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Transtornos Neurocognitivos

(Transtornos mentais orgânicos)


Professora: Niedja Maruccy

Sobral, 10 de agosto de 2019.


Introdução

 O que seria cognição???

 A cognição inclui memória, linguagem, orientação,


julgamento, condução de relações interpessoais,
comportamento costumeiro (práxis) e resolução de
problemas.

SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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 Transtornos cognitivos refletem perturbações em
uma dessas áreas (ou mais de uma) e
frequentemente são complicados por sintomas
comportamentais.

SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Introdução

 Esse transtornos exemplificam a complexa interligação


entre neurologia, medicina e psiquiatria

 Condições médicas ou neurológicas costumam levar a


transtornos cognitivos, os quais, por sua vez, estão
associados a sintomas comportamentais.

SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Atenção!!!
O clínico deve avaliar criteriosamente a
história e o contexto da apresentação
desses transtornos antes de estabelecer
um diagnóstico e um plano de
tratamento.

SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
QUEVEDO, J.; CARVALHO, A. F.; KAPCZINSKI, J. Emergências Psiquiátricas. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Transtornos neurocognitivos (TNCs)

1. Delirium

2. Demência (Transtorno neurocognitivo maior)

3. TNC leve e seus subtipos etiológicos

SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
1. Delirium
(Estado confusional agudo)
Conceito de Delirium

É uma síndrome clínica


caracterizada por rebaixamento
súbito no nível de consciência.

Cuidado: Delirium X Delírio! *


BOTEGA, N. J.; Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e
emergência. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Atenção!
 Delirium é uma complicação frequente
de pacientes internados no hospital geral
(condições clínicas graves)

 Frequentemente subdiagnosticada e
indicativa de mau prognóstico (associada
a maiores taxas de morbimortalidade)

 Desafio para médicos, enfermeiros e


demais profissionais da equipe

BOTEGA, N. J.; Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e


emergência. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Epidemiologia
 Prevalência e incidência variam de
acordo com as características da
população estudada.

 Síndrome psiquiátrica mais comumente


encontrada no contexto hospitalar.

 Afeta 10 a 45% dos pacientes internados


(idade avançada; doenças graves e
procedimentos cirúrgicos).

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Epidemiologia

 Vítimas de traumas

 Internados em unidades de terapia intensiva (UTI): 59%

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Fatores predisponentes e
precipitantes

Idade avançada

Lesão cerebral prévia

Comprometimento cognitivo

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emergência. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Condições geralmente associadas
a delirium
 Doenças sistêmicas ou infecciosas:
 Pneumonia
 Infecção urinária
 Sepse
 Embolia pulmonar
 Choque
 Pós-operatório
 Doenças cardiovasculares (IAM)
 Trauma grave
 Controle inadequado da dor

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Condições geralmente associadas
a delirium
 Distúrbios tóxico-metabólicos:
 Distúrbios hidroeletrolíticos (desidratação)
 Distúrbios acidobásicos
 Hiper ou hipoglicemia
 Insuficiência renal ou uremia
 Insuficiência hepática
 Endocrinopatias (hiper ou
hipotireoidismo)
 Carências nutricionais (deficiência de
tiamina)

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Condições geralmente associadas
a delirium
 Doenças do sistema nervoso central:
 Acidente vascular cerebral
 Doenças degenerativas
 Encefalopatia hipertensiva
 Convulsão ou estado pós-ictal
 Traumatismo craniano/hematoma
subdural
 Encefalite ou meningite
 Tumor cerebral

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Condições geralmente associadas
a delirium

 Abuso ou abstinência de álcool e outras


substâncias psicoativas

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Condições geralmente associadas
a delirium
 Medicações e fármacos (em especial
polifarmácia):
 Agentes anticolinérgicos
 Benzodiazepínicos ou hipnóticos
 Diuréticos
 Digitálicos
 Drogas anti-hipertensivas
 Antiarrítmicos
 Lítio
 Anti-inflamatórios
 Opioides ...

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Diagnóstico

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Avaliação complementar

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Diagnóstico diferencial

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Manejo

 Investigação da causa orgânica

 Medidas medicamentosas e não


medicamentosas

OBS: Evitar fármacos anticolinérgicos e


aqueles que alteram o nível de
consciência.

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emergência. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Tratamento não farmacológico

 Ambiente calmo
 Subsídios para fornecer orientação
 Presença de um familiar
 Minimizar mudanças ambientais e dos
membros da equipe
 Tentar preservar sono noturno
 Manter óculos e aparelho auditivo para
os que necessitam deles.

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Tratamento farmacológico
 Nenhum fármaco tem indicação
específica

 Primeira linha: antipsicóticos (haloperidol


e atípicos)

 Benzodiazepínicos para casos


específicos (meia-vida curta)

 Medidas sedativas: podem ofuscar


quadro mental

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Prognóstico

 Delirium: sólido marcador de pacientes


com reserva cognitiva baixa e risco
aumentado de perda cognitiva
acelerada de longo prazo.

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2. Demência (Transtorno
neurocognitivo maior)
Introdução

 Demência refere-se a um processo de doença


marcado pelo declínio cognitivo, mas com clareza de
consciência.

 Caracteriza-se por prejuízo grave na memória, no


julgamento, na orientação e na cognição.

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Introdução

 Não se refere a um baixo funcionamento intelectual,


nem retardo mental (condições de desenvolvimento)

 Déficits cognitivos na demência representam um


declínio de níveis anteriores de funcionamento.

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Introdução

 A demência envolve múltiplos domínios cognitivos e


déficits cognitivos que causam prejuízo significativo no
funcionamento social e profissional.

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Atenção: Tipos (etiologia)

Doença de Alzheimer, demência com corpos de Lewy,


demência vascular, demência frontotemporal, lesão
cerebral traumática (LCT), HIV, doença do príon, doença
de Parkinson e doença de Huntington.

A demência também pode ser causada por outras


condições médicas ou neurológicas ou produzida por
várias substâncias

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Introdução

Os pontos clínicos críticos da demência são a


identificação da síndrome e o exame clínico de sua
causa. O transtorno pode ser progressivo ou estático;
permanente ou reversível.

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Epidemiologia

 Com o envelhecimento da população, a prevalência


de demência aumenta.

 A prevalência de demência moderada a grave em


diferentes grupos populacionais é de
aproximadamente 5% na população em geral com
idade superior a 65 anos.

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Epidemiologia

 De todos os pacientes com demência, 50 a 60%


apresentam o tipo mais comum, a demência do tipo
Alzheimer (doença de Alzheimer) - sua prevalência
aumenta com o avanço da idade.

 Até 2050, estima-se que haverá 14 milhões de norte-


americanos com doença de Alzheimer e, portanto,
mais de 18 milhões de pessoas com demência.

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Epidemiologia

 O segundo tipo mais comum é a demência vascular


(relação causal com doenças cerebrovasculares).

 Hipertensão predispõe o indivíduo à doença.

 A demência vascular responde por 15 a 30% de todos


os casos de demência.

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Epidemiologia

 Mais comum em pessoas na faixa etária dos 60 e dos 70


anos.

 Ocorre com maior frequência em homens do que em


mulheres.

 Aproximadamente 10 a 15% dos pacientes apresentam


demência vascular coexistente com demência do tipo
Alzheimer.
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Diagnóstico

 Clínico
 Anamnese completa
 Exame físico
 Testes específicos
 Exames complementares

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Atenção: alterações psiquiátricas e
neurológicas
 Personalidade
 Alucinações e delírios
 Humor
 Alteração cognitiva
 Reação catastrófica
 Síndrome de confusão noturna (Sundowning)

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Tratamento

 O primeiro passo no tratamento de demência é a


verificação do diagnóstico

 Medidas preventivas são importantes, especialmente


no caso de demência vascular (mudanças na dieta, na
rotina de exercícios e no controle de diabetes e
hipertensão.)

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Tratamento

A abordagem de tratamento geral a pacientes com


demência é fornecer cuidados médicos de apoio, apoio
emocional para o indivíduo e sua família e o tratamento
farmacológico para os sintomas específicos, incluindo
comportamento disruptivo.

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Tratamento - farmacoterapia

O clínico pode prescrever benzodiazepínicos para insônia


e ansiedade, antidepressivos para depressão e
antipsicóticos para delírios e alucinações, mas deve estar
ciente dos possíveis efeitos idiossincráticos do fármaco em
idosos (p. ex., excitação paradoxal, confusão e aumento
da sedação).

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Tratamento - farmacoterapia

 De modo geral, devem-se evitar fármacos com


atividade anticolinérgica elevada.

 Donepezila, rivastigmina e galantamina são inibidores


da colinesterase usados para tratar prejuízos cognitivos
de leve a moderados na doença de Alzheimer.

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comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Tratamento - farmacoterapia

A memantina protege neurônios de quantidades


excessivas de glutamato, as quais podem ser
neurotóxicas. O fármaco, às vezes, é combinado com
donepezila, e existiram casos em que houve melhora da
demência com seu uso.

SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

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