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SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES, DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA

Padre António Vieira, missionário, escritor, diplomata e político, é considerado um dos


maiores oradores portugueses e uma das mais notáveis figuras da cultura portuguesa do
século XVII, atraindo multidões com os seus sermões.

Por ser perfeito no uso da oratória e no domínio da língua portuguesa, Fernando


Pessoa atribuiu-lhe o ímpeto “Imperador da Língua Portuguesa”, imortalizando-o na sua obra
Mensagem.

A par da sua missão missionária, desenvolveu uma intensa e importante ação política
como defensor dos direitos dos indígenas do Brasil, combatendo a sua exploração e
escravização.

Em 1652, Padre António Vieira, no Brasil, a propósito da exploração dos indígenas,


assume no estado do Maranhão, um papel muito ativo nos conflitos entre jesuítas e colonos,
como defensor dos direitos humanos. A luta que desenvolve em prol da causa dos índios
torna-o merecedor do respeito destes, que lhe chamam de “Payassu” (Pai Grande). Em 1654,
na véspera de novo embarque para Lisboa, a fim de solicitar medidas favoráveis aos Índios e às
missões jesuítas no estado do Maranhão, prega o Sermão de Santo António aos Peixes, a 13 de
junho, em São Luís do Maranhão.

Como se concretiza o Barroco (género literário) no Sermão de Santo António aos


Peixes?

O Barroco literário foi o género literário predominante do século XVII e Vieira chegou,
através da sua pregação, a todas as camadas sociais, conseguindo usar a palavra como meio de
ação e transformando a pregação numa espécie de espetáculo, como difusão de ideias morais
e políticas.

Deste modo, a oratória religiosa de Padre António Vieira envolve aspetos e


características próprios da estética barroca como:

- O espaço cénico deslumbrante, assente na iluminação e na ornamentação;

- O caráter teatral e grandioso da pregação, realizada no alto do púlpito;

- O pregador como ator expressivo, recorrendo á movimentação, aos gestos, à entoação;

- A vertente lúdica, apoiada na profusão de recursos expressivos;

- A complexidade e riqueza de conceitos e a forma do discurso.

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