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16 curiosidades sobre a história polêmica de Chiquinha Gonzaga


Atualizado em 12/12/2022

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Chiquinha Gonzaga foi a primeira maestrina brasileira, e uma mulher a frente do seu
tempo. 

Com um talento único para compôr e tocar piano, subverteu as convenções sociais de sua
época, tornando-se um dos nomes femininos mais respeitados da música brasileira. Neste
artigo, selecionamos 16 curiosidades sobre a sua vida que abalou as estruturas da
sociedade da época. 

1. Chiquinha era fruto da relação um nobre com a filha de uma escrava 

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José Basileu de Neves Gonzaga, pai de chiquinha, e Rosa Maria de Lima, mãe de chiquinha, segurando a maestrina com apenas um ano
de idade

Nascida no Rio de Janeiro em 1847, quando país ainda era uma monarquia, seu pai era um
militar ilustre do Império e a mãe a simples filha de uma mulher escravizada.

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A sua família paterna demorou a aceitar a menina, mestiça, por preconceito com a origem
da mãe. O pai, tardiamente, assumiu a educação da criança, que cresceu em um ambiente
refinado, tendo acesso à aprendizagem da escrita, leitura, catolicismo, matemática, prendas
tradicionais femininas, e... A música. 

2. Compôs sua primeira música aos 11 anos de idade 


Chiquinha, como era chamada, cresceu rodeada por música e aprendeu muito cedo a tocar
piano. Sua primeira composição foi Canção dos Pastores, quando tinha apenas 11 de
idade. Suas apresentações, no entanto, eram limitadas às salas das casas da família. 

3. Casou aos 16 anos, mas largou tudo pela música 


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Capa de um livro de partituras de Chiquinha Gonzaga

Como de costume na sociedade patriarcal em que vivia, quando completou 16 anos


Chiquinha teve seu casamento arranjado pelo pai, com um promissor empresário. 

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Jacinto Ribeiro do Amaral, seu marido, quase 10 anos mais velho, não gostava do fato do
Chiquinha continuar dedicada ao piano. Depois de dois anos de casada e já com três filhos
nos braços, Chiquinha decide separar-se, uma atitude inaceitável para a época. 

4. Chiquinha Gonzaga foi processada por abandono de lar e adultério 


Com 18 anos, cheia de vontade de viver de música, Chiquinha teve que enfrentar a fúria da
sociedade carioca. Tendo abandonado o primeiro marido para viver de música e
apaixonada por um novo homem, o engenheiro João Batista de Carvalho, foi levada ao
Tribunal Eclesiástico em um processo por abandono de lar e adultério. 

Ficou com a guarda apenas do filho mais velho, João Gualberto, já que o ex-marido a
proibiu de ficar com os outros dois: Maria do Patrocínio e Hilário. 

5. O início da fama para Chiquinha Gonzaga 


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Chiquinha aos 18 anos de idade

Com a reputação abalada e a ousadia de ultrapassar espaços femininos para compor e


publicar suas músicas, de uma roda de choro na casa de um amigo surge a sua primeira
composição famosa, chamada Atraente. Foi um sucesso imediato. 

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A família encarou como uma provocação, e fazia questão de destruir as partituras da
música que eram vendidas nas ruas pelos escravos. Atualmente, Atraente é considerada
um clássico da música instrumental nacional. 

6. Chiquinha Gonzaga: uma compositora produtiva e nacionalista 


Foram anos lidando com a maldição familiar, condenações morais e sociais. Ainda assim,
depois do primeiro sucesso, Chiquinha não parou mais.  

Compôs mais de 2 mil músicas em gêneros variados como: valsas, polcas, choros e
serenatas, tangos, e outros. Uma curiosidade é que a maestrina gostava de dar nomes
indígenas às suas composições: Tupã, Tupi, Aguará, Caobimpará, Ary, Aracê, Timbira,
Tamoio e Tupiniquins são algumas de suas composições.  

7. Mais um divórcio para a conta: Chiquinha Gonzaga separa-se pela segunda vez 
Além de enfrentar as constantes desaprovações sociais pela sua vida pública e arcar com
as consequência de ter renegado uma vida do lar, Chiquinha também sofreu no segundo
casamento. Seu segundo esposo, João Batista, a traía constantemente e, mesmo tendo
com ele uma filha, Alice, a artista decidiu se separar novamente. 

Mais uma vez, foi proibida de ter a guarda da criança, e continuou vivendo apenas com o
seu primogênito. 

8. Obrigou a imprensa brasileira a usar o termo "maestrina"


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Chiquinha Gonzaga em 1877, aos 30 anos de idade 

Em 1885, aos 38 anos, já divorciada do segundo marido, Chiquinha havia conquistado


respeito como artista na sociedade carioca. Estreou no teatro, criando a trilha para a
opereta A Corte na Roça. Na ocasião, a imprensa nacional não sabia como tratá-la, pois
não existia o feminino para a palavra maestro. Deu-se então a invenção do termo
"maestrina". 
9. Chiquinha Gonzaga gostava de violão quando ninguém dava valor ao
instrumento
Você consegue imaginar uma orquestra onde a estrela é o violão? Pois bem: esse
instrumento, nada comum em concertos clássicos, foi elevado ao status de erudito por
Chiquinha Gonzaga, que em 1889 regeu no Imperial Teatro São Pedro um recital de
violões.

Na época, o instrumento não era considerado nobre e muito menos adequado para a
ocasião, mas Chiquinha mais uma vez causou polêmica e inovou sua forma de apresentar. 

10. Chiquinha era a favor da causa anti-escravagista 


Uma revolução política acontecia no Brasil em meados de 1888, estava para ser assinada a
abolição da escravatura e Chiquinha era militante a favor da libertação de pessoas
escravizadas. Sendo ela própria de origens negras, sua atitude condizia com as suas
origens.

Uma das curiosidades mais faladas de sua biografia é o fato de ter comprado a alforria de
José Flauta, um escravo músico que queria como companheiro artístico. 

11. Chiquinha Gonzaga: a defensora pioneira da música popular brasileira 


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Chiquinha Gonzaga aos 47 anos, usando o broche contendo os primeiros compassos de sua valsa Valquíria, presenteado por colegas.

Chiquinha viveu em uma época em que a música nacional não era considerada arte. Os
burgueses apreciavam composições europeias e torciam o nariz para qualquer expressão
cultural que expressasse alguma brasilidade.

A maestrina, no entanto, fazia questão de ressaltar o aspecto nacional de suas


composições, inclusive nos títulos, como já falamos acima. 
12. O tango Corta-jaca de Chiquinha vai parar no Salão Nobre do Palácio do Catete 
Era dia 26 de outubro de 1914 quando a primeira dama do Brasil à época, Dona Nair de
Teffé, executou no violão um tango composto por Chiquinha Gonzaga. O episódio ficou
conhecido como "alforria da música popular brasileira" pois nunca antes esse tipo de
composição tinha entrado nas elegantes salas da Residência Presidencial.

O tango, intitulado Gaúcho, mas conhecido como Corta-jaca, ganhou uma letra e foi
regravado por gerações e gerações. 

13. Adotou o próprio marido para evitar ser repreendida socialmente 


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Foto de João Batista Fernandes Lage e Chiquinha Gonzaga tirada em 1925, ele aos 42 anos e ela então com 78 anos 

Depois de dois casamentos frustrados, Chiquinha apaixonou-se novamente aos 52 anos de


idade. O alvo de seu amor, no entanto, era um jovem português de apenas 16 anos.

Para evitar mais um escândalo em sua vida, Chiquinha adotou informalmente João Batista
Fernandes Lage como seu filho, e poucas pessoas sabiam que na verdade ele era seu
amante. Viveram juntos por 36 anos, até a morte da maestrina.
14. Foi a primeira mulher a lutar por direitos autorais dos compositores
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Chiquinha em 1921 ao lado de autores que trabalham no teatro 

Já considerada uma autora de sucesso, muito popular no Brasil e reproduzida em todos os


cantos do país, o trabalho de Chiquinha era constantemente explorado e abusado,
especialmente no teatro. 
Então, a maestrina se envolveu em mais uma polêmica: criou a primeira sociedade
protetora e arrecadadora de direitos autorais do país, a Sociedade Brasileira de Autores
Teatrais (Sbat). Até hoje é lembrada como uma a primeira pessoa no país a pensar nos
direitos do compositor. 

15. Forrobodó: o maior sucesso teatral de Chiquinha e música que inaugurou a


Rede Globo
Em 1912 Chiquinha Gonzaga estreava o que viria a ser o seu maior sucesso teatral, uma
burleta chamada Forrobodó. A curiosidade é que, quando a Rede Globo estreou na TV, em
abril de 1965, ele foi o primeiro musical apresentado no programa chamado
"Mussicalíssima". 

Em 1999, a mesma Rede Globo exibiu uma minissérie com base na vida da artista. Foram
38 episódios com Regina Duarte e Gabriela Duarte no papel da maestrina. 

16. Ó abre alas: Chiquinha Gonzaga morre um dia antes do carnaval 


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Uma das últimas fotos tiradas de Chiquinha Gonzaga, aos 85 anos, em 1932

Os versos conhecidos por praticamente todos os brasileiros foi composto por Chiquinha na
virada do século, em 1899. Na época, ela não sabia que havia composto a primeira canção
carnavalesca brasileira, mas hoje a música é consagrada como um hino do carnaval.  

Chiquinha faleceu aos 87 anos de idade, no dia 28 de fevereiro, bem no início do Carnaval
de 1935. 
Quer saber mais sobre a vida de Chiquinha Gonzaga? Acesse a sua biografia completa. 

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