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RESUMO: Com esse trabalho, sugerimos uma leitura crítica de duas das mais
importantes perspectivas que informam o campo dos estudos rurais brasileiros,
confrontando-as entre si e com as condições hodiernas de reprodução social do
campesinato. Discutimos primeiramente questões como a “multifuncionalidade” das
unidades produtivas e a “pluriatividade” da reprodução familiar, as “amenidades” do rural,
o incremento da presença de atividades e rendimentos não-agrícolas no campo, por um
lado, e, por outro, a expansão do agronegócio e a dinâmica supostamente continua de
recriação da questão agrária em tese movida com a incorporação da renda fundiária. Por
fim, apresentamos os limites advindos da polarização dessas duas perspectivas de
interpretação considerando aspectos hodiernos concretos de reprodução social do
campesinato em que análise da estrutura ocupacional e da dinâmica fundiária seriam
necessárias, contrapostas criticamente, em conjunto.
PALAVRAS-CHAVE: Campo dos estudos rurais; Renascimento do rural;
Relançamento do agronegócio.
1
Professora colaboradora e pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação em Geografia da
Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: carolinavecchia@gmail.com.
WORD-KEYS: Field of rural studies; Rural renaissance; The “relaunch” of
agribusiness.
1. INTRODUÇÃO
Com esse trabalho, sugerimos uma leitura crítica de duas das mais importantes
perspectivas que informam o campo dos estudos rurais brasileiros, confrontando-as entre
si e com as condições hodiernas de reprodução social do campesinato.
Quando, em 1970, esse campo foi estabelecido, dizia-se estar voltado para discutir
as particularidades que caracterizavam o rural. As categorias que encerraram essas
particularidades referiam-se a recortes espaciais (bairros rurais, comunidades camponesas,
etc.) ou grupos sociais (por um lado, caipiras, caboclos, etc. ou, por outro, colonos,
moradores, etc.), acabando por apontar, todas, para o estudo de determinadas condições de
reprodução social (cf. Queiroz, 1973). Acréscimos nesse mesmo campo reapresentaram
essa problemática em termos da relação entre reprodução do campesinato e do capital.
Essa virada contribuiu para dissolver uma polarização implícita entre rural e urbano, na
qual o urbano podia aparecer como polo do desenvolvimento capitalista, e o rural, como
seu oposto. Ambos seriam formas que se atonomizaram na expansão capitalista,
concorrendo, por meio das suas particularidades, para a reprodução da mesma.
Contemporaneamente, a pergunta sobre o que diferenciaria o rural numa sociedade
hegemonizada pelo urbano reaparece conduzindo o debate sobre quais seriam os novos
conteúdos do rural. Em paralelo e integrando o mesmo campo dos estudos rurais, se
impõe, todavia, outra resposta, que atribui a persistência atual do rural a uma recriação da
questão agrária supostamente continua.
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