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ESTUDO 1
Questão 1 -
Deriva-se do amplo uso das línguas vulgares a consciência nacional. É um tanto forçoso
assinalar as dimensões geográficas que cingem as nações europeias e cotejá-las com a extensão
territorial brasileira; poder-se-ia notar que o espaço abrangido por cada estado do Brasil
corresponde aproximadamente com o das nações europeias. Ao deparar-nos com essa
semelhança e com o senso de pertencimento regional tão presente nos brasileiros, aventurar-me-
ia em questionar se existe um limite para tal senso. Honestamente, é admirável quando aqui
esbarramo-nos com um gaúcho ou um nordestino e vemos o carinho carregado em seus corações
por sua terra, e há de se notar um ponto interessante: o dialeto dessas regiões que as diferem algo
das demais. Falamos a mesma língua, portanto, entendemo-nos uns aos outros. Contudo, em
escala mundial, isto não é mais possível, naturalmente. Há um diálogo entre um russo e uma
italiana em um filme chamado Nostalghia, de Andrei Tarkovsky, o qual é introduzido pela
afirmação de que é impossível a tradução de poemas; ele defende que italianos não entendem
nada da Rússia e vice-versa, apesar de seus grandes autores nacionais terem seus livros
publicados mundialmente. Por fim, o sujeito sugere que para conseguirmos nos entender uns aos
outros seria necessário acabar com fronteiras. Tal pensamento nos apresenta a indagação de que
se a fala é proveniente da natureza intelecto-social do homem, a diversidade de línguas (ou de
nações) ao menos atrapalharia sua necessidade de intercomunicação, uma vez que há uma
dificuldade decorrente da ausência de compreensibilidade mútua que impede a operação devida e
imediata de um colóquio entre pessoas de nações distintas. Quanto aos afetos, estes talvez seriam
flexibilizados se existissem níveis de intensidade quanto ao sentimento de pertencimento
conformes ao grau de parentesco das línguas, visto que, de certo modo, compartilha-se certa
ancestralidade comum – o que levaria a acreditar que, por degraus, existiria uma espécie de
introspecção coletiva entre as nações e por dentro destas. Esta reflexão muito provavelmente já
foi pensada e melhor elaborada, contudo, é de questionar se seria mais deleitável à consciência
humana o sentimento de pertencimento a um grupo delimitado pela língua ou uma certa unidade
global dos homens.
Questão 2 -