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Bárbara Bäckström

DEMOGRAFIA
Caderno de Apoio

Universidade Aberta
2007
Copyright © UNIVERSIDADE ABERTA – 2007
Palácio Ceia • Rua da Escola Politécnica, 147
1269-001 Lisboa

ISBN: 978-972-674-356-9
DEMOGRAFIA

Apresentação do Caderno de Apoio

9 Livro Adoptado
9 Pressupostos e finalidades do Caderno de Apoio/ Objectivos do Curso

11 Programa da disciplina/Plano do curso e capítulos correspondentes no


livro recomendado

15 Organização das Unidades de aprendizagem/ Estrutura das unidades de


formação

15 Contexto e Justificação
17 Plano de avaliação

I. A Ciência da População: A Progressiva Maturação da


Complexidade do seu Objecto de Estudo

21 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem

22 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos


33 Actividades propostas e questões para revisão
35 Indicações bibliográficas

II. A Explosão Demográfica: um Velho Problema com novas


Dimensões

39 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem

40 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos


53 Actividades propostas e questões para revisão
54 Indicações bibliográficas

III. A Dinâmica Global da População. A Repartição Geográfica e a


Repartição por Sexo e Idades

57 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem

58 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos


72 Actividades propostas e questões para revisão
74 Indicações bibliográficas

3
IV. Fontes e Testes à Qualidade dos Dados

77 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem


78 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos
88 Actividades propostas e questões para revisão
88 Indicações bibliográficas

V. Os Princípios de Análise Demográfica e o Diagrama de Lexis

91 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem


92 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos
96 Actividades propostas e questões para revisão
97 Indicações bibliográficas

VI. Instrumentos de Análise da Mortalidade

101 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem


102 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos
112 Actividades propostas e questões para revisão
113 Indicações bibliográficas

VII. Instrumentos de Análise da Natalidade, Fecundidade e Nupcialidade

117 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem


118 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos
124 Actividades propostas e questões para revisão
125 Indicações bibliográficas

VIII. Instrumentos deAnálise dos Movimentos Migratórios

129 Objectivos do capítulo/Objectivos de aprendizagem


130 Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos
134 Actividades propostas e questões para revisão
134 Indicações bibliográficas

4
135 Glossário

143 Bibliografia Geral – Obras de referência

149 Anexos

5
Apresentação do Caderno de Apoio
Livro adoptado

O presente caderno de apoio à disciplina Demografia tem como objectivo


orientar e facilitar o trabalho do estudante na leitura e no estudo do livro
adoptado para esta disciplina:

Joaquim Manuel Nazareth, Demografia – A Ciência da População, Editorial


Presença, Colecção Fundamentos, Lisboa, 2004.

Pressupostos e finalidades do programa

O livro adoptado é já por si um precioso instrumento didáctico, no entanto, a


sua organização não foi adaptada às condições específicas de ensino a
distância.

Uma vez que os destinatários preferenciais são justamente, estudantes em


regime de auto-aprendizagem, serão os seguintes os objectivos prioritários
deste caderno de apoio:

a) Facultar ao estudante um acompanhamento na leitura do livro


adoptado, por meio de síntese e esquematização de conteúdos,
conceitos e problemáticas que nele são abordados;

b) Agregar às informações disponíveis no livro adoptado, informações


complementares que contribuam para a continuidade lógica e
epistemológica da sequência de aprendizagem proposta no programa
da disciplina;

c) Oferecer ao estudante pistas e instrumentos que lhe permitam o


exercício, a consolidação e o aprofundamento da aprendizagem.

No final do curso, o estudante de Demografia deve ser capaz de:

• Enquadrar o papel da Demografia no contexto específico das ciências


sociais e sua importância numa articulação teórica com a Sociologia.
A emergência de uma Sociologia da População para o entendimento
dos fenómenos, tendências e práticas sociais;

• Utilizar de forma sistemática os principais instrumentos de recolha e


tratamento de dados estatísticos respeitantes à população, assim como
proceder ao enquadramento desses dados através das principais
variáveis;

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• Interpretar os dados referidos, recorrendo à conciliação das
abordagens qualitativas e quantitativas, através da intersecção com
as estruturas e práticas sociais mais alargadas.

• Compreender e enquadrar a situação demográfica mundial e europeia,


possibilitando discernir vectores fundamentais de análise para a
compreensão de novos cenários de desenvolvimento (com relevo
especial para o Terceiro Mundo), das relações internacionais e das
migrações, das estruturas familiares, dos fenómenos de exclusão
social, dos mundos rurais e urbanos e do Ambiente, articulando-os
com o futuro e o funcionamento dos ecossistemas.

• Analisar as estruturas demográficas e as estruturas sociais do cenário


português, explorando as potencialidades da Demografia enquanto
ciência social para enquadrar os principais problemas e desafios da
sociedade portuguesa do presente século, em especial das últimas
três décadas.

• Compreender os principais fenómenos sócio-demográficos da


realidade portuguesa das últimas décadas, nomeadamente a
emigração, as disparidades regionais, a fragmentação territorial, o
crescimento natural e o desenvolvimento.

• Articular a situação demográfica mundial e europeia com as questões


sociais essenciais do mundo contemporâneo, como a urbanização,
educação, saúde, trabalho, feminização, ecologia e ambiente.

• Descrever a evolução demográfica recente da população;

• Aplicar técnicas adequadas de análise das variáveis do sistema


demográfico: volumes populacionais, estruturas etárias, natalidade/
fecundidade, mortalidade e mobilidade populacional;

• Explicar a ligação entre os comportamentos demográficos e a evolução


do estado da população;

• Identificar alguns efeitos da dinâmica do sistema demográfico sobre


a organização e estruturação das sociedades contemporâneas.

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Programa da disciplina/Plano do curso e capítulos no livro
adoptado

Para o desenvolvimento deste programa considera-se de consulta obrigatória


todos os capítulos do livro adoptado Demografia – A ciência da população
de J. Manuel Nazareth.

O programa da disciplina Demografia corresponde à sequência de conteúdos


apresentada no índice do Livro adoptado. Nem todos os conteúdos do livro
serão alvo da matéria e do programa desta disciplina de Demografia da Univer-
sidade Aberta.

Assim aconselha-se a seguir os tópicos deste programa organizado


desenvolvido com a seguinte estrutura, para cada capítulo do manual
adoptado:

a) Identificação do Capítulo;

b) Enumeração dos pontos do capitulo abrangidos pelo programa da


disciplina de demografia e respectiva numeração desses pontos no
manual adoptado;

c) Objectivos pretendidos em cada capítulo;

d) Tabela em que se faz corresponder os pontos/conteúdos do programa


às respectivas páginas do livro e aos objectivos anteriormente anun-
ciados.

I. A Ciência da população: a progressiva maturação da complexidade


do seu objecto de estudo

Introdução

1. (1.1.) As primeiras reflexões sobre a população

2. (1.2.) A questão da população no século XVIII e a emergência da Demo-


grafia como ciência

3. (1.3.) A importância do pensamento de Malthus na emergência da ciência


da população

4. (1.4.) Malthusianismo, neomalthusianismo e as reacções ao pensamento


malthusiano

5. (1.5.) A Transição Demográfica

6. (1.6.) O objecto de estudo da Demografia


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7. (1.7.) Unidade e diversidade da Demografia

A Demografia histórica

Os Estudos de População ou Demografia Social

As políticas demográficas

A Ecologia Humana

8. (1.8.) A metodologia da Demografia

II. A Explosão demográfica: um velho problema com novas dimensões

Introdução

1. (2.1.) A população antes do aparecimento da escrita

2. (2.2.) Os primeiros dados numéricos de interesse demográfico

3. (2.3.) A Antiguidade: do crescimento ao primeiro «mundo cheio»

4. (2.4.) O Nascimento do Ocidente Medieval e o declínio da população

5. (2.5.) A recuperação demográfica do Ocidente Medieval e o aparecimento


de um segundo «mundo cheio»

6. (2.6.) A peste negra

7. (2.7) O Modelo Demográfico do Antigo Regime

8. (2.8.) O crescimento da população na Europa Ocidental e o terceiro “mundo


cheio”

9. (2.9.) A evolução da População nas restantes partes do mundo

10.(2.10.) A explosão demográfica: um fenómeno novo ou um velho problema


com novas características ?

III. Aspectos Iniciais de uma investigação em análise demográfica: os


ritmos de crescimento e a análise das estruturas demográficas

Introdução

1. (3.1.) Volumes, ritmos de crescimento de uma população e densidades

1.º Trabalho Prático Resolvido

12
2. (3.2.) As estruturas demográficas

As pirâmides de idades

As relações de masculinidade

Os grupos funcionais e os índices-resumo

O envelhecimento demográfico

2.º Trabalho prático resolvido

IV. Os sistemas de informação demográfica e a análise da qualidade


dos dados

Introdução

1. (4.1.) Os sistemas de Informação demográfica

Os Recenseamentos da população

As Estatísticas demográficas de Estado Civil

Outros sistemas de informação demográfica

2. (4.2.) A análise da qualidade da informação

A Relação de Masculinidade dos nascimentos


O Índice de Whipple

O Índice de Irregularidade

O Índice Combinado das Nações Unidas (ICNU)

A equação de Concordância

3.º Trabalho prático resolvido

V. Os Princípios de Análise Demográfica e o Diagrama de Lexis

Introdução

1. (5.1.) O Diagrama de Lexis

2. (5.2.) Princípios Gerais de Análise Demográfica

3. (5.3.) Princípios de Análise Longitudinal

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4. (5.4.) Princípios de Análise em Transversal

4.º Trabalho prático resolvido

VI. Análise da Mortalidade

Introdução

1. (6.1.) As Taxas Brutas de Mortalidade enquanto medidas da mortalidade


geral

2. (6.3.) A medida de mortalidade em grupos específicos

As medidas de mortalidade infantil

A mortalidade por meses

A mortalidade por causas de morte

3. (6.4.) O princípio da translação: a construção das tábuas de mortalidade

5º Trabalho prático resolvido

VII. Análise da Natalidade, Fecundidade e Nupcialidade

Introdução

1. (7.1.) As Taxas Brutas enquanto medidas elementares de análise da


natalidade e da fecundidade

2. (7.2.) Tipos particulares de natalidade e fecundidade

A fecundidade por idades e por grupos de idades

A fecundidade dentro do casamento

A fecundidade fora do casamento

A natalidade por meses

3. (7.4.) O princípio da translação

4. (7.5.) Análise da nupcialidade e do divórcio: as taxas brutas enquanto


medidas elementares de análise

6º Trabalho prático resolvido

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VIII. Análise dos Movimentos Migratórios

Introdução

1. (8.1.) Os métodos directos de análise dos movimentos migratórios

2. (8.2.) Os métodos indirectos de análise dos movimentos migratórios

A equação de concordância

7.º Trabalho prático resolvido

Organização das Unidades de aprendizagem/Estrutura das


unidades de formação

O presente caderno de apoio organiza-se numa sequência de 8 unidades de


aprendizagem, cada uma delas desenvolvendo-se de acordo com a seguinte
estrutura:
a) Apresentação dos objectivos da aprendizagem, cuja consecução se
estabelece com critério de aferição da aprendizagem e da respectiva
avaliação;
b) Desenvolvimento sequencial dos Conteúdos programáticos e clarifi-
cação de tópicos mais complexos da unidade;
c) Actividades propostas e questões para revisão com vista ao exercício,
consolidação e aferição da aprendizagem. Estas actividades servem
ainda de exercício de revisão da matéria;
d) Indicações bibliográficas complementares. Propostas de leitura e
consulta para a consolidação ou para o desenvolvimento de
informação que é também citada no livro adoptado.
Dentro de cada uma das unidades é feita referência a quadros e figuras que
remetem para o livro adoptado. Nota: É aconselhável saber manusear as
funções da máquina de calcular.

Contexto e Justificação

O estudo da Demografia insere-se num contexto mais vasto - o das ciências


sociais – considerando-se uma ciência autónoma, diferente da sociologia ou
da economia e exige que à partida haja uma clarificação dos principais
conceitos. No entanto, sabemos que não é possível traçar fronteiras entre as

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diversas ciências sociais, tendo todas o homem como objecto de estudo. Nesta
óptica, a Demografia não difere das outras ciências sociais. O seu objecto de
estudo também é o comportamento do homem em sociedade e também
necessita das informações das outras ciências sociais.
Numa primeira análise, a Demografia aparece-nos como uma resposta
científica a um conjunto de questões relacionadas com a descrição da
população humana. Para além disso, a Demografia estuda aspectos
relacionados com o ordenamento espacial da população, a alteração de
estruturas familiares, as consequências do envelhecimento demográfico no
futuro da segurança social, a composição da população activa, as necessidades
e a localização de equipamentos sociais. A Demografia contribui também
para a resolução de algumas questões importantes noutras áreas científicas.
Temos, por exemplo, o planeamento dos recursos humanos, a questão
ambiental, a saúde pública e as projecções demográficas.
A procura de um grande rigor na medição dos fenómenos demográficos
desenvolveu um vasto número de métodos e técnicas de análise, próprios da
ciência demográfica, o que veio reforçar ainda mais a construção do objecto
de estudo da Demografia.
A Demografia enquanto estudo de população está associada a um conjunto
de aspectos relacionados com a população humana e, naturalmente, nos
aspectos que dizem respeito à sua saúde. Como qualquer fenómeno social, o
estudo da Demografia é de grande complexidade estando associado com
múltiplos fenómenos que vão desde a saúde, à política, à cultura, aos aspectos
económicos, educação, etc.
A Demografia, enquanto ciência que tem por objecto de estudo a população
humana, assume assim, naturalmente, um papel fundamental nas ciências
sociais.
O fenómeno demográfico pode ser ilustrado da seguinte forma:
Variáveis “comportamentais” Variáveis de “estado”

Æ Dinâmica Evolução dos


Mortalidade volumes populacionais
(óbitos) natural

Natalidade/fecundidade à
(nados-vivos)
Æ
Dinâmica Evolução da
Mobilidade populacional Æ
migratória estrutura etária
(migrações)

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Destas cinco variáveis demográficas, duas tratam do estado (volumes e
estrutura etária) e as outras três referem-se aos comportamentos que influem
directa-mente sobre as alterações observadas no “estado” da população
(mortalidade, natalidade/ fecundidade, mobilidade populacional).

Plano de avaliação

A disciplina inclui actividades de aprendizagem e questões para revisão e


testes formativos os quais são devolvidos à Universidade Aberta para uma
análise de que resultará informação transmitida, depois, aos formandos.

O objectivo das questões para revisão é clarificar pontos de dúvidas e de


dificuldade que o formando possa encontrar no texto-base que não está
adaptado ao sistema de ensino à distância. Tais questões não têm qualquer
propósito de classificação.

No final do curso, terá lugar uma prova de avaliação somativa presencial de


que resultará a classificação do formando.

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I. A Ciência da População: a Progressiva Maturação
da Complexidade do seu Objecto de Estudo
Objectivos do capítulo

1. Identificar as principais fases da constituição da Demografia como


ciência;

2. Conhecer o pensamento dos primeiros demógrafos;

3. Conhecer as principais características do pensamento malthusiano;

4. Identificar as principais fases e a importância da teoria da transição


demográfica;

5. Identificar os aspectos fundamentais do objecto de estudo da


Demografia;

6. Compreender a razão pela qual a Demografia actual é simultaneamente


una e diversa;

7. Identificar as principais etapas da metodologia da Demografia.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Identificar as diferentes fases de evolução da ciência demográfica;

• Conhecer as principais características das teorias demográficas de


Malthus;

• Descrever as fases da teoria da transição demográfica;

• Distinguir e definir as Demografias (histórica, social);

• Definir o objecto de estudo da Demografia.

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Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo I, páginas 15-69

Conteúdos Páginas Objectivos


1.1. As primeiras reflexões sobre a 16-22 Conhecer o pensamento dos
demografia primeiros demógrafos
1.2. A questão da população no século 22-26 Identificar as principais fases
XVIII e a emergência da Demografia da constituição da Demografia
como ciência como ciência
1.3. A importância do pensamento de 26-34 Conhecer as principais caracte-
Malthus na emergência da ciência da rísticas do pensamento malthu-
População siano
1.4. Malthusianismo, neomalthu-
34-40
sianismo e as reacções ao pensa-
mento malthusiano
1.5. A transição demográfica 40-43 Identificar as principais fases e
a importância da teoria da
transição demográfica
1.6. O objecto de estudo da Demografia 43-47 Identificar os aspectos funda-
mentais do objecto de estudo
da Demografia
1.7. Unidade e Diversidade da Demo- 47-66 Compreender a razão pela qual
grafia a Demografia actual é simulta-
neamente una e diversa

1.8. A metodologia da Demografia 66-69 Identificar as principais etapas


da metodologia da Demografia

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Introdução

Nesta unidade, tentaremos explicar como foi evoluindo a Demografia


relativamente aos seus aspectos quantitativos da dinâmica populacional. Para
além disso tentaremos perceber como se foi constituindo lentamente a
Demografia como ciência. Durante os séculos XVII e XVIII a Demografia
emerge como ciência.

Nesta unidade iremos ver quem foram e o que disseram os homens que
transformaram em ciência a Demografia, qual é realmente o objecto de estudo
da Demografia, quais são as grandes teorias e os grandes problemas da
Demografia contemporânea e porque é que a Demografia é simultaneamente
una e diversa e quais as grandes divisões da Demografia actual.

A lenta constituição da ciência demográfica

O ideal de Platão (428-348 a.C.) é o de uma população estacionária onde o


número de fogos, por razões políticas e sociais, seria de 5040. Platão acredita
que é possível intervir no sentido de manter constante o volume da população
da sua cidade ideal, através da fixação de uma idade mínima para o casamento
(30 anos para os homens e 18 para as mulheres) e da limitação da idade da
procriação (apenas os 10 ou 14 anos de casamento); o risco de a população
diminuir resolver-se-ia através de uma punição para os que não queriam ter
filhos, os celibatários e os casais estéreis.

Aristóteles (384-322 a.C.) é mais realista do que o seu mestre Platão, ao


pensar sobretudo num número estável de habitantes. Esta procura de
estabilidade não implica um número fixo de habitantes. Pelo contrário, ao
aperceber-se que a natalidade e a mortalidade fazem variar o volume
populacional, propõe uma “justa dimensão” da população.

Na idade Média, Santo Agostinho (345-430) e São Gregório (540-604)


defendem que o casamento une marido e mulher para gerar filhos. Esta linha
de pensamento é dominada pelo pensamento cristão, numa perspectiva
teológica e moral, enquanto que as duas anteriores formas (pertencentes à
Antiguidade) foram analisadas numa perspectiva política e social.

Com o início dos tempos modernos, as ideias respeitantes à população


separam-se das questões morais e passam progressivamente a depender de
preocupações políticas e económicas. É nesta linha de ideias e de
acontecimentos que se deve interpretar o culto pelo ideal mercantilista da
riqueza, associado à valorização do Estado. Neste contexto, as doutrinas
mercantilistas são consideradas, no seu conjunto, explicitamente

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populacionistas. Este populacionismo permitiu acelerar o processo que irá
conduzir ao aparecimento da Demografia como ciência.

No mercantilismo italiano dois pensadores merecem referência especial:


Maquiavel (1467-1527) e Botero (1540-1617). Maquiavel não defende todas
as ideias mercantilistas, nomeadamente no que diz respeito ao princípio que
o Estado só é forte quando favorece o enriquecimento dos cidadãos mas, ao
defender que uma população numerosa reforça o poder do Príncipe, adopta
uma atitude populacionista. Para Botero, uma população numerosa deve ser
a primeira preocupação do Estado.

No mercantilismo francês existem duas correntes diferenciadas: a que


defende um populacionismo intransigente (Bodin e Montchrestien) e a
que defende um populacionismo mais racional (Vauban). Jean Bodin
(1530-1596) afirma que uma população numerosa permite a valorização de
um país. Ficou conhecido com a frase “Não existe maior riqueza nem maior
força do que os homens”. Montchrestien (1575-1621) também defende o
ponto de vista de que a grande riqueza da França é a inesgotável abundância
dos seus homens.

Vauban (1633-1707) é populacionista ao defender que a falta de população


é a maior desgraça que pode acontecer ao reino. Ficou conhecido na história
do pensamento demográfico pelas estimativas que faz e por chamar a atenção
para a utilidade dos recenseamentos da população.

Na Inglaterra, o mercantilismo é menos homogéneo do que em Itália e em


França e evolui ao longo do tempo. Consequentemente, a atitude face à
problemática da população também evolui.

Nesta evolução aparecem duas correntes de pensamento distintas: no


princípio, a população é considerada uma variável entre tantas outras do
sistema social; depois, a população aparece como interessante em si própria…
são os primórdios da Demografia científica.

Na primeira corrente encontramos autores que procuram reflectir sobre o


melhor equilíbrio entre a população e os recursos. Thomas More (1478-
-1535) ao estudar as causas da miséria do seu país, pensa que esta deve-se a
três factores: o luxo da nobreza, a existência de muitos domésticos
improdutivos e a extensão da criação de carneiros. Se existem autores
preocupados com esta questão do equilíbrio população-recursos, no século
XVII , em Inglaterra, a Demografia começa a dar os seus primeiros passos
como ciência e pensadores como William Petty, John Graunt, Edmund
Halley começam a considerar que os problemas populacionais devem ser
analisados e medidos independentemente das relações que possam ter
com quaisquer outros problemas económicos, políticos e sociais.

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Teorias Demográficas

As teorias demográficas ou teorias da população são correntes de opinião


que tentam explicar ou prever a evolução dos fenómenos demográficos, as
interacções entre estes e os fenómenos económicos, sociais, psicológicos,
do ambiente e outros, tentando prever as consequências que possam levar à
elaboração de uma política demográfica.

O Malthusianismo

Thomas Malthus, padre inglês que viveu no século XVIII (1766-1834),


professor de História Moderna e Economia Política em Inglaterra, grande
observador de fenómenos populacionais, estabeleceu o célebre paralelo entre
a multiplicação do homem e a sua subsistência.
Em 1798, Malthus publica o Ensaio sobre o Princípio da População. O livro
faz escândalo devido a uma das suas teses: “a assistência aos pobres é inútil
porque não serve senão para os multiplicar sem os consolar”. Também faz
escândalo devido a um parágrafo: “um homem que nasce num mundo
ocupado, se não lhe é possível obter dos seus pais os meios de subsistência…
e se a sociedade não tem necessidade do seu trabalho, não tem direito a
reclamar a mínima parte da alimentação e está a mais…”. A sua teoria baseia-
se no facto de uma população ter um aumento constante e esse aumento ser
mais rápido do que os meios de subsistência, sendo o equilíbrio entre o
tamanho da população e o nível de subsistência mantido através do controle
do crescimento da população.
O pensamento demográfico de Malthus pode ser sistematizado em torno de
três temas fundamentais: População e subsistências, obstáculos e remédios.
Quanto ao primeiro tema população e subsistências – o autor distingue
duas leis antagónicas: a lei da população que cresce em progressão geométrica
(1, 2, 4, 8, 16…) e a das subsistências, que cresce em progressão aritmética
(1,2, 3, 4, 5, 6,…). Para Malthus, quando uma população não é controlada,
duplica todos os 25 anos.
Quanto ao segundo tema, os obstáculos ao crescimento da população, para
Malthus, existem dois tipos de obstáculos: os positivos (ou Regressivos),
que serão todos os obstáculos que podem de algum modo diminuir a vida
humana (Ex: pobreza, epidemias, fomes, etc...) e os preventivos, que serão
os acontecimentos que levam à diminuição da fecundidade, isto é, casamentos
adiados (criando condições para que os cônjuges casem mais tarde),
abstinência antes do casamento (limitações morais), casamentos tardios dos
pobres ou até apelo ao celibato “A miséria deriva do crescimento
excessivamente rápido da população”.

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Quanto ao terceiro eixo – os remédios, Malthus não hesita em afirmar que o
único obstáculo que não prejudica nem a felicidade moral, nem a felicidade
material é a obrigação moral.

Duas correntes alternativas surgem em paralelo – o neomalthusianismo e


antimalthusianismo.

A primeira corrente aposta na limitação dos nascimentos, enquanto que a


segunda relaciona o numero de habitantes com os “meios de existência”
(produtos alimentares, vestuário, habitação, entre outros). O pensamento
liberal de tendência antimalthusiana é representada fundamentalmente por
A.Dumont (1849-1902) e Durkheim (1858-1902). Dumont constata a
existência de uma oposição entre o crescimento demográfico e o
desenvolvimento do indivíduo. Para Durkheim, um dos pilares da sociologia,
a expansão demográfica é acompanhada de uma mudança qualitativa da
sociedade.

O pensamento demográfico do século XX é particularmente enriquecido com


as contribuições de A. Sauvy. Também é considerado um antimalthusiano e
um natalista, mas a riqueza do seu pensamento merece alguma atenção. Em
primeiro lugar, devemos a Sauvy a elaboração da teoria do “óptimo da
população”, ou seja, qual deve ser o número de habitantes de um dado
território para que o nível de vida de cada um seja o mais elevado possível?

Se, para os neomalthusianos o único problema é o excesso da população,


Sauvy considera que, se existem países que têm “gente a mais”, outros têm
gente a menos. Mas, o nome deste autor está sobretudo ligado à explicação
do dilema com que todos os países do mundo são confrontados – crescer ou
envelhecer?

A Teoria de Transição Demográfica

A chamada teoria de transição demográfica foi descrita pela primeira vez


nos anos 40. Desde então tem sido modificada, acrescentada e rescrita. A
definição clássica desta teoria foi descrita por Notestein (1945), Blacker
(1947) e outros autores e define-se do seguinte modo: Existem uma série de
estadios durante os quais a população se move de uma situação onde tanto a
mortalidade como a natalidade são altas, para uma posição onde tanto a
mortalidade como a natalidade são baixas. O crescimento de ambos os
indicadores antes e depois da transição demográfica é muito baixo. Durante
a transição, o crescimento da população é muito rápido devido essencialmente
ao declínio da mortalidade ocorrer antes do declínio da fecundidade.

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Segundo a teoria da transição demográfica todos os países já passaram ou
terão de passar por quatro fases de evolução:

• Fase do “quase-equilíbrio” antigo (ou de pré-transição) entre uma


mortalidade elevada e uma fecundidade igualmente elevada o que
implica um crescimento natural da população reduzido;
• fase do declínio da mortalidade e da consequente aceleração do
crescimento natural da população;
• fase do declínio da fecundidade; a mortalidade continua a declinar
embora a um ritmo mais moderado e o crescimento natural da
população diminui de intensidade;
• fase do “quase-equilíbrio” moderno entre uma mortalidade com baixos
níveis e uma fecundidade igualmente baixa; o crescimento natural
da população tende para zero.
Quase todos os países do mundo já passaram pela segunda fase (declínio da
mortalidade) e quase todos já chegaram à terceira fase (declínio da
fecundidade). A transição demográfica começou nos países mais avançados
da Europa no século XVIII quando a mortalidade começou a declinar numa
forma consistente e continuada. Chegando ao século XX, o declínio da
mortalidade expande-se a todos os países europeus e aos outros continentes.
O aumento da população acelera. A tendência pesada da evolução da
população mundial aponta, actualmente para uma situação em que, a partir
de meados deste século, se admite o início de um processo que conduzirá a
um declínio progressivo da população mundial, através da diminuição do
número total de nascimentos.

A ideia central da teoria da transição demográfica, que é a de provar a


existência dos efeitos da modernização nos comportamentos demográficos,
parece estar mais do que demonstrada pelos factos. A revolução sanitária fez
que no mundo, nos anos 90, não existissem países com uma esperança de
vida À nascença inferior a 50 anos. Os raros países que se encontravam nessa
situação pertencem todos à África subsariana. A revolução contraceptiva fez
também generalizar a ideia que um baixo nível de fecundidade é um símbolo
de modernidade, seja à escala de um país seja à microescala dos indivíduos
e dos casais.

Aspectos fundamentais e objectivos da Demografia

Definir Demografia parece ser a primeira questão que se põe quando


abordamos esta área.

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Em sentido geral, uma população pode ser encarada como um conjunto de
indivíduos ou de unidades que podem ser de natureza muito diversa. Numa
perspectiva demográfica, as populações humanas são consideradas com
características específicas, num espaço limitado e com um certo significado
social.

No que respeita às características da população humana, as unidades de


observação que compõem a população de referência (ou de observação) devem
ser naturalmente, de seres humanos no seu sentido lato (homens ou mulheres).
Neste contexto, o termo genérico “população” será utilizado designando uma
“população humana”.

Relativamente à delimitação espacial, esta característica diz respeito ao


território claramente identificável, isto é, o conjunto de indivíduos que vivem
sobre um determinado espaço delimitado e constituem a população
considerada.

No que diz respeito ao significado social, a população considerada deverá


ter um certo significado de coerência social.

Apesar da preocupação com os problemas da população remontar à


Antiguidade, a Demografia como ciência apenas aparece na segunda metade
do século XVIII.

Os primeiros demógrafos

Foi Achille Guillard em 1855 (in Guillard, A. Élements de statistique


humaine ou demographie comparé, 1855) que inventou o nome de
“Demografia Comparada”. Este autor dá a seguinte definição de Demografia
“Em sentido amplo, abrange a história natural e social da espécie humana;
em sentido restrito, abrange o conhecimento matemático das populações,
dos seus movimentos gerais, do seu estado físico, intelectual e moral”

Mas o desenvolvimento da Demografia, como ciência, fez com que nas


últimas décadas se multiplicasse o número de investigadores e de obras
publicadas. Mas o que é afinal a Demografia? É o estudo das populações
humanas, claramente delimitadas no tempo e no espaço.

Vejamos algumas definições de Demografia que encontramos nos principais


manuais e dicionários especializados.

Segundo Henry, “Demografia é a ciência que tem por objecto o estudo


científico das populações humanas no que diz respeito à sua dimensão,
estrutura, evolução e características gerais analisadas principalmente do ponto

28
de vista quantitativo” (Henry, L. Dictionaire demographique multilingue,
1981).

No dicionário de Demografia de W. Petersen “ A Demografia pode ser


definida em sentido restrito e em sentido lato. A Demografia formal consiste
na colheita da análise estatística e na apresentação técnica dos dados da
população; baseia-se no ponto de vista de que o crescimento da população é
um processo autoestruturado, com uma interligação mais ou menos fixa entre
fecundidade, mortalidade e estrutura por idades”. (Petersen, W. Dictionary
of demography, 1986).

Para Ross “A Demografia é o estudo quantitativo das populações humanas e


das mudanças nelas ocorridas devido à existência de nascimentos, óbitos e
migrações. Quando se consideram as determinantes biológicas, sociais,
económicas ou legais, esta disciplina toma o nome de estudos de população”.
(Ross, J. International encyclopedia of population, 1982).

Landry, em 1945, no seu Tratado de Demografia (), é dos primeiros a tomar


consciência da questão da necessidade de um rigor quantitativo, o que tenha
feito com que a Demografia rapidamente se afirmasse como ciência.

Existe uma Demografia Quantitativa cujo objecto essencial é o estudo dos


movimentos que se produzem numa população, acompanhado dos resultados
desses movimentos; mas também existe uma Demografia qualitativa que
se ocupa das qualidades dos seres humanos e que diz respeito aos aspectos
qualitativos do fenómeno social das populações e ainda à genética
demográfica ou biologia das populações, à biometria (estatística aplicada à
investigação biológica).

Para G. Wunsch e M. Termote (1978) “Demografia é o estudo da população,


do seu aumento através dos nascimentos e imigrantes, da sua diminuição
através dos óbitos e dos emigrantes”.

Em Shryock e J. Siegel (1976) encontramos a seguinte definição: “como na


maior parte das ciências, a Demografia pode ser definida em sentido restrito
e em sentido lato; o sentido restrito é a Demografia Formal, que se preocupa
com questões como a dimensão, a distribuição, a estrutura e a mudança das
populações; em sentido amplo, inclui outras características tais como as
étnicas, as sociais e as económicas”.

Em Sauvy (1976) existem igualmente duas definições de Demografia: a


Demografia pura ou análise demográfica, que é uma contabilidade de
homens… e a Demografia alargada, que estuda os homens nas suas atitudes,
comportamentos e que se preocupa com as causas e as consequências dos
fenómenos.

29
Em Poulalion (1984) encontramos a definição: “a ciência da população estuda
as colectividades humanas enquanto tal; não considera apenas o aspecto
estático e mensurável (Demografia quantitativa) mas também o aspecto causal
e relacional (Demografia qualitativa)”.

Com base em inúmeras definições, observamos que a Demografia tem por


objecto o estudo científico da população. Mas o que é exactamente “o estudo
científico da população”?

Uma definição aprofundada de Demografia comporta cinco elementos


fundamentais:

Em primeiro lugar, é a análise de conjuntos de pessoas delimitadas


espacialmente e com um certo significado social. Esta análise é feita
observando, medindo e descrevendo a dimensão, a estrutura e a distribuição
desse conjunto de pessoas. A dimensão significa o volume da população (x
milhões de habitantes); a estrutura significa a sua repartição por subconjuntos
específicos (x solteiros, y casados, z viúvos e divorciados); a distribuição
diz respeito à sua repartição no espaço. Ao conjunto destes três elementos
chama-se o estado da população.

Em segundo lugar, este estudo científico preocupa-se em descrever o estado


da população num determinado momento no tempo (aspecto estático),
mas também em saber quais as mudanças ocorridas e qual será a intensidade
e a direcção dessas mudanças.

Em terceiro lugar, analisa os factores, ou as variáveis demográficas que são


responsáveis pelas variações ocorridas no estado da população: natalidade,
mortalidade e migrações. Esta última variável microdemográfica abrange
três situações distintas – emigração, imigração e migrações internas. A
nupcialidade não é uma variável microdemográfica autêntica porque a sua
variação não contribui directamente para a modificação do estado da
população, mas actua através da natalidade. Assim, o estado da população
tem uma determinada dimensão, estrutura e distribuição espacial porque
nesse conjunto de pessoas acontecem nascimentos, óbitos e migrações.

Em quarto lugar, a Demografia também se ocupa dos efeitos que cada uma
das variáveis microdemográficas tem nos aspectos globais e estruturais da
população, bem como o inverso (por exemplo, até que ponto um aumento da
natalidade modifica estruturalmente a população ou em que medida uma
mudança estrutural da população se reflecte na modificação da evolução da
natalidade).

Finalmente, a Demografia também se preocupa com questões relacionadas


com as determinantes dos comportamentos demográficos e com as
consequências da evolução do estado da população.

30
Unidade e diversidade da Demografia

Embora a Demografia seja, classicamente, encarada como o estudo


quantitativo da população humana esta ciência tem desenvolvido, ao longo
do tempo, os seus métodos de trabalho e de análise que actualmente ultrapassa
o aspecto puramente descritivo.

Existe uma Demografia Formal ou Análise demográfica, onde se analisam


apenas as variáveis demográficas dependentes (macrodemográficas) e
independentes (microdemográficas).

A Análise demográfica estuda os fenómenos demográficos observados em


populações concretas.

Um ramo da Demografia que rapidamente ganhou autonomia a partir do fim


da Segunda Guerra Mundial foi a Demografia histórica: é o estudo
retrospectivo das populações numa determinada época pertencente ao passado
e, particularmente daquela em que não existem estatísticas do tipo moderno
(estatísticas demográficas ou recenseamentos), ou seja, cujos dados
disponíveis não foram produzidos com fins demográficos. Neste contexto,
utilizam-se normalmente registos paroquiais, listas nominativas,
genealógicas, etc.

Landry publica em 1945, o seu Tratado de Demografia; A. Sauvy, em 1946,


lança a revista Population. Mas o que verdadeiramente se passou de novo foi
o aparecimento do método científico baseado na reconstituição das famílias,
inventado quase simultaneamente por P. Goubert e L. Henry.

A Demografia histórica, mais do que qualquer outra ciência social, tornou-


se particularmente atenta à qualidade dos dados. A Demografia histórica
deixou de ser uma ciência auxiliar, para passar a uma ciência autónoma com
métodos e técnicas próprias, diferentes das outras ciências, inclusivé da
própria Demografia.

Quando se consideram as relações entre as variáveis demográficas e as outras


variáveis económicas, sociais, culturais, biológicas, num determinado
momento do tempo surge a Demografia social: é o estudo das relações
entre o estado das populações ou movimento da população e a vivência das
sociedades. A Demografia social faz uma interpenetração disciplinar
preocupando-se com as questões da população enquanto causas ou
consequências dos fenómenos da sociedade. Trata assim do sistema
demográfico de uma forma abrangente encarando as relações com os outros
sistemas (economia, política, saúde, educação, religião, etc...).

31
Assim, sem pretendermos ser exaustivos, podemos dizer que as grandes
preocupações da Demografia Social nos dias de hoje são as seguintes:

• as causas e as consequências do declínio da natalidade

• os efeitos das migrações no sistema demográfico e social

• as consequências demográficas e sociais da luta contra a morte

• a desigualdade sexual e social face à morte


• progressos científicos, bioéticos e equilíbrios demográficos

• defesa, segurança e estratégia face às mutações demográficas

• desigualdades regionais e ordenamento do território

• as consequências do envelhecimento demográfico

• as consequências sociais da mutação das estruturas familiares

• a Demografia escolar

• a Demografia face ao processo de urbanização

Para além destes dois principais ramos da Demografia (histórica e social)


existem outros dois domínios importantes nos quais a Demografia tem um
papel fundamental: as políticas demográficas e a ecologia humana.

O objectivo teórico das políticas demográficas consiste em actuar sobre os


modelos (ou sobre os efectivos) tendo em conta determinados objectivos
económicos e sociais. A ideia de actuar sobre o movimento demográfico a
fim de que este se adapte a imperativos económicos e sociais é uma
preocupação de muitos países. Mas até que ponto esta preocupação se traduziu
na existência de autênticas políticas demográficas?

A ecologia humana parte do princípio que existem dois sistemas em


interacção constante: o sistema-homem (que recebe e descodifica a
informação) e o sistema ambiente que elabora uma acção de resposta. A
população, na perspectiva da ecologia humana, é um conjunto de indivíduos
num sistema interdependente de actividades. Cada actividade produz um
output e os ingredientes utilizados na produção desses outputs são os inputs
de outra actividade. Esta rede complexa que assim se estabelece é um processo
específico da Ecologia em geral e da Ecologia Humana em particular: o
ecossistema.

A Demografia caminhou de uma unidade inicial, onde a sua problemática


era formulada em termos simples, para uma crescente diversidade e
complexidade.

32
Também a sua ligação com as outras ciências alargaram a sua problemática.
A Demografia tem a vantagem de ser simultaneamente uma das ciências
sociais mais exactas e de ser o ponto de encontro das ciências sociais e
humanas com a biologia, o direito, a economia e as ciências políticas.

A Demografia utiliza métodos e técnicas de tratamento demográfico dos


dados, com o objectivo de descrever e analisar de uma forma rigorosa o
estado das populações, ou seja, os seus efectivos e a sua composição segundo
vários critérios (idade, sexo, localização geográfica); os diversos fenómenos
que influem directamente sobre essa composição e evolução da população
(natalidade, fecundidade, mortalidade, migrações); as relações recíprocas que
existem entre estado/evolução da população e os fenómenos demográficos.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Faça corresponder o autor da coluna da esquerda com o pensamento


dominante correspondente, na coluna da direita:

É possível intervir no sentido de manter constante


Aristóteles (384-322 a.C.) o volume da população da sua cidade ideal, através
da fixação de uma idade mínima para o casamento
e da limitação da idade da procriação.

Procura sobretudo um número estável de habitantes.


Esta procura de estabilidade não implica um número
fixo de habitantes. Pelo contrário, ao aperceber-se
Botero (1540-1617)
que a natalidade e a mortalidade fazem variar o
volume populacional, propõe uma “justa dimensão”
da população.

Uma população numerosa deve ser a primeira


Jean Bodin (1530-1596)
preocupação do Estado.

Afirma que uma população numerosa permite a


valorização de um país. Ficou conhecido com a frase
Maquiavel (1467-1527) “Não existe maior riqueza nem maior força do que
os homens”.

Defende que uma população numerosa reforça o


Montchrestien (1575-1621) poder do Príncipe, adopta uma atitude popula-
cionista.

Defende o ponto de vista de que a grande riqueza da


Platão (428-348 a.C.)
França é a inesgotável abundância dos seus homens.

33
2. Uma definição aprofundada de Demografia comporta cinco elementos
fundamentais. Quais são?

1. ___________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

2. __________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

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3. __________________________________________________________

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4. __________________________________________________________

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5. ___________________________________________________________

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____________________________________________________________

____________________________________________________________

3. Distinga os diferentes ramos da Demografia:

• A análise demográfica ____________________________________

• A demografia histórica ____________________________________

34
• A demografia social ______________________________________

________________________________________________________

• A ecologia humana ______________________________________

Indicações bibliográficas

AAVV
1995 Portugal Hoje, Lisboa, Instituto Nacional da Administração.

ALMEIDA, João Ferreira de, et. al.


1994 Exclusão Social - Factores e Tipos de Pobreza em Portugal, Lisboa,
Celta Ed.

ARROTEIA, Jorge Carvalho


1987 A Evolução Demográfica Portuguesa, Lisboa, Ministério da Educa-
ção, Biblioteca Breve.

BANDEIRA, Mário Leston


1996 Demografia Portuguesa, Lisboa, Cadernos do Público, n.º 6.

BARATA, Oscar Soares


1968 Introdução à Demografia. Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas, Lisboa.

BARRETO, António (org.)


1996 A Situação Social em Portugal, 1960-1995, Lisboa, ICS.

FERRÃO, João
1996 A Demografia Portuguesa, Lisboa, Cadernos do Público, n.º 6.

NAZARETH, J. Manuel
1988 Portugal. Os próximos 20 anos. Unidade e diversidade da demo-
grafia portuguesa no final do século XX, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian.

35
II. A Explosão Demográfica: um Velho Problema com
Novas Dimensões
Objectivos do capítulo

1. Conhecer os principais dados quantificados da evolução da população


mundial;

2. Conhecer as principais características da evolução demográfica da


Europa;

3. Compreender o modo de funcionamento do modelo demográfico do


Antigo Regime e as razões do seu desaparecimento;

4. Conhecer os grandes modelos de evolução da população;

5. Identificar as razões que fazem da “Explosão Demográfica” um


problema antigo com novas dimensões.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Descrever os traços gerais de evolução da população;

• Descrever os traços essenciais que caracterizam a evolução global da


população do continente europeu durante o Antigo Regime;

• Identificar quais as etapas do arranque demográfico da Europa


Ocidental segundo o modelo de Dupâquier;

• Fazer o ponto da situação demográfica contemporânea a nível mundial


e distinguir os países em desenvolvimento dos desenvolvidos.

39
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo II, páginas 70-100

Conteúdos Pág. Objectivos

2.1. A população antes do apare- 71-73 Conhecer os principais dados


cimento da escrita quantificados da evolução da
2.2. Os primeiros dados numéricos de população mundial
73-75
interesse demográfico
2.3. A Antiguidade: do crescimento ao 75-78 Conhecer as principais caracte-
primeiro «mundo cheio» rísticas da evolução demográfica
2.4. O Nascimento do Ocidente da Europa
78-79
Medieval e o declínio da população
2.5. A recuperação demográfica do
Ocidente Medieval e o aparecimento
de um segundo «mundo cheio» 80-84

2.6. A peste negra

85-86
2.7. O Modelo Demográfico do Antigo 86-90 Compreender o modo de funcio-
Regime namento do modelo demográfico
2.8. O crescimento da população na do Antigo Regime e as razões do
90-96
Europa Ocidental e o terceiro “mundo seu desaparecimento
cheio”
2.9. A evolução da População nas 96-98 Conhecer os grandes modelos de
restantes partes do mundo 96-98 evolução da população
Conhecer os grandes modelos de
evolução da população
2.10. A explosão demográfica: um 98-100 Identificar as razões que fazem
fenómeno novo ou um velho problema da “Explosão Demográfica” um
com novas características? problema antigo com novas
dimensões.

40
A população mundial: traços gerais de evolução

Os primeiros dados numéricos de interesse demográfico

As primeiras civilizações de que dispomos algumas informações escritas


respeitantes à população, revelam-nos a existência de uma dinâmica
populacional pouco conhecida, complexa e diversificada. Muito há a esperar
ainda das investigações em curso. Porém, apesar da sua diversidade, existem
alguns elementos comuns: guerra, crises de mortalidade motivada pela fome,
conhecimentos de contracepção, a existência de grandes migrações. È uma
Demografia de povos migrantes cuja errância ritma a história, misturando
populações, costumes e civilizações.

O Modelo Demográfico do Antigo Regime

Três traços essenciais caracterizam a evolução global da população do


continente europeu durante o Antigo Regime: o crescimento moderado da
população de 70 milhões no início do século XIV para 111 milhões em meados
do século XVIII, as quebras de crescimento populacional ocasionado pelas
crises de mortalidade e as crises de subsistência.

As crises de mortalidade têm duas fases: a fase da peste e a fase das epidemias
sociais que se estende até ao início da época contemporânea. A mortalidade
era um factor regulador e um factor destruidor das populações desta época.
Alguns historiadores da população têm uma visão mecanicista das sociedades
humanas nesta época ao pensarem que o verdadeiro elemento regulador é a
morte. Esta visão mecanicista não resistiu à vaga de investigações sobre o
sistema demográfico do Antigo Regime que caracteriza os nossos dias com
o desenvolvimento da Demografia Histórica. Dupâquier é o grande pioneiro
no final dos anos 70 ao levantar a seguinte questão: Como é que 18 milhões
de súbditos de Luís XIV mal alimentados, aumentaram num século para 27
milhões vivendo numa relativa abundância e reagindo à oscilação de preços?
(Dupâquier, 1979).

O crescimento da população na Europa Ocidental e o terceiro “mun-


do cheio”

O crescimento da população na segunda metade do século XVIII é um


fenómeno europeu que ultrapassa o quadro das regiões industrializadas e
que não pode ser explicado por uma revolução agrícola.

41
Dupâquier esquematiza o arranque demográfico da Europa Ocidental da
seguinte forma:

1.ª etapa (1650-1750): as populações submetidas a crises periódicas


de mortalidade põem a funcionar em pleno o mecanismo auto-
regulador; este mecanismo, ao fazer aumentar de intensidade a
nupcialidade, proporciona a existência de estruturas de idades muito
jovens;

2.ª etapa (segunda metade do século XVIII): os acidentes sendo


menos frequentes, diminuem a mortalidade e a população aumenta;
mas, o mecanismo regulador, que tinha funcionado bem numa
direcção, revelou-se ineficaz na direcção inversa; mais ainda, este
mecanismo tem um peso desagradável nos destinos individuais –
os quocientes de nupcialidade diminuem, a idade média do
casamento aumenta, os jovens têm cada vez mais dificuldades em
estabelecer-se; a indústria nascente passa a dispor de uma reserva
de mão-de-obra abundante e a baixo preço; as tensões sociais
aumentam e aparecem conflitos de gerações;

3.ª etapa (primeira metade do século XIX): a industrialização, ao


permitir fazer baixar a idade no casamento, relança o crescimento
demográfico; a emigração para o outro lado do Atlântico vai-se
tornando cada vez mais importante;

4.ª etapa (segunda metade do século XIX): o recuo da mortalidade,


associado a um grande progresso da medicina e das condições de
higiene e saúde, acaba de vez com o mecanismo auto-regulador;
com o aumento da duração de vida dos pais, as jovens gerações
camponesas perdem a esperança de se estabelecerem com uma idade
razoável; não lhes resta mais do que escolher entre o celibato
definitivo ou o êxodo para sítios mais ou menos longínquos (como
operários, como funcionários, como militares ou como colonos).

A grande mutação não resultou de um modelo simplista que apenas considera


os efeitos directos e indirectos das condições de saúde (modelo simplificado),
mas de um modelo mais complexo que integra diversas componentes (modelo
Dupâquier):

42
A destruição do modelo demográfico do Antigo regime e a Explosão
demográfica

Modelo de Dupâquier

Algum progresso técnico

Outros factores Estruturas de população


cada vez mais jovens

Arranque industrial

Declínio na idade média Progresso técnico e social


do casamento melhoria das condições
de higienie e saúde

Aumento dos nascimentos Diminuição dos óbitos

Explosão demográfica

A evolução da População nas restantes partes do mundo – Situação


Demográfica Contemporânea

O crescimento e a variação da população (variação dos efectivos) constituem


o aspecto central da Demografia. Em 1987 a população mundial atinge um
valor de 5 milhares de milhão de pessoas quando em 1950 existiam apenas
2,5 milhares de milhão de seres humanos. Isto significa que, em pouco mais
de uma geração, a população mundial duplicou. Nos países mais
desenvolvidos a população passou de 830 para 1.190 milhões, aumentando
40% e a dos países menos desenvolvidos passou de 1,7 para 3,8 biliões de
habitantes aumentando assim cerca de 120%.

43
O crescimento do conjunto dos países menos desenvolvidos ultrapassou,
durante os anos sessenta, o ritmo de 2,5% por ano, e, ao mesmo tempo, o do
conjunto dos países mais desenvolvidos decaiu abaixo de 1% sendo o
crescimento anual da população mundial mantido abaixo dos 2% durante as
décadas de sessenta e setenta.

Evolução da População Mundial (DC)

População Mundial Período de duplicação da


Datas População Mundial (Anos)
(Milhões)

Ano 0 250 ------


1650 500 650
1830 1000 180
1930 2000 100
1960 3000 75
1980 4000 50

Fonte: Adaptado de Chesnais, J.C., La population du monde – De l’antiquité à 2050,


Ed. Bordais, 1991, Paris.

As fontes e a qualidade dos dados da população mundial são diferentes de


região para região e de país para país.

Em muitos países, nomeadamente em alguns países de África, o primeiro


recenseamento da população ocorreu nos anos 70, graças aos esforços nesse
domínio por parte das Nações Unidas. Nestes países o recenseamento depara-
se com enormes problemas: sub-administração, dificuldades de comunicação,
analfabetismo das populações, ausência quase total de tradição na recolha e
tratamento dos dados da população. Contudo se os recenseamentos, muito
recentes em África, estão ainda longe de serem perfeitos, o demógrafo não
está por isso completamente desprovido de informação sobre a população
dessas zonas. Existem alguns meios para apreciar os erros, e em alguns casos,
corrigi-los. Assim o que se passará com a população mundial? Uma forma
de a conhecer será fazendo o somatório das populações recenseadas ou
estimadas para cada país. A estimativa global da população do mundo
dependerá, naturalmente, dos dados disponíveis e do seu valor ou rigor, ou
em estimativas nacionais e/ou das correcções efectuadas. Contudo a
informação disponível relativa à população mundial estará longe de constituir
um todo homogéneo, tanto em números absolutos como em rigor da
informação.

44
A desigualdade de distribuição da população mundial é impressionante. A
China e a Índia agrupam só por si 37% da população mundial, e se juntarmos
a população dos Estados Unidos da América, da Indonésia, do Brasil e da
Rússia, estes seis países reúnem 51% do total da população mundial. Os
vinte países mais populosos reúnem 72% do total da população do planeta.

População por Continentes (em milhões)

Anos
1700 1800 1900 1950 1990
Região
Europa 95 146 295 392 498
URSS 30 49 127 180 289
América do Norte 2 5 90 166 276
América Latina 10 19 75 166 448
Ásia 433 631 903 1377 3113
África 107 102 138 222 642
Oceânia 3 2 6 13 26
TOTAL 680 954 1634 2516 5292

Fonte: Adaptado de Chesnais, J.C., La population du monde – De l’antiquité à 2050,


Ed. Bordais, 1991, Paris.

Duas características interessam particularmente para compreender a dinâmica


demográfica: são elas o sexo e a idade das populações. Na Ásia Meridional,
na América Latina e sobretudo na África temos uma população jovem em
que a pirâmide etária aparece com uma silhueta piramidal bastante acentuada,
larga na base e estreita no topo. Por outro lado na Europa, na América do
Norte, na União Soviética e na Oceânia podemos observar outro perfil
diferente de pirâmide etária de população mais idosa, estando neste caso a
base diminuída em relação à parte central. As razões desta situação serão
analisadas mais adiante.

Em África, actualmente, mais de 45% da população tem menos de 15 anos e


somente 52% tem entre 15 e 65 anos.

45
Países mais populosos em 1990 e projecções para 2025 (em milhões)
considerando o território existente em 1990

PAÍSES 1900 PAÍSES 2025


China 1140 China 1650
Índia 853 Índia 1420
URSS 290 URSS 367
Estados Unidos 251 Nigéria 338
Indonésia 189 Estados Unidos 313
Brasil 150 Indonésia 255
Japão 124 Brasil 246
Nigéria 119 Bangladesh 219
Bangladesh 115 Paquistão 213
Paquistão 115 México 154
México 89 Japão 128
Alemanha 79 Etiópia 112

Fonte: Adaptado de Chesnais, J. C., La population du monde – De l’antiquité


à 2050, Ed. Bordais, 1991, Paris.

Fazer o ponto da situação demográfica em África, sobretudo, a SubSaariana,


seria difícil até há somente quinze anos atrás. As informações disponíveis
então eram raras e de qualidade duvidosa, mas no conjunto a situação actual
melhorou. Com a excepção do Chade, todos os países têm um ou dois
recenseamentos já efectuados e um bom número de países já programa o
recenseamento seguinte. Entre 1975-1982, cerca de uma dezena dos países
da região Africana realizou “inquéritos nacionais de fecundidade” no quadro
do inquérito mundial de fecundidade. Por outro lado, cerca de quinze países
efectuou, desde 1984, um inquérito “Demografia-saúde” e foram realizados
mais outros cinco inquéritos de mortalidade, de migrações e outros. Consi-
derando que, embora a situação tenha melhorado, não é ainda uma situação
confortável em termos de informação sobre a população. Assim, não se dispõe
de praticamente nenhuma série cronológica e a qualidade dos dados é por
vezes duvidosa, a análise das informações e a difusão dos resultados é também
insuficiente.

Contudo, estes problemas não são só próprios de África, mas são aqui,
particularmente graves. Apesar dos progressos reais, a África, na sua região
subsaariana, permanece estatisticamente como a região mais mal conhecida
do mundo.

46
Dentro dos países em desenvolvimento, a maioria dos países Latino
Americanos já passou ou está a passar pela etapa transaccional de fecundidade
(ver teoria da transição Demográfica, mais à frente) .

Os países africanos na sua maioria, ainda mantém níveis de fecundidade


altos, assim como alguns países asiáticos.

A taxa bruta de natalidade revela o impacto dos nascimentos no crescimento


de uma população, mas não se refere ao número de filhos das mulheres. Para
isto necessitamos de analisar o índice sintético de fecundidade.

O índice sintético de fecundidade indica que as mulheres dos países menos


desenvolvidos quando completam o seu período reprodutivo (quando atingem
a menopausa, ao redor dos 50 anos) têm em média mais dois filhos e as
africanas mais quatro filhos do que as dos países mais desenvolvidos. A
incidência do desenvolvimento económico sobre a fecundidade e a natalidade
é muito complexa.

Se desenharmos o panorama das forças que animam o movimento natural da


população, fecundidade e mortalidade, encontramos uma grande diversidade.
Durante a período 1990-95, a fecundidade do conjunto da população mundial,
dava uma média de 3.2 filhos por mulher. Esta média cobre realidades bem
diferentes. Constatámos que nos países desenvolvidos esta média baixa para
1.8 enquanto nos países em desenvolvimento aumenta para 3.6.

Fazendo o contraste com a homogeneidade dos países industrializados, os


países em desenvolvimento oferecem situações extremamente variadas. À
escala das grandes regiões, a heterogeneidade é também importante.

Enquanto na Ásia Oriental o número médio de filhos por mulher (1.9) não é
mais elevado do que na Europa, em África, este é três vezes maior (5.8),
enquanto ocupa uma posição intermediária na Ásia Meridional (3.9) e na
América Latina (3.1).

Certos países, como Cuba, Singapura e Hong Kong, têm uma fecundidade
comparável com a da Europa Ocidental (o número de filhos por mulher é
inferior a 2). Na outra extremidade da escala, certos países árabes ou africanos
ultrapassam os sete filhos por mulher: Yémen, Oman, por um lado, Etiópia,
Somália, Uganda, Mali, Nigéria, Benin, Angola, Malawi, por outro. Certos
países vivem ainda hoje, uma situação de fecundidade natural, com sete ou
oito filhos por mulher. Neste contexto, só o celibato ou a esterilidade natural,
o aleitamento materno ou os tabus contradizem a expressão de fecundidade
máxima.

Os países em desenvolvimento são caracterizados por elevadas taxas de


fecundidade, observando em simultâneo um crescimento demográfico

47
extremamente rápido, conduzindo, se nada mudar, a uma duplicação da sua
população em 25 anos. O crescimento natural, entendido como a balança
entre a natalidade e a mortalidade, vai ainda aumentar durante uma dezena
de anos. O equilíbrio tradicional que resultava de uma natalidade e de uma
mortalidade elevadas provocando crescimento lento rompeu-se: a mortalidade
baixou sensivelmente desde os anos 1950, mas, contrariamente ao que se
passou nos países desenvolvidos, a natalidade não se alterou. O resultado
aritmético é o aparecimento de um ritmo de crescimento populacional
acelerado.

Existem contudo diferenças profundas entre países, entre regiões dentro dos
países ou entre grupos sociais. Por outras palavras, a transição demográfica
(declínio da mortalidade seguido do da fecundidade) está mais ou menos
avançada consoante as zonas ou os grupos de países considerados.

Centrando-nos apenas no contexto africano, verificamos que as desigualdades,


em termos de mortalidade, são significativamente importantes, entre meios
de habitat (urbano e rural), entre grupos sociais ou consoante o nível de
instrução. As diferenças são claramente menos fortes em matéria de
fecundidade.

Deste rápido crescimento demográfico, resultam duas grandes consequências


imediatas: a extrema juventude das populações africanas e as grandes
densidades populacionais em certas regiões.

Quatro grandes componentes conduzem à dinâmica de todo o sistema


demográfico: a mortalidade, as migrações, a nupcialidade e a fecundidade.

Em África, como em todo o mundo, a mortalidade baixou sensivelmente


durante os últimos trinta anos: a esperança de vida média dos africanos (ao
sul do Saara) passou de 36 anos em 1950, para 50 nos dias de hoje.

As grandes causas de morte não se alteraram substancialmente e podemos


encontrar ainda hoje no topo da lista, as doenças infecciosas nomeadamente,
as doenças diarreicas, o sarampo, as infecções respiratórias agudas, o tétano,
o paludismo, etc. A esta situação associa-se uma má nutrição crescente, com
inúmeras consequências, e o aparecimento de novas doenças como é o caso
da SIDA. Contudo a disponibilidade terapêutica e os meios de luta contra
estas doenças poderiam reduzir substancialmente o número de óbitos por
estas causas, sem contudo termos uma situação controlada pois existem em
associação as questões sócio económicas e outras de âmbito complexo.

Outro aspecto são as migrações que ocupam desde há muito tempo um lugar
central na vida das comunidades africanas. Estas migrações, constituem,
talvez, a primeira componente das estratégias de sobrevivência comunitárias

48
ou familiares. As migrações internas, que são essencialmente movimentos
do meio rural para o meio urbano e a capital, conduzem a uma aceleração do
ritmo de urbanização de África, para além de trazerem problemas complexos
no que respeita à saúde das populações.
Em África o casamento é considerado como um fenómeno social importante,
tendo uma ocorrência bastante precoce sendo quase universal, sendo como
consequência fundamental a fecundidade: em geral as mulheres casadas muito
novas, permanecem casadas até ao fim do período fecundo, desempenhando
assim um papel fundamental na natalidade. O divórcio e a viuvez são, em
geral, frequentes, mas enquanto a mulher estiver em idade fecunda, são
seguidos rapidamente de um novo casamento. Neste contexto a força
reprodutora é usada na sua função quase-máxima. Apesar destas
características em África podem encontrar-se ainda variadas formas de
casamento e de constituição de família.
Contudo é da evolução da natalidade/fecundidade que depende o futuro
demográfico na região. A nível mundial, a África distingue-se por uma
fecundidade extremamente elevada. Praticamente em toda a região, tem-se
ainda mais de seis filhos por mulher. Três factores explicam este nível ainda
elevado das fecundidades africanas do sul do Saara: A precocidade e
universalidade do casamento, uma fraca prática da contracepção moderna e
uma diminuição quase geral das durações de aleitamento materno e de
abstinência sexual pós-parto. Com a ausência de uma compensação pela
contracepção, isto poderá mesmo conduzir a uma subida da fecundidade.
Hoje em dia, no caso particular dos países com elevados níveis de fecundidade
e de mortalidade, a evolução do crescimento populacional, e a sua estrutura
por sexos e idades, são comandados pela fecundidade.
A fecundidade é a variável responsável por uma parte do processo de evolução
das populações. A fecundidade varia no tempo, no espaço, de uma forma
ainda não suficientemente esclarecida em função de variáveis ainda não
completamente identificadas.
Nos últimos 30 anos, os países em desenvolvimento colheram benefícios
significativos do facto de terem dispensado melhores e mais amplos cuidados
de saúde de base, dos quais resultou uma descida das taxas de natalidade e
mortalidade, um aumento da esperança de vida e uma redução da mortalidade
infantil. Todavia, continuam a existir grandes diferenças entre os países e as
regiões do mundo. Para muitos demógrafos, a taxa de crescimento rápido da
população dos países em desenvolvimento é um facto preocupante e limitativo
do desenvolvimento desses países.
É certo que as forças “negativas” que tradicionalmente determinaram a
dimensão elevada das famílias nas sociedades como as africanas, mantêm-

49
-se muito influentes: as mulheres têm muitos filhos devido à taxa elevada de
mortalidade infantil (quanto mais filhos têm, maior é o número de filhos
sobreviventes), os filhos são uma fonte de riqueza (constituem uma mão-de-
obra para trabalhar no campo, enriquecendo assim a sua família), os filhos
são vistos como uma segurança para a velhice dos pais; são também um
símbolo de “status”; as mulheres são condicionadas pelo marido ou pelo clã
familiar para terem muitos filhos e desejam filhos do sexo masculino, porque
a sociedade ou o marido o exigem, e por vezes têm de ter muitos filhos até
conseguirem ter um rapaz. Não é, portanto, unicamente a mulher que decide
a dimensão da sua família, mas igualmente o sistema de valores ou a cultura
das sociedades em que elas vivem.

Relativamente aos países mais desenvolvidos a situação da mulher no


casamento e consequentemente a sua relação com o número de filhos é
diferente. Desde a década de 60/70 que se tem observado uma redução
acentuada no número de filhos por casal; devido à opção da entrada sistemática
da mulher no mercado de trabalho, da necessidade da sua projecção
profissional e ainda devido aos avanços da ciência no que diz respeito aos
meios contraceptivos e acessibilidade dos serviços de saúde. Tudo isto levou
a mulher a ter outras expectativas relativas ao número de filhos e
consequentemente ao desempenho do seu papel no seio da família.

Actualmente, em grande parte dos países europeus assiste-se a uma situação


em que o crescimento da população é quase zero não havendo a substituição
das gerações. Esta situação levou a que alguns governos adoptassem uma
política de incentivo à natalidade.

Alguns dados sobre a População Mundial

Os dados sobre a população mundial são publicados com alguma regularidade


através das diversas organizações, nomeadamente: Divisão da População das
Nações Unidas, Banco Mundial, União Europeia, Conselho da Europa,
Serviços Nacionais de Estatística entre outros.

Os dados são traduzidos por onze indicadores: a superfície, população 1995,


taxa de natalidade, taxa de mortalidade, projecção para 2025, taxa de
mortalidade infantil, índice sintético de fecundidade, proporção de indivíduos
com menos de 15 anos e mais de 65 anos, esperança de vida dos homens e
das mulheres, produto nacional bruto por habitante e o produto interno bruto
por habitante.

50
País ou Região 1* 2* 3* 4* 5* 6* 7* 8* 9* 10* 11*
MUNDO 130 300 5 702 24 9 8 312 62 3,1 32/6 64/68 4 500 6 050
África 29 629 720 41 13 1 510 90 5,8 45/3 53/56 660 1 867
África Setentrional 8 378 162 32 8 279 63 4,4 41/3 63/65 1 040 3 535
África Ocidental 6 056 199 45 14 467 86 6,4 46/3 52/55 370 1 412
África Oriental 6 051 226 46 15 491 106 6,4 47/3 48/52 210 890
África Central 6 487 83 46 16 191 107 6,3 46/3 47/51 — 1 022
África Austral 2 657 50 31 8 83 49 4,2 38/4 62/67 2 720 4 165
América 38 446 774 22 7 1 081 34 2,7 29/8 69/74 7 040 —
América Setentrional 18 380 293 15 9 375 8 2,0 22/13 72/79 24 340 25 087
América Central 2 417 126 29 5 196 37 3,5 37/4 68/74 3 090 6 839
América do Sul 17 421 319 25 7 460 47 3,0 33/5 65/71 3 020 6 141
Caraíbas 228 36 23 8 50 39 2,9 31/7 67/72 — 4 043
Ásia (s/ Rússia) 30 987 3 451 24 8 4 939 62 2,9 33/5 64/67 1980 (3 926)
Ásia Ocidental 4 707 168 31 7 329 51 4,3 39/4 65/69 — 6 381
Ásia CentroSul 10 401 1 355 31 10 2 138 79 3,8 38/4 60/61 420 1 547
Ásia Sudoeste 4 358 485 24 8 704 53 3,2 37/4 62/64 1 070 4 071
Ásia Oriental 11 521 1 442 17 6 1 768 40 1,8 26/7 68/72 3 570 5 829
Rússia (Federação) 17 068 147 9 16 153 19 1,4 2/11 59/72 2 350 5 000
Europa (s/Rússia) 5 712 581 11 11 590 10 1,5 19/14 70/77 13 881 (14 900)
Europa Setentrional 1 650 94 13 11 99 7 1,8 20/15 73/79 18 020 18 356
Dinamarca 42 5,2 13 12 5,3 6 1,8 17/55 73/78 26 510 21 215
Estónia 45 1,5 9 14 1,4 16 1,3 21/13 64/75 3 040 —
Filândia 304 5,1 13 10 5,2 4 1,8 19/14 72/79 18 970 16 452
Irlanda 69 3,6 14 9 3,5 6 2,0 26/11 73/78 12 580 14 421
Islândia 100 0,3 17 7 0,3 5 2,2 25/11 77/81 23 620 19 222
Letónia 64 2,5 10 15 2,4 16 1,5 21/13 62/74 2 030 —
Lituânia 65 3,7 13 12 3,9 16 1,7 22/12 65/76 1 310 —
Noruega 307 4,3 14 11 5,0 6 1,9 19/16 74/80 26 340 20 613
Reino Unido 241 58,6 13 11 62,1 7 1,8 19/16 74/79 17 970 18 294
Suécia 411 8,9 13 12 9,6 5 1,9 19/18 76/81 24 830 18 639
Europa Ocidental 1 049 181 11 10 184 6 1,5 18/15 73/80 23 310 19 468
Alemanha 349 81,7 10 11 76,1 6 1,3 10/15 73/79 23 560 18 979
Áustria 83 8,1 12 10 8,3 6 1,4 18/15 73/80 23 120 19 350
Bélgica 30 10,2 12 11 10,5 8 1,6 18/16 73/80 21 210 19 242
França 550 58,1 12 9 63,6 6 1,7 20/15 74/82 22 360 19 867
Lichstein 0,1 0,03 12 6 0,04 11 1,4 19/10 — — —
Luxemburgo 3 0,4 13 10 0,4 6 1,7 18/14 73/79 35 850 26 864
Países Baixos 34 15,5 13 9 17,6 6 1,6 18/13 74 20 710 18 959
Suíça 40 7,0 12 9 7,5 6 1,5 16/15 — 36 410 22 972
Europa Oriental 1 713 162 11 12 167 15 1,6 22/12 65/73 — 5 267
Bielorússia 208 10,3 11 13 11,3 13 1,5 22/12 64/74 2 840 4 800
Bulgária 111 8,5 10 13 7,5 16 1,4 19/14 68/74 1 160 3 747
Hungria 92 10,2 12 14 9,3 12 1,7 19/14 65/74 3 330 6 238
Moldávia 37 4,3 15 12 5,1 22 2,1 28/9 64/72 1 180 3 400
Polónia 304 38,6 12 10 41,7 14 1,8 24/11 67/76 2 270 5 768
República Checa 79 10,4 12 11 10,7 9 1,7 21/10 69/77 2 730 (7 500)
Roménia 230 22,7 11 12 21,6 23 1,4 22/11 66/73 1 120 3 004
Eslovénia 49 5,4 14 10 6,0 16 1,9 25/11 67/75 1 900 (7 500)
Ucrânia 603 52,0 11 14 54,0 15 1,6 21/13 64/74 1 910 3 700

*Ver legenda na página seguinte

51
Legenda:

1 - Superfície/Milhares km2.

2 - 1995 - População no meio do ano.

3 - Taxa de natalidade/1000 habitantes.

4 - Taxa de mortalidade/1000 habitantes.

5 - Projecção da população para o ano 2025/1000 habitantes.

6 - Taxa de mortalidade infantil/1000 nados vivos.

7 - Índice sintético de fecundidade (crianças/mulheres).

8 - População < 15 anos e > 65 anos/1000 habitantes.

9 - Esperança de vida Homens/Mulheres em anos.

10 - Produto Nacional Bruto/habitante em 1993 US$.

11 - Produto Interno Bruto/habitante em 1994 US$.

A explosão demográfica: um fenómeno novo ou um velho problema com


novas características?

A preocupação com o “excessivo número de habitantes” não é um fenómeno


exclusivo da época contemporânea, nem tão pouco a explosão demográfica
observada nos dias de hoje é um fenómeno inteiramente novo.

Em dois momentos anteriores à época contemporânea, acreditou-se que o


“mundo estava cheio” e que não havia lugar para tanta gente à superfície da
terra. Quais são as características diferentes que este fenómeno apresenta
nos dias de hoje?

A primeira grande diferença reside no facto de, globalmente, a humanidade


nos aparecer no século XX dividida em dois blocos: o dos países em
desenvolvimento onde se concentra 80 % da população mundial, com um
crescimento anual médio que chega quase aos 2 %, uma mortalidade infantil
elevada, elevadas percentagens de jovens, baixas percentagens de idosos, e
um PNB per capita que raramente ultrapassa os 1000 dólares.

No bloco dos países desenvolvidos temos 20 % da população mundial, um


crescimento natural praticamente igual a zero, uma mortalidade infantil

52
reduzida, baixas percentagens de jovens, elevadas percentagens de idosos e
um PNB per capita que é quase vinte vezes superior.

Se a primeira grande característica deste novo “mundo cheio” é a divisão do


mundo em dois grandes blocos, a segunda é a unidade de contagem: no
primeiro “mundo cheio” era o milhão, no segundo as dezenas de milhão, no
terceiro a unidade de contagem passou a ser o milhar de milhão.

A terceira característica consiste nas unidades de tempo utilizadas na


contagem: no início da nossa era, a população mundial é estimada em 252
milhões de habitantes e em 1600 é de 578 milhões, ou seja, foi preciso esperar
dezassete séculos para que a população mundial duplicasse; nos dias de
hoje a população mundial duplica cada 40 a 50 anos.

Finalmente, a quarta e última dimensão é a capacidade de previsão. A ciência


Demográfica, ao ter desenvolvidos as técnicas de projecção, consegue
extrapolar tendências.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Observe as figuras n.os 2, 3, 6, e 10 e quadro n.º 1 e n.º 2 do livro


adoptado. Faça uma descrição sumária dos quatro gráficos em termos
comparativos quer por regiões, quer por evolução dos números ao longo
dos anos.

2. Reflicta acerca das quatro grandes dimensões que caracterizam as


diferença entre a “antiga” e a “nova” explosão demográfica. Quais poderão
ser as consequências da situação actual num futuro próximo?

53
Indicações bibliográficas

BARRETO, António; Preto, Clara Valadas


1996 Indicadores da evolução social, in A situação social em Portugal,
1960-1995, Lisboa , Instituto de Ciencias Sociais da U. L.

BARRETO, António
1996 Três décadas de mudança social, in A situação social em Portugal,
1960-1995, Lisboa , Instituto de Ciencias Sociais da U. L.

BARRETO, António (org. de)


2000 A situação social em Portugal, 1960-1999. Indicadores sociais em
Portugal e na União Europeia, Lisboa , Imprensa de Ciências Soci-
ais/IC, v. 2 , 643 p.

FERREIRA, Eduardo de Sousa; Rato, Helena (coord. de)


1995 Portugal hoje, Lisboa) , Instituto Nacional de Administração, 393,
4 p.

FERRÃO, João
1996 Três décadas de consolidação do Portugal demográfico “Moder-
no”, in A situação social em Portugal, 1960-1995, Lisboa , Instituto
de Ciencias Sociais da UL, (pp.165-190)

FNUAP
1993 A situação da população mundial. Nova Iorque.
1994 A situação da população mundial. 1994, Nova Iorque.

GASPAR, Jorge, Portugal


1987 Os próximos 20 anos. Ocupação e organização do espaço, Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian.

54
III. A Dinâmica Global da População. A Repartição Geográfica
e a Repartição por Sexo e Idades
Objectivos do capítulo

1. Conhecer as diversas formas de calcular o ritmo de crescimento de


uma população;
2. Elaborar análises regressivas e prospectivas com dados agregados;
3. Conhecer as diversas técnicas de análise das estruturas demográficas;
4. Saber o que se entende por envelhecimento demográfico;
5. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de problemas
concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Saber definir os seguintes conceitos: Volume populacional, tipos de


crescimento , tempo de duplicação em anos;

• Distinguir e definir os diferentes tipos de população;

• Definir os conceitos de crescimento populacional, distinguindo as


seguintes situações: crescimento positivo/negativo, ritmos de
crescimento;

• Distinguir os três tipos de crescimento da população;

• Descrever a evolução dos volumes populacionais de uma população,


com base no cálculo de medidas de variação desses volumes: taxas
de variação, taxas de crescimento anual médio e tempo de duplicação
em anos;

• Saber definir os seguintes conceitos: estrutura etária, envelhecimento


na “base”, no “topo”;

• Descrever a evolução da estrutura etária portuguesa;

• Determinar a composição da população, segundo a idade e o sexo;

• Construir e interpretar uma Pirâmide etária e distinguir os Tipos de


Pirâmide de idades;

• Perceber a importância das Relações de masculinidade para explicar


as Pirâmides de Idades;

• Definir grupos funcionais e calcular Índices Resumo.

57
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo III, páginas 101-125

Conteúdos Página Objectivos

3.1. Volumes, ritmos de crescimento 102-105 Conhecer as diversas formas de


de uma população e densidades calcular o ritmo de crescimento de
1.º Trabalho prático resolvido uma população;
105-108
Elaborar análises regressivas e
prospectivas com dados agrega-
dos;
Aplicar os conhecimentos adqui-
ridos à resolução de problemas
concretos.
3.2. As estruturas demográficas 108-118 Conhecer as diversas técnicas de
118-121 análise das estruturas demo-
gráficas;
Saber o que se entende por enve-
lhecimento demográfico;
2.º Trabalho prático resolvido 121-125
Aplicar os conhecimentos adqui-
ridos à resolução de problemas
concretos.

58
Os dados em Demografia são principalmente gerados pelas actividades dos
governos centrais e suas agências ou por organizações internacionais. A
quantidade e a qualidade dos dados que se obtêm dependem, em parte, da
existência de boas organizações e ainda dos seus objectivos, embora também
dependam das atitudes sociais em relação à recolha desses mesmos dados.

As estatísticas usadas para manusear os dados são em geral taxas, razões e


proporções. Elas constituem os maiores instrumentos básicos da Demografia
formal. Elas permitem fundamentalmente comparações eliminando diferenças
devido a tamanhos diferentes de população.

As taxas são o instrumento de medida mais usado em análise demográfica.


Por definição, uma taxa mede a frequência de um fenómeno numa população
durante um período de tempo determinado. Qualquer que seja a duração do
período, uma taxa tem sempre uma dimensão anual.

Uma taxa é simplesmente qualquer número dividido por qualquer outro


número.

Exemplo: a taxa de mulheres é a relação da população total de mulheres


(numa dada população) a dividir pelo total da população. Geralmente a
fórmula é mulheres/população total x 100. Outro exemplo: a taxa de mulheres
em relação aos homens será o número de mulheres a dividir pelo número de
homens numa dada população. Geralmente a fórmula é mulheres/homens x
100.

Na perspectiva do estabelecimento do balanço demográfico anual, o


instrumento de medida utilizado é a taxa bruta. A taxa bruta de mortalidade,
por exemplo, mede a frequência anual da mortalidade, a qual exprime também
o risco médio anual de morte para cada mil habitantes. Qualquer taxa bruta
resulta do quociente entre o número de acontecimentos (nascimentos, óbitos,
migrações, casamentos) produzidos durante um determinado período e a
população média desse mesmo período. Como todas as taxas, a taxa bruta
tem uma dimensão anual, o que significa que os acontecimentos, mesmo
quando relativos a períodos inferiores ou superiores a um ano – devem sempre
ser reduzidos a essa unidade temporal.

Uma razão é usada livremente em Demografia, como em outras situações


similares, e pode causar alguma confusão. Em sentido estrito o numerador
da razão é o número de acontecimentos, tais como nascimentos ou óbitos,
que ocorrem num determinado período de tempo. Aqui o denominador é o
número de “pessoas ano expostas ao fenómeno considerado” durante o
período em causa. O aspecto mais importante a considerar é que o período
de tempo tem que ser aqui especificado. As razões em Demografia são usadas

59
a maior parte das vezes por períodos de um ano. Isto significa que o número
de pessoas/ano expostas ao fenómeno pode geralmente ser aproximado à
população existente no meio do ano. Por exemplo, considerando a razão
anual de mortalidade, cada pessoa que sobrevive num ano completo,
contribuirá um ano para o número total de anos expostos ao fenómeno,
enquanto que aquelas pessoas que morrem durante o ano, só contribuirão
para uma fracção desse mesmo ano. Esta fracção será, em média, metade do
ano se as pessoas morrerem ao longo do tempo. O número total de anos
expostos ao fenómeno será o somatório destas fracções que são o contributo
daqueles que sobrevivem, ou seja, a média da população total durante um
ano que contribui para o total da exposição ao fenómeno durante um ano.

Assim a média da população será normalmente aproximada à população


total no meio do ano. Isto explica porque é que as estatísticas que os serviços
produzem anualmente são calculadas em relação ao meio do ano em vez do
início do ano.

Devemos ainda chamar à atenção que muitas medidas que são comumente
designadas de fracções em Demografia são estritamente taxas, proporções
ou outros índices. Ex: “fracção de literação” será a proporção da população
que é literata enquanto que a “taxa bruta de nascimento” é realmente uma
taxa porque inclui no seu denominador os idosos, as crianças e homens,
nenhum deles em risco de dar à luz uma criança.

Uma proporção será um tipo especial de taxa na qual o numerador está


incluído no denominador isto é : Proporção = (x/x+y). Por exemplo a
proporção da população do sexo feminino será o número de mulheres dividido
pelo total de homens e mulheres em conjunto. A proporção pode variar entre
0,0 e 1,0. Esta medida é, em geral, expressa em percentagem que se obtém
multiplicando o valor obtido por cem.

Tipos de População

Tipo Progressivo - que apresenta um número crescente de nascimentos


ano a ano.

Tipo Regressivo - que apresenta um número decrescente de nascimentos


ano a ano.

Tipo Estável - que apresenta leis invariáveis de mortalidade e


fecundidade, segundo a idade, o que traduz uma taxa de
nascimento constante e uma estrutura por idades invariável.

60
Tipo Estacionário - que apresenta uma taxa de crescimento nulo.

População Fechada - quando a estrutura é mantida ou alterada apenas


pelos nascimentos e óbitos, isto é, não afectada por migrações
exteriores. Neste caso as modificações são de três tipos: aumento
através dos nascimentos, diminuição através dos óbitos, e
envelhecimento de todos os sobreviventes.

A estas modificações, acrescem, no caso de uma População Aberta (quando


está sujeita a fenómenos migratórios): as entradas de indivíduos de diferentes
idades, as saídas de indivíduos de diferentes idades.

Os ritmos de crescimento

Ao longo do tempo o número de habitantes de um determinado espaço


modifica-se.

O número de pessoas que estão presentes num determinado espaço territorial


define-se como volume populacional. Uma população não tem sempre o
mesmo número de habitantes, evoluí a um determinado ritmo (que pode ser
diferente consoante os períodos):

• Se o crescimento for positivo (crescimento positivo): a população


está a aumentar

• Se o crescimento for negativo (crescimento negativo): a população


está a diminuir

• Se o crescimento for nulo (crescimento zero): a população está na


mesma.

A dinâmica da população está dependente de três acontecimentos relevantes:


nascimentos, óbitos e mobilização da população. A alteração do volume
populacional é resultado do efeito combinado de dois factores: saldo natural
(diferença entre nascimentos e mortes) e o saldo migratório (diferença entre
o número de pessoas que entraram e saíram do espaço territorial em análise)

A taxa de crescimento anual médio (TCAM) e o tempo de duplicação em


anos da população estão dependentes destes fenómenos e principalmente
dos dois primeiros.

Suponhamos uma população que num momento 0 é P0, num momento 1 é


P1, num momento 2 é P2… num momento n é Pn e que cresce a uma taxa a.
Para se medir o ritmo de crescimento de uma população existem
fundamentalmente três processos: o contínuo, o aritmético e o geométrico.

61
Se o crescimento for contínuo temos:
Pn = P0 e an (e = 2,718282)
Ln (Pn/P0) = an ou a = (ln (Pn/P0))/ n

Se o crescimento for aritmético temos:


a = (Pn - P0) / (P0 x n)

Se o crescimento for constante ou geométrico temos:


Pn = P0(1+a)n onde a = ritmo de crescimento que é o que quero
conhecer:
Log(1+a) n
nLog(1+a)
Pn = P0(1+a) n
Pn/P0 = (1+a) n
Log Pn/P0 = Log (1+a) n
Log Pn/P0 = nLog (1+a)

Nota: O Log pode ser facilmente calculado na máquina de calcular, bastando


accionar a função Log.

O resultado a lê-se “Em média por ano cresceu x”. Se multiplicarmos a por
100, a*100, lê-se “Por ano, por cada 100 indivíduos aumentou (ou diminuiu
ou manteve-se) x, em média anual entre P0 e P1”.

Tempo de duplicação em anos

Com base na lógica do cálculo da taxa de crescimento geométrica podemos


calcular o tempo de duplicação em anos. Se a taxa a é uma taxa de crescimento
constante, ao fim de quantos anos n duplicará a população? Assim temos

n = log 2/log (1+a)

62
Análise das Estruturas Demográficas

Uma população é composta por um conjunto de pessoas, as quais não se


distribuem de forma idêntica pelas várias características. Isto significa que,
o número de homens não é igual ao número de mulheres, que o número de
pessoas com estado civil de casados, solteiros, viúvos ou divorciados é
diferente, que o número de pessoas nas idades jovens, activas ou idosas não
é semelhante, etc.

Em termos demográficos existe um traço particularmente importante desse


perfil, que é a composição da população segundo a idade ou também
designado por estrutura etária.

Os efectivos de uma população são o número de indivíduos que compõem


essa população. Esses efectivos são identificados nos recenseamentos.

A densidade populacional

A distribuição geográfica pode ser avaliada pelo conhecimento de densidade


de população, isto é, o número de habitantes por Km2 (Hab/Km2). Este
valor, porém, tomado em relação ao total da área estudada, pode não traduzir
a verdadeira distribuição da população, pois esta encontra-se mais aglomerada
em certas zonas e mais dispersa noutras. Esta situação é traduzida pelo
coeficiente de localização.

Para estudar a densidade populacional é conveniente dividir o território em


zonas mais pequenas - no caso de um país, podem adaptar-se as divisões
administrativas, no caso de uma cidade, podem considerar-se os bairros, etc.

A população pode ainda distribuir-se por aglomerados rurais e urbanos. A


primeira reside isolada no campo ou em pequenos núcleos. A segunda vive
nas cidades ou em povoações de certa importância. Geralmente estes dois
grupos comportam hábitos, profissões, exigências e atitudes diferentes.

Sob o ponto de vista estatístico é necessário distinguir os aglomerados urbanos


e rurais.

Centro urbano – é designada uma localidade, qualquer que seja a categoria


legal (cidade, vila, etc.) que, na sua área urbana demarcada pela Câmara
Municipal respectiva conta com 10 000 ou mais habitantes.

A Densidade é a População por quilómetros quadrados (KM 2). Calcula-se:


n.º de habitantes/Km2.

63
A repartição por sexo e idades (Pirâmide de idades, Relações de
Masculinidade, Grupos Funcionais e Medidas Resumo)

Os recenseamentos dão a conhecer o estado de uma população num


determinado momento do tempo. Conhecer o estado da população remete
para a sua caracterização, segundo diferentes critérios, como sejam o estado
civil, a actividade económica, o grau de instrução, o lugar de residência, etc.
A consideração e qualquer um desses critérios conduz à definição de diferentes
sub-populações da população: população casada, população activa, população
analfabeta, população urbana, etc.

Mas as categorias primordiais de qualquer população são rigorosamente duas:


a idade e o sexo. A bi-polarização entre população masculina e popu-
lação feminina traduz diferenças de género essenciais do ponto de vista
demográfico, que decorrem de clivagens incontornáveis não apenas bioló-
gicas – em particular, no que concerne à procriação – mas também sociais e
culturais.

Quanto à importância da idade, ela decorre essencialmente de dois aspectos:

1) a acção permanente do tempo provoca mudanças das características


dos indivíduos e da população, que condicionam as suas aptidões e
capacidades (efeito de idade).

2) Os comportamentos e o significado sócio-demográfico de cada classe


etária variam consoante as épocas (efeito de geração).

As Pirâmides de idades

Trata-se de um duplo histograma, formado por uma ordenada comum


(vertical)- que representa as idades (aniversários) – e duas abcissas, que
representam os efectivos, respectivamente do sexo masculino (à esquerda) e
do sexo feminino (à direita).

Existem três grandes tipos de pirâmides de idade:

1. Em Acento Circunflexo – populações jovens

Esta Pirâmide tem uma base larga, que diminui rapidamente conforme se
avança para idades mais avançadas. É uma pirâmide típica de países com
uma forte natalidade e mortalidade – descreve, sobretudo, populações de
países em vias de desenvolvimento.

64
2. Em Urna – muita população a meio da pirâmide

Neste caso tratam-se de populações onde se assiste a uma progressiva quebra


da fecundidade. Nestes casos, a base da pirâmide mantém-se como a parte
mais reduzida do gráfico, embora apresente um retraimento em relação a
evoluções anteriores. Nestes casos, a pirâmide toma o formato de uma urna
e é típica dos países desenvolvidos durante os primeiros anos de uma baixa
pouco significativa da fecundidade.

65
3. Em Ás de Espadas - população envelhecida

Este gráfico assume a forma de um às de espadas ou maçã, pois a parte mais


larga da pirâmide corresponde às idades intermédias. Face À diminuição da
fecundidade, a natalidade acaba por cair para valores muito baixos e a base
da pirâmide diminui – a representatividade dos idosos na população torna-se
superior À dos jovens. Nestes casos, os níveis de natalidade já estão muito
baixos e, por isso, a base da pirâmide é alimentada com menos indivíduos, o
que provoca o seu estreitamento – trata-se do envelhecimento na base da
pirâmide.

Por outro lado, a mortalidade também é baixa o que causa o alongamento


das classes correspondentes aos idosos – trata-se do envelhecimento no
topo da pirâmide.

66
Estrutura Etária da população

A distribuição da população por sexo e idade é registada na altura dos


recenseamentos da população. Os efectivos da população masculina e
feminina, são dados por cada ano de idade, constituindo uma informação
exaustiva de base.

Como não é prático trabalhar a informação assim apresentada, convencionou-


se agrupar as idades em classes, para facilitar a leitura e a análise dos dados.

A OMS recomenda os seguintes agrupamentos para fins gerais:

< 1 ano, de ano a ano até aos 4 anos inclusivé, por grupos de cinco anos,
desde os 5 anos aos 84 anos, de 85 e mais.

O efectivo de cada grupo de idades (absoluto ou relativo) é representado por


um rectângulo cuja área é proporcional ao efectivo respectivo. Quando a
distribuição por idades é dada por classes de igual intervalo, a construção do
gráfico não oferece dúvida, pois as bases do rectângulo correspondem à
amplitude das classes e o comprimento aos efectivos correspondentes.

Sempre que a distribuição por idades é feita em grupos etários de diferentes


amplitudes, torna-se necessário reduzir os efectivos a uma unidade comum.

Exemplo:

Idades Efectivos masculinos Efectivos femininos

0 X Y

1-4 X+1 Y +1

5-9 X+2 Y+2

10 - 14 X+3 Y+3

Assim temos:

A altura ou base do rectângulo que corresponde ao número de anos ou do


grupo de idade considerado.

O comprimento do rectângulo que corresponde ao efectivo E do grupo de


idade considerado dividido pelo intervalo de classe, isto é, E/N. A área do
rectângulo é igual ao produto do comprimento pela altura.

67
Deve-se sempre complementar uma pirâmide de idades com o cálculo das
relações de masculinidade por grupos de idade.

Para se comparar 2 pirâmides de idades ou 2 populações deve-se:

• comparar no tempo

• comparar no espaço

A construção das pirâmides de idades tem como base os grupos de idades


consideradas e os sexos correspondendo aos rectângulos referidos.
Convencionou-se que os efectivos do sexo masculino figuram à esquerda do
eixo e os efectivos do sexo feminino à direita do eixo do gráfico.

PIRÂMIDES DE IDADE (estruturas relativas e grupos de idades


quinquenal)

1.º – Calcula-se a estrutura etária relativa – sexos separados:

Divide-se a população (sexos separados) de cada grupo de idades pelo total


da população (sexos reunidos) e multiplica-se cada resultado por 100.

Grupos de Idade Homens Mulheres Homens (%) Mulheres (%)

0–4 30 25 2,0 1,7


5–9 25 22 1,7 1,5
..
..
75 – 79 10 14 0,7 0,9
80 + 15 25 1,0 1,7
Total 1500 100 100

No caso do último grupo de idade (aberto), se os seus valores forem


superiores aos do grupo fechado anterior dividem-se esses valores por 2 até
se obterem valores dificilmente representáveis.

Objectivo: não deformar o topo da pirâmide.

Grupos de idades (Anos) Homens (%) Mulheres (%)


80 -84 0,5 0,9
85 - 89 0,3 0,4
90+ 0,2 0,4

68
2.º Conta-se o número de G.I que se vão considerar
(no caso: do GI de 0 - 4 ao GI de 90 e mais anos existem 19 GI )

3.º Verifica-se qual a percentagem (%) máxima obtida


(por hipótese 6%)

4.º O eixo das abcissas (horizontal) é constituído por dois sub-eixos: à


esquerda (sexo masculino), à direita (sexo feminino)
(cada sub-eixo vai variar de 0% a 6%)
e fixa-se uma medida a atribuir a cada variação de 1% (por exemplo 1
cm)

5.º Traça-se a base, deixando um espaço para o corredor central (onde


se irão colocar os Grupos de Idade).

6.º A altura da pirâmide deve ser encontrada após a aplicação do seguinte


princípio: altura = 2/3 da base. (altura = 2/3 *12 cm ou seja = 8 cm)

7.º Determina-se a escala a atribuir a cada grupo de idades dividindo-se


a altura total pelo número de grupos de idade considerados.

(8 cm/19 GI = 0,4 cm - Se se considerar 0,5 cm para cada GI a altura total da


pirâmide (9,5 cm) continuará menor que a largura da base).

8.º Por fim, traça-se o eixo vertical e representa-se, para cada GI (sexos
separados), as % correspondentes, sendo o comprimento de cada rectân-
gulo proporcional a essas percentagens.

Pirâmides Etárias

Os Gráficos seguintes mostram as pirâmides de etárias do Algarve e do


Continente, nos Recenseamentos de 1981 e 1991.

Como se pode observar através da largura da base das pirâmides, o Continente


apresenta uma população mais jovem do que o Algarve. As pirâmides do
Algarve, apresentam uma forma mais quadrada, denotando uma população
em envelhecimento. Pelo contrário, a forma de acento circunflexo, indicia
uma população em crescimento.

69
Em ambos os casos, a diminuição das taxas de natalidade é evidente no
afunilamento das pirâmides, em 1991, nas classes dos 0 aos 15 anos.

Os Gráficos seguintes mostram as pirâmides etárias do Algarve nos


recenseamentos de 1981 e 1991.

Os Gráficos seguintes mostram as pirâmides etárias de Portugal Continental


para 1981 e 1991.

Fonte: INE – Recenseamento geral da população

70
Em análise demográfica, quando se quer ter uma visão rápida da evolução
ou da diversidade das estruturas, opta-se por compactar a informação segundo
determinados critérios. O mais importante é o da idade, ou seja, concentra-
se num reduzido número de grupos a totalidade da informação, tornando
mais funcional a análise: são os grupos funcionais.

A população passa a estar dividida em três grandes grupos etários, sexos


separados ou reunidos:

Jovens J 0 -19 ou 0 - 14

Activos A 20 - 59 ou 15 - 64

Idosos I 60+ ou 65+

No grupo de menos de 15 anos, existe um escasso potencial produtivo, e


grande consumo de bens.

No grupo dos 15 aos 64 anos, grupo considerado economicamente activo em


que geralmente a sua produção excede o consumo.

O grupo dos 65 e mais anos, com uma produtividade reduzida, mas ainda
com um menos índice de consumo comparado com o 1.º grupo.

A importância relativa do primeiro grupo, mede o grau de envelhecimento


da população.

Uma vez decomposta uma estrutura demográfica em grupos funcionais, torna-


-se necessário proceder à sua manipulação no sentido de os transformar em
indicadores que resumam a informação existente numa repartição por sexos
e idades: são os índices-resumo.

Índices Resumo

• Percentagem de jovens: (pop. 0-14 anos/ população total) x 100

• Percentagem de “potencialmente activos”: (pop. 15-64 anos/


população total) x 100

• Percentagem de idosos: (pop. 65 e + anos/ população total) x 100

71
• Índice de Juventude: (pop. 0-14 anos/ população 65 e + anos) x 100

• Índice de Envelhecimento: (pop. 65 e + anos/ pop. 0-14 anos) x 100

• Índice de Dependência de Jovens : (pop. 0-14 anos/ população 15-64


anos) x 100

• Índice de Dependência de “Idosos” : (pop. 65 e + anos/ população


15-64 anos) x 100

• Índice de Dependência Total: (pop. 0-14 anos e 65 e + anos/população


15-64 anos) x 100

Na análise da estrutura etária das populações devem calcular-se certas relações


entre efectivos, não só para observar a sua evolução ao longo dos anos, mas
também para avaliar certas implicações sócio-económicas.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Diga o que entende por “crescimento” da população.

2. No final do ano de 1981 a população portuguesa cifrou-se em


9.833.000 indivíduos e, dez anos depois, em 1991, esse valor foi de 9
862.540 indivíduos. Com base nestes dados, calcule:

a) A taxa de crescimento anual média, para a década de oitenta.


Inte o resultado obtido.
b) O tempo de duplicação em anos. Interprete o resultado obtido.

1. Com base nos dados apresentados no quadro seguinte (população


portuguesa, distribuída por grupos etários quinquenais, para 1991 –
sexos separados e reunidos):

a) Preencha a coluna do efectivo de mulheres.

b) Calcule a percentagem de jovens, de pessoas em idade activa e


idosos (sexos reunidos)

c) Calcule, para os sexos reunidos, o índice de envelhecimento, a


relação de dependência total, a relação de jovens. Interprete
cada um dos resultados obtidos.

d) Construa a pirâmide de idades e o gráfico das relações de


masculinidade. Comente as figuras obtidas.

72
Grupos etários Homens Mulheres HM

0-4 278679 544309

5-9 331337 646161

10-14 398620 781933

15-19 428240 845588

20-24 386651 765248

25-29 359556 726628

30-34 340986 694606

35-39 321775 661076

40-44 307655 634519

45-49 271665 569623

50-54 265623 559346

55-59 263265 562041

60-64 245150 533325

65-69 211990 470049

70-74 149226 344747

75-79 109813 271089

80 + 86544 256859

Total 4 756 775 9 867 147

2. Observe o seguinte quadro:

Índices 1981 1991

% de Jovens 25,5 20,0


% pop. Idosa Activa 63,0 66,4
% de Idosos 11,4 13,6
Índice de Envelhecimento- IE (%) 44,9 68,1
Relação de Dependência dos Jovens – RDJ (%) 40,5 30,1
Relação de Dependência dos Idosos – RDI (%) 18,2 20,5
Relação de Dependência Total – RDT (%) 58,6 50,6

a) Comente a evolução destes índices na década de oitenta.

73
Indicações bibliográficas

NAZARETH, J. Manuel
1985 A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de evo-
lução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89).
1988 Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa. Lis-
boa, Editorial Presença.

PRESSAT, R.
1967 Pratique de la demographie. Dunod, Paris, 1967.

TORRES, A.
1996 Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Tra-
jectos Portugueses, Editora gradiva, Lisboa.

INE
1981 Recenseamento Geral da População. 1981.

INE
1981 Recenseamento Geral da População.
1991 Recenseamento Geral da População.

NUNES, A. B.
1991 A evolução da estrutura por sexos, da população activa em Por-
tugal – um indicador do crescimento económico. Análise Social,
vol. XXVI (112-113).

74
IV. Fontes e Testes à Qualidade dos Dados
Objectivos do capítulo

1. Conhecer as características fundamentais e o conteúdo dos principais


sistemas de informação existentes em Portugal, na Europa e no
mundo;

2. Identificar as vantagens e os inconvenientes de cada um dos sistemas


de informação demográfica, tendo em consideração as necessidades
de dados de uma investigação em análise demográfica;

3. Conhecer as principais técnicas de análise da qualidade dos dados


demográficos, e aprender a escolher essas técnicas em função dos
sistemas de informação utilizados;

4. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas


concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Enumerar as várias fontes de dados em Demografia;

• Distinguir os recenseamentos das Estatísticas demográficas;

• Testar a qualidade dos dados.

77
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo 4: páginas 126-159

Conteúdos Página Objectivos

4.1. Os sistemas de Informação 128-138 Conhecer as características funda-


demográfica mentais e o conteúdo dos principais
sistemas de informação existentes
em Portugal, na Europa e no
mundo;
Identificar as vantagens e os incon-
venientes de cada um dos sistemas
de informação demográfica, tendo
em consideração as necessidades
de dados de uma investigação em
análise demográfica;
4.2. A análise da qualidade da 138-145 Conhecer as principais técnicas de
informação análise da qualidade dos dados
demográficos, e aprender a esco-
lher essas técnicas em função dos
sistemas de informação utilizados;
149-159 Aplicar os conhecimentos adqui-
3. Trabalho prático resolvido ridos à resolução de alguns proble-
mas concretos.

78
Fontes – Tipos de dados em Demografia

Os elementos brutos da Demografia são os dados recolhidos nos censos, em


estudos, nos registos dos vários sistemas, etc.

Estes dados podem ser apresentados de muita maneira, mas sobretudo, em


duas formas fundamentais.

Em primeiro lugar temos os dados recolhidos dos censos da população ou


inquéritos semelhantes ao censo. O censo produz o registo das pessoas num
dado momento, ou seja, produz uma informação “fotográfica” transversal da
população existente, o seu tamanho, a sua estrutura, como ela é observada
no momento do censo. As comparações dentro de um censo, ou entre censos,
envolvem em geral, quer números absolutos quer o cálculo de proporções.

Segundo, existem dados normalmente recolhidos pelos registos dos diferentes


sistemas. Os dados produzidos são o registo dos acontecimentos durante um
determinado intervalo de tempo, em geral um ano. Os dados são
essencialmente dinâmicos na sua natureza, porque fornecem informação no
decorrer do tempo.

Devido a que o número de nascimentos, óbitos, movimentos da população,


ou outros acontecimentos, ocorrem durante um período, são afectados pelo
número de pessoas “em risco”, de ser “um nascimento”, um “óbito”, uma
“migração”, etc. Sendo comum, nesse contexto, serem calculadas taxas de
ocorrências, permitindo comparações de níveis de mortalidade, fertilidade,
mobilidade, etc. em vez de somente o número de nascimentos, de óbitos ou
de migrações.

Tendo em conta que alguns desses dados podem conduzir a enviezamentos,


a recolha de dados demográficos têm que ser hierarquizados e explicitados
pois eles influenciarão os modos de análise restringindo as possibilidades de
algumas análises.

Introdução

Poucos são os dados que são recolhidos principalmente com fins


demográficos. A maior parte deles são produzidos para, ou como, produto
de actividades administrativas levadas a cabo ou controladas pelos governos
ou agências internacionais e onde os demógrafos têm pouco controle do modo
preciso como eles são recolhidos, agregados ou apresentados. Contudo estes
dados são utilizados pois geralmente são os que estão disponíveis.

79
A origem dos dados para análise demográfica são os registos vitais, os censos,
os controles de migração, as campanhas de saúde pública, os programas de
controlo da população, os inquéritos especiais, entre outros.

Os Recenseamentos

O recenseamento é um conjunto de operações baseadas em registos


individuais, que permitem conhecer todo (universalidade) o efectivo
populacional de um território numa data precisa (simultaneidade), com
detalhes sobre a repartição dessa população por unidades administrativas e
segundo um número mais ou menos vasto de características (sexo, idade,
residência, profissão).

Devem respeitar uma determinada periodicidade (de 10 em 10 anos no caso


de Portugal).

Os censos existem fundamentalmente para ajudar o planeamento,


especialmente o aprovisionamento e regulamentação dos serviços básicos
(água, vias de comunicação e outros serviços, por exemplo). Na maior parte
dos países democráticos a distribuição da população, dada pelo censo, também
determina o nível de representação eleitoral e a possibilidade do padrão de
recursos do governo central. Muitas das intervenções do governo, no campo
da saúde e da segurança social, produzem dados demográficos, que em geral
resultam de dados do programa de avaliação dessas intervenções.

Determinados inquéritos muitas vezes orientados com um objectivo bem


determinado, também são fonte de dados demográficos que são, mais ou
menos, independentes do sistema convencional.

As principais características de um censo, e que o diferencia de um inquérito,


é que em primeiro lugar ele é um registo global do total da população dentro
de uma determinada área geográfica definida. Em segundo lugar, como não
envolve amostragem, cada pessoa é enumerada separadamente. Em terceiro
lugar, ele não é um exercício voluntário e tem que ter uma base legal para o
tornar compulsório e ser incluída e providenciada a informação pretendida.
Finalmente, é obrigatório ser relacionado com um dado momento no tempo
e não num período.

Um censo é uma recolha de dados sobre a população levada a cabo de uma


só vez num dado país e envolve: formulação de um questionário, planeamento
e organização de uma equipa, processamento e análise dos dados e divulgação
dos resultados.

80
As Nações Unidas recomendam que os censos se realizem de 10 em 10 anos,
de preferência nos anos terminados em 0 e 1. O objectivo é, em primeiro
lugar, obter informação em intervalos regulares a fim de facilitar comparações
ao longo do tempo e, em segundo lugar, tentar sincronizar os censos de modo
a poder comparar a informação obtida para diferentes países. Nesse contexto,
os dados devem ser publicados no período mais curto possível após a recolha,
em geral no máximo 2 anos.

A informação recolhida pelos censos pode ser variada. Deve ser suficiente
para atingir os seus objectivos de recolha de informação sobre a população e
não ser muito exaustivo para ser exequível. Contudo, o mínimo geralmente
exigido é: o nome, idade, sexo, relação com o chefe de família, estado civil,
raça, religião, grupo étnico, educação, ocupação, situação no trabalho,
migração, habitação. A qualidade da informação está geralmente relacionada
com a extensão dos questionários e com a clareza das perguntas, embora os
censos envolvam uma grande complexidade logística e técnica. A maior
preocupação logística dos censos deverá ser a minimização dos erros na
recolha de informação.

Os principais erros dos censos são: cobertura incompleta da população (os


sem abrigo, nómadas, estudantes, crianças), a falta de qualidade em vez de
quantidade.

(Ver anexo 1 – recenseamento 1991)

As Estatísticas demográficas de Estado Civil

São o conjunto de informações sobre os nascimentos, óbitos, casamentos,


divórcios e separações judiciais, saídas ou entradas, ocorridas num território
durante um determinado período (normalmente um ano), baseadas nos
boletins de registo civil desses acontecimentos, com detalhes sobre a sua
repartição por unidade administrativa e segundo um número mais ou menos
vasto de características (sexo, idade, etc.).

O sistema de registos vitais e os controlos de migração existem acima de


tudo por questões legais: a produção de certificados de nascimento e de óbito,
passaportes, cartões de identidade, certificados de autorização de trabalho,
autorização de residência e de cidadania, etc.

Na maioria dos países desenvolvidos o sistema de registo dos acontecimentos


vitais fornece a maior parte da informação dos nascimentos, casamentos,
óbitos e por vezes os dados de migração. Nos países em desenvolvimento,

81
estes sistemas de recolha de informação são na maior parte das vezes
incompletos e por vezes nem existem, nem são explorados com fins
demográficos. Isto explica que os objectivos do registo desta informação são
essencialmente administrativos e legais e não demográficos.

(Ver anexo 2 – estatísticas demográficas 1990 e 1991)

Outras Fontes Demográficas

Os Inquéritos demográficos são inquéritos por amostragem baseando-se na


recolha de informações, com base numa amostra representativa do universo
da população em análise, visando aprofundar o estudo sobre uma questão
demográfica particular (ex: Inquérito português à fecundidade, que inclui
variáveis como “o uso de métodos contraceptivos, o número de filhos
desejado, local de residência na infância, etc.).

Os inquéritos por amostragens usados em Demografia podem ter uma


variedade de aspectos, mas o aspecto essencial é que ele envolve uma amostra
da população. A vantagem da amostra é que ela reduz o esforço referido e
por consequência o custo, quando comparado com um censo tipo completo.
No entanto, podem surgir erros de medição. Se a amostra tiver uma base
adequada, este erro pode ser medido e assim minimizado.

Os inquéritos por amostras são contudo fontes importantes de dados


demográficos frente aos problemas acima mencionados do censo e do registo
da informação - por ex: a impossibilidade de fazer muitas perguntas ou
perguntas complexas e, especialmente nos países em desenvolvimento a pobre
qualidade dos dados que produzem. As vantagens dos inquéritos por amostras,
para além de serem mais económicos, é que podem ser organizados e
executados de forma relativamente rápida e podem recolher muito mais
detalhes que um censo, incluindo informação de comportamentos para os
quais os entrevistadores podem ser treinados.

A sua principal desvantagem é a introdução de erros de amostragem. Isto


significa que são necessários grandes números para produzir resultados
fiáveis. Do ponto de vista dos inquéritos demográficos, a unidade de
observação é o domicílio, não o indivíduo, e esta ajuda a reduzir custos e
especialmente complexidade administrativa.

Existem vários tipos de inquéritos por amostragem em Demografia:

Primeiro existem informações dos censos tipo, o que talvez substitua um


censo completo ou simplesmente o existente, fazendo uma ampla distribuição

82
de questões numa amostra da população envolvida. Os inquéritos designados
para investigar alguns tópicos particulares, como o uso de contraceptivos,
emprego das mulheres, ou causas e consequências da migração também caiem
nesta categoria de exemplos.

Segundo, existem inquéritos retrospectivos, assim designados pois fazem


perguntas acerca de acontecimentos que aconteceram no passado. Nos países
em desenvolvimento inicialmente utilizados para reunir informação que os
sistemas normalmente fornecem.

O nível das perguntas retrospectivas, grosseiramente usadas pelos demógrafos,


são por ordem de importância: número total de crianças que nasceram vivas,
número de crianças que vivem em casa, nº de crianças que saíram e morreram
(usado para conferir o número e para fazer uma estimativa da mortalidade
infantil), tempo decorrido desde o último nascimento (usado principalmente
para determinar os nascimentos no último ano), se a mãe é viva, se o pai é
vivo, se o primeiro marido é vivo.

Existem ainda uma larga gama de técnicas indirectas sofisticadas, que podem
servir para a recolha de dados sobre questões específicas que deverão ser
formuladas e utilizadas de acordo com o objectivo e o grau de precisão que
se pretende obter.

Outras fontes a salientar são as estatísticas de saúde e os anuários estatísticos.

Em conclusão, poderemos dizer que existem três grandes fontes para a recolha
de dados em Demografia (informação dos censos tipo, inquéritos por
amostragem, técnicas indirectas de perguntas por questões específicas) que
não são alternativas umas das outras, embora uma possa, eventualmente, ser
usada na ausência ou deficiência da outra.

Um censo é mais ou menos essencial para fornecer uma base de dados sem o
qual o sistema de registo ou um inquérito por amostra é menos útil. Nos
países em desenvolvimento, os inquéritos por amostragem podem investigar
determinados aspectos deficientes nos censos e dar mais fiabilidade à
informação disponibilizada pela má qualidade fornecida por esses censos.

Os censos, ou inquéritos dos censos tipo, geralmente produzem informação


da população existente num determinado momento no tempo; enquanto que
os sistemas de registos vitais produzem informação em fluxos, números ou
acontecimentos que ocorrem ao longo do tempo. Estes últimos podem também
ser obtidos indirectamente através de perguntas retrospectivas em inquéritos
e censos ou por inquéritos prospectivos. Ambos os tipos de dados são
largamente usados, frequentemente em combinação e em análise demográfica.

83
Qualidade dos dados – testes elementares à qualidade dos dados

A Relação de Masculinidade dos nascimentos

Depois de termos analisado as principais fontes demográficas vejamos agora


a questão da qualidade dos dados.

A relação de masculinidade dos nascimentos permite testar a qualidade das


estatísticas de estado civil. Inicialmente concebido para avaliar a qualidade
de registo dos nascimentos, este teste revelou-se um bom indicador da
qualidade global dos dados estatísticos demográficos.

Este indicador relaciona o número de nascimentos masculinos por cada 100


nascimentos femininos, ou seja

(nascimentos masculinos/ nascimentos femininos) x 100

É a relação dos nascidos vivos masculinos com os nascidos vivos femininos


realizados num determinado período. Permite ver se existem ou não erros ao
nível dos registos dos nascimentos (desequilíbrios ao nível dos registos dos
sexos).

Como funciona este teste? Sabemos que nos países com boa qualidade de
estatísticas demográficas a relação de masculinidade dos nascimentos anda
à volta de 105 (ou seja, por cada 100 raparigas nascem 105 rapazes).

A existência de desvios acentuados, em relação a este valor, não pode ser


senão a consequência directa das flutuações aleatórias, mesmo no caso de
estarmos em presença de uma observação perfeita. Não podemos concluir
logo que a qualidade dos dados é má. Existem as flutuações que têm a ver
com o número de ocorrência.

É necessário ver se deve à dimensão da população ou à má qualidade dos


dados.

Em função do número de nascimentos observados é, no entanto, possível


precisar o intervalo de variação deste erro, que é devido à existência de
populações pouco numerosas. Para tal existe uma fórmula, para se encontrar
o intervalo de confiança dentro do qual os nascimentos masculinos podem
variar:

Para um total de 1000 nascimentos temos, em teoria, 512 nascimentos


masculinos e 488 nascimentos femininos, ou seja, uma proporção de 0,512.

84
Os limites do intervalo de confiança a 95% são determinados pela fórmula

0,512 + - 1,96 √ (0,512 x 0,488) / n , onde n é o


número total de nascimentos

depois calcula-se x / (1- x) × 100 e y / (1- y) × 100, para encontrar os


limites do intervalo de confiança. Se o valor encontrado no cálculo das relações
de masculinidade dos nascimentos estiver incluído no intervalo de confiança,
podemos afirmar que a qualidade de registo de nascimentos é boa. Se o valor
encontrado no cálculo das relações de masculinidade dos nascimentos não
estiver incluído no intervalo de confiança pode dever-se a:

• má qualidade dos dados

• sobreregisto de nascimentos masculinos

• subregisto de nascimentos femininos

A preocupação de rigor, que caracteriza a Demografia e o uso frequente de


estatísticas de qualidade muito duvidosa, faz com que o demógrafo sinta a
obrigação constante, antes de iniciar qualquer análise demográfica, de testar
a qualidade dos dados que vai trabalhar e se possível, corrigi-los.

Os métodos para testar dados incompletos e incorrectos são inúmeros, sendo


os mais importantes, divididos em duas categorias:

Índice de Irregularidade das idades

Se o método anterior se destina a analisar a qualidade dos dados das estatísticas


de estado civil, este tem por fim analisar a qualidade dos dados dos recensea-
mentos.

Este teste serve para provar se existe ou não concentração em determinadas


idades.

Trabalha-se com sexos separados

A sua elaboração é bastante simples:

• Colocam-se os efectivos das idades cuja atracção se pretende medir


em numerador (por exemplo, se pretendemos medir a atracção pelo 6

85
os numeradores serão efectivos com 6, 16, 26, 36, 46, 56, 66,
76,…anos);

• No denominador, colocam-se as médias aritméticas dos efectivos dos


5 anos que enquadram essas idades. (por exemplo, no caso dos 6
anos, soma-se a população com 4, 5, 6, 7, 8 anos e divide-se por
cinco, no caso dos 16 anos, soma-se a população com 14, 15, 16, 17,
18 e divide-se por cinco, e assim sucessivamente);

• Partindo do princípio que as idades centrais correspondem à média


dos efectivos de 5 anos que enquadram essas idades, divide-se o
numerador pelo denominador em cada caso e multiplica-se o resultado
por 100;

• Obtêm-se assim diversos índices (no exemplo dado I6, I16, …) que
são representados graficamente; quando os índices obtidos têm um
valor superior a 100 existe atracção; quando os índices obtidos têm
um valor inferior a 100 existe repulsão.

A relação entre o efectivo real e o efectivo teórico fornece-nos um índice,


que à medida que se afasta da unidade (ou de 100 se multiplicarmos por este
número) demonstra a força do arredondamento.

Exemplo: seleccionar todas as idades terminadas em 6 e aplicar a fórmula:

⇒ Numerador- todos os indivíduos que declararam ter idades termi-


nadas em 6 e de um dos sexos.

⇒ Denominador para a idade 36 = vou buscar 2 idades antes (34, 35)


e 2 depois (37, 38), vou adicionar todas e dividir por 5.

Resultados possíveis:

Atracção máxima – se todos dizem que têm 36 (total de 500).


Repulsa máxima – se ninguém tem 36 (dá-nos um total de 0).
Se os valores andarem à volta de 100 podemos assumir que a qualidade
é boa.

Existe ainda o Índice de Whipple que também pode ser utilizado para testar
a qualidade dos recenseamentos (para mais detalhes veja as páginas 108-109
do livro adoptado).

86
O Índice Combinado das Nações Unidas (ICNU)

Este indicador, em vez de medir a atracção por determinadas idades, mede a


qualidade global de um recenseamento. Trata-se de um instrumento muito
cómodo de calcular e que possibilita a realização de comparações interessantes
no tempo e no espaço.

Em termos práticos, o ICNU calcula-se da seguinte forma:

• Preparam-se os dados de modo a termos uma distribuição da


população por sexos e grupos de idades quinquenais (não convém
ultrapassar os 80 anos de idade);

• Calculam-se as relações de masculinidade em cada grupo de idades


dividindo os efectivos masculinos pelos efectivos femininos e multipli-
cando o resultado por 100; fazem-se as diferenças sucessivas entre as
diversas relações de masculinidade obtidas, somam-se em módulo e
calcula- se a diferença média para se obter o índice de regularidade
dos sexos;

• Para cada sexo calcula-se um índice de regularidade das idades; este


índice constrói-se calculando, em primeiro lugar, as relações de
regularidade dividindo cada grupo de idades pela média aritmética
dos dois grupos que o enquadram; posteriormente fazem-se as
diferenças a 100 e faz-se a média das diferenças absolutas;

• O ICNU obtém-se dando um coeficiente 3 ao obter o índice de regula-


ridade dos sexos e um coeficiente 1 aos dois índices de regularidade
das idades.

De forma a facilitar a interpretação as Nações Unidas, sugerem uma grelha


classificativa:

< 20 – Bom
20-40 – Mau
> 40 – Muito Mau

A Equação de Concordância

A Equação de Concordância irá ser vista em detalhe na análise dos


movimentos migratórios. (Páginas 143-145 do livro adoptado).

87
Actividades propostas e questões para revisão

1. Veja, em anexo (anexo 2), os dados das estatísticas demográficas para


1990/91 e do recenseamento de 1991 (anexo1).

a) Aprecie a qualidade dos dados das estatísticas demográficas.

b) Calcule o Índice Combinado das Nações Unidas no ano de 1991.


Como considera estes dados?

Indicações bibliográficas

LESTON, Bandeira M.
1996 Demografia e modernidade. Família e transição demográfica em
Portugal. Análise Social, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lis-
boa.

NAZARETH, J. Manuel
1985 A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de evo-
lução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89).
1988 Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa, Lis-
boa, Editorial Presença.

SERRÃO, J.
1973 Fontes da demografia portuguesa, Livros Horizonte, Lisboa.

TORRES, A.
1996 Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Tra-
jectos Portugueses, Editora Gradiva, Lisboa.

88
V. Os Princípios de Análise Demográfica e o Diagrama de Lexis
Objectivos do capítulo

1. Compreender o funcionamento do diagrama de Léxis;

2. Identificar os Princípios Gerais de Análise Demográfica;

3. Aplicar os Princípios Fundamentais de Análise Longitudinal;

4. Aplicar os Princípios Fundamentais de Análise Transversal;

5. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas


concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Distinguir as noções de acontecimento e de fenómeno;

• Conhecer e descrever os princípios gerais da análise demográfica;

• Compreender a utilidade e as funções de um diagrama de lexis;

• Representar os efectivos no diagrama de lexis.

91
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo V, páginas 160-187

Conteúdos Pág. Objectivos

5.1. O diagrama de Lexis 161-163 Compreender o funcionamento do


diagrama de Lexis

5.2. Princípios Gerais de Análise 163-165 Identificar os Princípios Gerais de


Demográfica Análise Demográfica
5.3. Princípios de análise longi- 165-171 Aplicar os Princípios Funda-
tudinal mentais de Análise Longitudinal

5.4. Princípios de análise em 171-178 Aplicar os Princípios Funda-


transversal mentais de Análise Transversal
4º Trabalho prático resolvido 179-187 Aplicar os conhecimentos adqui-
ridos à resolução de alguns proble-
mas concretos

92
Princípios Gerais de Análise Demográfica

Vamos ver quais são os princípios de análise demográfica: os princípios gerais


da análise demográfica são seis (análise longitudinal, análise transversal,
“estado puro”, “estado perturbado”, acontecimentos renováveis e
acontecimentos não renováveis).

A Demografia, ao analisar fenómenos e ao recolher acontecimentos pode ser


definida como a ciência que estuda determinados fenómenos a partir dos
acontecimentos.

O “estado puro” e o “estado perturbado“

Em termos de observação temos 2 tipos:

1. Observação em estado puro: Só o acontecimento aliado do resto.


Por exemplo, só a mortalidade, isolada dos outros fenómenos.

2. Observação em estado perturbado: Combina as variáveis, morta-


lidade, migrações.

Acontecimentos Fenómenos

Nascimentos Natalidade

Óbitos Mortalidade

Migrações/Migrantes Movimentos Migratórios

Casamentos Nupcialidade

Acontecimentos renováveis e acontecimentos não renováveis

Acontecimentos renováveis: podem transformar-se em não renováveis.

Exemplos: casamento – 1.º casamento, nascimentos – 1.º filho

Acontecimentos não renováveis. Exemplo: morte

Efectivos: Número de indivíduos que fazem parte de um mesmo


acontecimento.

Coortes: Conjunto de indivíduos submetidos ao mesmo acontecimento de


origem durante um mesmo período de tempo.

93
Uma geração é uma coorte de nascimentos, conjunto de pessoas que nasceram
no mesmo período. Uma coorte de casamentos é uma “promoção”.

Análise transversal e análise longitudinal

Análise Longitudinal ou por coortes: Se tivermos uma coorte, acompanha-


-se durante um longo período, apanhando vários momentos do tempo.
Significa observar os acontecimentos ao longo da vida dos indivíduos, o que
envolve necessariamente vários anos de calendário.

Análise Transversal ou análise do momento: Um período/momento do


tempo (normalmente um ano civil). Caracteriza-se um momento do tempo
que contém múltiplas coortes.

A análise transversal permite transformar a informação de acontecimentos


em fenómenos. Por exemplo: taxa “x” = acontecimentos/população média
(pop.1 + pop.2/2)*100

Idade exacta e anos completos: Unidades de tempo e em fracções. Por


exemplo: 26 anos, 1 mês e 3 dias.
Uma criança que tem 3 anos e 6 meses tem 3 anos completos, o que significa
estar entre 3 e 4 anos exactos.

O Diagrama de Lexis

Este diagrama, inventado pelo estatístico alemão Lexis, é um instrumento de


trabalho imprescindível em análise demográfica. A sua descrição permitir-
-nos-á exemplificar os conceitos atrás expostos, isto é, as definições de idade,
de ano de observação, de coorte, de análise transversal e de análise
longitudinal.

O diagrama de Lexis é um precioso instrumento de análise demográfica, na


medida em que permite repartir os acontecimentos demográficos por anos
de observação e geração. Permite visualizar os acontecimentos e os
efectivos.

Este diagrama constitui-se do seguinte modo:

1. eixo das idades: em ordenada;

2. eixo do tempo (anos de observação): em abcissa;

3. eixo das gerações (linhas de vida): em diagonal;

94
4. superfícies (quadrados e triângulos): onde devem ser inscritos os
acontecimentos;

5. linhas: onde devem ser inscritos os efectivos observados num dado


momento;

6. momentos de observação (instantânea, continua, retrospectiva) no


cruzamento dos três.

Conforme se pode observar na figura (figura n.º 13, página 162 do livro
adoptado), trata-se de um diagrama onde no eixo OX (abcissas) se marcam
os anos civis (1940, 1941, 1942, ...) e no eixo OY (ordenadas), se marcam as
idades dos indivíduos.

Em seguida, no eixo OX, levantam-se linhas verticais nos pontos que marcam
simultaneamente o terminus de um ano civil e o início do próximo - são as
rectas do 31 de Dezembro ou do 1º de Janeiro; depois no eixo OY, a partir
dos pontos que marcam as idades 0 (o momento do nascimento), 1
(1.º aniversário), etc., traçam-se paralelas ao eixo OX, que são as rectas das
idades exactas.

Obtém-se assim uma figura com uma espécie de quadrados iguais onde as
linhas horizontais são as rectas das idades exactas e as verticais são os 31 de
Dezembro ou os 1.º de Janeiro.
AL
IN
UD
IT
NG
LO
E
IS
ÁL
AN

·

ANÁLISE TRANSVERSAL

95
Como podemos verificar, temos dois tipos de leituras, em anos exactos e
anos completos:

• Se estamos a observar os acontecimentos numa geração, durante um


ano civil, temos sempre 2 anos completos.

• Se estamos a observar os acontecimentos durante um ano completo


e durante um ano civil, tal implica a existência de duas gerações.

• Se estamos a observar os acontecimentos numa geração, durante um


ano completo, implica ser necessário a observação durante 2 anos
civis.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Coloque no diagrama de Lexis que está disponível em anexo 3, a seguinte


informação:

• Pessoas nascidas em 1960: 4 000

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1960, aos 0 anos completos:


200

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1961, aos 0 anos completos:


100

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1961, ao 1 ano completo: 40

• Pessoas nascidas em 1959, falecidas em 1961, ao 1 ano completo: 30

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1962, ao 1 ano completo: 25

• Pessoas nascidas em 1961, falecidas em 1962, ao 1 ano completo: 20

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1962, aos 2 anos completos: 28

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1963, aos 2 anos completos: 25

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1963, aos 3 anos completos: 17

• Pessoas nascidas em 1960, falecidas em 1964, aos 3 anos completos: 16

• Pessoas nascidas em 1961, falecidas em 1961, aos 0 anos completos:


210

96
• Pessoas nascidas em 1961: 4200

• Pessoas nascidas em 1961, falecidas em 1962, aos 0 anos completos:


105

E responda às seguintes questões:

a) Qual será a população com 0 anos completos, na geração de 1960,


em 31 de Dezembro de 1960?

b) Qual será a população com 1 ano completo, na geração de 1960, em


31 de Dezembro de 1961?

c) Quantos são os sobreviventes da geração de 1960 no 1.º ano exacto?

d) A que gerações pertencem as pessoas falecidas ao 1 ano completo


em 1961?

e) A que gerações pertencem as pessoas falecidas aos 45 anos completos


em 1962?

f) A que gerações pertencem as pessoas falecidas em 1965 no grupo


0-4 anos completos ? E no grupo 5-9 anos completos?

g) A que gerações pertencem as pessoas falecidas em 1962, 1963, 1964


e 1965 pertencentes ao grupo 0-1 anos completos?

h) A que gerações pertencem as pessoas falecidas em 1962, 1963 e 1964


pertencentes ao grupo 50-54 anos completos?

Indicações bibliográficas

NAZARETH, J. Manuel
1985 A demografia portuguesa no século XX: principais linhas de
evolução e transformação. Análise Social, 21 (87-88-89).
1988 Princípios e Métodos de Análise da Demografia Portuguesa,
Lisboa, Editorial Presença.

TORRES, A.
1996 Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção
Trajectos Portugueses, Editora Gradiva, Lisboa.

97
VI. Instrumentos de Análise da Mortalidade
Objectivos do capítulo

1. Conhecer a lógica e o processo de cálculo das taxas Brutas de


Mortalidade enquanto medida elementar da mortalidade geral e
compreender as razões das suas limitações enquanto instrumento de
análise;

2. Conhecer as precauções a ter em conta na utilização dos sistemas de


informação demográfica disponíveis em Portugal e na Europa;

3. Conhecer e saber calcular as medidas de mortalidade infantil,


mortalidade por meses e por causas;

4. Saber construir as tábuas de mortalidade e analisar o significado das


diversas funções que integram este instrumento de medida da
mortalidade geral;

5. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas


concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Analisar a evolução global no número de óbitos e do contributo das


várias causas para esse valor total;

• Distinguir modelos e estruturas;

• Relatar a evolução recente da mortalidade em Portugal;

•· Calcular adequadamente medidas de determinação dos níveis de


mortalidade (geral, infantil);

• Interpretar as relações entre os níveis de mortalidade e as idades;

• Construir uma tábua de mortalidade e interpretar os valores obtidos


para cada uma das funções da tábua.

101
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais comple-
xos

Leia o capítulo do livro recomendado. Análise da mortalidade – cap. VI,


pp. 188-221

Conteúdos Pág. Objectivos

6.1. As Taxas Brutas de Morta- 190-194 Conhecer a lógica e o processo de


lidade enquanto medidas da cálculo das taxas Brutas de
mortalidade geral Mortalidade enquanto medida ele-
mentar da mortalidade geral e
compreender as razões das suas
limitações enquanto instrumento
de análise;
Conhecer as precauções a ter em
conta na utilização dos sistemas
de informação demográfica dispo-
níveis em Portugal e na Europa.
6.3. A medida de mortalidade 197-203 Conhecer e saber calcular as me-
em grupos específicos didas de mortalidade infantil, mor-
talidade por meses e por causas.
6.4. O princípio da translação: 203-210 Saber construir as tábuas de
a construção das tábuas de mortalidade e analisar o signifi-
mortalidade cado das diversas funções que
integram este instrumento de me-
dida da mortalidade geral;
214-221 Aplicar os conhecimentos adquiri-
5.º Trabalho prático resolvido
dos à resolução de alguns proble-
mas concretos.

102
A Mortalidade

A sua característica principal durante o século XX foi o seu declínio. Mas


esse declínio não se fez observar em todos os países ao mesmo tempo, e nos
países em que isso aconteceu não declinou com a mesma velocidade nos
diversos tipos de grupos que integram as estruturas sócio-demográficas.

Na realidade podemos afirmar que anteriormente à época contemporânea, a


mortalidade era bastante elevada por seis razões principais: fomes,
subnutrição, guerras, epidemias, pestes e ausência de condições sanitárias.

A identificação destes factores permitiu uma imediata explicitação das


principais causas do declínio da mortalidade:

• Factores educacionais

• Factores sanitários

• Factores médicos

• Factores económicos

• Factores sociais

Estes factores contribuíram para que a mortalidade declinasse de tal forma


que a esperança de vida mais do que duplicou. Mas esse declínio não foi
igual em todo o mundo. Daí a diversidade de situações que encontramos. A
razão dessa divergência deriva do facto de nos países desenvolvidos todos os
factores enunciados anteriormente terem concorrido para o declínio da
mortalidade, ao passo que na maior parte dos países não desenvolvidos o
declínio observado tem sido devido a factores médicos e sanitários.

A mortalidade não é democrática. Existe uma enorme desigualdade perante


a morte. Mas a evolução tem sido muito positiva, sobretudo ao nível do
declínio da mortalidade infantil.

As Taxas Brutas de Mortalidade enquanto medidas elementares


da mortalidade geral

São medidas muito elementares: consiste em dividir o total de óbitos num


determinado período (um ano) pela população média existente nesse mesmo
período.

103
A Taxa Bruta de Mortalidade é um instrumento grosseiro que isola muito
rudimentarmente os efeitos de estrutura, ou seja, não tem em conta a estrutura
etária da população. Apesar de ser rudimentar devemos ter em conta algumas
precauções: fazer coincidir a população média com a população de um
recenseamento.

Os dois factores intervenientes nas taxas brutas são o modelo e as estruturas.


A taxa bruta é a soma de produtos das estruturas relativas de cada idade
pelas taxas nessas mesmas idades. Como ao conjunto das taxas por idade se
chama o modelo do fenómeno, a taxa bruta pode ser redefinida como uma
resultante da interacção entre o modelo e a estrutura. Em linguagem de
análise demográfica temos: TBM (1990) = Σ Px(1990) * tx (1990)

As diferenças em Portugal no período 1950-90 tanto pode provir dos tx


(modelos) como dos Px (estruturas). Variações entre modelos significa a
existência de diferentes riscos de mortalidade; diferenças entre estruturas
(maior ou menos envelhecimento demográfico) são alheias à análise da
mortalidade.

Actividade : Temos duas taxas brutas de mortalidade

TBM (1950) = 102 915/8 441 315*1000 = 12,19 por mil


TBM (1990) = 103 115/9 883 400 *1000 = 10,43 por mil

Segundo estes dois resultados, tivemos em 40 anos, um declínio de apenas 14 %.

Comente este resultado e explique porque o resultado foi este.

Agora observe, os quadros n.os 4 e 5 (página 134) e comente as diferenças


observadas.

104
Observe a figura n.º 16 (página 135) e comente a forma em “U”.

A mortalidade por idades e por grupos de idades

Dividem-se os acontecimentos observados entre as idades exactas pela


população média existente entre essas mesmas idades.

A Taxa de Mortalidade Infantil Clássica

A taxa de mortalidade infantil está relacionada com os óbitos com menos de


1 ano de vida. Esta taxa é um bom indicador de saúde das populações,
conseguindo transmitir qual o nível de desenvolvimento global de uma
população.

A taxa de mortalidade infantil clássica são os

óbitos médios com menos de 1 ano (1990 + 1991/2)


* 1000 = T.M.I.C. 90 / 91
nascimentos médios (1990 + 1991/2)

Exemplo:

Portugal – 1972 e 1973


Nascimentos para 1972 - 174 685
Nascimentos para 1973 – 172 324
Óbitos com menos de 1 ano para 1973 – 7726
População a ½ do ano de 1973 com menos de 1 ano – 165 300

Taxa/quociente : 7726/165 300 X 1000 = 46, 74 0/00


Taxa de Mortalidade Infantil Clássica : 7726/172 324 X 1000 = 44, 83 0/00

Podemos classificar as causas que originaram a mortalidade infantil em duas


grandes categorias: endógenas e exógenas.

De factores exógenos, que são os meios exteriores e as condições gerais da


população (doenças infecciosas, alimentação insuficiente, cuidados
hospitalares insuficientes, acidentes diversos, etc) e de factores endógenos,
que têm a ver com as características dos próprios indivíduos (deformações

105
congénitas, traumatismos causados pelo parto, etc.). Por vezes é difícil
distinguir se foi por um factor ou por outro. Existem métodos indirectos para
saber se se deveu mais a factores exógenos ou endógenos:

Mortalidade no 1.º mês – factores endógenos


Mortalidade após o 1.º mês – os factores exógenos têm também uma
importância decisiva.

Taxa de Mortalidade Infantil Néo-Natal- (com menos de 28 dias) e Taxa


de Mortalidade Infantil Pós Néo-Natal (de 28 a 365 dias)

Em populações com níveis de mortalidade infantil baixas a mortalidade


infantil néo-natal tem maior peso do que a mortalidade infantil pós néo-
natal. Nessas populações, a mortalidade infantil néo-natal explica a quase
totalidade da mortalidade infantil (do 1.º ano de vida). A mortalidade pós
néo-natal está intimamente associada às condições de vida.

Exemplo:

Portugal – 1972 e 1973


Nascimentos para 1972 – 174 685
Nascimentos para 1973 – 172 324
Óbitos com menos de 1 ano para 1973 – 7726
Óbitos com menos de 28 dias para 1973 – 3647
Óbitos com 28-365 dias para 1973 – 4079
População a ½ do ano de 1973 com menos de 1 ano – 165 300

Taxa de Mortalidade Infantil Néo-natal: 3647/172324 X 1000 = 21,16 0/00


Taxa de Mortalidade Infantil Pós Néo-natal: 4079/172 324 X 1000 = 23, 67 0/00

Tábua de Mortalidade A Esperança de Vida

A esperança de vida à nascença (idade 0) é um indicador importantíssimo de


mortalidade.

Exemplo: Esperança de vida à nascença de 70 anos é o número médio de


anos que um indivíduo nascido num determinado momento do tempo pode

106
viver se as condições de saúde observadas nesse momento não se alterarem
ao longo do tempo.
Se as condições se alterarem, a esperança de vida não coincide com a
esperança de vida numa determinada idade ou mortalidade média.
Diz respeito a um determinado momento do tempo, mas em relação a um
futuro.
É um indicador de mortalidade global - Índice de síntese. É a partir de uma
tábua de mortalidade que se encontra a esperança de vida.
A tábua vai transformar a informação na transversal para uma informação
na longitudinal, ou seja a transformação do que se observa num determinado
momento do tempo para uma coorte fictícia.

O Princípio da Translação: a construção das tábuas de mortalidade

Se acompanharmos a tábua de mortalidade de Portugal, sexos reunidos, no


período 1980/81, as funções de uma tábua de mortalidade são as seguintes
(quadro n.º 8, página 209 do livro adoptado e anexo 4.a, 4.b e 4.c):

1. A primeira coluna é a das idades: as idades são apresentadas não sob


a forma de grupos etários mas nos terminais das idades exactas (0, 1,
5, 10, 20, 25,…);

2. a segunda coluna é a função nmx; são as taxas de mortalidade entre a


idade x e x + n

3. Na terceira coluna temos a função nqx; são os quocientes de


mortalidade, isto é, a probabilidade de morte (nqx), entre a idade
exacta x e a idade exacta x + n, onde n é a amplitude dos grupos de
idade.

4. Na quarta coluna temos a função nPx: Probabilidade de sobrevivência


entre as idades exactas x e x + n e que é igual a nPx = 1-nqx

5. Na quinta coluna temos lx: os sobreviventes em cada idade exacta x.


Para tornar possível as comparações temporais e espaciais, aplica-se
a um mesmo efectivo (normalmente a raiz da tábua l0 =100.000) a
lei da mortalidade definida pelos nqx ou de sobrevivência definida
pelos nPx. Obtém-se assim os sobreviventes em cada idade exacta x
através da seguinte relação:

6. Na sexta coluna temos ndx: é a distribuição dos óbitos (tendo em


conta o efectivo inicial de 100.000) por idades ou grupos de idades,
entre um grupo etário e outro, por idades exactas: ndx = lx-lx+n

107
7. Na sétima coluna temos nLx: é o número de anos vividos pelos sobre-
viventes lx entre as idades exactas x e x + n, ou seja entre duas idades
ou sobreviventes em anos completos. Obtém-se multiplicando os
efectivos médios entre idades exactas pelo número de anos.

8. Na oitava coluna temos Px: é a probabilidade de sobrevivência entre


dois anos completos ou entre dois grupos de anos completos.

9. Na coluna nove temos Tx: É uma função anos de vida intermédia.


Começa-se pelo fim da tábua, soma-se de baixo para cima. È o total
de anos vividos pela coorte (fictícia) depois da idade x. Como nLx é
o número de anos vividos entre as idades exactas x e x + n, para obter
o total de anos vividos basta somar os nLx.

10. A coluna dez é a esperança de vida ex : É a esperança de vida na


idade x, ou seja o número médio de anos que resta viver às pessoas
que atingiram a idade x. Quando x = 0, temos a esperança de vida à
nascença, ou seja, o número total de anos vividos desde o nascimento,
dividido pelo efectivo inicial

T0 Tx
e0 = , ou seja, ex =
10 1x

Vamos agora construir uma tábua de mortalidade:

O ponto de partida de uma tábua de mortalidade é o cálculo das taxas de


mortalidade por grupos etários e sexos separados.

É necessária a informação sobre óbitos por grupos etários, efectivos por sexos
separados.

1.º Calcula-se as taxas de mortalidade por grupos de idade (nTx)


mantendo 5 casas decimais - é o ponto de partida da tábua de
mortalidade.

2.º nqx. Quocientes de mortalidade, isto é, a probabilidade de morte (nqx),


entre a idade exacta x e a idade exacta x+n; no seu cálculo utiliza-se
a seguinte fórmula:

2n * nTx
nqx =
2 + n * nTx

onde n é a amplitude dos grupos de idade.

108
Exemplos:

óbitos − 1ano 90/91


1q0 = T.M.I.C. =
nascimentos 90/91

O 1q0 é a verdadeira Taxa de Mortalidade Infantil.

2 * 4 * 0.00092
4q1 =
2 + 4 * 0.00092

Isto, se a taxa de mortalidade do grupo etário 1- 4 for 206(204 + 208/2)/


223244 (população do censo de 91) = 0.00092.

2 * 5 * 0.00048 0.0048
5q5 = = = 0.0024
2 + 5 * 0.00048 2.0024

Isto, se a taxa de mortalidade do grupo etário 5 - 10 (5T5) for 0.00048


No caso do último grupo de idades, nqx é igual à unidade, uma vez que todas
as pessoas terão necessariamente que desaparecer.

3.º nPx

Probabilidade de sobrevivência entre as idades exactas x e x + n e que é


igual a nPx = 1-nqx
No caso do último grupo de idades, nPx é igual a 0, visto que ninguém irá
sobreviver.

4º lx

Sobreviventes em cada idade exacta x. Para tornar possível as comparações


temporais e espaciais, aplica-se a um mesmo efectivo (normalmente a raiz
da tábua l0 = 100000) a lei da mortalidade definida pelos nqx ou de
sobrevivência definida pelos nPx.

Obtém-se assim os sobreviventes em cada idade exacta x através da seguinte


relação:

lx + n=1x*nPx
l0 = 100000
4l1 = lx + n = lx*nPx

109
5º ndx

É a distribuição dos óbitos (tendo em conta o efectivo inicial de 100000) por


idades ou grupos de idades, entre um grupo etário e outro, por idades exactas:
ndx=lx-lx+n

6.º nLx

É o número de anos vividos pelos sobreviventes lx entre as idades exactas x


e x+n, ou seja entre duas idades ou sobreviventes em anos completos. Obtém-
se multiplicando os efectivos médios entre idades exactas pelo número de
anos.

Exemplo:

Se tivermos 20 alunos no inicio do ano lectivo e no final do ano, os


mesmos 20 alunos, viveram-se 20 anos:

(20 (partida) + 20 (chegada))


* 1 = 20
2
Se forem 5 anos, foram vividos 100 anos.
Se partirem 20 e chegarem 10, ao fim de um ano = 20 + 10/2=15*1 = 15

Ao nível dos primeiros anos de vida não se verifica a linearidade da função


de sobrevivência, obtendo-se uma aproximação mais exacta através das
seguintes expressões:

1L0=K’’ l0 + K’ l1
4L1=K’’ l1 + K’ l5 , onde K’’= 0.05 e K’= 0.95
2
Para as restantes idades, exceptuando a 1.ª e a 2.ª (0-1 e 1-4), se eu
tenho L5 e L10 e se quero saber o n.º médio de anos vividos calculo

nLx =
(lx + lx + n ) * n (amplitude)
2

Os diversos nLx ao serem considerados como o número de anos vividos


pelos sobreviventes entre as idades x e x + n, podem também ser considerados
como os sobreviventes em anos completos.

Quanto ao último nLx (l80 + ) obtém-se através da seguinte expressão:

Lk + = Tk, L80+ = l80/T80 +

110
7.º Px

É a probabilidade de sobrevivência entre dois anos completos ou entre dois


grupos de anos completos:

nLx + n
Px =
nLx

No primeiro grupo de idade teremos

5L0 1L0 + 4L1


Pb =
5 *10 5 *100000

5L5
5P5 =
1L0 + 4L1
O último não se calcula e o penúltimo (75-79) = T80 + / T75

8º Tx

É uma função anos de vida intermédia. Começa-se pelo fim da tábua, soma-
se de baixo para cima.

È o total de anos vividos pela coorte (fictícia) depois da idade x. Como nLx
é o número de anos vividos entre as idades exactas x e x+n, para obter o total
de anos vividos basta somar os nLx.

Assim temos

w
Tx = ∑ nLx O último Tx (ou Tk), que é igual a Lk+, obtém-se através
x
da seguinte expressão:

lk
Tk = onde mk + é a taxa de mortalidade do último grupo de idades
mk +

9º ex

É a esperança de vida na idade x, ou seja o número médio de anos que resta


viver às pessoas que atingiram a idade x. Quando x = 0, temos a esperança

111
de vida à nascença, ou seja, o número total de anos vividos desde o
nascimento, dividido pelo efectivo inicial

T0 Tx
e0 = , ou seja, ex =
10 1x

Obtém-se assim o número médio de anos vividos desde o nascimento.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Observe os seguintes dados para Portugal:

Grupos de Óbitos Óbitos Grupos de População População


idades 1949/52 1959/62 idades 1950 1960
1 19277 18106 1 174855 187739
1-4 9426 5956 1-4 714859 713671
5-9 1528 1012 5-9 798678 851145
10-14 928 599 10-14 799693 839400
15-19 1551 691 15-19 810964 747225
20-24 2279 920 20-24 761703 705209
25-29 2256 1102 25-29 681256 673194
30-34 1905 1324 30-34 541099 637452
35-39 2301 1593 35-39 567333 591184
40-44 2721 1734 40-44 524737 499411
45-49 3148 2585 45-49 460041 510724
50-54 3628 3584 50-54 390566 481429
55-59 4412 4649 55-59 331777 409026
60-64 5985 5984 60-64 294239 334019
65-69 7408 7949 65-69 229976 264150
70 + 34162 40056 70 + 359539 444419
Total 102915 97844 Total 8 441315 8889397

Nota: 1949/52: Nascimentos 1949 =208712, Nascimentos 1952= 205163


1959/62: Nascimentos 1959 =213062, Nascimentos 1962= 213895

112
a) Aprecie a evolução da mortalidade através das TBM no período
1950-1960.
b) Calcule a taxa de mortalidade infantil em 1950 e 1960.

2. Observe o quadro n.º 8 (página 209).

a) Interprete a tábua de mortalidade


b) Descreve as seguintes colunas: nqx, lx, nPx
c) Comente a esperança de vida ex

Indicações bibliográficas

O progresso das nações.


1994 New York , UNICEF , 54 p.

CARRILHO, Maria José


1980 Tábuas abreviadas de mortalidade, 1941-1975, Lisboa , Instituto
Nacional de Estatística , 1980 , 124 p. (Estudos; 56).

MICHALOWSKI, Margaret
1990 Mortality patterns of immigrants. Can they measure the adaptation,
Ottawa (Canada) , Ed. A., 22, 9 p.

PINTO, Maria Luís Rocha


1993 Crises de mortalidade e dinâmica populacional nos séculos XVIII
e XIX na Região de Castelo Branco. Anexos , Lisboa , s. n., v. 1 e v.
2.

RODRIGUES, Teresa Maria Ferreira


1993 Lisboa no século XIX. Dinâmica populacional e crises de morta-
lidade. Anexos , Lisboa , Faculdade Ciencias S. Humanas da U.N.L.

113
VII. Instrumentos de Análise da Natalidade, Fecundidade
e da Nupcialidade
Objectivos do capítulo

1. Conhecer a lógica do cálculo das taxas Brutas de Natalidade, enquanto


medidas elementares de análise;

2. Conhecer as precauções a ter em conta no cálculo das taxas brutas de


natalidade, bem como as limitações deste instrumento de medida;

3. Aplicar o conceito de taxa às Taxas de Fecundidade Geral;

4. Conhecer alguns tipos particulares de fecundidade;

5. Saber aplicar as principais técnicas de análise da fecundidade: a


Descendência Média, a Taxa Bruta de Reprodução, a Idade Média de
Fecundidade e a variância;

6. Saber aplicar as técnicas de análise da nupcialidade;

7. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas


concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Definir os conceitos de Natalidade, Fecundidade, Fertilidade;

• Relatar a recente evolução dos nados-vivos e dos níveis globais de


natalidade e de fecundidade em Portugal e calcular os respectivos
indicadores;

• Determinar os níveis de procriação através do cálculo do Índice


Sintético de Fecundidade e da Taxa Bruta de Reprodução;

• Interpretar as relações entre níveis de fecundidade e idades.

117
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo VII, páginas 222-252

Conteúdos Pág. Objectivos

7.1. As Taxas Brutas enquanto medidas 223-229 Conhecer a lógica do cálculo das
elementares de análise da natalidade e taxas Brutas de Natalidade,
da fecundidade enquanto medidas elementares
de análise;
Conhecer as precauções a ter em
conta no cálculo das taxas brutas
de natalidade, bem como as
limitações deste instrumento de
medida;
Aplicar o conceito de taxa às
Taxas de Fecundidade Geral

7.2. Tipos particulares de natalidade e 229-231 Conhecer alguns tipos


fecundidade particulares de fecundidade

7.4. O princípio da translação 237-238 Saber aplicar as principais


técnicas de análise da fecundi-
dade: a Descendência Média, a
Taxa Bruta de Reprodução, a
Idade Média de Fecundidade e a
variância

7.5. Análise da nupcialidade e do 238-241 Saber aplicar as técnicas de


divórcio: as taxas brutas enquanto análise da nupcialidade;
medidas elementares de análise

246-252 Aplicar os conhecimentos


6º Trabalho prático resolvido adquiridos à resolução de alguns
problemas concretos.

118
A Natalidade/fecundidade

Tal como acontece com a mortalidade, a característica principal da natalidade


no século XX é o seu declínio, declínio esse que é em geral posterior ao da
mortalidade. Em muitos países não desenvolvidos esse declínio ainda não
ocorreu ou está ainda no início do processo.

Nos países não desenvolvidos, o declínio, quando já ocorreu, é relativamente


recente. A África, no conjunto do continente, tem os níveis mais elevados o
que nos indica que na maior parte dos países africanos o declínio da natalidade
ainda não ocorreu.

Ao observarmos as diferenças entre as regiões, facilmente nos damos conta


de que existe uma grande diversidade de situações; nos restantes continentes,
além de valores globais bastante mais baixos, as diferenças deixam de ser
tão acentuadas.

Como consequência, desenvolveram-se estudos para procurar as causas do


declínio da natalidade. Mas a procura dessas causas não é tão simples como
no caso da mortalidade. Se nesta última podemos encontrar uma variável
global - as condições gerais de saúde - com diferentes variáveis específicas,
o mesmo não acontece com a natalidade, onde existem vários factores bastante
diferenciados responsáveis pela sua evolução: factores biológicos, relações
sexuais, leis e costumes, divórcio, viuvez e abstinência, contracepção e aborto,
factores económicos, factores sociais, factores culturais, urbanismo e
escolaridade.

A fecundidade não é alheia ao meio. Existem determinantes directos e


indirectos que influem na fecundidade. A educação/escolaridade é um
determinante indirecto da fecundidade enquanto que os métodos
contraceptivos são determinantes directos.

Taxa bruta de natalidade

Exemplo:

Nascimentos População total: 9 862 540

1990 1991
116 383 116 415

(116383 + 116415)
T.B.N. = *1000 = 11,8‰ em 1990/91
9862540
nascimentos
TBN = *1000
população total (média)

119
Actividade: Temos duas taxas brutas de natalidade

TBN (País A- desenvolvido) = 778 526/61 283 600 *1000= 12,70 por mil

TBM (País B- não desenvolvido) = 54 043/1 428 082 *1000= 37,84 por mil

Segundo estes dois resultados, poderíamos dizer que a diferença de nível


entre os dois países seria de 198 %. Comente este resultado e explique porque
o resultado foi este.

Taxa de fecundidade geral

Relaciona-se com a parcela da população de mulheres dos 15 aos 49 anos:

Exemplo:

Nascimentos População feminina dos 15-49: 2 479 494

1990 1991

116 383 116 415

116383 + 116415/2
TFG = *1000 = 46,9‰ em 1990/91
2479494

nascimentos
ou seja, T.F.G. = *1000
mulheres 15 − 59

Apesar da Taxa Bruta de Natalidade e a Taxa de Fecundidade Geral serem


ambas índices rudimentares, devemos ter sempre em conta as mesmas
precauções que tivemos no cálculo da Taxa Bruta de Natalidade: sempre que
possível fazer coincidir a população média com o recenseamento e calcular
as taxas em números pares de anos.

120
Actividade:

TFG (País A - desenvolvido) = 778 526/14 309 800 *1000 = 54,41 por mil

TFG (País B - não desenvolvido) = 54 043/319 084 *1000 = 169,37 por mil

Segundo estes dois resultados, poderíamos dizer que a diferença de nível


entre os dois países seria de 211% em vez de 198%. Compare as diferenças
de nível entre os dois países e entre os dois tipos de taxas.

Se utilizarmos a TBN estamos a subestimar a diferença em 13%. A que se


deve esta diferença?

Agora observe, os quadros n.os 12 e 13 (páginas 165 e 166 do livro adoptado)


e comente as diferenças observadas.

Observe as figuras n.os 25 e 26 (página 167 do livro adoptado) e comente a


forma dos gráficos em “chapéu”.

A taxa de fecundidade geral como resultante da interacção entre o modelo


do fenómeno e a estrutura por idades.

Podemos decompor a T.F.G. nos seus elementos constitutivos. Podemos


redefini-la como sendo uma soma dos produtos das estruturas relativas, em
cada idade (ou grupos de idades), do período fértil das mulheres, pelas taxas
nessas mesmas idades (ou grupos de idades). A T.F.G. pode ser assim
redefinida como resultante da interacção entre estrutura e modelo:

Exemplo:

Grupos de idade tx * 1000 Px Px * tx

15-19 140.3 0.1387 19.46


20-24 277.6 0.1694 47.03
25-29 253.2 0.1490 37.73
30-34 182.8 0.1372 25.08
35-39 119.8 0.1371 16.42
40-44 45.6 0.1358 6.19
45-49 8.7 0.1329 1.16
Total - 1.0001 153.07 = T.F.G.

Nota: Px é o modo como as mulheres estão distribuídas por grupos de idades.


tx são os modelos e Px as estruturas.

121
Quer calculando a T.F.G. pelo processo mais simples, quer por esta forma
mais complexa, o resultado é o mesmo.

Índice sintético de fecundidade

Taxa de Fecundidade Geral * 5 anos = Índice Sintético de Fecundidade


ou seja, T.F.G. *5 = I.S.F.
1.º Calcula-se a média dos nascimentos (t0+t1/2), em cada um dos
grupos etários
2.º Dividem-se pela população feminina em cada um dos grupos
etários
3.º Multiplica-se o somatório das T.F.G. por grupos de idades por 5
que corresponde à amplitude de cada grupo etário
Se o I.S.F. for 3 significa que, se as mulheres que entrarem no período
fértil adoptarem os comportamentos que existiam em t0/t1 terão 3 filhos.

Taxa bruta de reprodução e Taxa líquida de reprodução


A Taxa Bruta de reprodução é o número médio de filhas:

Taxa Bruta de Reprodução (TBR) = I.S.F. * 0.488

A Taxa líquida de reprodução entra em conta com a mortalidade, ou seja se


multiplicarmos as taxas de fecundidade geral pelas probabilidades de
sobrevivência e procedermos da mesma forma que procedemos para calcular
a T.B.R., obtemos a Taxa Líquida de Reprodução:

T.L.R. = Σ (T.F.G * npx)* 5*0.488

Idade média de fecundidade

Grupos de idade: 15-19 15 + 19/2 = 17.5 * Taxa


…. ….
45-49 45 + 49/2 = 47.5 * Taxa
Σ = IMF
IMF= Σ (Pontos médios * ntx)/ Σntx

122
Actividade:
Observe os quadros n.º 9, 10, 11 e 12 (páginas 225 e 228 do livro adoptado).
Comente e compare as Taxas obtidas no país A e país B.

Nupcialidade e Divórcio: medidas elementares de análise

A nupcialidade não é uma variável microdemográfica autêntica na medida


em que o seu aumento ou a sua diminuição não afectam directamente a
dinâmica populacional. Esta variável intervém na dinâmica populacional
indirectamente através da fecundidade, se bem que, neste princípio de milénio,
é cada vez mais forte a tendência para a separação entre os comportamentos
da nupcialidade e da fecundidade. O processo mais simples que existe para
medirmos o nível da nupcialidade consiste em dividir o total de casamentos
observados pela população média.

Taxa bruta de nupcialidade

Exemplo:

Casamentos: 72330 População total média: 9 675 573

T.B.Nup. = 72330/9675573 * 1000 = 7,48 %0

Outras Taxas de Nupcialidade:

• Taxa de Nupcialidade geral: casamentos/pop. com + 15 anos * 1000

• Taxa de Nupcialidade geral dos solteiros: casamentos/pop. Solteira


com + 15 anos * 1000

• Taxa de Nupcialidade por idades ou grupos de idades e sexos:


exemplo: casamentos H (25-29 anos) / população H (25-29 anos)*
1000

• Taxa de Nupcialidade por ordem: casamento de ordem 1/ solteiros


com + 15 anos * 1000 ou, casamentos solteiros com 20-24 anos/
solteiros com 20-24 anos * 1000

• Taxa de segundos casamentos: casamentos de ordem 2/ viúvos


divorciados * 1000

• Taxa Bruta de Divórcio: Divórcios/ população * 1000

• Taxa Bruta de Viuvez: Viúvos / população * 1000

123
Actividades propostas e questões para revisão

1. Defina os conceitos de Natalidade e de Fecundidade

2. Com base nos dados quadro seguinte relativos à população a meio do


ano de 1991 e aos nados vivos de 1991, calcule:
Idade das mães População Feminina Nascimentos
15-19 12888 102
20-24 19392 1099
25-29 22465 2695
30-34 22367 2047
35-39 16802 654
40-44 10904 61
45-49 5954 3
Total 110772 6662

a) A Taxa de Fecundidade Geral. Interprete.

b) As taxas de fecundidade por grupos de idade. Interprete os dados.

c) O Índice Sintético de Fecundidade e a Taxa Bruta de Reprodução.


Interprete cada um dos resultados

3. Observe os dados respeitantes à População Francesa em 1960:

Idade das mães População Feminina Nascimentos npx


15-19 1 700 913 37 366 0,92015
20-24 1 339 837 225 183 0,91715
25-29 1 492 444 268 780 0,91291
30-34 1 633 472 175 269 0,90786
35-39 1 636 435 87 394 0,90190
40-44 1 421 557 26 719 0,89470
45-49 1 132 994 1 344 0,88487
Total 10 357 652 822 055

População total média: 46 997 703

124
a) Calcule a Taxa Bruta de Natalidade

b) Calcule a Taxa de Fecundidade Geral

c) Calcule as Taxas de Fecundidade Geral por Grupos de Idades

d) Calcule o Índice Sintético de Fecundidade e a Taxa Bruta de Repro-


dução. Interprete os resultados obtidos

e) Calcule a Idade Média de Fecundidade.

Indicações bibliográficas

INE
1980 Inquérito Português à Fecundidade. Relatório principal, vol. I e
sumário dos resultados, INE, Centro de Estudos Demográficos, Lis-
boa, Julho de 1980.

MENDES, Maria Filomena Ferreira


1992 Análise Demográfica do declínio da fecundidade da população por-
tuguesa na década de 80. Dissertação de doutoramento, vol. I, Uni-
versidade de Évora, Évora, 1992.

NAZARETH, J. Manuel
1977 Análise regional do declínio da fecundidade da população portu-
guesa (1930-70), Análise Social, volume XXIII (52), 4.º, Lisboa.

125
VIII. Instrumentos de Análise dos Movimentos Migratórios
Objectivos do capítulo

1. Identificar a especificidade dos movimentos migratórios enquanto


elemento fundamental da dinâmica de crescimento das sociedades
contemporâneas;

2. Conhecer e aplicar os métodos directos de análise dos movimentos


migratórios;

3. Conhecer e aplicar os métodos indirectos de análise dos movimentos


migratórios;

4. Aplicar os conhecimentos adquiridos à resolução de alguns problemas


concretos.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar esta unidade o aluno deve ser capaz de:

• Definir migrantes e migrações;

• Distinguir emigrantes de imigrantes e os diferentes tipos de migrações;

• Calcular e interpretar algumas medidas frequentes sobre fluxos


populacionais;

• Determinar a composição da população migrante segundo vários


atributos.

129
Conteúdos programáticos e clarificação de tópicos mais complexos

Leia o capítulo do livro recomendado. Capítulo VIII, páginas 253-267

Conteúdos Pág. Objectivos

8.1. Os métodos directos de análise 255-257 Identificar a especificidade dos


dos movimentos migratórios movimentos migratórios en-
quanto elemento fundamental da
dinâmica de crescimento das
sociedades contemporâneas;
Conhecer e aplicar os métodos
directos de análise dos
movimentos migratórios

8.2. Os métodos indirectos de análise 257-260 Conhecer e aplicar os métodos


dos movimentos migratórios indirectos de análise dos movi-
mentos migratórios;
7º Trabalho prático resolvido 262-267
Aplicar os conhecimentos adqui-
ridos à resolução de alguns pró-
blemas concretos.

130
Os Movimentos Migratórios

Até ao presente analisámos as duas variáveis micro demográficas responsáveis


pelo movimento natural da população. Os movimentos migratórios são de
natureza diferente.

Em primeiro lugar, abrangem três situações distintas: a emigração, a imigração


e as migrações internas.

Em segundo lugar, as suas variações no tempo e no espaço dependem de


factores sócio-económicos complexos internos e externos.

Os movimentos migratórios não respeitam tendências, é difícil de controlar.

Se a população só evoluísse com os que nascem e os que morrem, a evolução


seria mais lenta. O saldo natural ou dinâmica natural, é um indicador da taxa
de crescimento que só entra em consideração com estas duas variáveis.

A Dinâmica populacional

Considerando também os movimentos migratórios, temos a dinâmica total


(dinâmica natural + dinâmica migratória), e a taxa de crescimento anual médio
total/global.

As taxas de crescimento

Taxa de Crescimento Anual Média = Taxa de crescimento Anual Médio


Natural (saldo natural) + Taxa de crescimento Anual Médio Migratória (saldo
migratório)

O saldo migratório é a diferença entre as saídas – emigração e as entradas –


imigração. Se a diferença for de 0, pode significar que saiu muita gente, mas
também entrou muita gente.

Pn
Taxa de crescimento anual médio total = log = n log (1 + a)
P0

P0 + N - O
Taxa de crescimento anual médio natural = log = n log (1 + a)
P0

131
Se for 1 década n = 10.

Multiplicamos a por 100 e lê-se “ Por ano a população se apenas tivesse sido
fruto nessa década desta situação, teria aumentado ou diminuído x.”

• Taxa de crescimento migratório (Imigração - Emigração):

P0 + I - E
log nlog(1 + a)
P0

• Taxa de crescimento anual médio total = Taxa de crescimento anual


médio natural + Taxa de crescimento migratório

• Taxa de crescimento anual médio total – Taxa de crescimento anual


médio natural = Taxa de crescimento migratório

Os Métodos directos de análise dos movimentos migratórios

São os que utilizam directamente os dados disponíveis. São as taxas brutas.

Taxa Bruta de Emigração = Emigrantes/ população * 1000


Taxa Bruta de Imigração = Imigrantes/ população * 1000
Taxa Bruta Migração Total= (Emigrantes + Imigrantes)/ população * 1000

O problema do estudo dos movimentos migratórios são os dados estatísticos


que são muito incompletos. A informação que existe ao nível das migrações
internas são muito pobres e há falta de registos oficiais. Por vezes recorre-se
a métodos indirectos (por exemplo através dos recenseamentos eleitorais).
Ao nível interno, existem muitas assimetrias num mesmo espaço, e dicotomias
entre os meios (rural/urbano). As pessoas não se deslocam ao acaso: procuram
trabalho num espaço específico.

O nível das migrações externas, por exemplo na década de 80, 50 % dos


emigrantes eram clandestinos. Há falta de um maior controlo legal e muita
gente escapa a esse controlo. Por vezes existe um choque de povos e culturas.
Na década de 90 o governo português restringiu a imigração.

132
Os métodos indirectos de análise dos movimentos migratórios

Os métodos indirectos, servem para estimar a intensidade e a direcção dos


movimentos migratórios que não são possíveis medir directamente. O mais
conhecido trata-se do método da equação de concordância.

A equação de concordância

Vejamos a lógica deste instrumento de análise:

Px + n= Px+ N- O + I –E

Px+n = Px + Crescimento Natural + Crescimento Migratório

Px+n- Px=N-O+I-E

Exemplo:

Px = 276 895
Px+n =205 197
Px+n- Px=71698
N 60/70= 41 053
O 60/70= 25 760
N 60/70 – O 60/70 = + 15 293
Saldos Migratórios = - 86 991
Emigrantes Oficiais = 9 009
Imigrantes Oficiais = 18
I-E Oficiais = - 8 991

P1 = P0 + (N-O) + (I-E), onde (N-O) é o saldo natural e (I-E) o saldo


migratório.

(P1 - P0) - (N-O) = (I-E) = Saldo migratório total

Se (P1 - P0) - (N-O) = (I-E) = - 300, significa que nesta década saíram a
mais do que entraram 300 indivíduos.

133
Para ver qual é o saldo migratório anual, põe-se no denominador a população
a meio de P0 e P1.

A Taxa Bruta de Migração Total liquida aplica-se a uma região: 5/(500 + 600
/2)*1000 = 9

Em termos nacionais, de um país inteiro temos a Taxa Bruta de Migração


Externa Líquida.

Actividades propostas e questões para revisão

1. Num determinado país desenvolvido a população no período 60 /70


passou de 56 180 000 para 60 650 599 habitantes. Houve no período
1961-70, 8 936 332 nascimentos, 6 226 565 óbitos, 316 950
emigrantes e 2 043 882 imigrantes. Calcule a Equação de
Concordância.

Indicações bibliográficas

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134
Glossário
Acontecimento: Facto que se refere a um indivíduo pelo parto, etc). Por vezes é difícil distinguir se foi
e afectando directamente a estrutura das populações por um factor ou por outro. Existem métodos
e a sua evolução. Os nascimentos, casamentos, indirectos para saber se se deveu mais a factores
divórcios, óbitos e migrações são reconhecidos exógenos ou endógenos: Mortalidade no 1º mês -
claramente como acontecimentos demográficos. factores endógenos; Mortalidade após o 1º mês - os
factores exógenos têm também uma importância
Acontecimentos não renováveis: Acontecimento decisiva.
que não é vivido mais do que uma vez pelo mesmo
indivíduo da coorte, como por exemplo, a morte, um Coortes: Conjunto de indivíduos submetidos ao
primeiro casamento. mesmo acontecimento de origem durante um mesmo
período de tempo. Uma geração é uma coorte de
Acontecimentos renováveis: Acontecimento nascimentos, conjunto de pessoas que nasceram no
susceptível de ser vivido mais do que uma vez pelo mesmo período. Uma coorte de casamentos é uma
mesmo indivíduo de uma coorte, como um “promoção”.
nascimento para uma mulher, uma migração para um
membro de uma determinada geração. Densidade populacional: A distribuição geográfica
pode ser avaliada pelo conhecimento de densidade
Análise Longitudinal: Se tivermos uma coorte, de população, isto é, o número de habitantes por Km2
acompanha-se durante um longo período, apanhando (Hab/Km2). Este valor, porém, tomado em relação
vários momentos do tempo. Significa observar os ao total da área estudada, pode não traduzir a
acontecimentos ao longo da vida dos indivíduos, o verdadeira distribuição da população, pois esta
que envolve necessariamente vários anos de encontra-se mais aglomerada em certas zonas e mais
calendário. dispersa noutras. Esta situação é traduzida pelo
coeficiente de localização. A Densidade é a
Análise Transversal: Análise aplicada a
População por quilómetros quadrados (KM 2).
manifestações de um fenómeno durante um dado
Calcula-se: nº de habitantes / Km2.
período, geralmente o ano civil. Caracteriza-se um
momento do tempo que contém múltiplas coortes. A Diagrama de Lexis: É um suporte gráfico que
análise transversal permite transformar a informação permite estabelecer uma correspondência entre datas
de acontecimentos em fenómenos. Por exemplo: taxa de observação e as antiguidades das coortes nessas
“x” = acontecimentos/população média datas. Permite repartir os acontecimentos
(pop.1+pop.2/2)*100 demográficos por anos de observação e geração e
permite visualizar os acontecimentos e os efectivos.
Anos completos: Uma criança que tem 3 anos e 6 Este diagrama constitui-se do seguinte modo: eixo
meses tem 3 anos completos, o que significa estar das idades: em ordenada; eixo do tempo (anos de
entre 3 e 4 anos exactos. observação): em abcissa; eixo das gerações (linhas
Categorias Endógenas e exógenas: podemos de vida): em diagonal; superfícies (quadrados e
classificar as causas que originaram a mortalidade triângulos): onde devem ser inscritos os
infantil em duas grandes categorias: Endógenas e acontecimentos; linhas: onde devem ser ins-
Exógenas. De factores exógenos, que são os meios critos os efectivos observados num dado momento;
exteriores e as condições gerais da população momentos de observação (instantânea, contínua,
(doenças infecciosas, alimentação insuficiente, retrospectiva) no cruzamento dos três.
cuidados hospitalares insuficientes, acidentes Dinâmica populacional: Considerando também os
diversos, etc) e de factores endógenos, que têm a ver movimentos migratórios, temos a dinâmica total
com as características dos próprios indivíduos (dinâmica natural + dinâmica migratória), e a taxa
(deformações congénitas, traumatismos causados de crescimento anual médio total/global.

137
Efectivos : Número de indivíduos que fazem parte migração existem acima de tudo por questões legais:
de um mesmo acontecimento. Os efectivos de uma a produção de certificados de nascimento e de óbito,
população são o número de indivíduos que compõem passaportes, cartões de identidade, certificados de
essa população. Esses efectivos são identificados nos autorização de trabalho, autorização de residência e
recenseamentos. de cidadania, etc.

Emigração: Significa a saída de uma pessoa de um Estruturas: Os dois factores intervenientes nas taxas
território para o seu exterior. brutas são o modelo e as estruturas. A taxa bruta é a
soma de produtos das estruturas relativas de cada
Esperança de vida à nascença: A esperança de vida idade pelas taxas nessas mesmas idades. Como ao
à nascença (idade 0) é um indicador importantíssimo conjunto das taxas por idade se chama o modelo do
de mortalidade. Exemplo: Esperança de vida à fenómeno, a taxa bruta pode ser redefinida como uma
nascença de 70 anos é o número médio de anos que resultante da interacção entre o modelo e a estrutura.
um indivíduo nascido num determinado momento Em linguagem de análise demográfica temos: TBM
do tempo pode viver se as condições de saúde (1990) = SPx(1990) * tx (1990). As diferenças em
observadas nesse momento não se alterarem ao longo Portugal no período 1950-90 tanto pode provir dos
do tempo. Se as condições se alterarem, a esperança tx (modelos) como dos Px (estruturas). Variações
de vida não coincide com a esperança de vida numa entre modelos significa a existência de diferentes
determinada idade ou mortalidade média. Diz riscos de mortalidade; diferenças entre estruturas
respeito a um determinado momento do tempo, mas (maior ou menos envelhecimento demográfico) são
em relação a um futuro. É um indicador de alheias à análise da mortalidade.
mortalidade global – Índice de síntese. É a partir de
uma tábua de mortalidade que se encontra a Explosão demográfica: preocupação com o
esperança de vida. “excessivo número de habitantes”. Em dois
momentos anteriores à época contemporânea,
Esperança de vida na idade x: Segundo a tábua de acreditou-se que o “mundo estava cheio” e que não
mortalidade é o número médio de anos restantes de havia lugar para tanta gente à superfície da terra.
vida para uma pessoa que atinge a idade x. Quais são as características diferentes que este
Estado perturbado: Fenómeno que interfere nas fenómeno apresenta nos dias de hoje ? A primeira
manifestações de um outro fenómeno, objecto grande diferença reside no facto de, globalmente, a
principal de estudo. Combina as variáveis, humanidade nos aparecer no século XX dividida em
mortalidade, migrações. dois blocos: o dos países em desenvolvimento onde
se concentra 80 % da população mundial, com um
Estado puro: Só o acontecimento aliado do resto. crescimento anual médio que chega quase aos 2 %,
Por exemplo, só a mortalidade, isolada dos outros uma mortalidade infantil elevada, elevadas
fenómenos. percentagens de jovens, baixas percentagens de
idosos, e um PNB per capita que raramente ultrapassa
Estatísticas demográficas de Estado Civil : São o os 1000 dólares. No bloco dos países desenvolvidos
conjunto de informações sobre os nascimentos, temos 20 % da população mundial, um crescimento
óbitos, casamentos, divórcios e separações judiciais, natural praticamente igual a zero, uma mortalidade
saídas ou entradas, ocorridas num território durante infantil reduzida, baixas percentagens de jovens,
um determinado período (normalmente um ano), elevadas percentagens de idosos e um PNB per capita
baseadas nos boletins de registo civil desses que é quase vinte vezes superior.
acontecimentos, com detalhes sobre a sua repartição
por unidade administrativa e segundo um número Fecundidade: fenómeno relacionado com os
mais ou menos vasto de características (sexo, idade, nascimentos vivos considerados do ponto de vista
etc.). O sistema de registos vitais e os controles de da mulher ou do casal.

138
Fecundidade natural: manifestação da fecun-didade atracção exercidos respectivamente pelas zonas de
no casamento na ausência de contracepção e de partida e de chegada do migrante e a distância que
aborto provocado. separa estas duas zonas.
O objectivo teórico das políticas demográficas
Fenómenos: Aparecimento de acontecimentos de
consiste em actuar sobre os modelos (ou sobre os
uma dada categoria. Assim, ao acontecimento óbitos,
efectivos) tendo em conta determinados objectivos
corresponde o fenómeno mortalidade, aos
económicos e sociais.
casamentos a nupcialidade, aos nascimentos a
natalidade e a fecundidade, às mudanças de Mortalidade infantil: mortalidade das crianças de
residência a migração. menos de um ano.
Fertilidade: aptidão para procriar. O seu contrário é
Mortalidade no 1.º mês - factores endógenos:
a esterilidade.
mortalidade que se deve a circunstâncias do parto,
Geração: coorte particular constituída pelo conjunto defeitos de constituição interna e envelhecimento do
das pessoas nascidas durante um dado período, organismo. No caso da mortalidade exógena, esta
geralmente um ano civil. deve-se sobretudo a factores do meio exterior.

Idade exacta: Idade determinada calculando a Mortalidade: fenómeno relacionado com os óbitos
diferença entre a data onde é calculada e a data de (acontecimento).
nascimento do indivíduo. Um indivíduo nas- n = log 2/log (1+a)
cido no dia 1 de Junho de 1923, terá no dia 1 de
Novembro de 1978, 55 anos e 5 meses. Nascimento: Acontecimento relacionado com a
natalidade.
Idade média de fecundidade: Idade média das mães
aquando dos nascimentos vivos segundo uma tábua Natalidade: fenómeno relacionado com os
de fecundidade geral, o que significa, na ausência nascimentos.
de mortalidade.
Nupcialidade: fenómeno relacionado com os
IMF = Σ (Pontos médios * ntx)/ Σntx casamentos. A nupcialidade não é uma variável
microdemográfica autêntica na medida em que o seu
Índice sintético de fecundidade: Soma das taxas
aumento ou a sua diminuição não afectam
de fecundidade geral por idade durante um período.
directamente a dinâmica populacional. Esta variável
Índice sintético de fecundidade:
intervém na dinâmica populacional indirectamente
T.F.G. *5 = I.S.F.
através da fecundidade, se bem que, neste princípio
1.º Calcula-se a média dos nascimentos (t0+t1/2), de milénio, é cada vez mais forte a tendência para a
em cada um dos grupos etários, 2.º dividem-se pela separação entre os comportamentos da nupcialidade
população feminina em cada um dos grupos etários, e da fecundidade. O processo mais simples que existe
3.º multiplica-se o somatório das T.F.G. por grupos para medirmos o nível da nupcialidade consiste em
de idades por 5 que corresponde à amplitude de cada dividir o total de casamentos observados pela
grupo etário. Se o I.S.F. for 3 significa que, se as população média.
mulheres que entrarem noperíodo fértil adoptarem
os comportamentos que existiam em t0/t1 terão 3 Pirâmide de idades: Duplo histograma que dá uma
filhos. representação da população pelo sexo e as idades.

Migrações: significa a deslocação de pessoas e de População estacionária: população estável com taxa
mobilidade de indivíduos. Modelo de Dupâquier. de crescimento nulo.

Modelos: construção que pretende representar os Princípio da Translação: a construção das tábuas
fenómenos demográficos. As tábuas tipo de de mortalidade. Este princípio serve para designar

139
os modelos e fórmulas permitindo estabelecer as Taxa Bruta de Reprodução: Descendência final,
relações entre medidas longitudinais e medidas reduzida às raparigas, numa geração feminina
transversais dos fenómenos. denotada R. É a relação entre os efectivos à nascença
do sexo feminino saídas de uma geração feminina.
Projecção demográfica: perspectiva demográ- Taxa Bruta de reprodução : é o número médio de
fica onde a ideia de previsão está geralmente ausente. filhas: T.B.R. = I.S.F. * 0.488

Recenseamento: Conjunto das operações que Taxa de Crescimento Anual Média: Taxa de
permitem conhecer o efectivo da população de um crescimento Anual Médio Natural (saldo natural) +
território num determinado momento, com os Taxa de crescimento Anual Médio Migratória (saldo
detalhes sobre a repartição dessa população por migratório). O saldo migratório é a diferença entre
unidade administrativa e segundo uma gama mais as saídas - emigração e as entradas - imigração. Se a
ou menos extensa de características. diferença for de 0, pode significar que saiu muita
gente, mas também entrou muita gente.
Relações de Masculinidade: relação, numa
população, entre o efectivo masculino e o efectivo
Taxa de fecundidade geral: Relação entre os
feminino. Numa geração, sem trocas migratórias,
nascidos vivos durante um período e o efectivo
devido à sobremortalidade masculina, esta relação é
conveniente de mulheres ou de casamentos.
sempre decrescente passando de 1,05 à nascença para
Relaciona-se com a parcela da população de
um valor na ordem de 0,30 aos 100 anos.
mulheres dos 15 aos 49 anos: ou seja, T.F.G. =
nascimentos / mulheres 15-49 * 1000. Podemos
Relação de Masculinidade dos nascimentos:
decompor a Taxa de fecundidade geral nos seus
relação entre os nascidos vivos masculinos e os
elementos constitutivos. Podemos redefini-la como
nascidos vivos femininos durante um período. Esta
sendo uma soma dos produtos das estruturas
relação, o mais frequentemente vizinha de 1,05
relativas, em cada idade (ou grupos de idades), do
apresenta ligeiras variações consoante os grupos
período fértil das mulheres, pelas taxas nessas
raciais. A sua estabilidade no tempo e no espaço é
mesmas idades (ou grupos de idades). A T.F.G. pode
no entanto suficiente para que as diferenças
ser assim redefinida como resultante da interacção
importantes face aos valores normais possam ser
entre estrutura e modelo.
atribuídas a falhas de registo dos nascimentos e
sugerir meios de correcção.
Taxa de fecundidade por idade ou grupos de
Tábua de Mortalidade: Tábua que descreve, idade: Relação entre os nascidos vivos de mulheres
segundo uma escala de idades, o surgimento dos de uma certa idade durante um ano e o efectivo médio
óbitos numa geração. da população feminina com essa idade ou grupo de
idade.
Taxa Bruta de Mortalidade: relação dos óbitos de
Taxa de Migração Total: Relação entre a migração
um ano com a população média desse ano e mais
total de um ano e a população média desse ano e
frequentemente, a relação entre os óbitos de um
mais frequentemente, a relação entre a migração total
período e o número correspondente de pessoas-ano
de um período e o número correspondente de
durante o período.
pessoas-ano durante esse período.

Taxa Bruta de Natalidade: relação dos nascidos Taxa de Mortalidade Infantil Néo-Natal (com
vivos de um ano com a população média desse ano e menos de 28 dias): relação entre os óbitos néo-natais
mais frequentemente, a relação entre os óbitos de (durante o primeiro mês ou as primeiras quatro
um período e o número correspondente de pessoas- semanas) durante um ano civil e os nascidos vivos
ano durante o período. durante esse ano.

140
Taxa de Mortalidade Infantil Pós Néo-Natal (de Teoria da Transição demográfica: diz-se da
28 a 365 dias): relação entre os óbitos pós néo-natais situação de uma população em que a natalidade e a
(durante o primeiro ano de vida, excepto o primeiro mortalidade, ou pelo menos um desses dois
mês ou as primeiras quatro semanas) durante um ano fenómenos, abandonaram nos seus níveis tradicionais
civil e os nascidos vivos durante esse ano. para se encaminharem para baixos níveis associados
a uma fecundidade mais controlada e à utilização de
Taxa de mortalidade infantil: relação entre os
meios modernos de luta contra a mortalidade.
óbitos de crianças de menos de um ano durante um
ano civil e os nascidos vivos desse mesmo ano civil. Teorias Demográficas: são correntes de opinião que
tentam explicar ou prever a evolução dos fenómenos
Taxa de mortalidade por idade ou grupos de
demográficos, as interacções entre estes e os
idade: Relação entre os óbitos de uma certa idade
fenómenos económicos, sociais, psicológicos, do
ou grupo de idades durante um ano e o efectivo médio
ambiente e outros, tentando prever as consequências
da população com essa idade ou grupo de idade.
que possam levar à elaboração de uma política
Taxa de mortalidade: Quando não existem factores demográfica.
perturbadores, é sinónimo de taxa bruta de
mortalidade.

Taxa de natalidade: sinónimo de taxa bruta de


natalidade.

Taxa líquida de reprodução: entra em conta com a


mortalidade, ou seja se multiplicarmos as taxas de
fecundidade geral pelas probabilidades de
sobrevivência e procedermos da mesma forma que
procedemos para calcular a T.B.R., obtemos a Taxa
Líquida de Reprodução: T.L.R. = S (T.F.G * npx)*
5*0.488.

Taxa: Relação dos acontecimentos que surgem numa


população durante um período, com a população
média durante esse período.

Taxas de crescimento: Relação entre o crescimento


de uma população durante um ano e a população
média desse ano e mais frequentemente, a relação
entre o crescimento durante um período e o número
correspondente de pessoas ano durante esse período.

Tempo de duplicação em anos: Com base na lógica


do cálculo da taxa de crescimento geométrica
podemos calcular o tempo de duplicação em anos.
Se a taxa a é uma taxa de crescimento constante, ao
fim de quantos anos n duplicará a população?

141
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1991 Eléments de démographie, Paris, Collin, 1991.

TORRES, A.
1996 Demografia e desenvolvimento: elementos básicos. Colecção Tra-
jectos Portugueses, Editora Gradiva, Lisboa.

148
Anexo 1
Dados do recenseamento de 1991
151
152
153
Anexo 2
Dados das estatísticas demográficas 90/91
Nascimentos em 1990

157
Nascimentos em 1991

158
Óbitos em 1991 (1/2)

159
(cont. 2/2)

160
Anexo 3
Diagrama de Lexis
163
164
Anexo 4
Tábua de mortalidade
167
168

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