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Apologia de Sócrates

Tópicos
• Diálogos de Platão: juventude, maturidade e velhice
• Apologia de Sócrates
• Os interlocutores
• Refutação socrática contra os antigos acusadores e os novos
• Sócrates x Meleto
• O julgamento de Sócrates
• A morte de Sócrates
1. Diálogos de Platão
• 1.1 Diálogos de Platão: Juventude, maturidade e velhice
- Juventude: a maioria são de refutação, isto é, de discurso
de defesa(Apologia, Láques, ou Da coragem, por exemplo)
- Maturidade: supõe-se que Platão já estaria se servindo
mais de maneira pessoal da figura de Sócrates para
construir a sua filosofia. Ex. A República, O Fédon,
Banquete etc.
- Velhice: a figura de Sócrates parece minguar, começa a
perder a força nos diálogos de Platão. Ex. Parmênides,
Teeteto, Timeu

- 1.2 Diálogos aporéticos e diálogos apócrifos


- Aporéticos: sem saída. Ex. Hipias Maior e Hipias menor
- Apócrifos: diálogos que um dia foram atribuídos a Platão.
Ex. Hípias Maior
- Outros termos para os diálogos: Logos
Socráticos(Aristóteles), Diálogos Socráticos (Diógenes)
2. Os principais interlocutores de Sócrates
A revelação do Oráculo a respeito • Laques: Um general. A cidade
de Sócrates: “Em Atenas não há reconhece em Laques a posse do
ninguém mais sábio que Sócrates” saber sobre o que é a coragem e o
Quem são os homens Sábios ou que não é a coragem.
interlocutores de Sócrates? Eram os • Ion: É um rapsodo, um declamador
supostos sábios. dos poetas. Um especialista em
- Eutífron: Um sacerdote no qual a poesias.
cidade acredita ser a pessoa mais
recomendada para falar sobre
assuntos de natureza religiosa.
3. Apologia de Sócrates
• Apologia: discurso de defesa
• Não se trata de um texto jornalístico ou histórico
sobre o julgamento de Sócrates
• Pode ser lido como uma base teórica como um
exercício de refutação que Platão vai apresentar
nos livros de juventude
• Acusação: não reconhecer os deuses do Estado,
introduzir novas divindades e corromper a
juventude
• Acusadores: Havia dois tipos de acusadores: 1) Os
antigos, muitos dos quais não estavam nem mais
vivos; 2) E os acusadores novos: Meleto(poetas),
Ânito(comerciantes) e Lícon(oradores, políticos)
• Idade de Sócrates: 70 anos
4. O discurso de defesa
• Defesa contra os antigos acusadores: São os
mais hábeis. Conforme Sócrates foi justamente
este grupo quem começou o processo de
difamação.
• Sócrates fala de um grupo de acusadores mais
hábeis
• Sócrates era reconhecido como douto, porém
especulador
• As acusações eram falsas
• São muitos e já o acusa há bastante tempo
• “É justo, pois, cidadão atenienses, que em primeiro lugar, eu me defenda
das primeiras e falsas acusações que me foram apresentadas, e dos
primeiros acusadores; depois, me defenderei das últimas e dos últimos.
Porque muitos dos meus acusadores tem vindo até vós já bastante tempo,
talvez anos, e sem jamais dizerem a verdade; e esses eu temo mais do que
Anito e seus companheiros, embora também sejam temíveis os últimos.
Mais temíveis porém são os primeiros, ó cidadãos, os quais tomando a
maior parte de vós, desde crianças, vos persuadiam e me acusavam
falsamente, dizendo-vos que há um tal Sócrates, homem douto,
especulador das cosias celestes e investigador das subterrâneas e que torna
mais forte a razão mais fraca. Esses, cidadãos atenienses, que divulgaram
tais coisas, são os acusadores que eu temo; pois aqueles que os escutam
julgam que os investigadores de tais coisas não acreditam nem mesmo nos
deuses. Pois esses acusadores são muito e me acusam já há bastante
tempo; e, além disso, vos falavam naquela idade em que mais facilmente
podíeis dar crédito(...)(PLATÃO. Apologia)
5. Os acusadores novos

• Os acusadores novos: Meleto(poetas), Ânito(comerciantes) e


Lícon(oradores, políticos
• Dois tipos de discursos: 1) O discurso técnico, retórico, hábil, comumente
usado pelos acusadores de Sócrates e; 2) O discurso que não recorre aos
mecanismos retóricos (no sentido técnico da palavra) mas apenas à
verdade(este é o discurso ou recurso usado por Sócrates).
• Três tipos de retóricas: 1)A retórica deliberativa - Aquela que se aprende
para falar em público(nas assembleias); 2)A retórica judiciária e forense:
Aquela que é usada para se defender. Por exemplo: um indivíduo que
precisa se defender; 3)A retórica epidítica: Aquela usada para o elogio.
“O que vós, cidadão atenienses, haveis sentido, com o manejo dos meus
acusadores, não sei; certo é que eu, devido a eles, quase me esquecia de
mim mesmo, tão persuasivamente falavam. Contudo, não disseram, eu o
afirmo, nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que
divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram
que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem
hábil no falar. Mas, então, não se envergonham disto, de que logo seriam
desmentidos por mim, com fatos, quando eu me apresentasse diante de
vós, de nenhum modo hábil orador? Essa me parece a sua maior
imprudência, se, todavia, não denominam "hábil no falar" aquele que diz a
verdade. Porque, se dizem exatamente isso, poderei confessar que sou
orador, não porém à sua maneira. Assim, pois, como acabei de dizer, pouco
ou absolutamente nada disseram de verdade; mas, ao contrário, eu vo-la
direi em toda a sua plenitude. ”(Platão, Apologia)
6. Sócrates x Meleto
• Sócrates rebate a acusação de Meleto: corrupção dos
jovens(Quando Meleto se preocupou com a educação dos
jovens?)
- Corrupção dos jovens
- Negação dos deuses de Atenas
- Introdução de novos deuses
Sócrates refuta Meleto: “É suficiente, pois, esta minha defesa diante de
vós, contra a acusação movida a mim pelos primeiros acusadores. Agora
procurarei defender-me de Meleto, homem de bem e amante da pátria,
como dizem, e um dos últimos acusadores. Voltemos, portanto, ao ato
de acusação, jurado por ele, como por outros acusadores. É mais ou
menos assim:
-Sócrates - diz a acusação - comete crime corrompendo os jovens e não
considerando como deuses os deuses que a cidade considera, porém
outras divindades novas.- Esta é a acusação. Examinemo-la agora, em
todos os seus vários pontos. Diz, primeiro, que cometo crime,
corrompendo jovens. Ao contrário, eu digo, cidadãos atenienses, Meleto
é quem comete crime, porque brinca com as coisas graves. Conduzindo
com facilidade os homens ao tribunal, aparentando ter cuidado e
interesse por coisas em que de fato nunca pensou. Procurarei mostrar-
vos que é bem assim.” (PLATÃO, Apologia)
7. Acusação de negar os deuses
• Mas, cidadãos atenienses, os fatos • - Assim, pois, Meleto, por estes
evidenciaram o que eu sempre disse. mesmos deuses, de que agora está
Jamais Meleto prestou atenção a tais falando, fala ainda mais claro, a mim e
coisas, nem muita, nem pouca. aos outros. Não consigo entender se
Todavia, explica, Meleto, o que dizes que eu ensino a acreditar que
significa a tua expressão, dizendo existem certos deuses - e em verdade
corrompo os jovens. É claro, segundo a creio que existem deuses, e não sou
acusação escrita por ti mesmo, que de todo ateu, nem sou culpado de tal
ensino a não respeitar os deuses que a erro - mas não são os da cidade,
cidade respeita, porém, outras porém outros, e disso exatamente me
divindades novas. Não dizes que os acusas, dizendo que eu creio em
corrompo, ensinando tais coisas? outros deuses. Ou dizes que eu
• -Sim, é isso mesmo que eu digo, mesmo não creio inteiramente nos
sempre que posso. deuses e que ensino isso aos outros?
8. O julgamento de Sócrates
• Idade: Sócrates foi condenado aos 70
anos
• Acusadores: Ânito(classe dos
políticos),Meleto(classe dos poetas) e
Lícon(classe dos oradores)
• Acusações: impiedade(negação dos
deuses de Atenas), introduzir deuses
novos e de corromper a juventude
ateniense.
• Discurso de defesa
• A proposta de Sócrates: em tribunal
propôs uma multa de 30 minas
• Resultado: Sua condenação à morte foi
votada por 281 contra 220
9.A morte de Sócrates
• Esperou mais de 30 dias na • “Contudo, querido amigo Sócrates, pela última
vez, convém seguires meus conselhos e te
prisão salvares. De minha parte, além da desventura
de ser privado para sempre de ti, de um amigo
• Durante estes 30 dias recebeu de cuja perda ninguém conseguirá suavizar-me
os seus amigos e conversou o sofrimento, receio que muitos que não nos
conhecem julguem que, tendo eu a
com eles. possibilidade de salvar-te pagando o que fosse
necessário, optei por deixar-te morrer e te
• A proposta de fuga feita por abandonei. Existe algo mais vergonhoso do que
Críton ser considerado maior apreciador do dinheiro
que dos amigos? Porque o povo não conseguirá
• A morte de Sócrates atinar com o fato de que te tivesse negado a
sair quando era o que tanto queríamos que
• A injustiça da morte de fizesses”.(Críton)
Sócrates
Bibliografia
• GOTTLIEB, Anthony. Sócrates. São Paulo, Unesp, 1997.
• LUCE, J.V. Curso de filosofia grega. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1994. (cap. 7,
“Sócrates e os sofistas”)
• MONDOLFO, Rodolfo. Sócrates. São Paulo, Mestre Jou, 1972.
• MOSSÉ, Claude. O processo de Sócrates. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1990.
• PLATÃO. Apologia de Sócrates.
• STONE, I.F. O julgamento de Sócrates. São Paulo, Companhia das Letras,
1988.
• WOLFF, Francis. Sócrates. São Paulo, Brasiliense, col. “Encanto Radical”,
1982, 2 a ed.

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