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“Desculpe não poder estar aí para toda a diversão, afinal eu não queria
mesmo. Deixei neste buraco coisas que vocês podem precisar lá fora. Coisas para
sua proteção é claro. Coloquem estes objetos por baixo de suas roupas e não
deixem a mostra. Acreditem em mim quando digo que não vão querer ser pegos
trapaceando. “
Eles não têm nem tempo de pensar no que uma galinha faz em um
ambiente como aquele, apenas se põem apostos para encarar seja lá o que vier
pela frente. Lucas se põe a frente do grupo por ser o maior e mais forte então sem
qualquer tipo de anuncio um barulho de correntes ecoa pela parte de fora do
container e a porta se abre liberando de cara três walkers que já tentam entrar no
container, porém Lucas em um ato repentino corre na direção dos walkers e dá
um encontrão tão forte neles que acaba jogando ele para o lado de fora fazendo
ele relembrar os bons tempos em que defendia um quarterback quando jogava
futebol americano na sua universidade. Rapidamente Gisis diz:
- Vamos aproveitar a oportunidade... Vamos sair daqui e vamos ficar
juntos.
Assim que eles saem do container conseguem ver uma cena desoladora.
Eles estão no que parece ser uma arena onde o chão é uma mistura de terra
batida e pedaços humanos podres. Ao lado existem outros containers e ao centro
um mar de walkers. São tantos que eles até se esbarram entre si. Jenny encontra
umas setas na parede e acompanhando percebe que elas levam até um portão
grandes de madeira então ela diz:
- Olhem!! É ali... a saída... temos que chegar lá rápido. – Diz ela como se
quisesse alcançar o pote de outro do outro lado do arco íris.
Infelizmente, para o grupo, o “pote de ouro” estava do outro lado do mar
de walkers. Eles olham a cima, bem onde estão as cadeiras da arena e conseguem
ver cinco pessoas e entre elas estão Renan e Augusto. Só que Renan está
separado do resto do grupo. Enquanto os outros estão em pé, alegres, torcendo
como crianças em um estádio de futebol e empolgados com o que estão vendo,
Renan está sentado preocupado e tenso como se seu time estivesse perdendo
faltando dois minutos para acabar o jogo.
Um dos walkers vai na direção do grupo e Gisis e Jenny atacam ele. Jenny
segura o walker com alguma dificuldade e fala para Gisis:
- Pega aquele ferro... Acerta a cabeça dele... Rápido!!! – Diz Jenny
perdendo as forças pois o walker é um gordo com um macacão de fazendeiro
rasgado e sem metade do rosto.
Gisis age prontamente e antes que de tudo errado Gisis pega um
vergalhão no chão e fura a nuca do walker deixando sair um liquido preto e
malcheiroso.
O outro walker chega pelo lado de Juju que sem perceber vai se afastando
de costas e acaba esbarrando em outro walker que estava por perto. Carol age
rápido e consegue se livrar do primeiro walker com um pedaço grande de vidro
que encontrou no chão enterrando ele bem no olho e depois empurrando para
dentro com um soco. Porém não foi rápido o suficiente pois o outro walker
consegue alcançar o braço de Juju e aplica uma boa mordida em seu braço
enquanto o grupo observa em choque. Gisis é a primeira a gritar:
- NÃÃÃÃÃOOOOOO!!! – Um voz tão alta e vinda do fundo de sua garganta
que mesmo meio a tantos walkers e gritos soa como se fosse um tiro.
No susto Juju consegue puxar seu braço, mas o walker não desiste e
continua partindo para cima. Lucas age rápido e consegue aplicar um chute bem
no plexo do walker fazendo ele cair no chão e Jenny rapidamente utiliza o
vergalhão para furar o crânio e controlar a situação. Todos olham assustados a
situação e observam Juju que agora segura seu braço direito, mas ela não está
assustada, não está com dor. Ela está com uma expressão de alegria e surpresa.
Quando olham para a boca do walker no chão apenas conseguem ver bastante
pano e papel. A proteção colocada em seu braço funcionou perfeitamente e o
alivio no grupo é unânime.
A cena anterior afeta o grupo, mas não os deixa para baixo, eles ficam
desesperados e com a percepção do que acontece a sua volta queimando a pele
de tanta adrenalina. Assim que o portão se fecha eles não têm tempo de
comemorar e vão rápido para um setor onde existe um espaço maior entre os
mortos. Tão grande que chega a fazer quase um buraco e isso dá a eles mais
tempo para respirar. Estão tão sobrecarregados de adrenalina que tem a
impressão de ver uma galinha correndo como quem corre pela própria vida e
pendurada nela como um cordão tem uma chave. Juju rapidamente exclama:
- Vocês acabaram de ver o que eu vi?!
- Vocês também viram aquela galinha, não é? – Diz Lucas se tirar os olhos
dos walkers a sua volta.
- Quero que alguém me convença que ela não estava usando a porra um
cordão com uma chave... - Diz Carol tensa com os walkers se aproximando.
- É verdade sim... Tinha um grupo porto do portão da saída e eles estavam
tentando abrir o portão, acho que eles não tinham exatamente esta chave. – Diz
Gisis já arquitetando um plano.
- Que merda! Vamos ter que nos virar para resolver isso... – Diz Jenny já
acertando o primeiro walker que já se aproximava do grupo.
- Vamos fazer assim! Eu, Lucas e Juju vamos liberar o espaço até o portão,
vamos abrir caminho para vocês. Jenny e Carol busquem aquela galinha e peguem
aquela chave o mais rápido que conseguirem.
Assim que eles partem para a ação Lucas corre como uma bola de boliche
derrubando quantos walkers ele consegue pelo caminho até o portão. Gisis e Juju
vão dando cobertura e acertando a cabeça dos walkers que estão no chão com
objetos pontiagudos que encontraram pelo chão. Enquanto isso do outro lado
Jenny e Carol correm entre a multidão de walkers atrás de uma galinha que vale a
vida deles. Naquele momento tanto a galinha quanto as duas parecem lutar por
suas vidas e demonstram isso em sua vontade de correr e se livrar dos walkers.
Ambas parecem incansáveis neste objetivo até que finalmente Carol usa da sua
experiência e buscando ar diz:
- QUE PORRA!!! Não vamos conseguir assim! Não temos armas e ela é
mais rápida!
- Então o que vamos fazer!? – Diz Jenny começando a ficar sem folego.
- Vamos nos separar e cercar ela. – Diz Carol já se afastando de Jenny.
O plano parece funcionar pois Carol busca uma outra rota desviando dos
walkers e Jenny continua correndo atrás da galinha. Carol dá uma volta e percebe
a galinha indo em sua direção, porém mais à frente e bem mais rápida. Jenny dá
um impulso final e tenta alcançar a galinha em seu último folego e não consegue
caindo ao chão e se arrastando meio a terra molhada de sangue escuro. Carol
percebe que ela passará bem a sua frente e toma a atitude de empurrar um
walker na direção dela. O plano funciona... E assim que Carol empurra ele cai bem
em cima da galinha que é esmagada com o peso, porém o plano não contava com
que o walker agora está tentando comer a galinha... Com chave e tudo, porém
Jenny cambaleando chega a tempo de acertar a cabeça do walker com um
martelo velho que encontrou no chão.
Elas já com a chave nas mãos correm até o portão aproveitando um pouco
do espaço aberto por Gisis, Lucas e Juju. Sua passagem pelo meio do corredor de
mortos aberto se assemelha a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho pois a
cada metro atravessado um metro se fecha atrás delas. Gisis, Lucas e Juju tomam
conta da porta como guardas enquanto Carol e Jenny se aproximam com a chave.
Gisis ainda observa que existem pessoas vivas que lutam entre os mortos por suas
vidas... Não muitas pessoas, ela consegue ver no máximo umas cinco e algumas
até com marcas que parecem mordidas.
Assim que Jenny e Carol chegam ao portão Carol já se encaminha para
ficar de guarda enquanto Jenny parte para a fechadura do portão. O grupo tem a
chance de ver o mar de mortos lentamente avançando sobre eles, agora como
uma massa única e uniforme de corpos humanos reanimados. Existem walkers de
todas as maeiras, soldados, fazendeiros, engravatados e todos eles com algo
bastante em comum... Estão mortos e estão com fome.
Jenny posiciona a chave grande na fechadura e tem dificuldade para abrir
a porta. Por ser grande a chave fica muito bamba na fechadura e dificulta a
operação do miolo da fechadura. A medida que a porta demora para abrir a
tensão do grupo não demora para aumentar. Jenny tenta controlar o nervosismo
pois só atrapalha a porta para abrir. Lucas já bem próximo a um walker diz:
- Jenny... Se puder abrir mais rápido tudo bem.
- Vamos Jenny... Vamos rápido! – Diz Gisis suando de nervosa.
- ABRE LOGO ESSA PORRA!!! – Diz Carol gritando.
Os próximos movimentos acontecem quase que simultaneamente. Lucas
se vê cercado e aplica um chute no primeiro walker mais perto. O grupo logo ouve
de trás um barulho específico que soa como uma boia de salvação em uma
tempestade em alto mar. Como mágica a fechadura se abre e Jenny percebe que
nem tinha colocado a chave na fechadura. Jenny gritando diz:
- VAMOS!!! VAMOS RÁPIDO!!!
A situação ajuda muito as pessoas a reduzir suas expectativas, reduzir
seus medos e até mesmo sua avaliação sobre diversas situações. Em um normal
este grupo dificilmente entraria naquele ambiente extremamente escuro que se
apresentou. O desespero é tanto que nem reparam na poeira e no cheiro de mofo
acumulado de um lugar que não é aberto a muito tempo. O grupo entra correndo
e quando a luz fraca do lugar acende eles dão de frente com cinco homens
fortemente armados com fuzis AK’s e M16. Neste momento cada batida do
coração pode ser ouvida por eles, cada segundo se torna séculos e uma voz é
ouvida de trás destes homens. A voz diz com um tom autoritário e forte sem
gritar:
- Se abaixem agora!!!
O grupo sem pensar duas vezes o faz quase que se jogando no chão
rapidamente. Os disparos daqueles cinco quase que iluminam plenamente o
lugar. Eles soltam uma série de disparos concentrados nos mortos que estão a
porta. Abaixo fechando os olhos e ouvidos o grupo se encolhe quando cada
capsula quente toca seus corpos como uma chuva que desce quente, mas
trazendo esperança de vida. Com os mortos caindo aos montes dois homens vão
até o portão e fecham ele impedindo que mais mortos cheguem perto.
A porta se fecha e o ambiente se acalma. O grupo com os ouvidos zunindo
vai lentamente se levantando e recobrando a consciência do que existe a sua
volta. Assim que o grupo volta sua atenção para cima o grupo consegue ver sete
pessoas, cinco homens armados com fuzis, um armado com uma pistola grande e
cromada e o outro é Renan que só olha para baixo e mal consegue encarar o
grupo. Carol ao ver isso tenta partir para cima de Renan:
- SEU FILHO DA PUTA!!! QUERIA NOS MATAR SEU BABACA!?! – Diz aos
gritos, mas é contida por um dos homens armados com fuzil.
Renan olha para o grupo e parece se assustar com alguma coisa. Ele olha
para o sujeito com pistola e diz:
- Eles estão emocionados... Será que eu poderia dar um abraço neles já
que não vamos mais nos ver? – Diz como um cão abandonado sem ao menos
olhar para alguém enquanto fala.
O sujeito responde sem ao menos pensar e logo vira de costas:
- Você é quem sabe... Mas seja rápido. Alexsander está esperando para
falar com eles.
Renan olha para o grupo que demonstra para ele um desprezo e ódio
profundo. Ele tenta quebrar o gelo e brinca:
- Nossa! Olha como vocês estão péssimos! – Nem ele acredita em sua
brincadeira pois nem ele mesmo ri.
Renan chega próximo a Gisis que o encara como se pudesse queimar eles
com um simples olhar. Ele segura em seus ombros e dá um abraço. Gisis não se
meche nem por um momento. Ele diz bem baixinho:
- Fez um ótimo trabalho. Estou orgulhoso...
Ele se encaminha para Jenny que age da mesma maneira. Ao abraçar ele
diz:
- Só mantem esse pessoal vivo...
Ele se encaminha para Carol que assim que ele chega perto e ameaça
abraçar ela diz:
- Não... Nem fodendo!
- É... Gostei... mantem isso aí! – Diz ele já se encaminhando para Lucas.
Renan estende a mão para Lucas e aguarda um pouco, porém Lucas não
dá nenhum sinal que vai estender sua mão, então Renan diz:
- Belo jogo lá fora...
Renan se encaminha para Juju que se controla para não chorar. Só que ao
invés de segurar os ombros para abraçar ele segura nos braços. Juju também o
ignora e não se meche, mas sente algo saindo do seu antebraço. Gisis e Jenny
acabam de perceber que Renan acaba de remover a revista destruída que estava
aparecendo do lado de fora da manga rasgada de seu casaco. Ele diz para ela:
- Mantenha elas... digamos... Saudáveis.
Ele pega a revista e coloca dentro da sua calça discretamente. Ele se vira
para os soldados e diz:
- Parece que terminamos.
O soldado de pistola já sem paciência diz:
- Então está tudo certo... Você por ir. – Diz para Renan. – Estes aqui vão
ficar... O chefe quer falar com eles.