Você está na página 1de 3

1.

Introdução

Sócrates talvez seja o nome mais conhecido e misterioso quando se fala em


filosofia. O seu nome realmente tem um peso, ele revolucionou a filosofia ocidental,
por isso, Sócrates é considerado pai da filosofia ocidental. Com uma de suas frases
mais famosas: “Só sei que nada sei”, a sua verdadeira humildade em reconhecer
sua própria ignorância, é vista com clareza.

2. Vida de Sócrates

Sócrates nasceu no ano 470a.C. em Atenas, diferentemente de outros filósofos,


Sócrates não era filho de nenhuma família da elite, ou que tinha posse de terras, ele
era filho de um escultor (Sofroniscos), e de uma parteira (Fenarete), provavelmente
passou uma infância pobre e sem muitas regalias.
Quando Sócrates completou 18 anos, ele se tornou parte do rol de cidadãos e
elegível para tarefas determinadas pelo governo de acordo com sua classe. Assim,
tendo sua introdução a cidadania, Sócrates fez dois anos de serviço militar
obrigatório, participando de algumas batalhas, como a própria Guerra do
Peloponeso. Depois disso, seu pai faleceu e sua mãe se tornou sua guardiã legal.
Nas batalhas que participou, sua inteligência e resistência era absurdamente
alta, resultado do seu cultivo correto da razão (que ele mesmo pregava).
Quando retornou a Atenas, Sócrates se tornou alvo de comédias, era muitas
vezes caracterizado como um sofista (erroneamente, já que ele não era).
Após um tempo, ele teve 3 filhos com Xantipa, e foi nesse período que ele
começou a debater com os cidadãos atenienses (de forma mais intensa). Sua
aparência é algo bem significativo no contexto em que se passava, ele era
conhecido por ter uma vestimenta simples, pés descalços, com nariz chato e olhos
saltados.
Um fator que foi primordial para que Sócrates inicia-se seus debates e sua
busca pela verdade, foi quando o Oráculo de Delfos disse que não havia ninguém
mais sábio que Sócrates, foi assim que complexado com tal acontecimento, foi atrás
de provar que ele não era a pessoa mais inteligente da Grécia.

3. Legado de Sócrates

Curiosamente, Sócrates não escreveu nenhuma obra, ou prova de sua existência,


tudo o que se sabe dele é por causa de Platão, Xenofonte, Aristófanes e Aristóteles.
Platão era seu discípulo, ele citava Sócrates várias vezes em suas obras; Xenofonte
era seu amigo e frequentava as reuniões que Sócrates também frequentava;
Aristófanes ridicularizava Sócrates em suas obras, e por fim, Aristóteles (discípulo
de Platão) citou Sócrates algumas vezes em suas obras. Sócrates não possuir
nenhuma obra escrita se deve ao fato de que ele achava a oratória mais eficiente.
Os benefícios do diálogo ajudam a compreender a escolha de Sócrates pelo
bate-papo ao invés da escrita. Naquela época, a educação se dava,
essencialmente, por via oral. Soma-se a isso o fato de que, para Sócrates, as
pessoas deveriam adotar uma atitude de busca permanente pelo conhecimento, ao
invés de simplesmente transmitir o que julgavam saber. Uma das mais célebres
frases do filósofo é “Só sei que nada sei” e, sendo assim, escrever para quê? Se
para ele as pessoas não deveriam estar presas a algo e sim ao verdadeiro
conhecimento.

4. Ideias e Obras socráticas

Sócrates começou sua busca pela verdade após o oráculo de Delfos afirmar que
ele seria a pessoa mais sábia da Grécia. Ele foi atrás conversar com os maiores
sábios de Atenas (políticos, poetas e artesãos), fazendo perguntas básicas como: O
que é a Justiça, O que é a arte? O que é a poesia? Porém sempre havia um padrão,
o dito “sábio” afirmava ter algum nível de sabedoria sobre o assunto, mas depois
que Sócrates fazia mais perguntas, eles ficavam confusos e se contradiziam. Assim,
Sócrates chegou à conclusão que ele realmente era a pessoa mais sábia da Grécia,
pelo fato de reconhecer sua própria ignorância, que segundo ele, era a verdadeira
sabedoria. O princípio de Sócrates estava na frase relacionada ao Deus Apolo:
"Conhece-te a ti mesmo”. Para Sócrates o não conhecer ou ignorância era preferível
do que o mal conhecer.
A partir dessa ideia, foi proposto o Método Socrático, sua base era a dialética,
filosofia essa que se baseia no diálogo.
Método Socrático: Sistematização em duas etapas, com a finalidade de descobrir
a verdade e destrancar o seu próprio eu, se libertando das amarras da sociedade,
dos preconceitos e de ideias equivocadas.
Etapa 1 - Ironia: Sócrates proferia perguntas aos interrogados, perguntas essas
que eram bem simples, mas seu verdadeiro objetivo era deixar evidente ao
interlocutor, que seu conhecimento era frágil e sem fundamento, a pessoa
perceberia que seu “conhecimento” não passava de uma interpretação parcial da
realidade, apenas uma opinião, essa etapa decorria até que o interrogado admitisse
sua ignorância.
Etapa 2 - Maiêutica: A segunda etapa do método socrático é conhecida como
maiêutica, que significa "parto". Nesse segundo momento, o filósofo continua
fazendo perguntas, agora com o objetivo de que o interlocutor chegue a uma
conclusão segura sobre o assunto e consiga definir um conceito.
O nome "maiêutica" teve como inspiração a própria família de Sócrates. Sua mãe,
Fainarete, era parteira e o filósofo a tomou-a como exemplo e afirmava que os dois
possuíam atividades semelhantes. Enquanto a mãe auxiliava mulheres a darem à
luz a crianças, Sócrates auxiliava as pessoas a darem à luz a ideias.

Sócrates compreendia que as ideias já estão dentro das pessoas e são


conhecidas por sua alma eterna. Entretanto, a pergunta correta pode fazer com que
a alma se recorde de seu conhecimento prévio.
Para o filósofo, ninguém é capaz de ensinar alguma coisa a outra pessoa. Somente
ela mesma pode tomar consciência, dar à luz a ideias. A reflexão é a forma de
atingir o conhecimento.

Por isso, é importante concluir a maiêutica. Nela, a partir da reflexão, o sujeito parte
do conhecimento mais simples que já possui e segue em direção a um
conhecimento mais complexo e mais perfeito.

5. Julgamento e Morte de Sócrates

Depois de gerar incômodo a elite Ateniense, por propagar um conhecimento que


a população ateniense não estava acostumada e também ser uma pessoa que não
media esforços para achar a verdade, Sócrates foi considerado uma influência
perigosa, muitos acreditavam que ele estava destruindo a democracia ateniense,
por ser uma pessoa audaciosa, Sócrates cultivou muitos inimigos que o detestavam.
Por decorrência desses fatores, ele foi julgado por 3 crimes, pelas seguintes
pessoas: Anito, Meleto e Licom.
Em 399a.C., prestes a fazer 70 anos de idade, a acusação de meleto deu início
ao seu julgamento
Meleto falou: “ Sócrates é culpado dos crimes de não reconhecer os deuses
reconhecidos pelo Estado, de introduzir divindades novas; ele é ainda culpado de
corromper a juventude ateniense e zombar da democracia, o castigo pedido é a
morte".
Houve uma votação para considerar Sócrates culpado ou não, mas infelizmente,
mais da metade dos ali presentes votaram como culpado e queriam sua pena de
morte, Sócrates até tentou propor uma pena alternativa, o pagamento de uma
fiança, mas foi amplamente recusada. Sócrates tentou se defender com argumentos
racionais, para provar que o que estava acontecendo era errado, mas não foi
efetivo, até chegou a proferir as seguintes palavras: “Enquanto eu puder respirar e
exercer minhas faculdades físicas e mentais, jamais deixarei de praticar a filosofia,
de elucidar a verdade e de ajudar todos que cruzarem meu caminho para
buscá-la…Portanto senhores… seja eu absolvido não, nunca alterarei minha
conduta, mesmo que eu tenha que morrer 100 vezes”.
Sócrates foi aconselhado por seus amigos e discípulos a fugir da sentença, mas
ele preferiu morrer de forma honrada. Em um quarto, ele bebeu um cálice com um
veneno chamado cicuta, e morreu minutos depois. Naquele dia, a democracia
ateniense tinha matado talvez o homem mais brilhante que já havia passado pela
Grécia.
“Sócrates escolheu morrer e deixar seus ideais íntegros para a humanidade.”

Você também pode gostar