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BABEL:
Entre a Incerteza e a Insegurança de Zygmunt
Bauman & Ezio Mauro
BABEL: BETWEEN UNCERTAINTY AND INSECURITY FROM ZYGMUNT BAUMAN & EZIO MAURO
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Doutor em Ciências Sociais pela UFRN. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba.
BABEL
que a crise econômica e política afeta todos respostas. O que Bauman sugere é que devemos
os setores da vida social. Uma crise que é pensar e agir como se fosse em uma “medicina
indiferente a qualquer processo democrático. preventiva”, procurando nós mesmos olhar-
Esse fato pode ser comprovado pelo voto, no mos o mundo de outra forma, ultrapassando
qual é perceptível a desconfiança dos cida- também fronteiras, como o início de uma solu-
dãos nas instituições criadas para defender o ção para o processo democrático.
bem-estar da nação. Os governos não podem
mais proteger os seus residentes e com isso Com frequência cada vez maior, os elei-
tores apenas procedem mecanicamente
cumprir as suas promessas de campanha. – mas guiados pelos seus hábitos adqui-
Bauman e Mauro veem, nesse contexto ridos do que por alguma esperança de
conturbado que atravessamos, um enfra- mudança para melhor ensejada do seu
quecimento das relações sociais e uma falta voto. Na melhor das hipóteses, eles vão
para as cabines para elegerem males
de capacidade dos governos de encontrarem menores. A ampla maioria dos cidadãos
saídas para os problemas cada vez mais rele- raramente acredita, se é que acredita, que
vantes. Os autores destacam que “a rejeição a perspectiva de mudar o curso dos acon-
da política revela a inspiração cega de auto- tecimentos na direção certa... está hoje
entre as cartas do baralho e ao alcance da
nomia do indivíduo, uma espécie de alergia mão (BAUMAN e MARIO 2016, p. 15).
à própria noção de governo”. (BAUMAN e
MAURO, p. 18). Os leitores correm o risco
de entender errado o pensamento do autor, No segundo capítulo, denominado de
assim como também ter uma visão distor- “num espaço social em transformação”, os
cida sobre o momento político atual, já que autores continuam debatendo as mudan-
para Bauman não é a democracia que está em ças que vêm ocorrendo na sociedade, com
crise, e sim o Estado Nacional. Os governos de problemas de difícil solução para os gover-
hoje ficam incapazes diante dos rumos toma- nos. Analisam as desigualdades e as novas
dos pela globalização e dos fluxos comerciais desigualdades que surgem, como por exem-
e informacionais. plo, o desemprego para pessoas formadas, ou
Essa alergia à política passa a ser, a falta de profissionalização dos sujeitos que
conforme Mauro, uma alergia à democracia, tentam se inserir no mercado de trabalho.
a partir da qual o sistema democrático passa Uma prova de que hoje se torna quase impos-
a ser visto de outra maneira, diferente do sível planejar uma determinada vida. Hoje
seu conceito anterior, do ideal tão almejado não se pode ter mais a visão de indivíduos
ao longo dos tempos. Entre esses problemas, livres, de grupos distintos, de pessoas que
que os governos não conseguem soluções e as pudessem escapar da crise por determinados
sociedades ficam marcadas pelo caos e pela caminhos. Hoje praticamente, pelo que os
incerteza, é que Bauman afirma estarmos em autores dizem, estão todos no mesmo barco.
um momento de interregno. Os modelos de Com isso, a coletividade vai sendo deixada
governo não são mais suficientes para a neces- de lado e os mais fracos e mais pobres aos
sidade das pessoas em um mundo pós-moderno poucos são banidos da sociedade, tanto do
e globalizado. Como também os novos mode- lado social, como também do lado político.
los que surgem não dão conta das melhores
REFERÊNCIA