Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Boa noite.
O primeiro slide traz, sobre um fundo azul claro degradê, o símbolo do IFBA à
esquerda, o símbolo do II Colóquio à direita e se lê acima no centro: II Colóquio sobre
Saúde Mental. Saúde mental: desafios e possibilidades no contexto da pandemia,
Mais abaixo, meu nome, Nicoleta Mendes de Mattos e o mês e o ano em que estamos:
setembro de 2020.
São poucos slides, e vou ler e comentar o que está escrito, e descrever as imagens que
utilizei.
Esse slide traz uma imagem que achei muito significativa, foi produzida pela ou para a
revista época no início da pandemia, 22 de março, e no lado esquerdo, uma carteira
daquelas com tampo e dois livros em cima, ao lado direito, como se estivesse à sua
frente, uma representação do coronavirus enorme, esverdeada. Na altura da parte
superior da cadeira, onde estaria a cabeça do estudante, foram desenhada três listas
vermelhas inclinadas, que passam para mim um sentimento aflitivo, no conjunto, diante
do cononavirus opressor, que, ainda para mim, associei, olhando para a imagem, ao
lugar do professor. (Ou a ausência dele, será?), de qualquer forma, penso que é uma
imagem forte, que bem expressava aquele momento, relacionado diretamente com o
ensinar e com o aprender, foco da nossa fala hoje, e que cabe aqui pensar como ao
longo desse tempo temos os posicionado diante desse contexto.
Então, para poder falar um pouco dos aspectos psicológicos do ensinar e do aprender,
resolvi seguir o percurso /pistas do título desse Colóquio e dessa mesa, tentando pensar
e fazendo recortes a partir do que essas pistas me levaram. O resultado é o que irei
compartilhar com vocês.
O que me leva, no slide seguinte, a trazer um conceito de saúde mental para poder
dialogar com a dimensão psicológica /subjetiva. Embora não seja exatamente sinônimo,
estou tomando a subjetividade como uma dimensão do psicológico para poder pensar
mais adiante o ensinar e o aprender.
Iniciando com o conceito de saúde mental, de acordo com Martín-Baró: é uma produção
humana, a “materialização, na pessoa ou no grupo, do caráter humanizador ou alienante
de uma estrutura de relações históricas” (MARTIN-BARÓ, 2017, p. 251).
Para Martín-Baró (1984/2017), existem concepções hegemônicas sobre saúde mental
podem ser divididas em dois agrupamentos, não necessariamente excludentes:
(a) sinônimo ou ausência de transtornos mentais; é comum pensar que ter saúde mental
é não expressar nenhuma patologia, nenhum sofrimento; e que o inverso também é
verdadeiro: quem tem algum transtorno não tem saúde mental.
(b) um funcionamento adequado do organismo. Ancorada numa lógica funcionalista,
naturaliza a ideia do bom e do mau funcionamento, sem problematizar o contexto de
produção.
Todas duas concepções entendem a saúdem mental como um atributo individual,
cabendo, portanto, ao indivíduo a responsabilidade de garanti-la (aqui cabe pensar desde
a ideia do plano de saúde X SUS até as disseminadas dicas de autocuidado nesse
momento).
Com essa compreensão, passo a problematizar o que poderia ser, ou como compreendo
a dimensão psicológica do ensinar e do aprender, que é o que trata o slide seguinte.
Então, aqui sinalizo a necessidade de um recorte, dentro desse vasto campo que
compreende os aspectos psicológicos do ensinar e aprender, trazendo uma posição.
Significa dizer que na relação de ensinar e aprender as condições propícias ou não para
o ensino e a aprendizagem emergem sempre de uma relação, sejam elas materiais,
psicológicas, ou educacionais. Então, é preciso desde sempre identificar nessa relação
quais mecanismos envolvidos, como eles operam, o nível de expectativas e implicação
de todos os envolvidos, e, sobretudo, em quais condições elas se expressam e se
produzem.
O que é possível? O que é desejável? Como têm sido identificadas as necessidades para
o ensino-aprendizagem (diagnóstico)? Como têm sido encaminhadas?
E aí, o que fazer? Porque temos que fazer alguma coisa. Temos? Qual seria o
imperativo? O que pode ser feito?
A partir desse texto de Paulo Freire, que é bem batido, e ainda assim pode ser revelador:
Fortalecer essa relação ensino aprendizagem que se encontra na escola, identificar suas
conexões, cuidar dessas relações, me parece, é um caminho potente, dentre outros, para
cuidar da saúde mental das pessoas, preservando o que elas tem de melhor: a
possibilidade do encontro.