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Assim, um espírito desencarnado pode ter uma visão mais nítida e ampla de presente,
passado e futuro. Mas essa extensão e nitidez também vão depender de seu grau
evolutivo. Por exemplo, alguns poderão lembrar mais nitidamente de episódios de sua
vida encarnado, inclusive de outras existências, mas não conseguirão chegar à sua
origem espiritual. Também pode, conforme o grau de depuração, ter uma ideia de
futuro, como se fosse o presente, mas não tem permissão de revelar esse futuro, nem
pode antever com precisão o que Deus prepara para ele. Essa percepção, logicamente,
vai aumentando, na medida em que o espírito se aproxima mais de Deus.
Ao contrário dos encarnados, os espíritos não dependem de luz externa para ver.
Quando desencarnam e ainda são inferiores, essa visão é turva e pode ir se clareando e
tornando nítida com o entendimento que tem de seu desencarne e libertação do corpo
físico (e isso não depende de ser espírito superior, mas de ter uma consciência e
aceitação do processo). Portanto, não há obstáculos materiais nem trevas, o que
possibilita que vejam mais distintamente tudo na comparação com os encarnados. Eles
veem pela luz própria, são capazes de se deslocar com a velocidade do pensamento.
Porém, essa extensão de alcance varia conforme seu grau evolutivo. Os espíritos
superiores conseguem ter uma visão de conjunto, pois têm uma visão mais abrangente
e se deslocam mais rapidamente por diferentes pontos.
Os espíritos também são mais sensíveis às belezas naturais, que são diversas nos vários
globos e nós estamos muito longe de conhecê-las todas. Para os espíritos elevados, há
a beleza de conjunto, diante das quais praticamente somem as belezas dos detalhes
(harmonia).
Sofrimentos físicos
E surge a dúvida; então, por que alguns espíritos reclamam de frio ou de calor?
Essas sensações que ficam na memória se assemelham aos casos dos amputados que
ainda continuam sentindo dores nos membros que não possuem mais. No caso dos
encarnados amputados, as sensações foram guardadas no cérebro.
Essas sensações podem ocorrer no processo da morte física, durando mais ou menos
tempo, conforme o grau de adiantamento do espírito.
Mas se eles não têm as sensações ruins, não têm também as boas, da vida corpórea,
como as lembranças dos perfumes, da boa música. Porém, esses espíritos, em seu
meio, desfrutam de sensações tão mais evoluídas, sensações íntimas, encantos
indefiníveis, dos quais nem temos ideia.
Os espíritos menos evoluídos, com perispírito mais denso, no entanto, são alcançados
mais facilmente pelas manifestações terrenas, como os odores, os sons. Estes chegam
a eles por meio das palavras, que provocam uma vibração que os alcança, o que pode
ser captado não necessariamente por palavras, mas por transmissão de pensamento.
Também entre os espíritos menos evoluídos, eles têm em si as faculdades de todas as
percepções, sem depender de um órgão pontual, um sistema que vai se desenvolvendo
quanto menos denso se torna o envoltório material.
Quando um espírito elevado vem nos visitar, ele reveste-se temporariamente de
perispírito terrestre e suas percepções se aproximam das dos espíritos vulgares. Porém,
espíritos em diferentes graus evolutivos podem tornar suas percepções ativas ou nulas
conforme sua vontade ou necessidade. Os mais elevados conseguem se tornar
invisíveis aos menos evoluídos, mas não o contrário. No entanto, algo que todos são
obrigados a ouvir são os conselhos dos espíritos mais elevados que eles.
Sofrimento continua?
Então fica a dúvida: depois de desencarnados, podemos continuar a sofrer? Sim e não.
Podemos escolher não sofrer mais, conforme nossas escolhas.
Aí entra o livre arbítrio. Domar as paixões animais: ódio, inveja, ciúme, orgulho,
vaidade, egoísmo. Que pratique o bem, que não dê ao material mais valor do que
deve. Assim, não terá lembranças penosas na vida futura.