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CURSO ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO P/ POLÍCIA FEDERAL

PROFESSOR: LEANDRO CADENAS

APRESENTAÇÃO
Olá pessoal!
Esta é parte da primeira aula semanal do nosso curso de Direito Administrativo
para o concurso da Polícia Federal cujo edital deve ser lançado em breve.
O curso, baseado no edital antigo, será iniciado no dia 10/11/2008, indo até
02/02/2009, com o conteúdo abaixo discriminado. Serão 13 aulas, uma por
semana, sempre à segundas. Em havendo publicação do edital, a
programação poderá ser alterada.
O conteúdo vale tanto para Delegado quanto para Agente, Perito ou
Papiloscopista.
O curso está 100% atualizado, incluindo as mais recentes manifestações
jurisprudenciais dos nossos tribunais superiores, sempre presentes em
questões de concursos, bem assim com uma série de exercícios de provas
recentes.
As aulas conterão a explanação da matéria, mais ou menos da mesma forma
que fazemos em sala de aula, para que o aluno se sinta como se estivesse
ouvindo o professor falar.
Ao fim de cada aula, procuraremos incluir inúmeros exercícios de concursos
anteriores (o curso todo tem mais de 550 exercícios), com gabaritos
rapidamente comentados/referenciados, para que sejam testados os
conhecimentos relativos àquela matéria dada, bem como a já conhecida seção
“PARA GUARDAR”, onde são feitas breves considerações sobre a matéria
tratada, com vistas a facilitar uma futura revisão do conteúdo.
Durante a semana, estará disponível um fórum onde serão respondidas as
perguntas relativas à última aula.
Matricule-se e participe. Faça sua parte. Estude a matéria dada e rumo ao
sucesso!!
Na aula demonstrativa que disponibilizamos aqui vamos tratar do conceito e
fontes do Direito Administrativo, além do Regime Jurídico Administrativo.
Repito, essa é apenas parte da nossa primeira aula... aguardem!
Críticas e sugestões são sempre bem vindas.
Leandro@pontodosconcursos.com.br

ÍNDICE

AULA 1
CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
1. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
2. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
4. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

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4.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


4.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
4.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE
4.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
4.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
4.6 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
4.7 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU DE VERACIDADE
4.8 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
4.9 PRINCÍPIO DA HIERARQUIA
4.10 PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
4.11 PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
4.12 PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO
4.13 PRINCÍPIO DA IGUALDADE
4.14 PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA
4.15 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

AULA 2
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1 INTRODUÇÃO
2 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA. DESCENTRALIZAÇÃO E
DESCONCENTRAÇÃO
4 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA/DESCENTRALIZADA
4.1 DESCENTRALIZAÇÃO PARA PESSOA PÚBLICA
4.1.1 AUTARQUIAS
4.1.2 FUNDAÇÕES DE DIREITO PÚBLICO
4.2 DESCENTRALIZAÇÃO PARA PESSOA PRIVADA
4.2.1 EMPRESAS PÚBLICAS
4.2.2 SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
4.2.3 CONCESSIONÁRIAS, PERMISSIONÁRIAS E AUTORIZATÁRIAS
4.2.4 ENTES DE COOPERAÇÃO
4.3 CONTRATO DE GESTÃO

AULA 3
PODERES ADMINISTRATIVOS
1 PODER VINCULADO
2 PODER DISCRICIONÁRIO
3 PODER HIERÁRQUICO
4 PODER DISCIPLINAR
5 PODER REGULAMENTAR
6 PODER DE POLÍCIA

AULA 4
ATOS ADMINISTRATIVOS I
1 FATOS E ATOS DA ADMINISTRAÇÃO
2 FORMAÇÃO

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3 ELEMENTOS
4 MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO
5 TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
6 ATRIBUTOS

AULA 5
ATOS ADMINISTRATIVOS II
7 CLASSIFICAÇÃO
8 ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

AULA 6
SERVIÇOS PÚBLICOS
1 CLASSIFICAÇÃO
2 REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE
3 CONCESSÃO
4 PERMISSÃO
5 AUTORIZAÇÃO

AULA 7
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA UNIÃO
1 AGENTES PÚBLICOS
2 A LEI Nº 8.112/90 E A REFORMA ADMINISTRATIVA DA EC Nº 19/98
3 CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES
4 CONCURSO PÚBLICO

AULA 8
1. PROVIMENTO
1.1 PROVIMENTO ORIGINÁRIO E DERIVADO
1.1.1 A INCONSTITUCIONALIDADE DA ASCENSÃO E DA TRANSFERÊNCIA
1.1.2 NOMEAÇÃO
1.1.3 PROMOÇÃO
1.1.4 READAPTAÇÃO
1.1.5 REVERSÃO
1.1.6 APROVEITAMENTO
1.1.7 REINTEGRAÇÃO
1.1.8 RECONDUÇÃO
1.1.9 RESUMO DE PROVIMENTO DERIVADO
1.2 PROVIMENTO EFETIVO, VITALÍCIO OU EM COMISSÃO
1.2.1 EFETIVO
1.2.2 VITALÍCIO
1.2.3 COMISSÃO
2. POSSE E EXERCÍCIO
3. ESTÁGIO PROBATÓRIO
4. ESTABILIDADE
5. VACÂNCIA
6. TRANSFERÊNCIA, REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO

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6.1. TRANSFERÊNCIA
6.2. REMOÇÃO
6.3. REDISTRIBUIÇÃO
7. SUBSTITUIÇÃO

AULA 9
DIREITOS E VANTAGENS
1 VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO
1.1 SUBSÍDIOS
1.2 ISONOMIA E IRREDUTIBILIDADE
1.3 TETO REMUNERATÓRIO
1.4 REVISÃO GERAL ANUAL
1.5 PERDA DA REMUNERAÇÃO
1.6 REPOSIÇÕES E INDENIZAÇÕES AO ERÁRIO
1.7 COMPETÊNCIAS JUDICIAIS
2 INDENIZAÇÕES
2.1 AJUDA DE CUSTO
2.2 DIÁRIA
2.3 INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE
2.4 AUXÍLIO-MORADIA
3 GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
3.1 FUNÇÃO GRATIFICADA
3.2 GRATIFICAÇÃO NATALINA
3.3 TEMPO DE SERVIÇO
3.4 INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE E ATIVIDADE PENOSA
3.5 SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO, HORÁRIO NOTURNO E FÉRIAS
3.6 GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO
4 FÉRIAS
5 LICENÇAS
6 AFASTAMENTOS

AULA 10
SEGURIDADE SOCIAL
1 BENEFÍCIOS
1.1 APOSENTADORIA
1.2 PENSÃO
2 ASSISTÊNCIA À SAÚDE

AULA 11
REGIME DISCIPLINAR
1 DEVERES
2 PROIBIÇÕES
3 ACUMULAÇÃO
3.1 SERVIDORES ATIVOS
3.2 SERVIDORES INATIVOS
3.3 CARGO EM COMISSÃO

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4 RESPONSABILIDADES
5 PENALIDADES
5.1 ADVERTÊNCIA
5.2 SUSPENSÃO E MULTA
5.3 DEMISSÃO
5.4 OUTRAS PENALIDADES
6 PRESCRIÇÃO
7 OUTROS EFEITOS DAS PENAS

AULA 12
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
1 EVOLUÇÃO
1.1 IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO
1.2 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO
1.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO
1.4 RISCO INTEGRAL
2 A RESPONSABILIDADE NO BRASIL
3 AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
4 RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO
5 AÇÃO REGRESSIVA
6 LEI Nº 8.112/90
7 LEI Nº 8.429/92

AULA 13
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1 CLASSIFICAÇÃO
1.1 CONTROLE INTERNO, EXTERNO E POPULAR
1.2 CONTROLE PRÉVIO, CONCOMITANTE E POSTERIOR
1.3 CONTROLE ADMINISTRATIVO
1.4 CONTROLE PARLAMENTAR E PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS
1.5 CONTROLE JURISDICIONAL
1.5.1 HABEAS CORPUS
1.5.2 HABEAS DATA
1.5.3 MANDADO DE SEGURANÇA
1.5.4 MANDADO DE INJUNÇÃO
1.5.5 AÇÃO POPULAR

AULA 1

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. CONCEITO

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O Direito Administrativo, como ramo autônomo da maneira como é visto


atualmente, teve seu nascimento nos fins do século XVIII, com forte
influência do direito francês, tido por inovador no trato das matérias
correlatas à Administração Pública.
Você vai perceber que, no que se refere a esse ramo do direito, a França é
sempre citada, pela qualidade de suas leis administrativas, e pelas inovações a
partir da revolução francesa.
São muitos os conceitos do que vem a ser o Direito Administrativo. Em
resumo, pode-se dizer que é o conjunto dos princípios jurídicos que
tratam da Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentes
públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira como se atingir as
finalidades do Estado. Ou seja, tudo que se refere à Administração Pública e à
relação entre ela e os administrados e seus servidores é regrado e estudado
pelo Direito Administrativo.
Guarde bem, o conceito é sempre bom ter em mente.
O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cuja principal
característica encontramos no fato de haver uma desigualdade jurídica
entre cada uma das partes envolvidas. De um lado encontramos a
Administração Pública, que defende os interesses coletivos; de outro, o
particular. Havendo conflito entre tais interesses, haverá de prevalecer o da
coletividade, representado pela Administração. Assim, esta se encontra num
patamar superior ao particular, de forma diferente da vista no Direito
Privado, onde as partes estão em igualdade de condições. Falou em
Administração Pública, lembre que, em geral, está um degrau acima!
Sabemos que a República Federativa do Brasil, nos termos da CF/88, é
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal
(art. 1º). Em seu art. 2º, determina a divisão dos Poderes da União em três,
seguindo a tradicional teoria de Montesquieu. Assim, são eles: o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si.
Cada um dos três Poderes tem sua atividade principal e outras secundárias. A
título de ilustração, veja que ao Legislativo cabe, precipuamente, a função
legiferante, ou seja, de produção de leis, em sentido amplo. Ao Judiciário, cabe
a função de dizer o direito ao caso concreto, pacificando a sociedade, em face
da resolução dos conflitos. Por último, cabe ao Executivo a atividade
administrativa do Estado, é dizer, a implementação do que determina a lei,
atendendo às necessidades da população, com infra-estrutura, saúde,
educação, cultura, enfim, servir ao público.
Então, o Direito Administrativo não regula apenas as atividades do Poder
Executivo.
Tal ramo do Direito regra todas as atividades administrativas do
Estado, qualquer que seja o Poder que as exerce, ou o ente estatal a que
pertença: se a atividade é administrativa, sujeita-se aos comandos do
Direito Administrativo.
Veja como todos os Poderes atuam também na esfera administrativa:

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O Judiciário, quando realiza um concurso público para preenchimento de suas


vagas, segue as normas da Lei nº 8.112/90, se da esfera federal. O Senado
Federal, quando promove uma licitação para aquisição de resmas de papel, por
exemplo, seguirá a Lei nº 8.666/93, e assim por diante.
Vemos, assim, que não só o Executivo se submete ao Direito Administrativo.
Repita-se: cada Poder, cada ente, cada órgão, no desempenho de suas
atribuições administrativas, está submetido às previsões desse ramo do
Direito.
O estudo do Direito Administrativo, no Brasil, torna-se um pouco penoso pela
falta de um código, uma legislação consolidada que reúna todas as leis
esparsas que tratam dessas matérias. Então, temos que lançar mão da
doutrina e do estudo de cada uma das leis, bem assim da Constituição Federal,
que são suas principais fontes.

2. FONTES

Diz-se fonte à origem, de onde provém algo. No caso específico em estudo,


fonte é o lugar de onde emanam as regras do Direito Administrativo.
Quatro são as principais fontes:
I – lei;
II – jurisprudência;
III – doutrina;
IV – costumes.
Como fonte primária, principal, tem-se a lei, em seu sentido genérico (“lato
sensu”), que inclui, além da Constituição Federal, as leis ordinárias,
complementares, delegadas, medidas provisórias, atos normativos com força
de lei, e alguns decretos-lei ainda vigentes no país etc. Em geral, é ela
abstrata e impessoal.
Mais adiante, veremos o princípio da legalidade, de suma importância no
Direito Administrativo, quando ficará bem claro o porquê de a lei ser sua fonte
primordial.
As outras três fontes são ditas secundárias.
Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder Judiciário na
mesma linha, julgamentos no mesmo sentido. Então, pode-se tomar como
parâmetro para decisões futuras, ainda que, em geral, essas decisões não
obriguem a Administração quando não é parte na ação. Diz-se em geral, pois,
na CF/88, há previsão de vinculação do Judiciário e do Executivo à decisão
definitiva de mérito em Ação Declaratória de Constitucionalidade (art. 102, §
2º).
Tendo em vista a previsão constitucional de edição de Súmulas Vinculantes,
inserta na CF/88 pela EC nº 45/04, essa passou a ser mais uma fonte do

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Direito Administrativo, uma vez que terão “efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta”. É
a seguinte a regra constitucional:
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros,
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e
à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a
eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia
atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação
ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o
ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso."
A regulamentação veio através da Lei nº 11.417/2006. A seguir, destacam-se
trechos importantes, inclusive a alteração promovida por essa na Lei nº
9.784/99, que certamente será objeto de questionamento em concursos
próximos:
Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo
indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem
prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.
§ 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da
reclamação só será admitido após esgotamento das vias
administrativas.
§ 2o Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem
aplicação da súmula, conforme o caso.
Art. 8o O art. 56 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a
vigorar acrescido do seguinte § 3o:

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Art. 56. (...)


§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria
enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da
decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de
encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
Art. 9o A Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar
acrescida dos seguintes arts. 64-A e 64-B:
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da
súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso
explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
súmula, conforme o caso.
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação
fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á
ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o
julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
administrativas em casos semelhantes, sob pena de
responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e
penal.
Sugiro a leitura atenta dessa Lei nº 11.417/2006, pois, como sabemos,
novidades são assuntos prediletos dos examinadores!!
A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, materializada
em livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim como a jurisprudência, é
fonte secundária e influencia no surgimento de novas leis e na solução de
dúvidas no cotidiano administrativo, além de complementar a legislação
existente, muitas vezes falha e de difícil interpretação.
Por fim, os costumes hoje em dia têm pouca utilidade prática, em face do
citado princípio da legalidade, que exige obediência dos administradores aos
comandos legais. No entanto, em algumas situações concretas, os costumes
da repartição podem influir de alguma forma nas ações estatais, inclusive
ajudando a produção de novas normas. Diz-se costume à reiteração uniforme
de determinado comportamento, que é visto como exigência legal.

3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Ao conjunto de regras que disciplinam determinado instituto dá-se o nome de


regime jurídico.
Em se tratando de regime jurídico administrativo, importam as normas que
buscam atender aos interesses públicos. Refere-se ao conjunto das
regras que visam a esse fim, ou seja, é um conjunto de prerrogativas e
sujeições próprios da atividade pública.
Normalmente, para atingir tais objetivos, as normas jurídico-administrativas
concedem uma posição estatal privilegiada, ou seja, como já dito, o Estado

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localiza-se num patamar de superioridade em relação ao particular, justamente


por defender o interesse de toda uma coletividade.
Dessa forma, surgem os dois princípios basilares do Direito Administrativo:
supremacia do interesse público sobre o particular e indisponibilidade
do interesse público, tratados adiante.
No entanto, ainda que a importância do Direito Administrativo seja patente, as
controvérsias em matéria administrativa decididas pelo órgão executor não
fazem coisa julgada material1, cabendo ao Judiciário essa incumbência. Então,
algum pedido que seja dirigido à Administração Pública e por ela negado, pode
ser revisto, como regra geral, pelo Judiciário (CF, art. 5º, XXXV). Veremos
adiante que, quanto ao mérito administrativo, o Judiciário nada pode fazer.
Então, no Brasil, cabe somente ao Poder Judiciário dizer o Direito (“juris
dicere”), de forma definitiva, no caso concreto.
Isso não afasta a possibilidade de se recorrer administrativamente de qualquer
lesão ou ameaça a direto. Porém, as decisões nessa instância, repita-se,
estarão sujeitas ao crivo do Judiciário.
À decisão definitiva, na esfera administrativa, dá-se o nome de coisa julgada
administrativa, embora parte da doutrina não reconheça sua existência.
Nesses termos, como se viu, a “coisa julgada” que representa uma decisão
definitiva só existe se proferida pelo Poder Judiciário. Então, diante de uma
coisa julgada administrativa, respeitados os demais requisitos da ação,
pode-se acionar o Judiciário para que a mesma seja revista. Com isso,
ressalte-se que uma decisão na esfera administrativa, que não pode mais ser
revista, pode ser dita coisa julgada administrativa, sem olvidar que o
Judiciário a ela não se vincula, exceto em se tratando exclusivamente de
mérito administrativo, visto adiante. Como citado, há quem defenda que só
existe uma coisa julgada, e esta é exclusiva do Poder judiciário.
Repita-se uma vez mais: coisa julgada administrativa é a decisão definitiva
no âmbito administrativo, da qual não cabe mais recurso, tornando-se
irretratável pela Administração Pública2.

1
Coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI): consiste na decisão judicial definitiva, da qual não é
possível mais se recorrer – quer porque intempestivo o recurso, quer em virtude de
impossibilidade processual – e que modifica a vontade e a atividade das partes litigantes,
impondo-lhes a decisão judicial pacificadora do conflito.
Há dois tipos de coisa julgada, a saber:
I – material: enfrenta o mérito, dando definitividade à decisão, que não mais poderá ser
alterada. Tampouco poderá ser proposta nova ação com as mesmas partes e com mesmo
conteúdo;
II – formal: termina o processo sem decidir o mérito, por alguma irregularidade processual,
como falta de pagamento das custas, irregularidade na representação, falta de alguma das
condições da ação etc. Nesse caso, como não houve apreciação do mérito, basta que o autor
corrija as falhas e promova outra ação.
Diz o art. 467 do Código de Processo Civil: “Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que
torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário”.
2
STF, RE 144.996/SP, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 12/09/1997: A coisa julgada a
que se refere o artigo 5º, XXXVI, da Carta Magna é, como conceitua o § 3º do artigo 6º da Lei

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Aqui cabe uma importante distinção, destacando a diferença entre unicidade e


dualidade de jurisdição.
A Jurisdição é una, como no Brasil, quando apenas a um órgão se defere
a competência de dizer o Direito de forma definitiva, é dizer, fazendo
coisa julgada material (CF, art. 5º, XXXVI).
De outro lado, diz-se que é dual quando há previsão de que dois órgãos
se manifestem de forma definitiva sobre o Direito, cada qual com suas
competências próprias. Ocorre tal dualidade na França, onde as decisões em
matéria administrativa fazem coisa julgada material, enquanto que cabe ao
Judiciário manifestar-se sobre os demais assuntos. Assim, na França, uma
decisão administrativa não pode ser revista pelo Judiciário.
Como já se disse, o Direito Administrativo pátrio tem forte influência do Direito
francês, sendo que a principal diferença entre ambos os sistemas está
justamente na dita natureza judicante da decisão do contencioso
administrativo francês.
Apenas para clarear, não se confundam os conceitos de dualidade de
jurisdição e duplo grau de jurisdição. Este refere-se à possibilidade de
recorrer da decisão de primeira instância, para que seja novamente analisado
o caso por outra superior, dentro do Judiciário. Guarde isso, costuma ser
cobrado em concursos!
Portanto, se um caso está pendente de solução na esfera administrativa, e
inicia-se ação (perante o Judiciário) tratando do mesmo tema, a decisão
administrativa fica prejudicada, posto que sempre valerá a judicial. Assim, o
processo administrativo será arquivado sem decisão de mérito.
A eleição da via administrativa ou judicial é opção do interessado. Porém, uma
vez acionado o Judiciário, não caberá mais a primeira via, pois a decisão
judicial sempre prevalecerá sobre a administrativa. No entanto, nada impede
que, após esgotadas todas as instâncias administrativas, o interessado se
socorra do Judiciário, pois, repita-se, no Brasil, a jurisdição é una.
Só para citar, a instância administrativa tem várias peculiaridades
interessantes para os administrados, como a informalidade do processo,
celeridade, gratuidade, possibilidade de revisão de ofício e muitas outras, que
acabam por incentivar o seu uso, desafogando um pouco o Poder Judiciário.
Sobre o tema em questão, veja a notícia divulgada recentemente no
Informativo 476 do STF:
Processo Fiscal: Utilização Simultânea das Vias
Administrativa e Judicial
Nesta assentada, o Min. Sepúlveda Pertence, em voto-vista,
acompanhou a divergência, no sentido de negar provimento ao
recurso. Asseverou que a presunção de renúncia ao poder de
recorrer ou de desistência do recurso na esfera

de Introdução ao Código Civil, a decisão judicial de que já não caiba recurso, e não a
denominada coisa julgada administrativa.

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administrativa não implica afronta à garantia constitucional


da jurisdição, uma vez que o efeito coercivo que o dispositivo
questionado possa conter apenas se efetiva se e quando o
contribuinte previa o acolhimento de sua pretensão na esfera
administrativa. Assim, somente haverá receio de provocar o
Judiciário e ter extinto o processo administrativo, se este se mostrar
mais eficiente que aquele. Neste caso, se houver uma solução
administrativa imprevista ou contrária a seus interesses, ainda aí
estará resguardado o direito de provocar o Judiciário. Por outro lado,
na situação inversa, se o contribuinte não esperar resultado
positivo do processo administrativo, não hesitará em
provocar o Judiciário tão logo possa, e já não se interessará
mais pelo que se vier a decidir na esfera administrativa, salvo
no caso de eventual sucumbência jurisdicional. Afastou, também, a
alegada ofensa ao direito de petição, uma vez que este já teria sido
exercido pelo contribuinte, tanto que haveria um processo
administrativo em curso. Concluiu que o dispositivo atacado encerra
preceito de economia processual que rege tanto o processo judicial
quanto o administrativo. Por fim, registrou que já se admitia, no
campo do processo civil, que a prática de atos incompatíveis com a
vontade de recorrer implica renúncia a esse direito de recorrer ou
prejuízo do recurso interposto, a teor do que dispõe o art. 503,
caput, e parágrafo único, do CPC, nunca tendo se levantado
qualquer dúvida acerca da constitucionalidade dessas normas.
Vencidos os Ministros Marco Aurélio, relator, e Carlos Britto que
davam provimento ao recurso para declarar a inconstitucionalidade
do dispositivo em análise, por vislumbrarem ofensa ao direito de
livre acesso ao Judiciário e ao direito de petição. 3
(grifou-se)

PARA GUARDAR

9 Direito Administrativo é o conjunto dos princípios jurídicos que


tratam da Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentes
públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira como se atingir às
finalidades do Estado.
9 O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cuja
principal característica encontramos no fato de haver uma desigualdade
jurídica entre cada uma das partes envolvidas, ou seja, a Administração
Pública se encontra num patamar superior ao particular.
9 Esse ramo do Direito regra todas as atividades administrativas
do Estado, qualquer que seja o Poder que a exerce, ou o ente estatal a que

3
STF, RE 233.582/RJ, relator para o acórdão Ministro Joaquim Barbosa, publicação DJ
11/09/2007.

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pertença: se a atividade é administrativa, sujeita-se aos comandos do Direito


Administrativo.
9 Quatro são as principais fontes do Direito Administrativo:
9 I – lei: fonte primária, principal, normalmente abstrata e geral;
9 II – jurisprudência: conjunto de decisões do Poder Judiciário no mesmo
sentido, é fonte secundária;
9 III – doutrina: teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, é fonte
secundária;
9 IV – costumes: reiteração uniforme de determinado comportamento, é
fonte secundária.
9 Regime jurídico administrativo é o conjunto das regras que buscam
atender aos interesses públicos.
9 São princípios basilares do Direito Administrativo: supremacia do
interesse público sobre o particular e indisponibilidade do interesse
público.
9 No Brasil, a Jurisdição é una, cabendo apenas a um órgão a
competência de dizer o Direito de forma definitiva, é dizer, fazendo coisa
julgada material: Poder Judiciário.
9 Diz-se que a Jurisdição é dual quando há previsão de que dois
órgãos se manifestem de forma definitiva sobre o Direito, cada qual com
suas competências próprias, como na França.
9 Aqui, as decisões em matéria administrativa só fazem coisa julgada
material quando tomadas pelo Judiciário.
9 Dualidade de jurisdição e duplo grau de jurisdição não se
confundem. Dualidade: dois órgãos dizendo o Direito no caso concreto, de
forma definitiva. Duplo grau: duas instâncias, dentro do mesmo órgão,
decidindo a mesma matéria, uma superior à outra.

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