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RECURSO XXXII EXAME DE ORDEM

PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL

Item 4

No item 4 do espelho da peça prática a banca requereu como resposta correta no


mérito do pedido o fundamento de que “Nulidade decorrente do não oferecimento de
proposta de suspensão condicional do processo (0,30), tendo em vista que o crime não
foi praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra mulher ou tendo em
vista não ser aplicável a previsão do Art. 41 da Lei nº 11.340 pelo fato de a vítima ser
homem (0,20).”, atribuindo 0,50 ao item.
O recorrente, nas linhas 42 a 48, apresentou o seguinte argumento: “Ocorre que est
pode é um poder-dever do MP, não podendo deixar de oferecer tal benefício ao Réu,
tendo em vista que que este se encaixa nos requisitos necessários. Conforme o art.
89 da lei 9099/95. Vale ressaltar que o réu não se encaixa nos requisitos do art. 41
da lei 11340/06, devendo portanto ser afastada a incidência da 5536 do STJ ”.
Primeiramente há de se consignar que o recorrente logrou êxito apontar o cabimento
da suspensão condicional do processo, sendo este o requerimento contido no trecho
que se destaca. Ressalte-se ainda o fato de o recorrente acertadamente mencionar o
não cabimento do art. 41 da lei n° 11.340. o espelho é extensivo na pontuação
considerando a menção à ausência do contexto de violência doméstica e familiar
contra a mulher, fato este que foi devidamente apontado pelo candidato.
Posto isso, o ora recorrente faz jus à majoração de sua nota em 0,20, atingindo o total
da pontuação atribuída no item de 0,50
Item 5

No item 5 do espelho da peça prática a banca requereu como resposta correta no


mérito do pedido o fundamento de que “No mérito, reconhecimento do estado de
necessidade (0,40), que é causa excludente da ilicitude (0,20), na forma do Art. 24 ou
do Art. 23, inciso I, ambos do CP (0,10)”, atribuindo 0,70 ao item.
O recorrente, nas linhas 71 a 77, apresentou o seguinte argumento: “Luiz protegeu o
bem vida em detrimento do bem integridade física de seu irmão. Circunstância e
atitude na qual lhe era razoável, portanto, estando em conformidade com o art. 24
do CP. Apesar de o fato ter sido típico, ele é lícito tendo portanto a normal
consequência de exclusão do crime, conforme o art. 23, I do CP”.
É inequívoca a convergência entre o espelho e a resposta do recorrente, tendo o item
sido atendido em sua totalidade. O reconhecimento do estado de necessidade foi
pedido em sua literalidade, bem como a fundamentação legal apontada como correta
pela banca.
Com relação ao apontamento de que a causa é excludente de ilicitude, embora o
candidato não tenha apresentado a resposta tal qual consta no espelho de correção, o
candidato demonstrou possuir o conhecimento acerca da consequência do
reconhecimento do estado de necessidade, o que fica absolutamente demonstrado no
trecho das linhas 74 a 77, que segue: “Apesar de o fato ter sido típico, ele é lícito
tendo portanto a normal consequência de exclusão do crime, conforme o art. 23, I do
CP”.
Dito isto, conclui-se que a resposta encontra-se completa e adequada ao que foi
solicitado pela banca, de modo que deve ser majorada a nota do candidato em 0,20,
atingindo o total atribuído ao item, qual seja, 0,70 ponto.
Questão 1

Letra A)

Na letra A da questão 1 a banca requereu como resposta correta a indicação de “A


prisão em flagrante foi ilegal (0,20), já que não estava configurada em qualquer das
situações previstas no Art. 302 do CPP (0,40).”, atribuindo ao item 0,60 ponto.
É inequívoca a convergência entre o espelho e a resposta do recorrente, tendo o item
sido atendido.
E o atendimento foi feito nas linhas 01 a 05: “Gabriel não poderia ter sido preso pois
não estava mais em condição de flagrante tendo em vista que os requisitos da prisão
em flagrante do art. 302 do CPP não foram cumpridos, tendo sido preso em
flagrante dias após a suposta prática de crime”, ou seja, ficou claro a resposta quanto
à ilegalidade da prisão por não existir nenhuma das situações caracterizadoras de
flagrante.
Nota-se, Doutores Julgadores, que o candidato apenas não mencionou expressamente
a ilegalidade da prisão e, por isso, não obteve a pontuação integral a este quesito.
Ocorre que, diante da resposta exposta pelo recorrente, a ilegalidade da prisão é
incontestável, notadamente quando há apresentação até mesmo da fundamentação
jurídica para tal. Há, no caso em comento, demonstração do conhecimento jurídico e
científico do candidato acerca do tema, que é o que se espera em uma prova subjetiva,
na qual deve haver demonstração do conhecimento técnico a ser sopesado pela banca
examinadora, ainda que a resposta não esteva ipsis litteris ao que dispõe o espelho.
Posto isso, diante do inequívoco atendimento ao que se pede, requer a majoração da
nota do recorrente em 0,20, e o consequente atingimento da pontuação máxima do
item, 0,60 ponto.
Questão 1

Letra B)

Na letra B da questão 1 a banca requereu como resposta correta a indicação de que


“Sim, o argumento seria de que ocorreu erro de proibição OU erro sobre ilicitude
(0,40), nos termos do Art. 21 do CP (0,10), que poderia funcionar como causa de
isenção de pena OU que afasta a culpabilidade do agente OU que afasta o potencial
conhecimento da ilicitude (0,15)”, atribuindo 0,65 ponto ao item.
É inequívoca a convergência entre o espelho e a resposta do recorrente, tendo o item
sido atendido conforme depreende-se do trecho que segue nas linhas 16 a 19: “Na
circunstância apresentada, Gabriel cometeu o erro de proibição, onde sendo
reconhecido poderá absolve-lo ou em caso de previsão legal poderá responder a
título de culpa, conforme o art. 21 do CP”.
A banca já reconheceu pontuação parcial na questão em análise, qual seja 0,50 ponto.
No entanto, depreende-se do trecho transcrito que o candidato faz jus à pontuação
integral da questão, uma vez que também cita o afastamento da culpabilidade do
agente, ainda que não de forma literal.
Além do sentido jurídico perfazer todo o liame argumentativo da resposta apresentada
pelo candidato o atendimento ao item proposto está mais fortemente presente no
trecho das linhas 17 e 18, “, onde sendo reconhecido poderá absolve-lo.”
Logo, requer seja majorada a nota do candidato em 0,15, atribuindo a totalidade da
pontuação da questão, ou seja, 0,65 ponto.
QUESTÃO 2
LETRA A)
Na letra A da questão 2 a banca requereu como resposta correta a indicação de que
“Luiz poderá ser beneficiado por eventual causa de diminuição de pena em razão da
tentativa, mesmo não apresentando recurso, tendo em vista que se trata de
circunstância objetiva ou de caráter não exclusivamente pessoal (0,30). A participação
de menor importância é circunstância pessoal, não se estendendo ao corréu (0,25),
nos termos do Art. 580 do CPP (0,10).”, atribuindo ao item o valor de 0,65 ponto.
Com efeito, o ora recorrente, nas linhas 1 a 7, deixou o seguinte entendimento:
“Tendo em vista que os réus foram acusados pela mesma infração penal tendo como
base o art. 29 do CP Luiz poderá aproveitar os benefícios do recurso interposto por
José desde que se fundem em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal. Conforme o disposto no art. 580 do CPP ”.
Restou clara a convergência entre o raciocínio apresentado e o comando do item, uma
vez que o candidato indicou que ainda que Luiz não tenha apresentado recurso,
poderia beneficiar-se do reconhecimento da modalidade tentada do crime, pois não se
trata de motivo de caráter exclusivamente pessoal, em contraponto à circunstância da
participação de menor importância.
A resposta encontra-se completa e adequada ao que foi solicitado pela banca. No
entanto o examinador deixou de atribuir a pontuação referente à correta indicação de
que Luiz poderá ser beneficiado pelo eventual reconhecimento da tentativa mesmo
não tendo apresentado o recurso, que, como depreende-se do trecho ora transcrito,
foi devidamente atendido pelo recorrente.
Embora o candidato não tenha apontado a resposta com a literalidade do gabarito, é
patente a convergência de sentido lógico-jurídico, uma vez que se reconhece o
aproveitamento pelo réu do benefício da tentativa e o não aproveitamento pelo
benefício da circunstância de menor importância.
Posto isso, o ora recorrente faz jus à atribuição da pontuação total do item de 0,65,
uma vez que também apontou corretamente a fundamentação legal exigida.
Questão 2

Letra B)

Na letra B da questão 2 a banca requereu como resposta correta a indicação de que


“Sim, o argumento seria de que ações penais em curso não podem ser valoradas de
maneira negativa ao réu no momento de aplicação da pena base (0,35), sob pena de
violação ao princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade (0,15),
conforme Súmula 444 do STJ OU Art. 5º, inciso LVII, da CRFB (0,10)”, atribuindo 0,60 ao
item.
Primeiramente há de se consignar que o recorrente logrou apontar, nas linhas 13 a 18,
a impossibilidade de ações em curso serem valoradas de maneira negativa no
momento da aplicação da pena base, como se verifica a seguir: “Luiz poderá ter sua
pena fixada no mínimo legal conforme o art. 59 do CP, em virtude que ações penais
em curso não configuram maus antecedentes, ou seja, Luiz deve ser considerado
primário e de bons antecedentes, conforme a Súmula 444 do STJ”.
Nota-se pelo trecho apresentado que o candidato preencheu todos os requisitos de
pontuação exigidos pela banca, qual seja, explicitamente, o apontamento de que as
ações penais em curso não podem ser valoradas de maneira negativa ao réu no
momento da aplicação da pena base, bem como a correta fundamentação legal
exigida.
Assim, em que pese a interpretação atribuída pela banca examinadora ao não
considerar a pontuação referente à menção ao princípio da não culpabilidade, o
candidato faz jus a esta pontuação, haja vista demonstrar o sentido jurídico a respeito
do tema, cumprindo registrar que sua resposta está em conformidade com a doutrina
unânime, bem como o entendimento jurisprudencial, quando da conceituação do
referido princípio.
Posto isso, o ora recorrente faz jus ao total da pontuação atribuída no item de 0,60
QUESTÃO 4
LETRA A)
Na letra A da questão 4 a banca requereu como resposta correta a indicação de que “.
Sim, tendo em vista que o crime em tese praticado envolveu violência à pessoa OU
porque foi praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra mulher,
impossibilitando a proposta de ANPP (0,55), nos termos do Art. 28-A, caput, do CPP OU
do Art. 28-A, § 2º, inciso IV, do CPP (0,10)” atribuindo 0,65 ponto ao item.
Primeiramente há de se consignar que o recorrente foi preciso ao apontar, nas linhas
01 a 03, que existem argumentos para questionar a proposta de acordo de não
persecução penal formulada pelo Ministério Público, ao escrever: “Ainda que tenha
sido lesão corporal de natureza leve, o réu não poderia receber tais benefícios,
conforme o art. 41 da lei 11.340”
Ademais, o recorrente apontou que o crime foi praticado no contexto da violência
doméstica e familiar contra uma mulher, logo, existe expressa vedação legal para a
formulação de acordo de não persecução penal. Embora o apontamento não tenha
sido literal, conforme o espelho da questão dispõe, a menção à Lei Maria da Penha (lei
11.340/06) é suficiente para elucidar que o contexto de violência doméstica contra a
mulher está presente no argumento apresentado pelo candidato. Restou clara a
convergência entre o raciocínio apresentado e o comando do item, cabendo ao
candidato a pontuação referente ao item.
Sendo assim, faz jus à pontuação de 0,55 a ser acrescida em sua nota.

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