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RESUMO
Este artigo tem o objetivo de analisar as normas que proíbem a doação de sangue
por homossexuais masculinos presentes no artigo 64, inciso IV da Portaria nº
158/2016 do Ministério da Saúde e o artigo 25, inciso XXX, alínea ‘d’ da Resolução
da Diretoria Colegiada nº 34/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária vão
contra normas presentes em diversas esferas do direito, sendo abordados nesse
artigo as esferas do direito constitucional, do direito civil, da teoria geral do direito, do
direito e pensamento político e da esfera hermenêutica, além de como elas ainda
afetam de uma forma negativa as esferas psicológicas, econômicas e sociológicas.
1
Aluno regularmente matriculado no curso de Direito da FAESA. alexiaverneck112@gmail.com
2
Aluno regularmente matriculado no curso de Direito da FAESA. arielyqueiros@gmail.com
3
Aluno regularmente matriculado no curso de Direito da FAESA. darlenimariano@gmail.com
4
Aluno regularmente matriculado no curso de Direito da FAESA. leidianeramos89@gmail.com
5
Aluno regularmente matriculado no curso de Direito da FAESA. paulomavelar@yahoo.com.br
6
Aluno regularmente matriculado no curso de Direito da FAESA. faelrls1010@gmail.com
7
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8
Aluno regularmente matriculado no curso de Direito da FAESA. vitor15782@hotmail.com
2
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como finalidade analisar como as normas que proíbem a
doação de sangue por homossexuais masculinos presentes no artigo 64, inciso IV
da Portaria nº 158/2016 do Ministério da Saúde e o artigo 25, inciso XXX, alínea ‘d’
da Resolução da Diretoria Colegiada nº 34/2014 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária vão contra normas presentes em diversas disciplinas do direito, sendo
essas disciplinas o direito constitucional, o direito civil, a teoria geral do direito, o
direito e pensamento político e a esfera hermenêutica, em conjunto com os
problemas cotidianos nas esferas psicológicas, econômicas e sociais.
Este artigo foi desenvolvido com base no método dedutivo, no qual se utiliza da
reunião de vários raciocínios e premissas para apresentar uma conclusão lógica que
se fundamenta nos raciocínios e conteúdos já apresentados assim os tornando
sólidos, a finalidade durante todo artigo é representar a consequência na vida do
grupo homoafetivo e o que essa decisão representa em toda nossa sociedade.
DESENVOLVIMENTO
Ademais, os efeitos causados pelas normas acima destacadas são prejudiciais não
só para os homossexuais, como também para toda a sociedade. Nesse sentido, é
oportuno discorrer a respeito dos estudos sobre homofobia e heterossexismo do
Livro “Rompa o Silêncio”, em especial sobre os conceitos de preconceito e
discriminação, bem como do termo heterossexismo, vistos sob a ótica da Psicologia
e da Sociologia. Segundo os autores, em uma perspectiva sociológica, preconceito
é:
9
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria 158/2016 – Redefine o regulamento técnico de procedimentos
hemoterápicos. Disponível em: <http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-158-de-4-de-fevereiro-de-
2016-22301274>. Acesso em: 20 maio 2020.
10
ANVISA. RDC 34/2014 – Dispõe Sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. Disponível em:
<https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20170553/04145350-rdc-anvisa-34-2014.pdf>. Acesso
em: 20 maio 2020.
4
Ainda na esteira dos estudos do referido livro, desta vez sob uma abordagem
psicológica, ganha especial relevo a definição de heterossexismo para a elucidação
sobre a discriminação institucionalizada, a saber:
11
RIOS, Roger Raupp. O Conceito de Homofobia na Perspectiva dos Direitos Humanos e no
Contexto dos Estudos sobre Preconceito e Discriminação. In: POCAHY, Fernando. Rompendo o
Silêncio, Homofobia e Heterossexismo na Sociedade Contemporânea, Políticas, Teoria e
Atuação. Porto Alegre: Nuances, 2007. p. 29.
12
RIOS, Roger Raupp. O Conceito de Homofobia na Perspectiva dos Direitos Humanos e no
Contexto dos Estudos sobre Preconceito e Discriminação. In: POCAHY, Fernando. Rompendo o
Silêncio, Homofobia e Heterossexismo na Sociedade Contemporânea, Políticas, Teoria e
Atuação. Porto Alegre, Nuances, 2007. p. 27.
13
RIOS, Roger Raupp. O Conceito de Homofobia na Perspectiva dos Direitos Humanos e no
Contexto dos Estudos sobre Preconceito e Discriminação. In: POCAHY, Fernando. Rompendo o
Silêncio, Homofobia e Heterossexismo na Sociedade Contemporânea, Políticas, Teoria e
Atuação. Porto Alegre, Nuances, 2007. p. 33.
5
Nesse sentido ainda temos que doar sangue é um exercício de cidadania. Não
podemos falar sobre, se não destrincharmos um pouco sobre tal assunto.
Etimologicamente, o termo cidadão é entendido como um habitante de uma
determinada cidade. Assim como cidadania é o exercício indistinto daquele que
habita a cidade, no caso, O cidadão.14
Entendemos que doar sangue faz parte de um ato cidadão que o mesmo é vetado
pelo Ministério da Saúde. Pelas regras vigentes, determinada por essa portaria
“Homens que tiveram relações sexuais com outros homens nos 12 meses anteriores
à doação não podem doar sangue” 15 ,ficando evidente que se refere a orientação
sexual, tirando seu direito de exercer a sua cidadania.
Na Constituição Federal (CF) de 1988 em seu 3º artigo, Inciso IV, podemos observar
o princípio da dignidade humana: “Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil: [...] IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. 17
14
MANZINI COVRE, Maria de Lourdes. O que é Cidadania. 3. ed. 11ª reimpressão. São Paulo:
Brasiliense, 2003, 78p.
15
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria 158/2016 – Redefine o regulamento técnico de procedimentos
hemoterápicos. Disponível em: <http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-158-de-4-de-fevereiro-de-
2016-22301274>. Acesso em: 20 maio 2020.
16
COSTA, Fabricio Veiga. Institucionalização Da Homofobia No Brasil: Proibição De Gays Doarem De
Sangue, A (In) Constitucionalidade Do Artigo 64, Inciso Iv Da Portaria 158/2016 E Resolução 34 Da
Anvisa. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, v. 5, n. 2, p. 33-54, 2019. Disponível em:
<https://indexlaw.org/index.php/revistagsd/article/view/5815/pdf>. Acesso em 09 maio 2020.
17
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 09
maio 2020.
6
medidas de precauções para evitar o contagio de doenças, pois todos estão sujeitos
à contaminação.21 Portanto, não se deve tratar com desigualdade e discriminação
qualquer ser humano, independentemente da sua orientação sexual, pois todos são
iguais perante a lei, conforme diz o art.5° da Constituição Federal de 1988 que foi
previamente abordado.22
Expressando- se dessa forma causa danos à honra subjetiva do indivíduo, que tem
como significado aquilo que o próprio indivíduo pensa de si mesmo, privando-os de
exercer seus direitos e deveres da vida civil, de acordo com o art. 1° do Código Civil
(CC) no qual afirma que todos são capazes de direitos e deveres: ”Toda pessoa é
capaz de direitos e deveres na ordem civil.” 24
Ainda sobre a forma em que a norma esta expressada em seu texto, causa danos à
dignidade da pessoa humana que por sua vez, é algo que tem presente um valor
fundamental e estrutura constitucional, conforme diz Luís Roberto Barroso:
21
VARELLA, Drauzio. Homossexuais e doação de sangue| Drauzio comenta #02. Disponível em:
<https://drauziovarella.uol.com.br/videos/drauzio-comenta/homossexuais-e-doacao-de-sangue-
comenta-02/>. Acesso em: 20 maio 2020.
22
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20
maio 2020.
23
BRASIL. Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997. Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 05 de
janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, e acrescenta
parágrafo ao art. 140 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9459.htm>. Acesso em: 20 maio 2020.
24
BRASIL. Lei n.º 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 20 maio 2020.
8
25
BARROSO, Luís Roberto. A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional
Contemporâneo: Natureza Jurídica, Conteúdos Mínimos e Critérios de Aplicação. Versão
provisória para debate público. Mimeografado, dezembro de 2010. Disponível em:
<https://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-content/uploads/2010/12/Dignidade_texto-
base_11dez2010.pdf>. Acesso em: 13 jun 2020.
26
BARROSO, Luís Roberto. A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional
Contemporâneo: Natureza Jurídica, Conteúdos Mínimos e Critérios de Aplicação. Versão
provisória para debate público. Mimeografado, dezembro de 2010. Disponível em:
<https://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-content/uploads/2010/12/Dignidade_texto-
base_11dez2010.pdf>. Acesso em: 13 jun 2020.
27
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da constituição. 7ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012.
28
MINISTÉRIO DA SAÚDE. O que é sistema Imunológico. Departamento de doenças de condições
crônicas e infecções sexualmente transmissíveis. Disponível em:
<http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv/o-que-e-sistema-imunologico>. Acesso em: 27
maio 2020.
29
LACERDA, Vinicius. Por que homens gays são impedidos de doar sangue no Brasil e o que deve
mudar. Revista CartaCapital. São Paulo. 04 de maio de 2020. Disponível em:
<https://www.cartacapital.com.br/blogs/saudelgbt/por-que-homens-gays-sao-impedidos-de-doar-
sangue-no-brasil-e-o-que-deve-mudar/>. Acesso em: 27 maio 2020.
9
30
ARNONI, Giovanni Dozzi Tezza. Restrição da doação de sangue por homossexuais e o
julgamento da ADI 5543 pelo Supremo Tribunal Federal. 2018. 50 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Direito) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018. Disponível
em: <https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/23391>. Acesso em: 27 maio 2020.
31
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da constituição. 7ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012.
32
ARNONI, Giovanni Dozzi Tezza. Restrição da doação de sangue por homossexuais e o
julgamento da ADI 5543 pelo Supremo Tribunal Federal. 2018. 50 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Direito) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018. Disponível
em: <https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/23391>. Acesso em: 27 maio 2020.
33
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31
maio 2020.
34
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional: Direitos e garantias fundamentais, 35ª edição.
São Paulo; Grupo GEN, 2019. 9788597020915. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597020915/. Acesso em: 31 maio 2020.
10
caput do art. 196 da CF, política esta que é parte integrante das políticas públicas. 35
36 37
O Estado por meio dos Gastos Públicos, que “[...] são pagamentos realizados a
indivíduos e empresas por produtos e serviços adquiridos pelo Estado, que serão
utilizados para produzir os bens e serviços à sociedade”, irá direcionar recursos para
o financiamento da saúde pública. Esse financiamento chega através dos tributos
recolhidos da população sobre o consumo, renda e produção 39.
Como uma forma de atender essa exigência legal de atendimento médico o Governo
Federal estabeleceu o Sistema Único de Saúde (SUS) através do art.198 da CF 40.
O Brasil possui um financiamento reduzido para seu sistema de saúde, bem como a
gestão ineficiente dos recursos recebidos para a saúde 41. Consideraremos para o
objeto deste trabalho uma destas vertentes que é a gestão ineficiente dos recursos.
35
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31
maio 2020.
36
MORAES, Alexandre de. Apud ALENCAR, Paula Gabriella Ribeiro Dorigatti de. Direito à vida.
Revista Âmbito jurídico São Paulo, n. 151, 01 ago. 2016. Disponível em: <
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/o-direito-a-vida/#_ftnref8>. Acesso em: 31
maio 2020.
37
RODRIGUEZ, Adebiano. Políticas Sociais e Políticas de Saúde. Revista Discente do Programa
de Pós-Graduação em História. v. 2, n. 3, p. 228, jan. 2016/jun. 2016 Disponível em: <
http://www.ufjf.br/facesdeclio/files/2014/09/3.Artigo-D9.Adebiano.pdf>. Acesso em 31 maio 2020.
38
BUCCI, M. P. apud HERINGER, Flávio Roberto de Almeida Heringer. Quantas políticas públicas
há no Brasil?: O problema da imprecisão conceitual para a avaliação de políticas públicas. 73 p.
Trabalho final (Especialista em Avaliação de Políticas Públicas), Instituto Legislativo Brasileiro (ILB),
Brasília, 2018. Disponível em: <
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/555174/ILB2018_HERINGER.pdf?
sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 31 maio 2020.
39
ALBERGONI, Leide. Introdução à Economia: Aplicações no Cotidiano. São Paulo: Atlas, Grupo
GEN, 2015. Disponível em: < https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522499526/ >.
Acesso em: 31 maio 2020.
40
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31
maio 2020.
41
SALDIVA, Paulo Hilário Nascimento; VERAS, Mariana. Gastos públicos com saúde: breve histórico,
situação atual e perspectivas futuras. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, n. 92 jan. 2018/abr.
2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142018000100047#fn7>. Acesso em: 31 maio 2020.
11
Além da previsão constitucional do artigo supra citado, inciso I: “no caso da União, a
receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
15% (quinze por cento) ”, Lei Complementar garante um reajuste anual verba
mínima para a saúde, que no caso da União vinculada ao Produto Interno Bruto
(PIB) 43 44.
42
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31
maio 2020.
43
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31
maio 2020.
44
BRASIL. Lei Complementar, n° 141 de 13 de janeiro de 2012; Regulamenta o § 3o do art. 198 da
Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios
de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e
controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos
8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm >. Acesso: 31 maio 2020.
45
CÂMARA DOS DEPUTADOS. ENTENDA o que é receita corrente líquida. Brasília, 13 jul. 2004.
Disponível em: < https://www.camara.leg.br/noticias/51956-entenda-o-que-e-receita-corrente-liquida/
>. Acesso em 31 maio 2020.
46
ALBERGONI, Leide. Introdução à Economia: Aplicações no Cotidiano. São Paulo: Atlas, Grupo
GEN, 2015. Disponível em: < https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522499526/ >.
Acesso em: 31 maio 2020. p. 81
12
De acordo com o artigo 37 da CF, o Governo deverá agir, dentre outros princípios,
com eficiência47. Um dos aspectos desse princípio, de acordo com a doutrina, é a
prestação de serviços públicos objetivando melhores resultados 48.
A falta de doadores de sangue faz com que cirurgias sejam adiadas, aumentando o
tempo de permanência do paciente no hospital 49.
De acordo com dados extraídos do SUS numa pesquisa realizada no estado de São
Paulo, em 2000, o gasto médio com internação de pacientes era em torno de R$
120,0050. Esse gasto poderia ser utilizado para a internação de novos pacientes se
houvesse mais sangue disponível para atender aos procedimentos cirúrgicos que
necessitam de doação, sem contar que mais leitos ficariam disponíveis para os
demais atendimentos.
Não é proporcional nem eficiente que se tenha leitos sendo utilizados com pacientes
que aguardam cirurgias por falta de sangue enquanto há um grande contingente de
pessoas que necessitam de atendimento médico pelo SUS. 51
CONCLUSÃO
47
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31
maio 2020.
48
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 32ª ed. Rio de Janeiro: Forense, Grupo
GEN, 2019. Disponível em: < https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530984830/ >.
Acesso em: 31 maio 2020.
49
SANTOS, Marta. Falta de doadores de sangue faz médicos adiarem cirurgias e aumenta custo e
lotação em hospitais. Portal R7, 15 jun. 2015. Disponível em: < https://noticias.r7.com/saude/falta-de-
doadores-de-sangue-faz-medicos-adiarem-cirurgias-e-aumenta-custo-e-lotacao-em-hospitais-
15062015 >. Acesso em: 31 maio 2020.
50
JORGE, Maria Helena Prado de Mello; KOIZUMI, Maria Sumie. Gastos governamentais do SUS
com internações hospitalares por causas externas: análise no Estado de São Paulo, 2000. Revista
Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, maio 2004. Disponível em: <
https://www.scielosp.org/article/rbepid/2004.v7n2/228-238/pt/ >. Acesso em: 31 maio 2020.
51
BRITO, Débora. SUS tem 904 mil cirurgias eletivas na lista de espera aponta CFM. Agência Brasil,
Brasília. 04 dez. 2017. Disponível em: < https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-12/sus-
tem-904-mil-cirurgias-eletivas-na-lista-de-espera-aponta-cfm >. Acesso em 31 maio 2020.
13
sendo que para que este grupo possa exercer seu direito em doar sangue, eles
devem ficar um período de doze meses sem terem relações sexuais com outros
homens.
Além disso, como diz o Dr. Drauzio, existia um conceito de grupo de risco no qual os
homossexuais faziam parte, porém com o tempo esse conceito ficou para trás sendo
substituído pelo termo de comportamento de risco no qual é levado em conta o
número de parceiros sexuais e o estado de infeção ou não deles,
independentemente de sua orientação sexual.
Hoje em dia, os fundamentos que criaram essa restrição não se valem mais, visto
que existem testes que conseguem identificar se a pessoa possui ou não HIV, além
do que para que ocorra a infecção apenas é necessário que o vírus do HIV entre na
corrente sanguínea da pessoa ou no seu organismo, ou seja, qualquer pessoa pode
contrair AIDS independentemente de qualquer fator.
Sendo assim essa restrição se torna uma discriminação que fere o direito a
igualdade firmada no art. 5º da constituição, sendo ele um direito positivo. Torna-se
então um ato de discriminação contra homossexuais, o que hoje no Brasil é
considerado um crime sob pena de punição pela lei do racismo N o 7716/89 que diz
em seu primeiro artigo que os crimes resultantes de discriminação ou preconceito
serão punidos na forma da lei.
Concluímos assim que após várias citações nesse artigo, em âmbitos do direito,
econômico, sociológicos e psicológicos que não tem menor relevância a proibição do
Ministério da Saúde. Na Constituição de 1988 em seu 3º artigo e IV inciso diz que a
República Federativa do brasil possui como um de seus objetivos fundamentais
promover o bem de todos, sem que haja qualquer tipo de preconceitos e
discriminação. Portanto o homossexual masculino pode por direito doar sangue.
14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERGONI, Leide. Introdução à Economia: Aplicações no Cotidiano. São Paulo:
Atlas, Grupo GEN, 2015. Disponível em: <
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522499526/ >. Acesso em: 31
maio 2020.
ANVISA. RDC 34/2014 – Dispõe Sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue.
Disponível em: <https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20170553/04145350-
rdc-anvisa-34-2014.pdf>. Acesso em: 20 maio 2020.
ARNONI, Giovanni Dozzi Tezza. Restrição da doação de sangue por
homossexuais e o julgamento da ADI 5543 pelo Supremo Tribunal Federal.
2018. 50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) - Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018. Disponível em:
<https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/23391>. Acesso em: 27 maio 2020.
BARIFOUSE, Rafael. STF aprova a criminalização da homofobia. BBC News Brasil.
São Paulo. 13/06/2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
47206924>. Acesso em: 20 maio 2020.
BARROSO, Luís Roberto. A Dignidade da Pessoa Humana no Direito
Constitucional Contemporâneo: Natureza Jurídica, Conteúdos Mínimos e
Critérios de Aplicação. Versão provisória para debate público. Mimeografado,
dezembro de 2010. Disponível em: <https://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-
15
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 32ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, Grupo GEN, 2019. Disponível em: <
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530984830/ >. Acesso em: 31
maio 2020.