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Renata Forsthofer
Renata Forsthofer
RESUMO
ABSTRACT
Today, civil construction has entered a new phase, personalization, which requires skilled
professionals to understand how changes affect the structure and resize it for new usage loads,
using alternatives such as structural reinforcements. The present work refers to a theoretical and
experimental analysis on the efficiency of the method of increasing the cross section in
reinforced concrete slabs by means of four prototypes, three of them manufactured with
structural reinforcement and one without structural reinforcement. From the results obtained in
the tests were compared the shear, bending moment and shear forces in flexion with the values
found in the calculations for the slabs without and with reinforcement and was verified if there
was a greater resistance in the prototypes where the cross section was increased.
LISTA DE SÍMBOLOS
Letras Latinas
ℓ Vão
VRd2 Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais
comprimidas do concreto
fck Resistência característica do concreto à compressão, em MPa
fcd Resistência de cálculo do concreto à compressão
bw Largura da laje, 1 m
d Altura útil
VSd Força cortante solicitante de cálculo
VRd3 Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal
Vc Parcela de força cortante resistida pelo concreto
Vsw Parcela de força cortante resistida pela armadura transversal
Asw Área das armaduras transversais
S Espaçamento entre eixos dos estribos, medido no sentido longitudinal do
elemento estrutural
fywd Tensão na armadura transversal passiva, limitada a 435 MPa
VRd1 Força cortante máxima
fctd Resistência de cálculo do concreto à tração
fctk,inf Resistência característica do concreto à tração
k Coeficiente para elementos que mais de 50% da armadura inferior chega
ao apoio, d em metros
As1 Área da armadura de tração
Md Momento interno resistente proporcionado pelo concreto comprimido
x Posição da linha neutra
As Área de aço da armadura tracionada
mm Milímetros
cm Centímetros
m Metros
𝑙𝑏 Comprimento de ancoragem básico
Vmáx Força cortante interna resultante
5
Letras Gregas
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1.1 Objetivos........................................................................................................................... 12
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 13
1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 13
1.2 Justificativa ...................................................................................................................... 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15
2.1 Introdução ......................................................................................................................... 15
2.2 Vida útil, durabilidade e desempenho das estruturas de concreto armado ................ 15
2.3 Comportamento de uma laje ........................................................................................... 16
2.3 Patologias geradas em uma laje ...................................................................................... 22
2.4 Reforços estruturais ......................................................................................................... 29
2.4.1 Materiais utilizados ....................................................................................................... 30
2.4.1.1 Polímeros ..................................................................................................................... 30
2.4.1.2 Aço ............................................................................................................................... 30
2.4.1.3 Chapa metálica ........................................................................................................... 31
2.4.1.4 Argamassa de cimento injetável ................................................................................ 31
2.4.1.5 Concreto convencional ............................................................................................... 31
2.4.1.6 Concreto projetável .................................................................................................... 34
2.4.1.7 Concreto com fibras ................................................................................................... 34
2.4.1.8 Adesivos ....................................................................................................................... 34
2.4.1.9 Graute .......................................................................................................................... 35
2.4.2 Técnicas existentes ......................................................................................................... 35
2.4.2.1 Intervenções em superfícies de concreto .................................................................. 35
2.4.2.2 Saturação ..................................................................................................................... 37
2.4.2.3 Corte ............................................................................................................................ 37
2.4.2.4 Reparos de fissuras ..................................................................................................... 38
2.4.2.5 Furação do concreto para ancoragem da armadura............................................... 38
2.4.2.6 Reparos com argamassa............................................................................................. 38
2.4.2.7 Reparos com concreto ................................................................................................ 39
2.4.2.8 Reparos com graute .................................................................................................... 40
2.4.2.9 Armadura de complementação ou de reforço .......................................................... 40
2.4.2.10 Adição de chapas e perfis metálicos ........................................................................ 41
2.4.2.11 Utilização de folhas flexíveis de carbono pré-impregnadas .................................. 41
2.4.2.12 Protensão exterior..................................................................................................... 42
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
13
1.2 Justificativa
mudanças afetam a estrutura e redimensioná-la para a nova carga de uso, utilizando alternativas
como os reforços estruturais.
Com isso, o presente trabalho pretende contribuir com o estudo do aumento da seção
transversal de lajes de concreto armado para entender como ela se comporta e evitar
preocupações no futuro.
15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Introdução
Para que seja possível compreender e auxiliar as pesquisas com o estudo proposto,
aumento da seção transversal de lajes de concreto armado como reforço estrutural, seguem
discriminados os assuntos abordados na Revisão Bibliográfica.
As estruturas de concreto armado possuem vida útil de 50 anos, assim, necessita projetá-
las, construí-las e utilizá-las de forma que mantenham a sua integridade neste tempo. A
durabilidade leva em conta o local onde será construída a estrutura, os materiais de construção
disponíveis e as práticas construtivas usualmente empregadas na região. A espessura do
cobrimento da armadura e a boa qualidade do concreto, com baixa permeabilidade e porosidade,
são propriedades que impedem a deterioração que é causada pela água e pelos sais, conforme
Cunha, Lima e Souza (1998).
Ao longo dos anos, a tecnologia de fabricação do concreto avançou com os aditivos, as
adições e os ligantes, permitindo que as seções das peças de concreto diminuíssem em função
do aumento da resistência, porém, as obras não acompanharam este avanço. Nas peças mais
estreitas e com mais aço, aplicaram-se concretos mais fluidos e materiais mais finos, resultando
em um produto de qualidade inferior (DONIN, 2015).
O desempenho, outro fator importante, baseia-se na capacidade de manter as condições
de utilização durante a vida útil da edificação sem apresentar falhas que comprometam,
parcialmente ou integralmente, o uso para qual ela foi projetada, segundo a NBR 6118. A Figura
1 demonstra a relação entre a durabilidade e o desempenho de uma estrutura.
16
As lajes caracterizam-se por transmitir as ações que sofrem para as vigas de borda, que
por sua vez, descarregam nos pilares da estrutura e por predominar os esforços de flexão e de
cisalhamento. Quanto a classificação da direção, elas podem ser armadas em uma ou duas
direções conforme o resultado da divisão do vão maior pelo vão menor. Quando este resultado
for maior que 2, as lajes são armadas em uma única direção, e menor ou igual a 2, as lajes são
armadas em duas direções.
17
Sendo
fck
αv2 = 1 − ( ) (2)
250
fck
fcd = (3)
γc
Onde
VRd2 = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas do
concreto;
fck = resistência característica do concreto à compressão, em MPa;
fcd = resistência de cálculo do concreto à compressão;
γc = coeficiente de ponderação da resistência do concreto, 1,4;
bw = largura da laje, 1 m;
d = altura útil.
18
Sendo
2
0,7.0,3. (fck )3
Vc = 0,6. . bw . d (6)
γc
Asw
Vsw = ( ) . 0,9. d. fywd . (senα + cosα) (7)
S
Onde
VSd = força cortante solicitante de cálculo;
VRd3 = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
Vc = parcela de força cortante resistida pelo concreto;
Vsw = parcela de força cortante resistida pela armadura transversal;
Asw = área das armaduras transversais;
S = espaçamento entre eixos dos estribos, medido no sentido longitudinal do elemento
estrutural;
fywd = tensão na armadura transversal passiva, limitada a 435 MPa;
α = ângulo de inclinação da armadura transversal, entre 45° e 90°.
Sendo
fck
αv2 = 1 − ( ) (9)
250
fck
fcd = (10)
γc
19
Onde
θ = ângulo de inclinação das diagonais de compressão.
Sendo
Vc = Vc1 (13)
Vc1 = Vc0 → para Vsd ≤ Vc0 (14)
2
0,7.0,3. (fck )3
Vc0 = 0,6. . bw . d (15)
γc
Vc1 = 0 → para Vsd = VRd2 (16)
Vc1 → para Vsd > Vc0 (17)
VRd2 − VSd
Vc1 = Vc0. (18)
VRd2 − Vc0
Asw
Vsw = ( ) . 0,9. d. fywd . (cotgα + cotgθ). senα (19)
S
Já o dimensionamento das lajes sem armadura para força cortante obedece às equações
abaixo.
Sendo
VRd1 = [τRd . k. (1,2 + 40. ρ1 )]. bw . d (21)
τRd = 0,25. fctd (22)
fctk,inf
fctd = = 0,15. fck 2/3 (23)
γc
k = |1,6 − d| (24)
As1
ρ1 = (25)
bw . d
20
Onde
VRd1 = força cortante máxima;
τRd = tensão resistente de cálculo do concreto à força cortante;
fctd = resistência de cálculo do concreto à tração;
fctk,inf = resistência característica do concreto à tração;
k = coeficiente para elementos que mais de 50% da armadura inferior chega ao apoio, d em
metros;
ρ1 = taxa de armadura longitudinal de tração;
As1 = área da armadura de tração.
Para o cálculo da flexão normal simples em lajes, são aplicadas as equações na sequência.
Md
As = (27)
σsd . (d − 0,4. x)
Sendo
x
< 0,45 (28)
d
Onde
Md = momento interno resistente proporcionado pelo concreto comprimido;
x = posição da linha neutra;
As = área de aço da armadura tracionada;
σsd = tensão de cálculo na armadura tracionada.
Figura 2 - Trajetória das tensões de tração e compressão com duas cargas iguais
Deste modo, é de imensa importância o conhecimento dos esforços que atuam em uma
laje e o seu comportamento diante deles para a compreensão do surgimento das patologias e,
assim, indicar o correto mecanismo de reforço ou recuperação para utilizar em cada caso.
Figura 7 - Fissuração de flexão na face superior da laje devido à falta de armadura nos
momentos negativos
Figura 9 - Fissuração por flexão na face inferior da laje pela falta de armadura nos
momentos positivos
Outro problema patológico é a perda de aderência que acontece em três casos: entre dois
concretos de idades diferentes, na interface de duas concretagens e no contato da armadura com
o concreto. Na primeira e na segunda condição, a má aderência é provocada pela sujeira que
está entre as superfícies, pelo longo tempo entre as concretagens e pela não realização da junta
de concretagem. Já a terceira condição é provocada pela corrosão do aço e do concreto, pelo
assentamento plástico do concreto, pela dilatação e retração das armaduras e pela aplicação de
anticorrosivos (SOUZA; RIPPER, 1998).
Souza e Ripper (1998) indicam uma cuidadosa vistoria para diagnosticar as reais
condições da estrutura e adotar uma correta providência quando ela se encontra com problemas
patológicos. Cunha, Lima e Souza (1998) complementam que o estudo das causas das
patologias é de imensa importância para a escolha da mais adequada metodologia de reparação
e de reforço. A Figura 18 apresenta um passo a passo genérico para a verificação da estrutura.
29
De acordo com Cunha, Lima e Souza (1998), a necessidade de reforçar uma estrutura
existente é em virtude do fraco desempenho demonstrado em comparação às expectativas
criadas. Para Souza e Ripper (1998), o reforço estrutural sempre necessitará de prévios cálculos
30
2.4.1.1 Polímeros
2.4.1.2 Aço
O aço é composto por ferro e adição entre 0,4 e 0,6% de carbono. As barras formam-se
exclusivamente por laminação a quente, o diâmetro é superior ou igual a 5 mm e classificam-
31
O cimento Portland comum (CP I) se emprega sempre que não há exigência sobre
propriedades especiais, o cimento Portland comum com adições de escória, pozolana e fíler (CP
II) se emprega nas aplicações gerais, o cimento Portland de alto-forno (CP III) é uma mistura
de cimento Portland comum com escória de alto-forno e se emprega na concretagem de peças
de grandes dimensões, pois causa menos calor na hidratação, o cimento Portland pozolânico
(CP IV) é uma mistura de cimento Portland comum com cinzas vulcânicas e demonstra uma
resistência química mais elevada e o cimento Portland de alta resistência inicial (CP V-ARI) se
emprega na busca de uma resistência elevada em um período curto de tempo para desformar o
concreto rapidamente, por exemplo (SOUZA; RIPPER, 1998).
33
O Brasil é o país que mais utiliza o concreto projetável como material de recuperação
estrutural desde a década de 60. Ele caracteriza-se pelo seu transporte até o local de uso ser
através de um tubo sob pressão a uma velocidade constante e tem como principal função a
compactação e a aplicação simultaneamente, assim, resulta em um produto mais denso e com
grandes tensões de aderência. As formas de aplicação do concreto projetável são com a mistura
seca ou com a mistura úmida. Porém, na recuperação estrutural aplica-se mais a mistura seca
devido a menor adição de água que resulta em uma mínima retração e uma máxima aderência
ao substrato. Observa-se, também, que há limitações nas dimensões dos agregados, 10 e 12
mm, para reduzir o desgaste do equipamento (SOUZA; RIPPER, 1998).
Os concretos reforçados com fibras são uma mistura do concreto convencional com as
fibras descontínuas, como por exemplo, de aço, de vidro, de polímeros orgânicos e de vegetais,
com comprimento em torno de 50 mm e diâmetro aproximado de 0,5 mm. Elas funcionam como
uma armadura difusa na mistura do concreto com função complementar a armadura já existente,
melhorando a resistência e o alongamento de ruptura a tração (SOUZA; RIPPER, 1998).
2.4.1.8 Adesivos
2.4.1.9 Graute
O graute caracteriza-se por ser uma argamassa previamente preparada por empresas
especializadas para a restauração de falhas em peças estruturais de concreto com base mineral
ou epóxi, é de fácil aplicação, elevada resistência mecânica e ausência de retração. O graute a
base mineral é composto por cimento, agregados graúdos, quartzo, aditivo superplastificante e
aditivo expansor, resultando em uma mistura fluida que possibilita a aplicação em regiões de
difícil acesso. O graute a base de epóxi é fornecido em dois componentes que misturados,
transformam-se em um produto com muita fluidez e baixa viscosidade. Quando endurecido,
gera uma excelente resistência química, mecânica e abrasiva (SOUZA; RIPPER, 1998).
2.4.2.2 Saturação
2.4.2.3 Corte
O corte é uma remoção executada no concreto por meio de um martelo demolidor sempre
que há corrosão, implantada ou com possibilidade de acontecer, na armadura. Ele é
recomendado com 2 cm ou o valor do diâmetro das barras para além da armadura, na situação
mais desfavorável, e longitudinalmente quando não há mais sintomas ou sinais de contaminação
da armadura. Em lajes, há casos que não têm como recolocar a armadura de complementação
ou de reforço por causa dos comprimentos de ancoragem e de emenda, com isso, executa-se
furos no concreto existente por onde as barras serão ancoradas com epóxi ou graute. Conforme
o nível da degradação, necessita-se escorar a estrutura ou até mesmo fazer o macaqueamento
dela. Após a realização do corte, deve-se limpar com jatos de areia, ar comprimido e água
(SOUZA; RIPPER, 1998).
38
O tratamento das fissuras está diretamente ligado a identificação das suas causas. As
características como, atividade da fissura, necessidade de reforços estruturais, existência de
redes de fissura e penetração no elemento estrutural, auxiliam na identificação do tratamento e
do material que deverá ser usado com o intuito de criar uma barreira no transporte de líquidos
e gases para a fissura, impedindo a contaminação do concreto e do aço. As técnicas disponíveis
no mercado para a recuperação das fissuras são: as injeções, que preenchem perfeitamente o
espaço de uma fenda, a selagem, que veda os bordos das fissuras, e a costura, que adiciona
armadura para resistir a tração, conhecida como grampos (SOUZA; RIPPER, 1998).
Para Souza e Ripper (1998), a técnica de reparo com argamassa é usual para solucionar a
deterioração do concreto de cobrimento das armaduras, mas, em lajes, se usa para a
regularização e o enchimento de falhas. O material aplicado varia segundo a natureza do
serviço, as causas e a finalidade do elemento estrutural, por exemplo em lajes, o material pode
ser ou não aderido à base, já o tipo de argamassa depende da deterioração ocorrida, da qualidade
final requerida e do custo.
As argamassas de cimento e areia são divididas em argamassa convencional de cimento
e areia e argamassa farofa. A argamassa convencional de cimento e areia serve para preencher
o local onde ocorreu a deterioração ou o desgaste do elemento estrutural com no máximo 1,0
m de largura e 10 cm de espessura por camada aplicada. A argamassa farofa convém no
preenchimento de cavidades de concretos danificados com pelo menos 2,5 cm de profundidade,
39
no entanto, evita-se o uso para revestimentos extensos com grandes áreas superficiais e em
locais de difícil acesso (SOUZA; RIPPER, 1998).
As argamassas com polímeros contêm água na sua composição e são divididas em
argamassa convencional com adesivo PVA ou com adesivo acrílico e argamassa seca com
adesivos PVA ou com adesivo acrílico. As argamassas convencionais com adesivos PVA ou
com adesivo acrílico são muito executadas em reparos superficiais de grandes áreas e reparos
semi profundos, nunca sendo aplicadas mais que 1,0 cm de espessura por camada. As
argamassas secas com adesivos PVA ou com adesivo acrílico são recomendadas em reparos
profundos que não possuem contato direto com a água. Em caso de comunicação com a água,
deve-se substituir pela argamassa que traz adesivo acrílico (SOUZA; RIPPER, 1998).
As argamassas epoxídicas têm como aglomerante uma resina epoxídica que promove uma
alta resistência mecânica e química e uma boa aderência ao aço e ao concreto. Elas são usuais
em vertedouros, em canais, em bordas de juntas de dilatação, em pistas, em rodovias, em
elementos estruturais expostos a agentes agressivos e em reparos onde a estrutura necessita de
liberação logo após a execução. A argamassa epoxídica propriamente dita é utilizada em reparos
superficiais de pequenas áreas e dispõem de três componentes, o endurecedor, a resina base e
o agregado, a argamassa convencional com adesivo epóxi é recomendada para reparos
superficiais em grandes áreas e reparos semi profundos e a argamassa seca com adesivo epóxi
é aplicada em reparos profundos (SOUZA; RIPPER, 1998).
A argamassa projetada com aditivo acelerador é proposta somente para grandes áreas com
reparos superficiais ou profundos. Os materiais e os cuidados são os mesmos da aplicação do
concreto projetável, todavia, o procedimento consiste na aplicação de jato de areia ou jato de
areia e água, umedecimento e jateamento da superfície, realizado dos cantos para o centro, um
pouco acima do concreto já existente, assim, após o início da pega, o material em excesso deve
ser retirado (SOUZA; RIPPER, 1998).
concreto da base. O processo consiste em remover o concreto com defeito, aplicar o novo
concreto, compactá-lo e efetuar a cura (SOUZA; RIPPER, 1998).
Os reparos com concreto projetável realizam-se em todas as direções e em grandes
extensões por uma mistura seca, úmida ou com fibras de aço, que melhora a tração, a fadiga e
a fissuração. O processo consiste em preparar a base, aplicar a argamassa ou concreto por meio
de um jato que projeta o material na superfície e, com o impacto, provoca o adensamento
(SOUZA; RIPPER, 1998).
O graute caracteriza-se por ser uma argamassa auto adensável, de grande fluidez, alta
resistência e pouca retração. Ele é recomendado para reparos profundos e semi profundos,
quando deseja-se desformar rapidamente a estrutura. O processo consiste em preparar a
superfície com água, deixando-a úmida, aplicar o graute e retirar as formas em até 24 horas
devido à alta resistência que ele atinge rapidamente, retirar o excesso de material e efetuar a
cura (SOUZA; RIPPER, 1998).
usado normalmente, por volta de 0,4.lb quando se utiliza resina e 0,7.lb quando se utiliza graute.
Uma alternativa para as lajes é a fixação das novas armaduras através de pinos, que resistem ao
esforço cortante, ou de grampos, que são fixados pelo disparo de uma pistola especial (SOUZA;
RIPPER, 1998).
A adição de chapas e perfis metálicos é uma opção eficiente, de rápida execução e que
aumenta a capacidade resistente para casos emergenciais e que não permitem grandes alterações
na geometria das peças (SOUZA; RIPPER, 1998).
O procedimento para as chapas metálicas consiste em preparar a superfície de concreto
com jatos de areia ou martelo de agulhas para obter uma rugosidade uniforme, limpar a
superfície com jatos de água sob pressão e secá-la com jatos de ar comprimido, colar a chapa
metálica no concreto por meio de resinas com alta capacidade de aderência e de resistência
mecânica, aplicar pressão nas chapas para retirar o excesso de resina, por no máximo 24 horas,
introduzir um chumbador na extremidade do comprimento de ancoragem, limpar as ligações
entre as chapas, aplicar anticorrosivos e soldá-las. A chapa metálica também requer um
tratamento superficial antes da colagem, onde realiza-se uma limpeza com tricloruretano para
retirar as gorduras, decapa-se o aço por meio de jatos abrasivos para criar mais aderência,
protege-se a superfície que será colada com filme autocolante e realiza-se uma pintura
anticorrosiva no lado que não será colado (SOUZA; RIPPER, 1998).
O procedimento para os perfis metálicos é o mesmo descrito anteriormente para a etapa
de preparação do concreto e da superfície metálica. Entretanto, nos perfis metálicos ainda há a
aplicação de chumbadores e o preenchimento com uma resina menos viscosa no vazio entre as
superfícies do concreto e do aço (SOUZA; RIPPER, 1998).
e garantir a adesão do compósito, passar a resina de colagem, pôr a folha de fibra de carbono
previamente cortada, executar a camada final de resina e remover o seu excesso. Pode-se repetir
o processo para até 6 camadas sem ensaios de desempenho (SOUZA; RIPPER, 1998).
Para a realização do reforço, Souza e Ripper (1998) sugerem três maneiras de executá-lo.
A primeira forma consiste em fazer um apicoamento no concreto existente e uma limpeza a
seco, aplicar a resina epóxi sobre ele e concretar. A segunda forma consiste em fazer um
43
2.5.2 Cálculos
Os cálculos que precisam ser efetuados nesta parte são o novo dimensionamento à flexão
da laje com a altura útil atual, em razão do aumento da sua espessura, e o cisalhamento na
flexão, provocado pelas duas camadas finais da laje. O dimensionamento à flexão deve ser
elaborado conforme as equações demonstradas no tópico 2.3 e o cisalhamento na flexão
segundo as equações abaixo para uma seção retangular.
Vmáx . Ms (29)
τmáx =
b. Ix
Sendo
b. h² (30)
y0 = 0 → Ms =
8
h
y0 = → Ms = 0 (31)
2
Assim
b. h²
Vmáx . 8 3 Vmáx
τmáx = = . (32)
b. h³ 2 A
b. 12
Onde
τmáx = tensão de cisalhamento;
Vmáx = força cortante interna resultante;
Ms = momento estático da área situada acima da fibra em relação à linha neutra;
b = largura da seção transversal;
Ix = momento de inércia da seção transversal;
y0 = distância da linha neutra até a fibra;
h = altura da seção transversal;
A = área da seção transversal.
3 METODOLOGIA
As dimensões dos protótipos foram definidas a partir do espaço disponível para realizar
o ensaio no equipamento do laboratório de estruturas da universidade e do peso final que eles
atingiriam. Assim, se estabeleceu que as lajes teriam 60 cm de largura, 7 cm de altura inicial,
10 cm de altura final e 255 cm de comprimento, de acordo com as figuras Figura 20 e Figura
21.
Não houve modificações nas armaduras das lajes que receberam o reforço estrutural,
somente o aumento da seção transversal em 3 cm de altura de graute, como já demonstrado na
Figura 21.
As + A′ s = 4%. Ac
As + A′ s = 4%. 60 cm. 7 cm
As + A′ s = 16,80 cm²
h
Dmáx =
8
7 cm
Dmáx =
8
Dmáx = 0,875 cm
Dmáx = 8,75 mm
2. h
emáx ≤ { }
20 cm
2.7 cm
emáx ≤{ }
20 cm
14 cm
emáx ≤{ }
20 cm
emáx ≤ 14 cm
Largura
Número de barras =
Espaçamento
60 cm
Número de barras =
10 cm
Número de barras = 6
Comprimento
Número de barras =
Espaçamento
255 cm
Número de barras =
13,40 cm
Número de barras = 19
Após a decisão da armadura utilizada, calculou-se, segundo a NBR 6118, a força cortante
para lajes que não possuem armadura para o esforço cortante, a flexão, a força solicitante de
cálculo e o cisalhamento na flexão para verificar a carga suportada pela laje. Na sequência são
50
apresentados os cálculos para a laje que não possui o reforço estrutural, cujo concreto
empregado da classe C30, o aço CA-60 e a altura útil de 5,25 cm.
• Verificação do esforço cortante para lajes que não possuem armadura para resistir a essa
solicitação
VSd ≤ VRd1
As1
ρ1 =
bw . d
1,176 cm²
ρ1 =
60 cm. 5,25 cm
ρ1 = 0,0037
k = |1,6 − d|
k = |1,6 − 0,0525 m|
k = 1,54
x = 0,70 cm
x
< 0,45
d
0,70 cm
< 0,45
5,25 cm
0,13 < 0,45
Md = As . σsd . (d − 0,4. x)
60 Kgf/mm²
Md = 1,176 cm². ( ) . (5,25 cm − 0,4.0,70 cm)
1,15
Md = 304,94 kN. cm
Md
Pd = l⁄
3
304,94 kN. cm
Pd =
240 cm⁄
3
52
Pd = 3,81 kN
Com base nos resultados encontrados, entende-se que a laje resiste a um esforço cortante
de 23,54 kN, a um momento de cálculo de 304,94 kN.cm e a uma força solicitante de cálculo
de 3,81 kN.
Em seguida, são apresentados os cálculos para a laje que possui o reforço estrutural. O
concreto e o aço usados permanecem os mesmos, C-30 e CA-60, respectivamente, a altura útil
mudou de 5,25 cm para 8,25 cm e foi levado em consideração, para uma maior simplificação
dos cálculos, que o material empregue no reforço estrutural foi o concreto e não o graute.
• Verificação do esforço cortante para lajes que não possuem armadura para resistir a essa
solicitação
VSd ≤ VRd1
As1
ρ1 =
bw . d
1,176 cm²
ρ1 =
60 cm. 8,25 cm
ρ1 = 0,0023
k = |1,6 − d|
k = |1,6 − 0,0825 m|
k = 1,51
x = 0,70 cm
x
< 0,45
d
0,70 cm
< 0,45
8,25 cm
0,084 < 0,45
Md = As . σsd . (d − 0,4. x)
60 Kgf/mm²
Md = 1,176 cm². ( ) . (8,25 cm − 0,4.0,70 cm)
1,15
54
Md = 489,01 kN. cm
Md
Pd = l⁄
3
489,01 kN. cm
Pd =
240 cm⁄
3
Pd = 6,11 kN
• Cisalhamento na flexão
3 Vmáx
τmáx = .
2 A
3 34,76 kN
τmáx = .
2 0,60 m. 0,010 m
τmáx = 8.690 kN/m²
Com base nos resultados encontrados, entende-se que a laje resiste a um esforço cortante
de 34,76 kN, a um momento de cálculo de 489,01 kN.cm e a uma força solicitante de cálculo
de 6,11 kN e a um esforço de cisalhamento na flexão de 8.690 kN/m².
3.3 Materiais
Para a execução dos protótipos necessitou-se de concreto e aço para a construção das lajes
em concreto armado e de graute para o reforço estrutural.
3.3.1 Aço
O aço dos protótipos ficou determinado como sendo o aço CA-60 em bitolas de 5 mm
nas duas direções, longitudinais e transversais.
Assim, foi essencial o ensaio de tração nas barras de aço escolhidas para determinar o seu
real valor de escoamento. Para o ensaio, foram separadas três barras distintas com o
comprimento de 30 cm e cada uma delas foi tracionada até a sua ruptura segundo as Figura 24
55
e Figura 25. Como resultado final, calculou-se a média das três tensões de escoamento
encontradas de acordo com a Tabela 2 - Resultados dos ensaios de traçãoTabela 2.
3.3.2 Concreto
Corpo F
Área σ ε
Betonada de 30% da carga E (GPa)
(mm²) (MPa) (mm)
prova de ruptura (N)
CP4 69.222 7.853,98 8,81 0,025350 347,53
1
CP5 74.353 7.853,98 9,46 0,025975 364,19
CP3 70.277 7.853,98 8,94 0,031152 286,97
2
CP5 70.909 7.853,98 9,02 0,022940 393,19
3 CP4 74.142 7.853,98 9,44 0,026957 350,18
CP3 68.028 7.853,98 8,66 0,033473 258,71
4
CP4 65.990 7.853,98 8,39 0,028475 294,64
Fonte: Autora (2019).
3.3.3 Graute
O graute aplicado nos protótipos foi doado para a pesquisa após uma parceria da aluna
com o grupo Saint-Gobain, proprietário da marca Weber, que fabrica o super graute quartzolit,
conforme a Figura 29, que é industrializado, pronto para o uso com a adição da quantidade de
59
água descrita na lateral da embalagem e composto por cimento Portland, agregados minerais,
aditivos especiais e fluidificantes segundo o boletim técnico do produto. É recomendado em
grauteamentos e fixações de bases de equipamentos e máquinas de pequeno porte, em
preenchimento de vazios com espessuras entre 20 e 60 mm e em reparos localizados em pisos
de concreto. Possui como vantagens a facilidade de aplicação, a baixa permeabilidade, a
retração controlada, a resistência a sulfatos, a auto adensabilidade e a isenção de cloretos.
O graute também deve ser ensaiado à compressão, pois a sua resistência teórica é diferente
da sua resistência real. Desta forma, o procedimento consiste em moldar quatro corpos de prova
por betonada executada de graute e ensaiar eles a compressão conforme as Figura 30 e Figura
31 e a Tabela 5 que demonstra os resultados do ensaio de compressão.
A fabricação dos protótipos em laboratório só foi iniciada com o término da definição dos
mesmos e dos materiais utilizados e contém como etapas a realização das formas, a montagem
da armadura, a concretagem, a execução do reforço, o processo de cura, a desforma, e os
ensaios.
61
3.4.1 Formas
A montagem das formas das lajes ocorreu a partir da medição com uma trena, da
marcação, do corte com uma serra tico-tico e da fixação com parafusos das chapas de
compensado para que as medidas internas atendessem as estipulas inicialmente no protótipo,
0,60 m de largura, 2,55 m de comprimento e 0,10 m de altura, conforme a Figura 32 - Formas
dos protótiposFigura 32.
Para o fundo da forma, utilizou-se uma lona plástica sobre o piso do laboratório devido
ao grande peso que as lajes atingiriam após a concretagem e o reforço. Também foi necessário
a confecção de um sistema de travamento nos cantos da forma por uma chapa na diagonal, uma
chapa prendendo as duas chapas laterais e por blocos de concreto na parte externa das formas.
As formas foram agrupadas de duas em duas para ocupar menos espaço no laboratório e para
ocorrer o travamento da parte interna delas entre si.
3.4.2 Armadura
62
A armadura das lajes foi dimensionada conforme desenvolvido no item 3.2 para atender
aos parâmetros construtivos usuais de lajes. Assim, ficou definido uma armadura com bitola de
diâmetro de 5 mm nas duas direções. Na direção longitudinal usou-se 6 barras espaçadas em 10
cm com o comprimento de 2,52 m e ganchos de ancoragem nas laterais de 4 cm. Já na direção
transversal, utilizou-se 19 barras espaçadas em 13,40 cm com o comprimento de 57 cm e
ganchos de ancoragem nas laterais de 4 cm, em conformidade com a NBR 6118. O cobrimento
ficou definido em 1,5 cm, menor do que o mínimo indicado por norma que é de 2 cm, devido a
pequena altura que a laje possui para a ancoragem da armadura.
A fabricação da armadura deu-se, inicialmente, pela verificação da quantidade de barras
que seriam necessárias para os quatro protótipos, resultando em 24 barras longitudinais e 76
barras transversais. Primeiramente, as barras contendo 12 m de comprimento foram medidas
com uma trena, marcadas com caneta e cortadas com uma tesoura de corte de aço decorrente
do seu pequeno diâmetro, em seguida, elas foram dobradas com a ajuda de um gabarito de metal
construído na bancada do laboratório de estrutural. As Figura 33 e Figura 34 demonstram,
respectivamente, o gabarito de metal para a dobra do aço e as barras após a dobra.
Para a concretagem foi necessário calcular o volume de concreto que seria utilizado nas
quatro lajes, juntamente com cinco corpos de prova por laje. Com isso, definiu-se o volume
total e a quantidade de material necessário para todo o processo, assim, ficou estipulado que
para cada laje seria efetuada uma betonada por praticidade e pela grande quantia de material,
que ficou fixada em 40 kg de cimento, 102,8 kg de areia, 132 kg de brita e 21,2 L de água por
laje.
Anteriormente a concretagem, os agregados graúdos e miúdos passaram pela remoção de
impurezas usualmente realizado em obras.
A preparação da brita somente deu-se a partir da extração de folhas e de sujeiras vistas a
olho nu e o armazenamento ocorreu dentro de uma caixa d’água, conforme a Figura 37. Já a
preparação da areia sucedeu-se através do peneiramento manual por meio de uma peneira com
abertura de 4,75 mm para a exclusão de folhas e materiais com maiores diâmetros e a retenção
dela, ainda úmida, aconteceu em uma caixa d’água e em sacos que retém a umidade, segundo
as Figura 38 e Figura 39. Dessa forma, para que a umidade presente na areia não afetasse o
fator água/cimento do traço, foi necessário retirar a umidade de três amostras do material por
24 horas, fazer uma média entre elas e ajustar a quantidade de areia e de água do traço inicial,
de acordo com a Figura 40e a Tabela 6.
65
verificar se o concreto fabricado atendia a fluidez esperada, entre 100 mm e 140 mm, conforme
a Figura 41.
A cura dos protótipos iniciou 24 horas após a concretagem com a aplicação de água sobre
o concreto das lajes para diminuir o calor da hidratação e garantir que o concreto atingisse a
resistência desejada, de acordo com a Figura 46. O procedimento foi repetido a cada 24 horas
por mais três dias.
3.4.6 Desforma
A etapa de desforma não se realizou após a cura das lajes porque as formas utilizadas no
processo foram fabricadas com 10 cm de altura para atender o preenchimento do concreto e do
graute. Assim, a desforma dos protótipos se deu somente após o reforço.
Para a aplicação do reforço estrutural foi necessário a preparação da superfície das lajes
para garantir uma aderência da base com o graute. Dessa forma, utilizou-se uma colher de
pedreiro para raspar o local onde havia maior acumulo de concreto provido do emprego da
escova de aço, usou-se uma esmerilhadeira com escova circular de aço para lixar a laje e retirar
qualquer vestígio de brilho na face, empregou-se uma vassoura e uma pistola de ar para a
remoção de qualquer poeira presente na superfície e molhou-se a laje com água potável para
finalizar o processo conforme as Figura 47 e Figura 48.
71
Para a aplicação do graute necessitou-se calcular o volume que seria utilizado nas três
lajes, juntamente com quatro corpos de prova por laje. Assim, ficou definido que para cada laje
72
seria efetuada uma betonada por praticidade e por rastreabilidade do processo, com isso,
precisou-se de 103 kg de graute e 11,95 L de água por laje.
A preparação do graute ocorreu a partir do peneiramento manual por meio de uma peneira
com abertura de 4,75 mm para a exclusão de fragmentos empedrados devido a diferença de data
de fabricação dos sacos de graute disponíveis no laboratório, segundo a Figura 49.
No decorrer do reforço estrutural também foram moldados quatro corpos de prova por
betonada efetuada, totalizando doze corpos de prova, para determinar a resistência real de
compressão do graute. Por ele ser muito fluido e não conter agregados, caracteriza-se como
uma argamassa muito resistente, e, portanto, deve ser moldado em corpos de prova cilíndricos
de 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura.
A etapa consistiu em separar doze corpos de prova cilíndricos de 5 cm de diâmetro e 10
cm de altura, identifica-los com o número da laje e o número da amostra, passar óleo na parte
interna deles, preencher totalmente o molde com graute e bater na lateral deles com o bastão
para garantir a remoção de ar, conforme a Figura 51. Depois de 24 horas da moldagem dos
corpos de prova, os mesmos também foram desformados, identificados com o número da laje
e o número da amostra e submerso em água até o dia de sua ruptura, segundo a Figura 52. No
dia dos ensaios das lajes, os corpos de prova eram retirados da água e ensaiados a compressão,
de acordo com a Figura 53.
74
3.4.9 Cura
A cura das lajes começou 24 horas após a realização do reforço com a adição de água
sobre os protótipos para diminuir o calor da hidratação e garantir que o graute atingisse a
resistência desejada, conforme a Figura 54. O procedimento foi repetido a cada 24 horas ao
longo de três dias.
3.4.10 Desforma
A desforma deu-se somente no dia de rompimento das lajes com a liberação das chapas
laterais e centrais, conforme demonstrado nas Figura 55 e Figura 56.
O ensaio efetuado consiste em posicional a laje sobre dois apoios distanciados a 2,40 m,
aplicar duas cargas pontuais simétricas gradativamente até os protótipos atingirem a ruptura e,
com os resultados, analisar a resistência apresentada nas lajes sem e com o reforço estrutural
para comprovar se há aumento de resistência após o reforço, conforme a Figura 57.
O equipamento utilizado para o ensaio do aço, dos corpos de prova e das lajes foi o EMIC
que é habilitado para ensaios a tração e a compressão, possui um sistema autotravante e de pré-
carga pneumático e dispõem de um carregamento máximo de 30.000 kgf (300kN), conforme
as Figura 58 e Figura 59.
Uma estrutura teve que ser montada no equipamento para o ensaio acontecer. O apoio da
laje deu-se por dois suportes de madeira, uma viga metálica em I, dois blocos de concreto e dois
trilhos metálicos e a aplicação da carga deu-se em duas vigas metálicas em I que distribuíam o
carregamento sobre dois roletes posicionados simetricamente sobre a laje, de acordo com a
Figura 60.
A laje 04, protótipo testemunho, ou seja, sem reforço estrutural, apresentou ruptura a
flexão que é caracterizada pelo rompimento total da peça no centro do vão, fissuras verticais na
lateral da laje bem abaixo e entre os apoios e fissuras na superfície da laje em baixo e próximos
aos apoios, suportando um carregamento de 9,398 kN e uma deformação máxima de 89,32 mm,
conforme as Figura 63, Figura 64, Figura 65 e Figura 66.
As lajes 01, 02 e 03, protótipos com reforço estrutural, também apresentaram ruptura a
flexão com rompimento total da peça no centro do vão e fissuras nas laterais e na superfície das
lajes nos apoios e próximo deles, porém, não demonstraram nenhuma fissura na interface do
concreto com o graute, confirmando a boa aderência entre eles. A laje 01 suportou um
carregamento de 15,86 kN e uma deformação máxima de 44,04 mm, a laje 02 aguentou um
carregamento de 16,64 kN e uma deformação máxima de 52,44 mm a laje 03 tolerou um
carregamento de 16,12 kN e uma deformação máxima de 52,80 mm, segundo as Figura 67,
Figura 68, Figura 69 e Figura 70.
Para a análise teórica calculou-se, conforme a NBR 6118, a força cortante para lajes que
não possuem armadura para o esforço cortante, a flexão, a força de ruptura e o cisalhamento na
flexão com os valores das resistências médias do aço, do concreto e do graute ensaiados em
laboratório em conformidade com a laje fabricada. Na sequência são apresentados os cálculos
para a laje que não possui o reforço estrutural e para as lajes que possuem o reforço estrutural,
lembrando que, para uma maior simplificação dos cálculos, foi levado em consideração que o
material empregue no reforço estrutural foi o concreto e não o graute.
• Verificação do esforço cortante para lajes que não possuem armadura para resistir a essa
solicitação
VSd ≤ VRd1
As1
ρ1 =
bw . d
1,176 cm²
ρ1 =
60 cm. 5,25 cm
84
ρ1 = 0,0037
k = |1,6 − d|
k = |1,6 − 0,0525 m|
k = 1,54
788,46 MPa
1,176 cm². ( )
x= 1
27,59 MPa
0,80.60 cm. ( )
1
x = 0,70 cm
x
< 0,45
d
0,70 cm
< 0,45
5,25 cm
0,13 < 0,45
Md = As . σsd . (d − 0,4. x)
78,846 Kgf/mm²
Md = 1,176 cm². ( ) . (5,25 cm − 0,4.0,70 cm)
1
Md = 460,83 kN. cm
Md
Pd = l⁄
3
460,83 kN. cm
Pd =
240 cm⁄
3
Pd = 5,76 kN
Com base nos resultados encontrados, conclui-se que a laje rompe a um esforço cortante
de 31,19 kN, a um momento de 460,83 kN.cm e a uma força solicitante de 5,76 kN.
• Verificação do esforço cortante para lajes que não possuem armadura para resistir a essa
solicitação
86
VSd ≤ VRd1
As1
ρ1 =
bw . d
1,176 cm²
ρ1 =
60 cm. 8,25 cm
ρ1 = 0,0023
k = |1,6 − d|
k = |1,6 − 0,0825 m|
k = 1,51
x
< 0,45
d
0,65 cm
< 0,45
8,25 cm
0,078 < 0,45
Md = As . σsd . (d − 0,4. x)
78,846 Kgf/mm²
Md = 1,176 cm². ( ) . (8,25 cm − 0,4.0,65 cm)
1
Md = 740,85 kN. cm
Md
Pd = l⁄
3
740,85 kN. cm
Pd =
240 cm⁄
3
Pd = 9,26 kN
• Cisalhamento na flexão
88
3 Vmáx
τmáx = .
2 A
3 47,31 kN
τmáx = .
2 0,60 m. 0,010 m
τmáx = 11.827,50 kN/m²
Com base nos resultados encontrados, conclui-se que a laje rompe a um esforço cortante
de 47,31 kN, a um momento de 740,85 kN.cm, a uma força solicitante de 9,26 kN e a um
esforço de cisalhamento na flexão de 11.827,50 kN/m².
• Verificação do esforço cortante para lajes que não possuem armadura para resistir a essa
solicitação
VSd ≤ VRd1
As1
ρ1 =
bw . d
1,176 cm²
ρ1 =
60 cm. 8,25 cm
ρ1 = 0,0023
k = |1,6 − d|
k = |1,6 − 0,0825 m|
k = 1,51
x
< 0,45
d
0,66 cm
< 0,45
8,25 cm
0,08 < 0,45
Md = As . σsd . (d − 0,4. x)
90
78,846 Kgf/mm²
Md = 1,176 cm². ( ) . (8,25 cm − 0,4.0,66 cm)
1
Md = 740,48 kN. cm
Md
Pd = l⁄
3
740,48 kN. cm
Pd =
240 cm⁄
3
Pd = 9,25 kN
• Cisalhamento na flexão
3 Vmáx
τmáx = .
2 A
3 47,31 kN
τmáx = .
2 0,60 m. 0,010 m
τmáx = 11.827,50 kN/m²
Com base nos resultados encontrados, conclui-se que a laje rompe a um esforço cortante
de 47,31 kN, a um momento de 740,48 kN.cm, a uma força solicitante de 9,25 kN e a um
esforço de cisalhamento na flexão de 11.827,50 kN/m².
• Verificação do esforço cortante para lajes que não possuem armadura para resistir a essa
solicitação
VSd ≤ VRd1
As1
ρ1 =
bw . d
1,176 cm²
ρ1 =
60 cm. 8,25 cm
91
ρ1 = 0,0023
k = |1,6 − d|
k = |1,6 − 0,0825 m|
k = 1,51
788,46 MPa
1,176 cm². ( )
x= 1
30,59 MPa
0,80.60 cm. ( )
1
x = 0,63 cm
x
< 0,45
d
0,63 cm
< 0,45
8,25 cm
0,076 < 0,45
Md = As . σsd . (d − 0,4. x)
78,846 Kgf/mm²
Md = 1,176 cm². ( ) . (8,25 cm − 0,4.0,63 cm)
1
Md = 741,59 kN. cm
Md
Pd = l⁄
3
741,59 kN. cm
Pd =
240 cm⁄
3
Pd = 9,26 kN
• Cisalhamento na flexão
3 Vmáx
τmáx = .
2 A
3 49,25 kN
τmáx = .
2 0,60 m. 0,010 m
τmáx = 12.312,50 kN/m²
93
Com base nos resultados encontrados, conclui-se que a laje rompe a um esforço cortante
de 49,25 kN, a um momento de 741,59 kN.cm, a uma força solicitante de 9,26 kN e a um
esforço de cisalhamento na flexão de 12.312,50 kN/m².
Para verificar se o reforço de graute aplicado nos protótipos tem viabilidade econômica
para ser utilizado nas obras, uma análise financeira foi efetuada. Assim, comparou-se o preço
médio do metro cúbico do concreto usinado a nível nacional e o preço do metro cúbico do
graute, conforme os dados presentes na Tabela 7.
Portanto, utilizando como parâmetro a metragem cubica das lajes dos protótipos, o
concreto custaria na base de R$ 25,70 para 0,1071 m³ e o graute na base de R$ 49,57 para
0,0459 m³. Assim, concluiu-se que o investimento efetuado no graute é 1,93 vezes maior que o
investimento efetuado no concreto em comparação a metragem cúbica utilizada na pesquisa e
que a resistência ganha com a utilização do graute como reforço estrutural é 1,51 vezes maior
que a resistência ganha com o concreto, portanto, o reforço é viável economicamente pois
investindo quase o dobro de dinheiro, adquire-se quase o dobro de resistência.
94
4 RESULTADOS
Resistência a
Concreto Aço Força máxima
Lajes compressão
(MPa) (MPa) (kN)
(MPa)
01 29,36 788,46 15,86 201,90
02 28,94 788,46 16,64 211,80
03 30,59 788,46 16,12 205,20
04 27,59 788,46 9,398 119,70
Fonte: Autora (2019).
18
16
14
12
Força (kN)
10
0
-10 10 30 50 70 90 110
Deslocamento (mm)
Por meio dos resultados expostos no item anterior, comparou-se os valores dos momentos
de ruptura experimental, Tabela 11, para validar o experimento. Assim, consegue-se perceber
a baixíssima variabilidade dos resultados, comprovando a eficiência do método.
Experimental Teórico
Força Momento de ruptura Momento de Momento de
Lajes
máxima experimental ruptura teórico cálculo
(kN) (kN.cm) (kN.cm) (kN.cm)
01 15,86 3.806,40 4.444,80 2.932,80
02 16,64 3.993,60 4.440 2.932,80
03 16,12 3.868,80 4.444,80 2.932,80
04 9,398 2.255,52 2.764,80 1.828,80
Fonte: Autora (2019).
97
5.000,00
4.500,00
4.000,00
3.500,00
Momento Fletor (kN.cm)
3.000,00
2.500,00
2.000,00
1.500,00
1.000,00
500,00
0,00
Laje 1 Laje 2 Laje 3 Laje 4
Momento de ruptura experimental Momento de ruptura teórico Momento de cálculo
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa efetuada busca contribuir com o campo dos reforços estruturais que ainda é
tão carente de estudos no país. Inicialmente foi feito um estudo aprofundado sobre o tema e
após a elaboração de análises teóricas e experimentais em quatro protótipos de lajes, três deles
reforçados estruturalmente através do aumento da seção transversal em 3 cm de graute, para
analisar se houve ou não algum aumento na resistência dos protótipos reforçados.
Conclui-se que os resultados das lajes com o reforço estrutural em cada tipo de ensaio
foram muito próximos, precisos e com pouco variabilidade, no entanto, o momento de ruptura
experimental ficou abaixo do momento de ruptura teórico e acima do momento de cálculo em
todos os protótipos. Também se notou que a resistência atingida nas lajes com o reforço foi 1,51
vezes maior que a resistência atingida na laje sem o reforço.
Perante os resultados encontrados neste trabalho, sugere-se para novas pesquisas não só
a variação da altura do reforço, como também a variação do material empregue como reforço
para verificar se a resistência da peça reforçada continua sendo maior do que a peça sem reforço
e de adaptações ou cálculos mais precisos para reduzir ou anular a diferença entre os momentos
de ruptura experimental e teórico.
Assim, enfatiza-se a imensa importância da realização de todos os processos e etapas que
envolvem esta pesquisa para conhecimento e aprendizado prático e desenvolvimento pessoal,
acadêmico e profissional. Por fim, a pesquisa deseja instigar o estudo sobre novos materiais e
métodos no âmbito dos reforços estruturais.
99
REFERÊNCIAS
_______. NBR 5739: Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de
Janeiro: Abnt, 2018. 9 p.
_______. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto — Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt,
2014. 238 p.
_______. NBR 16697: Cimento Portland - Requisitos. Rio de Janeiro: Abnt, 2018. 12 p.
_______. NBR 7211: Agregados para concreto – Especificação. Rio de Janeiro: Abnt, 2019. 9
p.
CUNHA, Albino Joaquim Pimenta da; LIMA, Nelson Araújo; SOUZA, Vicente Custódio
Moreira de. Acidentes estruturais na construção civil. São Paulo: Pini, 1998. 267 p.
ROCHA, Jonas Müller. Análise teórica e experimental do reforço à flexão em lajes de concreto
armado utilizando fibra de carbono. 2017. 68 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil,
Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2017.
SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço
de estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 1998. 257 p.
THOMAZ, Ercio. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. 1. ed. São Paulo:
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1989. 194 p.
100
101
102
103