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Artigo Cientifico
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Resum
O presente trabalho tem o escopo de analisar os principais privilégios atualmente conferidos à Empre-
sa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em especial os de índole tributária, e contrastá-los com a
garantia constitucional da livre concorrência. Sabendo-se que, mais e mais, vem a ECT ampliando seu
leque de prestação de serviços, o presente estudo evidenciou os efeitos malé cos disso na garantia da
livre concorrência, eis que, mesmo naqueles serviços desenvolvidos em regime de concorrência com a
iniciativa privada, esta empresa pública federal encontra-se açambarcada por benesses tributárias. O
trabalho foi desenvolvido utilizando-se o método dedutivo de pesquisa com amparo na legislação
brasileira codi cada e extravagante e, bem assim, na jurisprudência da Suprema Corte
Abstrac
The present work has the scope to analyze the main privileges currently granted to the Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), especially those of a tax nature, and to contrast them with
the constitutional guarantee of free competition. Given that ECT has expanded its range of services,
this study has demonstrated the harmful effects of this in the guarantee of free competition, since even
in those services developed under a system of competition with the private sector, This federal public
company is being hoarded by tributary bene ts. The work was developed using the deductive method
of research with amparo in the Brazilian legislation codi ed and extravagant and, well, in the jurispru-
dence of the Supreme Court
INTRODUÇÃ
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Decreto-lei n.º 509, de 20 de março de 1969, da lavra do então Presidente Costa e Silva, a
ECT é fruto da transformação do antigo Departamento de Correios e Telégrafos (DCT), órgão
público federal, em empresa pública
Note-se, pois, a redação do art. 1º, do referenciado diploma legal, ao dispor que o
“Departamento dos Correios e Telégrafos (DCT) ca transformado em empresa pública, vin-
culada ao Ministério das Comunicações, com a denominação de Empresa Brasileira de Cor-
reios e Telégrafos (ECT)”.2
Aos entes políticos conferiu-se uma vasta gama de atribuições e, com ela, também o
poder de se auto-organizarem. O traço a auto-organização constitui, inclusive, uma das facetas
da autonomia administrativa assegurada aos entes federados pelo art. 18, da Carta Republi-
cana de 1988
Na tarefa de melhor dispor e organizar o serviço público, os entes políticos têm ao
seu alcance dois, ao menos, valiosos instrumentos jurídico-administrativos, quais: a descon-
centração e a descentralização
Tecendo considerações rápidas e gerais, Odete Medauar esclarece que referidos insti-
tutos “representam […] fórmulas organizacionais; indicam o modo pelo qual são divididas as
tarefas da Administração e o tipo de vínculo existente entre os diversos setores que realizam
essas tarefas”.3
Esclareça-se, de início, a desconcentração. Utilizando-se deste instituto, assevera Lú-
cia Valle Figueiredo, os entes políticos não estão a criar outras pessoas, mas, sim, atribuindo
determinadas competências a serem exercidas no âmbito da mesma pessoa. Em verdade,
acrescenta, traspassam-se atribuições, competências, a outros órgãos dentro do mesmo
centro.4
Preocupando-se em esclarecer a razão e o sentido da desconcentração, Maria Sylvia
Zanella Di Pietro obtempera que
2BRASIL. Decreto-lei n.º 509, de 20 mar. 1969. Dispõe sobre a transformação do Departamento dos Correios e
Telégrafos em empresa pública, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del0509.htm>. Acesso em 23 mai. 2017.
3 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 56.
4 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de direito administrativo. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 85.
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grande de atribuições, para permitir seu mais adequado e racional desem-
penho. A desconcentração liga-se à hierarquia.5 (grifo do autor
5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 470.
6 Op. cit., p. 86.
7JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p.
272.
8MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p.
151.
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O fenômeno da descentralização administrativa dá lugar ao surgimento da denomi-
nada Administração Indireta
Esclarecendo essa sistemática organizativa, Marçal Justen Filho preleciona que
Nos termos do art. 4º, inc. II, do Decreto-lei n.º 200, de 25 de fevereiro de 1967, que
dispõe sobre a organização administrativa federal, a Administração Indireta compreende as
seguintes categorias de entidades, todas dotadas de personalidade jurídica própria: (a) autar-
quias, (b) empresas públicas, (c) sociedades de economia mista e (d) fundações públicas.10
Em sede constitucional, prevê-se essas entidades no art. 37, inc. XIX, que assim dis-
põe: “somente por lei especí ca poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de em-
presa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, de nir as áreas de sua atuação”.11
Com essas considerações introdutórias em mente, passa-se ao estudo detido da em-
presa pública, eis que outra não é, pois, a personalidade jurídica assumida pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)
Uma vez compreendidas as técnicas de organização dos serviços públicos e, bem as-
sim, sabendo-se que a ECT é fruto de descentralização administrativa, eis que, vale repetir, o
antigo Departamento de Correios e Telégrafos (DCT), que até então ostentava posição de
9JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p.
274.
10 BRASIL. Decreto-lei n.º 200, de 25 fev. 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, esta-
belece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200compilado.htm>. Acesso em 23 mai. 2017.
11BRASIL. Constituição Federal, de 05 out. 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 23 mai. 2017.
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Diogo de Figueiredo Moreira Neto, após traçar rápido conceito de empresa pública,
designando-a de entidade paraestatal, adverte que ela não deve ser confundida com as empre-
sas incorporadas ao patrimônio público, pois, “embora tenham ambas em comum o fato de
seu capital ser público, a entidade paraestatal [empresa pública] se distingue pela peculiari-
dade da delegação legal de uma atividade econômica de interesse público”.13 (grifos do autor
Em sede legal, encontra-se a de nição de empresa pública no art. 5º, inc. II, do De-
creto-lei n.º 200, de 1967, com redação dada pelo Decreto-lei n.º 900, de 1969, que assim dis-
põe
não se pode admitir que tal designativo empresa pública que reservado –
como resultaria do art. 5º do Decreto-lei 200, conjugado com o art. 5º do
12 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 415.
13MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014. p. 292-293.
14 BRASIL. Decreto-lei n.º 200, de 25 fev. 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, esta-
belece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200compilado.htm>. Acesso em 24 mai. 2017.
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15MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p.
187-188.
16 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 415.
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dos, entretanto, necessariamente a maioria do capital social votante (ações ordinárias) deve
pertencer ao Poder Público que a constituiu.17
Gizados nesses termos os aspectos conceituais da empresa pública, enquanto pessoa
jurídica integrada à Administração Indireta, passe-se, doravante, à análise detida da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)
Consoante já dito, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) teve sua cri-
ação autorizada por meio do Decreto-lei n.º 509, de 1969, que, em seu art. 2º, de ne as
atribuições e nalidades a ela conferidas
Analisando-se referido dispositivo, facilmente se conclui que a atividade precípua e
que motivou a criação dessa empresa pública federal fora, incontestavelmente, a execução e o
controle, em regime de monopólio, dos serviços postais em todo o território nacional.18
A Magna Carta, então vigente à época da criação da ECT – Constituição Federal de
1967 –, de nia, em seu art. 8º, inc. XI, que a manutenção do serviço postal e do correio aéreo
nacional era de competência da União.19
Essa incumbência não se transmudou com a promulgação da atual Carta Republi-
cana, tendo-a, pois, mantido como competência exclusiva da União, conforme art. 21, inc. X
Eis aí, pois, a atividade e a nalidade precípuas que legitimaram a instituição da
ECT
Tratando do assunto com agudeza, Emerson Gabardo ponti ca que “a nalidade que
impulsionou a sua criação [da ECT] consistia primordialmente na execução e controle, em
regime de monopólio, dos serviços postais em todo o território nacional”.20
17CARVALHO, Raquel Melo Urbano de. Curso de direito administrativo. Salvador: Jus Podivm, 2008. p.
734-736.
18BRASIL. Decreto-lei n.º 509, de 20 mar. 1969. Dispõe sobre a transformação do Departamento dos Correios
e Telégrafos em empresa pública, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/Del0509.htm>. Acesso em 25 mai. 2017.
19BRASIL. Constituição Federal, de 24 jan. 1967. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao67.htm>. Acesso em 25 mai. 2017.
20 GABARDO, Emerson. O regime jurídico da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos: entre serviço públi-
co e atividade econômica em sentido estrito. In: GONÇALVES, Guilherme de Salles; GABARDO, Emerson
(coords.). Direito da infraestrutura: temas de organização do Estado, serviços públicos e intervenção administra-
tiva. Belo Horizonte: Fórum, 2012. p. 16.
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21BRASIL. Decreto-lei n.º 509, de 20 mar. 1969. Dispõe sobre a transformação do Departamento dos Correios
e Telégrafos em empresa pública, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/Del0509.htm>. Acesso em 25 mai. 2017.
22 Op. cit., p. 27.
23GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. p.
276.
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Sobre o assunto, arremata André Ramos Tavares que “o Estado não tem autorizada,
pela Constituição, uma atividade paralela à atividade econômica desempenhada pelos agentes
privados. Sua intervenção é possível, mas condicionada e delimitada constitucionalmente”.24
Admitindo-se, no entanto, como legítimo à Empresa Brasileira de Correios e Telé-
grafos (ECT) desenvolver sobreditas atividades de nítido viés econômico, a ela, neste particu-
lar agir, deve-se carrear um arcabouço de normas jurídicas que dista, e muito, daquele a que
se submetem as entidades estatais prestadoras exclusivamente de serviços públicos
Visualizando essa necessária segregação de regimes jurídicos, o próprio art. 173, da
Constituição Federal, em seu § 1º, inciso II c/c o § 2º, assim preconiza
E a razão dessa distinção é fácil de ser compreendida. Seu propósito, como bem ex-
plicitam Luiz Alberto e Vidal Serrano, “é, por evidente, assegurar o regime de competição en-
tre empresas, públicas e privadas, que disputem o mesmo segmento de mercado”.26
Desse modo, imperioso se faz pôr em “xeque” o regime jurídico a que se vem atual-
mente sujeitando a ECT, em especial quanto às prestações de serviços de índole estritamente
econômica, como as atividades de banco postal. Como visto, estas prestações não devem, se-
gundo a ordem econômica constitucional, se sujeitar ao mesmo regime dos serviços postais;
estes, genuínos serviços públicos de relevante interesse nacional, prestados em regime de
monopólio pela União (art. 21, X, da CF)
Constitui justamente esse o assunto a ser desenvolvido no capítulo que segue
24 TAVARES, André Ramos. Direito constitucional econômico. 3. ed. São Paulo: Método, 2011. p. 276.
25BRASIL. Constituição Federal, de 05 out. 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 26 mai. 2017.
26ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 13. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009. p. 474.
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27MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito constitucional tributário. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. p.
269.
28COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: constituição e código tributário nacional. 6. ed. São
Paulo: Saraiva, 2016. p. 104.
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29 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
p. 638.
30BRASIL. Constituição Federal, de 05 out. 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 29 mai. 2017.
31 Op. cit., p. 645.
32 PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.
p. 106.
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Com a acuidade que lhe caracteriza, Roque Antonio Carrazza defende que as empre-
sas públicas e as sociedades de economia mista, “quando delegatárias de serviços públicos ou
de atos de polícia, são tão imunes aos impostos quanto as próprias pessoas políticas, a elas se
aplicando, destarte, o princípio da imunidade recíproca”.33 (grifos do autor
No que toca à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – empresa pública
federal, conforme antes apresentado –, já se encontra cristalizado, na jurisprudência do
Pretório Excelso, o entendimento segundo o qual referida entidade encontra-se salvaguardada
de tributação por impostos, eis que prestadora de serviços públicos
Note-se a ementa que segue
Até aqui, mostra-se irretocável a tese que se consolidou no âmbito do Supremo Tri-
bunal Federal, eis que, de fato, instituída para prestar serviços públicos de nítido viés exclu-
sivista e assaz interesse nacional, a ECT deve sim ser, neste atuar, imune a impostos, como se
autarquia fosse
O que incomoda, por assim dizer, é o alargamento dessa benesse por parte da Supre-
ma Corte, de modo a também açambarcar os serviços prestados em regime concorrencial com
a iniciativa privada
Veja-se, pois, a ementa a seguir
33 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
p. 652.
34 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 354.897/RS - Rio Grande do Sul. Relator:
Ministro Carlos Velloso. Julgamento em 17 ago. 2004. Pesquisa de Jurisprudência. Disponível em: <http://
redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=261333>. Acesso em 29 mai. 2017.
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35BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Cível Originária n.º 811/DF - Distrito Federal. Relator: Ministra
Rosa Weber. Julgamento em 09 dez. 2016. Pesquisa de Jurisprudência. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/
paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12235090>. Acesso em 29 mai. 2017.
36 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
p. 652.
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37 BRASIL. Lei n.º 10.406, de 10 jan. 2002. Código civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 31 mai. 2017.
38MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p.
903.
39BRASIL. Decreto-lei n.º 509, de 20 mar. 1969. Dispõe sobre a transformação do Departamento dos Correios
e Telégrafos em empresa pública, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/Del0509.htm>. Acesso em 31 mai. 2017.
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seguindo-se a oposição de embargos pela Fazenda Pública para, ao nal, ser, então, expedido
o precatório, em atendimento à regra inscrita no art. 100, da Constituição Federal”.40
Desse modo, em que pese o regime jurídico de direito privado envolver as empresas
públicas e, portanto, seus bens não gozarem da garantia da impenhorabilidade, o Supremo
Tribunal Federal, no particular caso da ECT, encampou, de há muito, a tese de que o art. 12,
do Decreto-lei n.º 509, de 1969, fora recepcionado pela Constituição de 1988. Desse modo,
seus bens não são passíveis de penhora, devendo adotar-se, como meio de satisfação de dívi-
das contra si, a sistemática dos precatórios judiciais
Veja-se, a propósito, a ementa do aresto a seguir
40 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. 11. ed. São Paulo: Dialética, 2013. p. 308.
41 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 336.685/MG - Minas Gerais. Relator: Mi-
nistro Moreira Alves. Julgamento em 19 abr. 2002. Pesquisa de Jurisprudência. Disponível em: <http://
redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=260992>. Acesso em 31 mai. 2017.
42BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Enunciado n.º 287 aprovado na IV jornada de direito civil. Disponível
em: <http://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/258>. Acesso em 01 jun. 2017.
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vinculados ao desenvolvimento de atividades econômicas – devem sujeitar-se ao regime co-
mum da penhora. Ignorando-se, como de fato estão, essa necessária distinção, os agentes
econômicos atuantes no seguimento de serviços nanceiros encontram-se em assaz desvan-
tagem em comparação com a ECT, no que tange ao regime de execução judicial a que se su-
jeitam
43ECT. Prestação de contas ordinária anual: relatório de gestão do exercício de 2015. Disponível em: <https://
www.correios.com.br/.../2015/Relatorio%20de%20Gestao%20de%202015.../ le>. Acesso em 02 jun. 2017. p.
240.
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CONCLUSÃ
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regime de concorrência com a iniciativa privada, também elas, estão imunes a impostos. E o
argumento, para tanto, foi o de que esse benefício é em prol do nanciamento dos serviços
postais que, à evidência, são de citários
Irrefutavelmente, esse entendimento cristaliza em si um verdadeiro “privilégio
odioso”, eis que vilipendia a máxima da livre concorrência e, com isso, gera distorções na or-
dem econômica nacional
Espera-se, pois, que o Colendo STF reveja seu recente posicionamento e faça
prevalecer os desígnios constitucionais norteadores da ordem econômica
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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