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Universidade do M inho

Escola de E ngenharia

Manuel Afonso Parente

  Gestão  da  Compactação  

Tese de Mestrado
Ciclo de Estudos Integrado em Engenharia Civil

Trabalho efectuado sob a orientação do


Professor Doutor António Gomes Correia

Junho de 2010
!
Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

A G R A D E C I M E N T OS

Ao Professor António Gomes Correia, pela atenção, entusiasmo e orientação que


sempre me disponibilizou no decorrer do desenvolvimento desta dissertação.

À Mota-Engil e todos os membros da empresa que sempre que necessitei, directa ou


indirectamente, me ajudaram e se mostraram disponíveis.

À Helena pela paciência, apoio e dedicação.

À minha mãe por todo o afecto e carinho que me dá.

Muito obrigado pela contribuição.

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G EST Ã O D A C O M P A C T A Ç Ã O

R ESU M O

A dissertação foca-se, em termos gerais, na Gestão da Compactação, uma tecnologia


de regulação automática, em tempo real, dos parâmetros de compactação do
equipamento simultaneamente ao próprio processo de compactação, bem como do
registo contínuo de um valor indicador do nível de compactação do material. Trata-se
essencialmente de uma tecnologia de optimização e controlo do processo de
compactação.

Neste trabalho pretendeu-se avaliar as vantagens e desvantagens desta nova


tecnologia procedendo-se a uma comparação com os métodos convencionais de
compactação, sendo que a mesma se baseou na aplicação em obra das várias tecnologias
a dois tipos de material distintos: solo e mistura de solo-enrocamento.

O estudo e a implementação desta tecnologia são inovadores a nível nacional, sendo


que se trata também do primeiro registo internacional relativo à aplicação da Gestão da
Compactação a misturas de solo-enrocamento.

Palavras-chave: Compactação Inteligente; Controlo Contínuo da Compactação;


Gestão da Compactação; medição contínua; optimização; solo; misturas de solo-
enrocamento

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C O MPA C T I O N M ANA G E M E NT

A BST R A C T

This thesis focuses mainly on Compaction Management, a real time automatic


adjustment and continuous compaction control technology of soils, granular layers or
asphalt layers. In other words, the adjustment of the compaction parameters by the
equipment is conducted simultaneously to the compaction process, as well as the
continuous measurement of a dynamic compaction value which is an indicator of the
PDWHULDO¶V compaction level. It is essentially a technology for control and optimization
of the compaction process.

This study sought to assess the advantages and disadvantages of this new
technology, as well as performing a comparison with conventional compaction
methods. This was achieved through in-situ application of various technologies to two
distinct types of material: soil and soil-rockfill mixes.

Thus, the study and implementation of this technology is not only innovative
nationally, since it is a new technology in Portugal, but also internationally, for this
study consists of the first record regarding the implementation of Compaction
Management technology to soil-rockfill mixes.

K eywords: Intelligent Compaction; Continuous Compaction Control; Compaction


Management; continuous measurement; optimization; soil; soil-rockfill mixtures

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ÍNDI C E

1.   INTRODUÇÃO  .......................................................................................................................  17  

1.1   TEMA  .....................................................................................................................................................  17  


1.2   ENQUADRAMENTO  ....................................................................................................................................  17  
1.3   OBJECTIVOS  .............................................................................................................................................  18  

2.   ESTADO  DE  ARTE  ..................................................................................................................  19  

2.1   DEFINIÇÃO  ..............................................................................................................................................  19  


2.2   EQUIPAMENTOS  DE  COMPACTAÇÃO  USADOS  E  FUNCIONAMENTO  .......................................................................  19  
2.2   VANTAGENS  E  LIMITAÇÕES  DAS  TECNOLOGIAS  DE  COMPACTAÇÃO  .......................................................................  35  
2.2.1   Controlo  Contínuo  da  Compactação  ............................................................................  35  
2.2.2   Gestão  da  Compactação  ..............................................................................................  37  
2.3   LIMITAÇÕES  ACTUAIS  ................................................................................................................................  39  
2.4   PROJECTOS  DE  DEMONSTRAÇÃO  ..................................................................................................................  41  
2.4.1   Requisitos  do  local  de  demonstração  ...........................................................................  42  
2.4.2   Requisitos  de  utilização  ................................................................................................  42  
2.4.3   Procedimentos  para  um  projecto  de  demonstração  ....................................................  43  
2.4.4   Dados  a  adquirir  ...........................................................................................................  43  
2.4.5   Métodos  e  ensaios  convencionais  de  controlo  da  compactação  e  capacidade  de  carga
  44  
2.4.5.1   Ensaio  de  carga  com  placa  (ECP)  adaptado  da  norma  DIN  18134  e  AFNOR................  44  
2.4.5.2   Falling  Weight  Deflectometer  (FWD)  ...........................................................................  45  
2.4.5.3   Gamadensímetro  ..........................................................................................................  46  
2.4.5.4   Placas  de  assentamento  topográfico  ...........................................................................  46  
2.4.6   Calibração  ....................................................................................................................  47  
2.4.7   Protocolo  do  projecto  de  demonstração  ......................................................................  51  
2.4.8   Elementos  presentes  nos  relatórios  .............................................................................  52  
2.5   ANÁLISE  COMPARATIVA  .............................................................................................................................  52  

3.   DEFINIÇÃO  DO  PROJECTO  DE  DEMONSTRAÇÃO....................................................................  53  

3.1   DESCRIÇÃO  DO  LOCAL  DE  OBRA  ....................................................................................................................  53  


3.2   MATERIAIS  ..............................................................................................................................................  54  
3.3   EQUIPAMENTO  DE  COMPACTAÇÃO  ...............................................................................................................  59  
3.4   CONCEPÇÃO  DO  PLANO  DA  EXPERIMENTAÇÃO  ................................................................................................  62  

4.   RESULTADOS  E  DISCUSSÃO  ...................................................................................................  66  

4.1   ASPECTOS  DA  EXECUÇÃO  DO  PROJECTO  DE  DEMONSTRAÇÃO  ..............................................................................  66  

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4.2   AVALIAÇÃO  DA  DEFORMABILIDADE  DA  FUNDAÇÃO  ..........................................................................................  69  


4.2.1   CARACTERIZAÇÃO  DA  DEFORMABILIDADE  ATRAVÉS  DOS  VÁRIOS  MÉTODOS  DE  MEDIÇÃO  .........................................  69  
4.2.2   CORRELAÇÕES  ENTRE  OS  DIFERENTES  MÉTODOS  DE  MEDIÇÃO  ...........................................................................  71  
4.3   AVALIAÇÃO  DA  EFICIÊNCIA  DAS  DIFERENTES  TECNOLOGIAS  DE  COMPACTAÇÃO  ......................................................  75  
4.3.1   CAMADAS  DE  SOLO-­‐ENROCAMENTO  ............................................................................................................  75  
4.3.1.1  EVOLUÇÃO  DA  DEFORMABILIDADE  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  ....................................................................  75  
4.3.1.2  EVOLUÇÃO  DOS  ASSENTAMENTOS  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  ....................................................................  78  
4.3.1.3  EVOLUÇÃO  DA  DEFLEXÃO  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  ...............................................................................  81  
4.3.1.4  CARACTERIZAÇÃO  DA  DEFORMABILIDADE  ATRAVÉS  DOS  VÁRIOS  MÉTODOS  DE  MEDIÇÃO  .........................................  84  
4.3.1.5  CORRELAÇÕES  DOS  MÓDULOS  DE  DEFORMABILIDADE  ......................................................................................  86  
4.3.1.6  ANÁLISE  DA  EFICÁCIA  DA  AUSCULTAÇÃO/COMPACTAÇÃO  NA  DETECÇÃO  DE  ZONAS  SINGULARES  NA  FUNDAÇÃO  ...........  89  
4.3.2   CAMADA  DE  SOLO  ....................................................................................................................................  90  
4.3.2.1  EVOLUÇÃO  DA  DEFORMABILIDADE  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  ....................................................................  90  
4.3.2.2  EVOLUÇÃO  DO  GRAU  DE  COMPACTAÇÃO  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  ...........................................................  91  
4.3.2.3  EVOLUÇÃO  DA  DEFLEXÃO  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  ...............................................................................  94  
4.3.2.4  CARACTERIZAÇÃO  DA  DEFORMABILIDADE  ATRAVÉS  DOS  VÁRIOS  MÉTODOS  DE  MEDIÇÃO  .........................................  95  
4.3.2.5  CORRELAÇÕES  DOS  MÓDULOS  DE  DEFORMABILIDADE  ......................................................................................  97  
4.3.2.6  ANÁLISE  DA  EFICÁCIA  DA  AUSCULTAÇÃO/COMPACTAÇÃO  NA  DETECÇÃO  DE  ZONAS  SINGULARES  NA  FUNDAÇÃO  .........  100  

5.   CONCLUSÕES  E  RECOMENDAÇÕES  FUTURAS  ......................................................................  102  

6.   REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS  ...........................................................................................  104  

7.   ANEXOS  ..............................................................................................................................  107  

ANEXO  I  ʹ  PROTOCOLO  DO  PROJECTO  DE  DEMONSTRAÇÃO  .....................................................................................  108  


ANEXO  II  ʹ  OUTPUTS  DO  CILINDRO  EM  MODO  DE  MEDIÇÃO  PARA  AS  FAIXAS  1,  2  E  3  DAS  CAMADAS  DE  SOLO-­‐
ENROCAMENTO,  COMPACTADAS  POR  MEIO  DAS  TECNOLOGIAS  DE  CC,  CI  E  CCC,  RESPECTIVAMENTE  .........................................  109  

ANEXO  III  ʹ  OUTPUTS  DO  CILINDRO  EM  MODO  DE  MEDIÇÃO  PARA  A  FAIXA  1,  2  E  3  DA  CAMADA  DE  SOLO,  
COMPACTADAS  POR  MEIO  DAS  TECNOLOGIAS  DE  CC,  CI  E  CCC,  RESPECTIVAMENTE  ................................................................  110  

ANEXO  IV  ʹ  EVOLUÇÃO  DO  VALOR  DO  EVIB  RESULTANTE  DAS  MEDIÇÕES  DO  CILINDRO  DE  CI  E  CCC  PARA  AS  FAIXAS  2  E  
3,  RESPECTIVAMENTE,  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  PARA  O  MATERIAL  SOLO-­‐ENROCAMENTO  ..............................................  111  
ANEXO  V  ʹ  EVOLUÇÃO  DO  VALOR  DO  EVIB  RESULTANTE  DAS  MEDIÇÕES  DO  CILINDRO  DE  CI  E  CCC  PARA  AS  FAIXAS  2  E  
3,  RESPECTIVAMENTE,  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  PARA  O  MATERIAL  SAIBRO  .................................................................  112  
ANEXO  VI  ʹ  EVOLUÇÃO  DO  VALOR  DO  INVERSO  DA  DEFLEXÃO  (1/D2)  RESULTANTE  DAS  MEDIÇÕES  DO  FWD  PARA  AS  
FAIXAS  1,2  E  3  CORRESPONDENTES  ÀS  TECNOLOGIAS  DE  CC,  CI  E  CCC,  RESPECTIVAMENTE,  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  

PARA  O  MATERIAL  SOLO-­‐ENROCAMENTO  .......................................................................................................................  113  

ANEXO  VII  ʹ  EVOLUÇÃO  DO  VALOR  DO  INVERSO  DA  DEFLEXÃO  (1/D2)  RESULTANTE  DAS  MEDIÇÕES  DO  FWD  PARA  AS  
FAIXAS  1,2  E  3  CORRESPONDENTES  ÀS  TECNOLOGIAS  DE  CC,  CI  E  CCC,  RESPECTIVAMENTE,  COM  O  NÚMERO  DE  PASSAGENS  

PARA  O  MATERIAL  SAIBRO  ...........................................................................................................................................  114  

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Í N D I C E D E F I G U R AS

Figura 1 ± Cilindros vibradores e dinâmicos e diferentes tipos de excitação (Adam,


2007) .................................................................................................................................. 21  
Figura 2 - Compactador - Ensaio de carga com placa (Thurner e Sandström, 2000) .. 22  
Figura 3 - Amplitude de vibração do tambor (Camargo et al, 2006) ........................... 23  
Figura 4 - Frequência de vibração do tambor (Camargo et al, 2006) .......................... 24  
Figura 5 - Velocidade de compactação do cilindro (Camargo et al, 2006) ................. 24  
Figura 6 - Modelo analítico não linear da interacção rolo-solo (Anderegg e Kaufmann,
2004) .................................................................................................................................. 26  
Figura 7 - Tipos básicos de comportamento dinâmico do tambor: (a) contacto
permanente; (b) perda periódica de contacto; (c) comportamento caótico ou duplo salto
(Anderegg e Kaufmann, 2004) .......................................................................................... 29  
Figura 8 - Modelo simplificado para CI e (a) dados medidos pelo cilindro; (b) força
máxima da reacção do solo; (c) amplitudes de vibração; (d) ângulos de fase (Anderegg e
Kaufmann, 2004) ............................................................................................................... 30  
Figura 9 - Correlação entre o ensaio de carga com placa e a medição da rigidez do
solo no processo de CI: (a) relações carga-deslocamento; (b) correlação entre os
resultados de vários ensaios de carga com placa ME e a rigidez medida pelos cilindros de
CI para diferentes tipos de solo (Anderegg e Kaufmann, 2004)........................................ 33  
Figura 10 - Exemplo de dados mostrados pelo equipamento de CCC ao operador. Da
esquerda para a direita: Equipamento em funcionamento, Diagrama de barras e Resultado
da compactação, em que as cores identificam diferentes intervalos de módulos de
deformabilidade (Thurner e Sandström, 2000) .................................................................. 44  
Figura 11 - Desenvolvimento da correlação entre o valor Ev1 e os VCD com recurso a
uma regressão linear (Adam, 2007) ................................................................................... 50  
Figura 12 - Desenvolvimento da correlação entre o valor Ev1 e os VCD com recurso a
uma regressão linear no caso de se verificar uma situação de duplo salto (Adam, 2007) . 51  
Figura 13 - Curvas granulométricas típicas de solos (A), de misturas de solo-
enrocamento (B) e de enrocamentos (C) e respectivas estruturas (Maranha das Neves,
1993) .................................................................................................................................. 56  

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Figura 14 - Curva granulométrica do material base a utilizar no projecto de


demonstração, em Alijó, Portugal, assim como fusos granulométricos limite para material
solo-enrocamento e enrocamento, adaptados de Maranha das Neves (1995) ................... 58  
Figura 15 - Curva granulométrica do material saibro a utilizar no projecto de
demonstração, em Alijó, Portugal, assim como fuso granulométrico limite para material
solo, adaptado de Maranha das Neves (1995) ................................................................... 58  
Figura 16 - Esquema do trecho experimental do projecto de demonstração para as
camadas de solo-enrocamento ........................................................................................... 65  
Figura 17 - Esquema do trecho experimental do projecto de demonstração para a
camada de solo ................................................................................................................... 65  
Figura 18 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 1................................................................................................................................. 70  
Figura 19 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 2................................................................................................................................. 70  
Figura 20 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 3................................................................................................................................. 71  
Figura 21 - Correlação entre os valores de Ev2 resultantes do ECP e os Evib resultantes
do equipamento de CI ........................................................................................................ 72  
Figura 22 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 1 ............................ 73  
Figura 23 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 2 ............................ 73  
Figura 24 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 3 ............................ 74  
Figura 25 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores Ev2 obtidos pelo ensaio de carga com placa ........................................ 74  
Figura 26 - Evolução do valor do Evib resultante das medições com equipamento de
CI e CCC com o número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada
de espessura 1,0 m ............................................................................................................. 76  

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Figura 27 - Evolução do valor do Evib resultante das medições com equipamento de


CI e CCC com o número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada
de espessura 0,75 m ........................................................................................................... 77  
Figura 28 - Evolução do valor do Evib resultante das medições com equipamento de
CI e CCC com o número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada
de espessura 0,55 m ........................................................................................................... 77  
Figura 29 - Evolução dos assentamentos com o número de passagens por faixas para a
camada de espessura 1,0 m ................................................................................................ 80  
Figura 30 - Evolução dos assentamentos com o número de passagens por faixas para a
camada de espessura 0,75 m .............................................................................................. 80  
Figura 31 - Evolução dos assentamentos com o número de passagens por faixas para a
camada de espessura 0,55 m .............................................................................................. 81  
Figura 32 - Evolução do inverso das deflecções resultantes do FWD com o número de
passagens por faixas para a camada de espessura 1,0 m .................................................... 82  
Figura 33 - Evolução do inverso das deflecções resultantes do FWD com o número de
passagens por faixas para a camada de espessura 0,75 m .................................................. 83  
Figura 34 - Evolução do inverso das deflecções resultantes do FWD com o número de
passagens por faixas para a camada de espessura 0,55 m .................................................. 83  
Figura 35 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 1................................................................................................................................. 84  
Figura 36 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 2................................................................................................................................. 85  
Figura 37 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 3................................................................................................................................. 85  
Figura 38 - Correlação entre os valores de Ev2 resultantes do ECP e os Evib
resultantes do equipamento de CI realizada sobre a camada de solo-enrocamento........... 86  
Figura 39 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 1 sobre a camada de
solo-enrocamento ............................................................................................................... 87  

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Figura 40 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios


FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 1 sobre a camada de
solo-enrocamento ............................................................................................................... 87  
Figura 41 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 1 sobre a camada de
solo-enrocamento ............................................................................................................... 88  
Figura 42 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores Ev2 obtidos pelo ensaio de carga com placa sobre a camada de solo-
enrocamento ....................................................................................................................... 89  
Figura 43 - Evolução do valor do Evib resultante das medições com equipamento de
CI e CCC com o número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada
de saibro (espessura 45cm) ................................................................................................ 91  
Figura 44 - Evolução do grau de compactação resultante dos ensaios com
gamadensímetro com o número de passagens por faixas para a camada de espessura da
camada de saibro (espessura 45cm) ................................................................................... 93  
Figura 45 - Proctor Modificado do saibro usado na camada de solo, incluindo os
pontos correspondentes ao final da compactação para cada tecnologia ............................ 93  
Figura 46 - Evolução do inverso das deflecções resultantes do FWD com o número de
passagens por faixas para a camada de saibro (espessura 45cm) ...................................... 94  
Figura 47 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 1................................................................................................................................. 95  
Figura 48 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 2................................................................................................................................. 96  
Figura 49 - Valores determinados a partir do cilindro de CI (Evib), do equipamento de
FWD (1/D2) e dos ensaios de carga com placa (Ev2) em função da distância ao longo da
faixa 3................................................................................................................................. 96  
Figura 50 - Correlação entre os valores de Ev2 resultantes do ECP e os Evib
resultantes do equipamento de CI realizada sobre a camada de solo ................................ 97  
Figura 51 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 1 sobre a camada de
solo ..................................................................................................................................... 98  

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Figura 52 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios


FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 2 sobre a camada de
solo ..................................................................................................................................... 99  
Figura 53 - Correlação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD e os valores do Evib obtidos pelo equipamento de CI na faixa 3 sobre a camada de
solo ..................................................................................................................................... 99  
Figura 54 - Exemplos de outputs do equipamento de CI relativos às passagens de
medição finais na faixa 1 (esquerda) e 2 (direita) ............................................................ 101  

Í N D I C E D E T A B E L AS

Tabela 1 - Sistemas de registo do CCC; valores de compactação dinâmica e respectiva


definição; fabricantes (Adam, 2007).................................................................................. 23  
Tabela 2 - Fabricantes de equipamento "inteligente" (The Transtec Group, 2009) .... 35  
Tabela 3 - Quadro resumo do material relativo à mistura de solo-enrocamento
existente em obra, fornecido pela Mota-Engil ................................................................... 54  
Tabela 4 - Quadro resumo dos materiais relativos aos saibros graníticos existentes em
obra, fornecido pela Mota-Engil ........................................................................................ 55  
Tabela 5 - Características dos cilindros em consideração para o projecto de
demonstração ..................................................................................................................... 59  
Tabela 6 - Especificações da compactação segundo o GTR para o material e cilindros
vibradores ........................................................................................................................... 61  

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1. I N T R O D U Ç Ã O

1.1 T ema

A dissertação foca-se, em termos gerais, na Gestão da Compactação (que inclui


Compactação Inteligente, ou CI), uma tecnologia de regulação automática e de controlo
contínuo da compactação de solos, de camadas granulares ou de camadas com ligantes,
nomeadamente camadas betuminosas, em tempo real, ou seja, em que a regulação dos
parâmetros de compactação do equipamento é realizada simultaneamente ao próprio
processo de compactação, bem como o registo contínuo de um valor indicador do nível de
compactação do material. Este valor é igualmente correlacionado com um módulo de
deformabilidade da camada compactada. O que difere nos equipamentos designados de
³FRPSDFWDGRUHV LQWHOLJHQWHV´ HP UHODomR DRV outros sistemas de controlo contínuos da
compactação é o facto de estes incorporarem automatismos que permitem alterar os
parâmetros de vibração do equipamento face à resposta da interacção rolo-terreno,
optimizando o processo de compactação.

Esta tecnologia é nova na sua aplicação em Portugal e inovadora a nível internacional


no que se refere à utilização em misturas solo-enrocamento.

1.2 E nquadramento

O presente estudo serve de base para a Dissertação integrada no novo plano de


estudos em vigor na Universidade do Minho, MIEC (Mestrado Integrado em Engenharia
Civil) e insere-se no protocolo existente entre a Universidade e a empresa Mota-Engil,
com o objectivo de melhor avaliar as potencialidades e capacidades do processo de gestão
da compactação em situações reais.

Neste trabalho pretende-se estudar a tecnologia de Gestão da Compactação, e a sua


utilização num caso real em obra (projecto de demonstração), sendo um projecto
integrado no âmbito do protocolo entre a Universidade do Minho e a empresa Mota-
Engil.

O trabalho insere-se na área disciplinar de Estruturas e Geotecnia, sendo esta última a


sua componente principal para o estudo em causa. A orientação científica é da
responsabilidade do Professor António Gomes Correia, do Departamento de Engenharia

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 17


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Civil da Universidade do Minho. Da parte da empresa Mota-Engil, o trabalho será


acompanhado pelos Engos. Luís Gomes e Pedro Januário.

Uma componente do trabalho é realizada em gabinete, nomeadamente a pesquisa


bibliográfica e o processamento e a interpretação dos resultados, enquanto outra parte
inclui o projecto de demonstração do processo de Gestão da Compactação em obra, num
trecho experimental, com vista a uma análise mais realista de todas as potenciais
vantagens e limitações da tecnologia de CI e de Controlo Contínuo da Compactação.

1.3 O bjectivos

Perante uma recente tecnologia de compactação de materiais que poderá vir a ser
implementada em Portugal, os objectivos principais deste estudo, para além da pesquisa
bibliográfica, foram implementados a dois níveis com recurso a um projecto de
demonstração:

1. &RPSDFWDomR FRP HTXLSDPHQWR ³LQWHOLJHQWH´ capaz de adaptar


automaticamente os parâmetros de vibração face à resposta na interacção rolo-
terreno, ao mesmo tempo que regista continuamente um valor do nível de
compactação do material da camada;
2. Compactação com equipamento instrumentado para registo contínuo do valor
do nível de compactação. Os parâmetros de vibração são, neste caso,
constantes ao longo do processo de compactação.

Em quaisquer destas duas situações, os equipamentos devem ter incorporado um


sistema de referenciação (GPS).

Visa-se também, para ambos os níveis de análise, uma comparação efectiva do


processo contínuo de controlo da compactação com o processo de compactação e de
controlo por tecnologias convencionais. Estas últimas envolvem, principalmente, ensaios
ou análises pontuais das condições de compactação que servem de amostragem de toda a
área compactada.

Estes resultados permitirão tirar conclusões das vantagens dos dois níveis a
implementar face ao processo convencional da compactação e do controlo de qualidade
da mesma.

18 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

2. EST A D O D E A R T E

2.1 Definição

A Compactação Inteligente (CI) é um processo que, através do uso de um


compactador (cilindro) especificamente equipado, permite a regulação automática e o
controlo da compactação do solo ou asfalto a tempo real, ou seja, o controlo da
compactação é realizado simultaneamente à própria compactação. A metodologia de
controlo de qualidade apoia-se na tecnologia de Controlo Contínuo da Compactação
(CCC) e baseia-se na medição contínua da rigidez do solo compactado, em oposição aos
métodos convencionais, nos quais o controlo é realizado por meio de avaliações ou
ensaios pontuais (Petersen, 2005).

O conceito de CI surgiu inicialmente na Europa por volta de 1980, embora os avanços


mais recentes no seu desenvolvimento tenham sido realizados pela FHWA ( Federal
Highway Administration), nos EUA (Camargo et al, 2006).

Como o nome indica, este processo compactação combina a medição contínua do


nível de compactação do solo com a resposta que permite ao equipamento ajustar a
energia de compactação. Deste modo, o equipamento tem a capacidade de ajustar a
energia aplicada no solo, tanto com o objectivo de continuar a compactação nas zonas que
ainda não atingiram o valor limite, como evitando a sobrecompactação das zonas de solo
que já atingiram ou ultrapassaram o mesmo valor (Petersen, 2005).

Assim, é considerado como uma mais-valia principalmente em termos de


uniformização da compactação das camadas, ao mesmo tempo que identifica potenciais
zonas problemáticas ou de baixa rigidez nas camadas inferiores; tendo ainda a capacidade
de fornecer informação contínua relativamente à deformabilidade, rigidez e compacidade
do material, entre outros parâmetros (CTC & Associates LLC, 2006).

2.2 E quipamentos de compactação usados e funcionamento

Tanto o CCC como a CI baseiam-se no uso de compactadores (cilindros) vibradores


ou dinâmicos especificamente equipados para a medição e registo contínuo da rigidez do

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 19


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

solo. Os compactadores vibradores e dinâmicos funcionam com recurso a mecanismos de


vibração ou de oscilação, que consistem em um (no caso dos cilindros vibradores) ou
mais (no caso dos cilindros dinâmicos) pesos excêntricos que efectuam movimento de
rotação no interior do tambor. Assim, durante a compactação, gera-se uma combinação de
cargas estáticas (peso do próprio cilindro) e dinâmicas. A vibração do tambor provoca
uma rápida sucessão de impactos na superfície a compactar, transmitindo ao material
ondas de compressão e de corte que eliminam periodicamente o atrito interno do material
(entre partículas de solo), facilitando o rearranjo das partículas e resultando numa redução
do volume de vazios e, portanto, numa maior compacidade (Adam, 2007).

Actualmente, tanto os cilindros vibradores tradicionais como os dinâmicos referidos


pelos autores como cilindros VARIO podem ser usados nas tecnologias em estudo. No
primeiro caso, o tambor é excitado por meio de uma massa excêntrica que roda no interior
do mesmo, fixa no eixo do tambor. A massa em rotação leva o tambor a realizar um
movimento de translação circular em que, para efeitos de energia de compactação, a força
resultante corresponde à posição da excentricidade da massa. A compactação é então
resultado da combinação da transmissão de ondas maioritariamente de compressão ao
material com o peso próprio do cilindro (Adam, 2007).

Relativamente ao cilindro VARIO, a força aplicada ao material a compactar é o


resultado de duas massas excêntricas existentes no interior no tambor, fixas ao seu eixo.
No entanto, no caso deste tipo de cilindros dinâmicos, a direcção da excitação de cada
massa excêntrica permite o ajuste da força resultante para efeitos de compactação, como
se pode ver na Figura 1. De tal possibilidade advém a vantagem de a força resultante
poder ser controlada pelo utilizador do cilindro, existindo a possibilidade da direcção da
força ser vertical (podendo, neste caso, ser comparada aos cilindros com vibração),
inclinada ou horizontal. Assim, o cilindro VARIO pode ser utilizado tanto para
compactação dinâmica por compressão, como compactação dinâmica por corte e ainda
uma combinação destes dois tipos de compactação (inclinada). Refere-se ainda que as
tecnologias de CCC e CI que se apoiam neste tipo de cilindros estão geralmente
adaptadas para compactação dinâmica por compressão ou inclinada (Adam, 2007).

20 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

F igura 1 ± C ilindros vibradores e dinâmicos e diferentes tipos de excitação (A dam, 2007)

O equipamento (integrado nos cilindros) usado na compactação inteligente inclui os


seguintes componentes (Petersen, 2005; Adam, 2007):

1. Sensores que medem a vibração originada no tambor;


2. Equipamento electrónico que permite gravar e processar os outputs dos
sensores, assim como derivar a rigidez do solo ao longo do processo;
3. Elementos de ligação aos controlos da máquina cuja função é o ajuste da
energia de compactação de acordo com a rigidez medida;
4. Sistemas que especifiquem a localização presente da máquina (GPS);
5. Sistemas de armazenamento de dados ou de comunicações sem fios para
permitir transferência dos mesmos.

É de notar que, à excepção do equipamento 3, que permite o ajuste de energia de


compactação de acordo com a rigidez medida, o equipamento referido é comum às
tecnologias de CI e de CCC.

O controlo da compactação é feito em tempo real à medida que o processo de


compactação é executado. Analogamente a um ensaio de carga dinâmico com placa, os
impactos resultantes da vibração do tambor no solo podem ser usados como um ensaio de
carga dinâmico do solo. No entanto, em oposição ao ensaio de carga dinâmico com placa
(pontual), a vibração da interacção rolo-solo é registada continuamente (Thurner e
Sandström, 2000), como ilustrado Figura 2:

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 21


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F igura 2 - Compactador - E nsaio de carga com placa (T hurner e Sandström, 2000)

A rigidez do material (solo) é medida continuamente durante o movimento do


compactador. Se a rigidez do material for inferior ao valor limite (valor esperado de nível
final da compactação), o compactador aplica a energia de compactação total ao solo. Por
outro lado, se a rigidez do material atingiu ou ultrapassou o valor esperado, o
compactador tem a capacidade de alterar o movimento vertical da vibração do tambor
para movimento horizontal, sendo que não efectua compactação do material nessa zona
(Petersen, 2005; The Transtec Group, 2009).

O controlo automático da amplitude e da frequência de compactação garante o


desempenho óptimo do processo de compactação, ao mesmo tempo que a indicação do
espaçamento dos impactos inferidos ao solo pelo tambor permitem ao condutor do
cilindro manter a velocidade óptima de compactação (Anderegg et al, 2006).

Dependendo do tipo e modelo do compactador, existem actualmente 4 tipos distintos


de sistemas de medição e registo das propriedades do solo a compactar, baseados em
domínios de frequência ou de tempo (Adam, 2007). A tabela 1 apresenta uma revisão dos
tipos diferentes de valores de compactação dinâmica (VCD) existentes hoje:

22 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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T abela 1 - Sistemas de registo do C C C ; valores de compactação dinâmica e respectiva definição; fabricantes
(A dam, 2007)

Valor de Definição do valor de


Sistema CCC Fabricante
compactação compactação

Razão amplitude aceleração ± Geodynamik,


Compactometer CMV
Domínio da frequência Suécia

Energia transferida ao solo ±


Terrameter OMEGA [Nm] Bomag, Alemanha
Domínio do tempo

Módulo de deformabilidade
dinâmico do solo em contacto
Terrameter Evib [MN/m2] Bomag, Alemanha
com o tambor ± Domínio do
tempo

Rigidez do solo em contacto


ACE KB [N/m] com o tambor ± Domínio do Amann, Suíça
tempo

Refere-se que todos os cilindros de CI usam essencialmente uma combinação de


três parâmetros para o ajuste da energia de compactação: amplitude, frequência e
velocidade do compactador (Camargo et al, 2006).

A amplitude é uma medida da magnitude da oscilação das massas excêntricas


existentes no tambor (Figura 3), sendo que a amplitude do cilindro é, então, definida pela
posição das mesmas. É possível aumentar ou diminuir a amplitude de compactação
alterando a força gerada pela excentricidade das massas dinâmicas no interior do cilindro
(Camargo et al, 2006).

F igura 3 - A mplitude de vibração do tambor (C amargo et al, 2006)

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 23


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No caso da frequência, esta é definida pelo número de oscilações do tambor por


unidade de tempo (Figura 4). A frequência do tambor pode ser alterada para optimizar a
compactação de determinado tipo de solo, ajustando a frequência do tambor com a do
solo subjacente. No entanto, há autores que defendem que a alteração da frequência de
compactação pode causar aumento no desgaste do compactador (cilindro), tendo como
consequência o aumento do custo de manutenção ou até uma redução do tempo de vida
útil do cilindro (Camargo et al, 2006).

F igura 4 - F requência de vibração do tambor (C amargo et al, 2006)

A velocidade de compactação influencia a quantidade de energia por unidade de área


de solo que é aplicada ao solo subjacente (Figura 5). Se o cilindro se desloca a uma
velocidade lenta, a energia aplicada ao solo é maior. Por oposição, quanto mais rápido é o
deslocamento do compactador menor é a quantidade de energia de compactação por
unidade de área transferida para o solo. Geralmente, recomenda-se que uma determinada
velocidade de deslocamento do cilindro óptima para cada material seja determinada e
mantida ao longo do processo de compactação do mesmo. No caso dos cilindros de CI,
esta velocidade pode ser um output do equipamento (Camargo et al, 2006).

F igura 5 - Velocidade de compactação do cilindro (C amargo et al, 2006)

24 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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Iniciando-se o processo de compactação com amplitudes altas e frequências baixas é
possível garantir um efeito de compactação eficaz em profundidade. À medida que o
nível de compactação vai aumentando, as frequências do cilindro aumentam, diminuindo
automaticamente as amplitudes do mesmo, o que resulta numa combinação óptima para
compactação das camadas superficiais do material a compactar, finalizando o processo de
compactação (Anderegg e Kaufmann, 2004).

Segundo os autores, o estudo mais aprofundado do comportamento da interface rolo-


solo e das vibrações não lineares e caóticas resultantes pode ser feito com apoio à teoria
do caos e a modelos analíticos não lineares, tais como o ilustrado na Figura 6. Aqui,
representa-se um cilindro vibrador tradicional, que pode ser modelado como uma massa
que inclui o motor, cabina e a própria estrutura de suporte do cilindro associada ao tambor
por meio de uma mola elástica (de rigidez kt) com amortecimento (ct). Assim, a massa
representativa da estrutura do cilindro, mt, está associada à massa do tambor, md, que, por
sua vez, contém o sistema de excitação na forma de uma massa excêntrica em rotação,
gerando as vibrações que se propagam ao solo a uma determinada frequência, .

Considera-se como aceitável a aproximação do solo a uma mola de rigidez ks com


amortecimento de constante cs. A rigidez do solo aumenta à medida que o processo de
compactação vai progredindo, aumentando o nível de compactação e diminuindo o
amortecimento do solo (Anderegg e Kaufmann, 2004).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 25


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F igura 6 - Modelo analítico não linear da interacção rolo-solo (A nderegg e K aufmann, 2004)

Em termos analíticos, o comportamento da interacção rolo-solo pode ser descrita com


recurso à equação dinâmica (Anderegg e Kaufmann, 2004):

(1)

Em que Fs representa a força na interacção rolo-solo ilustrada na Figura 6.

se
caso contrário

26 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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A notação pontual significa a derivação do respectivo factor em relação ao tempo.

Onde:

= massa do tambor (kg);

= frequência da excitação (Hz);

= massa correspondente à estrutura do cilindro (kg);

= velocidade angular (Hz);

= momento gerado pela rotação da massa excêntrica (kgm);

= posição do tambor em relação à superfície do solo;

= rigidez do solo (MN/m);

= posição da massa correspondente à estrutura do cilindro em relação à superfície

do solo;

= amortecimento do solo (MNs/m);

= rigidez da ligação entre a massa correspondente à estrutura do cilindro e o tambor

(MN/m);

= amortecimento da ligação entre a massa correspondente à estrutura do cilindro e o

tambor (MNs/m);

= tempo;

= aceleração da gravidade (9.81 m/s2).

Neste contexto, a não linearidade é dada pelo facto de a força resultante da interacção
rolo-solo, , só existir no caso de se realizar compressão. No entanto, dependendo das

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 27


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condições do solo (nomeadamente em termos de nível de compactação e, portanto,


rigidez) e da reacção resultante, o tambor pode perder o contacto com o solo
periodicamente, gerando descontinuidades que levam à não linearidade do sistema
(Anderegg e Kaufmann, 2004).

Assim, o comportamento dinâmico do cilindro pode ser dividido em três situações


(Anderegg e Kaufmann, 2004):

a. Comportamento linear, em que o tambor se mantém em contacto permanente com


o solo;
b. Comportamento não linear, dado pela perda periódica de contacto entre o tambor e
o solo;
c. Comportamento dinâmico caótico, como resultado de uma situação de duplo salto,
em que o nível de compactação do solo é alto, existindo o perigo de
sobrecompactação.

Como se pode verificar na Figura 7, este tipo de caracterização da força resultante e

da posição relativa do tambor do cilindro é efectuada em ordem ao tempo, sendo que a


última é dada por (Anderegg e Kaufmann, 2004):

(2)

Em que é a amplitude correspondente à frequência e é o desfasamento

(ângulo de fase) entre a força gerada dinamicamente e a posição do tambor com a


frequência . Dependendo no tipo de comportamento, a posição do tambor pode ter uma

ou mais frequências (Anderegg e Kaufmann, 2004):

Contacto permanente na interacção rolo-solo - linear

Perda periódica de contacto na interacção rolo-solo ± não linear , 2, 3

Duplo salto, comportamento caótico - sub-harmónico , 1, 3/2, 2, 5/2, 3

28 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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Aumento da excentricidade da massa em rotação / Amplitude


Aumento do nível de compactação / Rigidez do solo, ks

F igura 7 - T ipos básicos de comportamento dinâmico do tambor: (a) contacto per manente; (b) perda
periódica de contacto; (c) comportamento caótico ou duplo salto ( A nderegg e K aufmann, 2004)

A não linearidade, originada na perda periódica de contacto entre o tambor e o solo,


pode ser representada como função das forças de reacção do solo. Segundo os autores,
desprezando as forças dinâmicas na ligação elástica entre a massa representativa da
estrutura do cilindro e o tambor, considerando-se apenas a carga estática dessa massa, o
modelo demonstrado na Figura 8 pode ser obtido como simplificação da equação 1
(Anderegg e Kaufmann, 2004):

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 29


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(3)

Tendo como referência a equação 3, podem ser determinados os valores máximos das
forças de reacção do solo e medidos na prática. Na Figura 8 estão representadas a

variação de , assim como as amplitudes de vibração e ângulos de fase em função da

frequência de excitação. Com recurso a é possível chegar a uma aproximação de

condição de funcionamento (Anderegg e Kaufmann, 2004):

O cilindro está em contacto permanente com o solo se .

Considera-se que o comportaPHQWR PXGD SDUD ³SHUGD GH FRQWDFWR SHULyGLFD´ VH
.

F igura 8 - Modelo simplificado para C I e (a) dados medidos pelo cilindro; (b) força máxima da reacção do solo;
(c) amplitudes de vibração; (d) ângulos de fase (A nder egg e K aufmann, 2004)

30 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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Quanto ao comportamento caótico, verifica-se que a situação de duplo salto não é útil
para efeitos de compactação ao longo do processo, sendo que leva a uma diminuição da
compacidade das camadas superiores do solo, causando a perda do arranjo óptimo das
partículas do solo, resultando, portanto, em descompactação. Para além disso, a
manobrabilidade do cilindro é reduzida durante uma situação de duplo salto, pelo que se
consideram indesejáveis no processo de compactação (Anderegg e Kaufmann, 2004).

Assumindo um comportamento linear elástico para o solo, é possível recorrer à


amplitude de vibração,  H DR kQJXOR GH IDVH PHGLGR SHOR HTXLSDPHQWR ³LQWHOLJHQWH´

para determinar um valor da rigidez do solo, (Anderegg e Kaufmann, 2004):

(4)

Em que

se ; ; e não se estiver presente um comportamento caótico

(duplo salto)

No caso de uma vibração linear sem perda de contacto entre o tambor e o solo, a
equação 3 pode ser simplificada (Anderegg e Kaufmann, 2004):

(5)

Desde que se verifique a condição .

Refere-se que, nesta abordagem, o amortecimento do solo, , é desprezado, obtendo-

se uma rigidez do solo, , quase estática; ou seja, a rigidez do solo obtida é independente

da frequência da excitação. Tais características são válidas para o caso de solos


homogeneamente compactados (Anderegg e Kaufmann, 2004).

Geralmente, o nível de compactação do solo é tradicionalmente verificado com


recurso ao ensaio de carga com placa, pelo que se apresenta uma correlação entre os VCD

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 31


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(valores de compactação dinâmica) medidos pelo equipamento de CI e os resultados do


ensaio de carga com placa, considerando-se o primeiro como um ensaio de carga com
placa contínuo ao longo de 100% da área de solo compactado, ao invés do 1% de área
coberta pelo ensaio de carga com placa convencional. No entanto, para que tal
comparação se estabeleça, devem considerar-se os seguintes aspectos (Anderegg e
Kaufmann, 2004):

1. O contacto entre a placa e o solo difere do contacto na interacção rolo-solo.


2. A profundidade de medição de um ensaio de carga com placa é
aproximadamente de 40cm, enquanto que o de um cilindro com equipamento
³LQWHOLJHQWH´ p GH FHUFD  YH]HV D DPSOLWXGH GH YLEUDomR RX VHMD
aproximadamente 1 metro por cada 1mm de amplitude.
3. Como se pode ver na Figura 9a, tanto os resultados do ensaio de carga com
placa como as medições da rigidez do solo provenientes dos cilindros de CI
são calculados como módulos de deformabilidade secantes. Embora existam
diferenças relativamente ao contacto de ambos os tipos de medição, a pressão
exercida no solo em ambos os casos é muito semelhante para solos
compactados.

32 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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kS kS

F igura 9 - Cor relação entre o ensaio de carga com placa e a medição da rigidez do solo no processo de C I:
(a) relações carga-deslocamento; (b) cor relação entre os resultados de vários ensaios de carga com placa M E e a
rigidez medida pelos cilindros de C I para diferentes tipos de solo (A nderegg e K aufmann, 2004)

De acordo com os autores, o problema relativo ao contacto entre o tambor do cilindro


e o solo pode ser resolvido segundo a teoria de Lundberg, pela qual é possível estabelecer
uma relação entre a rigidez do solo medida, , e o módulo de deformabilidade do

material (Anderegg e Kaufmann, 2004):

(6)

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 33


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Onde

= módulo de deformabilidade (MN/m2);

= largura do tambor (m);

= raio do tambor (m);

= coeficiente de Poisson ( .

Assim, a rigidez do solo medida pode ser comparada com o módulo de


deformabilidade resultante do ensaio de carga com placa analiticamente (Anderegg e
Kaufmann, 2004):

(7)

Em que
= número de aplicações de carga (

= módulo de deformabilidade (MN/m2),

= coeficiente de Poisson;

= variação da pressão aplicada à superfície da placa (MN/m2);

= força aplicada à superfície da placa (MN);

= variação do deslocamento da placa sujeita à carga (m);

= raio da placa = 150 (mm).

Actualmente, os principais fornecedores de equipamento de compactação já têm


YiULRV PRGHORV GH HTXLSDPHQWR ³LQWHOLJHQWH´ FRPR FRQVHTXrQFLD GR LQYHVWLPHQWR QD
investigação desta nova tecnologia (Horan, 2008), como se pode ver na tabela 2. Note-se
que a disponibilidade do equipamento apresentado na tabela se refere aos EUA.

34 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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T abela 2 - F abricantes de equipamento " inteligente " (T he T ranstec G roup, 2009)

2.2 V antagens e limitações das tecnologias de compactação

2.2.1 Controlo Contínuo da Compactação

O controlo contínuo da compactação aumenta potencialmente a qualidade e o


custo/benefício do processo de compactação, conduzindo a:

1. A documentação contínua dos materiais compactados permite a


identificação de áreas problemáticas do solo que não podem ser

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 35


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compactadas até aos valores específicos (demasiada água, materiais sem


resistência, materiais base saturados, entre outros), podendo-se tratar essa
camada antes de se avançar para as seguintes (Hildebrandt, 2005).
Obviamente, tal possibilidade influencia os tempos necessários à
compactação de cada camada, sendo que optimiza o processo tendo em
vista a homogeneização da compactação no mínimo de tempo possível.
Por sua vez, a redução do tempo necessário à compactação tem como
consequência directa a redução dos custos do processo (Thurner e
Sandström, 2000).

2. Integração do projecto, execução e desempenho dos pavimentos. O


controlo contínuo da compactação, tendo a capacidade de recolher dados
relativos à rigidez de todos os materiais compactados, faz a ligação tanto
entre as fases de projecto e execução de uma fundação ou pavimento como
entre o desempenho durante a vida útil dos mesmos. Tendo informação
precisa e fiável acerca das capacidades de compactação do processo, é
possível logo desde a fase de projecto uma avaliação exacta das
propriedades mecânicas do terreno compactado, permitindo ao projectista
maior rigor e até uma minimização inicial dos custos de execução
previstos. Dada a fiabilidade das propriedades mecânicas do terreno, o
processo construtivo é optimizado, ao mesmo tempo que, por sua vez, o
desempenho durante a vida útil da estrutura (ou pavimento) está
directamente relacionado com as condições criadas ao longo da execução
do mesmo. Verifica-se ainda que a informação obtida no processo de
compactação é facilmente correlacionada com dados tais como leituras
Geogauge, resultados de ensaios de cone de penetração dinâmico (DCP),
deflectómetro de impacto ligeiro (LWD), garrafa de areia e métodos
nucleares, ensaio de carga com placa, entre outras medidas de
deformabilidade (Petersen, 2005).

36 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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2.2.2 Gestão da Compactação

5HODWLYDPHQWH j FRPSDFWDomR FRP UHFXUVR D HTXLSDPHQWR ³LQWHOLJHQWH´ YHULILFD-


se, para além das referidas no CCC, as seguintes vantagens:

1. Melhoramento da qualidade, especialmente em termos da uniformidade da


compactação. A capacidade de controlo de todo o processo de
compactação (a energia de compactação é aplicada apenas onde e quando
necessária) implica que, como resultado, não há material sobrecompactado
nem subcompactado (Petersen, 2005; Hildebrandt, 2005). Os sensores
integrados no equipamento de compactação inteligente identificam o
material que já atingiu a rigidez esperada e não aplicam mais energia de
compactação nessas zonas, controlo que permite uma uniformização da
compactação (Petersen, 2005; Hildbrandt, 2005);

2. Redução dos custos da compactação, tanto a curto como a longo prazo. A


curto prazo a redução dos custos verifica-se pelo facto de a energia de
compactação ser aplicada apenas onde necessário, permitindo a
compactação de camadas mais espessas (Petersen, 2005). Como resultado
de serem necessárias menos passagens do compactador, há poupança de
tempo e combustível (Hildebrandt, 2005). Os custos são também reduzidos
a longo prazo devido à diminuição do desgaste imposto ao compactador.
De facto, a manutenção do equipamento é reduzida visto que à medida que
o material de aproxima dos valores limites é usada menos energia de
compactação, resultando numa redução do esforço reflectido de volta para
o compactador e para a estrutura do equipamento, reduzindo assim o
desgaste do mesmo (Petersen, 2005; Hildbrandt, 2005);
3. Aumento da produtividade, já que a energia de compactação utilizada é
baseada na rigidez medida do material. Isto resulta num aumento da
velocidade da compactação durante as passagens iniciais, o que pode
resultar numa redução do número de passagens necessárias para a obtenção
do valor de rigidez desejado. Tendo como referência um estudo da FHWA,
os compactadores de CI podem também ter a capacidade de compactar
camadas de maior espessura, sendo que a magnitude da amplitude máxima
que é usada pelos compactadores é consideravelmente superior ao dos

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 37


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compactadores convencionais. De facto, os compactadores de CI produzem


aproximadamente 37 ton de força centrífuga numa amplitude de 2.4 mm,
que são claramente superiores às 30 ton de força em amplitudes de 2.0 mm
dos compactadores convencionais (Hildebrandt, 2005);

4. Custo reduzido do ciclo de vida dos pavimentos. Este facto é demonstrado


pela experiência europeia com este tipo de equipamentos, sendo que a
uniformidade da compactação da fundação aumenta significativamente a
vida útil dos pavimentos (Petersen, 2005).

5. Eliminação da necessidade de realização de determinados ensaios


convencionais relacionados com o controlo de qualidade em obra,
nomeadamente o ensaio com garrafa de areia. Os ensaios mais recentes
baseados nas propriedades mecânicas do material (DCP, LWD) são
considerados mais apropriados para a verificação da qualidade da
compactação em conjunto com a CI. Para além disso, a duração dos
mesmos é consideravelmente inferior à do ensaio com garrafa de areia,
tendo o potencial de optimizar o processo de controlo de qualidade em
obra. Acrescenta-se ainda o aumento da segurança no trabalho, sendo que
os ensaios referidos (DCP e LWD) podem ser realizados rapidamente e
sem riscos para o pessoal. Refere-se também que os resultados dos ensaios
são obtidos instantaneamente após a sua realização e que os mesmos são
menos susceptíveis a vibrações provenientes da passagem de equipamento
pesado perto da sua localização, diminuindo os atrasos na execução da
obra (Camargo et al, 2006).
6. Estima-se que a amortização da compra dum sistema de CI seja efectuada
entre 6 meses a 1 ano após o investimento (Anderegg e Kaufmann, 2004).

Também se pode referir como benefício da Compactação Inteligente o seguinte (The


Transtec Group, 2009):

Os projectistas podem usar o conhecimento recolhido dos projectos de CI


para melhorar os projectos realizados e minimizar tanto os custos iniciais
como os de manutenção para a vida útil do projecto;

38 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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O pessoal de controlo de qualidade da construção poderá usar a informação
recolhida pela CI para aumentar a base de dados relacionada com o terreno,
aumentando a qualidade da construção e potencialmente reduzir a quantidade
de ensaios/testes convencionais a realizar;
As empreitadas podem optimizar os métodos de construção para alcançar com
mais rigor as especificações de compactação;
Os fornecedores de materiais podem integrar os resultados dos estudos de
compactação inteligente na sua selecção de materiais e nos cálculos de
quantidades;
Finalmente, as entidades ligadas ao desenvolvimento das especificações
podem também determinar com mais exactidão quais as variáveis que devem
ser controladas de modo a optimizar a qualidade da execução e o desempenho
a longo prazo, minimizando assim os custos da vida útil das construções.

2.3 L imitações Actuais

A compactação inteligente não surge sem críticas, e grande parte desse criticismo é
direccionado para a eficácia do processo de CI relativamente ao trabalho sobre
pavimentos betuminosos. Neste contexto, questiona-se se, nos casos em que é pretendido
compactar misturas betuminosas a quente, a tecnologia da CI está suficientemente
desenvolvida para reconhecer a diferença entre o aumento da rigidez resultante de um
melhor nível de compactação do material, e o aumento da rigidez como consequência do
arrefecimento da mistura, causada pela perda da fluidez do material da mistura
(Hildebrandt, 2005; Horan, 2008).

Há também quem defenda que os acelerómetros, sensores básicos do sistema de CI,


não apresentam um funcionamento satisfatório na medição da rigidez do asfalto ou
misturas betuminosas. Há que referir, no entanto, que a Documentação de Compactação
do Asfalto (ACD), dos sistemas de compactação Geodynamik, utilizam algoritmos
próprios para avaliar o nível de compactação do asfalto, em vez de acelerómetros
(Hildebrandt, 2005).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 39


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Em termos de compactação de solos, as preocupações técnicas mais comuns incluem


a interacção da água nos solos com a instrumentação dos sistemas de compactação
inteligente, nomeadamente em termos de calibração do equipamento e resposta acertada
do ajuste da energia de compactação por parte do mesmo, notando que se considera
sempre problemática a presença de água para qualquer acção de compactação (CTC &
Associates LLC, 2006). Face a este facto, o estudo conduzido pelo Departamento de
Transportes do Estado de Minnesota (Petersen, 2005), apresenta testes realizados sobre
solos fortemente caracterizados pela presença de água. Nos resultados destes testes,
concluiu-se que, apesar da grande quantidade de água presente nos solos, a eficácia da
compactação foi, nestes casos, satisfatória, já que 22 dos 23 locais de testes atingiram
uma compactação de 95% Proctor Normal. Refere-se também que, embora estes dados
não sejam uma garantia total de se ter atingido uma rigidez adequada, são um bom
indicador da eficácia do processo quando comparado com os métodos convencionais.

Outros põem em causa, nos casos em que se procede ao tratamento de camadas finas,
a capacidade dos sistemas de CI de distinguir entre a rigidez superficial e a rigidez das
camadas subjacentes, sendo estas materiais base ou outros colocados previamente
à compactação (Hildebrandt, 2005; Horan, 2008).

Outra crítica direccionada aos compactadores de CI é que estes são incapazes de


apresentar medições credíveis da rigidez do material compactado no curto espaço de
tempo em que o sistema está a ajustar a energia de compactação utilizada. No entanto, os
seguidores da aproximação por meio do processo de compactação inteligente argumentam
que os sistemas (que variam a sua amplitude para fazer variar a energia de compactação)
HVWmR SUHSDUDGRV SDUD VHOHFFLRQDU XPD DPSOLWXGH ³IL[D´ GXUDQWH o processo de
ajustamento da energia usada e que, assim sendo, as medições nestes intervalos de tempo
são credíveis (Hildebrandt, 2005).

Segundo alguns autores, um dos aspectos potencialmente mais problemáticos na


implementação da tecnologia de CI em projectos futuros será o tratamento da quantidade
de dados que são gerados pelo sistema e a sua conversão para formatos utilizáveis por
parte da fiscalização da obra. Porém, os mesmos autores referem que, referenciando os
projectos de demonstração de Mn/DOT, já se desenvolveram estratégias preliminares
para resolver o problema, com recurso à importação do projecto para um programa de
apoio gráfico, tal como ArcMap, e sobrepondo a esta imagem uma fotografia aérea de

40 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
satélite (que serve apenas de referência visual) assim como o resultado do mapa de
módulos de deformabilidade obtido do sistema de medição em contínuo, importado
também para o mesmo programa (Camargo et al, 2006).

2.4 Projectos de demonstração

Projectos de demonstração são execuções de construções em verdadeira grandeza de


projectos que são inovadores ou que constituem um decisivo avanço de uma determinada
tecnologia ou metodologia que tenha interesse às organizações participantes.

Os organismos participantes cometem-se a observar, aprender e partilhar do projecto


de demonstração, assim como uns com os outros. Este envolve normalmente
organizações convidadas, sendo o objectivo do projecto a demonstração no terreno num
ambiente previamente preparado (Constructing Excellence, 2006).

No contexto da Compactação Inteligente (CI), os projectos de demonstração têm por


princípios:

Providenciar experiência no processo de compactação inteligente;


Desenvolver conhecimento e experiência no terreno em projectos reais e nas
mais variadas condições;
Assistir no desenvolvimento de práticas e especificações mais eficazes no uso
da tecnologia de compactação inteligente.

Refere-se que os projectos de demonstração contemplados nesta fase do trabalho estão


incluídos no projecto de investigação da FHWA ( Federal Highway Administration, EUA)
intitulado Accelerated Implementation of Intelligent Compaction Technology for
E mbankment Subgrade Soils, Aggregate Base, and Asphalt Pavement Materials, que, tal
como se pode verificar pelo título, tem o objectivo de, através da participação activa de
vários estados (Minnesota, Iowa, Carolina do Norte, entre outros), acelerar o
desenvolvimento da tecnologia de compactação inteligente (The Transtec Group, 2009).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 41


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

2.4.1 Requisitos do local de demonstração

Dependendo das especificidades de cada local, prevê-se que os projectos de


demonstração poderão incluir os seguintes tipos de material (The Transtec Group, 2009;
Adam, 2007):

Material granular não-coesivo;


Material fino coesivo;
Material agregado;
Material de enrocamento;
Material relativo a pavimentos de asfalto;
Material reforçado/estabilizado.

2.4.2 Requisitos de utilização

A magnitude da amplitude da vibração do tambor influencia a energia de


compactação, a profundidade interessando a medição e registo das propriedades do
material a compactar, o comportamento dinâmico do tambor e, consequentemente, os
valores de compactação dinâmica (VCD) resultantes do equipamento de compactação em
contínuo. No entanto, no caso de compactação a altas amplitudes, embora a energia de
compactação e a profundidade da medição e registo do material a compactar aumentem,
aumenta também o risco de esmagamento de partículas e de sobrecompactação, podendo
levar a situações de duplo salto do tambor. Isto não se verifica em compactações com
amplitudes mais baixas. Refere-se que, para além da amplitude, o peso próprio do cilindro
também é um factor decisivo na profundidade, interessando a medição e registo das
propriedades do material a compactar, variando entre sensivelmente 50 cm para cilindros
de 2 ton e 1,5 m para cilindros de 12 ton (Adam, 2007).

Relativamente à frequência usada no processo de compactação, esta deve ser mantida


constante ao longo da passagem de medição, sendo que flutuações na frequência podem
alterar os valores de compactação dinâmica medidos nesta fase, admitindo-se variações
de 2 Hz (Adam, 2007).

No que concerne a velocidade do cilindro, esta deve ser mantida constante entre 2 e 6
km/h durante a passagem de medição, já que variações na velocidade podem, à

42 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
semelhança do caso anterior, alterar os VCD medidos. Admitem-se variações de 0,2 km/h
(Adam, 2007).

Finalmente, acrescenta-se que a superfície a compactar deve ser o mais regular e


homogénea possível para facilitar a leitura dos dados relativos à passagem de medição.
Inclinações transversais até 5% não têm influência significativa na medição dos valores,
embora inclinações superiores possam dificultar a leitura dos valores de compactação
dinâmica. O mesmo se verifica em termos da inclinação longitudinal para medições feitas
na subida ou na descida do cilindro, sendo que até 5% os valores medidos nos dois casos
deverão ser aproximadamente iguais, referindo-se que à medida que a inclinação
longitudinal aumenta, também aumenta a diferença entre as passagens de medição feitas a
subir e a descer. Devem ainda ser evitadas curvas de baixo raio de curvatura (curvas
apertadas) nas passagens de medição (Adam, 2007).

2.4.3 Procedimentos para um projecto de demonstração

Resumidamente, podem considerar-se os seguintes passos como principais num


projecto de demonstração (The Transtec Group, 2009):

1. Selecção do local (localização, datas, materiais, revisão pela equipa de


projecto);
2. Convite para a participação dos vendedores de equipamentos de compactação;
3. Demonstração no campo;
4. Análise dos dados recolhidos;
5. Recomendações futuras.

2.4.4 Dados a adquirir

Há dois tipos de dados a adquirir:

Dados relativos às medições do compactador: Dependendo no tipo e modelo


do compactador, os dados relativos às medições espaciais e posicionamento
GPS associado deverão ser recolhidos ao mesmo tempo que dados mais
específicos tais como a calibração in-situ, velocidade de funcionamento,
frequência/amplitude, etc. (fig. 10)

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 43


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

F igura 10 - E xemplo de dados mostrados pelo equipamento de C C C ao operador . Da esquerda para a


direita: E quipamento em funcionamento, Diagrama de bar ras e Resultado da compactação, em que as cores
identificam diferentes intervalos de módulos de deformabilidade (T hurner e Sandström, 2000)

Outros dados independentes: Estes podem incluir desde a descrição detalhada


do material compactado, espessura das camadas compactadas, dados relativos
aos ensaios laboratoriais ou ainda outros dados recolhidos in-situ relativas às
propriedades do material compactado tais como compacidade, módulo de
deformabilidade, temperatura, presença de água, etc. (The Transtec Group,
2009).

2.4.5 Métodos e ensaios convencionais de controlo da compactação e


capacidade de carga

2.4.5.1 E nsaio de carga com placa (E C P) adaptado da norma D I N 18134 e


AFNOR

Este ensaio tem por objectivo o conhecimento das características de deformabilidade


do solo com a determinação do seu módulo de deformabilidade, Ev. A norma do ensaio
foi desenvolvida pela Universidade do Minho e é fundamentalmente uma adaptação das

44 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
normas DIN 18134 e AFNOR (Gomes Correia et al., 2007). O procedimento consiste em
aplicar dois ciclos de carga com pelo menos seis patamares, de incrementos
aproximadamente iguais, até a carga máxima ser atingida. A descarga deve ainda ser
efectuada em patamares de 50% e 25% da carga total atingida. No segundo ciclo de
carregamento, a carga máxima atingida corresponde ao penúltimo patamar do primeiro
ciclo (Gomes Correia et al, 2007).

Para determinação do módulo de deformabilidade podem utilizar-se placas de 300 ou


600 mm, sendo que a carga deverá ser aumentada até ser atingida uma tensão normal
sobre a placa de 0,50 ou 0,25, respectivamente (Gomes Correia et al, 2007).

O módulo de deformabilidade, Ev2, é calculado para o segundo ciclo de carga,


utilizando o método tangente, de acordo com a equação 8 (Gomes Correia et al, 2007):

(8)

Onde v, p e d são respectivamente o Coeficiente de Poisson, a tensão média sob a placa


(MPa) e o diâmetro da placa (mm) e a1ı0 e a2ı0 são os coeficientes, determinados a partir
do ajuste de um polinómio de segundo grau à curva tensão deslocamento do ensaio
(Gomes Correia et al, 2007).

2.4.5.2 F alling Weight Deflectometer (F W D)

O F alling Weight Deflectometer (FWD) é um equipamento usado para determinar a


deflexão de um material à queda de uma massa móvel, a partir de uma ou mais alturas
definidas, sobre uma placa circular rígida de diâmetro normalizado. O procedimento pode
incluir várias alturas de queda, sendo que a cada uma corresponde um impulso dinâmico
aplicado sobre a placa circular rígida e, ao mesmo tempo a uma resposta do solo em
termos de deflexão (TRL, 2010).

O deslocamento da placa, correspondente à deflexão do material, é medido por um


geofone, cujo valor pode posteriormente ser correlacionável com o módulo de

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 45


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

deformabilidade do material pela multiplicação de uma constante que depende da carga


aplicada (relacionada com a altura de queda) e do respectivo deslocamento da placa
(TRL, 2010).

2.4.5.3 G amadensímetro

O funcionamento deste tipo de instrumento portátil baseia-se na propagação de


radiação pelo solo e medição da quantidade dessa radiação que é deflectida pelo meio,
assim como a quantidade de radiação que atravessa directamente o mesmo (EPA, 2010).

Deste modo, torna-se possível a determinação não só do teor de água presente no solo,
como da massa volúmica do mesmo. Estes elementos podem então ser comparados com o
teor em água óptimo e a massa volúmica máxima resultante do ensaio, previamente
determinados em laboratório para uma determinada energia de compactação, dando a
indicação do grau de compactação do material sujeito à medição (EPA, 2010; Troxler,
2010).

2.4.5.4 Placas de assentamento topográfico

A metodologia de controlo do assentamento de uma camada por meio de placas de


referência topográfica é normalmente usada para o controlo do nível de compactação em
aterros constituídos por camadas de enrocamento ou misturas de solo-enrocamento. O
método baseia-se na medição sucessiva da cota de placas topográficas de pequenas
dimensões inseridas ao longo da camada, que permitem por um lado a determinação das
cotas do aterro, e por outro avaliar os assentamentos produzidos pelos efeitos da
compactação. Normalmente, as medições são efectuadas de 2 em 2 passagens do
compactador, sendo que o critério de paragem do processo de compactação comummente
utilizado é o valor do assentamento entre duas medições consecutivas ser inferior a 2 mm
(Gomes Correia, 1996).

46 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
2.4.6 C alibração

2.4.6.1 C alibração em obra

Considerando que a tecnologia de Gestão da Compactação se apoia no equipamento


de CCC, é importante referir que, neste contexto, a calibração deste equipamento tem de
ser feita em obra como um procedimento inicial, com vista à determinação da espessura
óptima das camadas em cada caso, optimização do processo de compactação, e número
óptimo de passagens para que os valores finais de compactação se atinjam. Ao longo
deste processo, devem ser consideradas amplitudes, frequências do tambor e velocidades
de passagem do cilindro diferentes, embora as mesmas devam manter-se constantes ao
longo de cada passagem (Gomes Correia, 1980; Adam, 2007).

O procedimento de calibração é realizado em duas partes, sendo a primeira constituída


pela passagem do cilindro e a segunda pela realização de medições por meio de ensaio de
carga com placa. Na primeira, a passagem inicial do cilindro equipado com
instrumentação de CCC (que normalmente corresponde já a uma passagem de
compactação sobre o solo ainda não compactado) deve ser feita numa direcção, seguida
de outra passagem em marcha inversa na mesma faixa em estudo. Este procedimento
deve ser repetido até que não haja aumentos notáveis dos VCD em cada passagem
consecutiva na mesma faixa. Refere-se ainda que este teste deve ser repetido sempre que
se pretende passar à compactação de uma nova faixa. Caso se verifique uma situação de
duplo salto na interface rolo-solo durante uma das passagens de medição, o processo deve
ser interrompido e a passagem deve ser repetida com uma amplitude de vibração do
tambor inferior e/ou uma velocidade de passagem do cilindro superior. No entanto, se se
verificar que a situação de duplo salto não pode ser impedida, deve ser realizada uma
calibração específica para este caso, ou, em alternativa, deve utilizar-se um cilindro com
peso próprio superior (já que os cilindros mais leves são mais susceptíveis a situações de
duplos saltos). É imperativo que os parâmetros finais escolhidos sejam mantidos
constantes ao longo de todas as passagens de medição das outras faixas. Acrescenta-se
que, havendo faixas cujas passagens tenham sido feitas com parâmetros diferentes dos
finais devem ser sujeitas a pelo menos uma passagem com os parâmetros finais
escolhidos. Nos três dias seguintes deve ser realizada uma passagem de medição
adicional para cada faixa (Gomes Correia, 1980; Adam, 2007).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 47


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Na segunda fase do teste, o valor Ev2 resultante do ensaio de carga com placa deve ser
determinado logo após as passagens do cilindro em 9 pontos distintos para cada faixa. O
ensaio deve ser realizado em pontos com VCD baixos, médios e altos. Caso se tenha
observado alguma situação de duplo salto durante a passagem do cilindro, devem também
incluir-se os pontos onde os duplos saltos ocorreram como pontos de ensaio de carga com
placa (Adam, 2007).

2.4.6.2 C alibração com os métodos de medição do nível de compactação


convencionais

O processo de calibração é necessário para a obtenção de correlações entre os valores


de compactação dinâmica (VCD) e os valores aceitáveis provenientes dos métodos
convencionais de controlo de qualidade. Os resultados dos sistemas de medição baseados
na interacção rolo-solo são função da amplitude, frequência e velocidade do cilindro,
sendo que têm de ser calibrados relativamente aos resultados obtidos pelos métodos e
ensaios convencionais. Geralmente, é possível relacionar os VCD com os resultados
provenientes de todos os ensaios relativos ao nível de compactação e de capacidade de
carga (características mecânicas) do solo (Adam, 2007). Acrescenta-se que os
procedimentos tradicionais de controlo de qualidade são maioritariamente baseados em
ensaios pontuais in situ que fornecem informação sobre o estado ou desempenho dos
materiais compactados. A compacidade do solo e a presença de água são os factores mais
comummente usados para a verificação do nível de compactação dos materiais. Os VCD
resultantes, tanto do processo de IC, como de CCC, podem ser empiricamente
relacionados com estes valores de compacidade, embora a relação com a quantidade de
água existente no solo possa requerer a realização de medições independentes e análises
por regressão, particularmente para solos coesivos. Assim, considera-se hoje em dia a
correlação dos VCD com parâmetros mecânicos do material compactado (tais como o
módulo de deformabilidade) como alternativa aos métodos de controlo de qualidade
tradicionais por meio de compacidade/teor em água. A vantagem da correlação das
medições provenientes da IC ou CCC com estes parâmetros mecânicos do solo é que esta
permite um controlo de qualidade baseado directamente no próprio desempenho do
material compactado, fazendo a ligação, por exemplo, com especificações de desempenho
usadas no dimensionamento de pavimentos (White, 2008).

48 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
Um dos desafios inerentes à determinação desta correlação está relacionado com o
facto de os VCD serem correspondentes a uma média ou ao resultado de uma integração
da largura do tambor e até profundidades que podem ultrapassar 1 metro (White, 2008).

A correlação entre o VCD e o módulo de deformabilidade Ev1 correspondente ao


primeiro ciclo de carga do ensaio de carga estático com placa (com d = 30 cm de placa) é
o referido pelo autor como convencional, embora se possa considerar preferível o módulo
de deformabilidade Ev2 correspondente ao segundo ciclo de carga do ensaio, já que pode
levar à obtenção de melhores correlações. A relação Ev1/ Ev2 não é aconselhável para
correlações com o VCD. Relativamente às correlações com os valores de compacidade do
solo, considera-se que podem ser problemáticas e que será necessária experiência nessa
área com vista ao desenvolvimento de correlações aceitáveis. Já no que concerne à
correlação entre os VCD e o módulo de deformabilidade Ev,dyn resultante dos ensaios de
carga dinâmicos com placa (tais como o deflectómetro de impacto ligeiro, LWD)
verifica-se que são aceitáveis (Adam, 2007).

Assim, tendo em conta as razões apontadas, o procedimento de calibração mais


comum é efectuado com recurso ao valor Ev2 resultante do ensaio de carga (estático) com
placa, embora se considere que para outros valores tais como o Evd resultante dos ensaios
de carga dinâmicos com placa (nomeadamente LWD) o procedimento é também
aceitável. Refere-se ainda o cuidado a ter relativamente ao facto de nos ensaios de carga
com placa e nas medições provenientes do sistema de CCC interessarem diferentes
profundidades (Adam, 2007).

O procedimento de calibração é realizado em duas partes, sendo a primeira constituída


pela passagem do cilindro e a segunda pela realização de medições por meio de ensaio de
carga com placa. Na primeira, a passagem inicial (no solo já compactado) do cilindro
equipado com instrumentação de CCC deve ser feita numa direcção, seguida de outra
passagem em marcha revertida na mesma faixa em estudo. Este procedimento deve ser
repetido duas vezes para cada faixa de solo. Caso o resultado de uma faixa seja muito
diferente em comparação ao das outras faixas em estudo, devem ser realizadas mais
passagens com vista a determinar se há possibilidade de se obter um nível de
compactação maior nessa faixa. No entanto, o teste deve ser interrompido após a terceira
passagem adicional, independentemente dos resultados obtidos (Adam, 2007).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 49


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Na segunda fase do teste, o valor Ev2 resultante do ensaio de carga com placa deve ser
determinado logo após as passagens do cilindro. O ensaio deve ser realizado em pontos
com VCD baixos, médios e altos. Caso se tenha observado alguma situação de duplo salto
durante a passagem do cilindro, devem também incluir-se os pontos onde os duplos saltos
ocorreram como pontos de ensaio de carga com placa (Adam, 2007).

Finalmente, o desenvolvimento das correlações deve ser determinado por meio de


uma regressão linear e os resultados representados num diagrama tal como o
exemplificado na Figura 11. O coeficiente de correlação, r, deve ser igual ou superior a
0,7. No caso de tal não se verificar, devem ser efectuadas medições adicionais. O valor
mínimo deve ser determinado a 95% e o valor médio a 105% do valor de Ev2
correspondente. Para além disso, devem também ser especificados o valor a 80% do
mínimo (0,8 MIN) e o valor máximo, a 150% do mesmo (1,5 MIN). Caso seja necessário
a determinação de uma correlação para um valor correspondente a um duplo salto, deve
ser desenvolvida uma função específica de regressão que deve ser integrada no diagrama
(fig. 12). Note-se que as correlações lineares determinadas são apenas válidas para o caso
específico em estudo, função do sistema de medição da interacção rolo-solo com a
amplitude, frequência e velocidades de passagem adoptadas, assim como das condições
do material a compactar, tais como o tipo de solo, presença e quantidade de água,
espessura da camada, entre outros (Adam, 2007; White, 2008).

F igura 11 - Desenvolvimento da cor relação entre o valor E v1 e os V C D com recurso a uma regressão linear
(A dam, 2007)

50 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

F igura 12 - Desenvolvimento da cor relação entre o valor E v1 e os V C D com recurso a uma regressão linear
no caso de se verificar uma situação de duplo salto (A dam, 2007)

2.4.7 Protocolo do projecto de demonstração

O projecto de demonstração deve incluir os seguintes itens:

1. Descrição do local de obra


1.1. Localização
1.2. Materiais
1.3. Sequência de construção

2. Controlo contínuo da compactação


2.1. Descrição da tecnologia
2.2. Descrição do equipamento
2.3. Processo de CI e processamento dos resultados
3. Medições no terreno
3.1. Descrição geral da obtenção de dados ou ensaios realizados
3.2. Dados relativos ao CCC
3.3. 'DGRVUHODWLYRVDRXWURVHQVDLRV '&3*HRJDXJH«

4. Análise de resultados
4.1. Relativos aos dados obtidos do CCC e CI
4.2. Relativos a outros ensaios
4.3. Comparações e correlações

5. Conclusões

6. Recomendações

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 51


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

2.4.8 E lementos presentes nos relatórios

Os relatórios correspondentes aos projectos de demonstração de CI integrados na


iniciativa de investigação da FWHA são normalizados. Os elementos aí presentes incluem
as localizações dos projectos; datas dos testes/ensaios; tipos de materiais; objectivos;
protocolos seguidos; compilação, revisão e discussão dos dados e resultados obtidos;
comentários; conclusões; e, finalmente, recomendações (The Transtec Group, 2009).

O objectivo deste tipo de projectos é a aquisição de conhecimentos necessários ao


desenvolvimento de especificações credíveis relativas à CI para uso em projectos futuros
(The Transtec Group, 2009).

2.5 A nálise Comparativa

Para uma avaliação comparativa eficaz entre as várias tecnologias em estudo (CI,
CCC e processos convencionais de compactação), a análise dos dados recolhidos no
campo deverá dar resposta às seguintes questões (The Transtec Group, 2009):

O módulo de deformabilidade e/ou a variação do mesmo é melhorado quando


a tecnologia de CI é usada, quando comparada com a tecnologia de
compactação convencional?
A eficiência do processo de compactação é potenciada quando comparada com
a tecnologia de compactação convencional (nomeadamente em termos de
passagens do compactador e do tempo de compactação)?
Os valores dos parâmetros obtidos pela medição ou cálculo por parte do
equipamento de CI são comparáveis aos valores dos mesmos parâmetros
medidos por meio de equipamentos ou ensaios independentes?

No entanto, é possível afirmar desde logo que o processo de Compactação Inteligente


implica, em princípio, um melhoramento relativamente às aplicações de controlo de
qualidade em obra, já que inclui informação quantitativa para a totalidade da área de
compactação, em oposição às avaliações pontuais que caracterizam os métodos
convencionais (CTC & Associates LLC, 2006).

52 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

3. D E F I N I Ç Ã O D O PR O J E C T O D E D E M O NST R A Ç Ã O

Tendo como ponto de partida o protocolo de projecto de demonstração apresentado no


subcapítulo 2.2.7, assim como a informação dada por parte da empresa Mota-Engil
relativamente às condições do local de obra escolhido, foi possível definir os aspectos
relativamente à realização do projecto de demonstração que seguidamente se descrevem.

3.1 Descrição do local de obra

O projecto de demonstração será tomado a cabo numa localização disponibilizada


pela empresa Mota-Engil, nomeadamente a obra a ser presentemente realizada pela
mesma no Douro Interior, na zona de Alijó. Para o efeito, sugere-se, como ilustrado
esquematicamente na Figura 16, que se prepare uma área com 3 faixas de 3 metros de
largura cada, numa extensão total de 160 metros (120 m correspondentes ao material de
solo-enrocamento e 40 m correspondentes ao material de solo), dividida em 3 espessuras
diferentes (cada espessura correspondendo a uma extensão de aproximadamente 20
metros). Acrescenta-se que, pontualmente em cada camada de diferente espessura, se
pretende incluir duas singularidades no tipo de terreno existente na fundação, de modo a
comprovar a capacidade do equipamento de avaliar e identificar potenciais áreas
problemáticas em termos de compactação. Estas singularidades serão de duas naturezas
diferentes (material mole e rijo), dividindo-se pelas 3 faixas como representado na Figura
16. A realização de 3 faixas tem como finalidade a comparação entre as várias
tecnologias existentes, sendo que a cada faixa corresponderá uma tecnologia de
compactação diferente (compactação inteligente ± CI, controlo contínuo da compactação
± CCC ± e compactação convencional - CC).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 53


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

3.2 M ateriais

A caracterização laboratorial dos materiais existentes no local está resumida nas


tabelas 3 e 4, tendo as mesmas sido resultantes da caracterização realizada em obra,
fornecida pela Mota-Engil.

T abela 3 - Q uadro resumo do material relativo à mistura de solo-enrocamento existente em obra, fornecido
pela Mota-E ngil

Granulometria ( # ) Peneiros ASTM


w.
Amostra Descrição Local de 600 400 200 100 50 Nº Nº Nº Ȗd máx opt.
1" 3/4" 3/8" Nº 4
Nº da amostra Colheita mm mm mm mm mm 10 40 200
(kg/m3) x
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
103
Trecho
Experime
Solo-
ntal Pk
5 Enrocame 100 89,2 81,1 72,3 65,8 65,2 64,7 62,2 60,1 49,2 27,0 10,5 2,166 8,5
0+725
nto
(Ensaio
Macro)

54 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
T abela 4 - Q uadro resumo dos materiais relativos aos saibros graníticos existentes em obra, fornecido pela
Mota-E ngil

Granulometria ( # ) Peneiros ASTM Valor do


Equivalente w.
Descrição
Local de de Areia
Ȗd máx opt.
Azul de
CBR
da 3/4" 3/8" Nº 4 Nº 10 Nº 40 Nº 200 Metileno
Colheita 95%
amostra
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) ( g/cm3 ) (%) g/100g

Trecho
Experimental
100.0 100.0 98.3 74.5 29.6 8.3 56.0 --- --- 0.17 ---
Pk 0+462
(Garrafa Areia)

Escavação ao
Pk 1+237,5 -
100.0 99.1 98.4 76.5 45.0 18.3 24.0 1.964 10.0 0.25 17
Faixa Dir. prof.
2,70

Escavação ao
Pk 1+550 -
100.0 100.0 99.8 69.9 33.6 10.4 54.0 1.914 11.8 0.17 36
Faixa Esq.
prof. 1,20

Escavação no
Restabelecime
100.0 98.7 92.4 70.1 34.4 13.5 27.0 1.979 10.3 0.23 35
nto 2 P.I.2 - Pk
0+175

Escavação ao
Pk 4+550 -
100.0 100.0 98.2 76.2 33.1 9.5 33.0 1.932 10.8 0.16 23
Faixa Dir. Prof.
Saibro
1,70
granitico
de cor
Escavação ao
amarela
Pk 1+550 -
100.0 100.0 99.8 72.5 33.0 7.2 46.0 1.921 10.8 0.17 ---
Faixa Esq.
prof. 3,00

Escavação ao
Pk 6+116 -
89.0 88.0 83.0 61.0 29.0 13.0 30.0 1.997 9.6 0.17 41
Faixa Dir. prof.
2,20

Escavação ao
Pk 5+450 -
100.0 100.0 98.0 76.0 27.0 1.0 28.0 1.978 9.5 0.33 ---
Faixa Dir. Prof.
1,50

Escavação ao
Pk 5+400 -
100.0 95.2 84.0 55.0 18.1 1.3 32.0 1.962 10.3 --- ---
Fx.Esquerda
Prof. 2,0m

Escavação ao
Pk 3+825 -
100.0 99.8 96.1 87.5 32.1 3.3 23.0 1.973 9.7 1.07 ---
Fx.Direita Prof.
3,0m

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 55


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Tendo como referência o documento GTR (Corte et al, 1992), é possível concluir-se
que a maior parte do material está incluído na categoria C1B1. A grande parte dos
materiais recolhidos apresentam uma fracção 0-50 mm compreendida entre 60-80 %
(tabela 3), em que esta é um solo do tipo B. Considera-se a fracção 0-50 mm como um
solo do tipo B1 devido ao facto de a percentagem de partículas menores que 80 µm ser,
em geral, inferior a 12%, enquanto que a percentagem de partículas inferiores a 2mm é
superior a 70%. Simultaneamente, na maior parte destes materiais, o valor do azul-de-
metileno encontra-se entre 0,1 e 0,2 (tabela 4).

Para efeitos de classificação dos materiais existentes, fez-se recurso aos fusos
granulométricos apresentados por Maranha das Neves (1995) em que se faz a distinção
entre solos, enrocamentos e misturas solo-enrocamento, apresentado na Figura 13:

F igura 13 - C urvas granulométricas típicas de solos (A), de misturas de solo-enrocamento (B) e de


enrocamentos (C) e respectivas estruturas (M aranha das Neves, 1993)

De acordo com Maranha das Neves (1995), designa-se por solo o material que tenha
XPDSHUFHQWDJHPGHUHWLGRVLQIHULRUDQRSHQHLUR¶¶ PP &RPRHQURFDPHQWR
entende-se o material que apresente no máximo uma percentagem de 10% de passados no
peneiro 20HXPDSHUFHQWDJHPGHUHWLGRVGHPDLVGHQRSHQHLUR¶¶2GLkPHWUR

56 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
máximo das partículas de enrocamento alcança frequentemente os 2m. No caso das
misturas de solo-enrocamento, estas constituem a transição entre os dois materiais (solo e
enrocamento) DSUHVHQWDQGR XPD SHUFHQWDJHP GH UHWLGRV QR SHQHLUR GH ¶¶ HQWUH  H
70%, e uma percentagem de passados no peneiro de 200# entre 15 e 40% (Maranha das
Neves et al., 1995).

A característica central do volume total do material proveniente da escavação é a sua


heterogeneidade. Assim, os procedimentos de construção dirigem-se à homogeneização
do material viável, o que pode ser feito por mistura e envolvimento durante as fases de
espalhamento e compactação das partículas de diferentes dimensões (Maranha das Neves
et al., 1995).

O acerto do teor em água e a dimensão máxima das partículas, caso seja necessário, é
também realizado nesta fase, sendo que, no caso das misturas solo-enrocamento, o teor
em água óptimo corresponde ao da fracção fina. Tendo por base a experiência com
enrocamento, a espessura da camada a ser compactada é limitada a 60-80cm, sendo que a
dimensão máxima dos blocos é 2/3 dessa espessura. Os cilindros vibratórios da classe V4
são usados entre 6 a 8 passagens por camada (Maranha das Neves et al., 1995).

Assim, pela análise da Figura 14 e da Tabela 3, é possível identificar o material usado


no projecto de demonstração como solo-enrocamento, notando que a percentagem de
finos com dimensão inferior a 0,074 mm é superior a 10% e que a curva granulométrica
apresenta tanto fracção fina como grossa, acompanhando os limites do fuso
granulométrico correspondende à mistura de solo enrocamento. Quanto ao material saibro
apresentado na Figura 15 e na Tabela 4, conclui-se que, tal como era de esperar, a sua
curva média está também incluída dentro dos limites sugeridos por Maranha das Neves
(1995) para a classificação de solo.

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 57


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F igura 14 - C urva granulométrica do material base a utilizar no projecto de demonstração, em A lijó,


Portugal, assim como fusos granulométricos limite para material solo-enrocamento e enrocamento, adaptados de
M aranha das Neves (1995)

F igura 15 - C urva granulométrica do material saibro a utilizar no projecto de demonstração, em A lijó,


Portugal, assim como fuso granulométrico limite para material solo, ada ptado de M aranha das Neves (1995)

58 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

3.3 E quipamento de compactação

Os equipamentos disponíveis para a realização do projecto de demonstração são


um BOMAG de modelo BW 213 DH-4 BVC e um CATERPILLAR de modelo CS 683E,
cujas especificações são apresentadas na tabela 5.

T abela 5 - C aracterísticas dos cilindros em consideração para o projecto de demonstração

BOMAG / BW 213 DH-4 CATERPILLAR / CS


MARCA / MODELO
BVC 683E

Motor:

Marca / Modelo DEUTZ / BF4M 1013 EC CAT / 3056E

Potência (Hp) 153 173

Sistema de Vibração / Compactação

Frequência nominal (baixa/alta) (Hz) 28 30

Amplitude nominal Baixa (mm) 0,00 0,90

Amplitude nominal Alta (mm) 2,50 1,80

Força Centrifuga Miníma (kN) N.E. 166

Força Centrifuga Máxima (kN) 365 332

Rolo

Largura x Diâmetro X Espessura (mm) 2.130 X 1.500 X 35 2.134 X 1.524 X 40

Peso Estático (kg) 9.400 13.300

Pressão sobre o solo (Kg/cm) 44,10 62,30

Pesos, Dimensões e capacidades:

Peso máximo (Kg) 16.220 18.500

Comprimento (mm) x Largura (mm) x Altura (mm) 5.808 x 2.250 x 2.972 6.000 x 2.460 x 3.020

Inclinação Máxima Com Vibração / Sem Vibração (%) 53 / 50 N.E. / N.E.

Tanque combustível (l) 340 300

Segundo o documento GTR, a classe de um cilindro dinâmico é determinada pelo


M1 M1
parâmetro A0 e um valor mínimo de A0 , em que corresponde à carga por
L L
unidade de comprimento da geratriz do rolo sobre o solo expressa em Kg/cm e A0 à
amplitude máxima do cilindro em mm. Assim, a classificação dos cilindros segundo o
GTR é apresentada de seguida:

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 59


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BOMAG BW 213 DH-4 BVC

M1
A0 44,1 2,5 69,7
L
A0 2,5mm

M1
Estando o valor do A0 entre 55 e 70 e sendo
parâmetro
L
A0 2,5mm 1,3mm, o cilindro BOMAG BW 213 DH-4 BVC cai na categoria V4.

CATERPILLAR CS 683E

M1
A0 62,3 1,8 83,6
L

A0 1,8mm

Assim, determina-se que o cilindro CATERPILLAR CS 683E está incluído na


M1
categoria V5, já que o valor do parâmetro A0 é superior a 70 e sendo que
L
A0 1,8mm 1,6mm .

Anote-se que a classificação segundo o GTR não considera potencialidades associadas a


sistemas tais como Compactação Inteligente ou VarioControl, pelo que se admite para
efeitos da classificação dos cilindros que são equivalentes a cilindros vibradores
convencionais (tabela 6):

60 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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T abela 6 - Especificações da compactação segundo o G T R para o material e cilindros vibradores

Classificação GTR

Velocidade
Espessura
Classe de Classe de Nº de passagens máxima de
Local de aplicação máxima das
material cilindro necessário compactação
camadas (m)
(km/h)

Camadas de aterro 1,10 7 2


V4
Camadas de leito de
0,75 10 2
pavimento
C1B1
Camadas de aterro 1,35 6 2
V5
Camadas de leito de
0,95 10 2
pavimento

Como equipamento existente na obra para as operações de transporte, espalhamento,


compactação, e molhagem, referem-se, respectivamente:

- Dumperes articulados tipo A40 para transporte;

- Buldozer D8 para espalhamento;

- Niveladora Cat 14H;

- Outros: Camião de água para humidificar a camada e giratória com martelo.

Anota-se que, como resultado do trecho experimental previamente executado por


parte da Mota-Engil na obra se concluiu que a espessura óptima para as camadas a utilizar
é de 0,80 m e que o número óptimo de passagens correspondente para o equipamento
utilizado (Caterpillar CS 683E) é de 4 passagens em amplitude alta (1,8 mm) e 2 em
amplitude baixa (0,9 mm).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 61


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3.4 Concepção do plano da experimentação

Tomando como referência os projectos de demonstração realizados pelo Minnesota


Department of Transportation (Petersen, 2005) e tendo em atenção as especificações
relativamente à calibração do equipamento (ver subcapítulo 2.2.6), assim como as
tecnologias disponíveis de compactação inteligente (CI), controlo contínuo da
compactação (CCC) e compactação convencional (CC) para compactação das faixas 1, 2
e 3, respectivamente, considera-se que os passos a seguir para a sequência de execução do
projecto de demonstração incluem:

a. Caracterização do material a compactar: granulometria, limites de


consistência, equivalente de areia, azul de metileno, Proctor (3 energias
incluindo normal e pesado);
b. Fichas técnicas de todos os equipamentos utilizados nas operações de
transporte, espalhamento, rega e compactação;
c. Escolha de uma área com 160x9 m2 que se considere apropriada para a
realização do projecto de demonstração, de acordo com as Figuras 16 e 17;
d. Remoção da camada correspondente a material vegetal e orgânico
(decapagem), se aplicável;
e. Simulação das singularidades existentes na fundação (figs. 16 e 17), de modo
a que existam duas (uma de saibro não compactado - singularidade mole - e
outra de betão - singularidade rija) dispostas transversalmente em cada 40
metros (sendo que cada 40 metros correspondem a uma camada de espessura
diferente);
f. Passagem de medição do cilindro de CCC (em modo manual, amplitude
constante) para conhecimento das condições da fundação, assim como para
verificar a capacidade de análise e identificação das singularidades por parte
do equipamento;
g. Realização de ensaios FWD de modo a cobrir toda a área referente às 3
faixas, tal como referido no protocolo do projecto de demonstração,
apresentado no anexo 1.
h. Escolha de nove pontos com valores de rigidez baixa, média e alta para serem
sujeitos a ensaios de carga com placa. Esta escolha é apoiada pelos dados

62 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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recolhidos tanto pelas passagens de medição do cilindro como da realização
dos ensaios FWD ao longo das três faixas;
i. Realização de ensaios de carga com placa nos pontos escolhidos de acordo
com a norma adaptada das normas DIN 18134 e AFNOR;
j. Colocação e espalhamento de camadas de material a compactar tendo em
vista a geometria ilustrada nas Figuras 16 e 17. O facto de serem usadas três
espessuras distintas (55cm, 75cm e 100cm) nas camadas de solo-enrocamento
tem como fundamento a avaliação da capacidade de auscultação do cilindro a
várias profundidades e, concomitantemente, a verificação da capacidade do
cilindro de compactar e corrigir zonas singulares moles em camadas
subjacentes à superficial;
k. Compactação de cada faixa das camadas de solo com a tecnologia
correspondente (CC, CI e CCC para as faixas 1, 2 e 3, respectivamente),
tendo em mente que os critérios de paragem para as tecnologias de
compactação são coincidentes com os obtidos no trecho experimental
realizado previamente pela Mota-Engil (4 passagens em amplitudes altas e 2
passagens em amplitudes baixas). O processo de compactação deve ser feito
com controlo do teor em água óptimo da fracção fina dos materiais. No caso
das tecnologias de CC e CI (com o cilindro BOMAG 213 DH-4 BVC em
modo manual e automático, respectivamente), o processo de compactação
deve ser feito com registo contínuo e ainda com atenção ao número de
passagens necessárias para o cilindro dar sinal de ter atingido o grau máximo
de compactação, para efeitos de comparação posterior com os métodos
convencionais de controlo da qualidade e do grau de compactação das
camadas e com as durações necessárias para cada tecnologia compactar uma
camada;
l. Realização de medições das cotas das placas de assentamento topográfico a
cada passagem (dupla) nas camadas de solo-enrocamento. Para além disso, às
2, 4 e 6 passagens de cilindro devem ser realizados ensaios FWD intermédios,
com o objectivo de se analisar a evolução tanto dos assentamentos como do
módulo de deformabilidade do material ao longo do processo de
compactação. No caso da camada de solo, o controlo do grau de compactação
deve ser feito por meio de ensaios com gamadensímetro a cada duas
passagens (duplas);
Tese de Dissertação ± Manuel Parente 63
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m. Passagem de medição do cilindro de CCC (em modo manual, com amplitude


constante) em cada faixa, no final do processo de compactação para efeitos de
comparação com os dados dos ensaios FWD realizados após a última
passagem dos cilindros em cada faixa, assim como com os resultados dos
ECP a realizar sobre a camada;
n. Realização de ECP sobre a camada nas posições correspondentes aos nove
pontos previamente escolhidos para ensaios de carga com placa na fundação.
Estes ensaios têm como objectivo não só a realização de comparações e
correlações com os resultados das medições do cilindro de CCC em modo de
medição, como também a avaliação da influência do módulo de
deformabilidade da fundação na resistência da camada superior;
o. Os pontos representativos correspondentes, ao longo de toda a extensão, aos
valores de resistência mecânica baixa, média e alta coincidentes com os
ensaios de carga com placa deverão também ser sujeitos a ensaios macro, em
cada camada de diferente espessura.

Com este processo, pretende avaliar-se o desempenho dos equipamentos usados,


assim como efectuar uma comparação baseada numa situação prática entre as várias
tecnologias de compactação e de controlo de qualidade em obra. Refere-se ainda que se
tem como objectivo ouvir as opiniões e sugestões de todos os intervenientes no processo
(incluindo o fabricante do equipamento, o(s) operador(es) dos equipamentos de
espalhamento e compactação, os técnicos responsáveis dos ensaios em obra, os técnicos
responsáveis e colaboradores do projecto de demonstração), assim como registar
fotograficamente e/ou visualmente (vídeo) todas as fases do projecto para posterior
análise, apresentação e formação.

64 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 16 - Esquema do trecho experimental do projecto de demonstração para as camadas de solo-


enrocamento

F igura 17 - Esquema do trecho experimental do projecto de demonstração para a camada de solo

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 65


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4. R ESU L T A D OS E D ISC USSÃ O

4.1 Aspectos da execução do projecto de demonstração

A preparação para o projecto de demonstração teve início no dia 19 de Maio de 2010


na obra da Mota-Engil, em Alijó, sendo que a fase inicial correspondeu à abertura das
valas para a simulação das singularidades na fundação (Fotografias 1 e 2).

Fotografias 1 e 2 - A bertura de valas para execução das singularidades na fundação

A realização dos ensaios e medições para caracterização da fundação tiveram lugar


durante a semana de 31 de Maio de 2010 (Fotografias 3 a 6), sendo que se efectuaram as
passagens de medição do cilindro de CI em modo manual, assim como ensaios com o
equipamento de FWD e ensaios de carga estáticos com placa, tal como previsto. Refere-
se que as passagens de medição do cilindro de CI tiveram de ser realizadas com o cuidado
de desligar a vibração da máquina (e, portanto, interromper a medição contínua) nas
posições relativas às singularidades de betão, de modo a salvaguardar a integridade das
mesmas. O facto de o cilindro de CI causar alguma compactação nas singularidades de
saibro na sua passagem de medição foi compensado pelo revolver do material após as
passagens referidas, de modo a garantir o contraste de rigidez entre o material base da
fundação e o saibro não compactado das singularidades.

66 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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Fotografias 3 e 4 - Processo de molhagem da fundação (esq.); e passagem de medição do clindro de C I (dir.)

Fotografias 5 e 6 - M edições com o equipamento F W D (esq.); ensaio de carga estático com placa (dir.)

O espalhamento das camadas de solo-enrocamento foi realizado na mesma semana,


sendo que a técnica de deposição e espalhamento do material utilizada foi a técnica do
cordão, em que o material é depositado a alguma distância da frente de espalhamento
(pelo menos 5 metros), de modo a garantir um envolvimento apropriado das fracções fina
e grossa do material da mistura solo-enrocamento à medida que o material é empurrado
para a frente pelo equipamento de espalhamento (Fotografia 7).

O processo de compactação da camada de solo-enrocamento (Fotografia 8) foi


realizado como previsto na semana seguinte (correspondente à semana de 3 a 7 de Junho
de 2010), sendo que houve um período de interrupção de aproximadamente 1 semana

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 67


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

desde o final da compactação das faixas até à realização dos ECP, devido a condições
atmosféricas impróprias. No entanto, considera-se que, tendo sido finalizado o processo
de compactação da camada, a presença de água proveniente da precipitação não terá
alterado as condições em obra, já que a camada já se encontrava compactada.

Fotografias 7 e 8 - Espalhamento da camada de solo-enrocamento (esq.); processo de compactação na faixa


2 (dir.)

Finalmente, após nova interrupção devido às condições atmosféricas, o espalhamento


e compactação da camada de solo foram executados na semana de 14 de Junho de 2010,
sendo que o procedimento seguido correu tal como o previsto (Fotografias 9 e 10).

Fotografias 9 e 10 - E quipamento F W D e cilindro de C C sobre a camada de solo (esq.); ensaio com


gamadensímetro (dir.)

68 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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4.2 A valiação da deformabilidade da fundação

Apresenta-se, neste capítulo, os resultados dos ensaios relativos à avaliação da


deformabilidade da fundação, ao longo de toda a área compactada, incluindo os ensaios
realizados sobre as singularidades (nomeadamente as de baixa rigidez), existentes na
fundação. São também apresentadas as correlações relativas aos tipos de ensaio
realizados. Refere-se que, ao longo do capítulo se considera as faixas 1, 2 e 3 como tendo
sido compactadas pelas tecnologias de compactação convencional (CC), Compactação
Inteligente (CI) e Controlo Contínuo da Compactação (CCC), respectivamente, ordenadas
da direita para a esquerda.

Ao longo do capítulo refere-se várias vezes a rigidez do material como uma referência
para o módulo de deformabilidade, sendo que ambos os parâmetros são correlacionáveis.

4.2.1 C aracterização da deformabilidade através dos vários métodos de


medição

Pela análise das evoluções dos valores determinados a partir das medições dos
equipamentos com a distância é bem visível uma boa relação entre os tipos de medição,
sendo que tanto os valores medidos pelo cilindro de CI como os resultantes dos ensaios
FWD e dos ensaios de carga com placa (ECP) demarcam aproximadamente as mesmas
áreas como sendo de menor ou maior rigidez (figs. 18-20). É importante notar que os
valores do módulo Evib resultantes das medições efectuadas pelo cilindro de CI não
correspondem directamente a módulos de deformabilidade reais, sendo que é necessário o
desenvolvimento de correlações (apresentadas no capítulo seguinte) para análise dos
módulos de deformabilidade reais atingidos pelo material compactado. No entanto,
refere-se que, geralmente, os módulos de deformabilidade, Evib, provenientes da medição
com a tecnologia de CI tendem a aproximar-se dos valores Ev2 resultantes dos ECP para
valores à volta de 70 MPa. Este facto foi aparentemente confirmado no desenvolvimento
das correlações entre os valores do Ev2 resultantes dos ECP e os Evib, assim como pelos
próprios técnicos da BOMAG como sendo um resultado expectável.

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 69


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F igura 18 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 1

F igura 19 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 2

70 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 20 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 3

4.2.2 Cor relações entre os diferentes métodos de medição

A correlação entre os valores resultantes do ECP e da medição com a tecnologia de CI


(fig. 21) aparenta uma boa correlação (R2 é aproximadamente 0,6), nos 9 pontos de ensaio
realizados ao longo de toda a área da fundação. Deste modo, torna-se possível, sabendo o
valor mínimo do módulo de deformabilidade que se pretende para uma camada, inserir o
valor de Evib correspondente como input para o cilindro equipado com CI como um valor
desejado para o qual o cilindro deverá aumentar o nível de compactação sem o
ultrapassar. Assim, garante-se uma uniformidade total da camada, eliminando-se tanto os
riscos de sobrecompactação como de subcompactação, assumindo-se que o cilindro
apresenta a energia de compactação necessária para atingir o valor mínimo.

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 71


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F igura 21 - Cor relação entre os valores de E v2 resultantes do E C P e os E vib resultantes do equipamento de


CI

Quanto às correlações obtidas entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos


ensaios FWD e os valores obtidos pela medição com o cilindro de CI (figs. 22-24),
considera-se que aparentam, em geral, boa correlação, sendo todos os factores R2
superiores a 0,6. Anote-se que, sendo o valor da deflexão, D2, inversamente proporcional
ao módulo de deformabilidade, optou-se por apresentar os resultados dos ensaios FWD
em função dos valores de 1/D2 (para a altura de queda máxima da carga de 45 kN).

72 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 22 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 1

F igura 23 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 2

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 73


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F igura 24 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 3

Tal como era de esperar, obteve-se uma boa correlação entre os valores de deflexão e
os módulos de deformabilidade Ev2 resultantes do ensaio de carga estático com placa (fig.
25).

F igura 25 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores E v2
obtidos pelo ensaio de carga com placa

74 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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4.3 A valiação da eficiência das diferentes tecnologias de


compactação

Neste capítulo, efectua-se a comparação entre as diferentes tecnologias de


compactação usadas, por meio de medições efectuadas com vários tipos de ensaios e
métodos de medição e controlo do nível de compactação sobre as camadas de solo-
enrocamento e solo. O controlo do nível de compactação de uma camada em materiais do
tipo mistura de solo-enrocamento é feito com recurso a placas de assentamento
topográfico, enquanto que no caso dos solos, o mesmo é realizado por meio de medições
dos parâmetros de estado, geralmente com recurso ao gamadensímetro. São também
apresentadas comparações relativas às medições efectuadas com ensaios de carga em
placa (ECP), F alling Weight Deflectometer (FWD) e com o próprio cilindro de CI em
modo de medição. Finalmente, apresenta-se a avaliação da capacidade de auscultação do
cilindro em profundidade, assim como a verificação da sua capacidade de recuperação de
singularidades de baixa resistência em camadas subjacentes à compactada para os dois
tipos de material (solo e mistura de solo-enrocamento).

4.3.1 C amadas de solo-enrocamento

4.3.1.1 E volução da deformabilidade com o número de passagens

Os resultados referentes à tecnologia de CCC (faixa 3) nas Figuras 26 a 28 só são


apresentados até à quarta passagem devido ao facto de as passagens 5 e 6 terem sido
realizadas com amplitudes baixas, o que implica uma profundidade de medição
consideravelmente inferior e, portanto, não comparável ao caso da CI.

Na obra, refere-se que o cilindro CI deu o sinal de ter atingido o grau de compactação
máximo no final da segunda passagem, o que se pode confirmar pela análise das
evoluções do Evib com o número de passagens (os valores atingem quase o valor máximo
nessa passagem). Estes valores são também compatíveis com os resultados do FWD
medidos e apresentados anteriormente. O cilindro de CCC indicou o sinal de paragem na
terceira passagem, onde se verifica que, nalguns casos, parecem existir alguns problemas
de sobrecompactação, resultando numa diminuição da rigidez do material.

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 75


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

É possível verificar o ganho de energia aparentemente inerente à tecnologia de CI,


sendo que este praticamente atinge a rigidez máxima do material nas 4 passagens iniciais,
mantendo o nível de compactação do material constantes após esse número de passagens,
sem apresentar problemas significativos de sobrecompactação.

F igura 26 - E volução do valor do E vib resultante das medições com equipamento de C I e C C C com o
número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada de espessura 1,0 m

76 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 27 - E volução do valor do E vib resultante das medições com equipamento de C I e C C C com o
número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada de espessura 0,75 m

F igura 28 - E volução do valor do E vib resultante das medições com equipamento de C I e C C C com o
número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada de espessura 0,55 m

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 77


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4.3.1.2 E volução dos assentamentos com o número de passagens

Verifica-se pela análise das evoluções do assentamento com o nº de passagens (figs.


29-31) que o cilindro de compactação convencional, (CC ± Faixa 1 ± correspondente ao
cilindro CAT CS 683E), permite conseguir, em geral, obter assentamentos totais de valor
superior relativamente às tecnologias de CI e CCC para misturas de solo-enrocamento.
Isto poderá ser justificado pelo facto de este cilindro ter 19 ton em funcionamento
(correspondendo a um cilindro da classe V5), em oposição ao de CI que tem 15 ton em
funcionamento (correspondendo a um cilindro da classe V4), o que, para este tipo de
material (misturas solo-enrocamento), é um factor relevante na energia de compactação
máxima que o cilindro consegue atingir. Refere-se que a obtenção de elevados valores de
assentamento pode também estar relacionada com o facto de o cilindro de compactação
convencional (V5) poder levar a algum esmagamento das partículas e blocos da mistura
solo-enrocamento.

Em termos de assentamentos em relação à espessura total da camada (deformação,


representada pelo eixo vertical auxiliar do lado direito das Figuras 29 a 31), verifica-se
que, apesar de no caso das camadas de espessura 100 e 75 cm as tecnologias de CI e CCC
não tenham a capacidade de compactar mais de 2% da espessura total da camada
(indicando que a energia de compactação não é suficiente para a compactação eficaz de
camadas desta espessura), no caso da camada de 55 cm já é visível que o compactador de
CI consegue obter resultados superiores, à volta dos 3% da espessura da camada,
aproximando-se mais dos assentamentos obtidos pelo cilindro de peso superior da
tecnologia de CC.

Tal como era de esperar, a tecnologia de CI não apresenta problemas de


sobrecompactação ou de perda do grau de compactação, sendo que a curva da evolução
dos assentamentos aumenta nas primeiras passagens e mantém-se constante depois de
atingir o máximo. Isto não se verifica nas outras duas tecnologias de compactação
(compactação convencional ± CC ± e controlo contínuo da compactação ± CCC), sendo
que existem zonas em que se nota uma diminuição localizada dos assentamentos entre
duas passagens, causada pelo aumento do volume de vazios no material e, portanto, na
diminuição do nível de compactação.

Anote-se que tecnologia de CCC na faixa 3 obteve, em geral, os piores resultados em


termos de assentamentos máximos porque, sendo o material a compactar muito rígido

78 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
(solo-enrocamento), não foi possível compactar em modo manual com amplitude máxima
(gerava-se uma situação de duplos saltos quase contínua ao longo de toda a faixa 3), pelo
que teve de se compactar com amplitudes menores (à volta de 1,6 mm em amplitudes
altas e 0,8 mm em amplitudes baixas). Ora, sendo que o cilindro BOMAG 213 DH-4
BVC apenas tem 15 ton em funcionamento, a compactação com amplitudes inferiores à
máxima (ou seja, inferiores a 2,5 mm) pode não ser suficiente para obter assentamentos
aceitáveis, já que, nestas condições, o cilindro corresponde à classe V3 (que não é
aconselhável para solo-enrocamento). Esta classe de equipamento não consegue
transmitir ao material de solo-enrocamento a energia de compactação necessária para
obter níveis satisfatórios de compactação. Por oposição, no caso da faixa 2, a tecnologia
de CI em modo automático consegue compactar a faixa em amplitude máxima com ajuste
automático dos parâmetros de compactação, evitando portanto os duplos saltos. Nesta
situação, o mesmo cilindro com os parâmetros de compactação máximos (amplitude de
2,5mm) é já equivalente a um cilindro da classe V4, que é indicado para a compactação
deste tipo de material, obtendo-se, portanto, melhores resultados em termos de
assentamentos quando comparado ao modo manual (faixa 3).

Durante o processo de compactação em obra, no período do estudo, não foi possível


realizar o controlo relativo ao teor em água da fracção fina do material solo-enrocamento.
Porém, este resultado estará disponível depois da realização dos ensaios macro, previstos
para o mês de Julho.

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 79


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F igura 29 - E volução dos assentamentos com o número de passagens por faixas para a camada de espessura
1,0 m

F igura 30 - E volução dos assentamentos com o número de passagens por faixas para a camada de espessura
0,75 m

80 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 31 - E volução dos assentamentos com o número de passagens por faixas para a camada de espessura
0,55 m

4.3.1.3 E volução da deflexão com o número de passagens

A aparente falta de compatibilidade entre os resultados anteriores e o inverso da


deflexão obtida por meio dos ensaios FWD (figs. 32-34) pode ser explicada pelas
profundidades de medição e actuação das várias tecnologias. De facto, estima-se que a
tecnologia de CI apenas consiga compactar uma parte superior da camada, até uma certa
profundidade, em oposição ao cilindro de CC, que tem, no seu peso próprio em
funcionamento, as capacidades necessárias para transmitir energia de compactação
suficiente ao material para compactar em maiores profundidades. Porém, a capacidade
superior em termos de amplitude do cilindro de CI, e o facto de esta estar aliada às
tecnologias de VarioControl e de ajuste automático dos parâmetros de compactação, pode
levar a que, dentro da profundidade à qual o cilindro de CI consegue compactar, a
redução do volume de vazios e consequente aumento da rigidez do material seja superior
à obtida pelo cilindro de CC. Assim, embora o cilindro de CC obtenha melhores
resultados em termos de assentamentos totais (como se pode constatar nas Figuras 29 a 31
do capítulo anterior) devido à sua acção em profundidades superiores, os resultados do
ensaio FWD indicam que é o cilindro de CI que obtém melhores resultados em termos de

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 81


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rigidez do material. Prevê-se que os resultados dos ensaios macro venham a contribuir
para o esclarecimento desta hipótese.

Relativamente à tecnologia de CI, na faixa 2, verifica-se que esta aumenta


sucessivamente a rigidez do material a compactar sem praticamente existirem problemas
de perda de rigidez, em oposição às duas outras tecnologias que, em zonas pontuais,
aparentam alguma descompactação do material, resultando em perda de rigidez. Note-se
ainda que é possível validar o ganho de energia inerente à tecnologia de CI, já que em 2 a
4 passagens o aumento de rigidez já atingiu o pico, mantendo-se constante daí para a
frente, em oposição às tecnologias de CC e CCC, em que aparentemente são necessárias
as 6 passagens para se obter um aumento do módulo de deformabilidade.

Finalmente, salienta-se que as tecnologias de CC e CCC correspondentes às faixas 1 e


3, respectivamente, realizaram 4 passagens com amplitudes altas para maximizar o efeito
de compactação em profundidade e 2 passagens com amplitudes baixas para finalizar o
processo de compactação na parte superficial da camada.

F igura 32 - E volução do inverso das deflecções resultantes do F W D com o número de passagens por faixas
para a camada de espessura 1,0 m

82 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 33 - E volução do inverso das deflecções resultantes do F W D com o número de passagens por faixas
para a camada de espessura 0,75 m

F igura 34 - E volução do inverso das deflecções resultantes do F W D com o número de passagens por faixas
para a camada de espessura 0,55 m

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 83


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4.3.1.4 C aracterização da deformabilidade através dos vários métodos de


medição

Mais uma vez, as medições realizadas pelos vários métodos aparentam ser
compatíveis, verificando-se as mesmas tendências pelos diferentes métodos (figs. 35-37).
Para além disso, confirma-se que, na maior parte dos casos, os valores de compactação
dinâmica, Evib, tendem a aproximar-se dos módulos de deformabilidade, Ev2, resultantes
dos ensaios de carga com placa para valores da ordem de aproximadamente 70 MPa.

F igura 35 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 1

84 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 36 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 2

F igura 37 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 3

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 85


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4.3.1.5 Cor relações dos módulos de deformabilidade

A correlação entre os valores do Ev2 e Evib (fig. 38) aparenta ser boa, enfatizando-se o
facto de os valores finais da correlação serem muito semelhantes aos obtidos na
correlação realizada na fundação precisamente nos mesmos pontos e estarem dentro do
mesmo intervalo de confiança, pelo que se valida esta correlação entre Ev2 e Evib para este
tipo de mistura solo-enrocamento.

F igura 38 - Cor relação entre os valores de E v2 resultantes do E C P e os E vib resultantes do equipamento de


C I realizada sobre a camada de solo-enrocamento

As correlações entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios FWD e os


valores do Evib obtidos pelas medições do equipamento de CI aparentam ser ligeiramente
piores que as obtidas na fundação (figs. 39-41). Contudo, os valores das correlações são,
em geral, semelhantes às que se obtiveram com os valores dos ensaios realizadas nos
mesmos pontos da fundação, nomeadamente para as camadas de 0,75 m e 0,55 m (figs.
40 e 41, respectivamente). Assim, apenas se podem considerar válidas as correlações
efectuadas para estas camadas.

86 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 39 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 1 sobre a camada de solo-enrocamento

F igura 40 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 1 sobre a camada de solo-enrocamento

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 87


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F igura 41 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 1 sobre a camada de solo-enrocamento

À semelhança do caso anterior referente à correlação entre os valores de Ev2 obtidos


pelos ensaios de carga estáticos com placa e o inverso da deflexão obtida pelos ensaios
FWD na fundação, verifica-se que ambas as correlações dão origem a resultados
semelhantes. Considera-se então que as correlações entre os resultados dos ensaios ECP e
FWD estão validadas para esta mistura de solo-enrocamento (fig. 42).

88 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 42 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores E v2
obtidos pelo ensaio de carga com placa sobre a camada de solo-enrocamento

4.3.1.6 A nálise da eficácia da auscultação/compactação na detecção de zonas


singulares na fundação

Tomando em consideração a capacidade de auscultação do cilindro relativamente à


detecção de zonas singulares na fundação, verificou-se que este aparenta não conseguir
dar a indicação da presença das singularidades tanto de saibro como de betão na camada
de espessura de 1 metro. No entanto, para as camadas de espessura 75 e 55 cm, parece ser
facilmente identificável a área de menor rigidez, tal como se pode aferir pela análise do
anexo II. A precisão do cilindro é notável e representa uma mais-valia de peso na
concepção e compactação de uma camada em obra, já que dá a possibilidade ao
encarregado de obra de apontar com exactidão uma zona potencialmente problemática e
tomar as medidas necessárias antes de prosseguir com a execução de uma próxima
camada. Anote-se ainda que o cilindro aparenta ter mais facilidade em identificar as zonas
de singularidade de saibro (constituídas por saibro não compactado e localizadas aos 50 e

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 89


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90 metros para as camadas de espessura 75 e 55 cm, respectivamente) do que as que


apresentam maior rigidez (constituídas por betão e localizadas aos 70 e 110 metros para
as camadas de espessura 75 e 55 cm, respectivamente).

Para além disso, enfatiza-se o facto de, pelo menos no caso das camadas de solo-
enrocamento, o cilindro parecer não ter tido a capacidade de recuperar as singularidades
de rigidez baixa da fundação ao longo do processo de compactação, sendo que a estas
singularidades na fundação corresponde uma zona de baixa rigidez à superfície. Numa
situação prática, tornar-se-ia necessário corrigir estas zonas de um modo alternativo antes
de se avançar para o espalhamento das próximas camadas. No entanto, estima-se que um
cilindro equipado com a tecnologia de Gestão da Compactação e com maior capacidade
em termos de energia de compactação (por ex., um cilindro de 19 toneladas) teria a
energia de compactação necessária para compactar a singularidade na fundação,
corrigindo o problema na fonte.

4.3.2 C amada de solo

4.3.2.1 E volução da deformabilidade com o número de passagens

Os resultados referentes à evolução do valor do Evib com o número de passagens (fig.


43) nas faixas 2 e 3 indicam que é na terceira passagem que o cilindro regista que se
atingiu o adensamento máximo, sendo que não é necessário continuar o processo de
compactação, correndo-se o risco de, sem a capacidade de ajuste automático inerente à
tecnologia de CI, sobrecompactar a camada, resultando numa diminuição da rigidez da
mesma. De facto, observa-se uma ligeira queda de rigidez entre as passagens 3 e 4 para a
tecnologia de CCC, enquanto que na faixa 2, correspondente à tecnologia de CI essa
diminuição praticamente não se verifica.

Realça-se que só são apresentados os resultados referentes às primeiras 4 passagens


da tecnologia de CCC na faixa 3 devido ao facto de as passagens 5 e 6 terem sido
realizadas com amplitues baixas, o que implica uma profundidade de medição
consideravelmente inferior e, portanto, não comparável às medições obtidas nas primeiras
4 passagens nem às medições obtidas com a tecnologia de CI.

90 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 43 - E volução do valor do E vib resultante das medições com equipamento de C I e C C C com o
número de passagens nas faixas 2 e 3, respectivamente, para a camada de saibro (espessura 45cm)

4.3.2.2 E volução do grau de compactação com o número de passagens

No caso da camada de solo, verifica-se que o cilindro equipado com a tecnologia de


ajuste automático de CI obtém os melhores resultados relativamente ao grau de
compactação final e aos rendimentos obtidos (fig. 44), o que se reflecte na capacidade de
carga final da camada de solo, como se vai discutir no item seguinte. No entanto, é
importante referir que a diferença entre os níveis iniciais de compactação para as três
tecnologias pode ser explicada pelo facto de os equipamentos de transporte e molhagem
do material da camada terem passado principalmente sobre a faixa 2, podendo ter causado
um estado de compactação inicial nessa faixa.

Pode mais uma vez enfatizar-se que a tecnologia de CI (faixa 2) não gera problemas
de sobrecompactação, sendo que o grau de compactação da camada é sempre crescente ou
constante ao longo de todas as 6 passagens realizadas. Refere-se ainda que tanto o
cilindro de CI na faixa 2, como o cilindro em modo manual na faixa 3 (correspondente
controlo contínuo da compactação sem ajuste automático dos parâmetros de
compactação) deram a indicação de finalização do processo de compactação no final da
terceira passagem. Esta constatação é validada pelas medições efectuadas com o

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 91


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gamadensímetro (método de controlo da compactação convencional para este tipo de


solo), já que é visível que, após a terceira passagem, os níveis de compactação obtidos
estabilizam para todas as tecnologias.

A tecnologia de CCC aponta para um ligeiro aumento final do grau de compactação


nas duas passagens finais (4 a 6), realizadas em amplitudes baixas (realizaram-se 4
passagens em amplitudes altas e 2 em amplitudes baixas nas faixas 1 e 3, relativas às
tecnologias de CC e CCC, respectivamente), correspondentes à compactação da zona
superficial da camada.

Relativamente ao teor em água, verifica-se que, em média, este se situa abaixo do teor
em água óptimo (9,6%) em cerca de 1%. Apresenta-se na Figura 45 a curva do Proctor
Modificado para o material usado nesta camada, sendo que estão demarcados os três
pontos correspondentes ao final da compactação para cada tecnologia. Verifica-se que, tal
como era de esperar, a tecnologia de CI aparenta atingir os melhores resultados em
termos de redução do índice de vazios, apesar do teor em água não fosse o mais próximo
do óptimo no final da compactação. Embora a faixa 3, correspondente à tecnologia de
CCC, se encontrasse muito próxima do teor em água óptimo para a compactação, realça-
se que o cilindro de CCC não teve a capacidade de transmitir a energia de compactação
necessária ao material para aumentar o nível de compactação ao máximo.

Os resultados obtidos são integrados de 5 medições de gamadensímetro em cada


faixa, espaçados igualmente ao longo das mesmas e estão de acordo com a experiência
recolhida na bibliografia relativa à aplicação da tecnologia de Gestão da Compactação a
solos.

92 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 44 - E volução do grau de compactação resultante dos ensaios com gamadensímetro com o número de
passagens por faixas para a camada de espessura da camada de saibro (espessura 45cm)

F igura 45 - Proctor M odificado do saibro usado na camada de solo, incluindo os pontos cor respondentes ao
final da compactação para cada tecnologia

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 93


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4.3.2.3 E volução da deflexão com o número de passagens

Pela análise da evolução do inverso da deflexão com o nº de passagens (fig. 45),


verifica-se que tecnologias de CC e CCC aparentam apenas atingir um valor máximo de
rigidez do material no final das 6 passagens, sendo que o aumento da mesma é
significativo para as duas passagens finais de cada uma destas tecnologias,
correspondentes à compactação em amplitudes baixas para finalizar o processo de
compactação nas zonas mais superficiais da camada, as medições do FWD já registam um
aumento significativo de rigidez.

Refere-se também que a tecnologia de CI já atingiu o valor máximo de compactação


e, portanto, de rigidez máxima da camada na terceira passagem, sendo que a rigidez se
mantém praticamente constante para as 4 passagens seguintes. A tecnologia de CI é
também a que obtém melhores resultados relativamente à rigidez da camada de solo
(faixa 2), o que está de acordo com os resultados observados no capítulo anterior
referente à evolução do grau de compactação com o nº de passagens, validando portanto
as conclusões retiradas.

F igura 46 - E volução do inverso das deflecções resultantes do F W D com o número de passagens por faixas
para a camada de saibro (espessura 45cm)

94 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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4.3.2.4 C aracterização da deformabilidade através dos vários métodos de
medição

A compatibilidade entre as várias medições ao longo das faixas aparenta verificar-se,


de modo semelhante aos resultados obtidos nos capítulos anteriores, já que os diferentes
métodos de medição demonstram aumentos e diminuições da rigidez do material
aproximadamente nos mesmos pontos nas Figuras 46 a 48. Enfatiza-se a uniformidade do
nível de compactação conseguida por parte da tecnologia de CI (fig.48) relativamente à
tecnologia de CC (fig.47).

F igura 47 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 1

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 95


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F igura 48 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 2

F igura 49 - Valores determinados a partir do cilindro de C I (E vib), do equipamento de F W D (1/D 2) e dos


ensaios de carga com placa (E v2) em função da distância ao longo da faixa 3

96 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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4.3.2.5 Cor relações dos módulos de deformabilidade

Durante o processo de obra, não foi possível executar o procedimento de calibração


do cilindro de CI com o objectivo de determinar uma correlação para este tipo de solo.
Para além disso, o número de ensaios de carga com placa realizados não se consideram
suficientes para a execução de uma correlação, pelo que se apresentam apenas os pontos
correspondentes aos resultados dos três ECP realizados.

F igura 50 - Cor relação entre os valores de E v2 resultantes do E C P e os E vib resultantes do equipamento de


C I realizada sobre a camada de solo

Demarca-se que, sobre este tipo de material, o FWD tem dificuldade em detectar as
singularidades na fundação (nomeadamente a de betão, em oposição às capacidades de
auscultação da tecnologia de CI) e, portanto, sendo uma amostra de menos pontos quando
comparada às das correlações nas camadas de solo-enrocamento, o facto de os valores de
Evib e D2 não serem compatíveis nos pontos sobre as singularidades repercute-se com
alguma influência na dispersão dos valores (figs. 51-53).

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 97


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Para além disso, a compactação resultante no terreno é de grande homogeneidade, o


que dificulta a obtenção de uma correlação, sendo que acaba por existir uma concentração
muito acentuada de resultados na mesma zona (não existindo grande variabilidade entre
valores baixos, médios e altos). Assim, apresenta-se apenas as localizações dos pontos
Evib ± inverso da deflexão (1/D2).

F igura 51 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 1 sobre a camada de solo

98 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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F igura 52 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 2 sobre a camada de solo

F igura 53 - Cor relação entre os valores do inverso da deflexão obtida pelos ensaios F W D e os valores do
E vib obtidos pelo equipamento de C I na faixa 3 sobre a camada de solo

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 99


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4.3.2.6 A nálise da eficácia da auscultação/compactação na detecção de zonas


singulares na fundação

Valida-se com o cilindro CI a capacidade de auscultação das zonas de singularidade


na fundação para a camada de solo de 45 cm de espessura. A presença de ambas as
singularidades é facilmente identificável nas primeiras passagens, sendo que no final do
processo de compactação apenas é visível a singularidade correspondente ao betão, que se
reflecte num aumento pontual da rigidez da camada no ponto correspondente aos 30
metros de desenvolvimento longitudinal de cada faixa. Este facto indica que o cilindro
tem neste caso a capacidade de recuperar e compactar em profundidade zonas singulares
de rigidez relativamente inferior à requerida. De facto, esta tecnologia permite corrigir
qualquer potencial zona problemática de rigidez baixa na fundação, em oposição ao que
se observou nas camadas de solo-enrocamento, para as quais o cilindro não teve a energia
de compactação necessária para corrigir a singularidade de baixa rigidez existente na
fundação. Assim, o que se obtém à superfície é uma homogeneidade da rigidez ao longo
de toda a faixa, com uma excepção pontual de rigidez superior à média localizada na zona
sobre a singularidade de betão, tal como se pode ver pelos outputs do cilindro
apresentados na Figura 53 e no anexo III.

Estes resultados autenticam que o uso da tecnologia de CI para o solo se apresenta


como muito vantajoso, tal como era de esperar tendo em consideração a experiência
recolhida na bibliografia referente ao assunto (ver Anderegg e Kaufmann, 2004; Camargo
et al., 2006).

100 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Posição da
singularidade
de saibro
(recuperada)

Posição da
singularidade
betão

F igura 54 - Exemplos de outputs do equipamento de C I relativos às passagens de medição finais na faixa 1


(esquerda) e 2 (direita)

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 101


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5. C O N C L USÕ ES E R E C O M E N D A Ç Õ ES F U T U R AS

Neste trabalho fez-se uma descrição do estado da arte relativa à tecnologia da Gestão
da Compactação, tendo-se constatado que esta tecnologia apresenta vantagens técnicas e
económicas na optimização da compactação relativamente ao processo de compactação
convencional.

Do projecto de demonstração concluiu-se que o cilindro BOMAG 213 DH-4 BVC


(classe V4, segundo o GTR) pode não ter apresentado a energia de compactação
necessária para a obtenção de resultados de compactação na espessura total das camadas
de solo-enrocamento, quando comparado com o cilindro convencional da classe V5,
Caterpillar CS 683E. Porém, verifica-se que, em termos de obtenção de rigidez máxima
com o mínimo número de passagens a tecnologia de CI consegue obter resultados
equivalentes e até superiores, nomeadamente relativamente à economia do nº de
passagens necessárias para se atingir a rigidez máxima possível. Para além disso, ao
longo do projecto de demonstração verificou-se que o cilindro se apresenta como um
instrumento de medição muito eficaz, podendo ser utilizado em modo de medição para
avaliar as condições de rigidez de uma área extensa e ainda localizar zonas
potencialmente problemáticas ao longo da mesma. As passagens de medição podem ser
executadas muito rapidamente, dando imediatamente uma resposta da rigidez de toda a
camada de modo contínuo e em tempo real, permitindo a identificação e localização de
zonas problemáticas e, portanto, a sua correcção por meios alternativos (caso o próprio
cilindro não consiga resolver o problema por aumento do grau de compactação) antes de
se avançar para a realização de mais camadas.

Em oposição aos resultados obtidos nas camadas de solo-enrocamento, verificou-se


que, na camada de solo, é o cilindro de CI que consegue obter os melhores resultados,
tanto em termos do grau de compactação máximo obtido, como em rendimento de
utilização, nomeadamente relativamente à economia de energia para obtenção do grau de
compactação máximo. Tal facto é reflectido num número muito inferior de passagens
necessárias quando comparada esta tecnologia às tecnologias convencionais de
compactação. Anota-se ainda que, no caso da camada de solo, o cilindro já teve a
capacidade de recuperar a zona singular de rigidez inferior à requerida na fundação da
camada, corrigindo imediatamente o problema na raiz e dando origem a uma camada de

102 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


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grande homogeneidade em termos de resultado final de grau de compactação e rigidez.
Estes resultados vão de encontro ao que era de esperar após o estudo e recolha de toda a
bibliografia referente à tecnologia da Gestão da Compactação.

Finalmente, considera-se importante para investigação futura o aumento da


informação relativa ao comportamento desta tecnologia para outros tipos de materiais e
outras espessuras de camadas. Anota-se ainda como um tema de interesse o estudo do
comportamento de um cilindro com mais energia de compactação (mais peso em
funcionamento) equipado com a tecnologia de Gestão da Compactação aplicado a
camadas de mistura de solo-enrocamento, com o objectivo de determinar se um cilindro
mais pesado já terá a capacidade de recuperar uma zona de rigidez inferior à requerida
localizada na fundação ou em camadas subjacentes à camada de solo-enrocamento.

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 103


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6. R E F E R Ê N C I AS B I B L I O G R Á F I C AS

Adam, D. (2007). Roller-integrated Continuous Compaction Control (C C C)


Technical Contractual Provisions & Recommendations, pp. 111-138, in Design and
Construction of Pavements and Rail Tracks ± Geotechnical Aspects and Processed
Materials (Gomes Correia, A.; Momoya, Y.; Tatsuoka, F, eds.), Taylor & Francis,
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Anderegg, R.; Kaufmann, K. (2004). Intelligent Compaction with Vibratory Rollers.


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Academies, Washington D.C., US

Anderegg, R.; von Felten, D.; Kaufmann, K. (2006). Compaction Monitoring Using
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104 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil
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Tese de Dissertação ± Manuel Parente 105


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

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106 Tese de Dissertação ± Manuel Parente


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

7. A N E X OS

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 107


Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

A N E X O I ± Protocolo do Projecto de Demonstração

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 108


                                               Universidade  do  Minho     Mestrado  Integrado  em  Engenharia  Civil   Manuel  Parente  

Gestão  da  Compactação  -­‐  Protocolo  do  Projecto  de  Demonstração  


Fases  e  descrição  do  projecto  de  demonstração  a  realizar  na  obra  do  Douro  Interior   (Alijó)  por  parte  da  Mota-­Engil  Engenharia  

1. 1ª  Fase  -­‐  Preparação  e  ensaios  ao  nível  da  fundação  (Fig.  1)  

 
Figura  1  -­‐  1ª  Fase  do  projecto  de  demonstração  -­‐  fundação  

¾ Ensaios  a  realizar  na  fundação:  


 
Passagem  de  medição  do  cilindro  de  CI  em  modo  manual  de  compactação  com  amplitude  mínima  (correspondente  ao  modo  manual  1,  com  amplitude  constante  de  valor  0,7  mm)  de  modo  a  causar  o  
mínimo  de  perturbação  possível  no  nível  de  compactação  da  fundação  em  cada  faixa;  
Realização  de  ensaios  FWD  de  modo  a  cobrir  toda  a  área  referente  às  3  faixas,  tal  como  ilustrado  na  figura  1  
Escolha  de  três  pontos  representativos  (em  cada  extensão  correspondente  a  40  m)  com  valores  de  resistência  mecânica  baixo,  médio  e  alto;  
Realização  de  ensaios  de  carga  em  placa  nos  pontos  escolhidos;  

Nota:  Para  optimização  do  processo,  o  espalhamento  de  camadas  de  solo  relativo  à  2ª  fase  do  projecto  de  demonstração  (ver  cap.  2)  pode  ser  iniciado   à  medida  que  os  ensaios  (tanto  de  FWD  como  de  ECP)  são  
realizados  em  cada  extensão  de  40  metros.    

   
                                               Universidade  do  Minho     Mestrado  Integrado  em  Engenharia  Civil   Manuel  Parente  

2. 2ª  Fase  -­‐  Espalhamento,  compactação  e  realização  de  ensaios  nas  camadas  de  solo  (Fig.  2)  

Î Faixa  1  ʹ  Controlo  contínuo  da  compactação  (CCC)  

Î Faixa  2  ʹ  Compactação  convencional  (CC)  

Î Faixa  3  ʹ  ŽŵƉĂĐƚĂĕĆŽ͞ŝŶƚĞůŝŐĞŶƚĞ͟;/Ϳ  

 
Figura  2  -­‐  2ª  fase  do  projecto  de  demonstração  -­‐  Camadas  de  solo  

¾ Espalhamento  das  camadas  de  solo  de  acordo  com  as  espessuras  apresentadas  na  figura  2;  estas  espessuras  poderão  sofrer  alteração  em  função  do  tipo  de  solo  que  vier  a  ser  efectivamente  utilizado.  Esta  
fase  do  projecto  será  executada  numa  extensão  de  40  metros  independente  da  extensão  de  120  metros  referida  na  3ª  fase  do  projecto  de  demonstração  e  localizada  sequencialmente  à  mesma,  sendo  que  a  
sua  fundação  deverá  também  ser  sujeita  aos  ensaios  descritos  na  1ª  fase  do  projecto.  
 
¾ Compactação  de   cada  faixa   das   camadas   de   solo   com   a  tecnologia   correspondente,  tendo   em   mente   o   critério   de  paragem   para   cada   tecnologia   descritos   no   capítulo  4   do   presente  documento   e   dando  
atenção  às  profundidades  a  que  o  cilindro  consegue  efectivamente  identificar  as  singularidades  presentes  na  fundação.  Note-­‐se  que,  às  2,  4,  6  e  8  passagens  de  cilindro  devem  ser  realizados  ensaios   com  
gamadensímetro  e  FWD  intermédios,  tal  como  descrito  no  ponto  seguinte  relativo  aos  ensaios  a  realizar  nesta  fase  do  projecto.  
 
¾ Ensaios  a  realizar  sobre  as  camadas:  
 
Toda  a  área  compactada  (três  faixas)  deve  ser  sujeita  a  ensaios  com  gamadensímetro  ao  longo  de  toda  a  extensão  do  trecho  experimental,  para  determinação  do  teor  em  água  e  da  massa  volúmica  seca.  
Estes  ensaios  devem  também  ser  realizados  ao  fim  de  2,  4,  6  e  8  passagens  do  cilindro  em  cada  faixa  durante  o  processo  de  compactação;  
Realização   de   ensaios   FWD   de   modo   a   cobrir   toda   a   área   referente   às   3   faixas,   tal   como   ilustrado   na   figura   2,   e   escolha   de   três   pontos   (em   cada   extensão   correspondente   a   40   m)   com   valores   de  
resistência  mecânica  baixo,  médio  e  alto.  Os  ensaios  FWD  devem  também  ser  realizados  ao  fim  de  2,  4,  6  e  8  passagens  do  cilindro  em  cada  faixa  durante  o  processo  de  compactação;  
Realização  de  ensaios  de  carga  em  placa  nos  pontos  escolhidos;  
Os   pontos   escolhidos   para   a   realização   de   ensaios   de   carga   em   placa   deverão   também   ser   sujeitos   a   ensaios   com   gamadensímetro   em   profundidade,   assim   como   ensaios   de   garrafa   de   areia   e   de  
determinação  do  teor  em  água  em  estufa;  

   
                                               Universidade  do  Minho     Mestrado  Integrado  em  Engenharia  Civil   Manuel  Parente  

3. 3ª  Fase  -­‐  Espalhamento,  compactação  e  realização  de  ensaios  nas  camadas  de  solo-­‐enrocamento  (Fig.  2)  

Î Faixa  1  ʹ  Controlo  contínuo  da  compactação  


(CCC)  
Î Faixa  2  ʹ  Compactação  convencional    (CC)  

Î Faixa  3  ʹ  ŽŵƉĂĐƚĂĕĆŽ͞ŝŶƚĞůŝŐĞŶƚĞ͟;/Ϳ  

 
Figura  3  -­‐  3ª  fase  do  projecto  de  demonstração  -­‐  Camadas  de  solo-­‐enrocamento  

 
¾ Espalhamento  das  camadas  de  solo  de  acordo  com  as  espessuras  apresentadas  na  figura  3.    
 
¾ Compactação  de   cada  faixa   das   camadas   de   solo   com   a  tecnologia   correspondente,  tendo   em   mente   o   critério   de  paragem   para   cada   tecnologia   descritos   no   capítulo  4   do   presente  documento   e   dando  
atenção  às  profundidades  a  que  o  cilindro  consegue  efectivamente  identificar  as  singularidades  presentes  na  fundação.  Note-­‐se  que  às  2,  4,  6  e  8  passagens  de  cilindro  devem  ser  realizados  levantamentos  
topográficos  das  placas  de  assentamento  e  ensaios  FWD  intermédios,  tal  como  descrito  no  ponto  seguinte  relativo  aos  ensaios  a  realizar  nesta  fase  do  projecto.  
 
¾ Ensaios  a  realizar  sobre  as  camadas:  
 
Toda  a  área  compactada  (três  faixas)  deve  ser  sujeita  a  levantamentos  topográficos  das  placas  de  assentamento  ao  longo  de  toda  a  extensão  do  trecho  experimental.  Estes  levantamentos  devem  também  
ser  realizados  ao  fim  de  2,  4,  6  e  8  passagens  do  cilindro  em  cada  faixa  durante  o  processo  de  compactação;  
Realização   de   ensaios   FWD   de   modo   a   cobrir   toda   a   área   referente   às   3   faixas,   tal   como   ilustrado   na   figura   2,   e   escolha   de   três   pontos   (em   cada   extensão   correspondente   a   40   m)   com   valores   de  
resistência  mecânica  baixo,  médio  e  alto.  Os  ensaios  FWD  devem  também  ser  realizados  ao  fim  de  2,  4,  6  e  8  passagens  do  cilindro  em  cada  faixa  durante  o  processo  de  compactação;  
Realização  de  ensaios  de  carga  em  placa  nos  pontos  escolhidos;  
Os  pontos  representativos  correspondentes,  ao  longo  de  toda  a  extensão,  aos  valores  de  resistência  mecânica  baixo,  médio  e  coincidentes  com  os  ensaios  de  carga  em  placa  deverão  também  ser  sujeitos  a  
ensaios  macro,  em  cada  camada  de  diferente  espessura.  

   
                                               Universidade  do  Minho     Mestrado  Integrado  em  Engenharia  Civil   Manuel  Parente  

4. Processos  de  compactação  e  critérios  de  paragem  a  utilizar  para  cada  tecnologia:  
 
Tabela  1  -­‐  Compactação  das  camadas  

Faixa   1   2   3  
Controlo  Contínuo  de  Compactação   Compactação  Convencional   Gestão  da  Compactação  
Tecnologia  a  utilizar  
(CCC)   (CC)   (CI)  
SOLO   Valor  fixo  do  módulo  de  deformabilidade  do  material  (em  MPA)  +  
Controlo  do  nível  de  compactação  por  meio  dos  ensaios  com  gama  
Critério  de  Paragem   nº  de  passagens  necessário  até  não  se  verificar  um  aumento   Determinado  pelo  próprio  equipamento  
para  o  processo  de   densímetro  
notável  do  módulo  de  deformabilidade  do  material  
compactação  
ENROCAMENTO   Valor  fixo  do  módulo  de  deformabilidade  do  material  (em  MPA)  +  
Controlo  do  nível  de  compactação  por  meio  de  placas  de  
Critério  de  Paragem   nº  de  passagens  necessário  até  não  se  verificar  um  aumento   Determinado  pelo  próprio  equipamento  
para  o  processo  de   assentamento  topográfico  
notável  do  módulo  de  deformabilidade  do  material  
compactação  
 

5. Equipamentos  de  compactação  usados  e  classificações  segundo  GTR:  


 

Tabela  2  -­‐  Equipamentos  utilizados  

Peso  máximo  em   Frequência  de   Amplitude  alta/baixa   Pressão  sobre  o  solo  
Faixas   Tecnologia   Marca  e  Modelo   Classificação  GTR  
funcionamento  (ton)   funcionamento  (Hz)   (mm)   (kg/cm)  
1,  3   CCC,  CI   BOMAG  BW  213  DH-­‐4  BVC   18,8   28   2,5/0   44,1   V4  

2   CC   CATERPILLAR  CS-­‐683E   14,9   30   1,8/0,9   62,3   V5  


Nota:  O  cilindro  BOMAG  BW  213  DH-­‐4  BVC  deverá  ser  utilizado  em  modo  manual  (com  amplitude  constante  máxima)  para  a  compactação  da  faixa  1  correspondente  a  CCC;  e  em  modo  automático  para  compactação  da  faixa  3  
correspondente  a  CI.  

Nota:  A  frequência  dos  ensaios  a  realizar  pode  vir  a  ser  objecto  a  ser  objecto  de  alteração  face  ao  cronograma  de  execução  do  projecto  de  demonstração.  

Guimarães,  20  de  Maio  de  2010  

Manuel  Parente   A.  Gomes  Correia  

Aluno   Professor  Catedrático  UM  e  Orientador  Científico  

   

 
Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

A N E X O I I ± O utputs do cilindro em modo de medição para as faixas


1, 2 e 3 das camadas de solo-enrocamento, compactadas por meio das
tecnologias de C C, C I e C C C, respectivamente

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0.200 Description
Project MP SEnrocamento
0.195 Client
0.190 Contractor
Start-/enddate -
0.185
Comment
0.180

0.175 Lot Alijó


0.170 Client
Contractor
0.165
Start-/enddate -
0.160 Comment

0.155

0.150 Layer Solo enrocamento


Number of layer 1
0.145 Type of soil
0.140 Subbase
Thickness of layer
0.135
Comment
0.130

0.125

0.120 Field 3m
Startposition 0.000 km
0.115
Number of tracks in 10
0.110 Track length 200.00 m
Number of tracks in 10
0.105
width width
Track 2.00 m
0.100 Comment
0.095

0.090
Roller parameters
Model BW 213 DH-4 BVC
0.085 Serial No. 101 583 16 1161
0.080 Operation mode manual
Weight [kg] 14900
0.075
Width of drum [mm] 212
0.070 Linear load [kg/cm] 44
0.065
Stored data
0.060 current section in length 1
0.055 current section in width 1
Surface (complete) 400 m²
0.050
Processed surface 235 m² 59 %
0.045 Passes 0 ... 2
documented from 07-06-2010 19:22:52
0.040
documented to 08-06-2010 11:06:47
0.035 AVG Min Max
0.030 EVIB [MN/m²] 97 45 151
Amplitude [mm] 1.1 1.0 1.5
0.025
Frequency [Hz] 28 18 28
0.020 Speed [km/h] 3.0 0.4 3.3
0.015 Evaluation and statistics
Default Maximum 145 ... 350 1%
0.010
EVIB within set range 45 ... 145 99 %
0.005 Default Minimum 0 ... 45 0%
0.000 AVG-value 97 MN/m²
350 300 250 200 150 100 50 0 Increase 42 %
EVIB Standard deviation 25

Notes

Jump operation 1
Jump operation 2

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Start-/enddate -
0.160 Comment

0.155

0.150 Layer Solo enrocamento


Number of layer 1
0.145 Type of soil
0.140 Subbase
Thickness of layer
0.135
Comment
0.130

0.125

0.120 Field 3m
Startposition 0.000 km
0.115
Number of tracks in 10
0.110 Track length 200.00 m
Number of tracks in 10
0.105
width width
Track 2.00 m
0.100 Comment
0.095

0.090
Roller parameters
Model BW 213 DH-4 BVC
0.085 Serial No. 101 583 16 1161
0.080 Operation mode manual
Weight [kg] 14900
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Width of drum [mm] 212
0.070 Linear load [kg/cm] 44
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Stored data
0.060 current section in length 1
0.055 current section in width 2
Surface (complete) 400 m²
0.050
Processed surface 238 m² 59 %
0.045 Passes 0 ... 8
documented from 07-06-2010 19:35:58
0.040
documented to 08-06-2010 16:23:56
0.035 AVG Min Max
0.030 EVIB [MN/m²] 113 39 163
Amplitude [mm] 1.1 1.0 1.1
0.025
Frequency [Hz] 28 18 28
0.020 Speed [km/h] 3.1 1.7 4.7
0.015 Evaluation and statistics
Default Maximum 145 ... 350 14 %
0.010
EVIB within set range 45 ... 145 85 %
0.005 Default Minimum 0 ... 45 1%
0.000 AVG-value 113 MN/m²
350 300 250 200 150 100 50 0 Increase -3 %
EVIB Standard deviation 31

Notes

Jump operation 1
Jump operation 2

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0.185
Comment
0.180

0.175 Lot Alijó


0.170 Client
Contractor
0.165
Start-/enddate -
0.160 Comment

0.155

0.150 Layer Solo enrocamento


Number of layer 1
0.145 Type of soil
0.140 Subbase
Thickness of layer
0.135
Comment
0.130

0.125

0.120 Field 3m
Startposition 0.000 km
0.115
Number of tracks in 10
0.110 Track length 200.00 m
Number of tracks in 10
0.105
width width
Track 2.00 m
0.100 Comment
0.095

0.090
Roller parameters
Model BW 213 DH-4 BVC
0.085 Serial No. 101 583 16 1161
0.080 Operation mode manual
Weight [kg] 14900
0.075
Width of drum [mm] 212
0.070 Linear load [kg/cm] 44
0.065
Stored data
0.060 current section in length 1
0.055 current section in width 3
Surface (complete) 400 m²
0.050
Processed surface 235 m² 59 %
0.045 Passes 0 ... 7
documented from 07-06-2010 22:19:10
0.040
documented to 08-06-2010 13:54:37
0.035 AVG Min Max
0.030 EVIB [MN/m²] 103 52 161
Amplitude [mm] 1.1 0.7 1.5
0.025
Frequency [Hz] 28 18 28
0.020 Speed [km/h] 3.0 1.1 3.7
0.015 Evaluation and statistics
Default Maximum 145 ... 350 10 %
0.010
EVIB within set range 45 ... 145 90 %
0.005 Default Minimum 0 ... 45 0%
0.000 AVG-value 103 MN/m²
350 300 250 200 150 100 50 0 Increase 19 %
EVIB Standard deviation 27

Notes

Jump operation 1
Jump operation 2

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A N E X O I I I ± O utputs do cilindro em modo de medição para a faixa


1, 2 e 3 da camada de solo, compactadas por meio das tecnologias de
C C, C I e C C C , respectivamente

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Comment
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Lot Alijó
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0.075 Layer Saibro


Number of layer 1
Type of soil
0.070 Subbase
Thickness of layer
Comment
0.065

0.060 Field 2m
Startposition 0.000 km
Number of tracks in 10
0.055 Track length 100.00 m
Number of tracks in 10
width width
Track 2.00 m
0.050 Comment

0.045
Roller parameters
Model BW 213 DH-4 BVC
Serial No. 101 583 16 1161
0.040 Operation mode manual
Weight [kg] 14900
Width of drum [mm] 212
0.035 Linear load [kg/cm] 44

Stored data
0.030 current section in length 1
current section in width 1
Surface (complete) 200 m²
0.025
Processed surface 90 m² 45 %
Passes 0 ... 1
documented from 16-06-2010 21:08:44
0.020
documented to 16-06-2010 21:09:30
AVG Min Max
0.015 EVIB [MN/m²] 48 18 79
Amplitude [mm] 1.1 0.9 1.1
Frequency [Hz] 28 18 28
0.010 Speed [km/h] 3.4 0.8 3.6
Evaluation and statistics
Default Maximum 145 ... 350 0%
0.005
EVIB within set range 45 ... 145 69 %
Default Minimum 0 ... 45 31 %
0.000 AVG-value 48 MN/m²
350 300 250 200 150 100 50 0 Increase 100 %
EVIB Standard deviation 10

Notes

Jump operation 1
Jump operation 2

BCM 05 Office Print-out 27-06-2010


Version 2.1.1487.1 Bomag Compaction Management Page 1/1
CCC - Documentation BOMAG GmbH

Hellerwald

2D-Lineview 56154 Boppard


Tel: 06742/1000

km
0.100 Description
Project MP Saibro
Client
0.095 Contractor
Start-/enddate -
Comment
0.090

Lot Alijó
0.085 Client
Contractor
Start-/enddate -
0.080 Comment

0.075 Layer Saibro


Number of layer 1
Type of soil
0.070 Subbase
Thickness of layer
Comment
0.065

0.060 Field 2m
Startposition 0.000 km
Number of tracks in 10
0.055 Track length 100.00 m
Number of tracks in 10
width width
Track 2.00 m
0.050 Comment

0.045
Roller parameters
Model BW 213 DH-4 BVC
Serial No. 101 583 16 1161
0.040 Operation mode manual
Weight [kg] 14900
Width of drum [mm] 212
0.035 Linear load [kg/cm] 44

Stored data
0.030 current section in length 1
current section in width 2
Surface (complete) 200 m²
0.025
Processed surface 88 m² 44 %
Passes 0 ... 7
documented from 16-06-2010 18:55:24
0.020
documented to 16-06-2010 20:01:32
AVG Min Max
0.015 EVIB [MN/m²] 53 30 147
Amplitude [mm] 1.1 0.9 1.2
Frequency [Hz] 28 17 28
0.010 Speed [km/h] 3.0 1.8 3.3
Evaluation and statistics
Default Maximum 145 ... 350 0%
0.005
EVIB within set range 45 ... 145 72 %
Default Minimum 0 ... 45 28 %
0.000 AVG-value 53 MN/m²
350 300 250 200 150 100 50 0 Increase -51 %
EVIB Standard deviation 14

Notes

Jump operation 1
Jump operation 2

BCM 05 Office Print-out 27-06-2010


Version 2.1.1487.1 Bomag Compaction Management Page 1/1
CCC - Documentation BOMAG GmbH

Hellerwald

2D-Lineview 56154 Boppard


Tel: 06742/1000

km
0.100 Description
Project MP Saibro
Client
0.095 Contractor
Start-/enddate -
Comment
0.090

Lot Alijó
0.085 Client
Contractor
Start-/enddate -
0.080 Comment

0.075 Layer Saibro


Number of layer 1
Type of soil
0.070 Subbase
Thickness of layer
Comment
0.065

0.060 Field 2m
Startposition 0.000 km
Number of tracks in 10
0.055 Track length 100.00 m
Number of tracks in 10
width width
Track 2.00 m
0.050 Comment

0.045
Roller parameters
Model BW 213 DH-4 BVC
Serial No. 101 583 16 1161
0.040 Operation mode manual
Weight [kg] 14900
Width of drum [mm] 212
0.035 Linear load [kg/cm] 44

Stored data
0.030 current section in length 1
current section in width 3
Surface (complete) 200 m²
0.025
Processed surface 86 m² 43 %
Passes 0 ... 7
documented from 16-06-2010 17:13:32
0.020
documented to 16-06-2010 18:49:24
AVG Min Max
0.015 EVIB [MN/m²] 46 29 114
Amplitude [mm] 1.1 0.9 2.5
Frequency [Hz] 28 16 28
0.010 Speed [km/h] 3.2 0.5 3.4
Evaluation and statistics
Default Maximum 145 ... 350 0%
0.005
EVIB within set range 45 ... 145 67 %
Default Minimum 0 ... 45 33 %
0.000 AVG-value 46 MN/m²
350 300 250 200 150 100 50 0 Increase -19 %
EVIB Standard deviation 8

Notes

Jump operation 1
Jump operation 2

BCM 05 Office Print-out 27-06-2010


Version 2.1.1487.1 Bomag Compaction Management Page 1/1
Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

A N E X O I V ± E volução do valor do E vib resultante das medições do


cilindro de C I e C C C para as faixas 2 e 3, respectivamente, com o
número de passagens para o material solo-enrocamento

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 111


Pass  2 Pass  4 Pass  6

E  (MPa)
200

175

150

125

100

75

50

25

0
0 20 40 60 80 100 120
Distância  (m)
 

F aixa 2 - C I
Pass  2 Pass  4

E  (MPa)
150

125

100

75

50

25

0
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00
Distância  (m)

F aixa 3 - C C C
Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

A N E X O V ± E volução do valor do E vib resultante das medições do


cilindro de C I e C C C para as faixas 2 e 3, respectivamente, com o
número de passagens para o material saibro

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 112


Pass  2 Pass  4 Pass  6

E  (MPa)
200

175

150

125

100

75

50

25

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Distância  (m)
 

F aixa 2 ± C I
Pass  2 Pass  4

E  (MPa)
250

200

150

100

50

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Distância  (m)

F aixa 3 ± C C C
Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

A N E X O V I ± E volução do valor do inverso da deflexão (1/D 2)


resultante das medições do F W D para as faixas 1,2 e 3 cor respondentes
às tecnologias de C C, C I e C C C, respectivamente, com o número de
passagens para o material solo-enrocamento

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 113


Pass  2 Pass  4 Pass  6
1/D2  (µm-­‐1)
0,001
0,0009
0,0008
0,0007
0,0006
0,0005
0,0004
0,0003
0,0002
0,0001
0
0 20 40 60 80 100 120
Distância  (m)  

F aixa 1

Pass  2 Pass  4 Pass  6


1/D2  (µm-­‐1)
0,001

0,0009

0,0008

0,0007

0,0006

0,0005

0,0004

0,0003

0,0002

0,0001

0
0 20 40 60 80 100 120
Distância  (m)

F aixa 2
Pass  2 Pass  4 Pass  6
1/D2  (µm-­‐1)
0,0009

0,0008

0,0007

0,0006

0,0005

0,0004

0,0003

0,0002

0,0001

0
0 20 40 60 80 100 120
Distância  (m)

F aixa 3
Universidade do Minho Mestrado Integrado em Engenharia Civil

A N E X O V I I ± E volução do valor do inverso da deflexão (1/D 2)


resultante das medições do F W D para as faixas 1,2 e 3 cor respondentes
às tecnologias de C C, C I e C C C, respectivamente, com o número de
passagens para o material saibro

Tese de Dissertação ± Manuel Parente 114


Pass  2 Pass  4 Pass  6

1/D2  (µm-­‐1)
0,000355
0,00035
0,000345
0,00034
0,000335
0,00033
0,000325
0,00032
0,000315
0,00031
0,000305
0,0003
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Distância  (m)  

F aixa 1

Pass  2 Pass  4 Pass  6


1/D2  (µm-­‐1)
0,00041

0,00039

0,00037

0,00035

0,00033

0,00031

0,00029

0,00027

0,00025
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Distância  (m)  

F aixa 2
Pass  2 Pass  4 Pass  6
1/D2  (µm-­‐1)
0,00041

0,00039

0,00037

0,00035

0,00033

0,00031

0,00029

0,00027
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Distância  (m)

F aixa 3

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