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FEAAC- FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO,

ATUARIAIS, CONTABILIDADE E FINANÇAS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO

LÍVIA MARIA PINHEIRO CANAFISTULA

FICHAMENTO DA OBRA “APOLOGIA DE SÓCRATES”

Fortaleza
2023
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LÍVIA MARIA PINHEIRO CANAFISTULA

FICHAMENTO DA OBRA “APOLOGIA DE SÓCRATES”

Fichamento da obra “Apologia de Sócrates”,


texto fichado das páginas um a trinta.
Apresentado como requisito para a aprovação
semestral na matéria de Introdução a Filosofia,
ofertada pelo Professor Evanildo Costeski.

Fortaleza
2023
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FICHAMENTO

Platão. Apologia de Sócrates por Platão

“Contudo não disseram, eu afirmo, nada de verdadeiro” ( p.1 ) - O texto começa com Sócrates
defendendo-se “dizendo-vos que há um tal Sócrates, homem douto, especulador das coisas
celestes e investigador das subterrâneas e que torna mais forte a razão mais fraca.” ( p. 2 ) - Os
acusadores falam que Sócrates só fala tolices e ele rebate observando que nunca falou nada do
que era acusado. - Foi acusado de vender os seus discursos, algo que ele nega veementemente.
Apesar de não julgar quem o faz: “Embora, em realidade, isso me pareça bela coisa: que
alguém seja capaz de instruir os homens, como Górgias Leontino, Pródico de Coo, e Hípias de
Élide.”
( p.4 )

Para provar o motivo do surgimento das acusações ele apresenta uma testemunha, Xenofonte,
um amigo e participante do mesmo partido democrático. Esse amigo visitou o Oráculo e
observou que ele, Sócrates, era o homem mais sábio, porém Sócrates se inquietou pois não
concordava com essa máxima “ Para procurar, pois o que queria dizer o oráculo, eu devia ir a
todos aqueles que diziam saber qualquer coisa. E então, cidadãos atenienses, já que é preciso
dizer a verdade, me aconteceu o seguinte: procurando segundo o dedo do deus, pareceu-me que
os mais estimados eram quase privados do melhor, e que, ao contrário, os outros, reputados
ineptos, eram homens mais capazes, quando à sabedoria.” ( p.7 )

Observou na jornada de procurar alguém mais sábio que ele, o fato de que quem achava que
sabia demais sabia de menos e essa era a sabedoria que ele detinha “Por essa razão, pois, andei
pensando que, nisso eu os superava, pela mesma razão que superava os políticos”. ( p.7 )
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Mediante toda a caminhada ele tomou uma decisão e chegou a uma conclusão: “Assim, eu ia
interrogando a mim mesmo, a respeito do que disse o oráculo, se devia mesmo permanecer
como sou, nem sábio da sua sabedoria, nem ignorante da sua ignorância, ou ter ambas as coisas,
como eles o tem. (Artífices) Em verdade, respondo a mim e ao oráculo que me convém ficar
como sou.” ( p.8 ) Sócrates detinha muita convicção do que era, muito autoconhecimento, algo
que imagino ser a maior sabedoria que um ser humano pode alcançar.

“dessa investigação, cidadãos atenienses, me vieram muitas inimizades e tão odiosas e graves
que delas se derivaram outras tantas calúnias e me foi atribuída a qualidade de sábio” ( p.9 ) -
Sócrates defende-se dizendo que não necessariamente é sábio daquilo que refuta os outros e por
terem essa interpretação recebe todas essas acusações. Para ele o Oráculo foi sábio
demonstrando que os sábios são aqueles ignorantes da própria sabedoria.

“comete crime corrompendo os jovens e não considerando como deuses os deuses que a cidade
considera, porém outras divindades novas. - Esta é a acusação. Examinemo-la agora, em todos
os seus vários pontos. Diz, primeiro, que cometo crime, corrompendo jovens. Ao contrário, eu
digo, cidadãos atenienses, Meleto é quem comete crime, porque brinca com as coisas graves.”
( p.10 ) -Sócrates apresenta sua inocência e faz uma acusação aos acusadores dizendo que eles
estão levando homens injustamente para demonstrar interesse em uma situação que nunca os
interessou. “Porquanto, segundo a tua opinião, seriam desprezíveis todos aqueles semi-deuses
que morreram em Tróia.” ( p.15 ) - Utilizou de diversos argumentos para a sua defesa, inclusive
as ações dos Deuses que Mileto tanto defendia.

“se por acaso a morte não é o maior de todos os bens para o homem, e entretanto todos a temem,
como se soubessem, com certeza, que é o maior dos males.” ( p.16 ) - Sócrates não tinha medo
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da morte e acredita que ela é um dos maiores bens que o ser humano tem, pois esta é sua única
certeza no meio de tanta ignorância.

“Cidadãos atenienses, eu vos respeito e vos amo, mas obedecerei aos deuses em vez de obedecer
a vós, e enquanto eu respirar e estiver na posse de minhas faculdades, não deixarei de filosofar
e de vos exortar ou de instruir” ( p.16 ) - Com esta frase ele volta a demonstrar confiança no
que ele é e reafirma que não vai mudar mesmo que a morte seja a consequência desta decisão.

“vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as riquezas
e todos os outros bens, tanto públicos como privados.” ( p.16 ) - Me chamou a atenção pois é
um pensamento que tem força nos dias atuais para a construção da moral social.

“Mas nunca fui mestre de ninguém: de, pois, alguém mostrou desejoso da minha presença
quando eu falava, e acudiam à minha procura jovens e velhos, nunca me recusei a ninguém.” (
p.19 ) - Mostra o caráter didático e o desejo latente de repassar os seus pensamentos sem
observar para quem estava repassando e sem se colocar como superior, com mais sabedoria.

“Com efeito, suponhamos que, entre os jovens, há alguns que estou corrompendo e outros que
já corrompi: seria aparentemente inevitável que alguns destes, quando tiveram mais idade,
compreendessem que eu lhes tinha alguma vez aconselhado uma ação má - e hoje deveriam
estar aqui para me acusar e vingar-se de mim. Suponhamos ainda, que eles não teriam querido
vir pessoalmente: mesmo assim, alguns de seus parentes, pais, irmãos ou pessoas de família, se
algum dia receberam danos de minha parte, agora deveriam recordar e tirar vingança.” ( p.20 )
- Mostra com argumentos lógicos que não houve intenções maldosas nos seus pensamentos,
recorre aos seus amigos e discípulos, ouso dizer que são os únicos que verdadeiramente
poderiam dizer se Sócrates cometeu algum crime. Ele apresenta até mesmo os familiares
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daqueles que ensinou, uma visão externa que normalmente tem mais credibilidade. Não utilizou
da vitimização para defender-se. Somente a lógica de seus pensamentos.

“Tratando-se de honra, não me parece belo, nem para mim nem para vós, pata toda cidade” (
p.21 ) - Honra, o motivo para não chorar e se lamentar no tribunal de Mileto, acredito que
convicção nas próprias ações e pensamentos.

Ele na segunda parte da Apologia de Sócrates propõe a consequência do seu crime, a multa
acaba sendo a sua última saída apesar de não poder pagar sozinho uma multa alta e tem a ajuda
de seus amigos e alunos.

“Mas, nem mesmo agora, na hora do perigo, eu faria nada de inconveniente, nem mesmo agora
me arrependo de me ter defendido como o fiz, antes prefiro mesmo morrer, tendo-me defendido
desse modo, a viver daquele outro.Nem nos tribunais, nem no campo, nem a mim, nem a
ninguém convém tentar todos os meios para fugir à morte.” ( p.27 ) - A honra prevalece e para
ele, morrer é melhor do que viver não sendo ele mesmo, estando em cárcere ou em exílio. Na
terceira parte do texto ele se despede de forma honrosa. “Assim, eu me vejo condenado à morte
por vós, condenados de verdade, criminosos de improbidade e de injustiça. Eu estou dentro da
minha pena, vós dentro da vossa.” ( p.27 ) - Demonstra de certa forma a hipocrisia daqueles que
o acusaram.

“Digo-vos, de fato, ó cidadãos que me condenaram, que logo depois da minha morte virá uma
vingança muito mais severa, por Zeus, do que aquela pela qual me tendes sacrificado. Fizestes
isto acreditando subtrair-vos ao aborrecimento de terdes de dar conta da vossa vida, mas eu vos
asseguro que tudo sairá ao contrário.” ( p.28 ) - Indignou-se por toda a injustiça.
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“É que a vós, como meus amigos, quero mostrar, que não desejo falar do meu caso presente.” (
p.29 ) - Tem uma visão otimista da morte, fala para aqueles que querem o seu bem que a morte
não é de todo ruim e que de algum modo ela vem para o bem, pensa em todos os aspectos da
morte inclusive nas pessoas que poderia encontrar estando morto.

Existe uma excitação pela novidade do que pode ser a morte. “Mas, já é hora de irmos: eu para
a morte, e vós para viverdes. Mas, quem vai para melhor sorte, isso é segredo, exceto para deus.”
( p.30 ) - Até mesmo antes de morrer ele pensa e discorre sobre o'que existe do outro lado, se é
bom ou ruim.
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COMENTÁRIO PESSOAL

A Apologia de Sócrates é uma leitura densa, mas ao mesmo tempo super atual, é um contexto
antigo, porém essa organização de sociedade é extremamente similar pois a democracia grega
é diretamente ligada à democracia atual dos países ocidentais. A “caça” aos que tem
pensamento que se chocam ideologicamente com o da maioria, ideias e pensamentos contrários
ou somente diferente ainda causam um efeito defensivo. As ideias de Sócrates em certo grau
são as da moral e da ética desejada no mundo atual, a vontade de conhecer, de descobrir, a
exaltação das virtudes. O discurso sobre a morte é algo que acredito que pensaria de uma forma
parecida, obviamente que no meu contexto religioso, mas essa ideia da possibilidade de
encontrar e reencontrar os que já morreram pessoas que admiro, é uma reflexão que nos
aproxima do que Sócrates está sentindo e vivenciando. Eu já tive contato com essa leitura e a
cada novo contato é uma nova visão, o que me deixa incomodada com essa leitura é saber que
é uma visão externa de toda a situação, a visão de Platão. Eu adoraria ler algo escrito por
Sócrates, mas infelizmente não é possível.

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