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E.E.

Cônego Barros
3ª série do Ensino Médio - Filosofia – Prof. André

SÓCRATES E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

Leia o texto para responder a ATIVIDADE 1

Se "não vale a pena viver uma vida sem reflexão", então o pensar acompanha o viver, quando se envolve com
conceitos como justiça, felicidade, moderação, prazer, com palavras que designam coisas invisíveis que a língua nos
ofereceu para explicar o significado de tudo o que acontece em nossa vida quando estamos vivos. Sócrates dá a essa
busca o nome de Eros, um tipo de amor que é antes de tudo uma falta - deseja o que não possui - e que é o único
assunto de que Sócrates se diz conhecedor. Os homens amam a sabedoria e fazem filosofia por não serem sábios,
assim como amam a beleza, e, por assim dizer, 'fazem o belo' por não serem belos. Desejando o ausente, o amor
estabelece com ele uma relação. Para trazer à luz esta relação, torná-la aparente, os homens falam sobre ela do mesmo
modo que o amante deseja falar de sua amada. Uma vez que a busca é uma espécie de amor e desejo, os objetos do
pensamento só podem ser coisas merecedoras de amor - beleza, sabedoria, justiça etc. (Hannah Arendt. "Pensamento e
considerações morais". Em: A dignidade da política. p. 160)

O cartum de Quino (à esquerda) faz referência ao


filósofo grego Sócrates, que viveu no século V a.C., em
Atenas. Sócrates dedicou a vida a praticar a filosofia com
aqueles que estivessem dispostos a investigar suas
próprias questões, buscando compreender o próprio
pensamento, seus pressupostos e as consequências daí
advindas.
Os companheiros de diálogo de Sócrates eram
principalmente os jovens atenienses. Entre eles, havia um
discípulo que mais tarde se tornaria um filósofo famoso:
Platão. Foi Platão quem escreveu os Diálogos, nos quais
Sócrates aparece como personagem e interlocutor de
conversas filosóficas sobre os mais variados temas: o
amor, o conhecimento, a coragem, a morte, a verdade, a
aprendizagem...
Lendo os Diálogos, percebemos que o método de
investigação que Sócrates utilizava para filosofar
caracterizava-se por:
• reconhecer a própria ignorância como ponto de
partida e abertura para o ato de conhecer;
• fazer perguntas que levassem o interlocutor a
examinar cuidadosamente as ideias que ele e os outros
apresentavam sobre o tema em discussão.

Como filósofo, Sócrates examinava com rigor as


ideias de qualquer um que se dispusesse a discutir com
ele, e isso costumava encantar os jovens. Infelizmente,
também despertou a desconfiança de alguns cidadãos
atenienses. Foram eles que levaram Sócrates ao tribunal,
quando ele tinha cerca de 70 anos, acusando-o de ateísmo e corrupção da juventude. Julgado e condenado, foi
obrigado a beber cicuta, um veneno. Seus amigos o incentivaram a fugir, mas Sócrates preferiu cumprir as leis da
cidade que amava e pela qual tantas vezes lutara, em guerras, defendendo a democracia e a liberdade.
Conforme já vimos no texto de Hannah Arendt, para Sócrates não fazia sentido viver sem filosofar, ou seja,
sem poder investigar e examinar a si mesmo, aos outros e ao mundo. E isso se reflete claramente em sua máxima:
"Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”.
ATIVIDADE 1

1. Apresente sua interpretação do pensamento da filósofa Hannah Arendt sobre Sócrates


2. Conforme o cartum, vimos que Sócrates foi morto por causa daquilo que pensava. Em sua
opinião, por que alguém morre por uma causa?
3. Qual era o método de investigação que Sócrates utilizava para filosofar?

Texto para a ATIVIDADE 2


A MORTE DE SÓCRATES
De acordo com Platão, as acusações contra Sócrates foram: “Sócrates e réu por empenhar-
se com excesso de zelo, de maneira supérflua e indiscreta, na investigação de coisas sob a terra e
nos céus, fortalecendo o argumento mais fraco e ensinando essas mesmas coisas a outros”.
“Sócrates e réu porque corrompe a juventude e descrê dos deuses do Estado, crendo em outras
divindades novas”.
Levado a julgamento, foi condenado a morte. Como e por que isso ocorreu?
Tudo começou quando Sócrates tomou conhecimento de que o oraculo do templo de Delfos,
dedicado ao deus Apolo, havia proclamado que ele era o homem mais sábio de Atenas. Não se
considerando como tal, mas, ao mesmo tempo, não podendo duvidar da palavra do deus, decidiu
investigar o significado de tal revelação.
Procurou, então, aqueles cidadãos mais ilustres de Atenas e que eram tidos como os mais
sábios da cidade. Eles pertenciam a três categorias sociais: os políticos, os poetas (autores de
tragédias, como Aristófanes – embora mais conhecido por suas comedias –, e de ditirambos –
cantos religiosos em homenagem ao deus Dionísio) e os artesãos. Interrogando esses cidadãos (por
meio da maiêutica), constatou que, na realidade, nada sabiam dos assuntos em que eram tidos
como sábios. Ao término da conversa com cada uma dessas pessoas, Sócrates concluía: “Sou mais
sábio do que esse homem; nenhum de nós dois realmente conhece algo de admirável e bom,
entretanto ele julga que conhece algo quando não conhece, enquanto eu, como nada conheço, não
julgo tampouco que conheço. Portanto, é provável, de algum modo, que nessa modesta medida
seja eu mais sábio do que esse indivíduo – no fato de não julgar que conheço o que não conheço.”
Daí a famosa expressão atribuída a Sócrates: “Tudo o que sei, é que nada sei”.
Acontece que Sócrates praticava esses diálogos em praça pública, à vista de todos. Entre os
presentes havia sempre muitos jovens, filhos de famílias ricas, que dispunham de tempo livre e, por
isso, podiam acompanhá-lo nessas ocasiões. Eles se divertiam vendo Sócrates “desbancar” os que
se julgavam sábios e, mais tarde, punham-se a imitá-lo, interrogando outras pessoas e descobrindo
muitas que supunham saber o que de fato não sabiam.
Textos como a Apologia de Sócrates podem ser um bom exemplo para compreender a
dimensão política que pode ter a atividade filosófica.
Você pode acessar o texto completo da Apologia através do link:
https://www.revistaliteraria.com.br/plataoapologia.pdf

ATIVIDADE 2
Em uma folha avulsa, escreva uma história em quadrinhos (HQ) manifestando a sua posição
sobre a relação entre estereótipo e preconceito. Ao escrever a HQ utilize os diferentes
conhecimentos advindos das leituras e atividades desenvolvidas.
ATENÇÃO: A HQ tem as seguintes características:
- Balões de variados tipos e formas que mostram os diálogos dos personagens ou suas ideias.
- Possui elementos básicos de narrativa, tais como personagens, enredo, lugar, tempo e
desfecho.
- Sequência de imagens que montam uma cena.

Entretanto, caso tenha dificuldade em fazer ilustrações mais elaboradas, dê prioridade à


escrita de uma narrativa que contemple o tema.

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