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Variações em exercícios de musculação - Panturrilha

Diógenes Alves
01/01/2002

Uma visão anatômica e biomecânica dos exercícios relacionados ao tríceps sural


(Panturrilha).

Pelo próprio motivo histórico da musculação, grandes fisiculturistas criaram variações de


exercícios básicos, na procura sempre de proporcionar o maior desgaste possível da
musculatura trabalhada, como também, procurando trabalhar diversas porções musculares,
variando as angulações. Entretanto, através da pesquisa em eletromiografia, os
pesquisadores nacionais e internacionais desmistificaram que estas variações poderiam
proporcionar a estimulação de outras fibras musculares.

Este artigo tem como objetivo esclarecer algumas variações usadas hoje em dia e que alguns
‘’experts’’ ainda afirmam possuir efeitos. Como primeira etapa de um conjunto de artigos
iremos desmistificar alguns conceitos ainda aplicados ao treinamento de resistência no grupo
muscular tríceps sural (panturrilha).

Variações da posição dos pés na flexão plantar sentado.

O primeiro erro são estas variações no aparelho sentado (mais conhecido como ‘’burrinho’’)
com calcanhares aduzidos e abduzidos (CARNAVAL, 2001), em que o gastrocnêmio poderia
ser afetado pela sua variação na origem das suas 2 cabeças. O ventre lateral tem sua origem
no côndilo lateral do fêmur e o ventre medial tem sua origem logo acima do côndilo medial
do fêmur (DANGELO & FATTINI, 1991.), entretanto, devido a esta mesma origem, estes
músculos estão em posição encurtada (RASCH, 1991), tendo estes músculos uma atuação
reduzida para o movimento, e conseqüentemente uma atuação mais intensa do músculo
sóleo. Conclusão: os gastrocnêmios não podem potencializar suas contrações musculares.

Variações da posição dos pés na flexão plantar em pé

Alguns poderiam, então, acreditar que estas variações poderiam ser eficazes na execução
em pé (DELAVIER, 2000), porém com o joelho totalmente estendido as rotações lateral e
medial seriam no nível de coxa, ou seja, de todo membro inferior e não somente na região
da perna o que não teria efeito nenhum para o tríceps sural. Teria efeito apenas com uma
leve flexão de joelho, citado por RASCH (1991), em que uma leve rotação do joelho é
permitida o que novamente iria gerar relaxamento dos músculos, e não um estiramento
passivo (lembrando da importância do pré-estiramento para a contração muscular), o que
não permitiria a potencia máxima de contração dos músculos (KAPANDJI,1990).

Conclusão (como treinar a panturrrilha)

As variações de angulações, pegadas e posições podem ser eficazes no recrutamento de


outras fibras musculares não presente nos exercícios básicos, porém, estes fatos não podem
ser utilizados no grupamento do tríceps sural. Para um bom resultado neste grupo o
interessante não seria o volume trabalhado chegando para alguns em torno de 45 minutos
(ARNOLD, 2001) o que seria um tempo ideal para um treino inteiro e não somente de um
grupo muscular.

Trabalhos contínuos como qualquer outro grupo muscular, realizando o trabalho em toda sua
amplitude (HAUSSINGER, 1990 & MILLWARD, 1995) como também a utilização de métodos
de choques ou de sobrecarga metabólica (ARNOLD, 2001) devido a constituição das fibras
musculares serem de resistência (HAY, 1985) e alavanca do tornozelo ser uma alavanca de
força (HAY, 1985 & RASCH, 1991) podem proporcionar formas eficientes para ganhos nesta
região.

Referências Bibliográficas

CARNAVAL, Paulo Eduardo. Cinesiologia da Musculação – Rio de Janeiro: Sprint (2001).

DANGELO, J. G. Fattini, C. A. Anatomia Básica dos Sistemas Orgânicos.Livraria Atheneu


Editora – Rio de Janeiro – São Paulo ( 1991).
DELAVIER, Fréderic. Guia dos Movimentos de Musculação - Abordagem Anatômica l, Editora
Manole Ltda. – São Paulo (2000).

HAUSSINGER, D., et al.., “Cell Swellimg Inhibits Proteolysis in Perfused Rat Liver.’’ Biochem.
J. 272.1 (1990): 239-242.

HAUSSINGER, D.,et al., “Cellular Hydration State: An Important Determinanant of Protein


Catabolism in Health and Disease, “Lancet 342.8856 (1993): 1330-1332.

HAY, James G., Neid, J. Gaving. As Bases Anatômicas e Mecânicas do Movimento Humano.
Ed. Prentice – Hall do Brasil, Rio de Janeiro, 1985.

KAPANDJI, I. A., Fisiologia Articular – Esquemas Comentados de Mecânica Humana. Editora


Manole Ltda –(1990).

MILLWARD, D.J.,”A Protein-Stat Mechanism for Regulation of Growth and Maintenance of the
Lean Body Mass,”Nutr. Res. Rev. ( !995) : 93-120.

RASCH, Philip J., Cinesiologia e Anatomia Aplicada, Editora abaram Koogan S.A. - Rio de
Janeiro (1991).

SCHWARZENEGGER, Arnold., Enciclopédia de Fisiculturismo e Musculação, Artmed Editora,


(2001).

SILVA, da Lauro Ivo Jr., Manual de Bandagens Esportivas. Editora Sprint Ltda, Copyright
(1999).

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