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Analise de Maca de Manoel de Barros
Analise de Maca de Manoel de Barros
MAÇÃ
Como podemos ver em: “Vi tudo dela: a escova fofa, o pente a doce maçã. (…) E
esfregou a lesma dela em mim”, que
“Manoel de Barros busca incansavelmente essa ruptura, isto é, a
transposição de uma linguagem nova para chegar a uma estética
inaugural, convergindo para um conceito de Poética que leva a invenção
de uma obra de arte. Isto é, o conceito de poética que prioriza o conjunto
de referenciais estéticos, os quais se refletem sobre toda a obra, tanto nos
aspectos formais quanto nos conceptuais” (VASCONCELOS, 2005. p-3)
Percebemos que Manoel de Barros tem ciente o emprego da poética, como reflexo
de uma arte que aponta para o amanhã. Ele é um crítico da sua própria arte, um poeta que
causa efeitos de estranhamento. A metalinguagem está presente nesta estética inovadora, o
poeta conduz ao leitor o entendimento de usa obra. Acredito agora podermos falar do
poema exatamente.
Em primeira leitura o poema chama atenção por ser uma única estrofe de dez
versos, sendo os dois primeiros versos maiores que os que vêm a seguir. Ao se deparar com
o título: MAÇÃ é natural que se pense no fruto proibido, e é o que sugere o poema em
primeira instância. Já em primeiro momento o tratamento que se dá à palavra lhe confere
um caráter de humanidade. Por começar com uma palavra feminina que abre seu roupão,
quem poderia abrir um roupão senão uma mulher? Ele (o EU) diz ver tudo: a escova e o
pente, aqui há certo estranhamento, o que seria esta escova e esse pente? Em seguida fala
de uma doce maçã, a mesma de Adão, seria esta o fruto proibido, mas que fruto proibido é
esse, senão o sexo? Ele tenta pegar na fruta e não consegue, pensa ser um sonho, então
tenta de novo e novamente não consegue. Esse braço seria mesmo um braço, ou um pênis?
Poderia se pensar em homem com impotência sexual, pelo braço não conseguir tocar na
fruta dela. Depois ela se aproxima e torna-se o ser ativo da relação. Assim como o pente
(palavra masculina) que no verso segundo causou uma estranheza, no último verso a
palavra lesma causa a mesma estranheza. O que seria esta lesma, o que seria isto pegajoso,
maleável? Seria a lesma e o pente referenciais de uma mesma coisa, no caso,
possivelmente, um pênis? Mas diferente do braço, que não se moveu. Esse primeiro sentido
é válido. Porém o ar de mistério leva a crer que o poema é mais do que sugere a primeira
leitura.
O poema nos provoca uma série de ideias a partir de muitas imagens representadas
pelas metáforas e também pelos símbolos. Um símbolo muito presente neste poema é a
maçã, como símbolo do proibido, do pecado. É um poema de única estrofe décima. Uma
estrofe de dez versos que poderia ser dividido em duas estrofes, sendo a primeira de seis
versos e a segunda de quatro versos. Esta separação seria possível por serem as primeiras
seis linhas a exposição de algo que, possivelmente, se encontra no espaço do sonho. E as
quatro linhas posteriores se encontrarem em espaço real.
BIBLIOGRAFIA
http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estudos-
2005/4publica-estudos-2005-pdfs/a-poetica-de-manoel-de-barros-661.pdf?
SQMSESSID=a38ffc79c82bcbe561e1c641326fd16c
Humildade, Paixão e Morte: a poesia de Manuel Bandeira / Davi Arrigucci Jr. – São Paulo:
Companhia da Letras, 1990.
Versificação Portuguesa / M. Said Ali: prefácio de Manuel Bandeira – São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 1999.