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AULA 10

1. identificar as principais estratégias de atuação de uma empresa no campo da economia da água;


2. analisar os ganhos obtidos pelas empresas em suas ações de marketing da água;
3. identificar as inovações empresariais no campo do gerenciamento do consumo da água.

O OURO AZUL: UMA FONTE EM EXTINÇÃO


Com o desenvolvimento industrial e o advento da tecnologia, os desejos, as necessidades e o
consumo dos indivíduos aumentaram consideravelmente e, como consequência, a utilização da água

Mais uma razão para a água ser um recurso limitado é a sua distribuição pelo mundo. Há lugares
com escassez do produto e outros em que ele surge em abundância. Os habitantes dos lugares onde
ela é escassa migram para as grandes cidades onde há fartura.

O SURGIMENTO DA ONDA AZUL


Diante da grande expansão do consumo da água e das crescentes ameaças da sua escassez, cresce
em todo o mundo um movimento de conscientização e mobilização para a preservação dos recursos
hídricos e a redução do consumo da água em todos os setores da economia e da sociedade.

São freqüentes as campanhas publicitárias que pregam o consumo consciente da água, feitas por
entidades governamentais, com o apoio de empresas e da sociedade. As empresas, comunidades e
cidadãos que poluem a água são objetos de multas, denúncias e até mesmo ordens de prisão.
Escritores, pesquisadores, jornalistas e educadores alertam a todas as pessoas a importância da água
como um bem econômico e de uso social.

Crescem o número e âmbito de atuação, as agências reguladoras federais, estaduais e municipais,


que monitoram o uso da água por empresas, condomínios e outros tipos de empreendimentos,
aplicando pesadas multas nos casos de consumo abusivo e poluição das águas.

Algumas empresas já se adaptaram ao movimento da Onda Azul e adotam modelos sustentáveis de


gerenciamento da água. No campo da construção civil, já são inúmeros os empreendimentos que
privilegiam sistemas tecnologicamente avançados de redução do consumo da água.

A ÁGUA – UM BEM ECONÔMICO


Na Declaração de Dublin da Conferência Internacional de Água e do Ambiente, realizada em
1992, a água é reconhecida como um bem econômico:
Primeiro, porque a sua disponibilidade implica em custos.
Em segundo lugar, porque a água tem um valor para quem a consome: custos financeiros
(investimento, exploração, manutenção e administração), custos econômicos (oportunidades e
externalidades) e custos ambientais (impactos no meio ambiente, resultantes das diversas
utilizações da água).

DE QUE FORMA AS EMPRESAS GERENCIAM A ÁGUA COMO UM BEM ECONÔMICO


ESCASSO?
Para as empresas, a água é um bem econômico porque é escasso, como vimos anteriormente, e seu
consumo é excessivo como ingrediente do processo produtivo e das operações de apoio.

As empresas já estão conscientes da necessidade de tratar a água como um bem econômico e um


recurso natural exaurível e que o gerenciamento do seu consumo deve orientar-se pelos princípios
da eficiência e da otimização do seu uso. É cada vez maior o número de empresas que desenvolvem
processos de reutilização, reaproveitamento, redução de consumo da água e novas formas de
captação.
Identifique as principais estratégias de atuação da empresa no campo da economia da água:
1. A primeira estratégia faz da economia da água um conceito-chave para os seus
produtos.
2. A segunda estratégia de atuação é de âmbito interno, pois a empresa desenvolve
práticas de redução do consumo e reaproveitamento de água em sua fábrica.
3. A terceira estratégia é o desenvolvimento de programas de educação ambiental,
voltados para a conscientização das populações mais carentes, quanto ao uso racional e
preventivo da água em suas residências.

A SOCIEDADE TAMBÉM PRECISA SE PREOCUPAR


A economia da água não compete apenas às empresas. É dever de toda a sociedade mobilizar-se
para economizar este bem econômico de grande valor.
Segundo o Instituto Akatu, o consumo de água de uma pessoa ao longo da vida tem efeito danoso
sobre este bem e o meio ambiente.

A EXTERNALIDADE DA ÁGUA
A água é um bem de consumo que se caracteriza por sua elevada externalidade, isto é, a sua
utilização por um grupo ou região afeta sua disponibilidade e garantia para outros.
Essa situação é denominada interdependência hidrológica.

A CRISE HÍDRICA
A escassez de água e o nível excessivo de poluição das águas são dois problemas graves que
preocupam governos, empresas, sociedade civil e toda a humanidade. Tais problemas configuram o
fenômeno denominado crise hídrica.

A seguir, a crise hídrica sob cada perspectiva:

➢ A crise hídrica sob a perspectiva da escassez da água:


É a crise da falta de água provocada pelo elevado consumo na sociedade e nas empresas.
Isso está produzindo, em algumas partes do mundo, uma crise sem precedentes, pois foram
ultrapassados os limites sustentáveis da retirada de água dos aqüíferos subterrâneos (reservas
subterrâneas de água) e dos rios.
1. O primeiro e principal fator é o uso da água para a irrigação da lavoura.
Segundo Jeffrey Sachs, “a utilização em grande escala de água, particularmente com o
bombeamento de água subterrânea, pode vir a minar um recurso que é esgotável”.
2. O segundo fator é o elevado número de represas construídas (impedindo o curso natural dos
rios) em prol da geração de energia elétrica, como também os desvios de água para uso
industrial e agrícola.

As conseqüências da construção de represas são diversas: fragmentação de rios; destruição de


pântanos; redução da fertilidade das planícies de inundação, pois as entopem de sedimentos; enorme
perda de água por evaporação dos reservatórios; desaparecimento de lagos e mares interiores;
interrupção de rios em seus cursos para o mar e empobrecimento das populações que vivem dos
recursos econômicos extraídos dos rios represados.

➢ A crise hídrica sob a perspectiva da poluição da água:


Uma outra dimensão da crise hídrica é a poluição provocada pelo lançamento e infiltração de
substâncias nocivas na água. Dentre as atividades que mais poluem as águas estão a indústria, a
mineração, a agricultura e os esgotos das cidades.
A poluição das águas pelas atividades industriais é causada pelos dejetos despejados nos rios,
oriundos de fábricas, sobretudo metais pesados e outras substâncias químicas, e pelo lixo e esgoto
industriais que correm para os rios e mares.
As águas dos rios e lagos são contaminadas pelo lançamento de substâncias tóxicas, de metais
pesados, como o chumbo e o mercúrio, de resíduos industriais, de detritos petroquímicos, de lixo
hospitalar e muitos outros.
As empresas industriais, em sua grande maioria, além de poluírem o meio ambiente, conseguem
fugir das multas e regulamentações impostas pelos governos locais, contornando as obrigações
legais e éticas.

Os mares e oceanos também sofrem com a poluição, pois além de todos os dejetos decorrentes das
cidades, que deságuam no mar, são conhecidos os casos de acidentes com navios petroleiros e com
oleodutos litorâneos, que despejam grandes quantidades de óleo nas águas dos mares, afetando a
vida marinha e poluindo as praias.

A poluição não pára por aí. Ainda há os detritos domésticos, como lixo orgânico e inorgânico,
jogados pelas pessoas, sem qualquer cerimônia, nos rios, lagos, mares e nas ruas. Todo o lixo
jogado na rua, após as chuvas, vai para os rios e mares, causando acidentes com a fauna marinha e
com as embarcações.

A poluição da água afeta suas características físicas e químicas, degradando todo o ecossistema.

AS CONSEQÜÊNCIAS DA CRISE HÍDRICA


Em março de 2003, foi realizado concomitantemente em três cidades japonesas (Kyoto, Shiga e
Osaka) o III Fórum Mundial da Água. Técnicos e representantes de diversos países aprovaram
medidas e mecanismos de preservação dos recursos hídricos.

Foram priorizadas as seguintes questões:


• O atendimento das necessidades básicas da população;
• A garantia do abastecimento de alimentos;
• A proteção dos ecossistemas e mananciais;
• A administração de riscos;
• A valorização da água;
• A divisão dos recursos hídricos;
• A eficiente administração dos recursos hídricos.

E o que fazer para evitar ou reduzir as conseqüências dos problemas causados pela crise
hídrica?

Juntos, governos, empresas, sociedade, mídia e demais entidades da sociedade civil


organizada devem buscar soluções inovadoras para esses problemas, como, por exemplo:

• Elaborar planos de ação com o objetivo de garantir água potável e saneamento para
todos;
• Obter uma maior eficiência no uso da água pelas pessoas, comunidades, empresas e
governos;
• Desenvolver sistemas eficientes de armazenamento de água para combater a escassez e
as secas;
• Reduzir a dependência das populações em relação às chuvas;
• Combater a poluição dos rios, mares, lagos, lagoas e mananciais.
No tocante à agricultura, novas técnicas devem ser adotadas no sentido de criar condições
mais favoráveis para o cultivo a partir da utilização desse recurso escasso, tais como:

• Técnicas que objetivem o aumento da produtividade agrícola em criação de variedades


de cultivo que demandem menos água; modificações que tornem espécies mais
resistentes à seca;
• Introdução de sistemas mecânicos ou agronômicos para maximizar as safras com a
água da chuva;
• Captação de água de chuva;
• Uso intensivo da agricultura orgânica;
• Mudanças no sistema de preparação do solo, com menor uso de água.

O MARKETING DA ÁGUA
Estimuladas pela mídia, que começou a premiar as iniciativas empresariais de redução do consumo
da água e de combate à poluição dos rios, mares, lagos, lagoas e mananciais, essas empresas não
pouparam esforços em investir no novo mercado da água.

Assim, rapidamente a água tornou-se um bem de alto valor econômico e de grande poder de
transformação dos negócios empresariais. Inicialmente como objeto das ações de
gerenciamento, a água tornou-se posteriormente objeto de ações promocionais por parte das
empresas e, assim, teve início o que denominamos marketing da água.
.
Cada vez mais, as empresas buscam associar suas marcas a iniciativas de economia de água e
preservação dos recursos hídricos.

A SUSTENTABILIDADE EM EDIFICAÇÕES: O FOCO NA ECONOMIA DA ÁGUA


Trata-se de um novo paradigma que vem sendo adotado em todo o setor de construção civil.

São adotadas as seguintes medidas de economia de água:


• Captação da água da chuva para regar plantas e lavar áreas e calçadas;
• Reciclagem da água de pias e chuveiros para uso nos sanitários;
• Utilização de medidores de água (hidrômetros) individualizados nos condomínios.

A utilização de tais padrões sustentáveis aumenta inicialmente o custo da obra. No entanto, a médio
e longo prazo, a economia é enorme, pois reduz o consumo de água e energia, algo em torno de
30% a 35% nos custos operacionais.

CONCLUSÃO
A água antes era um bem natural, abundante e acessível a todos. Agora, ela se tornou um bem
econômico limitado e escasso. Tal transformação da água, de bem natural para produto
escasso, criou o novo paradigma da economia da água. Com isso, surgiram novas
oportunidades de negócio para as empresas e um novo movimento de conscientização social e
de novos desafios tecnológicos.

Esses fatores contribuíram para o surgimento de um novo fenômeno – A Onda Azul – que
representa uma tendência global na busca de soluções para a crise hídrica que se agrava em
todo o mundo.

Quem melhor chamou atenção para esse problema foi o economista Jeffrey Sachs, ao afirmar
o seguinte: “A trajetória atual da atividade humana não é sustentável. Se continuarmos a agir
da mesma forma com o planeta, sem mudar a tecnologia, a base de sustentação ambiental do
bem-estar global entrará em colapso”.
As empresas já começam a fazer a sua parte e agora é o momento da sociedade civil entrar em cena
com mais vigor e presença.
É importante lembrar que a crise hídrica tem sido fonte de oportunidades para muitas empresas,
pois elas aprimoram seus sistemas e modelos de gerenciamento de água, desenvolvem novas
tecnologias, produtos e serviços. É o caso das empresas como AMBEV, Coca-Cola, CVRD e muitas
outras.

RESUMO
A busca da racionalização e redução do seu consumo por empresas e indivíduos constitui o que
denominamos economia da água.

Como um produto de grande valor e demanda da sociedade, a água transformou-se em uma


plataforma de negócio para as empresas. Algumas atuam no negócio da sua distribuição e
consumo. Outras criam produtos que geram economia do consumo. Há também as empresas
que ingressaram no mercado de serviços de edificações sustentáveis e consultoria para
soluções tecnológicas de economia de água.

As empresas, sobretudo as de natureza industrial, investem pesado na compra e utilização de


equipamentos economizadores de água e no combate à poluição de mares, rios, lagos e lagoas.

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