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8.

2 Órteses longas com controle na fase de apoio


8.2.1 Free Walk
 A órtese Free Walk é indicada para pacientes que apresentam sequelas
neuromotoras
em um único membro inferior. É importante que o paciente tenha peso corpóreo
inferior a 120 kg, apresente força muscular (graus 3-5) nos músculos flexores do
quadril, ADM passiva no tornozelo igual ou superior a 10°, força muscular
(graus 3-5) nos extensores do quadril ou nos extensores do joelho, ou joelho
com hiperextensão.
 Como contraindicação, citam-se deformidades em flexão de joelho, instabilidade
ligamentar na articulação do joelho com varo ou valgo durante a extensão,
espasticidade, instabilidade ligamentar em tornozelo e alterações cognitivas.
 Objetivo de proporcionar uma marcha mais natural e segura, permitindo, durante
a fase de balanço, o movimento de flexão e extensão do joelho, resultando em
deambulação mais rápida e com menor gasto energético quando comparada com
a marcha de pacientes que utilizam órtese mecânica convencional com joelho
fixo.
Essa órtese apresenta como característica uma única haste lateral, proporcionando boa
estética, baixo peso, fácil colocação e remoção, além de permitir utilização de calçados
normais, sem necessidade de modificações. É importante destacar, no entanto, que o
sistema unilateral pode acarretar instabilidade aos usuários.

8.2.2 Full Stride


 A órtese Full Stride, é composta por uma articulação mecânica de joelho com
controle na fase de apoio.
 Utiliza um sistema de cabos localizados entre a região posterior do calcâneo e o
joelho para que, de maneira automática, ocorra o desbloqueio da articulação do
joelho na fase de pré-balanço. Já no final da fase de balanço, quando o joelho
alcança a extensão total, o mecanismo se bloqueia automaticamente para ofe-
recer estabilidade ao joelho durante o contato inicial com o solo. Para otimizar a
marcha e aumentar a estabilidade do joelho, é importante a escolha correta da
articulação de tornozelo.
 Essa órtese é indicada para pacientes portadores de doenças
neuromusculares que não apresentam o controle do quadríceps, porém
apresentam no mínimo 5o de ADM passiva no tornozelo e no máximo 10° de
contratura em flexão de joelho. Força muscular dos extensores e flexores de
quadril não é necessária para utilização desse sistema. Com limite de peso para
100 kg, o equipamento é contraindicado para pacientes com hipertonia.

8.2.3 Safety Stride


 A órtese Safety Stride é uma articulação de joelho mecânica com controle na
fase do apoio que utiliza um sistema de cabos para desbloqueio automático.
 Essa órtese apresenta como característica a possibilidade de resistir à flexão do
joelho em qualquer ângulo.
 A Sa-fety Stride não exige 180º de extensão para realizar o bloqueio da
articulação do joelho na fase de apoio. Projetado para desbloquear na fase final
do apoio, o sistema conta com um mecanismo que trabalha na fase do balanço,
oferecendo maior estabilidade na articulação antes do contato do calcâneo com o
solo.
 Com essa órtese, os indivíduos que não conseguem alcançar a extensão completa
do joelho podem ter uma segurança adicional e maior estabilidade durante a
marcha, utilizando um sistema pneumático de auxílio à extensão que é fixado
em uma das hastes laterais da órtese. Com limite de peso para 100 kg, o
equipamento também é contraindicado para pacientes com hipertonia e com
significativa discrepância no comprimento dos membros inferiores. Seu uso em
sequelas bilaterais pode ser estudado

8.2.4 Load response


 A articulação de joelho com resposta à carga Load Response permite uma pré-
flexão do joelho de 18o na fase de apoio, diminuindo a excursão vertical do
centro de massa corpóreo, o que diminui o gasto energético durante a realização
da marcha. A marcha em declives é facilitada com esse sistema, permitindo aos
usuários um contato total do pé com o solo enquanto o joelho mantém-se pré-
flexionado. Esse movimento de pré-flexão é realizado por meio da articulação
composta por um sistema em espiral. Esse sistema também diminui o desgaste
dos sistemas de travas convencionais, como as travas em anel e suíça.
 É contraindicado para usuários que já apresentam deformidade em flexão de
joelhos.

8.2.5 GX Knee
 A articulação de joelho GX-Knee é composta por uma unidade pneumática
posicionada na barra lateral de uma KAFO para assistir o movimento de
extensão do joelho durante a fase de balanço. Geralmente, esse sistema é
utilizado em conjunto com o Full Stride, mas também pode ser adaptado em
outras órteses que permitem flexão livre do joelho durante a fase de balanço.
 Esse sistema não deve ser indicado com o objetivo de resistir ou prevenir a
flexão do joelho.

8.2.6 E- Mag Active


 A órtese E-Mag Active, oferece segurança e estabilidade para seus usuários.
 Foi desenvolvida especificamente para pacientes que perderam o controle total
ou parcial da musculatura extensora do joelho e que precisam adotar
mecanismos compensatórios para estabilizar essa articulação. A hiperextensão
compensatória do joelho para estabilização da articulação em pacientes que
caminham sem órtese pode resultar em instabilidade ligamentar grave,
degeneração articular e dor.
 A E-Mag Active pode controlar esse movimento não fisiológico, permitindo um
padrão de marcha natural.
 A órtese é composta por uma articulação medial de joelho livre, que pode ser
eliminada em pacientes com peso corpóreo inferior ou igual a 65 kg; uma
articulação lateral com dispositivo eletrônico para bloqueio e desbloqueio
automático; um sensor de angulação (giroscópio) utilizado para determinar a
flexão e a extensão do quadril e controlar a articulação do joelho; e uma bateria
utilizada como fonte de energia externa.
 A confecção desta órtese deve ser em fibra de carbono e a utilização da
articulação de tornozelo não é obrigatória, pois a liberação do joelho na fase do
pré-balanço independe do movimento de dorsiflexão.
 O uso deste sistema é indicado para pacientes com:
- Paralisia ou paresia da musculatura extensora do joelho.
- Força muscular graus 3-5 para extensores e flexores de quadril.
- Até 15o de desvios em valgo ou varo.
- Peso corpóreo de até 100 kg.
 São contraindicações a seu uso:
- Espasticidade.
- Contratura em flexão de joelho maior que 15º.
- Força muscular com grau menor que 3 para extensores e flexores de quadril.

8.2.7 E-Knee
 A articulação E-Knee é composta por uma articulação de joelho eletrônica com
mecanismo de ativação computadorizada.
 A órtese vem equipada com uma palmilha composta por sensores pressóricos
que informam ao microprocessador o momento exato para bloqueio e
desbloqueio da articulação do joelho, permitindo ao usuário uma marcha
bastante natural e segura. O sistema é alimentado por uma bateria de LiIon com
capacidade para uso diário. Indicadores sonoros e leds informam a necessidade
de recarga. No caso de falta de bateria, o sistema entra em bloqueio da
articulação para maior segurança do usuário durante a utilização da órtese.

8.2.8 Rehab E-Knee


 A órtese Rehab E-Knee deve ser utilizada para avaliação e treinamento de
marcha em pacientes com sequelas neuromotoras unilaterais que necessitam de
controle na articulação do joelho durante o processo de reabilitação.
 A Rehab E-Knee é um sistema modular complemente ajustável composto por
um coxal, uma AFO com solado biomecânico e hastes laterais com articulações
nos joelhos, sendo um eixo mecânico com possibilidade de bloqueio por anel e
outro com controle eletrônico e dispositivo manual para bloqueio e desbloqueio.
O sistema eletrônico é alimentado por baterias externas. O controle manual deve
ser utilizado inicialmente pelo terapeuta para realizar o bloqueio e o desbloqueio
da articulação do joelho durante as atividades de treinamento. Em um segundo
momento, o próprio paciente pode realizar o controle manual de forma
independente dentro do centro de reabilitação.
 A utilização desse sistema tem como objetivo estimular um melhor padrão de
marcha por meio de estímulos proprioceptivos, limitação de movimentos
indesejados e grande estabilidade.
 A órtese também pode ser utilizada como uma efetiva ferramenta para avaliar
pacientes candidatos a órteses longas com controle na fase de apoio, como E-
Knee, E-Mag Active, Full Stride e Safety Stride, entre outras.
 Seu uso é contraindicado para pacientes com peso acima dos 100 kg, varo ou
valgo não redutíveis acima dos 15o e hiperextensão de joelho não controlada
pela órtese.

8.2.9 C- Brace
 A C-Brace é a primeira órtese com sistema mecatrônico que possibilita aos
usuários controle nas fases de apoio e balanço. Sensores integrados na lâmina de
carbono localizada entre o pé e panturrilha transmitem sinais para uma
articulação de joelho hidráulica controlada por microprocessador. O sistema
também apresenta sensores que mensuram o grau de flexão e a velocidade
angular, reconhecendo cada fase da marcha.
 Com esta tecnologia, os pacientes podem descer rampas e escadas com passos
alternados e caminhar em superfícies planas e irregulares com total segurança. O
sistema é alimentado por uma bateria de LiIon.
 A órtese é indicada para pacientes com paresia ou plegia do músculo quadríceps
ou em casos em que não é possível estabilizar o joelho em extensão na fase do
apoio, como trauma raquimedular abaixo de T1, sequelas de poliomielite ou
síndrome pós-poliomielite.
 As contraindicações estão relacionadas a espasticidade moderada ou grave,
contraturas em flexão de quadril e/ou joelho superior a 10o , geno valgo maior
que 10o , força da musculatura flexora de quadril menor que grau 3
(classificação de Kendall) e peso corpóreo superior a 12 kg.

9.2.4
b) Tipos
1. ParaWalker
 A órtese de reciprocação ParaWalker, conhecida também como hip guidance
orthosis (HGO), foi desenvolvida na ORLAU (Orthotic Research and
Locomotor Assessment Unit), sediada na cidade de Oswestry, Inglaterra, no
ano de 1969.
 Indicada para pacientes portadores de traumatismo raquimedular e
mielodisplasia com lesões compreendidas entre os níveis T4 e L2.
 Foi desenvolvida com o objetivo de proporcionar independência funcional
aos pacientes, ou seja, facilidades para colocação e remoção, transferências
para as posições em pé e sentada, possibilidade de manter-se em pé sem
necessitar do apoio dos membros superiores e realização de marcha
recíproca com baixo gasto energético.
 A confecção é realizada após a mensuração de membros inferiores, quadril e
tronco segundo um formulário de medidas. A montagem e o alinhamento
adequado resultam no sucesso biomecânico da órtese. A estrutura metálica
utilizada em sua confecção será a responsável pela rigidez lateral da órtese e
pelo funcionamento harmônico durante a deambulação. O peso dessa órtese
varia de 4-6 kg, dependendo da altura do paciente, porém esse dado deverá
ser desconsiderado por se tratar de um sistema de reciprocação. Ao contrário
das órteses mecânicas convencionais, o paciente com o sistema de
reciprocação será “carregado pela” órtese ao invés de “carregá-la”.
 O equipamento é composto por uma plataforma metálica em duralumínio, a
qual é recortada e dobrada conforme as medidas do calçado do paciente.
Nessa plataforma, será fixado externamente um solado antiderrapante e,
lateralmente, duas hastes metálicas com angulação de 6º de flexão dorsal.
 Vale a pena ressaltar que o paciente pisa já calçado sobre a plataforma, o que
facilita a colocação da órtese. A articulação do joelho, monocêntrica,
encontra-se bloqueada em extensão por meio de um sistema de trava suíça.
A articulação do quadril, com a trava bloqueada, apresenta uma ADM de
24°, sendo 6º de extensão e 18º de flexão, porém, quando desbloqueada,
apresenta uma flexão superior a 100º, permitindo a transferência da posição
em pé para a posição sentada. As hastes laterais do tronco unidas à
articulação do quadril têm como referência a altura ao nível dos mamilos,
independente do nível da lesão. Os tubos torácico e pélvico, responsáveis
pela união das hastes laterais do tronco e articulações do quadril,
respectivamente, são responsáveis pela estabilização e pelo alinhamento da
órtese no plano sagital.
 A deambulação deve ser realizada com o uso de bengalas canadenses ou
andadores.
 Com esse sistema de reciprocação, o paciente não precisará fazer força para
tentar mudar os passos. Somente com os movimentos de inclinação e
remada, realizados por meio das bengalas, a órtese, por conta de sua ação
biomecânica, será a responsável pela deambulação do paciente, resultando
em uma marcha com baixo gasto energético.

2. Walkabout
 A órtese de reciprocação Walkabout foi desenvolvida para proporcionar aos
portadores de traumatismo raquimedular, spina bifida, esclerose múltipla,
mielite transversa e outras formas de doenças neuromusculares degenerativas
a oportunidade de manterem-se em pé com bom equilíbrio e caminhar com
baixo gasto energético.
 Essa órtese, composta por duas KAFO unidas medialmente por uma unidade
de reciprocação, pode ser utilizada para substituir as órteses mecânicas
convencionais longas sem cinto (KAFO bilaterais) em pacientes que
apresentam dificuldade na deambulação, órteses longas com cinto pélvico
livre (HKAFO) e, em alguns casos, órteses de reciprocação com
componentes pelvicotorácicos, como LSU, ARGO e ParaWalker.
 As vantagens não se resumem apenas à redução do gasto energético durante
a deambulação, conseguida por meio da unidade de reciprocação. Esse
sistema proporciona uma grande melhora estética, possibilita um
direcionamento dos passos durante a marcha, evitando movimentos indese-
jáveis como as rotações e os desvios laterais dos membros inferiores, e ainda
permite que o próprio paciente, quando sentado, remova a unidade de
reciprocação dos tutores, deixando as KAFO independentes, permitindo total
dissociação dos membros inferiores e facilitando as transferências na posição
sentada e a colocação e a retirada de calçados.
 A peça principal do sistema Walkabout é a unidade medial composta por
duas hastes metálicas unidas com mecanismos de quick release para fixação
nas hastes das KAFO. Proximalmente, essas hastes são unidas por um eixo
cilíndrico metálico com buchas de nylon. O design permite que cada
membro movimente-se independentemente com baixa fricção, baixa
velocidade, sem rotação e com a abdução requerida. Posicionada 2 cm
abaixo do períneo, a articulação apresenta grande resistência contra o suor e
a urina. A ADM fica limitada a 30º de flexão e 20º de extensão do quadril,
permitindo uma pas-sada segura e confortável. Um suporte lombar pode ser
conectado à unidade Walkabout para ajudar a reduzir hiperlordose e
extensão excessiva do quadril enquanto é mantida a estabilidade do tronco.
Esse suporte lombar pode auxilar a troca de passos e aumentar a
propriocepção dos usuários.
 Canditados com boa estabilidade não precisam fazer uso desse dispositivo.
 Atividades que requerem movimentos de abdução/adução, como colocação e
remoção da órtese, colocação de calçados e transferências, podem ser
facilitadas por meio do desbloqueio da unidade de reciprocação das KAFO
com os mecanismos de quick release.

3. ARGO
 A ARGO, é uma órtese de reciprocação composta por KAFO, componente
pélvico com articulações de quadril unidas por um único cabo de
reciprocação, unidade pneumática interligando as articulações de quadril e
joelho e componente torácico.
 Essa órtese apresenta, em sua extremidade inferior, AFO termoplásticas com
reforços em carbono ao nível da articulação do tornozelo e uma aba medial
longa com apoio no côndilo femoral medial para evitar o desvio em valgo
dos joelhos. Nas AFO, são fixadas somente hastes laterais, que irão se unir
às articulações do quadril e do tronco. O cabo posterior funciona por meio de
tensão e compressão, permitindo movimentos alternados de flexão e
extensão do quadril com amplitude limitada, proporcionando uma marcha de
quatro pontos. Quando a articulação do quadril encontra-se desbloqueada, é
possível uma flexão simultânea do quadril, permitindo que o paciente realize
a transferência da posição em pé para a sentada.
 A ARGO também é composta por uma unidade pneumática posicionada
lateralmente entre as articulações do quadril e do joelho, que tem como
função auxiliar simultaneamente a extensão das articulações do quadril e do
joelho, permitindo, dessa forma, que a transferência da posição sentada para
em pé possa ser iniciada com os joelhos fletidos, tornando-a mais fácil. Para
a transferência com outras órteses, é necessária a fixação das articulações do
joelho em extensão antes de se levantar.
 Nota-se, durante a deambulação desses pacientes, que na fase de apoio
unilateral a estrutura lateral da órtese não suporta todo o peso do paciente e
inverga, diminuindo a distância entre o quadril e o solo e fazendo com que o
membro contralateral tenha dificuldade para iniciar a fase de balanço.
 Um recurso utilizado pelos pacientes para aliviar o peso desse membro é
realizar um push up por meio da extensão dos cotovelos, permitindo, dessa
forma, o desprendimento do membro contralateral. Essa manobra aumenta a
excursão vertical do centro de massa corpóreo, aumentando,
consequentemente, o gasto energético durante a deambulação.
 Pelo fato de essa órtese não apresentar grande estabilidade lateral, os
usuários desse tipo de RGO geralmente fazem uso de andadores.

4. LSU
 A órtese de marcha recíproca LSU foi desenvolvida para auxiliar a
deambulação de crianças com espinha bífida.
 É conhecida comercialmente no Brasil como RGO, quando o termo mais
apropriado seria LSU-RGO.
 Indicada também para pacientes paraplégicos adultos portadores de lesões
medulares.
 A órtese tem como objetivo proporcionar marcha independente com menor
gasto energético.
 A órtese é composta por duas KAFO confeccionadas em termoplástico
unidas por uma banda pélvica metálica e suportes torácicos, enquanto dois
cabos de reciprocação conectam as articulações pélvicas, sendo o final de um
cabo conectado posteriormente ao centro de rotação do quadril de um lado,
enquanto o final do outro cabo encontra-se co-nectado à frente da articulção
do quadril. Esses cabos transmitem forças somente quando tensionados,
resultando em movimentos alternados de flexão e extensão do quadril e
marcha de quatro pontos. Quando a articulação do quadril encontra-se
desbloqueada, é possível uma flexão simultânea do quadril para que o
paciente possa se sentar.
 Como essa órtese não apresenta grande rigidez em sua estrutura, ela permite,
durante o apoio unilateral, a inclinação das hastes com diminuição da altura
entre a articulação do quadril e o solo. Essa perda de altura impossibilita que
o outro membro se desprenda do solo e entre em balanço. Com o auxílio
principalmente de andadores, os pacientes são obrigados a realizar um
deslocamento vertical para que o membro se desprenda do solo e seja
projetado à frente.
 Esse recurso é utilizado para permitir a troca dos passos e acaba elevando o
gasto energético durante a deambulação.

5. IRGO
 Essa órtese de reciprocação apresenta um cinto pélvico rígido composto por
uma articulação isocêntrica centralizada na região posterior do cinto pélvico.
Esse cinto com um eixo posterior é responsável pelos movimentos
alternados de flexão e extensão do quadril.
 Essa órtese, quando confeccionada com apenas uma haste lateral, não
apresenta grande rigidez lateral, o que proporciona menor funcionalidade do
sistema. Um sistema de trava com bloqueio e desbloqueio nas articulações
do quadril permite que as duas articulações flexionem simultaneamente
durante a transferência para a posição sentada.

9.2.5 Órteses híbridas


9.2.5.1 ReWalk
 Um exoesqueleto motorizado forte, compacto e leve.
 O ReWalk é composto por motores de corrente contínua, baterias
recarregáveis, sensores que interagem com um sistema de controle e uma
estrutura externa composta por articulações motorizadas nos quadris e
joelhos que sustenta os membros inferiores e o tronco do usuário. Sensores
avançados de movimento e uma pulseira com comandos específicos
comunicam-se via bluetooth e detectam pequenas mudanças no centro de
gravidade, informando ao exoesqueleto quan-do a passada precisa ser
executada.
 Os usuários controlam os movimentos com o auxílio de bengalas
canadenses.
 O ReWalk está disponível em dois tamanhos, sendo um para pacientes de
1,60-1,75 m e outro para pacientes com até 1,90 m. O limite de peso para
utilização desse dispositivo é de 100 kg.
 Esse é o primeiro dispositivo comercial que permite a paraplégicos subir
degraus com passos alternados.

9.2.5.2 Rex Bionics


 Considerada como pernas robóticas.
 O exoesqueleto robótico de 38 kg, composto por um giroscópio, permite os
usuários, por meio de um joystick, subir e descer escadas, sentar e levantar, e
caminhar para a frente, para trás e para os lados com grande estabilidade.
Todas essas atividades podem ser realizadas com as mãos livres de apoios.
 Para a utilização da Rex Bionics, não é necessário o uso de bengalas
canadenses ou similares.

9.2.5.3 eLegs
 O eLegs é um equipamento biônico.
 Ele permite que pessoas com paraplegia fiquem em pé e caminhem
novamente.
 Trata-se de um exoesqueleto composto por bateria recarregável e sensores
utilizado sobre a roupa do usuário.
 Inicialmente, o eLegs será utilizado apenas sob supervisão médica para
treinamento de marcha em centros de reabilitação.
 Os pesquisadores têm como objetivo permitir aos futuros usuários
independência e liberdade de movimentos como sentar, levantar, caminhar e
ficar longos períodos em pé.
 A princípio, todo paraplégico que consiga realizar transferência sozinho de
uma cadeira de rodas para uma cadeira, tenha altura de 1,60-1,90 m, peso
menor ou igual a 100 kg e ADM preservada nos membros inferiores é
candidato ao uso do eLegs.
 O dispositivo robótico pesa somente 20 kg e é fácil de ser transportado.

9.2.5.4 Órtese de auxílio para marcha – Honda


 A Honda desenvolveu alguns equipamentos (Honda’s walking-assist
devices) que utilizam a tecnologia assistiva para auxiliar pessoas durante
atividades como caminhar, agachar e subir escadas.
 Para utilizar esse equipamento, o usuário precisa apenas sentar-se no
dispositivo e acoplá-lo aos calçados. As “pernas do equipamento” sustentam
o peso corpóreo e auxiliam na movimentação do usuário.
 Outro dispositivo, fixado na pelve e nas coxas do usuário, facilita a marcha,
reduzindo esforço e gasto energético.
 O objetivo dos equipamentos também é auxiliar idosos e incapacitados e
servir como um dispositivo preventivo para trabalhadores que realizam
movimentos repetitivos com joelhos (flexão/extensão).

9.2.5.5 Órtese de locomoção vertical – Swivel-Walker


 A Swivel-Walker é uma órtese indicada para pacientes que não conseguem
manter-se na posição em pé de forma independente. Pacientes portadores de
traumatismo medular com lesões compreendidas entre C6 e L1 e pacientes
com paralisia cerebral ou distrofias musculares podem se beneficiar com o
uso dessa órtese.
 Além de permitir um ortostatismo seguro, a Swivel-Walker possibilita uma
locomoção vertical com baixo gasto energético, proporcionando maior
independência aos pacientes. Essa característica única diferencia essa órtese
dinâmica das conhecidas mesas estáticas de ortostatismo ou Parapodium.
 Essa órtese é composta por uma estrutura rígida lateral, apoio posterior em
termoplástico, plataforma de apoio e pratos giratórios unidos por barra
telescópica. Para manter o paciente em pé, a órtese apresenta dois sistemas
de três pontos de fixação para a manutenção em posição neutra das
articulações do joelho e do quadril, utilizando o, joelho e quadril para
sustentar o joelho em extensão e em joelho, quadril e tórax para manter o
quadril em posição neutra. Os pratos giratórios localizados abaixo da
plataforma de apoio encontram-se com uma angulação externa de
aproximadamente 4º. Essas plataformas, unidas por uma barra telescópica,
são responsáveis pelos deslocamentos durante a locomoção.
 A projeção do centro de massa corpóreo encontra-se entre os eixos de
rotação dos pratos giratórios e a barra telescópica. Com o movimento da
cintura escapular e dos membros superiores, ocorre um deslocamento lateral
do centro de gravidade, provocando um contato total do prato giratório com
o solo e um desprendimento do prato contralateral, o qual é projetado
anteriormente através da barra telescópica, permitindo a locomoção vertical.
 Essa órtese é indicada apenas para utilização em terrenos planos e regulares.
Sua contraindicação é para pacientes com movimentos involuntários fortes,
como na atetose, ou pacientes com espasticidades graves. Dentre as
desvantagens apresentadas, pode-se citar baixa velocidade durante a
locomoção, impossibilidade de sentar com a órtese em decorrência de sua
estrutura não articulada e uso somente em superfícies lisas e planas.

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