Você está na página 1de 8

As greves que abalaram o

Brasil
Aula 3: Greves e a formação da classe operária: etnicidades e gênero
Greves como linguagem de classe
• Primeira década do século XX: proliferação de greves como uma linguagem e um
repertório de ação coletiva articulado à identidade de classe trabalhadora.
• Entre 1890 e 1906: 106 greves no Rio de Janeiro (sapateiros, tecelões, cocheiros,
estivadores)
• Fenômeno da greve se nacionaliza
• Greves para além de um local de trabalho ou setor
Duas greves
• Outubro de 1906: “Greve dos 21 dias” em Porto Alegre: mudanças na produção,
articulação entre comunidades étnicas e luta social, demandas das mulheres. Greve se
espalha a partir dos artesãos especializados.
• Março de 1907: greve pela jornada de 8 horas em São Paulo: também se espalha a
partir dos trabalhadores qualificados (construtores de veículos, pedreiros, canteiros,
tipógrafos, chapeleiros, etc). Fim do trabalho para crianças e do trabalho noturno
para mulheres. Militantes anarquistas e socialistas articulando uma linguagem de
direitos. Locais de trabalho e locais de moradia como espaços de organização e
solidariedade.
• Elementos muito representativos, mas greves excepcionais.
Mercado de trabalho no pós- abolição
• Abolição e “desorganização” do mercado de trabalho: migrações, recusas
• Imensas diversidades: diferenças regionais , mundo urbano e mundo rural, gênero,
raça/etnias
• Imigração e “branqueamento”
• Os trabalhadores “nacionais” a questão da “integração do negro”
• Relações de trabalho no campo: o “colonato”, a “moradia”
• Industrialização, manufaturas e oficinas (capitais e experiências fabris no interior)
• Desenvolvimento urbano e serviços
• Mercado de trabalho pouco regulado
• Classes “perigosas”
Formação de classe
• Final do século XIX e início do XX, momento de convergência de processos organizativos e
políticos importantes para a configuração da formação de classe e de um discurso próprio de auto
reconhecimento e público de existência da “questão social”.
• Barreiras culturais, sociais, políticas e geográficas para organização dos trabalhadores
• Formação da classe operária para além da industrialização
• Existência de trabalhadores fabris não constitui classe que implica construção de interesses
coletivos articulados nas experiências em comum. Processo demorado, implica em ações,
concepções e organizações.
• Classe operária, classes trabalhadoras e suas fronteiras: diversidades e unidades.
Movimento operário
• Ofícios - mais organizados, poder de barganha, certa autonomia (tipógrafos, alfaiates, sapateiros, pedreiros,
marceneiros, padeiros). Ferroviários.
• Intensa procura de mão de obra qualificada e tentativa dos empregadores de solapar o poder de barganha dos
mais qualificados/mecanização/mão de obra mais “barata”: feminina e infantil.
• Trabalhadores/as fabris pouco peso na direção do movimento operário até 1917
• Organizações frágeis, efêmeras, mas constantes.
• Organizações por ofício predominavam sobre ramo de atividade ou setores industriais
• Mundo associativo: Ligas operárias por territórios, sociedades de auxílio mútuo, sindicatos, Federações Operárias,
COB, associações étnicas, sociedades de auxílio mútuo, grupos vários, clubes recreativos, dançantes, educacionais,
culturais, esportivos
• Bairros operários
• Rituais do movimento operário: O 1º de maio.
• Importância dos jornais
• Conflitos étnicos, setores organizados/não organizados; grevistas/não grevistas
Movimento operário
• Desilusão com a República e exclusão política
• Correntes do movimento operário (reformistas, socialistas e anarquistas/sindicalismo revolucionário)
• Congressos 1906, 1912, 1920
• Ciclos de ação coletiva mobilizavam muitos mais trabalhadores/as do que somente os qualificados e
organizados (1902/03; 1906/08, 1913/14)
• Ação direta caráter mais nacional do que a organização dos trabalhadores/as
• Greves fenômeno urbano, mas com repercussão no campo (“greves de colonos”
• Direitos sociais (salários, condições de trabalho, jornada de 8 horas, etc)
• A questão social é uma questão polícia – repressão (prisões arbitrárias, fechamentos das associações,
deportação de estrangeiros, desterro na Amazônia)
• “paternalismo industrial”
• Legislação incipiente
Debates historiográficos
• Imigração e o mito do “imigrante radical”?
• Movimento operário, etnia e raça?
• Anarquismo – condição produtiva dos artesãos qualificados?
• Relação entre mutualismo e sindicatos? Tradições organizativas?
• Quais as relações entre associativismo e organização de classe?

Você também pode gostar