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DISCENTE: KAUAN DA SILVEIRA SANTOS

A Apologia de Sócrates é uma obra escrita por Platão por meio de sua visão da defesa
e sentença de Sócrates e, o mais interessante é como a obra pode ser completamente
contextualizada e aplicada aos dias de hoje.
Os governantes da época acusavam Sócrates de influenciar jovens a seguir os seus
pensamentos e de não acreditar nos deuses, mas em sua defesa, Sócrates deixa bem
claro que tudo não passava de acusações vindas de terceiros e sem uma verdade ao
fundo.
"Além disso, os jovens ociosos, os filhos dos ricos, seguindo-me espontaneamente,
gostam de ouvir-me examinar os homens, e muitas vezes me imitam, por sua própria
conta, e empreendem examinar os outros ". Nesse trecho, Sócrates deixa bem claro
em sua defesa que ele não ensina aos jovens o que ele acredita, mas os jovens, por
conta própria, concordam e imitam os pensamentos de Sócrates e questionam
aqueles que se dizem portadores do conhecimento.
Depois ele complementa: "Se, pois, creio na existência dos demônios, como dizes,
se os demônios são uma espécie de deuses, isso seria propor que não acredito nos
deuses, e depois, ao contrário, creio nos deuses, porque ao menos creio na existência
dos demônios", ressaltando a contradição de Meleto ao afirmar que ele não acredita
nos deuses e que ensina coisas demoníacas, mas, para existir demônios, é
necessária a existência dos deuses, logo, se Sócrates ensina coisas demoníacas ele
precisa acreditar nos deuses.
Mas, como comentei no início, essa obra pode ser contextualizada ainda nos dias de
hoje, em que desde o período do Regime Militar, governantes sempre tentaram (e por
muitas vezes conseguiram) tirar a filosofia das grades de disciplinas nas instituições
de ensino com um discurso bem parecido com o dos juízes da Grécia Antiga ao julgar
Sócrates: Influenciar os jovens ao "caminho errado".
Do mesmo modo, sempre apareceu e aparecerá governantes que colocam um deus
ou deuses como donos de toda a verdade, e quem se opõe à essa verdade são
inimigos dos bons costumes e da família.
Com isso, concluo que mesmo com 2300 anos de distância entre nós e Sócrates,
aqueles que pensam e saem do senso comum serão criticados e acusados pelos
detentores do poder, e que assim como Sócrates morreu por defender a sua verdade
e por questionar os poderosos da época, nós também questionemos a nossa
existência e às características da nossa ética, que em muitas vezes pode ser
opressora e contraditória.

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