Você está na página 1de 1

Apreciação crítica-

O quadro Fernando Pessoa encontra D. Sebastião num caixão


sobre um burro ajaezado à andaluza, de Júlio Pomar,
relaciona-se fortemente com o poema Fim, de Mário de Sá-
Carneiro, pois o que nós observamos no primeiro, lemos no
segundo.

Relativamente ao quadro, observamos um burro que


transporta o caixão de D. Sebastião (“Que o meu caixão vá
sobre um burro”). Podemos visualizar, ainda na parte superior
direita, palhaços acrobatas e alguém indefinido que está a Júlio Pomar
bater em latas (Quando eu morrer batam em latas/ (…) Chamem palhaços e acrobatas).
Perante o acima referido, concluo que quer o poema como o quadro dão um sentido diferente
à morte. No poema, o “eu” poético parece desejar a morte e até imagina um cenário de festa.

Este mesmo ambiente de festa está presente no quadro


onde predominam as cores vivas e não escuras. No meu
entender, este quadro serve de crítica a maneira como D.
Sebastião foi derrotado na batalha de Alcácer Quibir. O
burro representa Espanha, e este carrega D. Sebastião visto
que a sua morte acabou por entregar Portugal ao domínio
espanhol.

Na obra Mensagem, no poema “D. Sebastião, Rei de


Portugal”, de Pessoa, este critica a forma como D. Sebastião Mário Sá-Carneiro
foi para guerra e chama-lhe louco, visto que teve uma ambição excessiva que depois o levou à
morte. Assim, podemos relacionar o nome do poema Fim, ou seja, o fim de D. Sebastião com o
poema de Fernando Pessoa e com o quadro.

Em conclusão, o quadro está bem feito, visto que critica as classes sociais mais altas, como é o
caso da nobreza, pois estes procuravam a glória tal como D. Sebastião, que nunca imaginou
que poderia ser levado num burro para o seu funeral.

Você também pode gostar