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22, Nº 3
DOI: 10.00000/CLM-000-000
ISSN: 1414-7327
RESUMO
A origem da obesidade pode estar ligada a diversos fatores como enfermidades, estresse, ansiedade,
sedentarismo, entre outras. Esta condição leva pessoas a buscarem formas de auxílio na perda de peso,
como o uso de espécies vegetais. Este estudo teve como objetivo de identificar as utilizadas em pesquisa
realizada online. A amostra obtida foi de 937 respondentes, dos quais 48% fazem uso destas espécies para
auxiliar no emagrecimento. Das 33 citadas, as três mais utilizadas são: Chá verde, Hibisco e Gengibre. O
consumo de 44% é na forma de chá seja da planta fresca ou seca adquiridos em lojas de produtos naturais.
A busca de informações se dá principalmente pela internet (74,9%) ou por conhecidos (40,3%). A
maioria dos usuários (61,5%) afirmou ter perdido de peso, que conhecem os efeitos colaterais (52,3%), já
ter sofrido alguma reação adversa (24,3%) e 70,5% fazem atividade física para auxiliar o emagrecimento.
ABSTRACT
The origin of obesity can be linked to several factors such as illness, stress, anxiety, sedentary lifestyle,
among others. This condition leads people to seek ways to aid in weight loss, such as the use of plant
species. This study aimed to identify those used in online research. The sample obtained was of 937
respondents, of which 48% use these species to help with weight loss. Of the 33 mentioned, the three
most used are: Green Tea, Hibiscus and Ginger. The 44% consumption is in the form of tea either from
the fresh or dried plant purchased in natural food stores. The search for information is mainly done
through the internet (74.9%) or by acquaintances (40.3%). Most users (61.5%) claimed to have lost
weight, they know the side effects (52.3%), have already suffered an adverse reaction (24.3%) and 70.5%
do physical activity to help the slimming.
1
Universidade Federal Fluminense.
*E-mail: anapaulamartinazzo@id.uff.br
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INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa foi realizada inicialmente com uma revisão sobre o tema e elaboração de um
questionário contendo 20 perguntas, o qual foi colocado em um aplicativo para coleta de dados
de pesquisas e enviado de forma online para usuários de redes sociais e outras ferramentas de
comunicação pela internet, facilitando o acesso restrito durante a quarentena.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa 937 pessoas sendo 79,3% dos respondentes do gênero
feminino. A faixa etária dos participantes variou de 18 a 65 anos ou mais, com predominância
da faixa de 19 a 34 anos, com 58,5%.
Entre os respondentes, 52% declararam nunca ter feito uso de produtos naturais para o
emagrecimento, sendo a maioria destes de idade até 24 anos (46%), declarando a não utilização
por motivos como: não necessitam, pois não possuem problemas de sobrepeso (42,7%), que até
o momento não tiveram indicação médica para uso (26,7%) e nunca usaram porque
desconhecem a forma de utilização e efeito de produtos naturais para o emagrecimento (19%).
Para 48% dos participantes, os produtos naturais são utilizados para auxiliar no processo
de emagrecimento, constituindo deste total 92% mulheres. Trabalhos como o de Oliveira et al.
(2013), Assumpção et al. (2017), demonstram que as mulheres dedicam mais atenção à saúde,
ao controle de peso, a alimentação mais saudável que os homens, assim como também
apresentam maior insegurança e insatisfação com o próprio corpo.
Inicialmente foi perguntado aos participantes que afirmaram fazer uso de produtos
naturais para o emagrecimento, quais plantas utilizam. No total foram indicadas 32 espécies, a
Tabela 1 apresenta as 15 mais citadas, estando o Chá Verde em primeiro lugar, seguido do
Hibisco e Gengibre. Tais espécies também foram resultados de uma pesquisa realizada por Lima
e Fernandes (2020) como indicação para emagrecimento por Erveiros no município de
Aracati/CE. Em seu trabalho Reis e Abreu (2021) constataram que os sete chás mais citados
para emagrecimento em vídeos disponíveis no YouTube são: canela, gengibre, hibisco, limão,
chá verde, cavalinha e salsa, os quais também foram citados nesta pesquisa.
O Chá Verde (Camellia Sinensis) destaca-se entre os usuários pelo seu potencial
termogênico caracterizado pela sua composição química composta por catequinas e cafeína.
Tem sido considerada a bebida estimulante mais consumida no mundo, seguida pelo café
(Coffea sp.). Possui duas variedades a C. sinensis sinensis (chá chinês) e a C. sinensis assamica
(chá indiano). Na forma manufaturada se encontra no mercado em diferentes formatos: preto,
verde, branco, oolong, vermelho, com base na técnica de oxidação e fermentação aplicada
(KHAN; MUKHTAR, 2007, NISHIYAMA et al., 2010; FAO, 2015). No Brasil, além do chá
originário da C. sinensis outras bebidas estimulantes muito consumidas são obtidas a partir da
erva-mate (Ilex paraguariensis), citada inclusive por 15% dos participantes.
Outras pesquisas realizadas em território nacional também apontaram o chá verde como
o mais utilizado para o emagrecimento, como em Quixadá/CE (OLIVEIRA; LUCENA, 2015),
Montes Claros/MG (DAMASCENO et al., 2017) e Pedro Leopoldo/MG (RODRIGUES;
RODRIGUES, 2017), sendo neste também indicado o hibisco pelos participantes da pesquisa.
A forma mais utilizada para o consumo dos produtos naturais para o emagrecimento
indicado pelos participantes foi o chá com 44% das respostas (Figura 1), tanto para planta fresca
ou seca, forma comum de uso das plantas mais utilizadas pelos mesmos, facilmente encontradas
no comércio como chá verde, de hibisco, gengibre etc. O chá foi também indicado como a
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Figura 1. Formas utilizadas para o consumo de produtos naturais para o emagrecimento pelos
participantes.
Chá
11% 2%
Cápsula
12%
44%
Suco
Suplemento natural
14% (farelo, farinha, pó)
Água saborizada
17% Tintura
Observa-se ainda pela Figura 3 o uso dos produtos na forma de cápsulas, sucos,
suplementos e água saborizada, todas consideradas mais agradáveis para o consumo em relação
à tintura.
Quando questionados sobre o consumo diário, 43,4% disseram tomar uma vez ao dia a
maioria na parte da manhã e 36,7% consomem duas vezes ao dia, não foi possível observar se
há um conhecimento mais profundo da quantidade necessária do produto para que haja a ação
esperada no organismo.
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Quanto ao local onde adquirem seus produtos para consumo (Figura 2), 72,5% dos
participantes responderam loja de produtos naturais, seguido pelos supermercados, com 41,2%,
observa-se que a maioria das espécies utilizadas pelos entrevistados (Tabela 1) é possível de
adquirir nestes locais. Plantas na forma de chá, cápsulas, pós são produtos de venda livre e,
portanto, bastantes sujeitos à auto indicação para auxiliar em dietas, a disponibilidade destes
produtos em supermercados facilita sua obtenção.
6% Farmácia de manipulação
38%
Feiras livres
11%
Cultiva na própria residência
21% Raizeiros
Figura 3. Tipos de influenciadores digitais seguidos pelos entrevistados para informações sobre
produtos naturais para emagrecimento.
60 51,8%
Pessoa Fitness, YouTuber,
46,6% Blogueiro
50
Nutricionista
40
Repondentes (%)
Médico
30 21,1%
Nutrólogo
20 13,5%
10,5%
Personal Trainer
10
As demais opções de fonte de recomendação para uso dos produtos naturais para o
emagrecimento mais assinaladas pelos participantes foram: Indicação de familiares e amigos
(40,3%), Nutricionistas (35,6%), Televisão (11,2%), Médicos (10,7%), entre outros, como:
livros, revistas, artigos, farmacêuticos, nutrólogos. Dentro da dinâmica do uso de plantas com
fins medicinais, estéticos e de bem estar é comum o consumo das mesmas devido à indicação de
parentes e amigos por ser um saber popular repassado ao longo de gerações, conforme também
pode ser observado em trabalhos como de Macedo et al. (2007) em Marília/SP e Paulert et al.
(2014) em Palotina/PR.
causar ao organismo, percebe-se uma resistência das pessoas em alertas sobre as toxicidades que
produtos naturais podem apresentar ao organismo quando não consumidos corretamente. Dos
participantes, 24,2% responderam já ter sofrido algum tipo de efeito colateral. Dentre estes,
50% já tiveram diarreia, 34,7% insônia, 25% taquicardia e 12,1% intoxicação ou alergias.
O gengibre (Z. officinale) possui ação estimulante podendo causar insônia se tomada no
horário errado, sendo indicado seu consumo pela manhã. Possui também outros efeitos
colaterais, como diarreia e desconfortos abdominais (AKRAM et al., 2011, MARX et al., 2013).
Pela análise das opções de plantas utilizadas por pessoas que já tiveram problemas com insônia,
o gengibre está entre as mais consumidas. Segundo Vieira e Medeiros (2019) é importante
informar à população sobre o uso adequado e racional da fitoterapia por meio da
conscientização de que toda substância química, por mais inofensiva que seja, poderá apresentar
algum grau de toxicidade. O que caracteriza a segurança da terapia recomendada é a utilização
de forma correta e dose adequada.
Além de fazer uso de produtos naturais, a maioria dos entrevistados (70,5%) declarou
faz alguma atividade física, seguido de alimentação saudável e dieta, conforme Figura 4.
0 20 40 60 80 100
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Segundo Kazemipoor et al. (2014), o uso de produtos naturais em sincronia com hábitos
saudáveis, rotina de exercícios físicos e alimentação equilibrada auxilia na perda de peso.
Baptista (2013) em seu artigo pontua que somos estimulados por uma sociedade que tem como
objetivo central o lucro, sendo a obesidade excitada pelo consumo de comidas ricas em
gorduras, com porções cada vez maiores e com alto teor calórico. Desta forma, a obesidade e o
estímulo gerado pela indústria do emagrecimento se apresentam como contraditórios.
A prática de atividades físicas que tragam não somente saúde física como mental
acompanhada de uma alimentação nutritiva, com utilização de produtos naturais para auxiliar,
vem como uma proposta saudável para o emagrecimento, porém não podem estar atreladas a
ilusão de que um corpo magro estará veiculado ao sucesso, conquistas, aceitação e estabilidade
emocional, o ser humano e sua complexidade vai muito além das aparências.
CONCLUSÃO
O uso de espécies vegetais é comumente empregado na busca pela perda de peso pela
confiança de muitos nos benefícios dos tratamentos naturais por serem menos agressivos, custo
relativamente baixo e fácil acesso. A eficácia destes tratamentos alternativos vai sendo
comprovado à medida que pesquisas sejam apoiadas e desenvolvidas assegurando a saúde dos
usuários.
O consumo de 44% é na forma de chá seja da planta fresca ou seca adquiridos em sua
maioria em lojas de produtos naturais (38%), seguido de supermercados. A busca de
informações se dá principalmente pela internet (74,9%) seguindo pessoas fitness, blogueiros,
youtubers (51,8%).
A maioria dos usuários (61,5%) afirmou ter perdido de peso ao ingerirem produtos
naturais para emagrecer, afirmam conhecer os efeitos colaterais das plantas (52,3%) e já ter
sofrido alguma reação adversa (24,3%). Além do uso dos produtos, 70,5% dos participantes
declararam que fazem atividade física para auxiliar o emagrecimento, seguido de alimentação
saudável (55,5%).
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