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Marabá, Pará
2022
1. INTRODUÇÃO
O termo medicinas da floresta, no caso dos Huni Kuĩ, engloba o nixi pae (ayahuasca1)
e outras substâncias usadas em seus rituais contemporâneos: o rapé2, o kampũ3 e a sananga4
(MENESES, 2018, p. 6). Nos encontros do Sagrado Feminino, com os dois grupos, é
utilizado a ayahuasca (vegetal), porém não é permitido outro tipo de medicinas da floresta.
1
Ayahuasca - Bebida psicoativa, feita através das plantas Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis.
2
Rapé - Pó resultante de folhas de tabaco torradas e moídas, misturada com outras ervas, utilizado
para inalação.
3
Kambô - A Vacina do Sapo é o nome popular para a aplicação das secreções produzidas pela
perereca Kambô em pequenos ferimentos ou queimaduras produzidos nos braços ou nas pernas de
uma pessoa, para que as substâncias presentes na pele do animal penetrem na circulação sanguínea.
4
Sananga - Colírio medicinal utilizado por povos indígenas da Amazônia, para limpeza ocular e
melhorar a visão antes da caça. Feita do extrato da raiz de uma planta chamada Tabernaemontana
sananho, provoca ardor nos olhos e lágrimas.
Santo Daime, Centros Ayahuasqueiros, Umbandaime e a integração do Sagrado Feminino,
podemos afirmar que se trata de uma re(invenção) das tradições e rituais ayahuasqueiros.
Nesse território de experiências performáticas e (re)invenção de tradições e
rituais, sobressaem-se o consumo ritual de substâncias psicoativas e/ou
terapêuticas, denominados pelos adeptos indígenas e não indígenas de
medicinas da floresta, que do complexo cultural pano passou a ser utilizada
nos contextos urbanos do neoxamanismo e do Santo Daime (FERNANDES,
2018, p. 4).
Para o contexto umbandista, as ervas têm presença obrigatória, pois sem folha não
tem orixá e não tem rituais de cura. Utilizadas em defumações, banhos atrativos e de
descarrego, fumo, bebidas ritualísticas e preparações específicas.
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
4. METODOLOGIA:
Como metodologia será realizada uma etnografia com observação participante, na
qual segundo MALINOWSKI (1978), compreende que ao sair do gabinete, viver entre os
Trobriandeses, falar a língua e analisar os imponderáveis da vida nativa, criou-se uma nova
forma de produção de conhecimento através da ação.
Utilizarei também diário de campo, gravador de voz, fotografias, audiovisuais e
entrevistas semi-estruturadas em todos os grupos de pesquisa. Será feito tabelas com nome
científico, vernacular, forma de uso, parte utilizada e sua utilização no ritual. Quanto à
produção visual e etnografia, segundo a antropóloga Clarice Peixoto (2019) explica que
desde o surgimento da antropologia visual, ela ampliou as perspectivas e revelou a riqueza da
interdisciplinaridade.
As novas gerações de antropólogos(as) visuais estão mais conectadas com
as tecnologias de imagem e som, focalizando seus interesses nestes antigos
temas, agora revisitados, e integrando novas temáticas, novas linguagens e
narrativas e os inúmeros meios visuais para comunicar o saber
antropológico (PEIXOTO, 2019, p.13).
Seguindo os protocolos do Ministério da Saúde e do comitê de ética na pesquisa em
contexto de pandemia com Covid-19, em caso de agravamento da doença, será utilizado
máscara, álcool em gel e respeitado o distanciamento de dois metros, nas entrevistas
presenciais.
De acordo com a resolução nº 510, de 7 de Abril de 2016, contendo o Registro do
Consentimento e do Assentimento, fica explicitada a importância de preservar a identidade
das pessoas, assim, pedirei permissão por meio oral ou com termo de autorização para
fotografar, gravar, e utilizar nomes reais ou fictícios.
MESES/ ANOS
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA E
DISCUSSÃO
TEÓRICA X X X
COLETA DE
DADOS X X X
ANÁLISES E
INTERPRETAÇÃO
DE DADOS X X X
REDAÇÃO DA
DISSERTAÇÃO X X X X
REVISÃO DA
DISSERTAÇÃO X X
DIVULGAÇÃO
DOS RESULTADOS
E DEFESA
PÚBLICA X
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Cleber L. de; LINS, Laís F. T & FARIA, Deyse F. (2014). Bem-estar subjetivo e a
qualidade de vida em adeptos de ayahuasca. Psicologia & Sociedade, v.26, n.1, p.224-
234. 2014.
CAMARGO, Maria Thereza Lemos de Arruda. Os poderes das plantas sagradas numa
abordagem etnofarmacobotânica. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, v. 15-16,
p. 395-410, São Paulo, 2006. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/revmae/article/view/89745/92557> . Acesso em: 30/08/2022.
GUPTA, Akhil; FERGUSON, James (Ed.). Culture, power, place: Explorations in critical
anthropology. Duke University press, 1997.
MARCUS, George E. Ethnography in/of the world system: The emergence of multi-sited
ethnography. Annual review of anthropology, v. 24, n. 1, p. 95-117, 1995.
MENESES, Guilherme Pinho. Medicinas da floresta: conexões e conflitos
cosmo-ontológicos. Horizontes Antropológicos, ano 24, n. 51, p. 229-258. Porto Alegre,
2018.
PAIVA, Vinicius Schwochow. Ayahuasca, experiências e neoxamanismo: Um estudo
etnográfico junto ao Grupo Xamânico Caminho do Arco-Íris – Pelotas/RS. Dissertação
(Mestrado em Antropologia), Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de
Pelotas. Rio Grande do Sul, p. 16, 2015. Disponível em:
<https://wp.ufpel.edu.br/ppgant/files/2016/10/PAIVA_VS.pdf>. Acesso em: 30/08/2022.
PEIXOTO, Clarice E. Antropologia & Imagens: O que há de particular na antropologia
visual brasileira?. Cadernos de Arte e Antropologia, Vol. 8, n° 1, pag. 131-146, 2019.