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Contextualização

histórico-literária
Unidade 1
Contextualização histórico-literária

O Sermão era uma forma literária que tinha uma


força enorme. Os oradores concentravam em si
todas as atenções. A eles cabia a tarefa de educar e
seduzir as almas. Um destes “príncipes da palavra”
era o Padre António Vieira.
Contextualização histórica, política,
cultural e social
• Protestantismo – a igreja católica procurava recuperar fiéis.
• Desaparecimento de D. Sebastião – perda de independência
– dinastia filipina
• Guerra da Restauração da independência (1 de dezembro de
1640)
• Crise no comércio externo – Holanda, França e Inglaterra
dominam algumas rotas do comércio português no Oriente.
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O BARROCO

Tempo marcado por um sentimento de decadência motivado pela perda da


grandeza política e económica alcançada em anos anteriores.

 O desastre de Alcácer Quibir e a consequente perda da independência


nacional ajudam a explicar o clima de desânimo que invade a cultura
portuguesa da época.

 Com o movimento da Restauração, a antiga esperança messiânica é projetada


na figura de D. João IV.

Surgem textos que concretizam de forma exemplar o


paradigma do panegírico barroco – hiperbólico,
engenhoso, excessivo, lúdico – e a sobrevalorização do
ornato estilístico.
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As escolas dirigidas pela Companhia de Jesus fazem parte das instituições


culturais que mais profundamente determinaram a identidade do ambiente
cultural desta época.

O sistema de ensino aplicado nestas escolas treinava os educandos em


técnicas de argumentação e de domínio da palavra - a retórica.

Literatura de dimensão pragmática, com o objetivo


de denunciar e corrigir, e como instrumento de
divulgação de ideais religiosos.

Valorização do DELEITE como forma


de captação e persuasão do destinatário.
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Padre António Vieira, brilhante orador, para além de missionário e pregador,


foi também epistológrafo, diplomata e um grande defensor dos direitos
humanos.

 Vida longa (1608-1697)


Parte para o Brasil aos 6 anos com o pai que
era Escrivão do Reino
Ideais humanos e universalistas levam à
perseguição da Inquisição
Bate-se pelos valores da Igreja Católica

Padre António Vieira


(1608-1697)
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Companhia de Jesus
 A Companhia de Jesus, ou os “Jesuítas” como normalmente é designada, é uma Ordem
Religiosa da Igreja Católica. 
 Participando da missão de Jesus de reconciliar o mundo
com Deus, os jesuítas dedicam-se a uma grande variedade
de atividades, procurando que a sua ação contribua para
a evangelização do mundo, a defesa da fé e a promoção
da justiça. Fazem-no numa atitude de abertura profética
ao mundo, promovendo o diálogo cultural e inter-
religioso e estabelecendo pontes com os vários setores da
sociedade, de modo a que as periferias estejam no centro
das preocupações da Igreja.
 Destacaram-se no ensino universitário e como
pregadores, tanto na corte, como nas viagens de
expansão marítima.
Santo Inácio de Loyola
https://pontosj.pt/jesuitas/quem-somos/
Fundador da Companhia de
Jesus
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PADRE ANTÓNIO VIEIRA E os pregadores

No século XVII, o catolicismo sofre um duro golpe com o aparecimento do


protestantismo. A igreja católica está, por isso, empenhada em recuperar fiéis e o
púlpito era o lugar perfeito para conduzir o rebanho, para o educar, doutrinar e
iluminar.

 Arte de falar em público.

 Objetivos: docere, delectare e movere (ensinar, deleitar e


convencer).

Instruir, mas também encantar e sensibilizar, persuadindo o


público/auditório a adotar determinados comportamentos.
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O sermão

Sendo um género discursivo de teor religioso, cujo objetivo é convencer


alguém de algo, pretende-se alertar o auditório para a necessidade de
corrigir os comportamentos incorretos ou inadequados, que podem
conduzir à corrupção moral.

"Argumentar" consiste em defender uma determinada


posição/tese, intencionalmente, visando convencer ou
persuadir o seu interlocutor, através da apresentação de
asserções/ argumentos que sustentam essa tese.
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 O sermão ocupava um lugar


privilegiado no século XVII,
possibilitando a abordagem de
questões políticas e sociais a par
de questões morais e religiosas.

 Vieira pretendia seduzir e persuadir o auditório, servindo-se de um discurso


alegórico, mas claro e objetivo, de modo a que fosse entendido e motivasse a
emenda dos homens.
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SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO


 Pregado em S. Luís do Maranhão
 a 13 de Junho de 1654, três dias antes de
ter embarcado ocultamente para Lisboa
com o fim de solicitar ‘’o remédio da
salvação aos índios…’’
 Acontece na sequência de uma disputa
com os colonos portugueses no Brasil,
onde pretendia obter uma legislação mais
justa para os índios.
 Comemorava-se o nascimento de Santo
António
 Santo António é um espelho para o Pe.
António Vieira. Santo António pregando aos
Peixes, c.1580, Paolo Veronese.
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SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO

 Discurso religioso, com caráter exortativo,


que representa uma alegoria moral e política.
Vieira utiliza o esquema alegórico como meio
de satirizar e caricaturar o poder dos brancos
maranhenses: constrói como auditório fictício
os peixes, para dirigir, indiretamente, uma
forte crítica social aos colonos, condenando o
seu comportamento, com o objetivo de o
Santo António pregando aos
alterar. Peixes, c.1580, Paolo Veronese.
Vos estis sal terrae
• Frase retirada do Evangelho de S. Mateus, que
servirá de Tema/Tese ao Sermão e, a partir do
qual irá desenvolver a sua argumentação
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Estrutura do Sermão de Santo António

Cap. I - Conceito Predicável: “Vos estis sal terrae” – “Vós sois o sal da terra”
EXÓRDIO

É um processo retórico que consiste na interpretação de um passo da


Sagrada Escritura, com base em associações de ideias devidamente
fundamentadas por uma autoridade teológica.

 Definição do assunto do sermão.


Importância da palavra dos pregadores na preservação da
moralidade e da integridade dos homens.
Elogio a Santo António como modelo a seguir.
Invocação à Virgem (pedindo que lhe dê inspiração).
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Cap. II e III - EXPOSIÇÃO E CONFIRMAÇÃO

Cap. II – Louvores aos peixes em geral


 Ouvem e não falam; revelam obediência, ordem, quietação e atenção.

Cap. III – Louvores aos peixes em particular


 Peixe de Tobias, Rémora, Torpedo e Quatro-olhos.

Cap. IV e V - EXPOSIÇÃO E CONFIRMAÇÃO

Cap. IV – Repreensões aos peixes em geral


 Comem-se uns aos outros, sendo que os maiores comem os mais
pequenos (homens que se exploram uns aos outros).
 Ignorantes, cegos e vaidosos.

Cap. V – Repreensões aos peixes em particular


 Roncadores, Pegadores, Voadores e Polvo.
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Cap. VI - PERORAÇÃO

 Exortação/apelo aos ouvintes para porem em prática os ensinamentos ouvidos.

 Comparação do orador com os Peixes, assumindo-se como pecador.

 Pedido de louvor a Deus.

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