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dossier langues indiennes et empire dans l’amérique du sud coloniale

«Em razão das conquistas,


religião, commercio»
Notas sobre o conceito de língua geral na colonização
portuguesa da Amazônia nos séculos xvii-xviii

Cândida Barros
Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém, Brasil)

O objetivo é analisar o conceito de «língua geral» como correlato ao de 99


«tapuya»1 nos textos dos jesuítas na Amazônia entre os séculos xvii e xviii e
no Vocabulario Portuguez & Latino de Rafael Bluteau, de 17122. Na literatura
colonial portuguesa, «tapuya» designava os índios que não falavam a língua
geral. Essa categoria social é um exemplo do que Cláudio Pinheiro definiu
como «grupos politicamente imaginados e produzidos, como efeitos de ações
e acrescentados ao esforço de conquista e administração colonial3». No caso do
«tapuya», a política de introdução de uma língua comum nos contatos coloniais
criou, para fins administrativos religiosos e laicos, categorias que designavam os
que não a falavam. Outras categorias foram utilizadas com esse significado no
Estado do Maranhão e Grão Pará, tais como «nheengaíba» e «baré». A hipótese
é que o conceito de língua geral (língua comum) foi estabelecido paralelamente
a um discurso negativo sobre o multilinguismo. «Língua geral» e «tapuias»
apresentavam atributos contrastivos na literatura portuguesa: enquanto a pri-
meira favorecia à evangelização, à conquista e ao comércio, os segundos eram
propensos à guerra e à barbárie.
Não seguiremos uma ordem cronológica na apresentação dos textos. O ponto
de partida são as definições de «língua geral» e «tapuya» no Vocabulário de
Rafael Bluteau (1712), por ser o dicionário um gênero textual privilegiado para

1
 Há uma grande diversidade de ortografia para este termo na literatura colonial: tapuia,
tapuya, tapigigya, tapuigya, tapyyja, etc. Usaremos tanto tapuia (grafia moderna do português)
como «tapuyas» (empregado por Bluteau). A citação incluída no título foi retirada de Bluteau,
Vocabulario portuguez & latino, 1721, t. VIII, p. 47.
2
O trabalho foi resultado de um estudo conjunto com Charlotte de Castelnau L’Estoile no
qual tomamos como ponto de partida a concepcão de «língua geral» em Rafael Bluteau para
analisar o tema linguístico nas colônias portuguesas na América. Os resultados foram apresen-
tados na reunião do projeto LANGAS no INALCO (Paris) em 2012. Agradeço a Charlotte de
Castelnau L’Estoile e Ruth Monserrat pelas discussões e sugestões.
3
Pinheiro, 2005, p. 14.

Juan Carlos Estenssoro, César Itier (coord.), Langues indiennes et empire dans l'Amérique du Sud coloniale
Dossier des Mélanges de la Casa de Velázquez. Nouvelle série, 45 (1), 2015, pp. 99-112.
ISSN : 0076-230X. © Casa de Velázquez.
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acompanhar os lugares comuns relativos a um termo ou expressão em uma lín-


gua4. Há indicações de que Bluteau construiu seu conceito de «língua geral» e
«tapuyas» a partir da literatura produzida pelos jesuítas portugueses na América.
Em relação aos textos dos jesuítas entre os séculos xvii e xviii, enfatizare-
mos a descrição que eles fazem do multilinguismo no Estado do Maranhão e
Grão Pará e a criação de categorias para demarcar os índios que não usavam
a língua «geral» (os «tapuyas», os «nheengaíba» e os «baré»).
Na conclusão, trataremos da alteração semântica que o termo «tapuya»
sofreu no século xviii, quando passou a significar também o falante da «lín-
gua geral». Essa mudança teria sido resultado da política linguística de tupi-
nização dos «tapuya» no Estado do Maranhão e Grão Pará entre os século
xvii e xviii. Ao longo do trabalho usaremos as denominações língua tupi /
língua não tupi — que não aparecem nas fontes coloniais setecentistas da
Amazônia — como paralelas às de «língua geral» e de «tapuia».

100
Definição de «língua geral» e «tapuya»
em um dicionário português-latim de 1712

Aryon Rodrigues observou no artigo «Língua geral» que esta expressão teve
circulação tardia na colonização portuguesa em comparação com a espanhola5.
Seu emprego como nome de língua da família tupi falada na sociedade colonial
portuguesa na América se tornou recorrente a partir da segunda metade do
século xvii6, porém, sua entrada em dicionários da língua portuguesa só ocor-
reu no século xviii. O padre Rafael Bluteau, da Ordem de São Caetano, institu-
cionalizou tanto a expressão «língua geral» como o termo «tapuya» na língua
portuguesa ao incluí-los no Vocabulario Portuguez & Latino (1712). «Tapuyas» é
entrada de um verbete7 e a expressão «língua geral» faz parte do verbete «língua»8.
«Língua geral» em Bluteau é definida em oposição à categoria de «línguas
particulares». Cada uma destas representava uma classe de idiomas caracteri-
zados contrastivamente (favorável à religião, conquista e comunicação versus
propício à guerra, insociabilidade e barbárie):
As linguas ainda que pareção innumeraveis, todas se podem reduzir
a duas, a saber, linguas matrizes, & géraes, que se estendèrão muito,
& saõ usadas entre muitas nações diversas, em razão das Conquistas,
Religião, commercio, que as introduzio; & linguas particulares, ou pro-
prias de alguma nação, que por consequencia saõ menos dilatadas9.

4
Delesalle e Valensi, 1972, p. 80.
5
Rodrigues, 1986, p. 96.
6
Ibid., p. 103.
7
Bluteau, Vocabulario portuguez & latino, 1721, t. VIII, p. 47.
8
Ibid., 1716, t. V, p. 138.
9
Ibid.

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cândida barros «em razão das conquistas, religião, comercio»

Bluteau listou catorze casos de «linguas matrizes, & géraes» no mundo.


Entre essas, estavam aquelas:
a) relacionadas entre si diacronicamente, como o latim com as lín-
guas românicas;
b) as que se mesclaram («A lingua Africana, ou Berebere, ou Mouris-
ca, se mistura mais, ou menos com a Arabica em Berberia, no Billedul-
gerid, no Zaara, & na Nubia10»), e finalmente
c) as introduzidas em uma sociedade pela ação da colonização, co-
mercio, religião e escravidão:
A língua dos Negros se limita nas terras dos Negros & no Guiné, &
não passa destes limites senão pelos escravos, que os Portugueses levão
ao Brasil na America ou trazem a Portugal na Europa11…

Na América, quatro línguas indígenas foram identificadas como «gerais»


por Bluteau: «a lingua Mexicana», «a lingua do Perû», a língua «Galibina, 101
em razão dos Galibis, que saõ povos da America Meriodional, passou aos
Caraibes & he a língua gèral de todos os povos da Guiana», e finalmente «a
lingua dos Tapuyas [que] occupa gèralmente todo o Brasil12». Observa-se que
Bluteau nomeou acima a língua geral no Brasil como própria dos «Tapuyas»,
o que contradiz a afirmação de que essa foi a denominação dada aos que
não falavam a «geral». Abordaremos, na conclusão, a transformação semân-
tica do termo «tapuya» no século xviii como resultado da politica linguística
usada na região amazônica.
A classe das «línguas particulares» foi definida por Bluteau por atributos
opostos aos de «língua geral». Seus falantes na África e na América eram refe-
ridos como povos que viviam «sem commercio, sem hospitalidade & sem reci-
proca communicação», eram obstinados por guerras e associados à barbárie:
As linguas particulares da Africa, ainda que não conhecidas, se suppo-
em tantas, quantas saõ as barbaras nações do Sertão, que pelos seus feri-
nos costumes vivem sem commercio, sem hospitalidade, & sem reciproca
communicação. O mesmo se póde dizer da America, donde, excepto a
lingua Peruana, & Mexicana, que occupavão dous grandes Imperios, to-
das as mais nações insociaveis, assim pela obstinação das guerras, como
pela diversidade dos genios, formàrão suas diferentes linguagens13.

Bluteau construiu a classe das «linguas particulares» a partir dos mesmos


topoi empregados no verbete «Tapûyas», como se pode ver abaixo:

10
Ibid., p. 139.
11
Ibid.
12
Ibid.
13
Ibid.

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Tapûyas. O mais bravo, & barbaro Gentio do Brasil, na Capitania


do Espirito Santo, & entre as Capitanias de Pernambuco, & do Rio
de Janeiro. Chamaõlhe Tapuyas, que na sua língua val o mesmo, que
Nação contraria; porque a todas as naçoens tem esta feyto insultos
secretos, ou publicos, & he tida de todos por inimiga. Até com alguns
povos da sua propria nação trazem guerras cõtinuas. Comprehendem
os Tapuyas debayxo de si perto de hum cento de linguas differentes,
& por conseguinte outras tantas especies, a saber, Aimores, Potentûs,
Guaitacàs, Guaramomîs, Guaregoares, & seria cançar, contar todas14.

Os «tapuyas» são definidos como índios não cristãos («gentios») da costa


do Brasil, qualificados como bárbaros e belicosos, os mesmos atributos com
os quais Bluteau havia caracterizado os falantes de «línguas particulares».
Os itálicos introduzidos no verbete acima de Bluteau assinalam os trechos
retirados do livro Noticias curiosas e necessárias do Brasil (1º edição 1668) do
jesuíta Simão Vasconcelos (1595-1671):
102 A outra nação genérica é de tapuias. Desta afirmam muitos, que
compreende debaixo de si perto de um cento de línguas diferentes; e por
conseguinte outras tantas especies: a saber, Aimores, Potentus, Guaitacás,
Guaramomis, goaregoares, jeçaruçus […] seria cansar contar todas15.
E desta tão conhecida inimizade, lhe veio o nome de Tapuias, que
vale o mesmo que de contrários, ou inimigos16.

A primeira citação acima de Vasconcelos faz parte de um trecho em que o


autor apresenta a oposição entre os «índios mansos» e os «índios bravos»17.
Os primeiros falavam a «língua comum», enquanto os segundos corres-
pondiam aos «tapuias», considerados como uma «nação genérica»18. Desta
forma, os sentidos comuns institucionalizados para «língua geral», «línguas
particulares» e «tapuyas» em Bluteau foram baseados nos autores jesuíticos.
A caracterização da Amazônia como espaço do multilinguismo em Bluteau
foi também herança jesuítica, através de Simão de Vasconcelos:

Rafael Bluteau (1716) Simão de Vasconcelos (1668)

«das noticias que dà do Brasil o P. Simão de «���������������������������������������������


passavam de 150 [nações] só as de línguas di-
Vasconcellos, livro 1. pag. 37. consta, que só nas ferentes; e fora maior a multidão de gente, a não
prayas, & Ilhas do vastissimo rio das Amazonas ser a guerra contínua, e insaciável que trazem
há mais de cento, & cincoenta nações com lín- entre si.»
guas proprias, & maternas, todas diversas hu-
mas das outras.»

Fonte: Bluteau, 1716, t. V, p. 140, e Vasconcelos, 1977, t. I, p. 64.

14
Bluteau, Vocabulario portuguez & latino, 1721, t. VIII, p. 47. Itálico acrescentado.
15
Vasconcelos, Crônica da Companhia de Jesus, t. I, p. 110. Itálico acrescentado.
16
Ibid., t. I, p. 109.
17
 Ibid, t. I, p. 110.
18
 Ibid.

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cândida barros «em razão das conquistas, religião, comercio»

A referência ao multilinguismo como fenômeno incomensurável, particu-


larmente na Amazônia («seria cançar, contar todas») presente em Bluteau foi
também retirada de Vasconcelos, para quem, nem fazendo-se uso de todos
os seixos da praia seria possível listar as línguas e povos daquela região («Dos
nomes de algumas destas nações porei exemplo; porém será à margem, por
não causar fastio; porque seria enfadonho se quisesse contar todas as nacões
destas gentes19»).
Analisaremos agora o significado de inimigo ou contrário («Val o mesmo
que nação contraria») atribuído por Bluteau e Vasconcelos ao termo «tapuya».
Não encontramos no dicionário português-tupi de 1622 tal sentido para esse
termo. As glosas tupi para «contrário» e «inimigo» são:
Jnimigo hostis — Tobajara20
Contrario. hostis. — Tobajara21
Jnimigo como quer. — Çumarã. Amotareĩbara22
Jnimigos estarẽ ou serẽ algus. — Oronhoamotareigm23
103
O termo tobajara era também a glosa para «cunhado de home, marido de
irmã ou prima mais velha24». O catecismo de Antonio de Aráujo, na lista de
termos de parentesco, para ajudar o missionário na confissão, faz referência
ao cunhado como também o termo para inimigo:
Tobajára. Cunhado do varão, primeiro irmão de sua molher, ou pri-
mo de sua molher. Usa desse só o varão. Significa tambem o contrario.
Xerobajára25.

O termo «tapuya», por outro lado, é usado no dicionário de 1622 para se


referir a «escravo», «captivo» ou para construir, por composição, a glosa para
«negro de Guiné» (tapuya + preto):
Captiua. Miauçiba. — Tapigigya26
Escraua. Miauçuba. — Tapuipera27
Escravo. Miauçuba. — Tapuigya28
Negro de Guiné. — Tapigiyũna, l. tapîỹinhuma29

19
Ibid.
20
Ayrosa, 1938, p. 264. Análise morfológica de tobajara: [t-oba-jara] [genérico-rosto-dono].
21
Ibid., p. 163.
22
Ibid., p. 264. Análise morfológica de amotareĩbara: amotar-eim-ara [desejar-negação-o que].
23
Ibid. Análise morfológica de oronhoamotareigm: ore-nho-amotar-eim [nós exclusivo + reflex.
mutuamente + desejar + negação].
24
Ibid., p. 172.
25
Araujo, Catecismo na Língua Brasílica [1618], fº 116vº.
26
Ayrosa, 1938, p. 147.
27
Ibid., p. 218.
28
Ibid.
29
Ibid., p. 309.

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A associação de «tapuya» a «escravo» e «captivo» na fonte lexicográfica de


1622 indica que na costa do Brasil essa parcela da população indígena inte-
grava o contingente passível de escravização. Não foi encontrado no dicioná-
rio português-tupi de 1622 o sentido de «tapuya» como inimigo. Essa ausência
indicaria que esse sentido atribuido por Simão Vasconcelos ao termo tupi sur-
giu do topoi de «belicosos», atribuído aos grupos caracterizados como multi-
língues, do que do seu significado corrente na língua tupi.

Alguns usos de «língua geral», «tapuia», «nheengaíba» e «baré»


em textos jesuíticos referentes à Amazônia (séculos xvii-xviii)

Na distribuição linguística dos índios no Estado do Maranhão e Grão


Pará (colônia portuguesa à parte do Estado do Brasil), os grupos tupi esta-
vam presentes desde o Maranhão até o rio Amazonas, principalmente em
104 sua margem direita, enquanto um grande número de povos não tupi estavam
localizados na capitania do Cabo do Norte (Amapá) e na ilha do Marajó30.
Para os portugueses, defrontar-se com grupos não-tupi logo nos primei-
ros anos da colonização representou uma grande diferença em relação a sua
experiência anterior na costa do Brasil, que havia lidado majoritariamente com
grupos tupi. O mapa apresentado por Castelnau L’Estoile31 sobre as áreas de
ocupação portuguesa no litoral ao longo do século xvi mostra que nas regi-
ões com presença estável portuguesa os grupos indígenas presentes eram da
família linguística tupi (tupinambá, tupiniquim, caeté, etc.). Já na Amazônia,
os colonizadores tiveram que tratar logos nos primeiros anos com grupos não
tupi, como aqueles que habitavam a ilha de Marajó.
O padre Antônio Vieira (1608-1697), responsável pela estruturação das mis-
sões jesuíticas na Amazônia entre 1653 e 1661, foi o difusor da caracterização
daquela região como multilíngue e da atribuição dos topoi de povos bárbaros e
guerreiros a esse contigente indígena não tupi. No seu «Sermão sobre o Espírito
Santo», Vieira criou a metáfora do rio Amazonas como «rio Babel»:
Pela muita variedade das línguas, houve quem chamou ao Rio das
Almazonas rio Babel […] porque na Torre de Babel, como diz S. Jerôni-
mo, houve somente setenta e duas línguas, e as que se falam no Rio das
Almazonas são tantas e tão diversas, que se lhes não sabe o nome nem
o número. As conhecidas até o ano de 639, no descobrimento do Rio de
Quito, eram cento e cinqüenta. Depois se descobriram muitas mais, e a
menor parte do rio, de seus imensos braços, e das nações que os habi-
tam, é o que está descoberto. Tantos são os povos, tantas e tão ocultas as
línguas, e de tão nova e nunca ouvida inteligência32.

30
 Nimuendaju, 1981.
31
Castelnau L’Estoile, 2000, p. 42.
32
Vieira, «Sermão do Espírito Santo» [1697].

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cândida barros «em razão das conquistas, religião, comercio»

No trecho acima, encontra-se o mesmo topos relacionando à diversidade


linguística na região como incomensurável («são tantas e tão diversas, que se
lhes não sabe o nome nem o número»). O número de «150 línguas» na Ama-
zônia contabilizado por Antônio Vieira em 1657 foi o mesmo reproduzido
no livro do jesuíta Simão de Vasconcelos em 1668 e depois no dicionário de
Bluteau (volume 8 em 1721), o que mostraria o papel central de Vieira na
caracterização do multilinguismo na Amazônia colonial.
No mesmo sermão que nomeia o Amazonas como o «Rio Babel», Vieira
faz menção aos indios «nheengaíba», descritos pelos topoi atribuídos à
diversidade linguística: a língua desse grupo foi incluída entre as «bárbaras
e barbaríssimas» e qualificadas de difícil aprendizado («Que será aprender o
nheengaiba, o juruna, o tapajó, o teremembé, o mamaiana, que só os nomes
parece que fazem horror?»33. Quem seriam os Nheengaibas? Vieira define o
termo como categoria genérica para designar muitas nações de línguas dife-
rentes, em uma carta ao Rei em 1660:
105
Na grande boca do rio das Amazonas esta atravessada huma Ilha de
mayor comprimento e largueza que todo o Reyno de Portugal, e habi-
tada de muitas naçoens de Índios, que por serem de línguas differentes,
e difficultosas, saõ chamados geralmente Nheengaíbas34.

Não há precisão étnica dos grupos da região do Marajó abrangidos pelo


termo tupi «nheengaíba», que significava ‘língua má’ [nheeng ‘fala’ aib ‘má’],
mas a própria caracterização desses grupos como «nheengaíba» os situava
como não tupi. O jesuíta João Daniel mantém essa definição em sua crônica
do século xviii:
Tem vários predicados os índios nheengaíbas, que os distinguem
das mais nações. O primeiro é o seu dialecto totalmente diverso dos
mais; e dele é, que tomaram a sua característica diferença nheengaíba,
que quer dizer, má lingoagem35.

Assim como «tapuia» foi uma categoria criada pela política colonial para mar-
car fronteiras de identidade entre os que falavam a língua comum e os que não
a falavam, a categoria dos «nheengaibas» também foi fruto da mesma política.
Os motivos dos jesuítas para se ocuparem desses índios estavam rela-
cionados ao fato de que estes mantinham comércio com outras nações
européias que haviam se instalado na Guiana. Por vinte anos, os «Nheen-
gaíba» mantiveram guerras contra os portugueses36. Por outro lado, era do
interesse político dos portugueses a aproximação com os grupos indígenas

33
Ibid.
34
Vieira, Cartas do P. Antônio Vieyra da Companhia de Jesu, t. II, p. 22. Itálico acrescentado.
35
Daniel, Tesouro descoberto no Rio Amazonas [ca. 1757-76], vol. 1, p. 271. Itálico acrescentado.
36
Vieira, Cartas do P. Antônio Vieyra da Companhia de Jesu, t. II, p. 24.

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no Marajó, por eles estarem próximos a Belém, local onde havia sido fun-
dado um forte, um núcleo de colonos e algumas missões com grupos de
língua geral. Em 1661, duas missões jesuíticas (Arucará e Guaricuru) foram
fundadas com os «nheengaíbas».

Uma política linguística para evangelizar os «tapuia» (século xvii)

O padre Antônio Vieira formulou regras específicas para evangelizar os


índios não tupi no «Regulamento das Aldeias Indígenas do Maranhão e Grão-
-Pará» (ou «Regimento da Visita») [1658-1661]37. Esse documento regeu a
vidas das missões jesuíticas até a expulsão da Ordem em 1759. As regras do
«Regulamento» a respeito de como evangelizar índios que não eram de «lín-
gua geral» foram específicas para os jesuítas na Amazônia, pois o documento
jesuítico congênere, escrito para as missões no Estado do Brasil, não explici-
106 tavam como proceder nesse caso.
O «Regulamento das Aldeias Indígenas do Maranhão e Grão-Pará» não
excluia as línguas não-tupi da evangelização. Essas poderiam ser usadas na
preparação do índio adulto para o batismo e em situações de extrema-unção,
sempre com ajuda de intérpretes indígenas:
Não havendo perigo de tornarem [os Índios Gentios] para o Sertão
se baptizarão logo todos os inocentes, mas os adultos, se não forem
da Língua Geral ou de outra que saibamos, não se baptizarão fora do
perigo de morte, senão de vagar, e com muita consideração pela pouca
capacidade dos intérpretes, enquanto não há número dos sujeitos que
se possam aplicar a diversas línguas38.

Outro uso de línguas não tupi na evangelização era na elaboração de cate-


cismos breves, que conteriam o básico sobre a doutrina:
O Padre que os tiver [adultos que não forem da Língua Geral] à sua
conta procurará com todo o cuidado fazer um catecismo breve, que con-
tenha os pontos precisamente necessários para a Salvação, e dêste usarão
nos casos de necessidade, e por êle os irão ensinando e instruindo39.

A prática de elaborar doutrinas breves em línguas não-tupi se manteve até


o século xviii. O jesuíta Anselm Eckart menciona ter elaborado uma para
os falantes das línguas baré e ariquena40, ambas da família linguística Aruak.

37
Beozzo, 1983.
38
Vieira, Antônio, Regulamento das aldeias indígenas do Maranhão e Grão Pará [1658-1661],
citado por Beozzo, 1983, p. 199.
39
Ibid.
40
Eckart, Anselm, Zusätze zu Pedro Cudena’s Beschreibung der Länder von Brasilien...,
citado por Papavero e Porro (orgs.), 2013, p. 562.

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O único espécime textual de catecismos breves em língua não tupi que se


conhece é um diálogo em manao («Preguntas da Doutrina Christãa pela Lin-
goa Manoa, vertidas ou tiradas da Língua geral»). O documento mostra que
a intermediação do intérprete de línguas não tupi era feita a partir do conhe-
cimento que este tinha da língua geral:
Quem isto escreve não sabe a ditta lingoa, mas hum Manao, q.
aprendeo a Doutrina pela Lingoa Tupinamba, averteo na sua lingoaje
dizendo q. algumas das palavras nam heram muy alegantez, mas, q. as
compunha conforme melhor as entendia41.

Porém, as línguas não tupi eram utilizadas apenas na preparação dos adul-
tos para o batismo. As demais rotinas cristãs deveriam ser conduzidas em lín-
gua geral, como a confissão, por exemplo, para evitar a presença de intérpretes.
Os Nheengaíbas ilustram bem os limites impostos às línguas não tupi
na evangelização. Nos primeiros anos de contato com eles, o padre Manuel
Nunes (1606-1676) elaborou um catecismo breve. Trinta anos mais tarde, o 107
jesuíta João Filipe Bettendorff (1625-1698) continuou fazendo uso de uma
doutrina breve nessa língua. Mesmo assim, até o século xviii, depois de quase
cem anos de missão entre os nheengaibas, não há noticias de que os jesuí-
tas tivessem elaborado um confessionário em sua língua. Seus falantes eram
obrigados a confessarem pela «geral», como comenta o jesuíta João Daniel42.
Ele revela que as mulheres nheengaibas —também denominadas «tapuias»—
se recusavam a usar a língua geral na confissão e que os missionários tinham
que fazer uso de castigos para que elas confessassem por esta língua:
Como porém as confissões das tapuias por intérprete trazem consi-
go muitos inconvenientes, tem-se empenhado muitos missionários a
desterrar este abuso, já com práticas, e já com castigos: e posto que já
vai em muita diminuição, contudo ainda há algumas [mulheres nhe-
engaíbas] que nem a pao querem largar este abuso: tanto que já houve
algumas, às quaes o seu missionário mandou dar palmatoadas até elas
dizerem basta ao menos, pela língoa geral, antes se deixavam dar até
lhes inchar as mãos, e arrebentar o sangue, até que se resolviam a fazer,
o que deviam logo, que era o falar a língoa comum43.

Finalmente, caso não houvesse intérpretes nas línguas não tupi para auxi-
liar no batismo ou para preparar um catecismo breve, Vieira recomedava no
Regulamento «misturar» os índios que não falavam a língua geral com aque-
les que a sabiam no espaço da missão:

41
«Caderno da Doutrina pella Lingoa dos Manaos», 1757, Joyce, 1951, p. 41. Observa-se no
documento a multiplicidade de denominações para a língua usada na colonização (tupinambá
e língua geral). O término «tupinambá» foi associado à variedade usada na doutrina que serviu
de base à tradução manao.
42
Daniel, Tesouro descoberto no Rio Amazonas [ca. 1757-1776], vol. 1, p. 272.
43
Ibid., t. I, p. 272. Itálico acrescentado.

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em caso que totalmente não haja intérprete, nem outro modo por don-
de fazer o dito catecismo, será meio muito acomodado o misturar os
tais Índios com os da Língua Geral ou de outra sabida para que ao
menos os seus meninos aprendam com a comunicação44.

O Regulamento [1658-1661] deixou determinado o que se tornou a prática


do século xviii que era tornar a missão local de aprendizado da língua geral
por parte dos «tapuyas».

As missões como espaço da diversidade: os barés (século xviii)

Na chegada dos jesuítas à Amazônia, a diversidade linguística foi descrita


territorialmente pela metáfora do Rio Amazonas como «Rio Babel»: as línguas
estavam espalhadas ao longo daquele rio. No século xviii, a diversidade de lín-
108 guas passou a ser mencionada no interior das missões. O jesuíta João Daniel
observava que uma missão poderia ter mais de 40 línguas em sua composição:
Não assim nas missões do Amazonas, em que ajuntando-se diversas
nações, cada uma tem diverso idioma, pelo qual se destinguem umas
das outras; de sorte, que há missão, que se compõem de 30 para 40
nações diversas com idioma tão diferente, que não tem con [roto o
manuscrito] alguma entre si45.

O instrumento responsável pela «mistura» dos índios tapuia às missões


de falantes de língua geral foram os descimentos dos índios dos sertões, o
que significava transferir os índios não cristãos («gentios») que viviam no
«sertão» (áreas fora das fronteiras da ocupação portuguesa) para as missões.
Tanto o termo de «gentio» como o de «sertão» foram glosados nos dicionários
da língua geral do século XVIII por «tapuia» ou composições com «tapuia»:
«Gentio. Tapuya46», «certão. Tapuytáma47» (tapuia + (r)etama ‘nação’).
Os descimentos dos índios não cristãos foram responsáveis pelo aumento
da população das missões jesuíticas. Em 1696, elas tinham 11 mil índios e
em 1730, 21 mil48. Descimentos sempre tinha havido, desde o século xvii,
como forma de povoar as missões jesuíticas. Naquele período, muitos índios
ainda falavam línguas da família tupi, à diferença do xviii, quando começa-
ram a ser trazidos índios de regiões onde não havia índios tupi, como foi o
caso do Rio Negro. A categoria de «índios novatos» se referia àqueles índios

44
Vieira, Antônio, Regulamento das aldeias indígenas do Maranhão e Grão Pará [1658-1661],
citado por Beozzo, 1983, p. 199.
45
Daniel, Tesouro descoberto no Rio Amazonas [ca. 1757-76], vol. II, p. 225.
46
Anônimo, Gramatica da Lingua Geral do Brazil, fº 301.
47
Ibid., fº 275.
48
Leite, 1943, t. IV, p. 139.

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cândida barros «em razão das conquistas, religião, comercio»

recém introduzidos na missão. Um dos nomes usados no século xviii na


região do Pará para designá-los foi «baré», denominação de um grupo aruak
do rio Negro. Ou seja, «baré» como categoria genérica se tornou mais uma
forma de denominar todos aqueles que não falavam a língua geral. Um dos
recursos de que se valiam os jesuítas para socializar os índios recém-desci-
dos na vida da missão e na língua geral era confiá-los a índios mais antigos
da missão, denominados «tapijaras49» ou «índios cristãos antigos», na base
de uma relação de vassalagem50:
É necessário tãobem recomendar aos tapijaras, que não os disgos-
tem [os índios novatos], como muitas vezes fazem, já desprezando-os;
já envergonhando-os de barés isto é novatos, e salvages; e já servindo-se
com eles; nem querendo emprestar-lhes algum utensílio: de muitos ou-
tros modos, de que tomam disgostos. Costumam alguns missionários,
quando fazem algum descimento repartir os novatos pelas casas dos
tapijara: outros lhe preparam moradias a parte, separadas; e esta praxe
me parece melhor, por varias rezões. 1º porque repartindo-se pelos ca-
saes antigos, estes se apoderam de tal sorte dos novatos, que os fazem 109
servir como seus moços, chamam-lhes seus ocapiras, que é um gênero
de escravidão, e enfim os injuriam com palavras, desprezam etc.51.

A criação de mais uma categoria de índios que não falavam a língua geral
(«baré» como categoria genérica de índios novatos) mostra a manutenção de
práticas relacionadas à política de introduzir uma língua comum e a criação
correlata de identidades sociais para os grupos que não a usavam.

Tapuia como falante de língua geral?

A definição de Rafael Bluteau de «língua geral» como um idioma intro-


duzido em situações de diversidade linguística («entre muitas nações diver-
sas») como parte de ações de conquistas territoriais, de evangelização e do
comércio tornou conceito (genérico) o que nos textos de jesuítas era o nome
próprio de uma língua usada no Estado do Maranhão e Grão Pará. Para
criar as classes das «línguas gerais» em oposição à das «línguas particulares»,
Bluteau baseou-se na oposição entre os falantes de língua geral e os de lín-
guas tapuias, recorrente nos textos jesuíticos.
Apesar da diferença de uso desses termos —como nome próprio ou como
classe de línguas�������������������������������������������������������
—������������������������������������������������������
, tanto os jesuítas como Bluteau compartilharam senti-
dos comuns (topoi) que distinguem seus falantes por atributos contrastivos.
Ter uma língua comum permitiria converter, conquistar e comercializar,
49
Análise morfológica de tapijara: ta-ape-jara [genérico + caminho + dono].
50
Barros, Monserrat e Prudente, 2013.
51
Daniel, Tesouro descoberto no Rio Amazonas [ca. 1757-76], vol. II, p.  258. Itálico
acrescentado.

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dossier langues indiennes et empire dans l’amérique du sud coloniale

enquanto os falantes de línguas de menor abrangência (em Bluteau nome-


adas como «línguas particulares» e atribuídas aos «tapuyas») eram associa-
dos à barbárie, à guerra e à incomunicabilidade. O fim da barbárie e das
guerras requeria a introdução de uma língua comum.
Porém, se a categoria de «língua geral» foi construída na colonização portu-
guesa em oposição à categoria de «tapuya», como explicar que Bluteau tenha
se referido à «língua geral» usada no Brasil como «a língua dos tapuyas52»?
Como explicar a ambiguidade de sentidos do termo «tapuya» no dicionário
de Bluteau ora como os que não usavam uma língua em comum (verbete
«tapuyas») ora como os que a falavam (verbete língua)?
Não foi encontrado no dicionário português-tupi de 1622 o sentido de
«tapuya» como falante de língua geral ou como glosa para indio da mis-
são, já cristianizado, porém esse significado foi encontrado em obras lexi-
cográficas setecentistas em língua geral. A seguir, alguns usos de «tapuya»
no século xviii:
110 — alguns dicionários mantiveram «tapuya» como o índio não cris-
tão («Gentio. Tapuya53») e para compor o sentido de «sertão»: «certão.
Tapuytáma54» (tapuya + retama ‘nação’);
— outras obras lexicográficas mostram que o termo «tapuia» já havia
sido incorporado ao português, com o sentido de índios cristãos das mis-
sões. No exemplo a seguir tapuia foi usado na glosa em português de um
verbete tupi-português: «Taigoara. Senhor de si, sendo tapuya. Forro55».
A manutenção desses dois sentidos contraditórios («tapuia» como bár-
baro e como cristão) se encontra no verbete «Indio» em um dicionário de
1771: «Tapuya quer dizer Indio, e tambem bárbaro56»��������������������
. Por fim, um dicio-
nário anônimo tupi-português de 1756 reitera o emprego dado por Bluteau
de que os «tapuyas» falavam a «língua geral», ao associar enunciados tupi a
identidade do tapuia:
Aporacàr. encher. alguãs tapuias mulheres querendo dizer no con-
fessario: tantas vezes forniquei, dizem: xeporacàruàn v aporacaruàn
xecúia, ocepè etc57.

O verbete atribui às mulheres «tapuias» palavras em tupi (xeporacàruàn).


Outro exemplo no qual «tapuia» é apresentado falando língua geral é do padre
Lourenço Roxo em 1752: «He o Gavião real, aque os Tapuyas chamaõ ouyrà

52
Bluteau, Vocabulario portuguez & latino, t. V, p. 139.
53
Anônimo, Gramatica da Lingua Geral do Brazil, fº 301.
54
Ibid., fº 275.
55
Anônimo, s.d., [Dicionario da Lingua Brazilica?], fº 62.
56
Anônimo, 1771, Diccionario da Lingua geral do Brasil que se falla em todas as villas?, fº 89.
57
Anônimo, Vocabulário «Meirinho», fº 46.

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cândida barros «em razão das conquistas, religião, comercio»

ouassù58» (q’val o mesmo que passaro grande). Essa transformação semântica


do termo «tapuia» teria resultado do processo de tupinização dos índios não
tupi introduzidos nas missões entre os séculos xvii e xviii59.

Referências bibliográficas

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58
Roxo [1752] «As aves do Pará segundo as “memórias” de Dom Lourenço Roxo de Potflis»,
citado por Teixeira, Papavero, Kury, 2010, p. 103.
59
Carlos Moreira Neto estudou a categoria tapuio entre 1750 e 1850 e sinaliza o seu fim
como categoria específica a partir de 1870, Moreira Neto, 1988, p. 102.

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Palavras chave
Amazônia, Brasil, colonização, jesuítas, língua geral, tupi

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