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TECNOLOGIA 17

Secagem com Fornalha Eficiente


Safra após safra, os avanços de produtividade são in-
questionáveis: a agricultura avançou a passos largos e os
resultados são visíveis. Diante deste cenário, o volume
de grãos recebidos aumenta drasticamente, gerando
a necessidade de sistemas cada vez mais otimizados a
atender em volume e rapidez de processo.
No quesito secagem, ainda que existam diversos
modelos de secadores de grãos, com as mais variadas
características de funcionamento, as fornalhas para ge-
ração de calor até então se baseiam em sistemas ainda
muito rudimentares.
Na América Latina particularmente, as fornalhas tem
o calor gerado predominantemente pela queima de to-
ras de madeira. Os problemas deste método estão des-
tacados em alguns pontos a seguir:
Estoque: a compra de toras de madeira deve ser
realizada com uma certa antecipação, afim de que as
mesmas sejam distribuídas no pátio da unidade de be-
neficiamento para que sequem por ação do vento e sol.
Este processo ocupa espaço significativo no pátio da
unidade atrapalhando muitas vezes região de manobra
de caminhão e tratores. Além disso as pilhas de madei-
ra estocada permitem a formação de ninhos de insetos
e animais peçonhentos trazendo riscos à saúde. Outro
fator importante é o custo financeiro deste estoque for-
mado muito antes da safra.
Mão de obra: o manuseio da lenha e a alimentação
da fornalha com toras demanda grande quantidade de

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Em contraponto às situações mencionadas, diversas
empresas, tem implantado equipamentos de geração
de gás quente automatizados, baseados na queima de
cavaco de madeira e resíduos agrícolas que tem obtido
redução de custos de secagem de até 50%, além do au-
mento de produtividade e qualidade por razões e bene-
fícios expostos a seguir:
Melhoria do processo de queima: A utilização de ma-
terial particulado (cavaco) traz a vantagem imediata de
permitir a melhor homogeneidade de mistura entre o
ar e o combustível, resultando numa queima mais efi-
ciente. É importante ressaltar que esta melhoria é válida
exclusivamente para sistemas de grelha móvel. Em caso
de utilização de grelha fixa o resultado pode ser prejudi-
cial com problemas de “queima fria” com temperaturas
de queima mais baixas e oscilantes, produzindo cinzas e
fumaça excessiva, além de odores e contaminantes in-
desejáveis.
Utilização de resíduos agrícolas como combustível:
produto disponível em todas as unidades de secagem
tais como sabugo de milho, vagem de soja, palhas e ou-
tros possuem poder calorífico excelente e podem ser
misturados ao cavaco de madeira em proporções ex-
perimentadas de até 40% reduzindo assim o custo de
aquisição de combustível e diminuindo o problema de
movimentação dos resíduos após safra que também
tem custos intrínsecos (frete, carregamento, etc).
Estabilidade do processo: uma vez que o sistema é
controlado por sensores de temperatura e um painel de
operadores, mas esta função se encontra bastante pre-
judicada pela escassez de mão de obra disposta a um
trabalho duro e perigoso, leis trabalhistas rígidas, gran-
de volume de acidentes e rotatividade de colaboradores.
Estabilidade: o controle de alimentação de lenha ge-
ralmente é manual, baseado no tempo de resposta do
operador e sua percepção da quantidade a ser jogada na
fornalha. Durante a operação a temperatura do secador
pode oscilar com grande amplitude, sendo necessário
sobrealimentar ou abafar o fogo, levando a um consumo
excessivo de toras de madeira. Estas variações de tem-
peratura também dificultam atingir um objetivo de teor
de umidade com grande precisão. Importante lembrar
o fato de que cada vez que o grão for mais seco além da
umidade média comercial, o produtor estará perdendo
massa de grão, resultando em perdas financeiras.

Revista Grãos Brasil - Março / Abril 2020


TECNOLOGIA 19
perceptível também a diminuição de odores no produto
final.
Menos mão de obra: um único operador treinado
pode monitorar até 3 secadores de grande porte que es-
tejam próximos, mantendo as moegas de cavaco cheias.
Permite integração a sistemas de supervisório centra-
lizando as informações em um só ponto na planta de
recebimento de grãos.
Flexibilidade: o queimador tipo grelha móvel pode
ser instalado em secadores de qualquer fabricante, po-
dendo ser em unidades existentes ou novas. Flexibili-
dade também na alimentação de cavaco que pode ser
feita num sistema mais compacto apenas com uma mo-
ega para cada queimador ou sistemas mais elaborados
com grandes estoques de cavaco e múltiplos secadores
sendo alimentados por um pátio de biomassa.
Sem dúvida é mais um avanço que vem contribuir
automação, as oscilações de temperatura no secador para a melhoria da performance do agronegócio, bem
são desprezíveis (em média +- 1,0°C), gerando assim um como a melhoria de produtos finais oferecidos ao con-
processo estável e com ganho de tempo de secagem sumidor.
em relação a outros equipamentos.
Menos fumaça, odores e contaminantes: em se tra-
tando de um processo de queima em alta temperatura
de maneira estável, e com excesso de ar adequado para
a promoção de uma queima completa, a reação reduz
o percentual de cinza, fumaça e contaminantes, sendo
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