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Gomes RTM

ARTIGO et al.
ORIGINAL

Protocolo psicopedagógico de
avaliação interdisciplinar de crianças
com lesão cerebral
Renata Trefiglio Mendes Gomes; Claudia Berlim de Mello; Thiago da Silva Gusmão Cardoso;
Silvia Cristina de Freitas Feldberg; Mauro Muszkat; Orlando Francisco Amodeo Bueno

RESUMO – O objetivo deste trabalho foi descrever os procedimentos de atendimento


no Ambulatório de Neuroplasticidade do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico
Infantil Interdisciplinar (NANI), com foco no detalhamento do protocolo psicopedagógico
de avaliação. Para isso, foi realizada descrição dos procedimentos de atendimento, do
protocolo psicopedagógico de avaliação e o perfil dos usuários atendidos no ano de
2011, a fim de explicitar como se deu a atuação psicopedagógica nesse contexto. Os
indivíduos foram submetidos a anamnese, avaliação neuropsicológica, avaliação te­­­
rapêutica-ocupacional, exame neurológico e avaliação psicopedagógica. Os resultados
da avaliação psicopedagógica foram: 25% realizavam leitura ortográfica, 25% leitura
alfabética e 50% leitura logográfica. O nível de escrita na qual se encontravam foi: 63%
no nível alfabético e 37% no nível pré-silábico. No domínio matemático, 63% tinham
consolidado o sistema de numeração decimal e realizavam operações aritméticas de
adição e subtração, enquanto que os outros 37% não dominavam ainda esse conceito.
O protocolo mostrou-se sensível e eficaz na avaliação de sujeitos com lesão cerebral,
uma vez que propõe a avaliação de questões relacionadas a linguagem, escrita, leitura,
matemática e aspectos comportamentais.

UNITERMOS: Protocolo de Avaliação. Psicopedagogia. Traumatismos encefálicos.

Renata Trefiglio Mendes Gomes – Pedagoga, Es­­­pe­­­­­­­­­­­­cia­­­­­­­ Correspondência


lista em Neuropsicologia, Psi­­­co­­­pedagoga no Centro Renata Trefiglio Mendes Gomes
Paulista de Neuropsicologia (CPN/NANI), São Paulo, Rua Embaú, 54 – Vila Clementino – São Paulo, SP,
SP, Brasil. Brasil – CEP 04039-060
Claudia Berlim de Mello – Neuropsicóloga, Coor­­­de­­­
E-mail: renatatrefiglio@yahoo.com.br
nadora do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico
Infantil/CPN, São Paulo, SP, Brasil.
Thiago da Silva Gusmão Cardoso – Psicólogo, Mes­­­­­­­­
tran­­­­do em Educação e Saúde na Infância e Ado­­­­­­­­les­­­
cência Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)/
Guarulhos, São Paulo, SP, Brasil.
Silvia Cristina de Freitas Feldberg – Pedagoga, Psi­­­
copedagoga, Mestre em Psicologia da Educação Pon­­­
tifícia Universidade Católica (PUC)/SP, São Paulo, SP,
Brasil.
Mauro Muszkat – Neuropediatra UNIFESP/SP, Coor­­­
denador do Núcleo de Atendimento Neu­­­ropsi­­­cológico
Infantil/CPN, São Paulo, SP, Brasil.
Orlando Francisco Amodeo Bueno – Professor chefe da
Disciplina de Psicobiologia UNIFESP/SP, São Paulo,
SP, Brasil.

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Protocolo psicopedagógico de avaliação interdisciplinar de crianças com lesão cerebral

INTRODUÇÃO diversos. Exemplo disso é a interface com a


A Psicopedagogia busca melhorar as rela­ Neu­­­­ropsicologia, possibilitando a compreensão
ções e a qualidade da aprendizagem do su­­­­ dos mecanismos cerebrais envolvidos na apren­
jeito, assim como melhorar a qualidade nas dizagem9. A interface entre a Psicopedagogia e
estratégias de aprendizagem de alunos e edu­ a Neuropsicologia é recorrente, na perspectiva
cadores1. Sua atua­­­­­ção se efetiva nos processos clínica, já que o psicopedagogo se depara com
de ensino-aprendizagem, quaisquer que sejam a necessidade de intervenções relacionadas às
suas condições2. dificuldades de aprendizagem. Entretanto, as
Nesse sentido, a atuação do psicopedagogo formas como o conhecimento em Neuropsicolo­
em geral se dá com crianças que apresentam gia podem contribuir para a prática psicopeda­
dificuldades de aprendizagem, o que requer gógica ainda não estão bem delimitadas, porém,
um conhecimento muito amplo por parte do a necessidade de tais conhecimentos se revela
profissional que se dispõe a atuar nessa área, na prática, pois aprender exige tanto o aparato
principalmente se essa dificuldade de apren­ biológico, a prontidão neurocognitiva, quanto
dizagem é gerada, ou condicionada, por uma o ensino5,9.
lesão cerebral3. Pesquisas científicas recentes têm focado
Tratando de criança ou adolescente com le­ maior atenção às relações que se estabelecem
são cerebral, é fundamental que o profissional entre a atuação psicopedagógica e os conceitos
da Psicopedagogia se integre em uma equipe em Neurociências nessa atuação5. Isto porque,
interdisciplinar, pois os conhecimentos espe­ cada vez mais, se tem falado sobre a relação
cíficos das diversas teorias contribuem para a entre cérebro e aprendizagem. No caso de lesão
eficiência da avaliação psicopedagógica4. Afinal, cerebral, esses conhecimentos se tornam ainda
cabe à Psicopedagogia juntar esforços em busca mais necessários, pois historicamente não se
não de divergências de campo teórico ou de contemplava avaliar as dificuldades de apren­­
protecionismos de classe, mas de entendimento dizagem dessa população específica, ficando
transdisciplinar das causas das dificuldades de esses indivíduos marginalizados. Mas, com o
aprendizagem e de suas possíveis melhorias5. avanço da Neuropsicologia, tornou-se explícito
Na busca da compreensão de tal processo e que o cérebro sofre modificações em interação
da identificação dos fatores a ele relacionados, com o ambiente e que o desenvolvimento huma­
a atuação do psicopedagogo clínico busca fazer no não é estático, logo os indivíduos aprendem
uma ponte entre a educação e a saúde, identifi­ de formas diferentes e essas diferenças precisam
cando e diferenciando o que é distúrbio do que ser investigadas e entendidas por parte do psi­
é dificuldade de aprendizagem6,7. copedagogo.
Como a psicopedagogia clínica procura O cérebro humano estabelece relações com
compreender de forma global e integrada os pro­ o mundo por duas vias significativas: primeiro,
cessos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, o sistema nervoso periférico, caracterizado pela
neurobiológicos e pedagógicos que interferem especificidade das vias periféricas que levam até
na aprendizagem, o processo de diagnóstico é o córtex informações do mundo exterior; segun­
parte integrante da intervenção psicopedagógi­ do, o sistema nervoso central, caracterizado pela
ca. É por meio dele que se identificam as cau­ especificidade dos neurônios que determinam
sas das dificuldades de aprendizagem, sendo, áreas motoras, sensoriais, auditivas, ópticas,
portanto, um procedimento de avaliação e de olfativas, estabelecendo noções ricas no apren­
investigação da situação do aluno frente a suas dizado, manipulando as informações recebidas
dificuldades no contexto escolar8. e produzindo uma resposta apropriada ao am­
Para auxiliar no âmbito clínico, torna-se in­ biente. Portanto, a aprendizagem faz parte da
dispensável à Psicopedagogia conhecimentos vida complexa do indivíduo, e para que ocorra

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em um nível considerado ótimo, é necessário tem o aprendizado de novos conhecimentos,


que exista motivação intrínseca e extrínseca que embora tenham dificuldades ou impedimentos
efetive esse processo7. para que esse processo de aprendizagem ocorra
Desde o nascimento, o cérebro está em cons­ normalmente5.
tante evolução e modificação, por meio de sua Em função da fase do desenvolvimento que
inter-relação com o ambiente. A criança percebe ocorre, a lesão pode ser classificada como ad­
o mundo pelos sentidos, age sobre ele e essa in­ quirida (são as que acometem o sistema nervoso
teração vai se modificando durante esse processo central em fases mais adiantadas do neurode­
de evolução, permitindo com que entenda me­ senvolvimento) ou congênita (são denominadas
lhor, pense de forma mais complexa, comporte­ encefalopatias não-progressivas e os danos no
-se com mais precisão à medida que controla sistema nervoso central podem ser causados no
mais seu corpo e consegue elaborar mais cor­ período pré-natal ou peri-natal)12. A lesão em um
retamente suas ideias10. Esse é o processo de componente cerebral altera o sistema como um
aprendizagem, que se faz no sistema nervoso todo, com características específicas. Conside­
central, no qual são produzidas mudanças mais rando a neuroplasticidade, as mudanças podem
ou menos permanentes, que se traduzem por ser adaptativas, favorecendo mecanismos com­
modificações funcionais ou comportamentais, pensatórios. Dessa forma, são muitas as variáveis
permitindo melhor adaptação do indivíduo ao implicadas durante o processo avaliativo, sendo
meio, como resposta a uma ação ambiental11. estas formadas pelas características do paciente,
Prestar atenção, compreender, aceitar, reter, como também da lesão, especialmente da etiolo­
transferir e agir são os componentes essenciais gia, tornando a avaliação particular e singular13.
da aprendizagem7. A informação captada é sub­ As repercussões da lesão, sejam elas funcio­
metida a um processamento e elaboração. Logo, nais neuropsicológicas e/ou comportamentais,
um planejamento adequado de ensino deve levar dependem de diversos fatores 13. São alguns
em consideração cada uma dessas etapas de des­­­ses fatores: idade, pois a avaliação adquire
aquisição, além de prever condições materiais características específicas do paciente, tendo em
e estratégias que respondam adequadamente às vista a evolução e as fases de aquisição das ati­
etapas do processo de aprendizagem. vidades neuropsicológicas; gênero, forma que a
Considerando que os educadores são os res­ literatura tem se referido às diferenças exis­tentes
ponsáveis em ensinar o conhecimento na escola, entre os sexos no que se refere à organização
e, portanto, parte integrante nesse processo, as cerebral, pois crianças do sexo feminino apresen­
aprendizagens que são desenvolvidas, para que tam melhor desempenho em tarefas verbais, já
sejam processadas, dependem substancialmente as crianças do sexo masculino apresentam bons
da integração do pensar, sentir, ouvir, falar e resultados em tarefas visoespaciais; dominância
agir, e são influenciadas essencialmente por lateral, pois existe uma aceitação de que sinistros
fatores internos e externos ao indivíduo, sejam apresentam uma organização das atividades
estes de origem orgânica, cognitiva e emocional mentais superiores distintas; características da
(internos) ou de origem social e pedagógica lesão, quanto à localização, tamanho, etiologia
(externos)1. Cabe ao psicopedagogo sensibilizar e duração dos estímulos nocivos, uma vez que
e orientar os educadores sobre sua função no as lesões podem se manifestar difusa ou focal­
processo de aprendizagem. mente, tendo como consequência manifestações
Os motivos pelos quais uma pessoa não clínicas diferentes.
aprende variam muito. Uma lesão cerebral é Todavia, mesmo diante de alterações estru­
um desses motivos, porém não inviabiliza a turais mais extensas, o desenvolvimento pode
aprendizagem. As pessoas com lesão possuem progredir dentro de padrões normais, em função
estruturas e condições cognitivas que permi­ dos mecanismos de plasticidade cerebral. De­

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pendendo da função acometida, as lesões têm sentando também o perfil dos pacientes ao qual
uma melhor recuperação em indivíduos mais esse protocolo se destina, para entendimento de
jovens do que em indivíduos mais velhos. Uma como a avaliação psicopedagógica se efetiva
das explicações é a de que no cérebro existem nesse contexto.
regiões que não foram comprometidas e estas,
como consequência, assumem as funções da­ MÉTODO
quelas regiões que foram lesionadas. Tal fato Foi realizada uma análise do banco de dados
ocorre devido à plasticidade que o cérebro tem de todas as crianças e adolescentes atendidas no
de adaptação após uma lesão, nomeada de neu­ ano de 2011, a fim de ilustrar o número total de
roplasticidade ou plasticidade neural, que é a atendimentos realizados, a caracterização das
capacidade de adaptação do sistema nervoso às crianças e adolescentes atendidas, focando-se
mudanças nas condições do ambiente12. nas conclusões finais da equipe, em relação aos
O aprendizado de determinada atividade resultados psicopedagógicos encontrados para
induz a mudanças plásticas e dinâmicas no sis­­­ explicitação de como se deu a atuação psicope­
tema nervoso central, e em respostas a lesões dagógica nesse contexto.
cerebrais. Assim, a interação do sistema nervoso
com o ambiente resulta na organização de com­ Descrição dos procedimentos de atendimento
portamentos simples ou complexos que modifi­ Considerando que o NANI é um núcleo es­
cam tanto o ambiente como o próprio sistema pecializado em assistência, ensino e pesquisa,
nervoso14,15. Logo, os sujeitos atendidos que buscaram o serviço
“Para o acompanhamento de crianças para realizar avaliação interdisciplinar foram
com lesão cerebral, torna-se necessária submetidos a ler, concordar e assinar um termo
a atuação de equipes multidisciplinares de consentimento livre e esclarecido quando
(...) A comunicação entre os profissionais iniciaram o processo de avaliação no Ambula­
torna-se ainda mais importante quando tório de Neuroplasticidade no NANI. Assim, as
se considera que as possibilidades de informações apresentadas no banco de dados
recuperação são influenciadas por variá­ são provenientes de sujeitos que aprovaram o
veis múltiplas, tanto de natureza neuro- uso dessas informações para fins de pesquisa
biológica como as associadas a fatores científica (protocolo CAAE 108609).
sociais e culturais. Essas variáveis podem O NANI é um serviço vinculado ao departa­
ser determinantes na expressão neurop- mento de Psicobiologia da Universidade Federal
sicológica de lesões cerebrais nas várias de São Paulo (UNIFESP), que atende gratuita­
fases do desenvolvimento infantil16. mente crianças com queixas de dificuldades de
A partir das informações apresentadas, faz­ aprendizagem. Atualmente, o NANI é composto
-se necessário conscientizar os profissionais da por cinco ambulatórios, cada um com um atendi­
saúde e da educação quanto ao benefício de uma mento específico, que atendem crianças e ado­­
avaliação interdisciplinar para o entendimento lescentes com queixas diferenciadas. Todos os
das dificuldades do indivíduo e, assim, traçar um ambulatórios possuem critérios de inclusão, uma
tratamento eficiente, principalmente em relação vez que também se destinam à pesquisa e não só
ao conceito de plasticidade cerebral. à assistência. Para realizar tal procedimento, há
Diante disso, este trabalho tem como objetivo o ambulatório de triagem, que seleciona os su­
descrever os procedimentos de atendimento no jeitos que preenchem critérios para entrada nos
Ambulatório de Neuroplasticidade do Núcleo ambulatórios. Os ambulatórios que compõem o
de Atendimento Neuropsicológico Infantil In­ NANI são: Ambulatório de Transtorno do Déficit
terdisciplinar (NANI), com foco na descrição do de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Ambula­
protocolo psicopedagógico de avaliação, apre­ tório de Genética, Ambulatório de Distúrbio de

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Aprendizagem e Ambulatório de Neuroplastici­ Nessa etapa, é apresentado o termo de con­­­


dade, foco desse trabalho. sentimento livre e esclarecido, no qual os res­
O procedimento de triagem consiste em uma ponsáveis são informados sobre as pesquisas
avaliação neuropsicológica breve, entrevista em realizadas pelo NANI, e somente após seu
grupo de crianças e entrevista com o responsá­ con­­­­sentimento, esses dados são publicados em
vel, foram identificados os critérios de inclusão pesquisas. São aplicados também instrumentos
impostos pelo Ambulatório de Neuroplasticida­ de rastreio, tanto de ordem familiar quanto
de, que são: possuir lesão cerebral confirmada escolar, que buscam identificar áreas de maior
por meio de neuroimagem, não possuir deficiên­ domínio do indivíduo avaliado, cujos resultados
cia intelectual, apresentar queixa de dificuldade são retomados no final da avaliação para con­
de aprendizagem, e ter idade igual ou superior clusão diagnóstica.
a 7 anos.
Uma vez realizado esse processo, o Ambula­ Avaliação neuropsicológica
tório de Neuroplasticidade entra em contato com A avaliação neuropsicológica busca enten­
o responsável pelo sujeito que será avaliado, der o funcionamento das funções cerebrais
convidando-o para comparecer ao serviço de superiores, explicitando quais se apresentam
ava­­­­­­liação interdisciplinar para realizar uma ava­ preservadas e em quais há prejuízo no proces­
liação com foco nas funções neuropsicológicas samento, interferindo, portanto, no desempenho
prejudicadas, decorrentes da lesão cerebral diag­ e adaptação da pessoa no seu cotidiano.
nosticada, e no esclarecimento das dificuldades As funções cognitivas são avaliadas por meio
de aprendizagem, para posterior delineamento de testes e escalas, alguns padronizados e nor­
da intervenção. matizados, outros em fase de normatização, com
A avaliação consiste em: anamnese, avalia­ análise quantitativa e qualitativa. As funções são
ção neuropsicológica, avaliação terapêutica­ desempenho intelectual, funções executivas,
-ocupacional, exame neurológico e avaliação linguagem receptiva, linguagem expressiva,
psicopedagógica. Ao final de cada avaliação, visuo-construção, atenção dividida, atenção
em reunião interdisciplinar, discutem-se os as­ sustentada, atenção seletiva, memória de curto
pectos relevantes das avaliações, formulando­ e longo prazo, memória operacional, cognição
-se um diagnóstico com base nos critérios do social, orientação temporal, orientação espacial
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtor­ e percepção.
nos Mentais (DSM-IV) e da Classificação In­ Há, também, a observação comportamental,
ternacional de Doenças (CID-10). Em seguida, que investiga aspectos de socialização, comuni­
é feito um relatório contendo todas essas infor­ cação e expressão e o comportamento da criança
mações, com orientações à família e à escola, e adolescente frente a situações do dia-a-dia.
que são ex­­­plicados e detalhados em reunião
com os res­­­ponsáveis do indivíduo avaliado Avaliação terapêutica-ocupacional
(devolutiva). A avaliação da terapeuta ocupacional abran­
ge aspectos de funções motoras, aspectos psico­
Anamnese motores, gnósicos, práxicos e busca investigar as
Uma entrevista inicial é realizada com os res­ alterações psico-físico-ocupacionais, em todas
ponsáveis pelo sujeito. Essa entrevista, também as suas expressões e potencialidades.
chamada de anamnese, contém informações re­ A avaliação identifica habilidades e limita­
ferentes a identificação, histórico escolar, histó­ ções do indivíduo, para a realização das ativi­
rico médico, desenvolvimento neuropsicomotor dades da vida diária, atividades instrumentais
e de linguagem, dentre outros fatores essenciais de vida diária, atividades escolares e atividades
para a adequada avaliação. de lazer, com utilização de testes padronizados,

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estruturados ou adaptados para obtenção de que a criança utiliza na leitura de um texto, bem
dados quantitativos e/ou qualitativos, referentes como os mecanismos que não estão funcionando
ao desempenho ocupacional. adequadamente para que se realize uma boa
leitura. O instrumento está distribuído em 10
Exame neurológico provas, que foram estruturadas em quatro blo­
O exame neurológico consiste na avaliação cos (identificação das letras, processos léxicos,
e observação das funções motoras, perceptuais processos sintáticos e processos semânticos),
e cognitivas acessíveis ao exame tradicional. que correspondem aos processos que intervêm
na leitura. É possível inferir se a criança tem
Avaliação psicopedagógica dificuldades em algum dos processos por meio
A avaliação psicopedagógica tem por objeti­­­­ de três categorias: “normal” (quando seu resul­
vo delinear aspectos das habilidades de leitu­ tado for superior à nota de corte), “dificuldade
ra, escrita, aritmética e comunicação oral, por pequena” (quando sua pontuação estiver entre
meio de análises qualitativas e quantitativas. A um e dois pontos abaixo da média) e “dificuldade
avaliação busca, ainda, compreender quais as grande” (quando sua pontuação se distanciar
estraté­­­gias metacognitivas que as crianças e os mais de dois pontos da média).
adolescen­­­­­tes utilizam no processo de aprendi­ O Exame de Linguagem TIPITI é um instru­
zagem e qual etapa desse processo se encontra mento de aplicação individual e elaborado para
deficitária, necessitando, portanto, de maior sujeitos de três a dezoito anos de idade, e visa
in­­­­­­­­vestimento da família e da escola. à avaliação da comunicação oral e escrita, por
O protocolo utilizado para tal avaliação, e meio da análise das áreas de recepção e emissão.
foco deste trabalho, está descrito a seguir. O instrumento está estruturado em cinco blocos
(comunicação oral, comunicação escrita, provas
Descrição do protocolo psicopedagógico específicas de fonética e fonologia, percepção
Para a avaliação psicopedagógica foram uti­ auditiva e percepção visual).
lizados testes e escalas referentes a diferentes A Técnica Projetiva do Par Educativo deve
especificidades relacionadas a leitura, escrita e ser aplicada, preferencialmente, de forma indi­
habilidades matemáticas. vidual, e tem como objetivo investigar o vínculo
A avaliação psicopedagógica foi baseada nos de aprendizagem por meio de um desenho ela­
seguintes instrumentos: Provas de Avaliação borado pelo sujeito. A técnica consiste em pedir
dos Processos de Leitura (PROLEC)17, Exame ao entrevistado que desenhe duas pessoas: uma
de Linguagem TIPITI18, Técnica Projetiva Par que ensina e outra que aprende. Após a execução
Educativo19, Prova de Desempenho Escolar em do desenho, solicita-se ao examinando que dê
Matemática empregado no Sistema de Avalia­ um título e relate o que está acontecendo nele.
ção de Rendimento Escolar do Estado de São Três grandes conjuntos de indicadores e suas
Paulo (SARESP)20, Protocolo de Avaliação das inter-relações podem oferecer uma pauta inter­
Habilidades Matemáticas21, Teste Experimental pretativa no que diz respeito aos detalhes do de­
de Reconhecimento e de Produção de Palavras senho (tamanho total, tamanho dos personagens,
Reais e Não-Palavras22 e a Escala de Avaliação dos objetos, posição e distância dos personagens,
do Comportamento Infantil para o Professor etc), ao título e ao conteúdo do relato.
(EACI-P)23. O SARESP é uma prova tanto de aplicação in­
O PROLEC é um instrumento de aplicação dividual como coletiva, elaborada com o objetivo
individual e elaborado para crianças de primeira de avaliar o desempenho escolar e a situação da
à quarta série do ensino fundamental, que tem escolaridade básica na rede pública de ensino
por objetivo obter uma pontuação da capacidade paulista, dos alunos do ensino fundamental e
de leitura da criança e acerca das estratégias médio. O SARESP levanta dados e informações

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a respeito do desenvolvimento de competências enunciado, sem evidências de entendimento


e habilidades cognitivas necessárias à inserção do mesmo, resposta incorreta e/ou resposta em
da criança na vida social, cultural e econômica branco), “pouco satisfatório” (respostas que já de
do país. A prova é dividida por série (1ª série, 2ª início empregam estratégia inapropriada, a abor­
série, 4ª série, 6ª série e 8ª série), e é composta dagem é identificada, mas não alcança o sucesso
por quatro domínios (número e operações, espa­ ou desistência por parte do participante, mesmo
ço e forma, grandezas e medidas e tra­tamento identificando o erro), “regular” (respostas que
da informação). Cada domínio está distribuído de­­­monstram uso de estratégia apropriada sem
de acordo com o esperado para a série esco­ chegar ao resultado, o fato de um subobjetivo
lar, aumentando, conforme a série, o grau de ter sido alcançado, sem completar o problema
com­­­­plexidade. Com o SARESP, os sujeitos são e alcançar sua solução, o emprego de uma
divididos em níveis, de acordo com o desempe­ es­­­­­tratégia inadequada, mas revelando algum
nho apresentado, como proficientes ou não no entendimento do enunciado e aquela resposta
desempenho matemático. Os níveis são: “abaixo correta, mas sem mostrar qual foi o procedimen­
do básico” (domínio insuficiente dos conteúdos), to empregado para alcançá-la), “satisfatório”
“básico” (desenvolvimento parcial dos conteú­ (respostas que evidenciam emprego correto
dos), “adequado” (domínio dos conteú­dos de da estratégia, sem que se chegue à solução do
acordo com a série escolar), “avançado” (domí­ problema ou resposta incorreta, em função de
nio dos conteúdos, competências e habilidades falta de clareza do procedimento explicitado) e
acima do esperado para a série escolar). O Am­­ “plenamente satisfatório” (respostas adequadas,
bulatório de Neuroplasticidade selecionou 49 compatíveis com as estratégias empregadas e
questões desse instrumento, com uma média com o entendimento do problema).
de 8 questões por série. Como o SARESP é uma O Teste Experimental de Reconhecimento
prova que não contempla todas as séries esco­ (Leitura) e de Produção (Escrita) de Palavras
lares, o ambulatório optou por aplicar a prova Reais e Não-palavras (pseudopalavras) é um ins­
correspondente à série anterior nas crianças que trumento de aplicação individual para crianças
estivessem matriculadas e cursando séries que em séries iniciais do ensino fundamental. Esse
o SARESP não contemplou. instrumento avalia o comportamento de leitura e
O Protocolo de Avaliação das Habilidades de escrita e enfatiza o ponto no desenvolvimento
Matemáticas é de aplicação individual, elabora­ em que os processos fonológico e lexical emer­
do para crianças e jovens que completaram o 1º gem, e quando predominam no desenvolvimen­
ciclo do ensino fundamental (4ª série), na faixa to. O instrumento é formado por um total de 96
etária de 9 a 14 anos, cujo objetivo é avaliar a palavras reais (prs) e de 96 não-palavras (nps),
competência para a realização de cálculos arit­ que variam em frequência de ocorrência (baixa
méticos no que diz respeito à habilidade léxica e frequência e alta frequência), em regularidade
sintática, à habilidade de reconhecer grandezas, ortográfica (palavras regulares, regra e irregu­
de calcular e solucionar problemas. O protocolo lares) e em comprimento (4-7 letras).
está organizado de acordo com as quatro séries Para a análise, as respostas foram conduzidas
do 1º ciclo do ensino fundamental (1ª série, 2ª em nível individual e consistiram na procura
série, 3ª série e 4ª série) e conta com oito exercí­ de efeitos linguísticos (efeito de frequência, de
cios, distribuídos de acordo com a série escolar, regularidade ortográfica e lexical), e procedi­
aumentando o grau de complexidade conforme mentais (efeito de comprimento) nos tempos
a série escolar. Após a correção, os sujeitos são de reação, e de efeitos linguísticos apenas nas
divididos em grupos, conforme seu rendimento porcentagens de erros. No NANI, foram sele­
nas questões. Esses grupos são: “insatisfatório” cionadas 27 palavras desse instrumento para
(respostas envolvendo números copiados do complementar a avaliação da leitura e da escrita.

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A Escala de Avaliação do Comportamento no 3º ano do ensino fundamental I, 27% estavam


Infantil para o Professor (EACI-P) é um instru­ no 4º ano do ensino fundamental I e 27% se en­
mento individual de fácil preenchimento pelo contravam no 5º ano do ensino fundamental I.
professor, que fornece uma estimativa, na fase de No decorrer do processo avaliativo, 38% não
triagem, do funcionamento da criança na escola, concluíram a avaliação, pois foi diagnosticada,
desde a idade de 4 anos até idades superiores a por meio da Escala de Inteligência Wechsler para
14 anos, dentro de algumas dimensões impor­ Crianças – Wisc-III (Wechsler, 2002), que esses
tantes do comportamento. A escala está dividida sujeitos apresentavam classificação intelectual­
em cinco fatores relacionados ao comportamento mente deficiente.
do aluno em sala de aula (hiperatividade/proble­ Dentre as avaliações concluídas (62%), a
ma de conduta, funcionamento independente/ equi­­­pe interdisciplinar não encontrou resultados
socialização positiva, inatenção, neuroticismo/ compatíveis com o diagnóstico de transtornos
ansiedade e socialização negativa). Para o preen­ de aprendizagem. No entanto, realizou-se uma
chimento, o professor é orientado a responder de análise qualitativa, a fim de delinear melhor as
maneira mais breve possível e considerar na sua demandas escolares de crianças e adolescentes.
resposta o comportamento da criança em relação A conclusão das avaliações foi: 25% dos indiví­
ao de uma criança teórica “média”, do mesmo duos realizavam uma leitura ortográfica, 25%
sexo e idade daquela que está se avaliando. O realizavam leitura alfabética e 50% dos indiví­
professor precisa conhecer o aluno, no mínimo, duos realizavam leitura logográfica.
há dois meses. Em relação à escrita, 75% apresentaram gra­
fia com traçado da letra irregular e 25%, grafia
RESULTADOS regular. O nível de escrita na qual se encontra­
No ano de 2011, o Ambulatório de Neuroplas­ vam foi: 63% no nível alfabético e 37% no nível
ticidade do NANI realizou treze avaliações. pré-silábico.
Como se pode observar na Tabela 1, desses treze No domínio matemático, 63% tinham con­
sujeitos, 69% eram do sexo masculino e 31% solidado o sistema de numeração decimal e
eram do sexo feminino. A idade máxima permi­ realizavam operações aritméticas de adição
tida pelo ambulatório era de 12 anos e a mínima e subtração, enquanto que os outros 37% não
de 7 anos, sendo a média da idade atendida de dominavam ainda esse conceito.
9,3 anos. O tipo de lesão predominante foi a
adquirida (77%). DISCUSSÃO
As lesões cerebrais diagnosticadas são pro­ Apesar das discussões e pesquisas acerca da
venientes de diversas etiologias, dentre as quais educação brasileira, a demanda escolar mostrou­
aparecem lesão de substância branca, medulo­ -se ineficiente às expectativas do processo de
blastoma em vermis cerebelar, síndrome perisyl­ escolarização24. Mediante tal ineficiência, emer­
viana, leucomalácia periventricular, entre outras. giu o conceito de fracasso escolar, uma vez que
Dos treze casos atendidos, 8% não frequen­ as escolas brasileiras aumentaram o número
tavam a escola, 38% estavam matriculados e de vagas, mas não desenvolveram uma política
frequentavam escola particular e 54% estavam eficiente que ensinasse as crianças e lhes desse
matriculados e frequentavam escola pública, seja acesso à cidadania.
municipal ou estadual. Dentre os sujeitos que O fracasso escolar, portanto, tem se constituí­
frequentavam a escola, 8% estavam na educação do como um dos grandes problemas da socieda­
infantil e o restante, 92% estavam cursando o de atual, e propostas que busquem minimizar
ensino fundamental I. esse problema precisam ser desenvolvidas. Esse
Dentre os sujeitos que estavam cursando anos quadro leva à necessidade de revisão do projeto
escolares do ensino fundamental, 46% estavam educacional, visando melhorar as condições do

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Tabela 1 – Caracterização da amostra estudada.


Variável Nível N (%)
Masculino 9 (69%)
Gênero
Feminino 4 (31%)
Adquirida 10 (77%)
Tipo de lesão
Congênita 3 (23%)
Particular 5 (38%)
Escola Pública 7 (54%)
Não frequenta 1 (8%)
Educação infantil 1 (8%)
Nível educacional
Ensino fundamental 12 (92%)
3º ano do ensino fundamental I 3 (46%)
Ano escolar 4º ano do ensino fundamental I 3 (27%)
5º ano do ensino fundamental I 3 (27%)
Ortográfica 2 (25%)
Etapa de leitura Alfabética 2 (25%)
Logográfica 8 (50%)
Pré-silábico 3 (37%)
Nível de escrita
Alfabético 5 (63%)
SND e operações de adição e subtração 5 (63%)
Domínio matemático
Falta de domínio do conceito 3 (37%)

que se ensina e de como se ensina, do que se picia aos profissionais o entendimento das difi­­­
aprende e de como se aprende. Para Scoz24 esse culdades de aprendizagem, avaliando questões
desafio só poderá ser enfrentado se o processo de relacionadas a linguagem, escrita, leitura, ma­
aprendizagem for analisado sob uma perspectiva temática e aspectos comportamentais. Por se
que considere não só o contexto social em que tratar de um protocolo sensível à identificação
essa prática acontece, mas simultaneamente das causas da dificuldade de aprendizagem, é in­
com a visão global da pessoa que aprende. dicado nos casos de lesão cerebral, uma vez que
O psicopedagogo entra nesse contexto não esses pacientes requerem maior especificidade e
para inferir se o indivíduo considerado como detalhamento da modalidade de aprendizagem
fracassado consegue ou não realizar determi­­ que possuem.
nada tarefa, mas sim para mostrar como o in­­­
divíduo faz e qual a melhor forma de trabalhar CONCLUSÃO
para se chegar ao sucesso escolar. Para se ava­­­ O ambulatório de neuroplasticidade de lesão
liar de for­­­ma eficaz, é necessário selecionar cerebral na infância e adolescência descrito rea­
ade­­­quadamente os instrumentos de avaliação, liza avaliações interdisciplinares, intervenção e
afinal, os instrumentos utilizados na avaliação pesquisas, ressaltando a importância da abran­
devem emitir pistas de como se trabalhar na gência de conhecimentos na área, principal­
intervenção. mente por parte do psicopedagogo, que precisa
O protocolo apresentado surge como uma realizar uma avaliação eficiente para posterior
al­­­ternativa a essa demanda, uma vez que pro­­­ possibilidade de intervenção.

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Protocolo psicopedagógico de avaliação interdisciplinar de crianças com lesão cerebral

A avaliação interdisciplinar proporciona me­­­­ ridas pela Internet e proporcionam uma gama
lhor delineamento dos aspectos envolvidos nas di­ de aspectos a serem observados e analisados.
ficuldades das crianças e adolescentes com lesão Assim, este trabalho descreveu detalhada­
cerebral, seja qual for sua etiologia, levando-se mente o protocolo de avaliação psicopedagógi­
em conta os diferentes graus de comprometi­ co, devido a sua relevância de publicação, pois
mento psicomotor e cognitivo. pode ser utilizado como modelo de avaliação
Considerando a crescente demanda nos con­ por psicopedagogos e centros de saúde, uma
sultórios psicopedagógicos, tanto para avaliação vez que a Psicopedagogia encontra-se ainda
quanto intervenção, o ambulatório propõe um em fase de regulamentação e há uma carência
protocolo de avaliação que é de fácil acesso a de instrumentos validados e normatizados para
todos os profissionais, com baixo custo, uma vez a população brasileira que contemplem lingua­
que não se limita a testes comercializados, mas gem, leitura, escrita e matemática, integrados
integra provas e questões que podem ser adqui­ em um único protocolo.

SUMMARY
Psychopedagogic protocol assessment interdisciplinary
of children with brain injury

The objective of this article was to describe the procedures used in


attendance of children and adolescents with brain injury in the clinic of
neuroplasticidade of the Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil
Interdisciplinar (NANI), focusing on detailing the psychopedagogical
procedures of evaluation. For that, it has been held the description of
attendance procedures, of the psychopedagogical protocol of evaluation and
the profile of the users served in the year of 2011, willing to demonstrate how
the psychopedagogical acting has happened in this context. The individuals
have gone through anamnesis, neuropsychological evaluation, occupational
therapy, neurological exam and psychopedagogical evaluation. The results
of the psychopedagogical evaluation were: 25% did orthographic reading,
25% alphabetical reading and 50% logographic reading. Their level of
writing was: 63% in alphabetical level and 37% in pre syllabic level. As for
mathematical domain, 63% had the decimal numbering system consolidated
and performed arithmetic operations of addition and subtraction, while 37%
have not yet had the domain of the concept. The protocol was sensitive and
effective in the evaluation of subjects with brain injury, once it proposes
the evaluation of matters of language, writing, reading, mathematics and
behavior aspects.

KEY WORDS: Evaluation protocol. Psychopedagogy. Brain injuries.

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Trabalho realizado no Ambulatório de Neuroplasticida­­ Artigo recebido: 3/6/2012


de do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico In­­­ Aprovado: 28/9/2012
fantil Interdisciplinar (NANI) – Universidade Federal
de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil.

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