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Material de Referência Certificado

Material de Referência Certificado

Janaína Marques Rodrigues


Laboratório de Análise Orgânica - LABOR
Divisão de Metrologia Química - DQUIM
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Material de Referência Certificado

Normas / Guias
¾ Série ISO GUIAS 30: ISO REMCO: ISO Committee on Reference
Materials

⇒ ABNT ISO GUIA 30: Termos e definições relacionados com


materiais de referência (revisto recentemente no ISO REMCO)

⇒ ABNT ISO GUIA 31: Materiais de referência – Conteúdo de


certificados e rótulos

⇒ ABNT ISO GUIA 32: Calibração em química analítica e uso de


materiais de referência certificados
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Normas / Guias

⇒ ABNT ISO GUIA 33: Utilização de materiais de referência


certificados

⇒ ABNT ISO GUIA 34: Requisitos gerais para a competência de


produtores de materiais de referência (sob revisão no REMCO)

⇒ ISO GUIDE 35: Reference materials – General and statistical


principles for certification

⇒ NBR ISO/IEC 17025: Requisitos gerais para a competência


de laboratórios de ensaio e calibração
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NORMAS / GUIAS

⇒ VIM: Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e


Gerais de Metrologia (ISO IEC Guide 99)

⇒ Eurachem/Citac Guide: Quantifying Uncertainty in Analytical


Chemistry

⇒ GUM: Guide to the Expression of Uncertainty in


Measurement

‹ ISO Guide 35 ⇒ vasta bibliografia


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Termos e Definições
O que é um MR?

Produto!

⇒ Material de Referência: material suficientemente homogêneo


e estável em relação a uma ou mais propriedades específicas,
que é suficientemente estabelecido para o seu uso em um

processo de medição ⇒ “Nome da família”


ƒ Emons, H., Fajgelj, A., Van der Veen, A.M.H. and Watters, R. New definitions on reference materials.
Accreditation and Quality Assurance, 10, p. 576-578, 2006 ⇔ Revisão da ISO GUIDE 30).
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MATERIAL DE REFERÊNCIA: Notas


⇒ Nota 1: Termo genérico;

⇒ Nota 2: As propriedades podem ser quantitativas ou qualitativas;

⇒ Nota 3: O uso pode incluir a calibração de um sistema de medição,


a aplicação em um procedimento de medição, o assinalamento de
valor a outro material, e o controle de qualidade;

⇒ Nota 4: Um material de referência somente pode ser utilizado para


um único propósito em um procedimento de medição;

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Material de referência: Sim ou Não?

♦ Um material de referência somente pode ser utilizado


SIM
num procedimento de medição para um único propósito?

♦ Um material de referência pode ser utilizado num


NÃO
mesmo procedimento de medição como padrão de
calibração e como controle de qualidade?

♦ Um material de referência pode ter aplicações variadas


SIM
quando utilizado em procedimentos distintos de medição?

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Material de Referência Certificado

Termos e Definições

⇒ Material de Referência: material ou substância que tem um ou


mais valores de propriedades que são suficientemente
homogêneos e bem estabelecidos para ser usado na calibração
de um aparelho, na avaliação de um método de medição ou
atribuição de valores a materiais. • Revisto recentemente
no ISO REMCO.

ƒ ABNT ISO GUIA 30:2000 ⇒ Está desatualizada.


Material de Referência Certificado

Termos e Definições
⇒ Material de Referência Certificado: material de referência,
caracterizado por um procedimento válido metrologicamente
para uma ou mais propriedades específicas, acompanhado por
um certificado que estabelece o valor das propriedades, sua
incerteza associada e uma declaração da rastreabilidade
metrológica.

ƒ Emons, H., Fajgelj, A., Van der Veen, A.M.H. and Watters, R. New definitions
on reference materials. Accreditation and Quality Assurance, 10, p. 576-578, 2006
⇔ Revisão da ISO GUIDE 30). 9
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MRC: Notas
⇒ Nota 1: O conceito de valor inclui atributos qualitativos, como
identidade. As incertezas destes atributos podem ser expressas como
probabilidades;

⇒ Nota 2: As ISO GUIDES 34 e 35 estabelecem os procedimentos


válidos metrologicamente para a produção e certificação de materiais
de referência;

⇒ Nota 3: ISO GUIDE 31 oferece diretrizes para o conteúdo dos


certificados;

⇒ Nota 4: O VIM tem uma definição análoga.


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Termos e Definições
⇒ Material de Referência Certificado: material de referência,
acompanhado por um certificado, com um ou mais valores de
propriedade, certificado por um procedimento que estabelece
sua rastreabilidade à obtenção exata da unidade na qual os
valores da propriedade são expressos, com cada valor
certificado acompanhado por uma incerteza para um nível de
confiança estabelecido. • Revisto recentemente
no ISO REMCO.
ƒ ABNT ISO GUIA 30:2000 ⇒ Está desatualizada.
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Termos e Definições

9 Material de Referência Certificado: Material de referência,


acompanhado de uma documentação emitida por um organismo
com autoridade, a qual fornece um ou mais valores de
propriedades específicas, com as incertezas e as rastreabilidades
associadas, utilizando procedimentos válidos.

ƒ Tradução do texto do VIM – JCGM 200:2008 (ISO Guide 99)


Material de Referência Certificado

Termos e Definições
9Organismo com Autoridade: O ISO Guia 30 denomina este
organismo como organismo certificador ⇒ organismo tecnicamente
competente (organização ou empresa, pública ou privada) que emite
um certificado de material de referência que contém as informações
detalhadas no ISO Guide 31.

ƒ ABNT ISO GUIA 30:2000.

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TERMOS e DEFINIÇÕES

⇒ Certificado: documento que acompanha um material de


referência certificado, declarando um ou mais valores de
propriedade e suas incertezas e confirmando que os
procedimentos necessários foram realizados para assegurar sua
validade e rastreabilidade. (ABNT ISO GUIA 30:2000)

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Material de Referência Certificado

TERMOS e DEFINIÇÕES
⇒ Rastreabilidade: Propriedade de um resultado de medição, onde tal
resultado pode estar relacionado a uma referência através de uma
cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma
contribuindo para a incerteza de medição.

ƒ NOTA 1: Para esta definição, a “referência” pode ser uma definição


de uma unidade medida por meio de sua realização prática, de um
procedimento de medição que engloba a unidade de medida ou de um
padrão.

ƒ Tradução do texto do VIM – JCGM 200:2008 (ISO Guide 99) 15


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TERMOS e DEFINIÇÕES

⇒ Incerteza de medição: parâmetro, associado ao resultado de


uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que
podem ser razoavelmente atribuídos ao mensurando.
(ABNT ISO GUM – 3a Edição brasileira)

⇒ Mensurando: Objeto da medição.


Grandeza específica submetida à medição.

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Material de Referência Certificado

Usuário Produtor

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O Uso de Materiais de Referência Certificados

⇒ Calibração

⇒ Controle de qualidade

⇒ Fornecer valores a outros materiais (futuros MRC)

⇒ Rastreabilidade

⇒ Manter e estabelecer rastreabilidade a escalas covencionais

(ex.: número de octano, escalas de dureza e pH)

⇒ Validação de métodos
(ISO GUIDES 32, 33 e 35) 18
Material de Referência Certificado

O Uso de Materiais de Referência Certificados

(ABNT ISO GUIA 33:2002)


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O Uso de Materiais de Referência Certificados

ƒ Convém que os MRC sejam utilizados regularmente, a fim


de garantir medições confiáveis. No entanto, ao se
empregar um MRC, recomenda-se considerar a extensão do
seu suprimento, o seu custo relativo, a sua disponibilidade
e a técnica de medição, quer seja destrutiva ou não
destrutiva.

(ABNT ISO GUIA 33:2002) 20


Material de Referência Certificado

O Uso de Materiais de Referência Certificados

⇒ MRC: são muitas vezes substituíveis por padrões de trabalho nas


seguintes situações:
¾ Quando se busca apenas uma estimativa “grosseira” da exatidão ou da
precisão do método ⇒ MRC sub-utilizado
¾ Quando amostras “cegas” são utilizadas, rotineiramente, em programas
de controle da qualidade ⇒ Utilização de MRC: custo elevado
¾ Quando está sendo avaliada somente a variação na exatidão e na
precisão de um método em relação a um parâmetro (analista, tempo, etc.) ⇒
Utilização de MRC: custo elevado

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Disponibilidade e custo do MRC
(ABNT ISO GUIA 33:2002)
Material de Referência Certificado

O Uso de Materiais de Referência Certificados

ƒ Quando houver um amplo suprimento de MRC, ou quando


MRC semelhantes puderem ser obtidos junto a uma ou mais
fontes, recomenda-se, enfaticamente, que os MRC sejam
sempre utilizados, ao invés de padrões internos, pois isto
resultará num aumento da confiabilidade no resultado da
medição ⇒ Melhor garantia de exatidão e melhor relação
custo/benefício.

(ABNT ISO GUIAS 32:2000 e 33:2002) 22


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Usuário: A Escolha do MRC

⇒O usuário deve ter estabelecido quais as propriedades do


MRC são relevantes para o seu processo de medição.

⇒ Algumas características do MRC são imprescindíveis de


serem avaliadas.

(ISO GUIDE 33:2000)

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Características do MRC
9 Nível: O MRC deve ter propriedades certificadas em um nível
compatível (ou apropriado) em relação a sua utilização.
Exemplo: faixa de concentração compatível.

™ Matriz: O MRC deve estar numa matriz o mais compatível


possível em relação aquela que está sendo utilizada no
procedimento de medição.
Exemplo: colesterol no soro. (ISO GUIDE 33:2000)
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Material de Referência Certificado

Características do MRC
ƒ Forma: O MRC deve estar no mesmo estado físico e forma do
que o material que está sendo medido no processo de medição.
Exemplo: sólido (HPA´s no solo).

‰ Quantidade: A quantidade adquirida do MRC deve ser


suficiente para todo o processo de medição. A aquisição de
MRC de lotes diferentes para a aplicação em um mesmo
processo de medição deve ser evitada.
(ISO GUIDE 33:2000)
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Material de Referência Certificado

Características do MRC
¾ Estabilidade: As propriedades certificadas no MRC em uso
num processo de medição devem ser estáveis no decorrer do
experimento. O certificado do MRC deve estabelecer os
parâmetros referentes à estabilidade.

• Incerteza: A incerteza do valor certificado deve ser compatível


com a exatidão e a confiabilidade requeridas no processo de
medição.
(ISO GUIDE 33:2000)
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Material de Referência Certificado

Incerteza do MRC

⇒ Recomenda-se ao usuário não utilizar um MRC de incerteza maior


do que o permitido pela finalidade pretendida. Contudo, a
indisponibilidade ou o alto custo de um MRC pode compelir um
usuário a recorrer ao emprego de um outro MRC de incerteza maior.
Neste caso, um MRC de incerteza maior, mas ainda aceitável na
propriedade certificada, pode ser preferido a um outro MRC, devido à
melhor similaridade com a composição de amostras reais. Isto pode
minimizar efeitos químicos ou de matriz no processo de medição, que
poderiam causar erros muito maiores do que a diferença entre as
incertezas dos MRC.
(ABNT ISO GUIA 33:2002) 27
Material de Referência Certificado

Uso de MRC: É importante ter em mente que:

(ABNT ISO GUIA 33:2002) 28


Material de Referência Certificado

O usuário deve garantir que:


¾ Os MRC sejam efetivamente certificados para o elemento de
interesse, e que o valor não seja meramente indicativo ⇒ análise
crítica do certificado;

¾ Os MRC apresentem o procedimento de certificação com um


nível de confiabilidade metrológica apropriado (ver ISO Guide 35) e
que estejam suficientemente documentados. Qualquer
rastreabilidade definida apenas por princípio, mas sem a avaliação
da incerteza, não constitui uma rastreabilidade apropriadamente
demonstrada.
(ABNT ISO GUIA 32:2000) 29
Material de Referência Certificado

Seleção de MRC
¾ ISO GUIDE 32:1997:

ƒ Catálogos dos produtores ⇒ Inst. Nac. de Metrologia e


Instituições acreditadas

ƒ COMAR: www.comar.bam.de

9Apêndice C do CIPM MRA: CMC

¾ Inmetro: Cgcre ⇒ programa piloto para acreditação de


produtores de MR em 2009 (5 instituições que
apresentarem todos os documentos). Duração: 2 anos.
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Material de Referência Certificado

Produtor:
Planejamento, Desenvolvimento e
Certificação

ISO GUIDE 34:2000 ⇔ ISO GUIDE 35:2006 31


Material de Referência Certificado

ƒA produção, caracterização e certificação de


materiais de referência é uma atividade chave na
melhoria e na manutenção de um sistema de medição
universal coerente.

(ISO GUIDE 35:2006)

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Material de Referência Certificado

Os ISO Guias foram desenvolvidos com o objetivo de orientar


quanto às melhores práticas na produção e caracterização de
materiais de referência, porém utilizá-los sem considerar
cuidadosamente se as orientações são aplicáveis para um MRC
em particular, podem acarretar que seus valores de propriedade,
com as respectivas incertezas, sejam estabelecidos em uma base
errônea. O uso deste tipo de documentação deve considerar que
este não pode substituir “o pensamento crítico, a honestidade
intelectual e o conhecimento profissional”. A qualidade do
produto MRC depende tanto destes aspectos quanto do uso dos
procedimentos e métodos apropriados.
(ISO GUIDE 35:2006) 33
Material de Referência Certificado

O conhecimento dos materiais e suas propriedades, dos métodos


de medição utilizados durante os testes de homogeneidade,
caracterização e estabilidade do material, em conjunto com um
completo conhecimento dos métodos estatísticos, são
necessários para o processamento e a interpretação correta dos
dados experimentais em um projeto de certificação. É a
combinação destes requisitos técnicos que tornam a produção e
a certificação de materiais de referência atividades tão
complexas.
ISO GUIDE 35:2006
34
Material de Referência Certificado

⇒ ISO GUIDE 34: General requirements for the competence


of reference material producers

⇒ NBR ISO/IEC 17025: Requisitos gerais para a competência


de laboratórios de ensaio e calibração

¾ Accred. Qual. Assurance, 2006 ⇒


Accreditation of Refence Material Producers: Let´s Get it Right, 2006
35
Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 34
⇒ O produtor do MR deve ter estabelecido, implementado e em
atuação um sistema da qualidade apropriado ao escopo de suas
atividades.

9 Documentação: todo o processo ⇒ pessoal, procedimentos,


clientes e colaboradores;
9 Ações preventivas e corretivas;
9 Auditorias internas;
9 Metodologias validadas;
9 Equipamentos calibrados;
9 Dados protegidos e planilhas de cálculo validadas, dentre
outros. 36
Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 34:


Sistema da qualidade deve garantir:

9 Escolha correta do candidato a MRC.


Exemplo: concentração e forma.

™ Procedimentos de preparação.

ƒ O nível de homogeneidade do MRC é adequado.

‰ A estabilidade do material esteja estabelecida e possa ser


verificada. 37
Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 34:


Sistema da qualidade deve garantir:

‰ Procedimentos de caracterização.

ƒ Rastreabilidade a padrões nacionais ou internacionais de


medição.

9 Estabelecer os valores (as propriedades) certificados,


declarando-os num certificado que deve estar de acordo
com os requisitos da ISO Guide 31.
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Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 34:


Sistema da qualidade deve garantir:

™ Condições adequadas de estocagem do MRC.

¾ Procedimentos para a correta identificação do MRC,


incluindo etiquetagem, embalagem e transporte para o
cliente.

‰ Procedimentos de acordo com os requisitos dos ISO


Guides 30, 31, 34 e 35.
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Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 35: Reference materials –


General and statistical principles for certification

Estabelece as etapas e cálculos


estatísticos necessários
para o desenvolvimento
e certificação de um MR

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Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 35: Etapas para a Certificação de um MR


¾Fase 1: Planejamento

a) Definição do MR: matriz, propriedades a serem


certificadas e faixa da certificação, incluindo o nível de
incerteza desejado;

b) Planejamento do procedimento de amostragem;

c) Planejamento do procedimento de preparação;

d) Seleção dos métodos apropriados para os testes de


homogeneidade e estabilidade;
e) Planejamento do procedimento de caracterização do MR; 41
Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 35: Etapas para a Certificação de um MR

¾Fase 1: Planejamento

a) Definição do MR: matriz, propriedades a serem


certificadas e faixa da certificação, incluindo o nível de
incerteza desejado;

Quantidade???

É necessário um estudo de viabilidade??? 42


Material de Referência Certificado

Quantidade
9 Deve-se ter em mente o número de amostras necessário para:

ƒ Estudo de viabilidade
ƒ Estudo de homogeneidade
ƒ Estudos de estabilidade (transporte e armazenamento)
ƒ Caracterização do candidato a MR
ƒ Quantidade de material necessária para uma medição
ƒ Venda

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Material de Referência Certificado

Quantidade
9 Tipo do MRC x Estabilidade x Mercado disponível

ƒ Materiais microbiológicos < estabilidade se comparados a


materiais de soluções metálicas:

ƒ Deve ser produzida a mesma quantidade?

ƒ A produção atende à demanda?

ƒ Qual é o “meu” mercado?


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Material de Referência Certificado

Estudo de Viabilidade
™ É utilizado como um ensaio prévio ao preparo do MR. É
necessário para se verificar os melhores métodos para o
processo de certificação. Por exemplo: qual a melhor forma de
preparo do candidato a MRC? Qual o melhor método de
homogeneização? Em quais condições devem ser testadas a
estabilidade? Os laboratórios que irão participar da
caracterização do MRC estão aptos a tal?

45
Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 35: Etapas para a Certificação de um MR

¾Fase 1: Planejamento

b) Planejamento do procedimento de amostragem;

c) Planejamento do procedimento de preparação;


ƒ Materiais sintéticos
ƒ Materiais provenientes de misturas (“blendings”)
ƒ Materiais fortificados
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Material de Referência Certificado

Materiais Sintéticos
™ Exemplos: substâncias puras, soluções e misturas
gasosas.

9A pureza é um fator preponderante: técnicas de purificação


devem ser utilizadas para se reduzir o teor de impurezas.

9 Soluções e misturas gasosas: Preparação da batelada:


gravimetria (mais trabalhosa, menores incertezas) ou
volumetria (mais prática, maiores incertezas)?
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Material de Referência Certificado

Materiais Provenientes de Misturas (“blendings”)

™ A formação de aglomerados no material após a mistura


deve ser evitada: para não afetar a homogeneidade e a
estabilidade.

¾ Requerimento: a massa específica e o tamanho de partícula


das diferentes matrizes dos materiais a serem misturados
devem ser similares: evita a segregação do material. Neste
caso um estudo de viabilidade é recomendado para avaliação
da técnica de preparo e do grau de homogeneidade. 48
Material de Referência Certificado

Materiais Fortificados
™ Dificuldade: atingir um adequado grau de homogeneidade e
de estabilidade no candidato a MR.

9 O procedimento de preparação/fortificação tem que ser


criterioso: estudo de viabilidade é recomendado. As
características físico-químicas da matriz, dos seus
componentes, assim como do solvente utilizado no processo
de fortificação têm que ser cuidadosamente avaliadas.
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Material de Referência Certificado

Materiais Fortificados
™ Será que o solvente vai evaporar antes do material impregnar
completamente na matriz? Será que a velocidade da evaporação
será tão lenta que outros componentes da matriz poderão ser
perdidos?
™ A pureza do solvente tem que ser verificada!

™ O tipo de material é um fator preponderante.

™ A equivalência do material fortificado com o material natural


deve ser checada para que o MRC seja representativo de
amostras reais.
Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 35: Etapas para a Certificação de um MR

¾Fase 2: Desenvolvimento

f) Amostragem;

g) Preparação da amostra;

h) Escolha dos métodos apropriados para a caracterização;

i) Estudo de homogeneidade;

j) Estudos de estabilidade;
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Material de Referência Certificado

ISO GUIDE 35: Etapas para a Certificação de um MR

¾Fase 3: Certificação

l) Caracterização do MR;

m) Estimativa da incerteza de medição: combinação dos


resultados dos testes de homogeneidade, estabilidade e da
caracterização do MR;

n) Certificado.
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Material de Referência Certificado

Caracterização

Certificação
de MR

Homogeneidade Estabilidade

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Material de Referência Certificado

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Material de Referência Certificado

Métodos de medição: homogeneidade,


estabilidade e caracterização

™ Os métodos para a caracterização do MR, o estudo de


homogeneidade e os estudos de estabilidade não precisam ser
necessariamente os mesmos, desde que a rastreabilidade
dos resultados destes três estudos a uma referência comum
seja estabelecida. O importante é que todas as medições sejam
feitas utilizando-se equipamentos devidamente calibrados,
devendo os resultados destas calibrações serem
comparados uns com os outros. Idealmente estas medições
devem ser rastreáveis a uma mesma referência, como por
exemplo um material de referência, preferencialmente
certificado.
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Conceitos
¾ Na teoria: um material é perfeitamente homogêneo em
relação a uma determinada propriedade, se não existir
qualquer diferença entre os valores desta propriedade nas
diferentes partes do material.

¾ Na prática: um material é considerado homogêneo em relação


a uma determinada propriedade, se a diferença entre os valores
desta propriedade entre as diferentes porções do material é
desprezível se comparada com uma das componentes de incerteza
do material, como por exemplo a caracterização.
56
(ISO GUIDE 35:2006)
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Conceitos

™ Um estudo de homogeneidade é necessário na certificação


de um lote de um MR para demonstrar que as unidades deste
lote são suficientemente homogêneas entre si.

9 Se a matriz em questão é uma solução ou um material puro:


o estudo de homogeneidade é necessário para comprovar a
homogeneidade e para detectar possíveis falhas no processo
de preparação. (ISO GUIDE 35:2006) 57
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Conceitos

9 Se a matriz em questão for heterogênea por natureza,

como por exemplo uma mistura em pó, minérios ou ligas

metálicas: o estudo de homogeneidade é necessário para

estimar o grau de não homogeneidade. Durante a preparação

devem ser empregadas medidas para aumentar o nível de

homogeneidade.
(ISO GUIDE 35:2006) 58
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Conceitos
9 Matriz heterogênea: Magnitude da incerteza entre as amostras
do MR: Pode ser pequena ou desprezível em relação à incerteza
da caracterização ou da estabilidade , porém em alguns casos é
inevitável que esta seja da mesma magnitude da incerteza da
caracterização. Todo este processo será dependente das medidas
que forem tomadas durante o processo de preparação do lote
para se aumentar o grau de homogeneidade.

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Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Conceitos
9 Matrizes no estado sólido: > grau de heterogeneidade. Há a
necessidade de se determinar a menor porção a ser tomada na
qual se considera que o MR ainda é homogêneo: Estudo “dentro
da amostra”. Este estudo não é agregado para o cálculo da
incerteza da propriedade a ser certificada.
9 Para este tipo de material (ex.: lama, material particulado, etc.) é
essencial que se tenha instruções específicas para o uso, por
exemplo: a agitação do material e a quantidade mínima a ser
60
retirada para uma análise.
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Conceitos
9 É importante ter em mente que existe um limite experimental para se
detectar o grau de heterogeneidade de um lote de MR. Limite este,
estabelecido pelo método de medição (extração, clean-up, equipamento)
que está se utilizando para se determinar o grau de heterogeneidade.
Podem ocorrer duas situações: a) a repetitividade pobre do método pode
determinar um grau maior de heterogeneidade na amostra, ou b) pode
mascarar um grau de heterogeneidade existente. Nos casos em que não
há métodos de melhor repetitividade disponíveis, recomenda-se se utilizar
subamostras de elevado volume, de forma que a subamostragem não
contribua significativamente para a incerteza. 61
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: número mínimo de amostras


9 A ISO Guide 35:2006 não estabelece um número mínimo de amostras
(garrafas) para um estudo de homogeneidade. O guia recomenda
que este número seja entre 10 e 30, mas não menor do que 10.
No entanto, também ressalta que o número de amostras para o estudo
de homogeneidade depende do tamanho de lote, devendo ser
representativo de todo o lote, devendo ser considerada a abordagem
estatística a ser utilizada.
9 É importante ressaltar que o estudo de homogeneidade deve ser
feito sob condições de repetitividade. 62
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: número mínimo de amostras

Número mínimo de
Número de unidades no
unidades para o estudo
lote (N)
de homogeneidade (n)
1-10
11-49
50-64
Todos os itens
11
12
n = 3⋅ N 3

65-81 13
82-101 14
102-125 15
126-151 16
152-181 17 Referência: Methods for
182-216 18
217-254 19
sampling chemical products.
255-296 20 Part 1. Introduction and
297-343 21 general principles. British
344-394 22 Standards Institution.
395-450 23
451-512 24 BS 5309 : Part 1 : 1976
63
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: O que fazer quando há um


número grande de propriedades a serem
certificadas?
9 Quando a verificação do grau de homogeneidade de um MRC quanto
a todas as propriedade certificadas não for viável, o estudo de
homogeneidade pode ser feito somente para algumas propriedades, que
devem ser representativas e cuidadosamente escolhidas.
Ex.: Diferentes elementos que estão presentes nas fases minerais de um
MR ⇒ pode-se assumir que o MR tem um grau de homogeneidade similar
para os elementos não estudados.
64
Material de Referência Certificado

¾ Contudo, evidências adicionais da homogeneidade do material


nas propriedades não estudadas experimentalmente devem ser
obtidas, sejam dados da literatura, ou ainda pelos estudos de
estabilidade e pela caracterização do material.

™ A magnitude do grau de não homogeneidade nas propriedades


estudadas experimentalmente deve ser transferida para as
propriedades não estudadas, tendo-se evidências de que o grau de
homogeneidade não está superestimado.
65
Material de Referência Certificado

Medições no Estudo de Homogeneidade


¾ Sob condição de repetitividade;
¾ As medições devem ser realizadas de forma que qualquer
tendência devido às análises possa ser distinguida de uma tendência
relacionada à batelada das amostras;


9 Esta avaliação pode ser feita através da medição das replicatas
das amostras em uma ordem aleatória.
66
Material de Referência Certificado

Medições no Estudo de Homogeneidade


Replicata 1: 1-3-5-7-9-24-6-8-10
Replicata 2: 10-9-8-7-6-5-4-3-2-1
Replicata 3: 2-4-6-8-10-1-3-5-7-9

¾ Uma tendência devido a um desvio nas medições (analítico) pode ser


detectada através de uma análise de tendência dos resultados,
avaliando-os na ordem exata da medição.

¾ Uma tendência devido à preparação das amostras pode ser detectada


pela análise da média das “garrafas” como uma função da sequência
numérica. 67
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: escolha das amostras

São mais utilizadas e


9 Amostragem aleatória; garantem um conjunto de
amostras representativo de
9Amostragem aleatória estratificada;
todo o lote.

9 Amostragem sistemática: só deve ser


utilizada se houver a certeza de que não será detectada
heterogeneidade no lote.

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Material de Referência Certificado

Homogeneidade: tipos de amostragem


9 Amostragem aleatória: as n unidades que compõem a amostra
são selecionadas de tal forma que todas as possíveis amostras têm
a mesma probabilidade de serem escolhidas. Se há uma população
finita com N elementos, escreve-se cada elemento da população
num cartão, mistura-se os cartões e são sorteados n cartões para a
amostra.

9 Amostragem aleatória estratificada: a população é dividida em


subpopulações ou estratos, em geral de acordo com os valores ou
categorias de alguma variável. Em seguida, uma amostragem
69
aleatória é empregada na seleção de uma amostra de cada estrato.
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: tipos de amostragem

9 Amostragem sistemática: tem-se uma lista das unidades da


população. Fixa-se um número k e seleciona-se um elemento
entre os k primeiros da listagem. Depois observa-se,
sistematicamente, unidades separadas por k unidades.

Por exemplo, se k=10 e é sorteado o 8° elemento, em seguida


observa-se o 18°, 28°, etc.

70
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Planejamento 1
Unidade No. 1 Unidade No. 2 Unidade No. y

n sub amostras n sub amostras n sub amostras


Dentro das unidades

n transformações n transformações n transformações

n medições n medições n medições

Entre as unidades 71
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Planejamento 1

¾ Situação ideal !!!

9 A heterogeneidade entre as unidades é expressa pela variância


“entre as unidades”.
9 A variância “dentro das unidades” inclui a incerteza devido às
medições, as transformações e as sub-amostragens.

72
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Planejamento 2

Unidade No. 1 Unidade No. 2 Unidade No. y


Dentro das unidades

Transformação Transformação Transformação

n medições n medições n medições

Entre as unidades
73
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Planejamento 2
¾ Design realizado quando a sub-amostragem das unidades é
impossível ou não é realizado por motivos adversos, por exemplo,
por razões econômicas.

9 A heterogeneidade entre as unidades é expressa pela variância


“entre as unidades”. A “transformação” das unidades impacta mais
para a variância.
9 A variância “dentro das unidades” inclui somente a repetitividade
das medições. Nos casos em que não há mais de uma medição por
unidade, a homogeneidade “dentro das unidades” não é contemplada.
74
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Estudo dentro


de uma mesma unidade
9 É realizado para se determinar a menor quantidade que pode
ser tomada de uma unidade do MRC, de forma a se garantir a
homogeneidade em todas as porções do material.

9 Esta quantidade mínima a ser utilizada é correspondente a menor


quantidade cujo desvio padrão entre as sub-unidades é igual ao
desvio padrão da repetitividade do método de medição.
75
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Planejamento ⇒
Estudo dentro de uma mesma unidade
Unidade No. X

Sub-amostra n° 1 Sub-amostra n° 2 Sub-amostra n° a


Dentro das sub-amostras

Transformação Transformação Transformação

n medições n medições n medições


76
Entre as sub-amostras
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Estatística

ANOVA

= =
MQ entre
− MQ dentro
u s
bb bb n

ubb: incerteza da homogeneidade entre as unidades

MQentre: variação entre as unidades


MQdentro: variação dentro das unidades
n: número de replicatas
77
(ISO GUIDE 35:2006)
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Estatística
¾ Quando o método de medição apresentar repetitividade
insuficiente:

MQentre < MQdentro

MQ 2
u bb
= dentro
⋅4
n gl MQdentro

ubb: incerteza da homogeneidade entre as unidades


MQdentro: variação dentro das unidades
gldentro: graus de liberdade
78
n: número de replicatas (ISO GUIDE 35:2006)
Material de Referência Certificado

Homogeneidade: Estatística

¾ Qual das duas fórmulas utilizar?

9 Sugestão: Calcula-se ubb por ambas as


fórmulas e utiliza-se o maior valor.

79
Material de Referência Certificado

Homogeneidade

¾ Exemplos Práticos!
Material de Referência Certificado

Caracterização

Estabilidade

Homogeneidade

81
Material de Referência Certificado

O processo de certificação de um material de referência é totalmente


dependente do preparo, da determinação analítica
e das características físico-químicas do material

=
Caracterização
+ Incerteza de Medição
82
Material de Referência Certificado

CARACTERIZAÇÃO

ƒ A caracterização de um MR é a determinação de um ou mais


valores de propriedades químicas, físicas, biológicas ou
tecnológicas relevantes ao uso pretendido.
(ABNT ISO GUIA 30:2000)

83
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade do MRC

ƒ Como um padrão de medição, o valor de propriedade de


um MRC precisa ser rastreável a unidades apropriadas e/ou
referências. Existem várias possibilidades de se atingir este
objetivo, a escolha apropriada deve ser baseada no uso
pretendido do MRC.
(ISO GUIDE 35:2006 – 9.2)

84
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade

ƒ A rastreabilidade é necessária para estabelecer a


comparabilidade dos resultados de medição no tempo e no
espaço. Um valor “carregado” por um material de referência
pode ser uma parte essencial da cadeia de rastreabilidade
de um resultado de medição.

ƒ P. De Bièvre and H. Kipphardt. Berlim. Maio, 2000.

85
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade

Solução A

Solução B

⇒ Os resultados das pesagens das duas soluções são comparáveis, somente


se os valores das massas padrão utilizadas forem rastreáveis ao valor de uma
unidade comum, no caso K (protótipo internacional do kilograma – padrão
86
primário de medição para a quantidade de massa).
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade

⇒ “Em medições de quantidade de matéria, os químicos pensam algumas


vezes na rastreabilidade como sendo estabelecida através de uma cadeia de
artefatos, tendo como ponto final da rastreabilidade um mol (artefato) da
substância. Esta analogia com a cadeia de rastreabilidade de massa é
incorreta, desde que “um mol” não está disponível para uso em um
laboratório.

ƒ P. De Bièvre and P.D.P. Taylor. Traceability to the SI of amount-of-substance measurements: from ignoring to
realizing, a chemist´s view. Metrologia, 34, 67-75, 1997. 87
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade
⇒ Para que medições de quantidade de matéria sejam rastreáveis
deve-se:

ƒ Rastrear resultados de medição (números);


ƒ Conectar qualquer material de referência primário ao SI.

ƒ P. De Bièvre and P.D.P. Taylor. Traceability to the SI of amount-of-substance measurements: from ignoring to
realizing, a chemist´s view. Metrologia, 34, 67-75, 1997.
88
Material de Referência Certificado

O que o Conceito de Rastreabilidade Significa?

ƒ Estabelecer a rastreabilidade é comparar um valor de


medição desconhecido com um valor conhecido (com
incerteza estabelecida), que por sua vez é ligado a um outro
valor conhecido, e assim sucessivamente. Cada valor
conhecido tem uma incerteza de medição menor do que o
valor desconhecido.

ƒ P. De Bièvre and H. Kipphardt. Berlim. Maio, 2000. 89


Material de Referência Certificado

O que o Conceito de Rastreabilidade Significa?

⇒ A rastreabilidade é a propriedade de um resultado de medição, logo


de um valor. A rastreabilidade é transferida de um valor para outro
valor;
⇒ A rastreabilidade implica em se ter resultados de medição em uma
cadeia de comparações, com cada resultado de medição tendo uma
incerteza estabelecida;
⇒ Muito frequentemente problemas atribuídos à ausência ou
deficiência de rastreabilidade são, de fato, problemas de não
identificação dos pontos de comparação na cadeia de rastreabilidade
(O que influencia o resultado? Quais parâmetros?);
90
ƒ P. De Bièvre and H. Kipphardt. Berlim. Maio, 2000.
Material de Referência Certificado

O que o Conceito de Rastreabilidade Significa?

⇒ O ponto final de uma cadeia de rastreabilidade é o valor de um


“padrão internacional”, ou seja, de uma escala de medição,
estabelecida com valores de materiais de referência ou o valor de uma
unidade SI;

⇒ Uma vez que materiais de referência “carregam” valores, estes


devem também terem estabelecidas suas cadeias de rastreabilidade;

⇒ As cadeias de rastreabilidade podem ter cadeias laterais para os


resultados de medição de quantidades de influência.
ƒ P. De Bièvre and H. Kipphardt. Berlim. Maio, 2000. 91
Material de Referência Certificado

Portanto:

™ A rastreabilidade não é relacionada a um método, a um


instrumento, a um material ou a uma instituição, mas sempre a um
outro valor.

™ Estabelecer a cadeia de rastreabilidade é um requerimento


prioritário. Esta deve ser planejada antes da medição. A
rastreabilidade não é o resultado de uma medição!

ƒ Paul De Bièvre. Traceability of (values carried by) reference materials. Accreditation and Quality
Assurance. 5, 224-230, 2000.
92
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade do MRC
ƒ Quando possível, os valores de propriedade devem ser
rastreáveis a unidades do SI (Sistema Internacional de
Unidades), e expressos na unidade correspondente.

ƒ Os MR podem ser desenvolvidos sendo rastreáveis a outros


padrões de medição ou artefatos, como por exemplo outros
MRC ou MR. Neste caso estes MRC ou MR são utilizados como
padrões de medição na calibração (preferencialmente utilizar os
MRC). Uma amostra controle, diferente do padrão de medição,
93
também deve ser utilizada.
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade do MRC

ƒ Muitos MR são obtidos pela realização de uma unidade


estabelecida em um método padrão. Neste caso, estes MR
devem ser rastreáveis a resultados obtidos seguindo-se
estritamente o método padrão e/ou a procedimentos
operacionais padrão, desenvolvidos com base no método
padrão.
Ex.: escala para pH (realização primária: célula Harned) e
número de octano (gasolina).
94
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade do MRC
9 Aspectos que devem estar sob controle para se estabelecer e
demonstrar a rastreabilidade do resultado:

ƒ Pesagem das amostras


ƒ Pureza dos reagentes, solventes e “materiais puros”
ƒ Calibração dos equipamentos e vidrarias
ƒ Interferências no sinal da medição (ex.: cromatograma – picos)
ƒ Técnicas estatísticas apropriadas para a realização dos
cálculos
ƒ Contaminações, perdas e falhas no processo de medição

95
Validação do método !!!
Material de Referência Certificado

RASTREABILIDADE

™ NIST Special Publication 1012.

An Approach to the Metrologically Sound Traceable


Assessment of the Chemical Purity of Organic Reference
Materials.

David L. Duewer, Reenie M. Parris, Edward White V, Willie E.


May and Howard Elbaum – September, 2004.

96
Material de Referência Certificado

RASTREABILIDADE
¾ Em se tratando de substâncias químicas puras, as quais muitas
vezes são utilizadas como materiais de referência, o
estabelecimento da rastreabilidade ao Sistema Internacional de
Unidades (SI) da medição da pureza, requer um completo
conhecimento da composição do material analisado. Neste caso, a
rastreabilidade das medições químicas ao SI é realizada através de
substâncias apropriadamente caracterizadas quanto a sua estrutura
química (análise qualitativa) e sua composição (análise quantitativa).

ƒ Duewer, D., Parris, R.M., White V, E., May, W.E. and Elbaum, H.
An approach to the metrologically sound traceable assessment of the chemical purity of organic
97
reference materials. NIST Special Publication 1012, 2004.
Material de Referência Certificado

CARACTERIZAÇÃO

ƒ A caracterização de um MR é a determinação de um ou mais


valores de propriedades químicas, físicas, biológicas ou
tecnológicas relevantes ao uso pretendido.
(ABNT ISO GUIA 30:2000)

98
Material de Referência Certificado

Formas de Caracterização

a) Medições através de um único método de medição (método

primário) preferencialmente em duplicata, por um único


laboratório;

b) Medições através de dois ou mais métodos de referência


independentes em um único laboratório;

ISO GUIDE 34:2000 ⇔ ISO GUIDE 35:2006


99
Material de Referência Certificado

Formas de Caracterização

c) Medições realizadas por uma rede de laboratórios,


utilizando um ou mais métodos de exatidão comprovada, que
sejam aptos a medir a incerteza de medição do processo;

d) Medições envolvendo uma rede de laboratórios utilizando


um método de medição específico.

ISO GUIDE 34:2000 ⇔ ISO GUIDE 35:2006


100
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR

ƒ O aspecto mais importante a ser considerado na escolha


da forma de caracterização para a certificação de um MR, é
a contribuição dos diferentes componentes de incerteza
para a incerteza do valor da propriedade. É importante ter
em mente que o valor da propriedade e sua incerteza,
precisam ser demonstrados. Contudo, a escolha da melhor
forma para caracterizar um MR depende da disponibilidade
dos métodos e da matriz do MR.

101
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR: exemplos


ƒ Certificação da composição química: a abordagem “a” (um
único método) é perfeitamente aplicável.

ƒ Certificação de materiais com matrizes complexas: a


abordagem “a” pode implicar no risco de se ter perdas com
efeitos de matriz e/ou outros tipos de interferência. Para estes
MRC é recomendável se ter pelo menos dois resultados
independentes de dois métodos independentes, podendo ainda
se utilizar dois diferentes grupos (comparação bilateral). 102
Material de Referência Certificado

Caracterização ⇔ Método Primário

Método primário de medição é um método que possui


as mais elevadas propriedades metrológicas,
cuja operação pode ser completamente
descrita e compreendida, e para o qual se estabelece
uma estimativa completa da incerteza de medição
em termos de unidades do
Sistema Internacional de Unidades (SI).

(ISO GUIDE 35:2006) 103


Material de Referência Certificado

Caracterização ⇔ Método Primário

¾ Um método primário direto mede um valor desconhecido


sem referência a um padrão da mesma quantidade.

9 Um método primário de razão mede o valor da razão de uma


propriedade desconhecida em relação a um padrão da mesma
quantidade, sendo esta operação completamente descrita através
de uma equação da medição.

(ISO GUIDE 35:2006) 104


Material de Referência Certificado

Caracterização ⇔ Método Primário

Nem sempre é possível a utilização de


um método primário de medição, uma vez que
não existem métodos primários para todas as
quantidades a serem medidas.

(ISO GUIDE 35:2006)


105
Material de Referência Certificado

Método Primário ⇔ CCQM

ƒ Espectrometria de Massas com Diluição Isotópica – IDMS

ƒ Coulometria

ƒ Gravimetria

ƒ Titulometria

ƒ Determinação do ponto de congelamento (pureza)

ƒ Obs: Há a perspectiva de que esta lista seja estendida futuramente.


106
(ISO GUIDE 35:2006)
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR:
Comparação Interlaboratorial

¾ Existir uma população de métodos/laboratórios que sejam


igualmente capazes em determinar as características do MR,
provendo resultados que tenham exatidão aceitável.

¾ As diferenças entre os resultados individuais, dentro ou entre


um mesmo método/laboratórios, sejam de natureza estatística.
107
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR:
Comparação Interlaboratorial
9 Laboratórios: podem ser de diferentes grupos ou laboratórios de
uma mesma instituição.

9 Número de laboratórios: espera-se que quanto mais complexo o


procedimento de medição, maior seja este número, porém esta
complexidade pode levar a uma limitação do número de labs.

9 Se métodos de medição bem estabelecidos existem para a


propriedade de interesse, o número de laboratórios pode ser de
somente 2 ou 3 (ex.: uso de métodos primários de medição em MR
de matriz). 108
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR:
Comparação Interlaboratorial
9 Quando o controle estatístico e metrológico for menor, mas os
resultados são tecnicamente e estatisticamente válidos, o número mínimo
de laboratórios é de 6 a 8.

9 Se existe a chance de se ter resultados inválidos técnica e


estatisticamente (controle estatístico limitado) o número mínimo de
laboratórios deve ser de 10, porém preferencialmente 15. Este número de
laboratórios permitirá um tratamento estatistístico adequado para a
eliminação de valores dispersos (outliers) e ainda possibilitará a obtenção
de um valor de incerteza de medição adequado para o valor da
109
propriedade em certificação.
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR:
Comparação Interlaboratorial
9 Número de unidades e replicatas: usualmente 2 unidades são
suficientes, com 6 replicatas distribuídas em pelo menos 2 dias. Todas as
replicatas devem ser realizadas, preferencialmente, com calibrações
independentes. Se o estudo interlaboratorial for para confirmar a
homogeneidade do MR, cada laboratório deve analisar de 3 a 4 unidades
do MR.
9 Método de medição: se existir um procedimento de medição padrão
bem estabelecido, os laboratórios participantes da comparação podem
utilizar um único método. Caso não haja, cada laboratório deve utilizar o
110
método de sua escolha, desde que validado.
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR:
Comparação Interlaboratorial
9 Relatório dos resultados: os laboratórios podem reportar os
resultados para a instituição organizadora (responsável pela
certificação) de duas formas: a) se for requerido aos laboratórios
declararem a incerteza de sua medição, cada laboratório pode reportar
somente o resultado de medição, com a incerteza expandida e o fator
de abrangência. Preferencialmente os laboratórios devem enviar o
planejamento completo da incerteza; b) se nenhuma informação sobre
a incerteza for requerida, os laboratórios participantes devem reportar
os resultados de cada replicata, e não a média. 111
Material de Referência Certificado

Rastreabilidade: Comparação
Interlaboratorial
¾ As comparações interlaboratoriais (rodadas de certificação)
onde a calibração não é baseada em substâncias puras e
estequiométricas e/ou o processo de medição não é
completamente controlado são úteis para estabelecer o grau de
equivalência da capacidade de medição entre os laboratórios,
para estabelecer necessidades de correção e,
consequentemente, para a redução de incerteza. Contudo, estas
comparações são inválidas para estabelecer a rastreabilidade.
112
ƒ P. De Biévre and H. Kipphardt. Berlim. Maio, 2000.
Material de Referência Certificado

Caracterização do MR:
Comparação Interlaboratorial

™ Quando uma comparação interlaboratorial está sendo


utilizada para a certificação de um MR, o uso de um material
de referência comum a todos os laboratórios, auxiliará na
verificação da equivalência dos laboratórios e assegurará a
rastreabilidade.
Material de Referência Certificado

3,4
Amostra da CCQM-K50
m a s s fra c tio n µ g / g

2,9

2,4 HPA em material


particulado: CCQM-K50
1,9
N IS T

N M IJ

IN M E T R O
IR M M

LG C

LNE

W a te rc a re
BAM

CENAM
1 2 3 4 6 7 8 9

2,9 control NIST SRM

m a s s fra c tio n µ g /g
1649a
2,7

2,5

2,3

2,1

N IS T
N M IJ

IN M E T R O
IR M M

LG C

LNE

W a te rc a re
SRM 1649a: material de 1 BAM
3 4 6 2 8 9
controle da CCQM-K50
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Conceitos

™ Um estudo de estabilidade tem como objetivo determinar


o grau de instabillidade de um material candidato a ser
um material de referência ou confirmar a estabilidade
de um material.

¾ Mesmo um material considerado estável pode apresentar


instabilidade para um ou mais valores de propriedade.
115
(ISO GUIDE 35:2006)
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Exemplo Hipotético

Situação Ideal!!! 116


Material de Referência Certificado

Estabilidade: Exemplo Hipotético

5
4,5
Valor da propriedade

4
3,5
certificada

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Meses
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Exemplo Hipotético

2,5
Valor da propriedade

2
certificada

1,5

0,5

0
1 2 3 4 5 6
Meses
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Conceitos

Condições de Condições de
armazenamento transporte

Estudo de estabilidade Estudo de estabilidade


de longa duração de curta duração

(ISO GUIDE 35:2006) 119


Material de Referência Certificado

Estabilidade: Conceitos
Estudo de estabilidade Estudo de estabilidade
de longa duração de curta duração

Temperatura de referência: Temperatura de referência


temperatura na qual o e
material é considerado em diferentes
estável temperaturas: estimar o efeito
e de diferentes condições
Temperatura de de temperatura sobre o MR
armazenamento
120
Material de Referência Certificado

Estudo de Estabilidade de Curta Duração:


Conceitos
ƒ Deve ser realizado estando o material embalado tal qual será
destinado aos clientes.

ƒ A temperatura pode variar de - 50 °C a 70 °C (depende do meio e


do local do transporte).

ƒ Tempo de duração: em média de 1 a 2 meses (pode ser


estendido para 6 a 12 meses para se ganhar informações sobre o
armazenamento). 121
Material de Referência Certificado

Estudo de Estabilidade de Curta Duração:


Conceitos
ƒ Unidades a serem estudadas em cada temperatura: 6 a 10
(sugestão).

ƒ Frequência de análise: 3 a 5 vezes (Esta é uma sugestão, porém


recomenda-se que sejam analisadas pelo menos 2 unidades em
cada análise).

ƒ É recomendável aplicar condições para o transporte, para as


quais a instabilidade do material não seja maior do que a
instabilidade no estudo de estabilidade de longa duração, pois
neste caso, não é necessário incluir a incerteza da estabilidade de
curta duração na certificação (item 8.2 – ISO GUIDE 35). 122
Material de Referência Certificado

Estabilidade
¾ Para vários tipos de materiais de referência (ex.: área clínica,
biológica e ambiental), não é óbvio que as condições de transporte
do material sejam mantidas de forma a permitir que o efeito do
transporte na estabilidade do material seja ignorado. Nestas
condições é importante saber o que acontecerá à amostra se as
condições adequadas de tranporte não forem mantidas. Quando
não há nenhuma informação prévia, recomenda-se a realização de
um estudo de estabilidade de curta duração em diferentes
temperaturas. (item 8.2 – ISO GUIDE 35 e Van der Veen, A.M.H.; Linsinger, T.P.J.;
Lamberty, A.; Pauwels, J. Uncertainty calculations in the certification of reference
materials. 3. Stability study. Accreditation and Quality Assurance. 6:257-263, 2001.)
123
Material de Referência Certificado

Estabilidade
¾Amostra para a CCQM-K55a: Pureza do β-estradiol.

124
Material de Referência Certificado

Estudo de Estabilidade de Longa Duração:


Conceitos
ƒ Deve ser realizado estando o material embalado tal qual será
destinado aos clientes.
ƒ Temperaturas: pelo menos a de referência e uma temperatura
de armazenamento.
ƒ Tempo de duração: em média de 24 a 36 meses.
ƒ Unidades a serem estudadas em cada temperatura: 10 a 12 no
mínimo.
ƒ Frequência de análise: 5 a 6 vezes (Esta é uma sugestão, porém
recomenda-se que sejam analisadas pelo menos 2 unidades em
cada análise). 125
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Planejamento

ƒEstudo de estabilidade clássico

ou

ƒ Estudo de estabilidade isócrono

(ISO GUIDE 35:2006) 126


Material de Referência Certificado

Estabilidade: Planejamento

ƒ Estudo de estabilidade clássico:

9 Amostras individuais são preparadas ao mesmo


tempo (mesma batelada), sob condições idênticas,
sendo medidas em tempos separados .

(ISO GUIDE 35:2006) 127


Material de Referência Certificado

Estabilidade: Planejamento
ƒ Estudo de estabilidade clássico:
9 Medições são realizadas sob condições de reprodutibilidade.

Repetitividade

9 Incerteza elevada ⇒ instabilidade do sistema está incluída.


128
(ISO GUIDE 35:2006)
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Planejamento
ƒ Estudo de estabilidade isócrono:

9 Amostras individuais são preparadas ao mesmo tempo (mesma


batelada), sob condições idênticas, porém as medições são
realizadas no mesmo experimento, ocorrendo portanto sob
condições de repetitividade, em “uma única corrida”, ou seja, com a
mesma calibração.

9 Somente é recomendado para certificações em batelada. Não deve


ser utilizado quando um único artefato está sendo certificado.
129
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Planejamento
Clássico X Isócrono
9 Medições sob condições 9 Medições sob condições
de reprodutibilidade de repetitividade

9 A instabilidade do 9 A instabilidade do
sistema contribui para a sistema não é preponderante
incerteza para a incerteza

9 Em geral conduz a 9 Em geral conduz a


incertezas elevadas incertezas inferiores daquelas
do planejamento clássico
9 A estabilidade do material 9 A estabilidade do material
é conhecida a cada análise é conhecida somente no final
130
do estudo
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Conceitos

™ Um estudo de estabilidade não é somente conduzido para


determinar a incerteza da medição associada à estabilidade
do material, mas também para estimar com segurança
as condições de transporte e armazenamento do material.

131
Material de Referência Certificado

Estabilidade ⇒ É importante ter em mente:

¾ Um estudo de estabilidade é afetado pelas seguintes fontes


de incerteza:

9 Repetitividade da medição;
9 Instabilidade do material;
9 Instabilidade do sistema de medição (estudo clássico);
9 Aspectos de reprodutibilidade (ex.: operador, equipamento);
9 Heterogeneidade entre as unidades: se esta for elevada,
recomenda-se no estudo de estabilidade se utilizar um
número maior de amostras em cada tempo estudado.
132
Material de Referência Certificado

Avaliação da Estabilidade

™ O resultado do estudo de estabilidade só é significativo se o


desvio padrão da repetitividade da medição, em conjunto com
o desvio padrão da homogeneidade entre as amostras, for
suficientemente pequeno. Isto é demonstrado se o desvio
padrão da repetitividade é comparável com o do estudo de
homogeneidade e o da caracterização do material.

133
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Armazenamento e Transporte


Análise Estatística
• Modelo Empírico: Equação da reta: Y = b1*X + b0

∑(X
b1 = inclinação;
i − X )(Yi − Y ) b0 = intercessão;
b1 = i =1
n
Xi = tempo i;
X = média dos tempos i;
∑ i
( X
i =1
− X ) 2
Yi = valor da propriedade
em certificação no tempo i;
Y = média dos valores da
propriedade em certificação
b0 = Y − b1 X nos diferentes tempos.
134
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Exemplo Hipotético

135
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Armazenamento e Transporte


u estab . = s ( b 1 ) ⋅ t uestab.= incerteza inerente à estabilidade;
s(b1) = incerteza associada à inclinação;
t = tempo de prateleira.

s (b1 ) =
s s = desvio padrão dos valores
n da propriedade em certificação em
∑(X − X )
i =1
i
2 relação à curva.

∑ (Y − b i 0 − b1 X i ) 2
n = número de pontos estudados.
s =
2 i =1
n−2 136
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Armazenamento e Transporte


Se os dados não apresentarem qualquer tendência

Critérios de Avaliação:

¾ Fator t de Student ⇒ b1 < t 0 , 95 ;n − 2 ⋅ s (b1 )

A inclinação e a regressão são insignificantes.


Como consequência, não há instabilidade!

¾ Teste F: Análise de Variância da Regressão ⇒ p > 0 ,05


137
Material de Referência Certificado

EXEMPLO ⇒ Estabilidade

9 Tabela de regressão:

138
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Exemplos
¾Caso 1: Planejamento Isócrono
⇒ Estudo de estabilidade de curta duração:
* Incerteza inerente ao transporte das amostras.

¾Caso 2: Planejamento Clássico


⇒ Estudo de estabilidade de longa duração:
* Incerteza inerente ao armazenamento das amostras.

9 Mensurando: Fração mássica de etanol


139
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Transporte e Armazenamento

• Modelo Empírico: Equação da reta: Y = b1*X + b0

• Y: mensurando ⇒ [ETOH]
• X: tempo
• b1: inclinação da reta ⇒ b1 ≅ 0
• b0: intercessão ⇒ X = 0 → b0 = mensurando ⇒ [ETOH]

Observação: os valores encontrados para s(b1), b1 e valor-p nos slides seguintes,


são ligeiramente diferentes daqueles apresentados no artigo: Evaluation of the
stability of ethanol in water certified reference material: measurement uncertainty
under transport and storage conditions. Accreditation and Quality Assurance,
13:717–721, 2008, devido ao arredondamento utilizado para esta apresentação. 140
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Transporte
Estudo de Estabilidade de Curta Duração

7 dias Variação de Temperatura: 4 a 60 ºC

• 1a Etapa: Tempo Zero →


• Produção das amostras: 9 garrafas por [ETOH];
• Pesagem de todas as garrafas;
• Colocação das amostras de referência na T = 4 ºC;
• Colocação das demais amostras na T = 60 ºC.
141
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Transporte

• 2a Etapa: 2º dia →

• Retirada de 2 garrafas da T = 60º C;


• Ambientação das garrafas a T do laboratório (21 ºC);
• Pesagem das 2 garrafas;
•Colocação das 2 garrafas na T = 4 ºC (T de referência).

• 3a Etapa: 4º dia → idem ao 2º dia, pesando duas novas garrafas.

142
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Transporte
• 4a Etapa: 7º dia → idem ao 2º dia, pesando mais duas
novas garrafas.

• 5a Etapa: 8º dia →

• Retirada de todas as garrafas da T de referência (4 ºC);


• Ambientação das garrafas a T do laboratório (21 ºC);
• Pesagem de todas as garrafas;
• Análise por GC-FID de todas as garrafas.

143
Material de Referência Certificado

Estudo de Estabilidade de Curta Duração


Etanol Número de dias na estufa
(% p/p)
g etanol/100 g solução 0 2 4 7
[1] 0,0507 0,0507 0,0508 0,0507
[1] 0,0507 0,0508 0,0506 0,0507
[2] 0,0891 0,0888 0,0892 0,0889
[2] 0,0891 0,0890 0,0893 0,0892
[3] 0,1155 0,1158 0,1155 0,1157
[3] 0,1155 0,1155 0,1154 0,1153
[4] 0,3887 0,3893 0,3898 0,3885
[4] 0,3887 0,3909 0,3905 0,3909
[5] 0,4576 0,4587 0,4591 0,4588
[5] 0,4576 0,4577 0,4583 0,4567 144
Material de Referência Certificado

EXEMPLO ⇒ INCERTEZA: Transporte


DIAS [ETOH]
Xi-X Yi-Y (Xi-X)(Yi-Y) (Xi-X)^2
(X) (Y)
0 0,08910 -3,25 2,50E-05 -8,125E-05 10,5625

2 0,08890 -1,25 -1,75E-04 2,1875 E-04 1,5625

4 0,08925 0,75 1,75E-04 1,3125 E-04 0,5625

7 0,08905 3,75 -2,50E-05 -9,375E-05 14,0625

Somatório 13 0,3563 1,75 E-04 26,75

Média 3,25 0,089075

b1 = 6,5421E-06 b0 = 0,089054 145


Material de Referência Certificado

EXEMPLO ⇒ INCERTEZA: Transporte


D IAS [E T O H ]
(Y i – b 0 – b 1 X i)^2
(X ) (Y )
0 0,08910 2,1160E -09
2 0,08890 2,7917E -08
4 0,08925 2,8843E -08
7 0,08905 2,4795E -09
S o m ató rio 13 0,3563 6,1356E -08
n 4 n-2 2
s2 3,0678E -08
146
s 1,7515E -04
Material de Referência Certificado

EXEMPLO ⇒ INCERTEZA: Transporte


DIAS (X) (X i-X)^2
0 10,5625
2 1,5625
4 0,5625
7 14,0625
Somatório 13 26,75
s 1,7515E-04
s(b 1) 3,3865E-05

u estab . = s (b1 ) ⋅ t u(estab.) = 0,000237 g etanol/100 g solução


7 dias 147
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Armazenamento
Estudo de Estabilidade de Longa Duração

13 meses

• 1a Etapa: Tempo Zero → produção das amostras;

• 2a Etapa: Tempo Zero → análise das amostras controle;

• 3a Etapa: 1 mês → análise das amostras uma vez por semana;

• 4a Etapa: 5 meses → análise das amostras uma vez por mês;

• 5a Etapa: 7 meses → análise das amostras uma vez a cada


dois meses. 148
Material de Referência Certificado

INCERTEZA: Armazenamento

Estudo de Estabilidade de Longa Duração

• Utilizam-se as mesmas equações do cálculo da incerteza inerente


ao transporte, devendo ser considerado o tempo do estudo de longa
duração, que neste caso é de 52 semanas.

u estab . = s (b1 ) ⋅ t u(estab.) = 0,000539 g etanol/100 g solução

52 semanas 149
Material de Referência Certificado

Estabilidade
Isócrono X Clássico

u(estab.) = 0,000237 % < u(estab.) = 0,000539 %

¾ Neste caso, o efeito da estabilidade de curta duração não precisa


ser considerado. O produtor pode somente especificar as
condições adequadas de transporte do material, reduzindo assim a
componente de incerteza referente à estabilidade. Ou seja, o efeito
das condições de transporte é considerado como nulo (zero),
sendo considerado como já incluso na estabilidade de longa
duração. (item 8.2 – ISO GUIDE 35 e Van der Veen, A.M.H.; Linsinger, T.P.J.;
Lamberty, A.; Pauwels, J. Uncertainty calculations in the certification of reference
materials. 3. Stability study. Accreditation and Quality Assurance. 6:257-263, 2001.)
150
Material de Referência Certificado

Estabilidade: exemplo
™ Estudo de curta duração: Isócrono
p-level
Slope (b) u Stability*
Mass fraction (p) s(b) t 0.95.n-2 •s(b)
0.5 mg/g -8.507E-05 0.2214 0.0034 6.4743E-05 1.4646E-04
0.9 mg/g -1.339E-04 0.2285 0.0054 1.0360E-04 2.3436E-04
1.1 mg/g -9.028E-05 0.4997 0.0067 1.2840E-04 2.9046E-04
4.6 mg/g -5.890E-04 0.3040 0.024 4.6689E-04 1.0562E-03

™ Estudo de longa duração: Clássico


p-level
Mass fraction Slope (b) u Stability*
(p) s(b) t 0.95.n-2• s(b)

0.5 mg/g -1.589E-05 0.8127 0.00041 5.8918E-05 2.5350E-04


0.9 mg/g 5.293E-05 0.8875 0.0023 3.3065E-04 1.4227E-03
1.1 mg/g 1.822E-04 0.4244 0.0013 1.8304E-04 7.8756E-04
3.8 mg/g 1.216E-03 0.4713 0.0097 1.3804E-03 5.9394E-03
4.6 mg/g 2.359E-04 0.8506 0.0077 1.1042E-03 4.7510E-03
Material de Referência Certificado

Estabilidade: Incerteza e Tempo de Prateleira


¾ Considerando que o MRC é composto por várias unidades de um
mesmo lote, o estudo de estabilidade de longa duração será
sempre referente ao passado, pois certifica-se o MRC e ainda ficam
disponíveis várias unidades do lote para venda. Como estimar
então o tempo de prateleira (t) e a uestab. que comporá a U (incerteza
expandida) do MRC?

uestab. = s (b1 ) ⋅ t
ƒ s(b1) = incerteza associada à inclinação, calculada pela regressão;
ƒ t = tempo de prateleira. É o tempo declarado no certificado, o qual é
maior que o tempo de estudo. Durante o tempo de prateleira, a
estabilidade do MRC é monitorada, podendo este ser recertificado.
Material de Referência Certificado

Monitoramento da Estabilidade
¾ É realizado durante o tempo de vida do material (life time): tempo
no qual o material de referência pode ser usado.

¾ Envolve tipicamente um estudo de estabilidade clássico, mas


alternativamente pode ser utilizado um estudo de estabilidade
semi-contínuo, que envolve o estudo isocrônico, com três fases.

¾ Fase 1: logística; Fase 2: medição sob condição de


repetitividade e Fase 3: tempo de prateleira.
153
Material de Referência Certificado

Monitoramento da Estabilidade

™Em cada medição devem


ser utilizadas amostras
de referência.
154
Material de Referência Certificado

Monitoramento da Estabilidade
¾ O monitoramento da estabilidade não afeta a incerteza do
material de referência declarada no certificado (8.4.2 – ISO Guide
35).
¾ A validade do material de referência precisa ser reconfirmada, o
que é feito pelo seguinte critério:

x MRC − x med ≤ k ⋅ u 2 MRC + u 2 med


x MRC ⇒ valor da propriedade do MRC
⇒ incerteza padrão
x med ⇒ valor obtido na medição
u med da medição

u MRC ⇒ incerteza padrão combinada declarada no certificado do MRC


k ⇒ fator de abrangência para NC = 95 %. 155
Material de Referência Certificado

Monitoramento da Estabilidade
¾ Para uma avaliação segura das medições de monitoramento, a
umed do MRC deve ser tão pequena quanto possível, e certamente
não deve exceder a incerteza de medição de um usuário do MRC,
que utilizará uma abordagem similar em suas medições.

¾ Se necessário a incerteza do MRC pode ser reavaliada, de forma


a alterar o seu valor, para tanto recomenda-se um estudo semi-
contínuo. Contudo, usualmente a avaliação somente confirmará os
desvios padrão já obtidos, podendo ser extendido o tempo de
prateleira do material (shelf life).
156
Material de Referência Certificado

Monitoramento da Estabilidade
¾ O ponto chave de um estudo de estabilidade é monitorar o valor
da propriedade como uma função do tempo. Por isto este,
frequentemente, é conduzido em diferentes temperaturas, para
determinar as condições ótimas de transporte e armazenamento.
Sendo assim, os dados devem primeiramente ser investigados
quanto a alguma tendência.

¾ Na prática não é aceitável se ter um MRC cujo valor de


propriedade é dependente do tempo, a não ser para MRC de
radioisótopos, para os quais tem-se definido um mecanismo de
decaimento da propriedade. Este decaimento deve ser computado
na incerteza de certificação do material. 157
Material de Referência Certificado

MRC: Recertificação
¾ Caso 1: Retirar o MRC

¾ Caso 2: Recertificar o MRC (produtor)

™ Fatores de Decisão:
1) Fatores Técnicos: é possível realizar a recertificação?

2) Fatores Econômicos: é viável a recertificação?


O número de lotes no mercado justifica a recertificação?

158
(ISO GUIDE 35:2006)
Material de Referência Certificado

Resumo de um Projeto de Certificação


¾ Definição do material de referência: matriz, propriedades a serem
certificadas, níveis desejados e valor esperado (faixa) para a
incerteza;

¾ Planejamento/estruturação do procedimento de amostragem;

¾ Planejamento/estruturação do procedimento de preparação da


amostra;

¾ Seleção dos métodos de medição apropriados para os estudos


de homogeneidade e estabilidade;

¾ Planejamento/estruturação da caracterização do MR;


Material de Referência Certificado

Resumo de um Projeto de Certificação


¾ Estudo de homogeneidade;
¾ Estudos de estabilidade;
¾ Caracterização do material de referência;

¾ Avaliação e combinação dos resultados dos estudos de


homogeneidade, caracterização e estabilidade, incluindo a
incerteza;

¾ Elaboração de um certificado e, se apropriado, de um


relatório. 160
Material de Referência Certificado

Certificado: ISO Guia 31

⇒ Nome do material de referência


⇒ Produtor do material de referência
⇒ Código do material de referência
⇒ Descrição geral do material
⇒ Uso pretendido
⇒ Instruções para o uso apropriado
⇒ Instruções para as condições de armazenamento

161
Material de Referência Certificado

Certificado: ISO Guia 31


⇒ Valores de propriedade certificados com as

respectivas incertezas de medição

⇒ Método(s) empregado(s) para a obtenção de valores de


propriedade (com detalhes completos quando os valores
forem dependentes do método de medição)

⇒ Período de validade

™ Esta lista contém as partes do conteúdo do


certificado que são consideradas essenciais! 162
Material de Referência Certificado

Rótulo: ISO Guia 31

Item: 5.2

Itens:
5.4 e
5.5

Item: 5.2

163
Material de Referência Certificado

Material de Referência:
Produção e Certificação Interna

ƒ Caso: O mercado não dispõe de um MRC que atenda


às necessidades do laboratório.

9 O que fazer???

164
Material de Referência Certificado

Material de Referência:
Produção e Certificação Interna

1) Entrar em contato com produtores de MRC capazes de


desenvolver um novo MRC:
* experiência ⇒ analítica e na área metrológica do MRC a
ser desenvolvido.

2) Reunir grupos de usuários que tenham a mesma necessidade


e realizar um projeto em conjunto, preferencialmente com
a assistência do laboratório nacional responsável pela produção
de MRC.
165
(ISO GUIDE 32)
Material de Referência Certificado

Material de Referência:
Produção e Certificação Interna

Características Essenciais:

9 Comprovada homogeneidade e estabilidade;

9 Comprovada cadeia de rastreabilidade;

9 Incerteza de medição estimada e que atenda à finalidade


do uso do MRC.
166
Material de Referência Certificado

Material de Referência:
Produção e Certificação Interna

⇒ Em alguns casos, um MR interno é desenvolvido para ajudar


a preservar um MRC muito caro. O MR interno poderá ser
calibrado através de um conjunto de MRC similares. Como este
novo vínculo irá aumentar a incerteza do MR de trabalho, o uso
de tais MR deve ser cuidadosamente avaliado.

167
Material de Referência Certificado

Material de Referência:
Produção e Certificação Interna

⇒ Os MR internos nunca deverão ser amostras nas quais o


valor de referência usado não seja conhecido através de um
procedimento com rastreabilidade demonstrada, com incerteza
definida e suficiente. Se o desenvolvimento de um MR interno,
necessário para calibrar adequadamente um método, não é
técnica ou economicamente viável, o usuário deverá
reconsiderar a escolha do método e/ou procedimento, e utilizar
um que não demande o MRC indisponível. 168
Material de Referência Certificado

Obrigada pela atenção!!!

Janaína Marques Rodrigues


INMETRO/DIMCI/DQUIM/LABOR
jmrodrigues@inmetro.gov.br www.inmetro.gov.br
+55 21 2679-9069 dquim@inmetro.gov.br

169

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