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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD

Avaliação Presencial X (AP1) – 2021.2

Disciplina: Filosofia Política da Educação

Coordenadora(o): Diogo Bogéa


Aluno(a):

Matr. Polo:

QUESTÃO 1 : (10 pontos)


ESCOLHA APENAS UM DOS TÓPICOS ABAIXO E RESPONDA COM BASE NO TEXTO 02
DA DISCIPLINA:

a) Explique por que uma educação que priorize o pensamento pode ser um
antídoto contra a banalização do mal.

O texto de Andrade (2010) não só nos permite conhecer a linha de pensamento Arendtiano,
como refletir ao longo da leitura, sobre o que aprendemos e internalizamos no decorrer da vida a
respeito do bem e do mal. Ler o texto nos possibilita pensar e buscar entender os acontecimentos
sociais, políticos e econômicos, sob um contexto do que está sendo formado na mentalidade do
povo, de forma intencional e silenciosa.

O intrigante é constatar que a grande maioria das pessoas tem sua personalidade e caráter
baseados nos conceitos de uma educação “moral”, onde se aprende o que é o certo e errado, não há
espaço para questionamentos e obedecer é a palavra de ordem. Formando assim indivíduos
supérfluos e submissos para a sociedade, cumpridores de seus deveres, eficientes, conformados com
o Estado, independente do que ele dita para a população.

O estudo sobre a banalização do mal nos permite perceber o mal além de explicações
aparentemente óbvias como patologia, possessão demoníaca, determinismo histórico ou alienação
ideológica, mas como uma escolha, uma possibilidade possível ao homem. A filósofa relaciona a
ausência do pensamento a uma possível relação com atos maus, propondo que a incapacidade de
reflexão é um ambiente propício para o fracasso moral. Neste contexto, seria muito mais
interessante formar crianças e jovens acríticos, condicionados e superficiais como Eichmann, a fim
de anos mais tarde utilizar-se de sua força de trabalho e manter o sistema capitalista, por exemplo.
A reflexão de Arendt nos apresenta uma alternativa ao moralismo tradicional, através de uma
prática educacional reflexiva em busca de compreender e superar os desafios vivenciados em
tempos tão difíceis. É preciso permitir e estimular o pensamento buscando possibilidades sobre os
sentidos de cada coisa ser no mundo, sem garantias ou certezas.

A banalidade do mal, nos permite refletir sobre nossos pensamentos e ações e ao mesmo
tempo em formas de implementar em sala de aula o desafio de educar para e no pensamento.
Interessante que estudamos em todo o curso sobre a importância da educação dialógica e reflexiva,
porém a partir deste texto entendi que também precisamos privilegiar o espaço para o pensamento e
diálogo interno. Sabemos que o tempo em sala de aula muitas vezes não é suficiente para todas as
práticas, mas esse momento de reflexão individual pode ser instigado e realizado pelo aluno em
casa. Sobre educar para o pensamento podemos afirmar que:

O pensamento interrompe todas as nossas atividades, deixa-nos inseguros quando


percebemos que duvidamos de coisas que antes nos davam uma segurança irrefletida.
Educar em valores, na perspectiva do pensamento arendtiano, é provocar essa
descontinuidade, uma ruptura com o mundo cotidiano para reconciliar-se com ele num
novo significado. (ANDRADE, 2010, p.124)
A citação acima fez muito sentido para mim. Nos últimos meses, aos 38 anos, me deparei
com pensamentos sobre a forma com que fui criada, minhas crenças, valores e de repente passei a
questionar situações, concepções e, em meio a um alvoroço de pensamentos, me vi perdida, em um
momento de insegurança e medo. Com o passar do tempo e o contínuo trabalho de reflexão, superei
alguns conceitos internalizados e enraizados em mim, mas o mais importante ressignifiquei tudo
que vivi e encontrei uma nova forma de trilhar meu caminho de maneira mais leve.

Após essa experiência e após os esclarecimentos dessa aula afirmo que educar para o
pensamento é algo que deve ser feito diariamente, primeiramente em nós, e nas nossas relações
educativas (escolar, familiar, social), pois sem dúvidas é o antídoto para combater a banalização do
mal e para nos libertar da opressão imposta por tempos tão difíceis como este que vivemos.

Referência:

Andrade, Marcelo. A banalidade do mal e as possibilidades da educação moral: contribuições


arendtianas. Revista Brasileira de Educação, v.15, n.43, abril, 2010. Disponível em:
https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/13723/mod_label/intro/banalidade%20do
%20mal.pdf Acesso em: 08/10/2021.

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