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8.2.5 GX Knee
A articulação de joelho GX-Knee é composta por uma unidade pneumática
posicionada na barra lateral de uma KAFO para assistir o movimento de
extensão do joelho durante a fase de balanço. Geralmente, esse sistema é
utilizado em conjunto com o Full Stride, mas também pode ser adaptado em
outras órteses que permitem flexão livre do joelho durante a fase de balanço.
Esse sistema não deve ser indicado com o objetivo de resistir ou prevenir a
flexão do joelho.
8.2.7 E-Knee
A articulação E-Knee é composta por uma articulação de joelho eletrônica com
mecanismo de ativação computadorizada.
A órtese vem equipada com uma palmilha composta por sensores pressóricos
que informam ao microprocessador o momento exato para bloqueio e
desbloqueio da articulação do joelho, permitindo ao usuário uma marcha
bastante natural e segura. O sistema é alimentado por uma bateria de LiIon com
capacidade para uso diário. Indicadores sonoros e leds informam a necessidade
de recarga. No caso de falta de bateria, o sistema entra em bloqueio da
articulação para maior segurança do usuário durante a utilização da órtese.
8.2.9 C- Brace
A C-Brace é a primeira órtese com sistema mecatrônico que possibilita aos
usuários controle nas fases de apoio e balanço. Sensores integrados na lâmina de
carbono localizada entre o pé e panturrilha transmitem sinais para uma
articulação de joelho hidráulica controlada por microprocessador. O sistema
também apresenta sensores que mensuram o grau de flexão e a velocidade
angular, reconhecendo cada fase da marcha.
Com esta tecnologia, os pacientes podem descer rampas e escadas com passos
alternados e caminhar em superfícies planas e irregulares com total segurança. O
sistema é alimentado por uma bateria de LiIon.
A órtese é indicada para pacientes com paresia ou plegia do músculo quadríceps
ou em casos em que não é possível estabilizar o joelho em extensão na fase do
apoio, como trauma raquimedular abaixo de T1, sequelas de poliomielite ou
síndrome pós-poliomielite.
As contraindicações estão relacionadas a espasticidade moderada ou grave,
contraturas em flexão de quadril e/ou joelho superior a 10o , geno valgo maior
que 10o , força da musculatura flexora de quadril menor que grau 3
(classificação de Kendall) e peso corpóreo superior a 12 kg.
9.2.4
b) Tipos
1. ParaWalker
A órtese de reciprocação ParaWalker, conhecida também como hip guidance
orthosis (HGO), foi desenvolvida na ORLAU (Orthotic Research and
Locomotor Assessment Unit), sediada na cidade de Oswestry, Inglaterra, no
ano de 1969.
Indicada para pacientes portadores de traumatismo raquimedular e
mielodisplasia com lesões compreendidas entre os níveis T4 e L2.
Foi desenvolvida com o objetivo de proporcionar independência funcional
aos pacientes, ou seja, facilidades para colocação e remoção, transferências
para as posições em pé e sentada, possibilidade de manter-se em pé sem
necessitar do apoio dos membros superiores e realização de marcha
recíproca com baixo gasto energético.
A confecção é realizada após a mensuração de membros inferiores, quadril e
tronco segundo um formulário de medidas. A montagem e o alinhamento
adequado resultam no sucesso biomecânico da órtese. A estrutura metálica
utilizada em sua confecção será a responsável pela rigidez lateral da órtese e
pelo funcionamento harmônico durante a deambulação. O peso dessa órtese
varia de 4-6 kg, dependendo da altura do paciente, porém esse dado deverá
ser desconsiderado por se tratar de um sistema de reciprocação. Ao contrário
das órteses mecânicas convencionais, o paciente com o sistema de
reciprocação será “carregado pela” órtese ao invés de “carregá-la”.
O equipamento é composto por uma plataforma metálica em duralumínio, a
qual é recortada e dobrada conforme as medidas do calçado do paciente.
Nessa plataforma, será fixado externamente um solado antiderrapante e,
lateralmente, duas hastes metálicas com angulação de 6º de flexão dorsal.
Vale a pena ressaltar que o paciente pisa já calçado sobre a plataforma, o que
facilita a colocação da órtese. A articulação do joelho, monocêntrica,
encontra-se bloqueada em extensão por meio de um sistema de trava suíça.
A articulação do quadril, com a trava bloqueada, apresenta uma ADM de
24°, sendo 6º de extensão e 18º de flexão, porém, quando desbloqueada,
apresenta uma flexão superior a 100º, permitindo a transferência da posição
em pé para a posição sentada. As hastes laterais do tronco unidas à
articulação do quadril têm como referência a altura ao nível dos mamilos,
independente do nível da lesão. Os tubos torácico e pélvico, responsáveis
pela união das hastes laterais do tronco e articulações do quadril,
respectivamente, são responsáveis pela estabilização e pelo alinhamento da
órtese no plano sagital.
A deambulação deve ser realizada com o uso de bengalas canadenses ou
andadores.
Com esse sistema de reciprocação, o paciente não precisará fazer força para
tentar mudar os passos. Somente com os movimentos de inclinação e
remada, realizados por meio das bengalas, a órtese, por conta de sua ação
biomecânica, será a responsável pela deambulação do paciente, resultando
em uma marcha com baixo gasto energético.
2. Walkabout
A órtese de reciprocação Walkabout foi desenvolvida para proporcionar aos
portadores de traumatismo raquimedular, spina bifida, esclerose múltipla,
mielite transversa e outras formas de doenças neuromusculares degenerativas
a oportunidade de manterem-se em pé com bom equilíbrio e caminhar com
baixo gasto energético.
Essa órtese, composta por duas KAFO unidas medialmente por uma unidade
de reciprocação, pode ser utilizada para substituir as órteses mecânicas
convencionais longas sem cinto (KAFO bilaterais) em pacientes que
apresentam dificuldade na deambulação, órteses longas com cinto pélvico
livre (HKAFO) e, em alguns casos, órteses de reciprocação com
componentes pelvicotorácicos, como LSU, ARGO e ParaWalker.
As vantagens não se resumem apenas à redução do gasto energético durante
a deambulação, conseguida por meio da unidade de reciprocação. Esse
sistema proporciona uma grande melhora estética, possibilita um
direcionamento dos passos durante a marcha, evitando movimentos indese-
jáveis como as rotações e os desvios laterais dos membros inferiores, e ainda
permite que o próprio paciente, quando sentado, remova a unidade de
reciprocação dos tutores, deixando as KAFO independentes, permitindo total
dissociação dos membros inferiores e facilitando as transferências na posição
sentada e a colocação e a retirada de calçados.
A peça principal do sistema Walkabout é a unidade medial composta por
duas hastes metálicas unidas com mecanismos de quick release para fixação
nas hastes das KAFO. Proximalmente, essas hastes são unidas por um eixo
cilíndrico metálico com buchas de nylon. O design permite que cada
membro movimente-se independentemente com baixa fricção, baixa
velocidade, sem rotação e com a abdução requerida. Posicionada 2 cm
abaixo do períneo, a articulação apresenta grande resistência contra o suor e
a urina. A ADM fica limitada a 30º de flexão e 20º de extensão do quadril,
permitindo uma pas-sada segura e confortável. Um suporte lombar pode ser
conectado à unidade Walkabout para ajudar a reduzir hiperlordose e
extensão excessiva do quadril enquanto é mantida a estabilidade do tronco.
Esse suporte lombar pode auxilar a troca de passos e aumentar a
propriocepção dos usuários.
Canditados com boa estabilidade não precisam fazer uso desse dispositivo.
Atividades que requerem movimentos de abdução/adução, como colocação e
remoção da órtese, colocação de calçados e transferências, podem ser
facilitadas por meio do desbloqueio da unidade de reciprocação das KAFO
com os mecanismos de quick release.
3. ARGO
A ARGO, é uma órtese de reciprocação composta por KAFO, componente
pélvico com articulações de quadril unidas por um único cabo de
reciprocação, unidade pneumática interligando as articulações de quadril e
joelho e componente torácico.
Essa órtese apresenta, em sua extremidade inferior, AFO termoplásticas com
reforços em carbono ao nível da articulação do tornozelo e uma aba medial
longa com apoio no côndilo femoral medial para evitar o desvio em valgo
dos joelhos. Nas AFO, são fixadas somente hastes laterais, que irão se unir
às articulações do quadril e do tronco. O cabo posterior funciona por meio de
tensão e compressão, permitindo movimentos alternados de flexão e
extensão do quadril com amplitude limitada, proporcionando uma marcha de
quatro pontos. Quando a articulação do quadril encontra-se desbloqueada, é
possível uma flexão simultânea do quadril, permitindo que o paciente realize
a transferência da posição em pé para a sentada.
A ARGO também é composta por uma unidade pneumática posicionada
lateralmente entre as articulações do quadril e do joelho, que tem como
função auxiliar simultaneamente a extensão das articulações do quadril e do
joelho, permitindo, dessa forma, que a transferência da posição sentada para
em pé possa ser iniciada com os joelhos fletidos, tornando-a mais fácil. Para
a transferência com outras órteses, é necessária a fixação das articulações do
joelho em extensão antes de se levantar.
Nota-se, durante a deambulação desses pacientes, que na fase de apoio
unilateral a estrutura lateral da órtese não suporta todo o peso do paciente e
inverga, diminuindo a distância entre o quadril e o solo e fazendo com que o
membro contralateral tenha dificuldade para iniciar a fase de balanço.
Um recurso utilizado pelos pacientes para aliviar o peso desse membro é
realizar um push up por meio da extensão dos cotovelos, permitindo, dessa
forma, o desprendimento do membro contralateral. Essa manobra aumenta a
excursão vertical do centro de massa corpóreo, aumentando,
consequentemente, o gasto energético durante a deambulação.
Pelo fato de essa órtese não apresentar grande estabilidade lateral, os
usuários desse tipo de RGO geralmente fazem uso de andadores.
4. LSU
A órtese de marcha recíproca LSU foi desenvolvida para auxiliar a
deambulação de crianças com espinha bífida.
É conhecida comercialmente no Brasil como RGO, quando o termo mais
apropriado seria LSU-RGO.
Indicada também para pacientes paraplégicos adultos portadores de lesões
medulares.
A órtese tem como objetivo proporcionar marcha independente com menor
gasto energético.
A órtese é composta por duas KAFO confeccionadas em termoplástico
unidas por uma banda pélvica metálica e suportes torácicos, enquanto dois
cabos de reciprocação conectam as articulações pélvicas, sendo o final de um
cabo conectado posteriormente ao centro de rotação do quadril de um lado,
enquanto o final do outro cabo encontra-se co-nectado à frente da articulção
do quadril. Esses cabos transmitem forças somente quando tensionados,
resultando em movimentos alternados de flexão e extensão do quadril e
marcha de quatro pontos. Quando a articulação do quadril encontra-se
desbloqueada, é possível uma flexão simultânea do quadril para que o
paciente possa se sentar.
Como essa órtese não apresenta grande rigidez em sua estrutura, ela permite,
durante o apoio unilateral, a inclinação das hastes com diminuição da altura
entre a articulação do quadril e o solo. Essa perda de altura impossibilita que
o outro membro se desprenda do solo e entre em balanço. Com o auxílio
principalmente de andadores, os pacientes são obrigados a realizar um
deslocamento vertical para que o membro se desprenda do solo e seja
projetado à frente.
Esse recurso é utilizado para permitir a troca dos passos e acaba elevando o
gasto energético durante a deambulação.
5. IRGO
Essa órtese de reciprocação apresenta um cinto pélvico rígido composto por
uma articulação isocêntrica centralizada na região posterior do cinto pélvico.
Esse cinto com um eixo posterior é responsável pelos movimentos
alternados de flexão e extensão do quadril.
Essa órtese, quando confeccionada com apenas uma haste lateral, não
apresenta grande rigidez lateral, o que proporciona menor funcionalidade do
sistema. Um sistema de trava com bloqueio e desbloqueio nas articulações
do quadril permite que as duas articulações flexionem simultaneamente
durante a transferência para a posição sentada.
9.2.5.3 eLegs
O eLegs é um equipamento biônico.
Ele permite que pessoas com paraplegia fiquem em pé e caminhem
novamente.
Trata-se de um exoesqueleto composto por bateria recarregável e sensores
utilizado sobre a roupa do usuário.
Inicialmente, o eLegs será utilizado apenas sob supervisão médica para
treinamento de marcha em centros de reabilitação.
Os pesquisadores têm como objetivo permitir aos futuros usuários
independência e liberdade de movimentos como sentar, levantar, caminhar e
ficar longos períodos em pé.
A princípio, todo paraplégico que consiga realizar transferência sozinho de
uma cadeira de rodas para uma cadeira, tenha altura de 1,60-1,90 m, peso
menor ou igual a 100 kg e ADM preservada nos membros inferiores é
candidato ao uso do eLegs.
O dispositivo robótico pesa somente 20 kg e é fácil de ser transportado.