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1. identificar ações inovadoras para problemas sociais locais que busquem a sustentabilidade;
2. reconhecer um empreendimento nativo;
3. reconhecer os diferentes tipos de stakeholders;
4. identificar e analisar os princípios da visão sustentável do modelo da nova sustentabilidade no
desempenho das empresas.
Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006, com a sua proposta de
microcrédito para os pobres, apresenta uma proposta bastante inovadora como prática do
capitalismo criativo: a criação de empresas sociais (social business).
São as novas empresas cujo objetivo é gerar benefícios sociais, e não lucros e dividendos, e
cujas principais características são:
• Atuam em benefício dos outros e não de si;
• São direcionadas pela causa social (ajuda aos pobres) e não pelo lucro;
• Visualizam a população mais pobre não como oportunidade de ganhar dinheiro, mas como
uma oportunidade de gerar benefícios sociais;
• Remuneram os acionistas pelo capital investido e o restante é reinvestido no negócio para
ampliar o seu alcance ou melhorar a qualidade do produto ou serviço.
Para Baumol (2007), o “mau capitalismo” é representado pelos modelos de capitalismo oligárquico
e das grandes corporações, concentradores de riqueza.
O “bom capitalismo” é o capitalismo de empreendedores, que gera emprego e renda, fomenta a
economia local, desenvolve capacidades, é criativo e inovador e cria novas oportunidades de
negócio, inclusive para as classes que integram a base da pirâmide.
Para ele, o capitalismo guiado pelo Estado pode ser bom ou mau, dependendo dos efeitos de
suas políticas e programas de inclusão social e de crescimento e prosperidade local.
Clemente Nóbrega determina que as grandes empresas não sabem inovar para os pobres e
afirma que as inovações para os pobres são representadas por produtos e serviços de baixa
qualidade, com performances inferiores, mais baratos e só têm apelo para o público que não
usa o produto padrão. Produto do tipo Commodity, sem qualquer adaptação as necessidades
específicas do consumidor. Nóbrega propõe que as grandes corporações adotem o capitalismo
de empreendedores, incentivando a criação de pequenas e médias empresas locais e tornando-
as parceiras de seus negócios.
“As grandes corporações, quando agem, o fazem quase sempre para reagir à ameaça de
pequenas e médias empresas que inovam para os pobres”. “Quem quiser incluir os pobres no
capitalismo deve estimular o empreendedorismo local entre os pobres, não tentar mudar a
cabeça das grandes corporações” (Clemente Nóbrega).
Nos países desenvolvidos, a poluição causada pelos gases-estufa, o uso de materiais tóxicos e a
contaminação do solo eram as questões prioritárias com relação à preservação do meio ambiente.
Nos países emergentes, o destaque era a poluição causada pelas emissões de gases industriais, a
falta de tratamento de esgoto e a contaminação da água.
A partir dos anos 80, a poluição juntou-se ao esgotamento dos recursos naturais, como questões
dominantes da preservação ambiental.
O professor Stuart Hart (2006) identificou três tipos de economia que imperam no mundo
globalizado. São modelos de gestão de economias centradas em três elementos distintos:
1. Geração de riqueza (economia do dinheiro),
2. Busca da subsistência (economia tradicional);
3. Preservação dos recursos naturais (economia da natureza).
Para o autor, o maior erro cometido por muitos empreendedores é criar negócios sociais orientados
apenas para a economia do dinheiro, negligenciando os outros dois tipos de economia (tradicional e
da natureza) que vão assegurar a sua sustentabilidade a médio e longo prazo.
Ao contrário dos stakeholders principais, que estão no centro das atenções das empresas, os
stakeholders periféricos se encontram nas extremidades das empresas e, assim, não são foco das
estratégias empresariais.
Stakeholders principais:
• De fácil identificação;
• Participam do processo de gestão estratégica da empresa;
• Total conexão direta com as atividades da empresa.
Stakeholders periféricos:
• De difícil identificação;
• Não participam do processo de gestão estratégica da empresa;
• Pouca ou nenhuma conexão direta com as atividades da empresa.
São os menos favorecidos que vivem no local onde a empresa atua, os membros de grupos
divergentes, os adversários da empresa, os pequenos grupos sociais militantes, as comunidades
isoladas, os grupos de desinteressados.
Enfim, a empresa deve adotar algumas estratégias para buscar o apoio dos stakeholders periféricos:
transformar os grupos adversários em aliados; envolver os grupos isolados no processo de criação
de novos empreendimentos; mostrar aos pobres os benefícios; capacitar os analfabetos e não-
qualificados; mobilizar os radicais, os dissidentes e os desinteressados em seu favor.
Contudo, a nova sustentabilidade mudou esse quadro. No âmbito interno, o uso de tecnologia
limpa tornou-se o aspecto dominante. O retorno obtido pela empresa é a inovação de
produtos, serviços, processos, tecnologia e os ganhos decorrentes do seu reposicionamento no
mercado (como uma empresa social e ambientalmente inovadora). No âmbito externo, a
empresa passa a fazer uso do novo modelo de sustentabilidade, gerando crescimento local,
mantendo uma trajetória de desenvolvimento e co-parceria com as pequenas e médias
empresas locais, fomentando o empreendedorismo local e preservando os recursos naturais
disponíveis.
Esse é o novo paradigma da nova sustentabilidade.
Com a nova sustentabilidade, a empresa adquiriu novos valores sustentáveis e obteve outros
tipos de retorno, sendo o principal deles a promoção do desenvolvimento local e a preservação
dos recursos naturais locais.
Nos dias atuais, a produção de valor sustentável está centrada no antigo modelo de
sustentabilidade, cujo foco é a prevenção da poluição e o manejo de produtos.
Ao contrário, o novo modelo de sustentabilidade, utilizado por poucas empresas, não foca
apenas as questões ambientais, mas, principalmente, o combate à pobreza, a promoção do
desenvolvimento local, o fomento do empreendedorismo nativo.
A empresa adepta desse novo modelo reposiciona-se como agente do desenvolvimento local e
agente local de fomento do empreendedorismo nativo de base local. E, com isso, fortalece o
seu crescimento, cria história e se integra na comunidade, reforça a cultura local e promove os
três tipos de economia: a tradicional, a do dinheiro e a da natureza.
A geração de valor sustentável natural consiste em extrair as riquezas naturais sem destruir
os ecossistemas. Assim procedendo, os empreendimentos nativos criam uma fonte de renda
permanente para as comunidades locais e para as empresas. É o que denominamos valor
sustentável econômico.
É nesse contexto que a sociedade local se desenvolve, gerando emprego, renda e inclusão social
para os seus membros. Quando isso ocorre, diz-se que o empreendimento produziu valor
sustentável social. Se a identidade cultural local foi preservada, é sinal de que houve produção
de valor sustentável cultural.
CONCLUSÃO
Mais recentemente, surgiu o que denominamos o novo modelo ou padrão da sustentabilidade.
Um novo tipo de sustentabilidade: local, de base empreendedora nativa, contextualizada.
Hoje, qualquer projeto de desenvolvimento sustentável que segue esse novo paradigma deve
incorporar esses novos elementos: o combate à pobreza, a promoção da inclusão social, o
fomento do empreendedorismo local e a preservação ambiental.
A nova sustentabilidade criou um novo valor sustentável. Não mais a onda verde, as
tecnologias limpas, o manejo dos produtos, mas sim, o foco na promoção do
empreendedorismo cívico e nativo. Esse é o caminho para o alcance de um novo mundo
sustentável.
RESUMO
E o que é o novo modelo da sustentabilidade?
É a ênfase na produção do valor sustentável social, econômico, ambiental/natural, cívico e
cultural. O foco não se resume à preservação ambiental. Ele é mais amplo: prioriza o combate
à pobreza, o fomento do empreendedorismo local (nativo) e a promoção da inclusão social.
Esses constituem os novos desafios da sustentabilidade.