localizado no município de Santa Cruz/PE e na comunidade do Sitio Laginha em Ouricuri/PE, 35 famílias de agricultores iniciaram na primeira semana de 2011, o cultivo do algodão agroecologico consorciado. Esta ação é uma iniciativa do Projeto Dom Helder Camara em parceria com a EMBRAPA Algodão, e no Araripe conta com o apoio das parceiras Caatinga e Chapada.
Esta ação tem como objetivo desenvolver sistemas produtivos
sustentáveis no semiárido nordestino, buscando a melhoria da qualidade de vida dos agricultores através do incremento da renda, diversificação da produção de alimentos, e da conscientização da maneira ecológica de produzir e manejar o solo.
O primeiro passo foi a
realização de uma formação sobre manejo cultural do algodão em consórcios agroecológicos na própria comunidade. Esta fase teve como objetivo planejar e demonstrar a escolha das áreas a serem cultivadas, que práticas de conservação de solos seriam usadas, que culturas seriam implantadas no consórcio, que tipos de adubos orgânicos alternativos e controles naturais seriam utilizados.
O segundo, através da assistência técnica, foi a aplicação das práticas
de conservação do solo nas áreas com declividade, com práticas de preparo das terras com piquetagem e marcação de curvas de nível. Em seguida foram realizados o plantio das sementes e outras atividades que se seguem nos próximos 30 dias de implantação das áreas.
Esta atividade teve como formadores os técnicos da EMBRAPA Algodão,
Gildo Pereira e Dalfran Gonçalves; Também participaram da formação o técnico de campo Sidney Lima, Auricelio Andrade, técnicos das parceiras Caatinga e Chapada, agricultores multiplicadores e as famílias envolvidas com a frente Algodão em consórcios Agroecológicos.
"Por meio da produção em consórcios agroecológicos é possível
desenvolver a cultura do algodão no Sertão do Araripe com base na agricultura familiar, para produzir, processar, e comercializar uma diversidade de derivados, favorecer a produção de alimentos, beneficiar e contribuir com o meio ambiente", afirma Auricélio Andrade, supervisor assistente do Projeto Dom Helder no Sertão do Araripe. Algodão Agroecológico gera renda e cidadania aos agricultores familiares da Borborema Avaliação do Usuário: / 0 Avaliar vote com_content Pior Melhor 2943 http://w w w .sunn
Notícias - Desenvolvimento sustentável
Escrito por Herbert Algodão Agroecológico gera renda e cidadania aos agricultores familiares da Borborema
Por Redação da Ecoagência
Iniciativa estimulou também a criação da Rede Paraíba de Algodão Agroecológico que articula as outras regiões Paraíba, possibilitando a comercialização do produto diretamente com as indústrias têxteis que tem como foco o trabalho com fibras orgânicas
Durante muitos anos, o plantio do algodão foi uma das principais culturas geradoras de renda na região semiárida. Por ser uma planta que resiste a seca e se reproduz principalmente nos períodos do verão (estação seca), fez com que a produção fosse crescente em meados do Século XX. Porém, na década de 1980 com a chegada da praga do bicudo e da decadência dos mercados, o plantio de algodão na região reduziu drasticamente, levando muitos agricultores/as a abandonaram seus plantios.
Na Paraíba, o resgate da produção do algodão se deu a partir da observação
e experimentação de agricultores familiares interessados em reintroduzir a cultura nos sistemas produtivos. A partir de pesquisas participativas e da iniciativa de Organizações Não governamentais, a exemplo da AS-PTA, Pólo da Borborema e Arribaçã e instituições de pesquisa como a Embrapa Algodão, foi se estruturando uma rede de agricultores experimentadores do algodão agroecológico, na região da Borborema. Essa iniciativa estimulou também a criação da Rede Paraíba de Algodão Agroecológico que articula as outras regiões do Estado. Como parte das estratégias da Rede, os agricultores/as experimentadores/as tem se organizado para comercializar o algodão diretamente com as indústrias têxteis que tem como foco o trabalho com fibras orgânicas, conseguindo um preço mais compensador e de maior reconhecimento ao trabalho realizado.
A reintrodução do algodão agroecológico nos roçados da região do Pólo da
Borborema tem sido uma das formas de fortalecer a diversificação nos sistemas de produção familiar, possibilitando o aumento na renda e a garantia de colheita no período seco. A época do plantio é determinante para que a cultura do algodão se estabeleça. No caso da Borborema, os meses de Maio e Junho são os mais apropriados, pois as chuvas já diminuíram de intensidade e os solos ainda estão com um bom teor de umidade.
O manejo dos roçados com o algodão agroecológico tem como base a
diversidade de culturas, para isso, é necessário que os agricultores/as adotem as práticas agroecológicas, como: a conservação do solo, o uso de adubação e de sementes orgânicas, aplicação de biofertilizantes enriquecido e caldas naturais, manejo ecológico de insetos, preparo do solo com tração animal, tratos culturais, capinas manual e capinas com bois de cultivadores, e colheita 100 % manual. Esse sistema de produção vem sendo aprimorado a cada ano, possibilitando o aumento na produção do algodão e das outras culturas do consórcio.
Os agricultores estimam que esse ano a colheita seja de aproximadamente
100 toneladas de algodão em rama, que serão comercializadas para as indústrias têxtil dos estados da Paraíba, Pernambuco e São Paulo. De acordo João Macêdo, Assessor Técnico da AS-PTA na Paraíba, o algodão plantado pelos agricultores do Pólo da Borborema tem sido reconhecido internacionalmente. Certificado pelo Instituto Biodinâmico de São Paulo (IBD), o algodão agroecológico tem recebido os selos orgânicos Brasil (BR), Europa (EU) e o selo NOP (EUA), maior nível de qualidade do algodão. Devido, as certificações, muitos agricultores da região tem tido um acréscimo de até 20% no preço final, gerando conseqüentemente um aumento significativo em suas rendas.
Os mais de 50 agricultores que fazem parte do processo de plantio do
algodão agroecológico são estimulados a participar de intercâmbios para a troca de experiências, reuniões de preparação para implantação das áreas de plantio, participação em seminários de âmbito Regional e Internacional, aprimorando os debates sobre a produção e comercialização. As experiências práticas contribuem para que os agricultores/as se sintam estimulados a produzir com qualidade e conseguir preços justos pela produção. Esse é um trabalho que vem dando certo e propiciado aos agricultores/as familiares do semiárido uma perspectiva de voltar a produzir o algodão em um novo modelo que permite a integração entre mercado e família, assim como, uma produção com base nos princípios da agroecologia.