Você está na página 1de 14

Revista Concilium, Vol.

22, Nº 3
DOI: 10.00000/CLM-000-000
ISSN: 1414-7327

Práticas do uso de espécies vegetais como coadjuvantes no processo de


emagrecimento

Practices of using plant species as adjuvants in the weight loss process

Brenda Azevedo Souza1, Ana Paula Martinazzo1*

RESUMO
A origem da obesidade pode estar ligada a diversos fatores como enfermidades, estresse, ansiedade,
sedentarismo, entre outras. Esta condição leva pessoas a buscarem formas de auxílio na perda de peso,
como o uso de espécies vegetais. Este estudo teve como objetivo de identificar as utilizadas em pesquisa
realizada online. A amostra obtida foi de 937 respondentes, dos quais 48% fazem uso destas espécies para
auxiliar no emagrecimento. Das 33 citadas, as três mais utilizadas são: Chá verde, Hibisco e Gengibre. O
consumo de 44% é na forma de chá seja da planta fresca ou seca adquiridos em lojas de produtos naturais.
A busca de informações se dá principalmente pela internet (74,9%) ou por conhecidos (40,3%). A
maioria dos usuários (61,5%) afirmou ter perdido de peso, que conhecem os efeitos colaterais (52,3%), já
ter sofrido alguma reação adversa (24,3%) e 70,5% fazem atividade física para auxiliar o emagrecimento.

Palavras-chave: Plantas Medicinais; Fitoterapia; Obesidade.

ABSTRACT

The origin of obesity can be linked to several factors such as illness, stress, anxiety, sedentary lifestyle,
among others. This condition leads people to seek ways to aid in weight loss, such as the use of plant
species. This study aimed to identify those used in online research. The sample obtained was of 937
respondents, of which 48% use these species to help with weight loss. Of the 33 mentioned, the three
most used are: Green Tea, Hibiscus and Ginger. The 44% consumption is in the form of tea either from
the fresh or dried plant purchased in natural food stores. The search for information is mainly done
through the internet (74.9%) or by acquaintances (40.3%). Most users (61.5%) claimed to have lost
weight, they know the side effects (52.3%), have already suffered an adverse reaction (24.3%) and 70.5%
do physical activity to help the slimming.

Keywords: Medicinal Plants, Phytotherapy, Obesity.

1
Universidade Federal Fluminense.
*E-mail: anapaulamartinazzo@id.uff.br
P á g i n a | 153

INTRODUÇÃO

A alimentação é indispensável para a sobrevivência humana, atualmente o aumento de


peso vem ganhando espaço na sociedade devido ao estilo de vida, com maior quantidade de
alimentos industrializados e calóricos disponíveis, comodidades que levam ao sedentarismo e
nos fazem movimentarmos cada vez menos em relação aos nossos antepassados. A obesidade é
preocupante, pois desencadeia várias doenças ao organismo e altera a qualidade de vida do ser.
O ser humano sempre valorizou o que é natural, desde sempre se buscou o
conhecimento de plantas medicinais para tratar doenças. Esse conhecimento foi adquirido por
diversos povos que foram passados de geração em geração e hoje após tantos estudos
científicos, há uma grande variedade de plantas conhecidas e seus efeitos no organismo
(ŠANTIĆ et al., 2017).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 13% da população adulta
mundial em 2016 era obesa. Essa preocupação no passado estava ligada à países de alta renda,
porém está aumentando em países de baixa e média renda (WHO, 2020). Segundo Santos
(2007) há evidências de que emagrecer é um imperativo central na vida de muitos indivíduos
cuja motivação principal pode ser de ordem estética, e esta ainda pode entrar em conflito com a
motivação oriunda da ordem médica.
A insatisfação com o próprio corpo ou necessidade de mudança devido à saúde, leva à
procura de métodos para redução de peso, entre eles o uso de produtos naturais, principalmente
plantas consideradas medicinais, para o emagrecimento que tem sido cada vez menos popular.
Comumente produtos naturais são utilizados para combater o sobrepeso, o fácil acesso
as informações e compra, junto com a confiança de que não fazem mal a saúde, facilitam o
consumo. Substâncias naturais tem potencial de tratamento de diversas doenças, mas ainda há
muito a ser estudado para se entender a ação e eficácia.
Neste estudo em questão, foi realizado um levantamento para identificar a utilização de
produtos oriundos de espécies vegetais para auxiliar a perda de peso.

MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa foi realizada inicialmente com uma revisão sobre o tema e elaboração de um
questionário contendo 20 perguntas, o qual foi colocado em um aplicativo para coleta de dados
de pesquisas e enviado de forma online para usuários de redes sociais e outras ferramentas de
comunicação pela internet, facilitando o acesso restrito durante a quarentena.

O levantamento foi realizado com cidadãos acima de 18 anos Os entrevistados foram


questionados a respeito do uso e conhecimento sobre produtos oriundos de espécies vegetais
para emagrecimento.
P á g i n a | 154

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa 937 pessoas sendo 79,3% dos respondentes do gênero
feminino. A faixa etária dos participantes variou de 18 a 65 anos ou mais, com predominância
da faixa de 19 a 34 anos, com 58,5%.
Entre os respondentes, 52% declararam nunca ter feito uso de produtos naturais para o
emagrecimento, sendo a maioria destes de idade até 24 anos (46%), declarando a não utilização
por motivos como: não necessitam, pois não possuem problemas de sobrepeso (42,7%), que até
o momento não tiveram indicação médica para uso (26,7%) e nunca usaram porque
desconhecem a forma de utilização e efeito de produtos naturais para o emagrecimento (19%).
Para 48% dos participantes, os produtos naturais são utilizados para auxiliar no processo
de emagrecimento, constituindo deste total 92% mulheres. Trabalhos como o de Oliveira et al.
(2013), Assumpção et al. (2017), demonstram que as mulheres dedicam mais atenção à saúde,
ao controle de peso, a alimentação mais saudável que os homens, assim como também
apresentam maior insegurança e insatisfação com o próprio corpo.
Inicialmente foi perguntado aos participantes que afirmaram fazer uso de produtos
naturais para o emagrecimento, quais plantas utilizam. No total foram indicadas 32 espécies, a
Tabela 1 apresenta as 15 mais citadas, estando o Chá Verde em primeiro lugar, seguido do
Hibisco e Gengibre. Tais espécies também foram resultados de uma pesquisa realizada por Lima
e Fernandes (2020) como indicação para emagrecimento por Erveiros no município de
Aracati/CE. Em seu trabalho Reis e Abreu (2021) constataram que os sete chás mais citados
para emagrecimento em vídeos disponíveis no YouTube são: canela, gengibre, hibisco, limão,
chá verde, cavalinha e salsa, os quais também foram citados nesta pesquisa.

Tabela 1. Espécies indicadas pelos participantes no uso para o emagrecimento.

Espécies Uso (%) Efeitos no organismo Fonte


segundo estudos
Chá verde 61,10 Antioxidante, Zheng, et al., 2004
(Camellia sinensis) termogênico, diurético,
lipolítico, reduz
triglicerídeos.
Hibisco 59,30 Redução do colesterol, Hirunpanich et al., 2006
(Hibiscus sabdariffa) diurético, digestivo,
laxante suave.
Gengibre 48,80 Anti-inflamatório, reduz a
P á g i n a | 155

(Zingiber officinale) fome, termogênico, Suk et al., 2016


auxilia na perda de peso.
Limão 46,80 Antioxidante,
(Citrus latifólia) redução do colesterol. Mir et al., 2018

Canela 33,80 Diminuição no acúmulo Brasil, 2021


(Cinnamomum verum) de lipídios, antidispéptico,
controle da glicose.
Cavalinha 26,60 Diurético. Brasil, 2021
(Equisetum arvense)
Hortelã 21,90 Indigestão, ansiolítico. Caro et al., 2018
(Mentha sp.)
Berinjela (Solanum 19,50 Antioxidante. Lo Scalzo et al., 2010
melongena)
Sene 16,10 Constipação intestinal. Brasil, 2016
(Senna alexandrina)
Psyllium 15,40 Redução de peso Attaluri et al., 2011
(Plantago ovata) hiperinsulinemia,
dislipidemia, regula o
intestino.
Erva-mate 15,00 Aumento metabolismo, Kang et al., 2012
(Ilex paraguariensis) redução colesterol e
triglicerídeos séricos, e da
glicose.
Carqueja 15,00 Antioxidante, regula a Brasil, 2021
(Baccharis trimera) adipogênese.
Antidispéptico.
Capim-limão 13,90 Redução da glicose Brasil, 2021
(Cymbopogon citratus) plasmática e colesterol
total. Antiespasmódico,
ansiolítico e sedativo leve.
Salsinha 11,60 Diurético, antioxidante, Abou Khalil et al., 2016
(Petroselinum crispum) redução de peso.
Goji berry 11,40 Redução de peso e glicose Yang et al., 2020
(Lycium barbarum)
Fonte: Souza e Martinazzo, 2022.
P á g i n a | 156

O Chá Verde (Camellia Sinensis) destaca-se entre os usuários pelo seu potencial
termogênico caracterizado pela sua composição química composta por catequinas e cafeína.
Tem sido considerada a bebida estimulante mais consumida no mundo, seguida pelo café
(Coffea sp.). Possui duas variedades a C. sinensis sinensis (chá chinês) e a C. sinensis assamica
(chá indiano). Na forma manufaturada se encontra no mercado em diferentes formatos: preto,
verde, branco, oolong, vermelho, com base na técnica de oxidação e fermentação aplicada
(KHAN; MUKHTAR, 2007, NISHIYAMA et al., 2010; FAO, 2015). No Brasil, além do chá
originário da C. sinensis outras bebidas estimulantes muito consumidas são obtidas a partir da
erva-mate (Ilex paraguariensis), citada inclusive por 15% dos participantes.

Outras pesquisas realizadas em território nacional também apontaram o chá verde como
o mais utilizado para o emagrecimento, como em Quixadá/CE (OLIVEIRA; LUCENA, 2015),
Montes Claros/MG (DAMASCENO et al., 2017) e Pedro Leopoldo/MG (RODRIGUES;
RODRIGUES, 2017), sendo neste também indicado o hibisco pelos participantes da pesquisa.

Existem várias espécies de hibisco (Hibiscus sp.) distribuídas em regiões tropicais e


subtropicais, a maior parte são utilizadas como plantas ornamentais e algumas com utilização
medicinal como o Hibiscus sabdariffa, espécie vegetal proveniente da África, Parte considerada
importante da planta é o cálice da flor, a partir do qual podem ser elaborados vários tipos de
alimentos e bebidas, com atividade antioxidante, entre outras, possui compostos fenólicos,
carotenóides e antocianinas (VIZOTTO et al., 2009; KURIYAN et al.., 2010).

O gengibre (Zingiber officinale) terceiro mais indicado pelos participantes é originário da


Índia, seu rizoma possui além de uso medicinal, é considerado uma especiaria. Tem sua
monografia descrita no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 2 ed. e no
Memento Fitoterápico com indicações de ação antiemética, antidispéptica e nos casos de
cinetose (BRASIL, 2016, 2021).

Além da utilização das plantas apresentadas na Tabela 3 para fins de emagrecimento,


88,6% dos participantes declararam que buscaram se informar sobre outros benefícios que estes
produtos poderiam fornecer à sua saúde, os efeitos mais apontados pelos mesmos foram:
diurético, acelerador de metabolismo, regulador o intestino, redutor de apetite e ansiedade,
promotor do sono.

A forma mais utilizada para o consumo dos produtos naturais para o emagrecimento
indicado pelos participantes foi o chá com 44% das respostas (Figura 1), tanto para planta fresca
ou seca, forma comum de uso das plantas mais utilizadas pelos mesmos, facilmente encontradas
no comércio como chá verde, de hibisco, gengibre etc. O chá foi também indicado como a
P á g i n a | 157

forma mais utilizada por participantes em pesquisas realizadas em Nova Xavantina e


Cuiabá/MT (SILVA et al., 2010; TEIXEIRA et al., 2014). Na legislação brasileira o chá é
considerado alimento, não sendo permitidas indicações terapêuticas nas embalagens, a
comercialização de espécies vegetais com fins medicamentosos são regidas por legislações
específicas.

Figura 1. Formas utilizadas para o consumo de produtos naturais para o emagrecimento pelos
participantes.

Chá
11% 2%

Cápsula
12%
44%
Suco

Suplemento natural
14% (farelo, farinha, pó)
Água saborizada

17% Tintura

Fonte: Souza e Martinazzo, 2022.

Observa-se ainda pela Figura 3 o uso dos produtos na forma de cápsulas, sucos,
suplementos e água saborizada, todas consideradas mais agradáveis para o consumo em relação
à tintura.

O baixo custo, a facilidade de acesso sem necessidade de receita médica, a consideração


de que tem poucos efeitos colaterais são fatores que tornam os medicamentos fitoterápicos cada
vez mais populares. Entre os usuários, 61,5% declararam que emagreceram utilizando produtos
naturais.

Quando questionados sobre o consumo diário, 43,4% disseram tomar uma vez ao dia a
maioria na parte da manhã e 36,7% consomem duas vezes ao dia, não foi possível observar se
há um conhecimento mais profundo da quantidade necessária do produto para que haja a ação
esperada no organismo.
P á g i n a | 158

Quanto ao local onde adquirem seus produtos para consumo (Figura 2), 72,5% dos
participantes responderam loja de produtos naturais, seguido pelos supermercados, com 41,2%,
observa-se que a maioria das espécies utilizadas pelos entrevistados (Tabela 1) é possível de
adquirir nestes locais. Plantas na forma de chá, cápsulas, pós são produtos de venda livre e,
portanto, bastantes sujeitos à auto indicação para auxiliar em dietas, a disponibilidade destes
produtos em supermercados facilita sua obtenção.

Figura 2. Locais onde os participantes adquirem produtos naturais.

Loja de produtos naturais


4% 3%
5% Supermercados

6% Farmácia de manipulação
38%
Feiras livres
11%
Cultiva na própria residência

Casa de parentes e amigos


12%
Farmácia convencional

21% Raizeiros

Fonte: Souza e Martinazzo, 2022.

Os participantes foram questionados quais fontes de pesquisa utilizam para informações


sobre produtos naturais para emagrecimento. A Internet apareceu como o meio mais usado pelos
mesmos correspondendo a 74,9%, mostrando a expressividade da rede virtual na busca de
informações na área da saúde devido à facilidade de acesso às informações e busca por
esclarecimento. Segundo Moretti et al. (2012) a internet tem-se mostrado uma fonte de
informação em saúde de grande relevância para população, segundo os autores, a certificação de
sites é uma estratégia a ser considerada, na perspectiva de melhoria da qualidade das
informações e promoção da saúde pública.

As pessoas que marcaram a internet como opção de meio de busca de informações,


apontaram ainda quais indivíduos acompanham para adquirir as informações, conforme
Figura 3. Considera-se que, sendo a internet a atual forma de busca pelo conhecimento, a
divulgação de informações na área da saúde, baseadas em evidências científicas, por
profissionais qualificados, tornou-se essencial visando à promoção do uso racional de produtos
naturais como auxiliares no emagrecimento.
P á g i n a | 159

Figura 3. Tipos de influenciadores digitais seguidos pelos entrevistados para informações sobre
produtos naturais para emagrecimento.

60 51,8%
Pessoa Fitness, YouTuber,
46,6% Blogueiro
50
Nutricionista
40
Repondentes (%)

Médico
30 21,1%
Nutrólogo
20 13,5%
10,5%
Personal Trainer
10

Fonte: Souza e Martinazzo, 2022.

As demais opções de fonte de recomendação para uso dos produtos naturais para o
emagrecimento mais assinaladas pelos participantes foram: Indicação de familiares e amigos
(40,3%), Nutricionistas (35,6%), Televisão (11,2%), Médicos (10,7%), entre outros, como:
livros, revistas, artigos, farmacêuticos, nutrólogos. Dentro da dinâmica do uso de plantas com
fins medicinais, estéticos e de bem estar é comum o consumo das mesmas devido à indicação de
parentes e amigos por ser um saber popular repassado ao longo de gerações, conforme também
pode ser observado em trabalhos como de Macedo et al. (2007) em Marília/SP e Paulert et al.
(2014) em Palotina/PR.

Entre os profissionais mais consultados, observa-se o destaque dos Nutricionistas, a


Resolução CFN N° 556/2015 regulamenta da prática da fitoterapia para os nutricionistas como
complemento da prescrição dietética a prescrição de plantas medicinais e chás medicinais é
permitida a todos esses profissionais, ainda que sem título de especialista; já a prescrição de
medicamentos fitoterápicos, de produtos tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais
de fitoterápicos, como complemento de prescrição dietética, é permitida ao nutricionista desde
que seja portador do título de especialista em Fitoterapia (CFN, 2015).

Inquiridos a respeito do conhecimento sobre os efeitos colaterais e as contraindicações


do consumo de produtos naturais, 52,3% disseram ter noção dos efeitos que essas plantas podem
P á g i n a | 160

causar ao organismo, percebe-se uma resistência das pessoas em alertas sobre as toxicidades que
produtos naturais podem apresentar ao organismo quando não consumidos corretamente. Dos
participantes, 24,2% responderam já ter sofrido algum tipo de efeito colateral. Dentre estes,
50% já tiveram diarreia, 34,7% insônia, 25% taquicardia e 12,1% intoxicação ou alergias.

O consumo de plantas por longos períodos pode apresentar toxicidade ao organismo


quando em excesso. Plantas como Camellia Sinensis pode causar desconfortos gastrointestinais,
efeitos hepatóxicos e taquicardia caracterizada pela excitação do sistema nervoso (PINHEIRO
et al., 2013; BEDROOD et al.., 2018). Pela análise das opções de plantas utilizadas por pessoas
que já tiveram problema com diarreia e taquicardia, a Camellia sinensis está entre as mais
consumidas.

O gengibre (Z. officinale) possui ação estimulante podendo causar insônia se tomada no
horário errado, sendo indicado seu consumo pela manhã. Possui também outros efeitos
colaterais, como diarreia e desconfortos abdominais (AKRAM et al., 2011, MARX et al., 2013).
Pela análise das opções de plantas utilizadas por pessoas que já tiveram problemas com insônia,
o gengibre está entre as mais consumidas. Segundo Vieira e Medeiros (2019) é importante
informar à população sobre o uso adequado e racional da fitoterapia por meio da
conscientização de que toda substância química, por mais inofensiva que seja, poderá apresentar
algum grau de toxicidade. O que caracteriza a segurança da terapia recomendada é a utilização
de forma correta e dose adequada.

Além de fazer uso de produtos naturais, a maioria dos entrevistados (70,5%) declarou
faz alguma atividade física, seguido de alimentação saudável e dieta, conforme Figura 4.

Figura 4. Práticas realizadas em conjunto com o uso de produtos naturais.

Só tomo o produto natural 9,8%

Jejum intermitente 24,8%

Dieta alimentar 28,4%

Alimentação saudável 55,5%

Atividade física 70,5%

0 20 40 60 80 100
P á g i n a | 161

Fonte: Souza e Martinazzo, 2022.

Segundo Kazemipoor et al. (2014), o uso de produtos naturais em sincronia com hábitos
saudáveis, rotina de exercícios físicos e alimentação equilibrada auxilia na perda de peso.
Baptista (2013) em seu artigo pontua que somos estimulados por uma sociedade que tem como
objetivo central o lucro, sendo a obesidade excitada pelo consumo de comidas ricas em
gorduras, com porções cada vez maiores e com alto teor calórico. Desta forma, a obesidade e o
estímulo gerado pela indústria do emagrecimento se apresentam como contraditórios.

A prática de atividades físicas que tragam não somente saúde física como mental
acompanhada de uma alimentação nutritiva, com utilização de produtos naturais para auxiliar,
vem como uma proposta saudável para o emagrecimento, porém não podem estar atreladas a
ilusão de que um corpo magro estará veiculado ao sucesso, conquistas, aceitação e estabilidade
emocional, o ser humano e sua complexidade vai muito além das aparências.

CONCLUSÃO
O uso de espécies vegetais é comumente empregado na busca pela perda de peso pela
confiança de muitos nos benefícios dos tratamentos naturais por serem menos agressivos, custo
relativamente baixo e fácil acesso. A eficácia destes tratamentos alternativos vai sendo
comprovado à medida que pesquisas sejam apoiadas e desenvolvidas assegurando a saúde dos
usuários.

Neste trabalho a amostra obtida de respondentes foi de 937 pessoas. Os resultados


indicaram que 48% dos participantes fazem uso de algum produto natural para auxiliar no
emagrecimento, sendo indicadas pelos mesmos, 33 espécies vegetais. As 15 mais citadas foram:
Chá verde, hibisco, gengibre, limão, canela, cavalinha, hortelã, berinjela, sene, psyllium, erva-
mate, carqueja, capim-limão, salsinha e goji berry.

O consumo de 44% é na forma de chá seja da planta fresca ou seca adquiridos em sua
maioria em lojas de produtos naturais (38%), seguido de supermercados. A busca de
informações se dá principalmente pela internet (74,9%) seguindo pessoas fitness, blogueiros,
youtubers (51,8%).

A maioria dos usuários (61,5%) afirmou ter perdido de peso ao ingerirem produtos
naturais para emagrecer, afirmam conhecer os efeitos colaterais das plantas (52,3%) e já ter
sofrido alguma reação adversa (24,3%). Além do uso dos produtos, 70,5% dos participantes
declararam que fazem atividade física para auxiliar o emagrecimento, seguido de alimentação
saudável (55,5%).
P á g i n a | 162

REFERÊNCIAS

ABOU KHALIL, N. S.; ABOU-ELHAMD, A. S.; WASFY, S. I. A.; EL MILEEGY, I.


M. H., HAMED, M. Y.; AGEELY, H. M. Antidiabetic and antioxidant impacts of
desert date (Balanites aegyptiaca) and Parsley (Petroselinum sativum) aqueous extracts:
lessons from experimental rats. Journal of Diabetes Research. p. 1–10, 2016.

AKRAM, M.; SHAH, I.M.; USMANGHAN, K.; ASIF, M.; SHAH, S.M.A.; AHMED,
K.; SHAHEEN, G. Zingiber officinale Roscoe (A Medicinal Plant), Pakistan Journal
of Nutrition. v. 10, n. 4, p. 399-400, 2011.

ATTALURI, A.; DONAHOE, R.; VALESTIN, J.; BROWN, K.; RAO, S. S. C.


Randomised clinical trial: dried plums (prunes) vs. Psyllium for constipation.
Alimentary Pharmacology & Therapeutics, v. 33, n. 7, p. 822–828, 2011.

ASSUMPÇÃO, D. de; DOMENE, S. M. Á.; FISBERG, R. M.; CANESQUI, A. M.;


BARROS, M. B. de A. Diferenças entre homens e mulheres na qualidade da dieta:
estudo de base populacional em Campinas, São Paulo. Ciência & Saúde Coletiva, v.
22, n. 2, p. 347-358, 2017.

BEDROOD, Z.; RAMESHRAD, M.; HOSSEINZADEH, H. Toxicological effects of


Camellia sinensis: A review. Phytotherapy Research, v. 32, n. 7, p. 1163–1180, 2018.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Memento Fitoterápico


da Farmacopéia Brasileira. 1. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2016.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Formulário de
Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira. 2. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2021.

CARO, D. C.; RIVERA, D. E.; OCAMPO, Y.; FRANCO, L. A.; SALAS, R. D.


Pharmacological evaluation of Mentha spicata L. and Plantago major L., medicinal
plants used to treat anxiety and insomnia in Colombian Caribbean coast. Evidence-
Based Complementary and Alternative Medicine, p. 1–7, 2018.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS – CFN. Resolução CFN n° 556, de


11 de abril de 2015. Disponível em: <www.cfn.org.br>. Acesso em: 26 abr. 2021.

DAMASCENO, E.M.A.; PINHEIRO, M.L. P.; DAVID, N.J.M.N.; RUAS, L.F.;


ALMEIDA, N.S. de. O uso de plantas medicinais com atividade emagrecedora entre
acadêmicos de uma instituição do norte de Minas Gerais. Revista Vozes dos Vales, n.
11, 2017.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS -


FAO. World tea production and trade Current and future development, Rome, p.
17, 2015.

HIRUNPANICH, V.; UTAIPAT, A.; MORALES, N. P.; BUNYAPRAPHATSARA,


N.; SATO, H.; HERUNSALE, A.; SUTHISISANG, C. Hypocholesterolemic and
antioxidant effects of aqueous extracts from the dried calyx of Hibiscus sabdariffa L. in
P á g i n a | 163

hypercholesterolemic rats. Journal of Ethnopharmacology, v. 103, n.2, p. 252–260,


2006.

KANG, Y.-R.; LEE, H.-Y., KIM, J.-H., S.-H., CHOI, K.-H.; KIM, C.-R.; KIM, O.; Oh,
H.-G. Anti-obesity and anti-diabetic effects of Yerba Mate (Ilex paraguariensis) in
C57BL/6J mice fed a high-fat diet. Laboratory Animal Research, v. 28, n. 1, p. 23,
2012.

KAZEMIPOOR, M.; CORDELL, G. A.; SARKER, M. M. R.; HAJIFARAJI, M.; EN


KIAT, P. Alternative treatments for weight loss: safety/risks and effectiveness of anti-
obesity medicinal plants. International Journal of Food Properties, v. 18, n. 9, p.
1942–1963, 2014.

KHAN, N.; MUKHTAR, H. Tea polyphenols for health promotion. Life Sciences, v.
81, n. 7, p. 519–533, 2007.

KURIYAN, R.; KUMAR, D. R.; R, R.; KURPAD, A. V. An evaluation of the


hypolipidemic effect of an extract of Hibiscus sabdariffa leaves in hyperlipidemic
Indians: a double blind, placebo controlled trial. BMC Complement Altern Med. v.
10, n. 27, 2010.

LO SCALZO, R.; FIBIANI, M.; MENNELLA, G.; ROTINO, G. L.; DAL SASSO, M.;
CULICI, M.; SALLINO, A.; BRAGA, P. C. Thermal treatment of eggplant
(Solanummelongena L.) increases the antioxidant and inhibitory effect on human
neutrophil burst. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 58, p. 3371–3379,
2010.

LIMA, B.B.; FERNANDES, F.P. Uso e diversidade de plantas medicinais no município


de Aracati–CE, Brasil. Journal of Appied Pharmaceutical Sciences, p. 24-42, 2020.

MACEDO, A.F.; OSHIIWA, M.; GUARIDO, C.F. Ocorrência do uso de plantas


medicinais por moradores de um bairro do município de Marília-SP. Revista de
Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 28, n. 1, 2007.

MARX, W. M.; TELENI, L.; MCCARTHY, A. L.; MCKAVANAGH, D.; THOMSON,


D.; ISENRING, E. Ginger (Zingiber officinale) and chemotherapy-induced nausea and
vomiting: a systematic literature review. Nutrition Reviews, v. 71, n. 4, p. 245–254,
2013.

MIR, H.; KROUF, D.; TALEB-DIDA, N.; BERZOU, S.; GUENZET, A.; KHELLADI,
H. Effects of Citrus latifolia extract on dyslipidemia and tissues redox status in rats fed
a high-cholesterol diet. Nutrition & Food Science, v. 49, n. 6, p. 989-999, 2018.

MORETTI, F.A.; OLIVEIRA, V.E. de; SILVA, E. M.K. da. Acesso a informações de
saúde na internet: uma questão de saúde pública? Revista da Associaçõa Médica
Brasileira, v. 58, n. 6, p. 650-658, 2012.

NISHIYAMA, M. F.; COSTA, M. A. F.; COSTA, A. M. da; SOUZA, C. G. M. de,


BRACHT, C. K.; PERALTA, R. M. Chá verde brasileiro (Camellia sinensis var
assamica): efeitos do tempo de infusão, acondicionamento e preparo sobre a eficiência
P á g i n a | 164

de extração dos bioativos e a estabilidade. Ciência e Tecnologia de Alimentos, n. 30


(Supl.1), p. 191-196, 2010.

OLIVEIRA, D.M S.; LUCENA, E. M. P. O uso de plantas medicinais por moradores de


Quixadá–Ceará. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 17, n. 3, p. 407-412,
2015.

OLIVEIRA, M.L. de. Estimativa dos custos da obesidade para o Sistema Único de
Saúde do Brasil. 2013. 95 f. Tese (Doutorado em Nutrição Humana) - Universidade de
Brasília, 2013.

PAULERT, R.; P, S.; OLIVEIRA, F.G. de; ZONETTI, P. da C.; RUPPELT, B.M.
Utilização popular de plantas medicinais nos clubes de mães de Palotina-PR. Revista
Ciência em Extensão, v. 10, n. 2, p. 55-64, 2014.

PINHEIRO J.N.; MOREIRA J.; ROSSATO A.E. Camellia sinensis (L.) Kuntze (chá-
verde) e seus aspectos químicos, farmacológicos e terapêuticos. Infarma - Ciências
Farmacêuticas, v. 22, p. 32–41, 2013.

REIS, R.; ABREU, P.A. Chás e emagrecimento: Uma análise crítica do que está sendo
recomendado nos vídeos do Youtube. Revista Saúde e Meio Ambiente, v. 12, n. 1, p.
235-248, 2021.

RODRIGUES, N.D.; RODRIGUES, F.D. Fitoterapia como coadjuvante no tratamento


da obesidade. Revista Brasileira de Ciências da Vida, v. 5, n. 4, p. 19-19, 2017.

ŠANTIĆ, Z.; PRAVDIĆ, N.; BEVANDA, M.; GALIĆ, K. The historical use of
medicinal plants in traditional and scientifc medicine. Medicina Academica
Mostariensia, v. 5, n. 1-2, p. 69-74, 2017.

SANTOS, L.A. da S. Os Programas de Emagrecimento na Internet: um Estudo


Exploratório. PHYSIS: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n. 2, p. 353-372, 2007.
SILVA, M.A.B. da; MELO, L.V.L.; RIBEIRO, R.V.; SOUZA, J.M. de; LIMA, J.C.S.;
MARTINS, D.T. de O.; SILVA, R.M. da. Levantamento etnobotânico de plantas
utilizadas como anti-hiperlipidêmicas e anorexígenas pela população de Nova
Xavantina-MT, Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n. 4, p. 549-562,
2010.
SUK, S., SEO, S. G., YU, J. G., YANG, H., JEONG, E., JANG, Y. J.; YAGHMOOR,
S.S.; AHMED, Y.; YOUSEF, J.M.; ABUALNAJA, K.O.; AL-MALKI, A.L.;
KUMOSANI, T.A.; LEE, C.Y.; LEE, H.J.; LEE, K. W. A Bioactive Constituent of
Ginger, 6-Shogaol, prevents adipogenesis and stimulates lipolysis in 3T3-L1
adipocytes. Journal of Food Biochemistry, v. 40, n. 1, p. 84–90, 2016.

TEIXEIRA, G. da S.; FONSECA, M.I.L da; BIESKI, I.G.C. Plantas medicinais,


fitoterápicos e/ou nutracêuticos utilizados no controle da obesidade. FLOVET -
Boletim do Grupo de Pesquisa da Flora, Vegetação e Etnobotânica, v. 1, n. 6, 2014.
P á g i n a | 165

VIEIRA, A.R.R.; MEDEIROS, P.R.M.S. A utilização de fitoterápicos no tratamento da


obesidade. Revista Científica da Escola Estadual de Saúde Pública de Goiás
"Cândido Santiago", v. 5, n. 1, p. 44-57, 2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Obesity and Overweigh. 2020.
Disponível em: < https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-
overweight>. Acesso em: 13 mar. 2021.

YANG, F.-L.; WEI, Y.-X.; LIAO, B.-Y.; WEI, G.-J.; QIN, H.-M.; PANG, X.-X.;
WANG, J.-L. Effects of Lycium barbarum polysaccharide on endoplasmic reticulum
stress and oxidative stress in obese mice. Frontiers in Pharmacology, v. 11, p. 742,
2020.

ZHENG, G. Anti-obesity effects of three major components of green tea, catechins,


caffeine and theanine, in Mice. In vivo, v. 18, n. 1, p. 55-62, 2004.

Recebido em: 01/04/2022


Aprovado em: 03/05/2022
Publicado em: 05/05/2022

Você também pode gostar