamento com o projeto de vida envolta de
tando regulamentada pelo Conselho Estadual questões partindo do local até o global.
de Educação (CEE) do Piauí, através da Reso-
lução No CEE/PI no 111/2009, que fixou o en- O objetivo da Sociologia no ensino médio é
sino de Sociologia no Ensino Médio no âmbito oferecer para o estudante múltiplos olhares so-
do Sistema de ensino do Estado. bre sua construção como indivíduo social, bem

288 Novo Ensino Médio – Caderno 1


como acerca das múltiplas estruturas que sus- Aplicadas, através das práticas de reflexão so-
tentam as sociedades. Para isso, a sociologia se bre os discursos do senso comum em diálogo
baseia em dois princípios básicos do pensar: 1) com os saberes científicos e as realidades in-
a desnaturalização, que mostra que às expli- vestigadas, fomenta entre os estudantes prá-
cações do senso comum tendem a naturalizar ticas de protagonismo individual e social. Para
os fatos sociais – por exemplo, “é da natureza protagonizar, os indivíduos precisam aprender
da sociedade”, “sempre se deu assim”, “é da por meio de experiências pedagógicas siste-
vontade de Deus” – argumentos que o trabalho máticas, coerentes, críticas, dialógicas, criati-
científico desconstrói a partir da observação vas e criadoras. Nessa perspectiva, o currículo
das relações sociais e processos históricos) do Estado do Piauí tenta aproximar o estudan-
e 2) o estranhamento, que corresponde ao te de forma divertida, criativa e comprometida
princípio elementar de todas a ciência: os fatos com a educação mediante debate e leituras
não se dão a conhecer imediatamente, mas por que impulsionam o processo de ensino apren-
meio de questionamentos e problematizações. dizagem, considerando os jovens como atores
políticos na educação.
Dessa forma, a discussão de temáticas que
perpassam a área como cultura, socialização, Por fim, a sociologia é uma disciplina que es-
trabalho, juventudes, Estado, cidadania, edu- tuda a sociedade e sua organização, como os
cação, movimentos sociais, classes sociais, indivíduos se ligam aos grupos e como inte-
violência, identidades, desigualdades sociais, ragem uns com os outros. A sociedade con-
castas, fato social, dominação, alteridade den- temporânea exige cada vez mais da escola a
tre outros, tornam-se fundamental para apro- oferta do desenvolvimento de competências e
ximar os estudantes do campo da política, da habilidades entre os estudantes, para que es-
cultura, da ciência do Estado e da sociedade, tes tenham condições de agir com consciên-
em âmbito local, regional, nacional e mundial, cia e responsabilidade enquanto cidadãos. A
visando despertar o pensamento crítico acerca sociologia torna-se fundamental, para a cons-
da realidade. trução deste comportamento de uns com os
outros, sendo um ponto forte para esses jo-
A Sociologia, em diálogo com os demais com- vens aprenderem a conviver e a trabalhar em
ponentes da área Ciências Humanas e Sociais coletividade.

Currículo do Piauí 2021 289


4 A Área de Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas e a Integração entre os
Componentes

O mundo contemporâneo aponta para a cons- vida, capaz de promover o protagonismo juve-
trução de uma sociedade intercultural, com nil e a construção do projeto de vida dos sujei-
vistas à garantia da cidadania e da valorização tos do Ensino Médio.
das diversidades, legitimada pelos princípios
da equidade, justiça, igualdade, solidariedade, A BNCC (2018) traz algumas inovações im-
ética, alteridade e a autonomia dos sujeitos portantes na área de ciências humanas e so-
envolvidos no processo de ensino e aprendi- ciais, podendo ser citadas a contextualização
zagem. Nessa perspectiva, emerge a necessi- do próprio conceito da área, o que marca uma
dade de interlocução das diversas áreas, com inovação de ordem epistemológica. Outro as-
foco na concepção de educação integral, que pecto inovador também está relacionado ao
considere os sujeitos em sua integralidade, tratamento dos temas contextualizados aos
que vise promover o desenvolvimento dos es- cenários locais dos estudantes, com vista a
tudantes nas suas dimensões: intelectual, so- estimular a noção de pertencimento, sua ação
cioemocional, física e cultural. protagonista, bem como sua atuação autoral
no conhecimento e nos projetos de pesquisa
Articulada aos propósitos da Constituição Fe- e de intervenção no território.
deral (1988) e da BNCC (2018), a área de Ciên-
cias Humanas e Sociais Aplicadas, cujo foco é Para a construção de uma sociedade mais
a dimensão humanística, visa desenvolver no cidadã e de sujeitos conscientes acerca das
jovem e no adulto, enquanto sujeitos do Ensi- questões sociais, políticas, culturais, religio-
no Médio, a sua dimensão humana integral e sa e econômica é preciso ampliar o “focus”
emancipatória, por meio de aquisição de capa- e consolidar o papel das Ciências Humanas e
cidades voltadas a fortalecer o sentimento de Sociais Aplicadas, garantindo o legítimo e ne-
solidariedade, respeito às diferenças, reconhe- cessário espaço de articulação entre todas as
cimento e valorização das diversidades. ciências, oportunizando a formação de sujeitos
comprometidos com a coletividade, com uma
Essa finalidade requer um ensino voltado à nova ordem social que desloque a centralida-
construção intencional de processos educati- de do capital para a centralidade ética da vida
vos que promovam aprendizagens sintonizadas humana.
com as necessidades, com as possibilidades e
os interesses dos estudantes. Nesse aspecto, Com o reconhecimento da centralidade do ho-
a aprendizagem deve ser contextualizada com mem e da vida humana, as Ciências Humanas
a realidade social local, regional, nacional e com e Sociais aplicadas, integradas por Filosofia,
os desafios da sociedade contemporânea, por Geografia, História e Sociologia se destacam
meio de práticas pedagógicas que favoreça o nesse cenário, pois em conformidade com a
reconhecimento e valorização das identidades BNCC (2018), estas possuem o papel de am-
culturais, étnicas e linguísticas. Tudo isso com pliar e aprofundar “as aprendizagens essen-
vista a uma aprendizagem significativa para a ciais desenvolvidas até o Ensino Fundamental,

Currículo do Piauí 2021 291


e consolidá-las no Ensino Médio, sempre orien- e fronteiras são essenciais para compreender
tadas para uma educação ética” (BNCC, 2018, os processos identitários dos grupos nas suas
p. 547). Nesse contexto, o grande objetivo da organizações culturais, econômicas, religiosas,
área é direcionar os/as estudantes a refletirem sociais e políticas. Nesse processo, a aborda-
sobre a sociedade e seu papel social, cultural, gem filosófica é essencial, porque é preciso
histórico, ético e político sobre o mundo local pensar o cotidiano, apoiados nas diferentes
e global. formas do pensamento filosófico integrada às
abordagens sociológicas, antropológicas, polí-
A importância desta área é sintetizada na ticas e econômicas da vida cotidiana.
BNCC (2018) do seguinte modo:
Essa integração tem o propósito de preparar
para se viver em sociedade, e em cujas bases os educandos para refletir e, assim, interpretar
destacam-se as ideias de justiça, solidariedade os processos sociais, levando-os a desnatura-
e igualdade” se faz necessário uma proposta lizar seu cotidiano. Dessa forma, será possível
que tenha como fundamento a compreensão conduzir a uma percepção da interculturalidade
e o reconhecimento das diferenças, o respeito espaço-temporal de experiências, normas de
aos direitos humanos e à interculturalidade, e o convívio, condutas e papéis sociais necessá-
combate aos preconceitos (BNCC, 2018, p. 547). rios para a vida em sociedade, de forma a con-
tribuir para formar sujeitos mais cidadãos.
As Ciências Humanas são constituídas pelas
categorias: Tempo e Espaço; Território e Fron- O foco da educação integral, além de ensinar
teira; Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura conhecimentos intrínsecos de cada Área, ha-
e Ética; e Política e Trabalho. Assim, o estudo bilita o estudante a resolver os problemas da
dessas categorias é essencial para compreen- vida e dos desafios contemporâneos, numa
são da condição humana, e da identificação do articulação entre o conhecimento curricular e
indivíduo como ser social, pois, agrega temáti- os acontecimentos existentes da sociedade ao
cas que transversalizam de modo a alcançar a seu redor. Nesse aspecto, os componentes da
interdisciplinaridade. Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas,
cujo foco é formar o discente para exercer sua
A categoria tempo, central para o estudo da His- cidadania ativa, protagonizando seus desejos,
tória e das Ciências Humanas e Sociais, permite necessidades e objetivos de vida, devem consi-
compreender todas as demais áreas, ao possi- derar as diferentes dimensões que constituem
bilitar análise dos processos marcados por con- o estudante enquanto indivíduo. Dessa forma,
tinuidade, mudanças e rupturas. Assim, tempo o trabalho interdisciplinar dos componentes
deve ser compreendido de acordo com Le Goff possibilita compreender a formação cogniti-
(1984), numa dimensão múltipla que ultrapasse va articulada as dimensões socioemocionais,
a cronológica, e englobe a dimensão simbólica físicas, ambientais, culturais, sociais, éticas e
e abstrata. Conforme assevera Delgado (2020) históricas, com vistas a uma formação integral,
a complexidade integrante à noção de tempo agregando elementos relacionados as singulari-
refere-se às temporalidades múltiplas que se dades dos sujeitos e da vida social, consideran-
enlaçam, uma vez que as experiências vividas e do as identidades individuais e coletivas.
a História em transformação são conformadas
por processos e acontecimentos. Nessa perspectiva, visando desenvolver um
processo de ensino para a aquisição de com-
Segundo expressa a BNCC, a compreensão de petências voltadas ao estímulo da curiosidade,
espaço deve ultrapassar suas representações do senso crítico, da autodeterminação e da
cartográficas e ser contemplado nas dimen- autonomia dos estudantes, cada componente
sões histórica e cultural. As noções de território deverá desenvolver seus objetos do conheci-

292 Novo Ensino Médio – Caderno 1


mento de forma articulada, focando as espe- Os TCTs são desenvolvidos de modo con-
cificidades que norteiam cada componente, textualizado e transversal, e para atender as
seus conceitos e práticas, visto que esses ob- diferentes demandas, suas abordagens fo-
jetos estão em conexão com as competências ram divididas em três níveis ascendentes de
específicas e habilidades, norteadas por um complexidade, de forma a tratar os TCTs de
tema geral. Assim, o trabalho deve ser per- maneira intradisciplinar, interdisciplinar e trans-
meado pela articulação dos diversos saberes, disciplinar. Sobre a intradisciplinaridade, está
onde os limites entre cada componente aca- relacionada ao nível de integração dos diferen-
bam se mesclando. tes objetos do conhecimento abordados em
um só componente curricular.
Dessa forma, torna-se fundamental um plane-
jamento por área, que considere também as A interdisciplinaridade trata de reunir as possi-
7 (sete) categorias definidas pela BNCC que bilidades de produção de conhecimentos que
permeiam todos os componentes curriculares trazem cada componente curricular. É o tra-
da área de Ciências Humanas e Sociais Apli- balho coletivo entre diversas disciplinas com
cadas, a saber: Tempo e Espaço; Territórios o objetivo de desenvolver uma variedade de
e Fronteiras; Indivíduo, Natureza; Sociedade; conteúdos ao tratar do mesmo assunto; e por
Cultura e Ética; Política e Trabalho. Neste sen- fim, a transdisciplinaridade é a interação geral
tido, no processo de definição ou seleção das que permeia em todas as áreas em torno de
competências, habilidades, objetivos e sua re- um mesmo conteúdo. Sendo assim, as pro-
lação com os objetos do conhecimento, as re- postas podem ser trabalhadas tanto em um ou
feridas categorias possibilitam um exercício de mais componentes de forma intradisciplinar,
escolha de forma mais objetiva, ao considerar interdisciplinar ou transdisciplinar, mas sempre
a relação entre as competências e habilidades transversalmente às áreas do conhecimento.
com determinada categoria.
Os temas contemporâneos transversais surgem
Neste propósito, é necessário o alinhamento contextualizados nos objetos do conhecimento
dos objetos do conhecimento, seguindo a se- da Formação Geral Básica e dos Itinerários For-
quência das competências específicas e suas mativos. São eles: Meio Ambiente, Saúde, Mul-
habilidades, que devem ser trabalhados de ticulturalismo, Economia, Cidadania e Civismo,
forma interdisciplinar e transdisciplinar, con- Ciência e Tecnologia. A seguir lista-se alguns di-
textualizados com a realidade dos discentes e recionamentos de como os componentes de Fi-
articuladas às bases teóricas, políticas, éticas, losofia, Geografia, História e Sociologia podem
ontológicas, epistemológicas e conceituais de explorá-los em suas abordagens.
cada componente.
O tema Meio Ambiente, está subdividido em
Para auxiliar a inserção dos estudantes nas temas relacionados, a Educação Ambiental
múltiplas dimensões que atravessam a forma- e Educação para o Consumo. Nesta temáti-
ção integral, a BNCC (2018) elenca os Temas ca deve-se ressaltar as relações Homem x
Contemporâneos Transversais – TCTs, que de- Natureza, numa perspectiva histórica, social,
vem ser desdobrados em todas as áreas do geográfica e filosófica que contribuam para o
conhecimento e componentes curriculares. As despertar da consciência ambiental e para o
propostas estão relacionadas à perspectiva do desenvolvimento sustentável, gerando atitu-
conhecimento holístico e operante e buscam des de preservação e conservação. Trabalhar
articular os conhecimentos escolares, organi- as temáticas que envolvem o meio ambiente
zando as ações de ensino, de forma flexível, po- asseguram que as próximas gerações interna-
dendo ser ou não desenvolvidas, dependendo lizem a importância de cuidar diariamente do
das referências disciplinares preestabelecidas. planeta, repensando suas atitudes de consu-

Currículo do Piauí 2021 293


mo, com vistas a reduzir os danos das nossas o universo produtivo, bem como as dinâmicas
rotinas produção e descarte. do mundo do trabalho e o preparo profissional
do estudante. Além disso, estudar economia
A temática sobre Saúde tem seus conheci- garante o benefício de se ter indivíduos que
mentos distribuídos em subtemas de Saúde, compreendam minimamente lidar com ques-
Educação Alimentar e Nutricional. Prepara o tões econômicas e desenvolver consciência
estudante para o autocuidado, possibilitando a em relação às decisões do governo. Os estu-
relação entre saúde e meio ambiente. É uma dantes irão dispor de maior clareza das impli-
temática fundamental para trabalhar questões cações de políticas governamentais em seus
de promoção da saúde e prevenção de doen- próprios rendimentos, tendo a oportunidade
ças, estimulando que os estudantes revejam de se programarem para um futuro financeiro
seus hábitos e atitudes para que possam obter mais saudável e rentável.
uma maior qualidade de vida, conscientizando
e ajudando a conscientizar a sociedade sobre a Cidadania e Civismo tratam de pontos que
necessidade de uma vida mais saudável. envolvem as temáticas de Vidas Familiares e
Sociais, Educação para o Trânsito, Educação
O Multiculturalismo aborda temas relaciona- em Direitos Humanos, Direitos da Criança e
dos a Diversidade Cultural e Educação para do Adolescente, Processo de Envelhecimen-
valorização do multiculturalismo nas matrizes to respeito e valorização do Idoso. É um tema
históricas e culturais brasileiras. Podem ser que aborda os valores morais do indivíduo
trabalhados nos estudos de pensamentos, evidenciando a importância para a sua inser-
nos processos históricos, espaciais e socio- ção em comunidade, possibilitando o usu-
culturais, reconhecendo suas diversas etnias fruto dos direitos e deveres da vida cidadã.
e discutindo questões dos povos indígenas, Promove o desenvolvimento da consciência
quilombolas, imigrantes europeus e asiáticos humana, o pertencimento da comunidade, o
no Brasil. Uma oportunidade para direcionar re- incentivo a participação política e a formação
flexões sobre a ideia de imposição de determi- e conscientização da prática cidadã, valorizan-
nadas culturas em detrimento de outras, que do as características e os posicionamentos
teria resultado na hegemonização da globali- das diferentes gerações, fortalecendo o diá-
zação, e evidenciar que existe um outro olhar logo entre todos.
onde existem múltiplas culturas que habitam
em harmonia justamente em função da possi- A temática de Ciência e Tecnologia trabalha
bilidade das relações globais. a utilização qualificada das tecnologias e dos
conteúdos das mídias para promover uma
O multiculturalismo deve ser desenvolvido aprendizagem integradora e contribuir para o
para criar um ambiente que aceite melhor as di- importante papel que tem a escola como am-
ferenças e assim despertar problematizações biente de inclusão digital e de utilização crítica
como as questões de racismo e preconceito, das tecnologias da informação e comunicação.
além de poder avaliar e entender o propósito Deve estimular no estudante um olhar ques-
cultural ou político envolvido, despertando nos tionador e crítico e desenvolver a aptidão para
estudantes o sentimento de diversidade, em solucionar situações-problema, estabelecendo
que aprendam a respeitar as diferenças e que conexões com o conhecimento adquirido no
se defronte com assuntos como identidade âmbito escolar.
cultural e de gênero.
Os Temas Contemporâneos Transversais estão
O tema Economia envolve questões acerca do articulados com os objetos do conhecimento
Trabalho, Educação Financeira e Educação Fis- de todas as quatro áreas propedêuticas. Con-
cal. É de extrema importância para refletir sobre tudo, na Área das Ciências Humanas e Sociais

294 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Aplicadas conseguem difundir um diálogo mais As propostas visam ainda contribuir para que os
agregador com os componentes curriculares estudantes sejam conscientes de seu processo
integrantes – Filosofia, Geografia, História e de aprendizagem e para que a equipe docen-
Sociologia, visto que estes congregam para po- te possa estabelecer uma estruturação mais
sicionar o estudante nos problemas socioam- aberta e flexível dos conteúdos escolares. Tais
bientais contemporâneos, contextualizando a ideias estão vinculadas à perspectiva do conhe-
sua realidade. Tais temas garantem aos envolvi- cimento globalizado e relacional e buscam arti-
dos acessos a conhecimentos que possibilitem cular os conhecimentos escolares, organizar as
a formação para o trabalho, para o exercício da atividades de ensino, mas não de uma forma
cidadania e para a democracia com respeito as rígida, nem, necessariamente, em função de re-
culturas e consciência ambiental. ferências disciplinares preestabelecidas.

Currículo do Piauí 2021 295


5 Competências e Habilidades

A Base Nacional Comum Curricular – BNCC,  1, 


Conhecimento – que visa fomentar pes-
com propósito de fomentar uma cultura de quisas a respeito dos objetos do conheci-
igualdade no sistema de ensino do país, define mento para que os alunos compreendam
o conjunto orgânico e progressivo de aprendi- os diferentes cenários apresentados.
zagens essenciais a serem desenvolvidas ao
longo das etapas e modalidades da Educação  2. 
Pensamento científico, crítico e criati-
Básica. Para isso, propõe competências gerais vo – que objetiva exercitar a curiosidade
e habilidades a serem estimuladas ao longo da intelectual e recorrer à abordagem própria
formação pedagógica nos estudantes, com a das ciências, incluindo a investigação, a re-
seguinte definição: flexão, a análise crítica, a imaginação e a
criatividade, de forma a promover debates
competência é definida como a mobilização de sobre o que os estudantes acham sobre
conhecimentos (conceitos e procedimentos), determinados temas.
habilidades (práticas, cognitivas e socioemocio-
nais), atitudes e valores para resolver demandas  3. 
Repertório cultural – que busca valorizar
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício as manifestações artísticas e compartilhar
da cidadania e do mundo do trabalho (BNCC, expressões de arte.
2018, p.8).
 4. Comunicação – que estimula a utilização
Nessa perspectiva, as competências estão re- de diferentes tipos de linguagens para se
lacionadas à capacidade de fazer algo, envolve expressar, partilhar informações, experiên-
a aptidão de compreender demandas e mobi- cias, ideias e sentimentos em diferentes
lizar habilidades para a resolução de situações contextos.
complexas. As habilidades são conhecimentos
necessários para o pleno desenvolvimento das  5. 
Cultura digital – com fim de explorar as
competências, estão associadas ao saber fazer, diferentes tecnologias nos processos de
sejam elas cognitivas, interpessoais ou técni- composição artística, como a fotografia e
cas. Portanto, competência pode ser entendida a música.
como um conjunto de habilidades harmonica-
mente desenvolvidas, que direcionam para uma  6. 
Trabalho e projeto de vida – visa conside-
educação integral, capaz de contemplar todas rar saberes e vivências, apropriando-se de
as dimensões da formação do educando, com conhecimentos que possibilitem entender
valores e atitudes que estimulam a transforma- as relações do mundo de trabalho e alinhar
ção da sociedade de forma justa e sustentável. as escolhas individuais ao projeto de vida do
estudante com liberdade e responsabilidade.  
A BNCC elenca 10 (dez) Competências Gerais
que devem nortear a educação básica, com  7. Argumentação – estimula a formulação
foco nos seguintes objetivos: de ideias e pontos de vista que respeitem

Currículo do Piauí 2021 297


e promovam a consciência ambiental, o dia, de determinados grupos e de toda a socie-
consumo responsável, a ética e os direitos dade. (BNCC, 2018, p. 550).
humanos.
Dessa forma, a área de Ciências Humanas e
 8. 
Autoconhecimento e autocuidado – Sociais Aplicadas no Ensino Médio, em arti-
visa apreciar e cuidar da saúde física, men- culação com as competências gerais da Edu-
tal e emocional, compreendendo-se na cação Básica e com as da área de Ciências
diversidade humana e reconhecendo as Humanas do Ensino Fundamental, deve ga-
próprias emoções e as dos outros com au- rantir aos estudantes o desenvolvimento de
tocrítica e capacidade para lidar com elas.  competências específicas e habilidades, com
foco em ampliar e aprofundar os conhecimen-
  9. Empatia e cooperação – busca promover tos já sistematizados, compreendendo-os
o diálogo, a cooperação e a resolução de em circunstâncias. Nesse propósito, a BNCC
elenca 06 (seis) competências específicas de
conflitos respeitando o outro, valorizando
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para o
a diversidade de saberes, identidades, cul-
Ensino Médio (BNCC, 2018, p. 558):
turas e potencialidades sem preconceitos.
Analisar processos políticos, econômicos,
1. 
10. 
Responsabilidade e autonomia – esti-
sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
mula o agir com autonomia, responsabilida-
local, regional, nacional e mundial em dife-
de, flexibilidade, resiliência e determinação,
rentes tempos, a partir da pluralidade de
tomando decisões com base em princípios
procedimentos epistemológicos, científicos
éticos, democráticos, inclusivos, sustentá-
e tecnológicos, de modo a compreender
veis e solidários.
e posicionar-se criticamente em relação a
eles, considerando diferentes pontos de
As competências gerais são essenciais para vista e tomando decisões baseadas em ar-
o desenvolvimento cognitivo, intelectual dos gumentos e fontes de natureza científica.
estudantes, e das suas relações pessoais e
autoconhecimento, em conexão com a vida Analisar a formação de territórios e fron-
2. 
cotidiana, o exercício da autonomia, valorização teiras em diferentes tempos e espaços,
da cultura e estímulo ao pensamento crítico. mediante a compreensão das relações de
Nesse propósito, a BNCC define as competên- poder que determinam as territorialidades
cias específicas da área de Ciências Humanas e o papel geopolítico dos Estados-nações.
e Sociais Aplicadas inter-relacionadas com ha-
bilidades, com vista ao desenvolvimento das Analisar e avaliar criticamente as relações
3. 
categorias centrais da área, que são: Tempo de diferentes grupos, povos e sociedades
e espaço; Política e trabalho; Território e fron- com a natureza (produção, distribuição e
teira; Indivíduo, natureza, sociedade; Cultura e consumo) e seus impactos econômicos e
ética. Essa inter-relação visa a construção de socioambientais, com vistas à proposição
conhecimentos e a formação de atitudes e va- de alternativas que respeitem e promovam
lores. Assim, a abordagem dessas categorias a consciência, a ética socioambiental e o
pelas competências e habilidades pretende, consumo responsável em âmbito local, re-
conforme a BNCC: gional,nacional e global.

possibilitar o acesso a conceitos, dados e infor- Analisar as relações de produção, capital


4. 
mações que permitam aos estudantes atribuir e trabalho em diferentes territórios, con-
sentidos aos conhecimentos da área e utilizá-los textos e culturas, discutindo o papel des-
intencionalmente para a compreensão, a crítica sas relações na construção, consolidação e
e o enfrentamento ético dos desafios do dia a transformação das sociedades.

298 Novo Ensino Médio – Caderno 1


Identificar e combater as diversas formas
5.  Os objetos a ela relacionados possibilitam de-
de injustiça, preconceito e violência, ado- senvolver a capacidade analítica e crítica dos
tando princípios éticos, democráticos, inclu- processos políticos, econômicos, socioam-
sivos e solidários, e respeitando os Direitos bientais e culturais em diferentes tempos e
Humanos. escalas de análise, de forma a ampliar a capa-
cidade dos estudantes de elaborar hipóteses e
Participar do debate público de forma crí-
6.  compor argumentos com base na sistematiza-
tica, respeitando diferentes posições e fa- ção de dados.
zendo escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com Em articulação com as habilidades a ela vincu-
liberdade, autonomia, consciência crítica e ladas, essa competência ajuda a desenvolver
responsabilidade. a criticidade em torno de matrizes conceituais
dicotômicas e operacionalizar conceitos como
A competência específica 1 é da ordem epis- etnicidade, temporalidade, memória, identida-
têmica da ciência e introduz o estudante no de, sociedade, territorialidade e etc. Para tal,
ensino das narrativas que são próprias dos a competência Específica 1 se inter-relaciona
componentes da área; permitindo, assim, dis- com as seguintes habilidades (BNCC, 2018, p.
cutir a formação de conceitos e sua aplicação. 560):

Habilidades vinculadas à competência específica 1:

(EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas
à compreensão e à crítica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômi-
cos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas,
sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, coope-
rativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas
que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos,
econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informa-
ções de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e
geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
(EM13CHS104) Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos,
valores, crenças e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inse-
ridas no tempo e no espaço.
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, en-
tre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, mate-
rial/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnolo-
gias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais, incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, re-
solver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

Currículo do Piauí 2021 299


A competência específica 2, que se refere à dução de exclusões e inclusões. Para tal são
compreensão da estruturação dos territórios acionados o raciocínio geográfico e estratégi-
e da mobilidade das fronteiras em diferentes co; o significado da história, da economia e
tempos e espaços, em decorrência das dispu- da política na produção do espaço, bem como
tas pelo poder, foca a avaliação da ocupação categorias filosóficas e sociológicas, das situa-
do espaço e o papel dos agentes responsá- ções que envolvem desigualdade e igualdade,
veis por essas transformações. Ao longo das inclusão e exclusão e o conceito de poder em
habilidades será possível estudar as tensões distintos tempos e lugares. Dessa forma, essa
socioespaciais e as diferentes territorialidades, competência se articula com as habilidades a
considerando os fluxos de pessoas e a pro- seguir, (BNCC, 2018, p. 561):

Habilidades relacionadas à competência específica 2:

(EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos
continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de
eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se
criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
(EM13CHS202) Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos
e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores
éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e
culturais.
(EM13CHS203) Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em dife-
rentes sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentaris-
mo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/ campo, entre outras).
(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialida-
des e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados
Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversi-
dade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
(EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas,
ambientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
(EM13CHS206) Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princí-
pios de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem
para o raciocínio geográfico.

A terceira competência específica propõe os abordando os papéis das novas tecnologias e


paradigmas que refletem pensamentos e sa- os do consumismo.
beres de diferentes grupos, povos e socie-
dade. Nessa perspectiva, leva os estudantes Nessa abordagem permite desenvolver no es-
à reflexão e compreensão das relações entre tudante o entendimento crítico quanto às rela-
sociedades e natureza, considerando as dis- ções complexas entre as sociedades humanas
tintas práticas econômicas, culturais e polí- e o desenvolvimento de consciência ética e de
ticas, bem como os impactos econômicos e consumo responsável, levando em considera-
socioambientais em sua contemporaneidade, ção suas formas de apropriação, extração da

300 Novo Ensino Médio – Caderno 1


natureza, as formas de organização social e po- Cultural, 7– Argumentação e 10 – Responsabi-
lítica e as relações de trabalho. Dessa forma, lidade e cidadania.
por meio das habilidades que compõe essa
competência, contribui para o desenvolvimen- A competência específica 3 articula-se com as
to das Competências Gerais: 3 – Repertório habilidades a seguir (BNCC, 2018, p. 562):

Habilidades associadas à competência específica 3:

(EM13CHS301) Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte


de resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioeconômi-
cas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate
à poluição sistêmica e o consumo responsável.
(EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas
ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de
análise, considerando o modo de vida das populações locais– entre elas as indígenas, quilombolas e demais co-
munidades tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
(EM13CHS303) Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumis-
mo, seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis.
(EM13CHS304) Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais,
de empresas e de indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e promovendo
aquelas que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.
(EM13CHS305) Analisar e discutir o papel dos organismos nacionais de regulação, controle e fiscalização ambien-
tal e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas ambientais sustentáveis.
(EM13CHS306) Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos econômicos no uso dos
recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta.

A Competência específica 4 propõe a com- Dessa forma, as habilidades que a compõe


preensão dos múltiplos significados do trabalho contribuem para o desenvolvimento da Com-
e das relações que caracterizam o mundo do petência Geral 6 – Trabalho e Projeto de Vida,
trabalho na contemporaneidade, por meio da uma vez que permite ao estudante compreen-
análise dos indicadores de emprego, trabalho e der o mundo do trabalho, auxiliando-o a fazer
renda em contextos específicos. Nesse propó- escolhas seguras no futuro alinhadas com
sito, permite o aprofundamento do significado seu Projeto de Vida; além de colaborar com
do trabalho em suas múltiplas dimensões: his- a tomada de decisões baseadas em princípios
tórica, geográfica, antropológica, sociológica, éticos, conforme sugere a Competência Geral
política, econômica e filosófica. Possibilita, as- 10– Responsabilidade e Cidadania. Com esta
sim, analisar ainda as transformações técnicas, finalidade, a competência específica 4 está
tecnológicas e informacionais, com ênfase nas vinculada às seguintes habilidades (BNCC,
novas formas de trabalho, seus significados 2018, p. 563):
em diferentes sociedades, seus efeitos e os
processos de estratificação social.

Currículo do Piauí 2021 301


Habilidades conexas à competência específica 4:

(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos e classes sociais diante das transforma-
ções técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes
espaços e contextos.
(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e
tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
(EM13CHS403) Caracterizar e analisar processos próprios da contemporaneidade, com ênfase nas transforma-
ções tecnológicas e das relações sociais e de trabalho, para propor ações que visem à superação de situações de
opressão e violação dos Direitos Humanos.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos
históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens e as gerações futuras, le-
vando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.

A competência específica 5 está direcionada preconceitos e discriminações.


ao desenvolvimento do exercício da reflexão
e compreensão dos fundamentos da ética em Dessa forma, os temas trabalhados pelas habi-
diferentes culturas, estimulando o respeito às lidades dessa competência contribuem para o
diferenças culturais, religiosas, étnico-raciais, desenvolvimento da Competência Geral 9, no
entre outras; além da cidadania e respeito que se refere ao desenvolvimento do respeito
aos Direitos Humanos. Com base na análise à diversidade, aos princípios éticos e aos Direi-
da vida cotidiana, permite desenvolver uma tos Humanos. Segue o quadro de habilidades
postura crítica nos estudantes e levá-los a acionadas pela competência 5 (BNCC, 2018,
desnaturalizar condutas, relativizar costumes, p. 564):

Habilidades relacionadas à competência específica 5:

(EM13CHS501) Compreender e analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, identificando processos


que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a autonomia e o poder de decisão
(vontade).
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana (estilos de vida, valores, condutas etc.), desnaturalizando e
problematizando formas de desigualdade e preconceito, e propor ações que promovam os Direitos Humanos, a
solidariedade e o respeito às diferenças e às escolhas individuais.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas causas, signifi-
cados e usos políticos, sociais e culturais, avaliando e propondo mecanismos para combatê-las, com base em
argumentos éticos.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações científicas e tec-
nológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos
sociais, sociedades e culturas.

A última competência específica trata do prota- ção, com liberdade, autonomia e consciência
gonismo do aluno no debate público, levando-o crítica. Para isso, fornece um instrumental teóri-
a compreender a importância de sua participa- co e conceitual contextualizado que permite ao

302 Novo Ensino Médio – Caderno 1


estudante compreender, posicionar-se e intervir Trabalho e Projeto de Vida, uma vez que auxilia
nas discussões coletivas, de modo democráti- o estudante a entender o mundo e fazer esco-
co, responsável, crítico e autônomo, respeitan- lhas alinhadas à cidadania e ao seu Projeto de
do a diversidade de opiniões com objetivo de Vida; e faz alusão à Competência Geral 10 no
exercer a cidadania e fortalecer seu próprio Pro- desenvolvimento da responsabilidade e cida-
jeto de Vida. dania, direcionando a resolução de problemas
para tomada de decisão de forma consciente,
Nessa vertente, os temas abordados pelas ha- colaborativa e responsável. Nesse sentido, re-
bilidades dessa competência contribuem para laciona-se com as habilidades a seguir (BNCC,
o desenvolvimento da Competência Geral 6 – 2018, p. 565-566).

Habilidades conexas à competência específica 6:

(EM13CHS601) Relacionar as demandas políticas, sociais e culturais de indígenas e afrodescendentes no Brasil


contemporâneo aos processos históricos das Américas e ao contexto de exclusão e inclusão precária desses
grupos na ordem social e econômica atual.
(EM13CHS602) Identificar, caracterizar e relacionar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo
na política, na sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, com
as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e
da promoção da cidadania.
(EM13CHS603) Compreender e aplicar conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes
de governo, soberania etc.) na análise da formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências
políticas.
(EM13CHS604) Conhecer e discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à
elaboração de uma visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação.
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça,
igualdade e fraternidade, para fundamentar a crítica à desigualdade entre indivíduos, grupos e sociedades e pro-
por ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência
dos jovens.
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de
documentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas
identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus
cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.

Conforme apresentado, as habilidades como específica, as habilidades a ela inter-relacio-


práticas cognitivas e emocionais são os co- nadas.
nhecimentos necessários para o pleno desen-
volvimento das competências. Dessa forma, Com vista a identificar a habilidade e compe-
ao desenvolver uma competência, mobiliza- tência a que os objetos do conhecimento e
-se várias habilidades que juntas proporcio- objetivos de aprendizagem estão vinculados,
nam o domínio em determinado contexto. cada habilidade é identificada por um código
Daí a BNCC apontar para cada competência alfanumérico, cuja composição é a seguinte:

Currículo do Piauí 2021 303


EM13CHS101
Os números finais indicam a
O primeiro par de letras
competência específica à qual
indica a etapa de Ensino
se relaciona a habilidade (1o
Médio.
número) e a sua numeração no
conjunto de habilidades relativas
a cada competência (dois últimos
O primeiro par de números (13) números).
indica que as habilidades descritas
podem ser desenvolvidas em
qualquer série do Ensino Médio, A segunda sequência de letras
conforme definição dos currículos. indica a área:
CHS – Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas

Fonte: BNCC, 2018 (adaptado).

Dessa forma, os objetivos de aprendizagem da são propostos objetos de conhecimentos rela-


área de Ciências Humanas e sociais aplicadas, cionados às habilidades 4 das 6 (seis) compe-
propostos na Matriz para o Ensino Médio, são tências; e habilidade 5 das competências, 1, 2,
identificados conforme as habilidades vincula- 3 e 6. A 3a série propõe o trabalho dos objetos
das. No quadro matriz da 1a Série são trabalha- de conhecimento relacionados às habilidades 5
das as 6 competências e as habilidades 1, 2 e conexas às competências específicas 1, 2, 3 e 6
3, vinculadas a cada competência. Na 2a Série e habilidades 6 relacionadas às 6 competências.

304 Novo Ensino Médio – Caderno 1


6 Matriz Curricular

A Matriz Curricular da área de Ciências Huma- salta a proposta de que estes sejam traba-
nas e Sociais Aplicadas busca servir como orga- lhados de forma articulada e interdisciplinar,
nizador e um mapa de aprendizagens visando com sobreposição do trabalho por área, com
ampliar conhecimentos, através da superação vista a formação integrada. Assim, a organiza-
das lacunas de aprendizagem que marcam o ção por área do conhecimento, conforme cita
percurso formativo dos estudantes da educa- a BNCC ao referenciar o Parecer CNE/CP no
ção básica, de modo que auxilie o professor 11/200925:
a criar estratégias de ensino que valorize as
experiências cognitiva dos estudantes. Espe- ‘não exclui necessariamente as disciplinas, com
ra-se que o conhecimento seja significativo, a suas especificidades e saberes próprios histori-
partir da integração dos conhecimentos inte- camente construídos, mas, sim, implica o forta-
lectuais e práticos, com base na proposta da lecimento das relações entre elas e a sua con-
LDB no 9.394/96 de desenvolver um processo textualização para apreensão e intervenção na
educativo com base nas reais necessidades realidade, requerendo trabalho conjugado e coo-
do estudante. Sugestão reforçada pela BNCC, perativo dos seus professores no planejamento
ao focar a centralidade do estudante e seu pro- e na execução dos planos de ensino’ (BRASIL,
tagonismo na construção do conhecimento e 2009; ênfases adicionadas apud BNCC, 2018,
sua atuação diante dos desafios que marcam a p. 32).
contemporaneidade.
Assim, apesar dos objetos do conhecimento
Com vista a atender a progressão de aprendi- estarem separados por componentes, enfa-
zagens a presente matriz curricular está orga- tiza-se que eles podem ser trabalhados por
nizada conforme a BNCC (2018), considerando todos os componentes com abordagem espe-
as competências gerais da educação básica, cífica de forma interdisciplinar, considerando o
associadas às competências específicas da tema geral norteado por cada competência es-
área, definidas com base nos processos cogni- pecífica. Partindo deste ponto de vista, os limi-
tivos e socioemocionais a serem trabalhados, tes entre cada componente curricular acabam
as habilidades a elas inter-relacionadas para o se mesclando como propõe a BNCC, num en-
desenvolvimento das categorias centrais da sino efetivamente por área de conhecimento,
área, indicação de objetos do conhecimento e requerendo trabalho conjugado e cooperativo
os objetivos de aprendizagem a serem desen- dos seus professores no planejamento dentro
volvidos em cada série do Ensino Médio, de da área de forma interdisciplinar e transdiscipli-
forma a facilitar as ações educacionais. nar. Assim, os temas gerais permitem aos pro-
fessores vislumbrarem melhor as categorias
Nesse sentido, a Matriz especifica os obje- conceituais da área a serem aprofundadas, a
tos do conhecimento e objetivos de aprendi- abordagem dos temas transversais contempo-
zagem por componentes, para que cada um râneos e o diálogo interdisciplinar com as de-
seja identificado nesse processo, mas res- mais áreas de conhecimento.

Currículo do Piauí 2021 305


Ressalta-se que em decorrência da carga ho- bilidade dos estudos e práticas de Sociologia
rária anual de 80 horas para área de Ciência e Filosofia serem desenvolvidos por projetos,
Humanas e sociais aplicadas na 3a série, so- oficinas, laboratórios, dentre outras estratégias
mente os componentes de História e Geogra- de ensino e aprendizagens que rompam com o
fia foram considerados. Contudo, os saberees trabalho isolado por disciplina. Nessa perspec-
de Filosofia e Sociologia estão assegurados, tiva, Filosofia e Sociologia estão como compo-
em conformidade com a BNCC (2018) que faz nentes na 1a e 2a séries e presentes em forma
referência aos estudos e práticas destes refe- de estudos e práticas na 3a série. De forma
ridos componentes, e em acordo com a Re- que a carga horária anual dos componentes da
solução no 3/2018 – MEC/CNE/CEB, que em área, na Formação Geral Básica, estão assim
seu artigo 11, inciso VIII, § 5o destaca a possi- distribuídas:

COMPONENTES 1a SÉRIE 2a SÉRIE 3a SÉRIE

FILOSOFIA 40 H 40 H –

GEOGRAFIA 80 H 40 H 40 H

HISTÓRIA 80 H 40 H 40 H

SOCIOLOGIA 40 H 40 H –

A estrutura básica de distribuição das compe- Humanas e sociais aplicadas. Nesse sentido,
tências específicas, habilidades, objetivos de optou-se por trazer na 1a série os objetos do
aprendizagem e objetos do conhecimento dire- conhecimento relacionados às habilidades 1,
ciona o desenvolvimento do processo de ensi- 2 e 3. Na 2a Série aparecem as habilidades 4
no permeado pelo planejamento efetivamente conexas às 06 (seis) competências específicas
por área de conhecimento. Neste propósito, é e habilidades 5 relacionadas às competências
necessário o alinhamento dos objetos do co- específicas 1, 2, 3 e 6; e por fim, na 3a Série
nhecimento, seguindo a sequência das compe- propõe-se a continuidade do trabalho das habi-
tências específicas e suas habilidades, as quais lidades 5 articuladas às competências 1, 2, 3 e
perpassam respectivamente pelas etapas de 6 e habilidades 6 (seis) articuladas às 06 (seis)
iniciação e apropriação dos conhecimentos competências específicas. O maior número de
científicos relativos à evolução do pensamento habilidades a serem trabalhadas concentrou-
homem-natureza, a modificação desta última -se na 1a série em decorrência da carga horária
através dos processos históricos e espaciais anual da área ser maior nessa série.
do uso e ocupação antrópica e, por fim a com-
preensão dos problemas sociais, econômicos, Com o propósito de auxiliar o trabalho de plane-
políticos, éticos e culturais resultantes de to- jamento dos professores, o quadro Matriz traz a
dos estes processos, bem como a intervenção descrição das Competências específicas, Com-
nestes problemas a partir do diálogo, atitudes, petências gerais a elas articuladas, habilidades,
ações e manifestações da cidadania. objetivos de aprendizagem e objetos do conhe-
cimento, a serem desenvolvidos em cada série
A proposta de distribuição dos objetos do co- na etapa do ensino médio na rede Estadual de
nhecimento por série deu-se a partir da divisão Ensino do Piauí, conforme os quadros a seguir:
sequencial de habilidades relacionadas às seis Quadro matriz 1 – 1a série, quadro matriz 2 – 2a
competências específicas da área de Ciências séire e quadro matriz 3 – 3a série.

306 Novo Ensino Médio – Caderno 1


QUADRO MATRIZ 1 – 1a SÉRIE
CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES
1a SÉRIE FILOSOFIA – 40h HISTÓRIA – 80h
GEOGRAFIA – 80h SOCIOLOGIA – 40h

TEMA GERAL: A constituição do homem em sociedade

Competência específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos,
a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando
diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Competências Gerais: 1-Conhecimento; 2– Pensamento científico, crítico e criativo; 6– Trabalho e Projeto de Vida; 10 – Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

EM13CHS101 – FILOSOFIA Ø Identificar o objeto e contribuição da Filosofia para com- ü 


A origem do pensamento filosófico, períodos e
Identificar, analisar e comparar preensão da realidade social. os campos de investigação.
diferentes fontes e narrativas ex- Ø  
Analisar as características do senso comum e do conheci- ü  A razão. A verdade. A lógica. O conhecimento.
pressas em diversas linguagens, mento científico e conhecer as categorias do pensamen- ü  Indivíduo, sociedade e cultura
com vistas à compreensão de to filosófico.
ideias filosóficas e de processos Ø  
Comparar a origem e a contribuição da Filosofia e dos
e eventos históricos, geográficos, campos de investigação com atenção ao estudo sobre a
políticos, econômicos, sociais, razão, verdade e a lógica.
ambientais e culturais. Ø  
Compreender as diferentes concepções de espaço, tem-
po, indivíduo, cultura e sociedade.
GEOGRAFIA Ø 
Comparar as relações entre espaço, sociedade, natureza, ü As relações entre espaço, sociedade, natureza,
trabalho e tempo ao introduzir o estudante no estudo geo- trabalho e tempo.
político do mundo contemporâneo.
Ø 
Analisar o impacto das dimensões políticas, sociais e cul-
turais sobre o meio ambiente.
HISTÓRIA Ø 
Analisar a relação ser humano/ cultura no processo de ü 
Cultura, sociedade, poder e cidadania.
humanização e constituição dos diferentes grupos socio- ü 
A produção do conhecimento histórico e a ori-
culturais. gem dos povos do Oriente Médio, Ásia, Euro-
Ø 
Comparar a formação social, os padrões e as normas da pa, América e reinos e impérios da África.
cultura em distintas sociedades. ü 
As teorias de ocupação do continente america-
Ø 
Analisar as teorias de ocupação do continente americano no: transoceânica e a teoria de Bering.
e as correntes de povoamento da América, ressaltando ü 
Correntes de povoamento para a América e pri-

Currículo do Piauí 2021


as pesquisas existentes na Serra da Capivara acerca da meiros povos da América: destaque ao Piauí.
origem do homem americano.

307
308
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar criticamente os elementos constitutivos da so- ü 
O homem como ser social.
ciedade, em sua gênese e transformações. ü 
Evolucionismo e diferença.
Ø 
Identificar as variadas formas de vida humana e o evolu- ü 
Padrões e normas da cultura em distintas so-
cionismo, bem como a formação social, os padrões e as ciedades.
normas da cultura em distintas sociedades. ü 
Socialização e Controle Social.
EM13CHS102 – FILOSOFIA Ø 
Discutir a vida social, a ética como princípio da vida co- ü 
O conceito de civilização: do Iluminismo à con-
letiva, dos fundamentos da pólis e da noção de cidade e temporaneidade, civilização e barbárie.
Identificar, analisar e discutir as urbano. ü 
Concepção de etnocentrismo e modernidade,
circunstâncias históricas, geo- Ø 
Analisar a perspectiva etnocêntrica da modernidade e a cultura e sociedade e cidadania e cidadão.
gráficas, políticas, econômicas, noção de cultura e cidadania.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


sociais, ambientais e culturais
de matrizes conceituais (etno-
centrismo, racismo, evolução,
modernidade, cooperativismo/
desenvolvimento etc.), avaliando GEOGRAFIA Ø 
Analisar as dinâmicas de organização espacial dos dife- ü 
Sociedades tradicionais e urbano-industriais:
criticamente seu significado histó- rentes usos do território. as transformações da paisagem e do território
rico e comparando-as a narrativas Ø 
Comparar as questões referentes à sociedade e à forma- pelo modo de vida e pela ocupação do espaço.
que contemplem outros agentes ção do modo de vida urbano a partir das transformações ü Usos dos territórios em distintos tempos e lu-
e discursos. do território. gares.

HISTÓRIA Ø 
Analisar a conquista e a colonização da América, os ideais ü 
Ideias Iluministas: contexto histórico e seu sig-
iluministas e o imperialismo europeu na África e na Ásia. nificado na formação de conceitos que moldam
Ø 
Comparar e contextualizar os efeitos do colonialismo mo- o mundo contemporâneo.
derno e do neocolonialismo contemporâneo em diferen- ü 
Conquista e colonização da América.
tes contextos e escalas espaciais. ü 
Imperialismo europeu na África e na Ásia.
Ø 
Discutir o processo de colonização da América na lógica ü 
A missão civilizadora e o fardo do homem bran-
do imperialismo e seus efeitos econômicos e culturais na co.
perspectiva decolonial. ü 
A escravidão, a eugenia e a política do embran-
Ø 
Analisar os discursos imperialistas e neocolonialistas na quecimento no Brasil Império e nos primeiros
África, na Ásia e no processo imigratório do Segundo Rei- anos da Primeira República.
nado. ü 
Imperialismo e Neocolonialismo.
Ø 
Identificar e analisar a origem do racismo no Brasil; o con-
ceito de “raça” a partir de critérios biológicos e sociológi-
cos; e o Estado.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar os conceitos de fato social e anomia social. ü 
Teorias científicas e raciais do século XIX.
Ø 
 Racismo, etnocentrismo, preconceito, apropria-
Problematizar o mito da democracia racial, a partir da aná- ü 
lise de informações e de situações cotidianas do Brasil. ção cultural, fato social e anomia social.
Ø 
Identificar os fenômenos do mundo moderno: divisão do ü  Organização e funcionamento da sociedade: in-
trabalho, especialização, variação moral, coesão social, divíduo, sociedade, cidade e urbano.
racionalização, influência religiosa sobre a vida humana, ü 
Divisão social do trabalho
relações produtivas e conflitos entre classes sociais. ü 
Imaginação Sociológica.
Ø 
Promover o estranhamento e a desnaturalização diante
das regras e estruturas sociais.
Ø 
Relacionar a formação da sociedade, da vida coletiva, das
cidades e do urbano.
(EM13CHS103) FILOSOFIA Ø 
Discutir a relação entre ciência, cultura, religião, ética e ü 
Cultura, religião, ética e liberdade.
liberdade. ü 
Razão no pensamento filosófico: relevância da
Elaborar hipóteses, selecionar Ø 
Demonstrar postura reflexiva acerca do mundo ao seu re- abstração racional para o conhecimento filosó-
evidências e compor argumentos dor e sobre a relação entre o homem e a natureza. fico.
relativos a processos políticos, Ø 
Relacionar os fundamentos da razão com os princípios da
econômicos, sociais, ambientais, ação humana.
culturais e epistemológicos, com GEOGRAFIA Ø 
Analisar a configuração da produção dos espaços geo- ü 
Organização social, econômica e cultural do po-
base na sistematização de dados gráficos em distintos tempos e espaços, analisando si- voamento no Nordeste Brasileiro – destaque ao
e informações de diversas nature- tuações geográficas a partir de diferentes linguagens e Piauí.
zas (expressões artísticas, textos representações. ü 
As transformações no espaço geográfico a par-
filosóficos e sociológicos, docu- Ø 
Compreender as transformações no espaço geográfico a tir da produção de mercadorias.
mentos históricos e geográficos, partir da produção e da dinâmica da natureza. ü 
A dinâmica da natureza e os impactos causados
gráficos, mapas, tabelas, tradi- Ø 
Analisar situações geográficas por meio de fontes e lin- pela ação antrópica.
ções orais, entre outros). guagens diversas: mapas, tabelas, gráficos, fotografia, ü 
A contribuição das revoluções mexicana e russa
caricatura e expressões artísticas. para as configurações geo-histórias do mundo.
Ø 
Compreender criticamente a transformação do capitalis- ü 
A transformação do capitalismo da Revolução
mo a partir das transformações da sociedade urbano-in- Industrial ao imperialismo.
dustrial.
HISTÓRIA Ø 
Discutir o comércio escravo e seus desdobramentos eco- ü 
Questões indígenas e quilombolas: tráfico e co-
nômicos e culturais no Brasil e mundo. mércio escravo no Brasil e no Mundo.
Ø 
Compreender criticamente a transformação do capitalis- ü 
A transformação do capitalismo da Revolução
mo a partir das transformações da sociedade urbano-in- Industrial ao imperialismo.
dustrial. ü 
A ciência e a Revolução Industrial.
Ø 
Selecionar evidências para elaborar hipóteses e argumen- ü 
A contribuição das revoluções mexicana e
tos relativos aos problemas sociais da contemporaneida- russa para as configurações geo-históricas do
de, como desigualdade de renda e outras questões rela- mundo.
cionadas ao mundo do trabalho.
Ø 
Retomar as questões relativas à origem e aos desdobra-
mentos da Revolução Industrial até o imperialismo, apre-

Currículo do Piauí 2021


sentando as transformações do capitalismo para com-
preender os fundamentos da contemporaneidade.

309
310
SOCIOLOGIA Ø 
Diferenciar opinião e senso comum a fim de reconhecer ü  A sociedade e a relação com o trabalho.
fake news, apoiando-se, para isso, em estudos geográfi- ü  Classe e estratificação social.
cos, textos filosóficos, análises sociológicas e documen- ü 
Mídia Social.
tos históricos.
Ø 
Trabalhar a crítica ao senso comum, promovendo o estra-
nhamento e desnaturalização da realidade, mostrando a
relação da sociedade com o trabalho e os desdobramen-
tos do capitalismo na estratificação social.

TEMA GERAL: Poder, Territórios e Geopolítica.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Competência específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder que determinam
as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.

Competências Gerais: 2 – Pensamento científico, crítico e criativo, 5 – Cultura digital, 6 – Trabalho e projeto de vida, 9 – Empatia e Cooperação, 10 – Responsabilidade e
cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

(EM13CHS201) FILOSOFIA Ø 
Relacionar as formas e organizações territoriais aos tipos ü 
Dimensões éticas acerca da convivência entre
Analisar e caracterizar as dinâmi- de governos debatendo dimensões éticas relacionadas à as diferenças.
cas das populações, das merca- convivência entre as diferenças. ü 
Xenofobia, racismo e diferenças.
dorias e do capital nos diversos Ø 
Analisar questões contemporâneas que promovem o ra-
continentes, com destaque para cismo, xenofobia, desigualdade e diferença.
a mobilidade e a fixação de pes- GEOGRAFIA Ø 
Analisar mapas temáticos e outras formas de represen- ü 
Organização social, econômica e cultural dos
soas, grupos humanos e povos, tação de etnias, de modo a identificar e analisar tensões primeiros povos no Nordeste Brasileiro – des-
em função de eventos naturais, territoriais internas aos Estados Nacionais e tensões fron- taque ao Piauí.
políticos, econômicos, sociais, teiriças decorrentes das migrações. ü 
Territorialidades urbanas.
religiosos e culturais, de modo Ø 
Caracterizar aspectos políticos e econômicos de espaços ü 
Propriedade da terra e organização territorial.
a compreender e posicionar-se geradores e receptores de migrantes e com a análise do ü 
Regimes políticos e produção territorial.
criticamente em relação a esses trabalho e moradia em espaços urbanos e das alterações ü 
Migrações e conflitos socioespaciais: fluxos e
processos e às possíveis relações na dinâmica global a partir dos processos migratórios. relações escalares (eventos naturais, sociaiI-
entre eles. BAs e econômicos).
ü 
Áreas litigiosas nos limites territoriais do Piauí.
HISTÓRIA Ø 
Analisar as implicações de diferentes regimes políticos na ü 
Os deslocamentos populacionais em diferen-
organização territorial de países e continentes. tes contextos históricos.
Ø 
Analisar distintas relações étnicas e de xenofobia frente ü A crise migratória no mediterrâneo: o refúgio, a
a processos de povoamento, e identificar a estruturação apátrida e os deslocamentos forçados.
do território brasileiro a partir da migração e das trocas ü 
Formas de Governo: Democracia, Aristocracia,
materiais, culturais ou religiosas. Oligarquia, Tirania, regimes totalitários.
Ø 
Caracterizar e analisar acerca dos impactos socioeconô- ü  Regimes políticos e produção territorial.
micos dos conflitos territoriais urbanos que expressem
disputas territoriais decorrentes das diferenças culturais
e socioeconômicas, nas grandes cidades do mundo e em
fronteiras.
Ø 
Analisar e caracterizar problemas das fronteiras nacionais,
entre o Brasil e países vizinhos: integração dos povos,
questões de segurança e exploração e defesa dos recur-
sos naturais ao longo de tempo.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar o Pensamento Social Brasileiro frente à proble- ü  O pensamento social brasileiro frente à proble-
mática da emancipação, do direito à diferença, dos limites mática da emancipação, do direito à diferença,
à liberdade, da definição da dignidade como projeto social dos limites à liberdade.
e do reconhecimento da exclusão. ü 
Etnias, xenofobia e conflitos territoriais.
Ø 
Analisar questões contemporâneas referentes ao racis-
mo, xenofobia, desigualdade e diferença.
Ø 
Caracterizar e analisar as causas e consequências das
territorializações entre grupos refugiados e grupos não
refugiados.
EM13CHS202 – FILOSOFIA Ø 
Interrogar a si e ao outro adotando a dúvida sistemática ü 
Ciência, ética, cultura, tecnologia, e formação
Analisar e avaliar os impactos das e a investigação para refletir, avaliar e se posicionar de de solidariedades político-ideológicas.
tecnologias na estruturação e nas forma autônoma e crítica frente a questões da vida coti-
dinâmicas de grupos, povos e diana.
sociedades contemporâneos (flu- Ø 
Analisar os limites éticos da ciência e tecnologia e seus
xos populacionais, financeiros, reflexos na cultura das sociedades.
de mercadorias, de informações, GEOGRAFIA Ø 
Avaliar a relação entre moradia, transporte, qualidade de ü  Tecnologia, globalização e dinâmica produtiva.
de valores éticos e culturais etc.), vida e tecnologia; compreendendo a relação entre tecno- ü  Estados e organismos internacionais: protecio-
bem como suas interferências logia, produção e trabalho. nismo, multilateralismo e governança global.
nas decisões políticas, sociais, Ø 
Analisar as relações entre meio ambiente e tecnologia. ü 
A Revolução Digital: automatização e a roboti-
ambientais, econômicas e cultu- Ø 
Interpretar gráficos de fluxo financeiro e informacional, zação da produção e as novas relações e dinâ-
rais. identificando rotas de trocas mundiais. micas no mundo do trabalho.
Ø 
Identificar, problematizar e analisar os impactos científi-
cos, econômicos, sociais e políticos da globalização nas
sociedades contemporâneas.
HISTÓRIA Ø 
Analisar as interpretações, versões, fatos e processos em ü Fronteiras culturais: integração e exclusão so-
diferentes tempos a partir de diferentes narrativas acerca ciocultural.
da dinâmica do mundo do trabalho. ü 
A Revolução Digital: automatização e a roboti-

Currículo do Piauí 2021


Ø 
Avaliar e problematizar os impactos científicos, econô- zação da produção e as novas relações e dinâ-
micos, sociais e políticos da globalização nas sociedades micas no mundo do trabalho.
contemporâneas, incluindo os impactos locais.

311
SOCIOLOGIA Ø 
Avaliar e mapear movimentos de resistência à globaliza- ü Política e interculturalidade.

312
ção, pela valorização do lugar e o do território. ü 
Multiculturalismo.
Ø 
Analisar a influência da tecnologia na difusão, manuten-
ção e alteração de padrões comportamentais e partir da
reflexão sobre poderes transnacionais, poderes locais,
conflitos e movimentos contra hegemônicos.
Ø 
Analisar imagens de diferentes espaços, associando flu-
xos econômicos às dinâmicas culturais e considerando as
relações entre local e global.
EM13CHS203 FILOSOFIA Ø 
Comparar a relação “poder do poder”: verdade verossí- ü 
Poder, poder político; verdade verossímil/ ver-
Comparar os significados de terri- mil/verdade aparência, poder político; dade aparente.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


tório, fronteiras e vazio (espacial, Ø 
Contextualizar a complexidade das relações de sentidos
temporal e cultural) em diferentes de dado momento histórico.
sociedades, contextualizando e GEOGRAFIA Ø 
Comparar conflitos geopolíticos na Ásia, África e Europa ü Fronteira, território e territorialidade: conceito
relativizando visões dualistas (ci- considerando a relação entre fronteiras, territórios e ten- político e jurídico e a noção social de ocupação
vilização/ barbárie, nomadismo/ sões políticas, econômicas e culturais. do espaço.
sedentarismo, esclarecimento/ Ø 
Contextualizar os conflitos territoriais e fronteiriços no
obscurantismo, cidade/campo, Brasil, considerando espaços urbanos e rurais.
entre outras). Ø 
Analisar a relação entre a demarcação de fronteiras e a
concretização das organizações sociais, em espaços e
tempos diversos.
HISTÓRIA Ø 
Contextualizar o conceito e os elementos constitutivos ü  Formação dos Estados nacionais: princípios e
dos Estados Nacionais, diferenciando Estados, Estados elementos de composição do Estado; nações,
Multinacionais e Nações e comparando sociedades anti- Estados e sociedades sem Estados.
gas, modernas e contemporâneas. ü 
Formas de Estado. Sistemas e formas de go-
Ø 
Comparar a historicidade do processo de direitos sociais verno.
e Direitos Humanos. ü 
Democracia antiga e democracia moderna.
Ø 
Contextualizar as formações de fronteiras e as dimensões
políticas de poder em diferentes contextos de formação
de Estado Nacional.
Ø 
Relativizar e comparar as dualidades contemporâneas, a
identificação de processos de ocupação/invasão, domina-
dor/dominado, civilização/barbárie, diáspora/migração.
Ø 
Contextualizar a relação entre regimes de governo, Direi-
tos Humanos e direitos sociais; os processos políticos
nos quais grupos armados fragilizam o poder do Estado.
Ø 
Comparar a relação entre democracia e cidadania antiga
e moderna.
SOCIOLOGIA Ø 
Contextualizar o papel do governo, da violência institucio- ü Sociologia da Violência.
nal no controle do território, da organização administrativa ü 
Fronteiras e território: identificações étnico-na-
para exercício do poder e do enraizamento dos indivíduos cionais, produções de diferenças sociais e hibri-
em uma comunidade. dismos culturais.
Ø 
Comparar as formas de exercício da cidadania antiga e ü  Cidadania moderna e cidadania antiga.
moderna.

TEMA GERAL: Relação entre sociedade e natureza: impactos econômicos e socioambientais

Competência específica 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus
impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável
em âmbito local, regional, nacional e global.

Competências Gerais: 3 – Repertório Cultural, 7 – Argumentação e 10 – Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS301 FILOSOFIA Ø 
Estimular a reflexão acerca da individualidade e coletivida- ü 
Alienação e Ideologia.
Problematizar hábitos e práticas de na sociedade de consumo, possibilitando ao estudante ü  Individualidade e coletividade no mundo do
individuais e coletivos de produ- argumentos que promovam a consciência crítica, respon- consumo.
ção, reaproveitamento e descarte sável e ética. ü 
O materialismo como prática social de consu-
de resíduos em metrópoles, áreas mo e orientações éticas.
urbanas e rurais, e comunidades GEOGRAFIA Ø 
Problematizar a relação entre produção de mercadorias, ü  A produção de mercadorias, o consumo e o
com diferentes características consumo e descarte de resíduos em diferentes lugares descarte de resíduos, considerando o papel do
socioeconômicas, e elaborar e/ do mundo. Estado, da sociedade e do indivíduo.
ou selecionar propostas de ação Ø 
Identificar os impactos ambientais em áreas rurais e urba- ü 
Impactos ambientais em áreas rurais e urbanas
que promovam a sustentabilida- nas e relacioná-los com a produção econômica. e a relação com a produção econômica.
de socioambiental, o combate à Ø 
Problematizar as situações geográficas a partir da relação ü 
Técnicas e tecnologias em diferentes tempos
poluição sistêmica e o consumo entre sociedades e natureza em diferentes escalas de e lugares.
responsável.” análise e ao considerar as características de uso e ocupa-
ção dos lugares.
Ø 
Reconhecer o uso das técnicas e o desenvolvimento tec-
nológico em diferentes tempos e lugares.
HISTÓRIA Ø 
Problematizar a produção de mercadorias, o consumo e o ü  Modelos de desenvolvimento econômicos e os
descarte de resíduos em diferentes contextos históricos. padrões de sustentabilidade: a durabilidade dos
Ø 
Problematizar a produção em massa nas sociedades in- produtos, as cidades sustentáveis e a obsoles-
dustriais, as estratégias empresariais de predeterminação cência programada.

Currículo do Piauí 2021


da validade dos produtos e a questão da novidade na for- ü 
Técnicas e tecnologias em diferentes tempos
mação do gosto e na criação de distinções sociais pela e lugares.
moda.

313
SOCIOLOGIA Ø 
Refletir criticamente sobre o desafio da realidade contem- ü 
Capital, desenvolvimento econômico e questão

314
porânea diante das possibilidades reais de continuidade ambiental. Consumismo.
dos padrões de produção industrial. ü 
Impactos dos lixões, descarte massivo de resí-
Ø 
Selecionar a problemática dos lixões e seus entornos, duos e a questão do materialismo como práti-
impactos e trabalhadores, discutir efeitos do descarte ca social de consumo, descarte e orientações
massivo de resíduos e a questão do materialismo como éticas.
prática social de consumo, descarte e orientações éticas. ü A produção de mercadorias, o consumo e o
Ø 
Problematizar a capacidade de ação de indivíduos, socie- descarte de resíduos, considerando o papel do
dades e Estado na mitigação de impactos ambientais. Estado, da sociedade e do indivíduo.
EM13CHS302 FILOSOFIA Ø 
Analisar as relações homem e natureza e seus reflexos ü 
Relações entre homem e natureza: conceitos
nos modos de vida, consumo, cultura e modos de pro- sobre modos de vida, consumo, cultura e pro-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Analisar e avaliar criticamente os dução. dução.
impactos econômicos e socioam-
bientais de cadeias produtivas
GEOGRAFIA Ø 
Analisar os impactos ambientais gerados pelas atividades ü  Impactos ambientais gerados pelas ativida-
ligadas à exploração de recursos
agropecuárias e extrativas em diferentes países. des agropecuárias e extrativas em diferentes
naturais e às atividades agrope-
Ø 
Avaliar os impactos ambientais e o desenvolvimento eco- países, como desmatamento, assoreamento,
cuárias em diferentes ambientes
nômico a partir das cadeias produtivas de minérios. queimadas, erosão, poluição do ar, do solo, das
e escalas de análise, conside-
Ø 
Analisar os fluxos de produção (agropecuária e extrativa) e águas e redução da biodiversidade.
rando o modo de vida das popu-
comércio em escala mundial. ü 
Cadeia produtiva do petróleo e dos minérios.
lações locais – entre elas as in-
ü 
Setores econômicos, estrutura produtiva e
dígenas, quilombolas e demais
questões socioambientais.
comunidades tradicionais –, suas
ü 
Redes de interdependências das economias
práticas agroextrativistas e o com-
capitalistas.
promisso com a sustentabilidade.
HISTÓRIA Ø 
Analisar as práticas agroextrativistas das comunidades ü  Setores econômicos, estrutura produtiva e
quilombolas, indígenas e demais comunidades tradicio- questões socioambientais.
nais; ü 
Redes de interdependências das economias
Ø 
Avaliar e discutir sobre as implicações do extrativismo nos capitalistas.
usos das florestas pelas indústrias cosméticas e farma- ü  Trabalho e suas condições na diversidade dos
cêuticas, em pesquisas no campo da genética e na forma- processos produtivos.
ção de bancos de sementes;
Ø 
Analisar criticamente os fluxos de produção (agropecuária
e extrativa) e comércio em escala mundial e os impactos
no mundo do trabalho.
Ø 
Avaliar a importância da pesquisa, da ciência e da tecnolo-
gia para a conservação ambiental.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar as condições de vida das populações locais em ü 
Modo de vida, hábitos culturais e o uso de re-
função das atividades econômicas que envolvem os dife- cursos naturais pelas populações locais e co-
rentes usos de recursos naturais. munidades tradicionais em diferentes lugares e
tempos.
EM13CHS303 FILOSOFIA Ø 
Debater a relação entre consumo, cidadania e exclusão ü  Cidadania, cidadão e consumidor: a lógica per-
Debater e avaliar o papel da indús- social na globalização. Relacionar a indústria cultural ao versa do consumo na exclusão social do perío-
tria cultural e das culturas de mas- fortalecimento do individualismo moderno, narcisista, do atual e a necessidade de adoção de hábitos
sa no estímulo ao consumismo, submisso e não reflexivo. sustentáveis.
seus impactos econômicos e so- GEOGRAFIA Ø 
Avaliar espaços urbanos em diferentes países, identifican- ü 
Globalização, o meio técnico-científico informa-
cioambientais, com vistas à per- do traços culturais similares e distintos, relacionado tais cional e o uso do território pela indústria cultural
cepção crítica das necessidades traços aos efeitos da globalização, identificando e anali- (música, gastronomia, moda).
criadas pelo consumo e à adoção sando hábitos de consumo globais e a lógica da indústria
de hábitos sustentáveis. cultural.
HISTÓRIA Ø 
Debater a produção da indústria cultural em diferentes ü  Ideologia capitalista e a produção da indústria
contextos históricos e a ideologia capitalista do consumo. cultural de massa.
Ø 
Avaliar a história do consumo e da sociedade de mercado,
e refletir sobre as relações entre consumo, publicidade e
práticas sustentáveis.
SOCIOLOGIA Ø 
Debater e se posicionar criticamente em relação à indús- ü Cultura de massa, publicidade e a produção de
tria cultural capitalista que transforma pessoas e valores desejos (publicidade infantil e o uso dos este-
em produtos. reótipos, consumo e estilo de vida, marcas e a
Ø 
Problematizar a padronização (de produtos, moda, hábitos fetichização dos produtos).
etc.) imposta pelo consumismo da sociedade de massas
discutindo os limites da liberdade de escolha do indivíduo.

Currículo do Piauí 2021


315
316
TEMA GERAL: Trabalho e suas múltiplas dimensões: histórica, geográfica, antropológica, sociológica, política, econômica e filosófica

Competência específica 4: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo
o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.

Competências Gerais: 6 – Trabalho e Projeto de Vida; 10 – Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS401 FILOSOFIA Ø 
Analisar os aspectos positivos e os negativos das novas ü A dimensão ética da economia e do trabalho: as

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Identificar e analisar as relações relações de trabalho considerando direitos e obrigações categorias e os conceitos de classe social, pro-
entre sujeitos, grupos, classes do trabalhador, jornada de trabalho, condições de traba- prietário, meios de produção, trabalho e renda.
sociais e sociedades com culturas lho, entre outros aspectos.
distintas diante das transforma- Ø 
Identificar e estimular a compreensão crítica da realidade
ções técnicas, tecnológicas e in- social capitalista nos seus aspectos contraditórios na so-
formacionais e das novas formas ciedade atual.
de trabalho ao longo do tempo, GEOGRAFIA Ø 
Analisar as relações geopolíticas do mundo do trabalho e ü 
Relações de trabalho e mercado no mundo glo-
em diferentes espaços (urbanos e da mudança socioterritorial que as relações impõem ao balizado.
rurais) e contextos. atual período técnico. ü 
O Meio Técnico, Científico e Informacional e os
Essa Ø 
Identificar os impactos que as transformações técnicas, impactos no uso do território pelas relações do
tecnológicas e informacionais operam não apenas no mundo do trabalho.
modo de produção, mas também nas relações e nas for-
mas de trabalho e uso do território.
Ø 
Analisar diferentes situações geográficas, considerando
fenômenos referentes à descentralização da produção e a
precarização das condições de trabalho.
HISTÓRIA Ø 
Identificar as mudanças nas relações de trabalho ao lon- ü  Modos de produção e regimes de trabalho, em
go do tempo: Pré-História, escravismo antigo, senhores diferentes sociedades, considerando as mu-
e servos, aprendizes e mestres, escravidão moderna, o danças técnicas, tecnológicas e informacionais
trabalhador livre, a nova organização do trabalho (tayloris- ocorridas: trabalho escravo, servil e assalariado
mo, fordismo), resistências dos trabalhadores (movimen- e os perfis sociais das diferentes ocupações.
to operário, entre outros).
Ø 
Analisar o caráter complexo das categorias que descre-
vem a realidade social: trabalho, dignidade humana, auto-
nomia, relações de produção e reprodução da vida.
SOCIOLOGIA Ø 
Identificar formas variadas de organização do trabalho, ü  Sexo, gênero e poder como marcadores de de-
compreendendo a diversidade e as formas de desigualda- sigualdades sociais.
des sociais nas sociedades capitalistas. ü 
As desigualdades de gênero e étnico-raciais no
Ø 
Analisar a desigualdade de renda a partir de diferenças de mercado de trabalho.
gênero e étnico-raciais, bem como refletir sobre o traba- ü A precarização do trabalho e os vínculos infor-
lho doméstico e as muitas jornadas. mais: autônomo, freelancer, temporário, par-
cial, terceirizado, trainee, etc.
EM13CHS402 FILOSOFIA Ø 
Analisar os significados e os processos da realidade social ü 
Distribuição de renda: conceito, aplicação e
Analisar e comparar indicadores inclusos nas questões relacionadas ao mundo do traba- análise em diferentes escalas e lugares.
de emprego, trabalho e renda lho.
em diferentes espaços, escalas e GEOGRAFIA Ø 
Analisar e comparar a construção dos indicadores estrutu- ü 
Indicadores de emprego, trabalho e renda no
tempos, associando-os a proces- rais, índices de ocupação e taxa de desemprego no Brasil Brasil (Pnad, IBGE e Ipea) e indicadores em paí-
sos de estratificação e desigual- em comparação com outros países. ses da Europa, Ásia, Oceania e África.
dade socioeconômica.
HISTÓRIA Ø 
Analisar as diferenças entre trabalho e emprego e refletir ü 
Questões conceituais como trabalho, emprego,
sobre diferentes tipos de regulamentações do trabalho. renda, estratificação e desigualdade socioeco-
Ø 
Comparar as mudanças ocorridas no pensamento eco- nômica.
nômico e na política econômica dos países com a Crise ü  Mudanças no pensamento econômico e na
de 1929, e suas implicações na decadência do Estado de política econômica dos países com a Crise de
Bem-Estar Social, a consolidação do neoliberalismo e as 1929.
mudanças ocorridas no mercado de trabalho desde o sé- ü  A decadência do Estado de Bem-Estar Social,
culo XX. a consolidação do neoliberalismo e as mudan-
ças ocorridas no mercado de trabalho desde o
século XX.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar o caráter complexo das categorias que descre- ü  O trabalho e desigualdades sociais: como se
vem a estrutura de classes da sociedade capitalista e apresentam a estratificação social e a mobili-
apreender criticamente como as diferenças entre as clas- dade social no Brasil, na América Latina e em
ses se expressam como desigualdade de condições de outros países do mundo.
vida e de acesso aos resultados da produção. ü 
Desemprego conjuntural, desemprego estrutu-
Ø 
Comparar as relações implicadas no binômio crescimento ral e políticas públicas de geração de emprego
econômico e desigualdade na escala local-global, apre- e renda em diferentes escalas: Brasil, EUA, UE,
sentando diferentes mapas que espacializam e revelam Ásia, África e Oceania.
as desigualdades de diferentes ordens, como acesso a
água potável, encanamento básico, educação, saúde,
PIB, produção agrícola x fome, entre outros.

Currículo do Piauí 2021


317
318
EM13CHS403 FILOSOFIA Ø 
Analisar acerca do caráter societário das atividades e rela- ü 
Globalização como perversidade: a produção
ções humanas com o mundo, relacionado ao sentido de de riquezas e pobreza, desigualdades socioeco-
Caracterizar e analisar os impac- direitos, justiça social, Direitos Humanos e trabalho. nômicas, os direitos trabalhistas na lógica dos
tos das Ø 
Analisar a precarização do trabalho no mundo globalizado países pobres e ricos.
Transformações tecnológicas nas e a fragilidade dos vínculos informais de trabalho e seus ü  Questões conceituais sobre justiça socioespa-
relações sociais e de trabalho pró- impactos nas desigualdades sociais. cial e Direitos Humanos: conjunto de direitos
prias da contemporaneidade, pro- atribuídos ao ser humano independentemente
movendo ações voltadas à supe- das diferenças e desigualdades sociais e terri-
ração das desigualdades sociais, toriais.
da opressão e da violação dos GEOGRAFIA Ø 
Analisar as causas socioespaciais que levam à migração ü 
A globalização como perversidade: a produção

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Direitos Humanos. e, posteriormente, à violação dos Direitos Humanos de de riquezas e pobreza, desigualdades socioeco-
imigrantes em precárias condições de trabalho. nômicas, os direitos trabalhistas na lógica dos
Ø 
Caracterizar as condições de empregabilidade de grupos países pobres e ricos.
asiáticos em seus países de origem e nos países de des-
tino: causas e consequências da mudança do mapa do
mundo.
HISTÓRIA Ø 
Analisar e caracterizar as questões relativas aos direitos ü 
Violações aos Direitos do Trabalho no Brasil e no
ao trabalho no Brasil e no mundo: trabalho escravo, tra- mundo: temas como trabalho escravo, trabalho
balho infantil, assédio moral e sexual, discriminação de infantil, assédio moral e sexual, discriminação
gênero, raça, tráfico humano, entre outros temas. de gênero, raça e portadores de deficiência no
Ø 
Caracterizar as condições de empregabilidade de grupos local de trabalho, tráfico humano, entre outros.
asiáticos em seus países de origem e nos países de des-
tino: causas e consequências da mudança do mapa do
mundo.
Ø 
Analisar o processo de reorganização produtiva e suas
consequências para as relações de trabalho, relacionan-
do a flexibilização, terceirização e precarização do tra-
balho.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar o contexto das inovações tecnológicas, da rees- ü 
A globalização como perversidade: a produção
truturação produtiva e das novas formas de gestão da de riquezas e pobreza, desigualdades socioeco-
mão de obra. nômicas, os direitos trabalhistas na lógica dos
Ø 
Caracterizar fragilidade social e precarização das condi- países pobres e ricos.
ções de trabalho com o fim de compreender as carac-
terísticas do mundo atual, o papel das técnicas, a globa-
lização e as relações de emprego e trabalho a partir das
grandes corporações, bem como as desigualdades so-
cioespaciais.
TEMA GERAL: Direitos Humanos, ética, consciência moral, solidariedade e tolerância às diferenças culturais, religiosas e étnico-raciais.

Competência específica 5: Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

Competências Gerais: 9 – Empatia e cooperação; 10 – Responsabilidade e cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS501 Ø 
Analisar as marcas da ética, de valores democráticos e ü 
Ética global e moral local: o debate sobre o uni-
Analisar os fundamentos da ética FILOSOFIA solidários em diferentes momentos históricos. versalismo e o pluralismo ético.
em diferentes culturas, tempos e Ø 
Compreender e explicitar o modo diversificado como se
espaços, identificando processos vivencia e se estrutura a dimensão ética da vida humana.
que contribuem para a formação Ø 
Analisar as contradições do cotidiano em diferentes luga- ü 
Diferenças e desigualdades: preconceitos, dis-
de sujeitos éticos que valorizem GEOGRAFIA res que revelam desigualdades socioterritoriais, como a criminações e a questão da (in)tolerância.
a liberdade, a cooperação, a au- apropriação do espaço público pela iniciativa privada e a
tonomia, o empreendedorismo, a privatização de setores estratégicos.
convivência democrática e a soli-
dariedade. Ø 
Analisar os valores, normas, símbolos e significados en- ü 
Compreensão dos valores éticos, justiça so-
HISTÓRIA quanto construções sociais, históricas e, portanto, tem- cial, solidariedade, igualdade e equidade em
porais, e as mudanças sociais de cada período redefinem diferentes períodos históricos: teocentrismo na
essas questões a todo tempo. Idade Média; racionalismo moderno e as ideias
iluministas.
ü 
Mecanismos de promoção e proteção de di-
reitos: a construção da cidadania na história da
humanidade e em diferentes lugares.
Ø 
Analisar a relação entre igualdade e equidade e avaliar as ü 
A igualdade e o respeito à diversidade.
SOCIOLOGIA diferentes definições acerca da natureza humana e suas ü  Trata das teorias da fundação da sociedade civil.
implicações para a relação com os demais. ü 
Processo de Socialização e a sociedade na
Ø 
Analisar a construção sócio-histórica e arbitrária do com- perspectiva do Reconhecimento.
portamento humano, a partir das influências recebidas
pela cultura e instituições.
Ø 
Discutir, no âmbito das contribuições políticas, a relação
entre moralidade e ação política.

Currículo do Piauí 2021


319
320
EM13CHS502 FILOSOFIA Ø 
Analisar a diversidade cultural humana, visando à apreen- ü 
Sexualidade, identidade, orientação e expres-
Analisar situações da vida coti- são de diferentes possibilidades de afirmações éticas e a são de gênero.
diana, estilos de vida, valores, superação de preconceitos.
condutas etc., desnaturalizando e Ø 
Problematizar a discussão sobre gênero e sexualidade e
problematizando formas de desi- as expressões de preconceito contra os grupos não hete-
gualdade, preconceito, intolerân- ronormativos.
cia e discriminação, e identificar GEOGRAFIA Ø 
Analisar o acesso aos equipamentos de saúde segundo ü  Segregação socioespacial, o uso do território e
ações que promovam os Direitos grupo geracional, considerando as diferentes demandas e as condições de infraestrutura em determina-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Humanos, a solidariedade e o res- a oferta de vagas, hospitais e serviços públicos oferecidos dos espaços da cidade.
peito às diferenças e às liberda- para reconhecer a segregação socioespacial e a vulnera-
des individuais. bilidade social.
Ø 
Prolematizar o uso do território na cidade.
HISTÓRIA Ø 
Problematizar a questão sobre “democracia racial” e a ü  Mito da democracia racial e tipos de racismo:
existência de diferentes tipos de racismo. injúria racial, racismo institucional e racismo es-
Ø 
Desnaturalizar e problematizar a questão étnico e racial no trutural.
Brasil e seus reflexos na sociedade contemporânea. ü 
Patriarcalismo e escravidão na composição das
Ø 
Analisar o legado do patriarcalismo e da escravidão na relações sociais e de poder.
composição das relações sociais e de poder, bem como
as desigualdades e os preconceitos no tempo presente
sob diferentes formas.
Ø 
Problematizar a intolerância religiosa como forma de vio-
lência, física e/ou simbólica e os preconceitos.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar a formação de normas e padrões sociais e cultu- ü 
Preconceito e desigualdade de gênero.
rais e diferentes formas de manifestação de preconceitos ü 
Laicidade, pluralismo e intolerância religiosa.
variados contra grupos e indivíduos. ü 
Vulnerabilidade social, políticas públicas e pla-
Ø 
Problematizar o tema da laicidade do Estado e das mani- nejamento
festações de preconceito contra religiões ou grupos.
Ø 
Analisar espaços que possuem melhores condições de
infraestrutura e outros que não as possuem e problema-
tizar porque algumas partes da cidade recebem as ben-
feitorias e em outras partes, a população não tem acesso
nem mesmo a coleta de lixo, tratamento de esgoto, água
encanada e asfalto.
EM13CHS503 FILOSOFIA Ø 
Discutir e posicionar o sujeito frente aos comportamen- ü  Uso político, social e cultural da violência: cam-
Identificar diversas formas de vio- tos opressores e aos variados modos de violência, pro- panhas políticas, propagandas ideológicas, re-
lência (física, simbólica, psicológi- piciando reflexão acerca dos valores, pressupostos e im- des sociais e uso político de fake news.
ca etc.), suas principais vítimas, plicações.
suas causas sociais, psicológicas Ø 
Identificar criticamente os diferentes vetores sociais, eco-
e afetivas, seus significados e nômicos e culturais subjacentes nos conflitos éticos.
usos políticos, sociais e culturais, GEOGRAFIA Ø 
Identificar os fenômenos espaciais decorrentes de perse- ü Ações de regimes ditatoriais e totalitários, gol-
discutindo e avaliando mecanis- guições religiosas e políticas, como os fenômenos sociais pes de Estado, terrorismo e formas de repres-
mos para combatê-las, com base da migração, pobreza, exclusão e vulnerabilidade social, são.
em argumentos éticos. comparando a condição socioeconômica, direitos políti- ü  Atlas da violência na representação cartográfi-
cos e religiosos. ca.
Ø 
Discutir razões, impactos e desafios dos movimentos mi-
gratórios frente ao uso do território e as relações sociais
no lugar.
HISTÓRIA Ø 
Discutir a violência simbólica enquanto construção social, ü  Apartheid na África do Sul e a segregação étni-
inconscientemente consentida e que exerce dominação co-racial nos EUA.
sobre valores, condutas e visões de mundo. ü 
Ação, juízo, reflexão, violência e as relações
Ø 
Identificar e analisar o uso político, social e cultural da vio- com fenômenos sociais como migração, pobre-
lência em diferentes contextos históricos e por diversas za, exclusão e vulnerabilidade social.
instituições.
Ø 
Avaliar o uso da violência como instrumento de poder, nas
políticas raciais, nas ações do Estado e na divulgação de
notícias.
SOCIOLOGIA Ø 
Discutir a questão do Estado e das chamadas minorias ü  Diferentes violências – física, psicológica e sim-
simbólicas, a partir da temática da criação de padrões e bólica – em questões étnico-raciais, de gênero,
as variadas formas e estratégias de dominação entre os sexo e religião.
subgrupos sociais.

Currículo do Piauí 2021


321
322
TEMA GERAL: Consciência crítica, autonomia e cidadania.

Competência específica 6: Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas
ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Competências Gerais: 6 – Trabalho e Projeto de Vida; 10 – Responsabilidade e cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

Novo Ensino Médio – Caderno 1


EM13CHS601 FILOSOFIA Ø 
Analisar o sentido de cidadania e de sociabilidade frente ü 
Desigualdade, exclusão e direitos: os distintos
Identificar e analisar as demandas às questões históricas e aos problemas atuais. aspectos da sociabilidade e da cidadania.
e os protagonismos políticos, so-
GEOGRAFIA Ø 
Identificar a desigualdade no acesso a diferentes tipos de ü Território e identidade: a territorialização de gru-
ciais e culturais dos povos indíge-
direitos e as questões territoriais e identitárias dos grupos pos indígenas e afrodescendentes.
nas e das populações afrodescen-
indígenas e afrodescendentes, comparando dados so-
dentes (incluindo os quilombolas)
cioeconômicos da população brasileira e latino-americana.
no Brasil contemporâneo conside-
rando a história das Américas e o HISTÓRIA Ø 
Analisar o processo de formação do território brasileiro e ü Diáspora africana e seus efeitos na formação
contexto de exclusão e inclusão latino-americano: escravidão, segregação e vulnerabilida- das sociedades latino-americanas.
precária desses grupos na ordem de, na perspectiva decolonial. ü 
Populações indígenas no Brasil: colonização,
social e econômica atual, promo- Ø 
Identificar os impactos da conquista e ocupação da Amé- escravidão, políticas de embranquecimento e
vendo ações para a redução das rica para os povos indígenas, o tráfico de escravizados, a terras indígenas.
desigualdades étnicoraciais no tutela dos povos indígenas, a violência sobre as popula-
país. ções indígenas e negras no Brasil e nas Américas e a im-
prensa negra como elemento de resistência e superação
das discriminações.
Ø 
Identificar os povos originários a partir de seu modo de
vida e hábitos culturais, com vista a valorizar seu legado.
SOCIOLOGIA Ø 
Identificar as políticas institucionais de embranquecimen- ü 
Mito da Democracia Social e suas implicações
to da população no Brasil e na América Latina; o processo ü Equidade social: políticas redistributivas, ações
de constituição da República e a política de direitos; e a afirmativas e políticas de cotas.
redistribuição de renda e diminuição da desigualdade so-
cial no Brasil.
Ø 
Analisar as políticas de ações afirmativas e cotas a partir
das populações vulneráveis no Brasil e na América Latina.
Ø 
Identificar a fragilidade social de alguns grupos em espa-
ços urbanos e rurais.
EM13CHS602 FILOSOFIA Ø 
Caracterizar conceitos e valores da política, do Estado e ü 
Política, poder e Estado: ordem político-social,
Identificar e caracterizar a presen- da ética nos espaços públicos e privados. instituições e funcionamento das regulações e
ça do paternalismo, do autoritaris- leis, em contexto histórico e filosófico.
mo e do populismo na política, na GEOGRAFIA Ø  
Identificar as questões territoriais fronteiriças na América ü 
Divergências entre países latino-americanos: os
sociedade e nas culturas brasileira Latina para compreender as divergências políticas, históri- conflitos territoriais nas fronteiras entre os países
e latinoamericana, em períodos cas e geográficas que envolvem países latino-americanos. e as migrações entre os países latino-americanos.
ditatoriais e democráticos, rela-
cionando-os com as formas de HISTÓRIA Ø 
Caracterizar o autoritarismo como sendo intrínseco ao pa- ü O patriarcalismo, o coronelismo e o clientelis-
organização e de articulação das ternalismo e ao populismo e que atrelados a eles estão mo na formação da sociedade brasileira.
sociedades em defesa da autono- outros mecanismos de poder, como o patriarcalismo, o co- ü  Populismo, clientelismo e instituições político-
mia, da liberdade, do diálogo e da ronelismo, o mandonismo, o clientelismo e o caudilhismo. -partidárias: o assistencialismo e a cidadania
promoção da democracia, da cida- Ø 
Identificar o patriarcalismo, o coronelismo e o clientelismo negada.
dania e dos direitos humanos na na formação da sociedade brasileira e latino-americana ao ü Governos populistas na América Latina e Brasil.
sociedade atual. abordar os governos populistas no Brasil, na Argentina, no
México, na Bolívia e no Equador.
SOCIOLOGIA Ø 
Relacionar o populismo brasileiro com outros casos lati- ü 
Paternalismo, autoritarismo e populismo: con-
no-americanos. ceituação, origens e características no Brasil e
Ø 
Identificar a presença do autoritarismo em ditaduras e de- na América Latina.
mocracias, e formas de acesso ao poder pelo líder popu-
lista autoritário: pelo golpe ou pelo voto.
EM13CHS603 FILOSOFIA Ø 

Analisar as diferentes perspectivas de poder, política, Esta- ü 
Os sentidos históricos e filosóficos de poder,
Analisar a formação de diferentes do e governo para pensar a pluralidade da realidade social. política, Estado e governo.
países, povos e nações e de suas GEOGRAFIA Ø 

Analisar conceitos e situações da Geografia Política: sobe- ü Soberania nacional e a esfera pública e privada.
experiências políticas e de exercí- rania nacional, conflitos territoriais étnicos e culturais e a
cio da cidadania, aplicando concei- pluralidade social dos Estados Nacionais contemporâneos.
tos políticos básicos (Estado, po-
der, formas, sistemas e regimes HISTÓRIA Ø 
Analisar, diferenciar e aplicar os conceitos políticos de po- ü 
Formas de governo: república, monarquia e
de governo, der, política, Estado e governo. anarquismo.
soberania etc.). Ø 
Analisar o processo de formação dos estados da Antigui- ü 
Formação do Estado (na Antiguidade, as mo-
dade, as formas de organização do poder em diferentes narquias e os diferentes absolutismos, o Esta-
regimes de governo. do liberal burguês, o Estado Moderno).
Ø 
Analisar as diferentes formas de organização do Estado, ü 
O Estado de Bem-Estar Social, o neoliberalis-
os sistemas de governo e refletir sobre os diferentes mo- mo, o Estado autoritário na América Latina e as
dos de organização e divisão interna dos poderes. democracias contemporâneas.
Ø 
Refletir sobre os tipos de absolutismos, o Estado liberal ü 
Regimes de governo: democrático, autoritário e
burguês, o Estado Moderno, o Estado de Bem-Estar So- totalitário; e sistemas de governo: presidencia-
cial, o neoliberalismo, o Estado autoritário na América La- lismo e parlamentarismo.
tina e as democracias contemporâneas, compreendendo
a forma de exercício do poder.
Ø 

Currículo do Piauí 2021


SOCIOLOGIA Analisar as múltiplas combinações de doutrinas políticas, ü 
Doutrinas políticas: liberalismo, neoliberalismo,
formas, regimes e sistemas de governo no mundo con- socialismo, comunismo, anarquismo, socialde-
temporâneo. mocracia, conservadorismo e progressismo.

323
QUADRO MATRIZ 2 – 2a SÉRIE

324
CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES
a
2 SÉRIE FILOSOFIA – 40h HISTÓRIA – 40h
GEOGRAFIA – 40h SOCIOLOGIA – 40h

TEMA GERAL: A constituição do homem em sociedade

Competência específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos,
a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando
diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Competências Gerais: 1-Conhecimento; 2– Pensamento científico, crítico e criativo; 6– Trabalho e Projeto de Vida, e 10– Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

EM13CHS104 FILOSOFIA Ø 
Analisar os processos de formação e a uniformização de ü Estética e arte.
Analisar objetos e vestígios da opiniões, gostos e comportamentos, o consumismo e a ü  A arte como forma de pensamento e produção
cultura material e imaterial de cultura de massa. de significados e as concepções estéticas.
modo a identificar conhecimen- Ø 
Compreender o caráter material que se impõe aos indiví-
tos, valores, crenças e práticas duos, do padrão estético e das produções de significados.
que caracterizam a identidade e a GEOGRAFIA Ø 
Apresentar o patrimônio natural, incluindo os parques na- ü 
Turismo ambiental.
diversidade cultural de diferentes cionais e áreas de preservação, para refletir sobre a im- ü 
Relação entre patrimônio e Turismo.
sociedades inseridas no tempo e portância da conservação e o uso do turismo. ü 
Arqueologia e Paleontologia do Piauí.
no espaço. Ø 
Apresentar a importância que o patrimônio natural possui ü 
Patrimônio natural (nacional e piauiense), Par-
para a conservação, bem como a relação do patrimônio que Nacional Serra da Capivara, Parque Sete
com o turismo. Cidades, Cânion do Rio Poti, e conservação.
Ø 
Realizar levantamento dos aspectos naturais dos quais os
parques estão inseridos, bem como seu uso, ocupação e
impactos ambientais.
HISTÓRIA Ø 
Identificar a importância do patrimônio para identidade so- ü Patrimônio cultural: material e imaterial e o le-
cial e territorial dos indivíduos e inventariar o patrimônio gado cultural de diferentes povos.
material e imaterial do Brasil e do Piauí. ü 
Patrimônio histórico cultural e os lugares da
Ø 
Analisar o legado cultural de cada povo em diferentes pe- Memória.
ríodos e lugares, relacionando essa herança à formação ü  Patrimônio material (nacional e piauiense): Par-
da sociedade ocidental, sobretudo a brasileira, a partir do que Nacional Serra da Capivara, Parque Sete
enfoque do patrimônio histórico cultural e da importância Cidades.
da preservação da memória (local e nacional).
Ø 
Analisar os objetos da cultura material presentes no Par-
que Nacional Serra da Capivara, e a importãncia do Museu
do Homem Americano na preservação da memória e his-
tória local, nacional.
SOCIOLOGIA Ø 
Apreender de modo crítico o conceito de cultura em seus ü Cultura: dimensões, diversidade e difusão de
diversos meandros e sentidos. informações e conhecimentos,
Ø 
Problematizando formas de dominação e de resistência ü  Indústria cultural e meios de comunicação de
nas sociedades contemporâneas. massa: sociedade, ideologia e consumo.
Ø 
Reconhecer os impactos dos movimentos culturais e de ü  Cultura e territórios
contestação dos valores hegemônicos na vida social e
política.
Ø 
Abordar a relação da cultura e do território e as práticas
territoriais que revelam marcas culturais, como a gastro-
nomia, a música, os símbolos e as características do habi-
tar e do viver a cidade.
EM13CHS105 FILOSOFIA Ø 
Estudar a razão, a filosofia do conhecimento, a filosofia da ü 
Razão e pensamento científico.
Identificar, contextualizar e criticar ciência, a Teoria Crítica, bem como Montaigne, Rousseau, ü  Subjetividades, religiosidades, senso comum e
tipologias evolutivas (populações Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, Ernst Meyr, Max Scheler e valores tradicionais.
nômades e sedentárias, entre ou- Sartre.
tras) e oposições dicotômicas (ci- GEOGRAFIA Ø 
Contextualizar e analisar práticas de agricultura em dife- ü 
Consequências da Modernidade: tecnologia,
dade/campo, cultura/natureza, ci- rentes estruturas sociais, criticando classificações valora- trabalho, obsolescência e degradação ambien-
vilizados/bárbaros, razão/emoção, tivas e dicotômicas. tal.
material/virtual etc.), explicitando Ø 
Identificar as características e interconexões entre espa- ü 
Espaço urbano e rural: conflitos pela terra, inte-
suas ambiguidades. ços urbanos e rurais. resses divergentes e ambiguidades.
Ø 
Identificar e refletir sobre as consequências do uso das
tecnologias no cotidiano e avaliar o impacto social do culto
à ciência e à tecnologia para a sociedade contemporânea.
HISTÓRIA Ø 
Contextualizar as consequências da ideia de progresso na ü  A organização dos povos nômades e a ideia de
formação da concepção evolucionista de civilização. barbárie.
Ø 
Identificar e problematizar os usos sociais da ideia de evo- ü 
Os ideais iluministas e o conceito de civilizado.
lução em relação às diferenças étnico-raciais. ü 
Complexidade: entendimento dos conflitos e
Ø 
Contextualizar a ideia de barbárie, os ideais iluministas e situações divergentes, observando dicotomias,
o conceito de civilizado, no processo de neocolonização ambiguidades e julgamentos valorativos exclu-
na África e Ásia. dentes e opositivos.
ü 
O neocolonialismo na África e Ásia.
SOCIOLOGIA Ø 
Contextualizar os limites e as críticas à Modernidade. ü 
Modernidade; Pós-modernidade e Modernida-
Ø 
Compreender que as ideias de progresso, de razão e de de Líquida.
avanço rumo a uma sociedade melhor são passíveis de ü  Concepções de mudanças sociais em distintos
revisão crítica, possibilitando superar uma visão de mun- tempos e lugares: evolução, progresso e de-
do dicotômica. senvolvimento.
Ø 
Contextualizar e analisar situações de conflito pela terra e

Currículo do Piauí 2021


avaliar ambiguidades, dicotomias e julgamentos valorati-
vos em diferentes lugares do mundo.

325
326
TEMA GERAL: Poder, Territórios e Geopolítica.

Competência específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder que determinam
as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.
Competências Gerais: 2 – Pensamento científico, crítico e criativo, 5 – Cultura digital, 6 – Trabalho e projeto de vida, 9 – Empatia e Cooperação, 10 – Responsabilidade e
cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

EM13CHS204 FILOSOFIA Ø 
Comparar as retóricas e ideologias que pautaram e ou ü  Discurso ideológicos: nação, identidade nacio-
Comparar e avaliar os processos justificaram os conflitos, identificando a permanência e a nal e sociabilidades.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


de ocupação do espaço e a forma- dimensão ética de tais discursos.
ção de territórios, territorialidades Ø 
Estimular a reflexão sobre o ser em si e a coletividade
e fronteiras, identificando o papel para compreender a diversidade atual e histórica, des-
de diferentes agentes (como gru- construindo pré-juízos sobre o humano e a sociabilidade.
pos sociais e culturais, impérios, GEOGRAFIA Ø 
Analisar a função dos Organismos Internacionais (Unes- ü  Organismos internacionais, Estados Nacionais:
Estados Nacionais e organismos co, FAO, OMS e OCDE) na gestão de tensões sociais e territorialidades e políticas de administração na-
internacionais) e considerando ambientais entre países e no interior de diferentes países cionais.
os conflitos populacionais (inter- Ø 
Comparar processos de formação dos territórios em dife- ü Potências mundiais: fronteiras, territórios e ter-
nos e externos), a diversidade rentes contextos, considerando as culturas e as disputas ritorialidades.
étnico-cultural e as características territoriais entre povos de um mesmo país e entre povos ü Construção de Estados-Nações independentes
socioeconômicas, políticas e tec- de países distintos. (Palestina, curdos, catalães e armênios).
nológicas. Ø 
Comparar a relação entre a dinâmica capitalista e a conso-
lidação de potência mundiais.
HISTÓRIA Ø 
Identificar os agentes e a natureza dos conflitos, relacio- ü 
Estado, Nação e Identidade Nacional.
nando as atuais territorialidades. ü 
Processo de descolonização da África e da Ásia
Ø 
Avaliar o espaço como uma construção sócio-histórica e o legado das fronteiras artificiais.
que se altera constantemente a partir da ação de sujeitos ü 
Impérios e Estados Nacionais: sobreposição de
e interesses de diferentes naturezas. territorialidades étnicoculturais.
Ø 
Comparar as tensões entre diferentes demarcações polí- ü 
Construção de Estados-Nações independentes
ticas (Impérios, Estados Nacionais) e a territorialidade de (Palestina, curdos, catalães e armênios).
grupos étnicos, culturais e sociais. ü 
Federalismo e gestão do território: descentra-
Ø 
Avaliar a formação de territórios e fronteiras a partir da lização e arranjos institucionais, as diferenças
multiplicidade de culturas e etnias entre povos de um entre o federalismo do Brasil, EUA, Bélgica,
mesmo país e entre povos de países distintos. Suíça, Iraque etc.
Ø 
Identificar, analisar e posicionar-se criticamente em rela-
ção à herança dos conflitos na atualidade (Síria, Líbano
etc.) em diferentes processos de ocupação e formação
de territórios e territorialidades.
Ø 
Comparar e analisar os diferentes povos, etnias e culturas
envolvidos na luta contra a dominação, na construção de
Estados-Nações independentes (o caso da Palestina, dos
curdos, dos catalães, dos armênios) ou em acordos que
estabeleçam limites e fronteiras.
SOCIOLOGIA Ø 
Identificar a função dos agentes sociais, seus discursos e ü Papel Social.
as características étnico-culturais, econômicas e políticas ü 
Violência e luta de classes.
de diferentes conflitos. ü 
Produção do espaço urbano: formação de terri-
Ø 
Identificar a relação entre marcos regulatórios e questões tórios e governança.
ambientais, identificando relações entre aumento popula-
cional, surgimento de favelas e violência urbana.
Ø 
Relacionar questões referentes à violência, desemprego,
acesso a educação e moradia a exclusão de grupos e pes-
soas.
EM13CHS205 Ø 
Identificar e analisar múltiplas formas de relação com nor- ü 
Renovação cultural, ética, valores e cultura ju-
Analisar a produção de diferen- FILOSOFIA mas e padrões de conduta. venil.
tes territorialidades em suas di- Ø 
Analisar a existência de culturas e modos específicos de
mensões culturais, econômicas, grupos criarem os próprios padrões normativos.
ambientais, políticas e sociais, no Ø 
Estudar a ética e a conduta moral, analisando a complexi-
Brasil e no mundo contemporâ- dade e fragilidade da dualidade bem e mal.
neo, com destaque para as cultu- Ø 
Analisar as práticas juvenis e o avanço tecnológico e as
ras juvenis. aletrações na conduta moral.
Ø 
Analisar os conceitos que descrevem as dinâmicas po- ü  Transição demográfica, população economica-
GEOGRAFIA pulacionais, de modo a entender as possibilidades e os mente ativa e ocupação das áreas urbanas.
limites desses conceitos na produção da realidade social ü  Territorialidades juvenis: centralidades e perife-
formal e informal. rização no urbano e no rural, em distintas esca-
Ø 
Abordar as transformações socioespaciais, focando nas las de análise.
territorialidades em disputa, no urbano e no rural, frente ü 
Tecnologias da informação e comunicação e a
ao acesso a serviços, trabalho, lazer, educação e saúde. atuação da juventude em movimentos sociais.
Ø 
Compreender a relação política entre distintos tipos de
culturas.
Ø 

Analisar a noção de juventude, seu processo histórico de for-
mação e suas implicações políticas, econômicas e sociais.
Ø 
 
Analisar a noção de juventude, seu processo histórico de for- ü 
Cultura e contracultura no Pós Segunda Guerra
HISTÓRIA mação e suas implicações políticas, econômicas e sociais. Mundial (mundo e Brasil), movimentos de van-
Ø 
Refletir sobre o papel dos grupos de jovens junto aos mo- guarda.
vimentos de vanguarda musical, literária e política no Pós ü  Movimentos estudantis e juvenis da década de
Segunda Guerra. 1960 (Brasil, Piauí e mundo), movimento dos

Currículo do Piauí 2021


Ø 
Analisar as manifestações culturais e políticas juvenis no “cara-pintadas” e movimentos juvenis contem-
Brasil nas décadas de 1960, 1990 e século XXI e seus porâneos.

327
reflexos na contemporaneidade.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar a relação política entre distintos tipos de culturas. ü 
Tecnologias da informação e comunicação e a

328
Ø 
Refletir sobre o desenvolvimento de formas de solidarie- atuação da juventude em movimentos sociais.
dade e a elaboração de normas e códigos de conduta de
grupos identitários, minoritários ou excluídos, frente às
normas e valores hegemônicos.

TEMA GERAL: Relação entre sociedade e natureza: impactos econômicos e socioambientais

Competência específica 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus
impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável
em âmbito local, regional, nacional e global.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


Competências Gerais: 3 – Repertório Cultural, 7 – Argumentação e 10 – Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

EM13CHS304 FILOSOFIA Ø 
Analisar os discursos éticos e políticos, identificando po- ü 
Discursos éticos e políticos acerca do meio am-
Analisar os impactos socioam- sições não enunciadas, mas que podem dirigir os proces- biente e desenvolvimento sustentável.
bientais decorrentes de práticas sos de desenvolvimento sustentável.
de instituições governamentais, GEOGRAFIA Ø 
Analisar a dimensão geopolítica da questão ambiental. ü 
Governança ambiental no Brasil e em diferen-
de empresas e de indivíduos, dis- Ø 
Refletir sobre o papel dos países e das instituições para tes países do mundo.
cutindo as origens dessas práti- preservação do meio ambiente e para o desenvolvimento ü 
Fórum Mundial Ambiental da ONU, o Fórum
cas, selecionando, incorporando sustentável. Mundial da Água, a Conferência do Clima.
e promovendo aquelas que fa- Ø 
Compreender a dimensão geopolítica da questão ambien- ü 
Mudanças climáticas.
voreçam a consciência e a ética tal a partir dos temas: clima, água, consumo, produção de ü 
Programa das Nações Unidas para o Meio Am-
socioambiental e o consumo res- mercadorias, tecnologia e descarte. biente (Pnuma) e o fortalecimento das institui-
ponsável. Ø 
Relacionar as ações dos organismos internacionais e o pa- ções mundiais para o desenvolvimento susten-
pel dos países no enfrentamento das questões mundiais. tável.
Ø 
Desenvolver um entendimento crítico da realidade con- ü 
Desastres socioambientais no Brasil e Piauí
temporânea e das possibilidades reais de continuidade (rompimento das barragens: barragens do Fun-
dos padrões de produção industrial, consumo e susten- dão, Brumadinho, Mariana, Algodões– PI).
tabilidade ambiental.
Ø 
Analisar a questão da degradação ambiental nas socieda-
des modernas.
HISTÓRIA Ø 
Analisar os impactos socioambientais e o papel dos indiví- ü 
O papel dos indivíduos, das instituições, dos
duos, das instituições, dos Estados e dos órgãos multila- Estados e dos órgãos multilaterais no enfrenta-
terais a partir de situações como construção de ferrovias, mento das questões socioambientais.
rodovias, usinas hidrelétricas e nucleares; reformas urba- ü 
Programa das Nações Unidas para o Meio Am-
nísticas; campanhas sanitárias; entre outras. biente (Pnuma) e o fortalecimento das institui-
Ø 
Relacionar as ações dos organismos internacionais e o pa- ções mundiais para o desenvolvimento susten-
pel dos países no enfrentamento das questões mundiais. tável.
Ø 
Analisar e criticar as relações existentes entre as práticas ü 
Desastres socioambientais no Brasil e Piauí
sociais produtivas humanas e o ambiente natural. (rompimento das barragens: barragens do Fun-
Ø 
Desenvolver um entendimento crítico da realidade con- dão, Brumadinho, Mariana, Algodões– PI).
temporânea e das possibilidades reais de continuidade
dos padrões de produção industrial, consumo e susten-
tabilidade ambiental.
SOCIOLOGIA Ø 
Conhecer políticas e programas ambientais para a Ama- ü  A interação entre indivíduos, instituições, Esta-
zônia para refletir sobre a importância da preservação e dos e dos órgãos multilaterais no enfrentamen-
conservação. to das questões socioambientais.
Ø 
Abordar a questão da degradação ambiental nas socieda- ü  Estratégias e instrumentos internacionais de
des modernas. promoção das políticas ambientais.
Ø 
Refletir sobre os efeitos do processo de modernização ü  Riscos, vulnerabilidade e insegurança ambien-
e debater questões como pesquisas com embriões, mu- tal: políticas e programas ambientais para a
dança climática, riscos globais e a produção de discursos. Amazônia.
Ø 

Comparar os efeitos socioambientais compensatórios pro-
movidos por diferentes empreendimento aos impactos ge-
rados pelas atividades econômicas desenvolvidas por estes.
Ø 
Discutir as políticas e programas ambientais para a Ama-
zônia.
EM13CHS305 FILOSOFIA Ø 
Analisar a relação das sociedades com a natureza a pre- Ø 
Limites da ação individual e coletiva.
Analisar e discutir o papel e as servação inteligente das condições para a manutenção da Ø 
Relação das sociedades com a natureza e pos-
competências legais dos organis- vida. sibilidades de sustentabilidade.
mos nacionais e internacionais GEOGRAFIA Ø 
Discutir as possibilidades legais para uso e ocupação de Ø 
Produção econômica e as legislações para uso/
de regulação, controle e fiscali- Unidades de Conservação frente às ações de ocupação preservação/restauração/conservação dos re-
zação ambiental e dos acordos urbana. cursos naturais.
internacionais para a promoção e Ø 
Analisar as condições de preservação de áreas de flores- Ø 
Acordos, tratados, protocolos e convenções
a garantia de práticas ambientais ta, mananciais e redes hidrográficas com a crise hídrica ambientais internacionais e a soberania nacio-
sustentáveis. brasileira. nal.
Ø 

Comparar as proposições legais – nacionais e internacionais Ø 
Movimentos sociais ambientalistas e a agenda
– às ações de demarcação/uso/conservação e preservação global.
de áreas e ao apresentar as questões globais ambientais Ø 
Ações e instituições estatais e não governa-
diante dos dilemas e impactos políticos e econômicos. mentais de fiscalização e proteção ambiental.
Ø 
Analisar os acordos, tratados e protocolos internacionais
que regem as questões ambientais e identificar conflitos
de interesses nacionais e acordos globais.
Ø 
Discutir o papel dos organismos nacionais de regulação,
controle e fiscalização ambiental (por exemplo, o IBAMA
e órgãos estaduais) e a regulação de órgãos internacio-

Currículo do Piauí 2021


nais (por exemplo, a FAO, a OIT, entre outros).
Ø 
Estudar as instituições de poder e as questões relativas

329
ao desenvolvimento econômico e à sustentabilidade.
HISTÓRIA Ø 
Discutir os acordos, tratados e protocolos internacionais Ø Estados nacionais, desenvolvimento econômi-

330
que regem as questões ambientais e identificar conflitos co e a preocupação global com o ambiente.
de interesses nacionais e acordos globais. Ø 
Movimentos sociais ambientalistas e a agenda
Ø 
Analisar a relação entre desenvolvimento econômico e global.
preservação do meio ambiente a partir das demandas por
justiça ambiental em vários lugares do mundo.
Ø 
Discutir os acordos internacionais relativos ao aquecimen-
to global, à preservação e ao desenvolvimento sustentá-
vel, bem como os compromissos assumidos pelo Brasil.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar e discutir o papel dos organismos nacionais de ü Ações e instituições estatais e não governa-
regulação, controle e fiscalização ambiental (por exemplo, mentais de fiscalização e proteção ambiental.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


o IBAMA e órgãos estaduais) e a regulação de órgãos in-
ternacionais (por exemplo, a FAO, a OIT, entre outros).
Ø 
Analisar as instituições de poder e as questões relativas
ao desenvolvimento econômico e à sustentabilidade.
Ø 
Discutir a questão da organização da sociedade civil,
ações coletivas e participação dos movimentos sociais.

TEMA GERAL: Trabalho e suas múltiplas dimensões: histórica, geográfica, antropológica, sociológica, política, econômica e filosófica

Competência específica 4: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo
o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.

Competências Gerais: 6 – Trabalho e Projeto de Vida; 10 – Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS404 FILOSOFIA Ø 
Discutir sobre a complexidade presente e determinante ü 
Ideologia do trabalho e do ócio no mundo con-
Identificar e discutir os múltiplos nas relações homem-mundo e estimular o entendimento temporâneo.
aspectos do trabalho em diferen- das formas de produção, bem como dos limites que se
tes circunstâncias e contextos impõem ao desenvolvimento da produção.
históricos e/ou geográficos e seus GEOGRAFIA Ø 
Comparar e analisar diferentes cidades, no Brasil e no ü  População economicamente ativa, a transição
efeitos sobre as gerações, em es- mundo, considerando o envelhecimento da população demográfica e o envelhecimento.
pecial, os jovens, levando em con- frente a demanda por ocupação de postos de trabalho. ü 
A precarização do trabalho no mundo globali-
sideração, na atualidade, as trans- Ø 
Discutir a relação entre transformações no mundo do tra- zado: vínculos informais de trabalho, terceiriza-
formações técnicas, tecnológicas balho e o envelhecimento da população, suas novas im- ção, empreendedorismo e multifuncionalidade.
e informacionais. plicações para as gerações futuras e o uso do território ü  O mundo do trabalho na Revolução 4.0
em decorrência dos novos arranjos do mundo do trabalho.
Ø 
Identificar o caráter relacional das principais determina-
ções que integram a realidade socioeconômica globaliza-
da contemporânea.
HISTÓRIA Ø 
Identificar as diversas dimensões do trabalho em diferen- ü 
Trabalho: diferentes significados e sentidos.
tes sociedades ao longo da História. ü 
Trabalhos “invisíveis”: domésticos, voluntários,
Ø 

Discutir sobre a diversidade e a complexidade de socieda- imigrante, trabalho para consumo próprio (culti-
des e culturas em diferentes tempos, destacando a situa- vo, pesca, caça, criação de animais, artesanato
ção dos excluídos e dominados: indígenas, mulheres, cam- etc.).
poneses, escravos, miseráveis das cidades e do campo etc. ü 
Profissões “invisíveis”: gari, faxineiro, sepulta-
Ø 
Discutir a importância dos trabalhos e das profissões “in- dor, porteiro, catadores de lixo reciclável etc.
visíveis”, considerando sua função na comunidade e ava- ü 
O mundo do trabalho na Revolução 4.0 e seus
liando o preconceito que sofrem, com vistas à tomada de impactos sociais.
consciência de empatia e respeito às pessoas.
Ø 
identificar a realidade socioeconômica globalizada con-
temporânea e explicitar os pressupostos e implicações
de natureza histórico-sociais inscritas no desenvolvimen-
to contemporâneo do capitalismo.
SOCIOLOGIA Ø 
Discutir as diferentes visões a respeito do trabalho. ü 
Profissões ameaçadas pelo avanço das tecno-
Ø 

Refletir acerca da sociedade capitalista industrial, o au- logias e os impactos da nova configuração do
mento da produtividade, a racionalização e o controle, bem trabalho para as gerações futuras.
como a ideologia do trabalho na atualidade, a redução de ü  O ócio e o lazer no mundo do trabalho.
jornadas e o incentivo ao uso do tempo para o ócio e o lazer. ü 
Ideologia do trabalho.
Ø 
Identificar as demandas, as necessidades e o uso do tem-
po para o lazer, a expressão artístico-cultural e o ócio na
atualidade.

TEMA GERAL: Direitos Humanos, ética, consciência moral, solidariedade e tolerância às diferenças culturais, religiosas e étnico-raciais.

Competência específica 5: Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

Competências Gerais: 5 – Cultura digital, 9 – Empatia e cooperação; 10 – Responsabilidade e cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS504 FILOSOFIA Ø 
Avaliar o descentramento individual, pelo exercício da ü  O mito da certeza e da neutralidade da ciência.
Analisar e avaliar os impasses análise crítica, objetiva e rigorosa, a partir da questão da ü 
O conflito entre ciência e religião.
ético-políticos decorrentes das técnica e da tecnologia no cotidiano das pessoas. ü 
Empirismo, ciência e tecnologia.
transformações culturais, sociais, Ø 
Analisar os conflitos entre ciência e religião.
históricas, científicas e tecnológi- Ø 
Problematizar as certezas e neutralidades da ciência rela-
cas no mundo contemporâneo e cionando-a a interesses que as envolve.
seus desdobramentos nas atitu- GEOGRAFIA Ø 
Analisar as transformações do mundo contemporâneo a ü  A geopolítica das técnicas e da ciência.
des e nos valores de indivíduos,

Currículo do Piauí 2021


partir das inovações técnicas e tecnológicas e os impac- ü  
Os conflitos espaciais na produção, distribuição
grupos sociais, sociedades e cul- tos territoriais, a partir da produção, distribuição e consu- e consumo: a divisão internacional e territorial do
turas.

331
mo. trabalho. Produção da vida e arranjos técnicos.
332
Ø 
Analisar a organização do espaço e a divisão internacio-
nal do trabalho a partir da lógica de produção industrial
e científica; o avanço das técnicas e o uso do território;
as grandes corporações e a geopolítica das técnicas e da
ciência; e a segregação decorrente da desigualdade social

Novo Ensino Médio – Caderno 1


e territorial.
HISTÓRIA Ø 
Analisar as revoluções científicas, suas consequências ü  As Revoluções Industriais e seus impactos no
culturais e usos econômicos e políticos. mundo contemporâneo.
Ø 
Avaliar os impactos sociais e transformações de costu- ü  A questão da técnica, tecnologia e ciências e a
mes e valores nas sociedades em geral a partir das trans- cultura tecnológica.
formações técnico-científicas. ü 
Os objetivos e significados da ciência e da tec-
Ø 
Analisar a interdependência entre técnica, ciência e tec- nologia para a vida social e desenvolvimento
nologia na atualidade. científico.
Ø 
Analisar e avaliar que a ciência está condicionada à visão
de mundo do cientista e de seu meio social e, portanto,
não é um saber neutro, e que seus resultados, incluindo
a tecnologia produzida por ela, atendem a interesses es-
pecíficos.
SOCIOLOGIA Ø 
Avaliar situações de insensibilidade e invisibilidade de gru- ü 
A exclusão e invisibilidade das minorias sociais.
pos/pessoas, no que diz respeito ao acesso a resultados ü  Transformações sociais: da ética moral-coletiva
da produção científico tecnológica. do dever à lógica dos prazeres, utilidade e inte-
Ø 
Analisar as transformações recentes e efeitos das inova- resses individuais.
ções tecnológicas. ü 
Ciência, produção e mudanças de costumes:
Ø 
Dialogar com perspectivas contemporâneas para discutir exemplos da indústria farmacêutica, de práticas
questões morais sobre valores como confiança, respon- médico-sanitárias e de prevenções.
sabilidade, solidariedade etc.
TEMA GERAL: Consciência crítica, autonomia e cidadania.

Competência específica 6: Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Competências Gerais: 6 – Trabalho e Projeto de Vida, 10 – Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS604 FILOSOFIA Ø 
Discutir criticamente os conceitos relativos aos valores ü 
Valores éticos e na política e economia contem-
éticos na política e na economia. porânea.
Discutir o papel dos organismos
GEOGRAFIA Ø 
Discutir os limites de atuação dos Estados no cenário in- ü 
A função e as formas de atuação de organis-
internacionais no contexto mun-
ternacional e o papel dos organismos internacionais nas mos internacionais: ONU, FMI, Conselho de
dial, com vistas à elaboração de
relações geopolíticas mundiais. Segurança, OMC, OIT, OMS, UNESCO.
uma visão crítica sobre seus limi-
Ø 
Analisar o papel dos organismos internacionais frente às ü A relação dos organismos internacionais e os
tes e suas formas de atuação nos
condições de trabalho em países emergentes. blocos de integração econômica mundiais.
países, considerando os aspectos
Ø 
Discutir as relações comerciais e de produção dos seto-
positivos e negativos dessa atua-
res econômicos e o papel de regulação dos organismos
ção para as populações locais.
internacionais com destaque para a OMC, OIT e FAO.
HISTÓRIA Ø 
Discutir os princípios de atuação dos Estados no cenário ü  Estados Nacionais e governança global: dos as-
internacional e refletir sobre os conflitos e a necessidade pectos filosóficos e históricos até a conjuntura
de mediações entre os interesses nacionais. atual.
Ø 
Analisar a ação da ONU frente aos conflitos na Síria, Líbia ü 
Os tratados internacionais, o Sistema de Vest-
e Egito e o crescimento de refugiados no mundo. fália e seus limites na forma de atuação.
Ø 
Dicutir a atuação dos organismos internacionais no con-
texto da Guerra Fria, nas ações da OTAN sobre o Iraque
(2003), a Líbia (2011) e a Síria (2013) e na questão dos
movimentos migratórios transnacionais.
SOCIOLOGIA Ø 
Discutir as relações entre Estados e organismos interna- ü A economia globalizada a partir das ações de
cionais, investigando as negociações entre os Estados, organismos internacionais como FMI, OMC e
os problemas relativos as fronteiras, os acordos firmados Banco Mundial.
para mediar conflitos e a questão dos organismos interna- ü 
Conflitos internacionais e a questão social.
cionais e a globalização após o Tratado de Vestfália.
Ø 
Analisar o papel das organizações internacionais na elabo-
ração e regulação de normas e acordos entre países, con-

Currículo do Piauí 2021


siderando as tensões entre interesses globais e locais.

333
334
EM13CHS605 FILOSOFIA Ø 
Analisar os princípios de justiça, igualdade, fraternidade, ü 
Princípios de justiça, igualdade, fraternidade,
Analisar os princípios da declara- liberdade e direitos a partir do enfoque da cidadania e do liberdade e cidadania.
ção dos Direitos Humanos, recor- direito do ser humano de ser reconhecido como pessoa
rendo às noções de justiça, igual- em qualquer lugar.
dade e fraternidade, identificar os Ø 
Problematizar uma situação que revele a desigualdade
progressos e entraves à concreti- socioespacial: refugiados da Europa e imigrantes latino-
zação desses direitos nas diversas -americanos.
sociedades contemporâneas e GEOGRAFIA Ø 
Elaborar mapas temáticos que expressem dados relativos ü  As questões relativas aos Direitos Humanos e a
promover ações concretas diante à violação dos Direitos Humanos básicos e à vulnerabili- desigualdade social e territorial.
da desigualdade e das violações dade territorial e social (como acesso a educação, condi- ü Redes globais e fluxos financeiros e a relação

Novo Ensino Médio – Caderno 1


desses direitos em diferentes ções dignas de moradia, falta de acesso a saúde e violên- com a vulnerabilidade social e as desigualdades
espaços de vivência, respeitando cia física e psicológica), em diferentes lugares. territoriais.
a identidade de cada grupo e de Ø 
Analisar as situações de violação dos direitos humanos
cada indivíduo. a partir da identificação das características socioeconô-
micas dos lugares, de modo a reconhecer a vinculação
entre fragilidade social e territorial de distintos grupos e
a propensão a submissão e a condições de violação de
direitos.
Ø 
Problematizar uma situação que revele a desigualdade
socioespacial: Refugiados da Europa e imigrantes latino-
-americanos.
HISTÓRIA Ø 
Problematizar os princípios universais dos Direitos Huma- ü 
Histórico de criação e princípios da Declaração
nos, considerando a diversidade de sociedades, povos e Universal dos Direitos Humanos entre diferen-
culturas no mundo. tes povos.
Ø 
Analisar o contexto de elaboração da Declaração Univer- ü  O regime de apartheid na África do Sul.
sal dos Direitos Humanos e discutir os princípios e os di-
reitos previstos no documento, bem como os desrespei-
tos durante o regime de apartheid na África do Sul.
Ø 
Problematizar uma situação que revele a desigualdade
socioespacial: Refugiados da Europa e imigrantes latino-
-americanos.
SOCIOLOGIA Ø 
Analisar a Declaração Universal dos Direitos Humanos e ü  Os princípios de justiça, igualdade, fraternida-
avaliar os princípios e os direitos previstos no documento. de e liberdade a partir do enfoque dos Direitos
Ø 
Problematizar uma situação que revele a desigualdade Humanos sobre a saúde, educação, trabalho e
socioespacial: Refugiados da Europa e imigrantes latino- vida digna.
-americanos. ü 
A questão da cidadania e o direito de ser, em
todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
QUADRO MATRIZ 3 – 3a SÉRIE

CARGA HORÁRIA ANUAL DOS COMPONENTES


a
3 SÉRIE HISTÓRIA – 40h
GEOGRAFIA – 40h

TEMA GERAL: A constituição do homem em sociedade

Competência específica 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos,
a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando
diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

Competências Gerais: 1-Conhecimento; 2– Pensamento científico, crítico e criativo; 6– Trabalho e Projeto de Vida, e 10– Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS105 GEOGRAFIA Ø 
identificar e analisar práticas de agricultura em diferentes ü 
Espaço urbano e rural: conflitos pela terra, inte-
Identificar, contextualizar e criticar estruturas sociais, criticando Classificações valorativas e resses divergentes e ambiguidades.
tipologias evolutivas (populações dicotômicas.
nômades e sedentárias, entre ou- Ø 
Identificar situações de conflito pela terra e avaliar ambi-
tras) e oposições dicotômicas (ci- guidades, dicotomias e julgamentos valorativos em dife-
dade/campo, cultura/natureza, ci- rentes lugares do mundo.
vilizados/bárbaros, razão/emoção,
HISTÓRIA Ø 
Contextualizar as tipologias dicotômicas que resultam em ü O ultranacionalismo dos regimes totalitários e
material/virtual etc.), explicitando
conflitos nos regimes totalitários e problematizar as ideo- a presença da dicotomia na organização das so-
suas ambiguidades.
logias ultranacionalistas. ciedades.
Ø 
Identificar os conflitos e situações divergentes, observan-
do as dicotomias, ambiguidades e julgamentos valorativos
excludentes e opositivos na organização das sociedades.

EM13CHS106 GEOGRAFIA Ø 
Refletir sobre o acesso e os usos da Internet e das re- ü  Escala Cartográfica e Escala Geográfica.
Utilizar as linguagens cartográfica, des sociais, considerando as desigualdades regionais e ü  Diferentes formas de representação espacial
gráfica e iconográfica, diferentes sociais. da informação, por exemplo, no acesso e uso
gêneros textuais e tecnologias di- Ø 
Identificar os contextos próprios aos saberes e conheci- da Internet e das redes sociais, considerando
gitais de informação e comunica- mentos: apropriar-se de estratégias comunicativas perti- as desigualdades regionais e sociais.
ção de forma crítica, significativa, 
nentes a cada contexto de interação e articular e expres- ü 
Análise de mapas temáticos e de dados sobre os
reflexiva e ética nas diversas prá- sar ideias de forma argumentativa. usos do território no Brasil e no mundo a partir

Currículo do Piauí 2021


ticas sociais, incluindo as escola- Ø 
Usar a linguagem cartográfica como recurso para expres- da malha rodoviária, ferroviária, hidroviária, aero-
res, para se comunicar, acessar e são de interpretações de práticas espaciais. viária e a relação com a mobilidade da produção.

335
336
difundir informações, produzir co- HISTÓRIA Ø 
Analisar criticamente documentos de natureza diversa: ü 
Leitura de imagem (fotografia, charges, carica-
nhecimentos, resolver problemas fotografias, obras de arte, caricaturas, quadrinhos, filmes, turas etc.) em diferentes suportes para identifi-
e exercer protagonismo e autoria músicas, textos literários e teatrais, propagandas etc. car visões de mundo, parcialidades, estereóti-
na vida pessoal e coletiva. Ø 
Perceber os significados explícitos e implícitos, bem pos e intencionalidades.
como os apelos simbólicos, consumistas e ideológicos ü 
Informação e comunicação: a relação entre os
das tecnologias digitais de informação e comunicação. sistemas de comunicação e as redes técnicas.
Ø 
Identificar os contextos próprios aos saberes e conheci- ü 
Algoritmos, privacidade e “bolhas digitais”.
mentos: apropriar-se de estratégias comunicativas perti- ü 
Fake News e comunicação política.
nentes a cada contexto de interação e articular e expres-

Novo Ensino Médio – Caderno 1


sar ideias de forma argumentativa.
Ø 
Discutir o uso intencional da fake News no âmbito da po-
lítica e seus limites éticos.

TEMA GERAL: Poder, Territórios e Geopolítica.

Competência específica 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder que determinam
as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.
Competências Gerais: 2 – Pensamento científico, crítico e criativo, 5 – Cultura digital, 6 – Trabalho e projeto de vida, 9 – Empatia e Cooperação, 10 – Responsabilidade e
cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS205 GEOGRAFIA Ø 
Analisar os conceitos que descrevem as dinâmicas po- ü  Transição demográfica, população economica-
Analisar a produção de diferen- pulacionais, de modo a entender as possibilidades e os mente ativa e ocupação das áreas urbanas.
tes territorialidades em suas di- limites desses conceitos na produção da realidade social
mensões culturais, econômicas, formal e informal.
ambientais, políticas e sociais, no
HISTÓRIA Ø 
Analisar a relação política entre distintos tipos de culturas. ü 
Os movimentos de vanguarda musical, literá-
Brasil e no mundo contemporâ-
Ø 
Discutir a cultura do consumo e estilos de vida juvenis na ria e política no Brasil: Bossa Nova, Canção de
neo, com destaque para as cultu-
sociedade contemporânea. protesto, MPB, Tropicalismo, a Semana de Arte
ras juvenis.
Ø 
Analisar as concepções e práticas de consumo de jovens Moderna, Cinema Novo, Movimento estudantil
ativistas brasileiros que assumem posturas críticas ou al- no pós –1964.
ternativas às sociedades midiáticas e ao capitalismo. ü 
Culturas juvenis contemporâneas: vivencias
Ø 
Analisar os estilos de vida juvenis contemporâneos e suas cotidianas como – a capoeira, hip-hop, rock,
estratégias de comunicação e protestos. Funk, rodas de samba, grafite, e as ferramen-
tas audiovisuais que aproveitam as tecnologias
de informação e comunicação como o youtube,
WhatsApp, Instagram, Twitter etc.
EM13CHS206 GEOGRAFIA Ø 
Analisar representações cartográficas que permitam re- ü Abrangência escalar do fenômeno espacial:
Analisar a ocupação humana e a fletir sobre as semelhanças e diferenças entre fenôme- local, regional e global e as relações entre os
produção do espaço em diferen- nos geográficos em diferentes lugares e tempos. princípios do raciocínio geográfico.
tes tempos, aplicando os princí- Ø 
Compreender a escala de atuação humana nas questões ü  Redes urbanas, cidades globais, megalópoles e
pios de localização, distribuição, ambientais, considerando a interação entre fenômenos, metrópoles, considerando as barreiras econô-
ordem, extensão, conexão, arran- próximos e distantes, como constituintes das organiza- micas, sistemas de informação e comunicação
jos, casualidade, entre outros que ções espaciais. e as contradições socioespaciais contemporâ-
contribuem para o raciocínio geo- Ø 
Identificar a estruturação de espaços urbanos, conside- neas.
gráfico. rando indicadores de renda, consumo e qualidade de vida ü 
Processos de urbanização e o direito à cidade.
(serviços de saneamento, transporte, lazer, acesso a edu-
cação e moradia, entre outros indicadores socioeconômi-
cos e ambientais).
HISTÓRIA Ø 
Discutir os usos do espaço no Brasil colonial e monárqui- ü 
Processos de urbanização e o direito à cidade:
co. os usos do espaço no Brasil colonial e monár-
Ø 
Analisar o processo de ocupação do território piauiense a quico.
partir das conexões das rotas de gados. ü 
O processo de povoamento do Piauí a partir das
Ø 
Reconhecer a importância e influência da configuração rotas do gado.
espacial no desenvolvimento das sociedades antigas, na ü  
Redes e sociabilidades urbanas: localização e
formação das aldeias agrícolas e primeiras cidades e no mapeamento de aparelhos culturais e de entre-
estabelecimento de rotas comerciais. tenimento pela cidade – configuração espacial
no desenvolvimento das sociedades antigas, na
formação das aldeias agrícolas e primeiras cida-
des e no estabelecimento de rotas comerciais.

TEMA GERAL: Relação entre sociedade e natureza: impactos econômicos e socioambientais

Competência específica 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus
impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável
em âmbito local, regional, nacional e global.

Competências Gerais: 3 – Repertório Cultural, 7 – Argumentação e 10 – Responsabilidade e Cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO


EM13CHS305 GEOGRAFIA Ø 
Conhecer os acordos, tratados e protocolos internacio- ü  Acordos, tratados, protocolos e convenções
Analisar e discutir o papel e as nais que regem as questões ambientais e identificar con- ambientais internacionais e a soberania nacio-
competências legais dos organis- flitos de interesses nacionais e acordos globais. nal.
mos nacionais e internacionais Ø 
Analisar e discutir o papel dos organismos nacionais de ü Estados nacionais, desenvolvimento econômi-

Currículo do Piauí 2021


de regulação, controle e fiscali- regulação, controle e fiscalização ambiental (por exemplo, co e a preocupação global com o ambiente.
zação ambiental e dos acordos o IBAMA e órgãos estaduais) e a regulação de órgãos in-

337
ternacionais (por exemplo, a FAO, a OIT, entre outros).
internacionais para a promoção e HISTÓRIA Ø 
Discutir a atuação dos movimentos sociais ambientalistas ü  Movimentos sociais ambientalistas e a agenda

338
a garantia de práticas ambientais diante da agenda global. global.
sustentáveis. Ø 
Analisar o papel do Brasil e das potências mundiais frente ü 
Compromissos do Brasil frente ao combate ao
ao combate ao aquecimento global. aquecimento global (promessas e políticas de
Ø 
Discutir as ações do governo brasileiro no cumprimento execução).
aos compromissos diante da Cúpula do Clima realizado ü  O papel das potencias e dos países emergen-
em 2021. tes na garantia de práticas ambientais susten-
táveis.
EM13CHS306 GEOGRAFIA Ø 
Contextualizar o desenvolvimento econômico e a propos- ü 
Economia verde, bem-estar humano e equida-
Contextualizar, comparar e avaliar ta de economia verde a partir do pressuposto do bem-es- de social.
os impactos de diferentes mode- tar humano e da equidade social. ü 
Riscos ambientais e a escassez ecológica: o

Novo Ensino Médio – Caderno 1


los socioeconômicos no uso dos Ø 
Comparar e avaliar a produção dos setores primários e se- comportamento de países desenvolvidos e em
recursos naturais e na promoção cundários da economia, em países de diferentes regiões desenvolvimento nos setores primários da eco-
da sustentabilidade econômica e do mundo, a partir dos dados de recursos naturais, impac- nomia.
socioambiental do planeta (como tos ambientais, PIB, desigualdade de renda, segregação ü 
Padrões de industrialização, riscos e meio am-
a adoção dos sistemas da agro- socioespacial da produção, concentração de riquezas etc. biente em diferentes países do mundo.
biodiversidade e agroflorestal por Ø 
Avaliar sobre o sentido do indivíduo na sociedade, a im- ü 
Dinâmicas socioespaciais produtivas e a espe-
diferentes comunidades, entre portância da coletividade e a solidariedade como prática cialização do território da produção econômica.
outros). da vida humana. ü 
Cooperativismo, economia solidária e associati-
Ø 
Compreender o associativismo, o cooperativismo e a eco- vismo: a questão do indivíduo, da coletividade,
nomia solidária. da ética e da solidariedade.
ü 
O impacto econômico, social e ambiental dos
parques eólicos instalados no Piauí.
HISTÓRIA Ø 
Contextualizar a dimensão ambiental no processo de ü  O choque do petróleo na década de 1970 (que
crescimento econômico com base nos estudos pioneiros levou à preocupação com a escassez de recur-
de Thomas Malthus e David Ricardo. sos naturais); o programa Proálcool.
Ø 
Avaliar os efeitos do choque do petróleo em 1970 e seus ü 
Padrões de industrialização, riscos e meio am-
desmembramentos até o Proálcool. biente em diferentes países do mundo.
Ø 
Comparar o desenvolvimento econômico e a proposta de ü  Cooperativismo, economia solidária e associati-
economia verde a partir do pressuposto do bem-estar hu- vismo: a questão do indivíduo, da coletividade,
mano e da equidade social. da ética e da solidariedade.
Ø 
Avaliar sobre o sentido do indivíduo na sociedade, a im-
portância da coletividade e a solidariedade como prática
da vida humana.
Ø 
Contextualizar as formas de organização e princípios nor-
teadores do associativismo, cooperativismo e economia
solidária.
TEMA GERAL: Consciência crítica, autonomia e cidadania.

Competência específica 6: Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

Competências Gerais: 6 – Trabalho e Projeto de Vida; 10 – Responsabilidade e cidadania.

HABILIDADES COMPONENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DO CONHECIMENTO

EM13CHS605 GEOGRAFIA Ø 
Analisar e problematizar uma situação que revele a desi- ü 
Redes globais e fluxos financeiros e a relação
Analisar os princípios da decla- gualdade socioespacial: Refugiados da Europa e imigran- com a vulnerabilidade social e as desigualdades
ração dos Direitos Humanos, re- tes latino-americanos. territoriais.
correndo às noções de justiça,
igualdade e fraternidade, iden-
tificar os progressos e entraves
à concretização desses direitos
nas diversas sociedades contem-
porâneas e promover ações con-
cretas diante da desigualdade e
das violações desses direitos em
diferentes espaços de vivência, HISTÓRIA Ø 
Analisar os princípios universais dos Direitos Humanos, ü  As leis segregacionistas dos Estados Unidos e
respeitando a identidade de cada considerando problematizando as leis segregacionistas as violações dos Direitos Humanos praticadas
grupo e de cada indivíduo. dos Estados Unidos e das ditaduras contemporâneas. pelas ditaduras em diferentes lugares do mun-
Ø 
Analisar as violações de direitos dos refugiados na Améri- do.
ca e Europa, bem como dos imigrantes venezuelanos no ü  Os refugiados na América e Europa.
Brasil, relacionando aos princípios de justiça, igualdade e ü 
A situação dos venezuelanos no Brasil.
desigualdades.

EM13CHS606 GEOGRAFIA Ø 
Analisar as causas históricas e socioespaciais que contri- ü 
Mapa das desigualdades sociais no Brasil e
Analisar as características so- buem para as situações de desigualdade e contradições os indicadores de emprego, trabalho e renda
cioeconômicas da sociedade bra- intra e entre regiões brasileiras. (Pnad, IBGE e Ipea).
sileira – com base na análise de Ø 
Compreender demandas e necessidades de cada região ü  Políticas públicas de geração de emprego e ren-
documentos (dados, tabelas, ma- do Brasil, considerando diferentes extratos da população: da no Brasil em diferentes escalas regionais:
pas etc.) de diferentes fontes – e crianças, jovens, adultos e idosos. Norte, Nordeste, Sudeste, Centro Oeste e Sul.
propor medidas para enfrentar os Ø 
Analisar diferentes indicadores que caracterizam a socie- ü A produção de riquezas no Brasil, a distribuição
problemas identificados e cons- dade brasileira, como população, educação, trabalho e de renda e as condições de existência de in-
truir uma sociedade mais próspe rendimento. dígenas, mulheres, quilombolas, camponeses,

Currículo do Piauí 2021


ra, justa e inclusiva, que valorize escravos, populações ribeirinhas, população ru-
o protagonismo de seus cidadãos ral e urbana, em diferentes tempos e espaços.

339
e promova o autoconhecimento, HISTÓRIA Ø 
Analisar a condição de distintos grupos sociais frente aos ü 
As condições de geração de renda, sobretudo

340
a autoestima, a autoconfiança e a modos de produção e distribuição de riquezas, em dife- da população jovem, diante das atuais configu-
empatia. rentes contextos temporais. rações de trabalho, emprego e empreendedo-
Ø 
Analisar as causas históricas e socioespaciais que contri- rismo.
buem para as situações de desigualdade e contradições ü  A produção de riquezas no Brasil, a distribuição
intra e entre regiões brasileiras. de renda e as condições de existência de in-
Ø 
Discutir a importância dos diferentes grupos sociais que dígenas, mulheres, quilombolas, camponeses,
formam a sociedade brasileira, considerando suas carac- escravos, populações ribeirinhas, população ru-
terísticas, com vistas à construção de empatia e respeito ral e urbana, em diferentes tempos e espaços.
às pessoas e entre diferentes grupos. ü 
Condições socioeconômicas e culturais dos
Ø 
Analisar sobre a produção de riquezas e distribuição de grupos quilombolas do Piauí.

Novo Ensino Médio – Caderno 1


renda no Brasil e Piauí, identificando o lugar das comuni-
dades quilombolas.
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