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A Caturrice

Já amanhecia na cidade de Luanda, as gaivotas sobrevoavam o imenso oceano Atlântico,


os pescadores preparavam-se para adentrar em alto mar, enquanto as ondas batiam forte
contra as grandes rochas. Era dia de pesca!
Ti N’Buco preparava a sua carcaça, objecto que também chamava de barco, para enfrentar
as ondas fortes que já se iam formando. Quando apareceu-lhe um velho rabugento. O velho
Kassoma, que tinha a fama de ser um pescador teimoso e de mau feitio.
— Como vai meu jovem?- disse o velho, devido a diferença de idade.
Ti N’Buco por sua vez, ignorou-o e continou a preparar a Márcia, nome que derá ao seu
barco em homenagem a sua mulher.
— Não respondes?- insitiu o velho já enraivecido pela falta de educação do rapaz.
Ti N’Buco tornou a ignora-lo. Irritado Kassoma decidiu retirar-se mas antes disse:
— Não deverias sair para pescar hoje, sou pescador a muito tempo e sei que as ondas
estão muito fortes é sinal que vem aí uma grande tempestade.
Ti N’Buco gargalhou alto virou-se para o velho e disse:
— Saí mazé daqui, seu velho maltrapilho. Todo gordo, se fosses tão bom pescador
saberias que hoje é um ótimo dia para pescar. Não vês esse sol lindo, essas nuvens brancas e
essa brisa fresquinha. Saí mazé daqui, se não ainda te dou umas bofetadas.
Assim, o velho saiu rindo baixinho descrente das palavras que lhe foram designadas e pela
caturrice do amigo.
Passando um bom bocado N’Buco já se encontrava prestes a adentrar o mar, quando
Kassoma apareceu tragando um charuto e disse:
— Vejo que não mudadaste de ideia rapaz. No entando N’Buco ignorou-o e seguiu o seu
caminho.
Já em alto mar, Ti N’Buco descansava descontraidamente enquanto esperava os peixes
morderem a isca.
Cabrum, cabrum, cabrum. Ti N’Buco levantou num salto, o coração acelerado, as mão a
suarem. Olhou para o céu e viu que o barrulho que o tinha acordado de forma tão repentina
nada mas era que um trovão. Iniciou-se uma grande tempestade.
De repente o sol lindo já não era observavel, as nuvens brancas derão lugar a nuvens
cinzentas e a brisa fresquinha foi substituida por uma ventania tenebrosa.
Com todas as suas forças tentava voltar para a costa, porém quanto mas força ele
depositava, mas distante ele ficava. O vento o levava com tudo, e uma onda grande o
engoliu. Foi o fim de N’Buco.
Velho Kasoma, na sua cubata todo aconchecadinho, não parava de pensar no N’Buco.
Mas fazer o quê ? Quem não aceita conselho não merece ajuda.

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