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Aula

12 - Genética
Quantitativa
Prof. Mailson Monteiro do Rêgo, DSc
Genética Quantitativa
• 1. Definição
• 2. Caráter quantitativo
• 2.1. Hipótese dos poligenes (Herança Polig.)
• 2.2. Estudo em nível de população
• 2.3. Variações contínuas e efeito de ambiente
• 3. Médias e variâncias de valores
fenótipicos
• 4. Médias e variâncias de valores genotípicos
• 5. Interações alélicas
• 6. Parâmetros genéticos
• 6.1. Herdabilidade
• 6.2. Heterose e Heterobeltiose
• 6.3. Número de genes
• 7. Seleção
Hipótese dos poligenes
Distribuição de freqüência (n), média (M) e variância (V), para peso médio de sementes de feijoeiro
(Phaseolus vulgaris L), dos cultivares Manteigão Fosco (P1) e Rosinha EEP 125-19 (P2) e das gerações
F1, F2, RC1 e RC2 (Reis et al., 1981)

Centro de Classe (mg x 10)


Geração 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 n Média V

P1 1 1 1 7 8 2 2 2 5 29 445 482,76

P2 1 1 5 13 7 1 28 179 132,80

F1 1 2 2 5 10 4 4 2 30 279 323,68

F2 1 2 3 3 5 2 14 13 21 14 14 9 11 12 13 5 7 5 2 6 2 2 1 2 169 266 2.220,98

RC1 1 1 2 3 4 3 2 1 3 4 1 1 1 3 1 31 335 2.401,00

RC2 1 4 5 4 2 7 10 8 6 4 1 1 1 54 216 831,76

Nielson-Ehle e East (1910) – Propuseram a hipótese dos fatores múltiplos ou


polignes. “Uma caracteristica é influenciada por um grande número de genes, cada
qual com um efeito pequeno sobre o fenótipo”
Número de alelos efetivos e não efetivos das diferentes classes fenotípicas da
F2 e os respectivos fenótipos

Freqüência fenotípica Número de alelos Fenótipos


Efetivos Não efetivos

1/16 4 0 445,0
4/16 3 1 378,5
6/16 2 2 312,0
4/16 1 3 245,5
1/16 0 4 179,0
Contribuição de cada alelo efetivo e número de fenótipos existentes na geração F2, com
diferentes números de genes controlando o caráter peso de sementes do feijoeiro.

Número de Número de Número de Contribuição de


genes alelos totais Fenótipos cada alelo efetivo

1 2 3 133,00
2 4 5 66,50
3 6 7 44,30
4 8 9 33,25
5 10 11 26,60
10 20 21 13,60
100 200 201 1,33
. . . .
. . . .
. . . .
n m=2n 2n + 1 266/m
Distribuição de freqüência para o caráter do peso das sementes do feijoeiro,
considerando ausência de efeito ambiental e diferentes números de genes de efeito
aditivo

Um gene
%
49,98
41,65
33,32
24,99
16,66
8,330
0,000
179 312 445
Peso das sementes de milho (mg)
Dois genes
%
37,50
31,25
25,00
18,75
12,50
6,250
0,000
179 245 312 378 445
Peso das sementes de milho (mg)
Quatro genes
%
27,32

20,49

13,66

6,830

0,000
179 212 245 278 312 345 378 411 445
Peso das sementes de milho (mg)
Oito genes
%
19,64

14,73

9,82

4,91

0,000
179 195 212 228 245 262 276 295 312 328 345 361 378 395 411 428 445
Peso das sementes de milho (mg)
Interações Alélicas

B2B2 B1B2 B1B1


d

-a µ +a
Interações Aditiva
Vamos considerar dois genes: A e B, de efeitos iguais e com dois alelos
cada, e com contribuições A1 = B1 = 30 unidades e A2 = B2 = 5 unidades.
Considere ainda que os efeitos dos locos são somados, assim: os
genótipos A1 A1B1B1 e A2A2B2B2 terão valores fenotípicos de 120 e 20
unidades, respectivamente.

B2B2 = 10 B1B2 = 35 B1B1 = 60

-a µ = 35 +a

• Qual é o valor de a?
• Qual é o valor de d?
• Na interação aditiva d = 0, i.é., não existe efeito devido a dominância
Vejamos o que acontece com o cruzamento entre os indivíduos
mencionados

• Parentais
• Genótipos: (P1) A1A1B1B1 x (P2) A2A2B2B2
• Fenótipos: 120 20

• Geração F1
• Genótipo: A1A2B1B2
• Fenótipo: 70

• A interação é aditiva, pois a média da geração F1 é igual a média dos genitores.

• F1 = (P1 + P2) / 2
Consideremos agora os dois genes
Genótipos da F2 com respectivas freqüências e valores fenotípicos, assumindo
interação alélica aditiva

Genótipos Freqüência (Fe) Valor Fenotípico (F) Fe.F

A1A1B1B1 1/16 120 7,5


A1A1B1B2 2/16 95 11,875
A1A1B2B2 1/16 70 4,375
A1A2B1B1 2/16 95 11,875
A1A2B1B2 4/16 70 17,5
A1A2B2B2 2/16 45 5,625
A2A2B1B1 1/16 70 4,375
A2A2B1B2 2/16 45 5,625
A2A2B2B2 1/16 20 1,25
O que pode-se concluir? Média da F2 = 70,00
O que acontecerá com a descendência de qualquer individuo ou grupo de indivíduos se estes forem
submetidos a autofecundação?

Genótipos dos descendentes obtidos por autofecundação do indivíduo


A1A2B1B1 com respectivas freqüências e valores fenotipicos.

Genótipos Freqüência Valor Fenotípico Fe.F

A1A1B1B1 1/4 120 30,0


A1A2B1B1 2/4 95 47,5
A2A2B1B1 1/4 70 17,5
Média da descendência = 95,0
Se forem selecionados os indivíduos da geração F2 com valor fenotípico superior
a 95 unidades e intercruzá-los o que acontecerá com a descendência?

Genótipos dos indivíduos obtidos pelo intercruzamento dos indivíduos 1 A1A1B1 B1 :


2 A1A1B1B2 : 1 A1A2B1B1, com respectivas freqüências e valores fenotípicas,
assumindo interação alélica aditiva
Genótipos Freqüência Valor Fenotípico (F) Fe.F

A1 A1 B1 B1 9/25 120 43,2


A1 A1 B1 B2 6/25 95 22,8
A1 A1 B2 B2 1/25 70 2,8
A1 A2 B1 B1 6/25 95 22,8
A1 A2 B1 B2 2/25 70 5,6
A2 A2 B1 B1 1/25 70 2,8
Média da descendência = 100,0
Conclusões sobre a interação aditiva

• A média da geração F2 é igual à média dos genitores e da geração F1.


• A descendência de qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos tem
média igual a deste indivíduo ou grupo de indivíduos.
• Indivíduo ou indivíduos superiores quando selecionados produzirão
uma descendência também superior.
Exercício

• Considere que A1 = B1 = C1 = D1 = 30 unidades e que A2 = B2 = C2 = D2 = 5 unidades, a partir do


cruzamento abaixo:
• Parentais
• Genótipo: A1A1B1B1C2C2D2D2 (P1) x A2A2B2B2C1C1D1D1 (P
2)

• Pergunta-se:
• a) Qual o valor fenotípico dos genótipos?
• b) Qual a média das gerações F1, F2?
• c) Qual é o tipo de interação alélica?
• d) Quantos genótipos diferentes são possíveis na F2?
• e) Qual a variação entre as classes de valores fenotípicos?
• f) Há segregação transgressiva?
Interação Dominante
• O que importa é a contribuição de cada loco e não a
de cada alelo.
• AA = Aa = BB = Bb = 60 unidades.
• aa = bb = 10 unidades.
Bb = 60
bb = 10 BB = 60
d

-a µ = 35 +a

Aqui, a = d, e a relação d/a = 1,0, mostrando que a interação é


de dominância completa.
Do cruzamento
• Parentais
• Genótipos: (P1) AABB x aabb (P2)
• Fenótipos: 120 20

• Geração F1
• Genótipo: AaBb
• Fenótipo: 120
Média da Geração F2
Genótipos Freqüência (Fe) Valor fenotiípico (F) Fe.F

AABB 1/16 120 7,5


AABb 2/16 120 15,0
AAbb 1/16 70 4,375
AaBB 2/16 120 15,0
AaBb 4/16 120 30,0
Aabb 2/16 70 8,75
aaBB 1/16 70 4,375
aaBb 2/16 70 8,75
aabb 1/16 20 1,250

Média da descendência F2 = 95,000


Conclusões sobre a interação alélica dominante.

• A média da geração F1 pode ser igual ao valor de um dos pais, porém


será diferente da média desses pais.
• A média da geração F2 é diferente da média de F1.
• A seleção de indivíduos superiores não leva, necessariamente, à
produção de uma descendência semelhante ao individuo
selecionado.
• Este tipo de interação alélica dificulta a seleção de indivíduos
superiores.
Sobredominância
§ Quando d > a ou d/a > 1,0

bb = 10 BB = 60 Bb = 80

-a m = 35 a

d>a
Seja o cruzamento:
• Parentais
• Genótipos: (P1) AABB x aabb (P2)
• Fenótipos: 120 20

• Geração F1
• Genótipos: AaBb
• Fenótipos: 160
Média da Geração F2
Genótipos Freqüência (Fe) Valor fenotiípico (F) Fe.F

AABB 1/16 120 7,5


AABb 2/16 140 17,5
AAbb 1/16 70 4,375
AaBB 2/16 140 17,5
AaBb 4/16 160 40,0
Aabb 2/16 90 11,25
aaBB 1/16 70 4,375
aaBb 2/16 90 11,25
aabb 1/16 20 1,250

Média da descendência F2 = 115,000


Conclusões da sobredominância

• A média da geração F1 é superior a média do pai de maior


média.
• A média da F2 é inferior a média de F1.
• Na prática é quase impossível distinguir a ocorrência de
interação alélica dominante e sobredominante.
• As interações de dominância e sobredominância nem sempre
atuam no sentido de aumentar o valor fenotípico. Elas
podem atuar no sentido de reduzir a expressão do caráter.
• Quando há predominância de interação dominante e/ou
sobredominante, a seleção de indivíduos superiores não
deve ser praticada. A atenção do melhorista deve está
voltada para a obtenção de híbridos.
Heterose ou vigor do híbrido
• h = F1 – (P1 + P2)/2
• Só ocorre heterose (h) se a interação alélica for não aditiva.
• A heterose é dependente do desempenho dos genótipos
heterozigóticos em relação aos homozigóticos.
• A heterose será máxima na F1.
• F2 = F1 – h/2 :: Fg = F1 – [(2g-1 – 1)/ 2g-1]h
Exemplo da heterose
• Parentais
• Genótipos: AABB x aabb
• Fenótipos: 120 20

• Geração F1
• Genótipo: AaBb
• Fenótipo: 120
Exemplo da heterose
• h = 120 – (120 + 20)/2 = 50 unidades
• Média da geração F2
• F2 = 120 – 50/2 = 95 unidades. (Slide 20)
• O aproveitamento da heterose máxima será obtido se for utilizada a
geração F1.
• É assim que se obtém a semente do milho híbrido.

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