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Centro Federal de Educação Tecnológica Celso

Suckow da Fonseca

Departamento de Engenharia Elétrica – DEPEL

NOVAS TECNOLOGIAS PARA TRANSFORMADORES


DE INSTRUMENTOS

Discente: Beatriz Machado dos Santos Matrícula: 0910966GEL

Rio de Janeiro, 18 de Outubro de 2014.


Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................. 2
2. Transformador de corrente .................................................................................................... 3
a) TC tipo barra ..................................................................................................................... 3
b) TC tipo enrolado................................................................................................................ 4
c) TC tipo janela .................................................................................................................... 4
d) TC tipo bucha .................................................................................................................... 5
e) TC tipo núcleo dividido..................................................................................................... 5
f) TC tipo com vários enrolamentos primários ..................................................................... 6
g) TC tipo com vários núcleos secundários ........................................................................... 6
h) TC tipo vários enrolamentos secundários ......................................................................... 7
i) TC tipo derivação no secundário ....................................................................................... 7
3. Transformador de potencial .................................................................................................. 9
4. Transformadores Ópticos .................................................................................................... 10
5. Funcionamento de um TP óptico......................................................................................... 12
6. Funcionamento de um TC óptico ........................................................................................ 14
7. Considerações finais ............................................................................................................ 18
8. Referências .......................................................................................................................... 19
1. Introdução

O monitoramento de corrente e tensão em linhas de distribuição é de extrema

importância para medição, proteção e controle nas subestações de energia. Este

monitoramento é realizado através dos Transformadores de Instrumentos (TIs)

convencionais capazes de monitorar e enviar remotamente informações acerca dos

sistemas elétricos.

Por meio deles podem-se medir, com segurança, os elevados valores de tensão e

de corrente utilizados na produção, transmissão e distribuição de energia elétrica e,

assim, fornecer as informações necessárias para faturamentos de demanda, consumo de

energia e também para a atuação com precisão dos sistemas de proteção, garantindo um

funcionamento mais seguro dos equipamentos, subestações e linhas de transmissão a

que estão associados.

Eles estão divididos em duas categorias: os Transformadores de Corrente (TCs)

e os Transformadores de Potencial (TPs).

As principais funções destes transformadores são:

 Transformar as correntes ou tensões de um valor geralmente alto para um valor

de fácil manuseio para os relés e instrumentos;

 Isolar o circuito de medição do sistema primário de alta tensão;

 Proporcionar possibilidades de padronização de instrumentos e relés de corrente

nominal e tensões.

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2. Transformador de corrente

O transformador de corrente é um transformador para instrumento cujo

enrolamento primário é ligado em série em um circuito elétrico e reproduz, no seu

circuito secundário, uma corrente proporcional à do seu circuito primário, com sua

posição fasorial substancialmente mantida.

Os TCs são classificados de acordo com a estrutura do enrolamento primário,

sendo o enrolamento secundário constituído por uma bobina com derivações (taps) ou

múltiplas bobinas ligadas em série e/ou paralelo, para se obter diferentes relações de

transformação.

Os transformadores de corrente podem ser construídos de diferentes formas e

para diferentes formas e para diferentes usos, ou seja:

a) TC tipo barra

É aquele cujo enrolamento primário é constituído por uma barra fixada através

do núcleo transformador.

Figura 1 - TC tipo barra

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b) TC tipo enrolado

É aquele cujo enrolamento primário é constituído de uma ou mais espiras

envolvendo o núcleo transformado.

Figura 2 - TC tipo enrolado

c) TC tipo janela

É aquele que não possui um primário fixo no transformador e é constituído de

uma abertura através do núcleo, por onde passa o condutor que forma o circuito

primário.

Figura 3 - TC tipo janela

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d) TC tipo bucha

Este tipo possui o enrolamento secundário completamente isolado e

permanentemente montado no núcleo, mas não possui enrolamento primário ou isolação

para o enrolamento primário. Sua instalação é feita na bucha dos equipamentos.

Figura 4 - TC tipo bucha

e) TC tipo núcleo dividido

É aquele cujas características são semelhantes às do TC do tipo janela, em que o

núcleo pode ser separado para permitir envolver o condutor que funciona como

enrolamento primário.

Figura 5 - TC tipo núcleo dividido


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f) TC tipo com vários enrolamentos primários

É aquele constituído de vários enrolamentos primários montados isoladamente e

apenas um enrolamento secundário.

Neste tipo de transformador, as bobinas primárias podem ser ligadas em série ou

paralelo, propiciando a obtenção de várias relações de transformação.

Figura 6 - TC tipo com vários enrolamentos primários

g) TC tipo com vários núcleos secundários

É aquele constituído de dois ou mais enrolamentos secundários montados

isoladamente, sendo que cada um possui individualmente o seu núcleo, formando,

juntamente com o enrolamento primário, um só conjunto.

Neste tipo de transformador de corrente, a seção do condutor primário deve ser

dimensionada tendo em vista a maior das relações de transformação dos núcleos

considerados.

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Figura 7 - TC tipo com vários núcleos secundários

h) TC tipo vários enrolamentos secundários

É aquele constituído de um único núcleo envolvido pelo enrolamento primário e

vários enrolamentos secundários.

Figura 8 - TC tipo vários enrolamentos secundários

i) TC tipo derivação no secundário

É aquele constituído de um único núcleo envolvido pelos enrolamentos primário

e secundário, sendo este provido de uma ou mais derivações. Entretanto, o primário

pode ser constituído de um ou mais enrolamentos. Como os ampéres-espiras variam em

cada relação de transformação considerada, somente é garantida a classe de exatidão do

equipamento para a derivação que contiver o maior número de espiras.

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Figura 9 - Transformador de corrente da Siemens

Figura 10 - Instalação de transformadores de corrente tipo barra fixa de alta tensão

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3. Transformador de potencial

O TP indutivo possui uma ou mais unidades eletromagnéticas e sua relação de

transformação está ligada diretamente com o número de espiras dos enrolamentos

primário e secundário, os quais são montados no mesmo núcleo.

Já os TPs capacitivos possuem apenas uma unidade eletromagnética e uma

coluna capacitiva, de modo que, quando interligadas, reproduzem uma tensão

secundária na unidade eletromagnética e esta é proporcional à tensão aplicada no divisor

capacitivo. Os TPCs suportam tensões maiores que os TPIs, pois são formados

essencialmente por uma cadeia de capacitores ligados em série que funcionam como um

divisor de tensão.

Quando se utiliza o transformador de potencial capacitivo, o custo inicial do

sistema de medição pode ser reduzido. Uma desvantagem relacionada a este tipo de

transformador é que não se consegue uma medição exata das harmônicas da rede, por

falta de largura de banda.

Nos transformadores para instrumentos, em geral, a influência das harmônicas

pode acarretar em erros na relação de transformação. Estes equipamentos não estão

preparados para atuarem em frequências elevadas.

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Figura 11 - Transformadores de potencial convencionais. (a) Transformador de potencial

(b) transformador de potencial indutivo.

4. Transformadores Ópticos

Os TIs convencionais, baseados em transdução eletromagnética por acoplamento

indutivo entre enrolamentos montados sobre núcleos ferromagnéticos e/ou em divisores

capacitivos, apesar de terem seu uso consagrado há décadas, continuam apresentando

problemas não resolvidos em termos de linearidade, resposta harmônica, resposta

transitória, saturação, segurança, precisão, etc.

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O mau funcionamento dos TIs nos sistemas de proteção pode provocar tanto

atuações indevidas como falhas de atuação, acarretando, em ambos os casos, prejuízos à

concessionária ou a terceiros, podendo, ainda, gerar danos materiais e/ou pessoais.

Quando os transformadores de corrente (TCs) ou de potencial (TPs) estão

instalados em sistemas de medição a serviço do faturamento e não funcionam com a

precisão necessária, milhares ou milhões de reais podem ser perdidos por ano, seja por

quem fornece a energia, seja por quem a consome. Há, portanto, interesse em

alternativas tecnológicas que permitam reduzir ou eliminar tais problemas.

Uma alternativa real nesse sentido, surgida já há alguns anos, são os

Transformadores para Instrumentos não convencionais a fibras ópticas, ou

simplesmente TIs ópticos.

Os transformadores ópticos foram desenvolvidos para substituir os

transformadores convencionais, pois apresentam desempenho muito superior a dos TIs

convencionais, tanto em termos de confiabilidade quanto de precisão. A tecnologia

utilizada nos TIs ópticos já está consolidada.

Ao contrário dos TIs convencionais, os TIs puramente ópticos não possuem um

núcleo ferromagnético, o que elimina o problema da saturação muito comum nos TCs

convencionais e os torna menos susceptíveis a interferências eletromagnéticas. Eles são

baseados nos efeitos dos campos elétrico e/ou magnético sobre feixes de luz

polarizados.

Os efeitos Faraday e Pockels são os mais popularmente empregados na

fabricação, respectivamente, de TCs e TPs ópticos, mas outros podem também ser

utilizados.

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5. Funcionamento de um TP óptico

a. A tensão no condutor cria um campo elétrico entre a linha e o terra do sistema;

b. Um equipamento opto-eletrônico envia o sinal de luz de um diodo emissor de luz

através da fibra óptica;

c. Esse sinal luminoso sobe pela coluna da unidade;

d. A luz passa por três cristais eletro-ópticos (células de Pockels) instaladas em três

pontos dentro do isolador de alta tensão. Na Figura 1 esses cristais são identificados

por um losango azul ;

e. Como a luz passa através do cristal, o campo elétrico altera a sua polarização

circular para uma polarização elíptica. Através da mensuração da elipsidade

(relativa à saída de cada eixo) obtém-se uma medida precisa do campo elétrico

naquele ponto;

f. Os dados dos três cristais são combinados e ponderados para obter um valor de

tensão de alta precisão.

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Figura 12 - Vista em corte de um TP óptico.

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6. Funcionamento de um TC óptico

a. Um equipamento opto-eletrônico converte o sinal de um diodo emissor de luz em

dois sinais linearmente polarizados e ambos são transmitidos através de uma fibra

óptica polarizada (7) até o sensor localizado na cabeça do TC;

b. Na parte superior da coluna há um polarizador circular (representado por um

círculo amarelo ) que converte os dois sinais de luz linearmente polarizados em

sinais com polarização circular, sendo um no sentido horário e outro no sentido

anti-horário;

c. O sinal de luz envolve o condutor por onde circula a corrente que se deseja medir

várias vezes, já que há algumas espiras do sensor óptico ao redor desse condutor. O

campo magnético criado pelo fluxo de corrente no condutor retarda um e adianta o

outro sinal (efeito Faraday);

d. Quando os sinais circularmente polarizados completam as suas trajetórias ao redor

do condutor, eles são refletidos por um espelho (representado na Figura 2 por um

trapézio azul ) e retornam pela fibra, com as direções de suas polarizações

invertidas. Ao longo deste caminho inverso, o efeito é dobrado;

e. Os sinais quando estão voltando, passam novamente pelo polarizador circular e são,

outra vez, convertidos em dois feixes de luz linearmente polarizados. Quando não

há corrente passando pelo condutor, os dois sinais de luz estão em fase. Se há

corrente no condutor, o campo magnético deixa os sinais de luz defasados;

f. Os sinais luminosos descem pela coluna até o aparelho opto-eletrônico. A diferença

na velocidade de propagação dos sinais é traduzida em diferença de fase entre os

sinais lineares. Considerando que ambos os sinais fizeram o mesmo percurso,

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alterações devido a vibrações e temperaturas atingem os dois sinais igualmente, não

prejudicando a precisão na medição da corrente.

Figura 13 - (a) Vista em corte de um transformador de corrente óptico.

(b) Transformador de corrente óptico.

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Atualmente este tipo de equipamento é fabricado e comercializado, em vários

países, por empresas como a Abb, Areva, Nxtphase, entre tantas outras.

Os TIs ópticos são mais leves que os TIs convencionais podendo ser instalados

na posição horizontal ou até mesmo invertidos (de cabeça para baixo) e fixados nas

estruturas das subestações.

É apresentado no Gráfico 1 um comparativo de peso entre TCs ópticos e

convencionais e o Gráfico 2 entre os TPs ópticos e os convencionais.

Do Gráfico 1 observa-se que, por exemplo, para os TCs da classe de 420 kV, a

diferença é de mais de 1.400%. Do Gráfico 2, na mesma classe de tensão, a diferença

entre TPs ópticos e convencionais é de cerca de 170%.

A diferença de peso é muito relevante especialmente nos TCs, o que simplifica a

instalação.

Gráfico 1 – Comparativo de peso entre TCs ópticos e convencionais.

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Gráfico 2 – Comparativo de peso entre TPs ópticos e convencionais.

Não é obrigatória a construção de bases de concreto e confecção de suportes

para instalar os TIs ópticos.

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7. Considerações finais

A introdução de sistemas de proteção digitais ou microprocessados requerem a

eliminação de grande parte da interferência eletromagnética nos sistemas de medição de

tensão.

Em resumo, os transformadores de instrumentos precisam ser melhorados em

termos de exatidão, segurança, interferência eletromagnética, estabilidade e resposta em

frequência, a fim de estar à altura dos novos sistemas de medição e proteção a estado

sólido. Diante dessas circunstâncias, torna-se essencial o desenvolvimento de

tecnologias que se adaptem a essas novas exigências.

Os transformadores ópticos foram desenvolvidos para substituir os

transformadores convencionais, pois apresentam desempenho muito superior a dos TIs

convencionais, tanto em termos de confiabilidade quanto de precisão.

A não necessidade de energia elétrica no ponto de sensoriamento, o isolamento

galvânico, a imunidade à interferência eletromagnética devido a ausência de núcleo

feroomagnético, a ampla faixa dinâmica, além do baixo peso e estrutura compacta

conferem à tecnologia óptica uma grande flexibilidade quanto ao seu manuseio,

instalação e também a sua manutenção.

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8. Referências

ALMEIDA, Roger Garcia. COMPORTAMENTO DE TRANSFORMADORES DE

CORRENTE SOB CONDIÇÕES DE ENERGIZAÇÃO DE UM

TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA.2006. 174 f. Tese (Doutorado) - Curso de

Engenharia Elétrica, Universidade Federal de UberlÂndia, Uberlândia, 2006.

Disponível em: <http://www.bdtd.ufu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=694>.

Acesso em: 16 out. 2014.

LACHMAN, Márcio. Sistema de Monitoração Remota e Avaliação do Estado

Operativo de Transformadores de Potencial Capacitivo (TPCs) Instalados em

Subestações em Operação. 2007. 110 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia

Elétrica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. Disponível em:

<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/90665/246750.pdf?sequence=1

>. Acesso em: 15 out. 2014.

LIMA, Dorival Kitakawa; SANTOS, Josemir Coelho. Transformadores para

instrumentos ópticos: sua viabilidade no setor elétrico brasileiro. Disponível em:

<POWER Opticks: TECO - Transformador Eletrônico de Corrente Óptico. Disponível

em: . Acesso em: 15 out. 2014.>. Acesso em: 15 out. 2014.

LIMA, Rafael Araújo. Sensor Eletro - Óptico de Tensões Elevadas e sua Viabilidade

para Implementação de TP Óptico. 2013. 118 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

19
Engenharia Elétrica, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Ilha

Solteira, 2013. Disponível em:

<http://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/engenhariaeletrica/pos-

graduacao/rafael-araujo-lima_final.pdf>. Acesso em: 16 out. 2014.

POWER Opticks: TECO - Transformador Eletrônico de Corrente Óptico. Disponível

em: <http://www.poweropticks.com.br/site/index.php/2013-10-10-20-14-34>. Acesso

em: 15 out. 2014.

RIBEIRO, Bessie de Assumpção. TRANSFORMADOR DE POTENCIAL ÓP TICO

BASEADO EM FBG-PZT COM DEMODULAÇÃO POR REDES GÊMEAS E

FILTRO DE FABRY-PEROT. 2011. 107 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

Disponível em:

<http://objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/BessieDeAssumpcaoRibeiro.pdf>. Acesso em:

15 out. 2014.

TRANSFORMADORES de Corrente. Disponível em:

<http://w3.siemens.com.br/automation/br/pt/dispositivos-baixa-

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corrente.aspx>. Acesso em: 16 out. 2014.

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TRANSFORMADORES DE CORRENTE. Disponível em:

<http://www.vieiraevarela.com.br/arquivos/Apostila TC _TIPOS DE TC_.pdf>. Acesso

em: 16 out. 2014.

TRANSFORMADORES de instrumento. Disponível em:

<http://www.abb.com.br/product/pt/9AAC710006.aspx>. Acesso em: 16 out. 2014.

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