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Desenvolvimento

Segundo o artigo 64, inciso IV, da Portaria 158/2016, do Ministério da Saúde1,


e o artigo 25, inciso XXX, alínea ‘d’, da Resolução RCD 34/2014 da ANVISA2
que declaram inaptos, para fins de doação de sangue, os “homens que tiveram
relações sexuais com outros homens e/ou as parceiras sexuais destes” nos 12
meses antecedentes, são dispositivos cujo critério funda-se na orientação
sexual do indivíduo, não em critérios científicos, o que fomenta o preconceito e
a discriminação contra os homossexuais.

Ademais, os efeitos sociais e psicológicos causados pelas normas acima


destacadas são prejudiciais não só para os homossexuais, como também para
toda a sociedade. Nesse sentido, é oportuno discorrer a respeito dos estudos
sobre homofobia e heterossexismo do Livro “Rompa o Silêncio”, um projeto do
Centro de Referências e Direitos Humanos na Prevenção e Combate à
Homofobia. Nesse sentido, é necessário relatar sobre os conceitos de
preconceito e discriminação, bem como do termo heterossexismo, vistos sob a
ótica da Psicologia e da Sociologia. Segundo os autores, em uma perspectiva
sociológica, preconceito é:

Definido como uma forma de relação intergrupal onde, no quadro


específico das relações de poder entre grupos, desenvolvem-se e
expressam-se atitudes negativas e depreciativas além de
comportamentos hostis e discriminatórios em relação aos membros
de um grupo por pertencerem a esse grupo. Entre os processos
cognitivos que se desenvolvem neste tipo de relações sociais,
destacam-se a categorização e a construção de estereótipos.[...]. 3

Por conseguinte, o preconceito está intimamente relacionado com o conceito


de discriminação, sendo este “(...) a materialização, no plano concreto das
relações sociais, de atitudes arbitrárias, comissivas ou omissivas, relacionadas
ao preconceito, que produzem violação de direitos dos indivíduos e dos

1
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria 158/2016 – Redefine o regulamento técnico de
procedimentos hemoterápicos. Disponívelm em: http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-158-
de-4-de-fevereiro-de-2016-22301274. Acesso em: 20 maio 2020.
2
ANVISA. RDC 34/2014 – Dispõe Sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. Disponível em:
https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20170553/04145350-rdc-anvisa-34-2014.pdf.
Acesso em: 20 maio 2020.
3
RIOS, Roger Raupp. O Conceito de Homofobia na Perspectiva dos Direitos Humanos e no
Contexto dos Estudos sobre Preconceito e Discriminação. In: POCAHY, Fernando. Rompendo
o Silêncio, Homofobia e Heterossexismo na Sociedade Contemporânea, Políticas, Teoria
e Atuação. Porto Alegre: Nuances, 2007. p. 29.
grupos.”4 Nota-se, pois, que o preconceito contra os homossexuais resulta em
atos discriminatórios, os quais provocam sequelas no âmbito das relações
interpessoais.

Estas sequelas, portanto, implicam em prejuízos significativos aos


homossexuais, seja neste com interiorização de uma perspectiva negativa e
depreciativa de si mesma, a qual pode provocar impacto em suas relações
interpessoais; ou nos demais indivíduos da sociedade, com a manifestação de
condutas hostis e discriminatórias em relação aos homossexuais.

Ainda na esteira dos estudos do referido livro, desta vez sob uma abordagem
psicológica, ganha especial relevo a definição de heterossexismo para a
elucidação sobre a discriminação institucionalizada, a saber:

A ideia de heterossexismo (...) designando um sistema onde a


heterossexualidade é institucionalizada como norma social, política,
econômica e jurídica, não importa se de modo explícito ou implícito.
Uma vez institucionalizado, o heterossexismo manifesta-se em
instituições culturais e organizações burocráticas, tais como a
linguagem e o sistema jurídico. Daí advém, de um lado, superioridade
e privilégios a todos que se adéquam a tal parâmetro, e de outro,
opressão e prejuízos a lésbicas, gays, bissexuais, travestis,
transexuais e até mesmo a heterossexuais que porventura se afastem
do padrão de 10 heterossexualidade imposto”. 5.

Dessa forma, depreende-se que a ideia de heterossexismo está presente nas


normas acima questionadas, pois ao institucionalizar juridicamente um critério
baseado na orientação sexual para a doação de sangue, promove, ainda que
de modo não intencional, opressão e sequelas psicológicas aos homossexuais.

Nesse sentido ainda temos que doar sangue é um exercício de cidadania. Não
podemos falar sobre, se não destrincharmos um pouco sobre tal assunto.
Etimologicamente, o termo cidadão é entendido como um habitante de uma
determinada cidade. Assim como cidadania é o exercício indistinto daquele
que habita a cidade ,no caso, O cidadão.6

4
RIOS, Roger Raupp. O Conceito de Homofobia na Perspectiva dos Direitos Humanos e no
Contexto dos Estudos sobre Preconceito e Discriminação. In: POCAHY, Fernando. Rompendo
o Silêncio, Homofobia e Heterossexismo na Sociedade Contemporânea, Políticas, Teoria e
Atuação. Porto Alegre, Nuances, 2007. p. 27.
5
RIOS, Roger Raupp. O Conceito de Homofobia na Perspectiva dos Direitos Humanos e no
Contexto dos Estudos sobre Preconceito e Discriminação. In: POCAHY, Fernando. Rompendo
o Silêncio, Homofobia e Heterossexismo na Sociedade Contemporânea, Políticas, Teoria e
Atuação. Porto Alegre, Nuances, 2007. p. 33.
6
MANZINI COVRE, Maria de Lourdes. O que é Cidadania. 3. ed. , 11ª reimpressão. São
Paulo: Brasiliense, 2003, 78p.
Entendemos que doar sangue faz parte de um ato cidadão que o mesmo é
vetado pelo Ministério da Saúde. Pelas regras vigentes, determinada por essa
portaria “Homens que tiveram relações sexuais com outros homens nos 12
meses anteriores à doação não podem doar sangue” 7 ,ficando evidente que se
refere a orientação sexual, tirando seu direito de exercer a sua cidadania.

Levando ainda em consideração as normas anteriormente citadas da Portaria


158/2016 e Resolução RCD 34/2014, é analisado na esfera constitucional, à
luz dos princípios constitucionais se há inconstitucionalidade ou não nas
referidas normas.8

Na Constituição Federal de 1988 em seu 3º artigo, Inciso IV, podemos observar


o princípio da dignidade humana: “Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: [...] IV – Promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação”.9

Ademais, essas normas supracitadas ainda colidem com o princípio da


igualdade, presente no caput do artigo 5º e inciso I da Constituição, que diz:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos


termos desta Constituição;10

Sendo assim ao ser negado os direitos dos homens homossexuais de doarem


sangue, apenas devido a sua orientação sexual, conforme o artigo 24 inciso
XXX, alínea ‘d’, da Resolução RCD 34/2014 da ANVISA, fere-se seu exercício
efetivo de cidadania, cria-se um meio ilegítimo de utilização das normas

7
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0158_04_02_2016.html
8
COSTA, Fabricio Veiga. Institucionalização Da Homofobia No Brasil: Proibição De Gays
Doarem De Sangue, A (In) Constitucionalidade Do Artigo 64, Inciso Iv Da Portaria 158/2016 E
Resolução 34 Da Anvisa. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, v. 5, n. 2, p. 33-54,
2019. Disponível em: <https://indexlaw.org/index.php/revistagsd/article/view/5815/pdf>. Acesso
em 09 maio 2020.
9
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em
09 maio 2020.
10
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em
09 maio 2020.
jurídicas para que seja usada como uma ferramenta de discriminação, sendo
que obedecendo aos princípios citados, o homem é livre e igual, não podendo
ser prejudicado devido às questões subjetivas, e a orientação sexual é uma
questão subjetiva.11

Conforme citado anteriormente no art. 64 inciso IV, Portaria 158/2016 do


Ministério da Saúde, é utilizado um sistema de forma anacrônica. Segundo o
Dr. Dráuzio Varela:

O conceito de grupo de risco ficou para trás se um homossexual tem


apenas um parceiro sexual a chance de ele pegar AIDS é 0 (zero), já
uma pessoa hetero sexual com vários parceiros a chance de pegar é
mais de 0, portanto a frase “grupo de risco” deve ser mudada para
“comportamento de risco”.12

Entretanto, o risco de contaminação do sangue vale tanto para os


heterossexuais quanto para os homossexuais, ambos não devem ter
comportamentos de risco, devem manter os seus cuidados e tomar medidas de
precauções para evitar o contagio de doenças, todos estão sujeitos à
contaminação.13 Portanto não se deve tratar com desigualdade e com
discriminação qualquer ser humano, independentemente de seu gênero sexual,
pois todos são iguais perante a lei, conforme diz o art.5° da Constituição
Federal de 1988 que foi previamente abordado. 14

Essa forma de tratamento desigual impede de exercer sua cidadania e


solidariedade, afirmando que fazem parte do grupo de risco, apenas por seu
gênero sexual, é uma forma considerada preconceituosa, o que é um crime
com reclusão, como é indicado no art. 20 da lei n° 9459/97: “Praticar, induzir ou
incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa”15.

11
COSTA, FABRICIO VEIGA. INSTITUCIONALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA NO BRASIL:
PROIBIÇÃO DE GAYS DOAREM DE SANGUE, A (IN) CONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO
64, INCISO IV DA PORTARIA 158/2016 E RESOLUÇÃO 34 DA ANVISA. Revista de Gênero,
Sexualidade e Direito, v. 5, n. 2, p. 33-54, 2019.
12
VARELLA, Drauzio. Homossexuais e doação de sangue| Dráuzio comenta #02.
Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/videos/drauzio-comenta/homossexuais-e-
doacao-de-sangue-comenta-02/>. Acesso em: 20 maio. 2020
13
VARELLA, Drauzio. Homossexuais e doação de sangue| Drauzio comenta #02.
Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/videos/drauzio-comenta/homossexuais-e-
doacao-de-sangue-comenta-02/>. Acesso em: 20 maio. 2020
14
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em
20 maio 2020.
Por sua vez causando danos à honra subjetiva do individuo, tendo como
significado aquilo que o próprio indivíduo pensa de si mesmo, privando-os de
exercer seus direitos e deveres da vida civil, de acordo com o art. 1° do Código
Civil (CC) no qual afirma que todos são capazes de direitos e deveres: ”Toda
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” 16

A dignidade da pessoa humana tem um valor constitucional, sendo um direito


adquirido desde nascimento, no qual qualquer indivíduo possui,
independentemente de seu gênero sexual, raça, cor etc. É um principio
fundamental.17

No início do surto da AIDS o grupo mais atingido era o dos homossexuais.


Quando começaram a surgir casos de contaminação por transfusão de sangue
e na falta de um teste que identificasse a pessoa contaminada criou-se essa
restrição nos bancos de sangue (Varella, 2016).18

Como citado acima, dDe acordo com Dr. Drauzio Varella existia um conceito
de grupo de risco o qual os homossexuais faziam parte. Esse conceito ficou
para trás e foi substituído pelo termo comportamento de risco onde é levado
em conta o número de parceiros sexuais e o estado de infeção ou não deles,
independente da orientação sexual. 19

Os fundamentos nos quais essa restrição foi criada não se sustentam pelo fato
de hoje já existir um teste que identifica a pessoa contaminada. Tendo em vista
que para que a infecção ocorra basta apenas que o HIV entre na corrente

15
BRASIL. Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997. Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 05
de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, e
acrescenta parágrafo ao art. 140 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9459.htm>. Acesso em: 20
maio. 2020

16
BRASIL. Lei n.º 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 20 maio. 2020

17
FRANCISCO, Arthur Mori Rodrigues Mota. A dignidade da pessoa humana e sua definição.
Revista Ambito Juridico. São Paulo. v.119. . 01/12/2013. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direitos-humanos/a-dignidade-da-pessoa-humana-e-
sua-definicao/>. Acesso em: 20 maio. 2020
18
Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/videos/drauzio-comenta/homossexuais-e-
doacao-de-sangue-comenta-02/. Acesso em: 20 maio 2020
19
Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/videos/drauzio-comenta/homossexuais-e-
doacao-de-sangue-comenta-02/. Acesso em: 20 maio 2020
sanguínea da pessoa ou no organismo, ou seja, qualquer pessoa pode contrair
AIDS independente de qualquer fator. 20

Sendo assim essa restrição se torna uma discriminação que fere o direito a
igualdade firmada no art. 5º da constituição, sendo ele um direito positivo.
Torna-se então um ato de descriminação contra homossexuais, o que hoje no
Brasil é considerado um crime sob pena de punição pela lei do racismo N o
7716/8921: “Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional”.22

Através de uma abordagem hermenêutica, é possível constatar que o Princípio


da Proporcionalidade não está sendo observadao pelo Ministério da Saúde e
pela ANVISA no momento em que consideram homossexuais inaptos para a
doação de sangue pelo período de 12 meses a partir da última relação sexual.

O Princípio da proporcionalidade trata-se de um valioso


instrumento de proteção dos direitos fundamentais e do
interesse público, por permitir o controle da
discricionariedade dos atos do Poder Público e por
funcionar como a medida com que uma norma deve ser
interpretada no caso concreto para a melhor realização
do fim constitucional nela embutido ou decorrente do
sistema.23

Relacionando o princípio da proporcionalidade com o presente tema, ou seja,


com a restrição de 12 meses para que um indivíduo que se relacionou
sexualmente com outro do mesmo sexo possa doar sangue, surge o
questionamento se tal período de tempo é proporcional. É necessário analisar
se o período de 12 meses é obrigatório, se não poderia ocorre uma mudança
redutiva do tempo de abstinência de 12 para 3 meses, levando em conta a
janela imunológica24 dos testes sorológicos para o HIV realizados no doador, o

20
Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/videos/drauzio-comenta/homossexuais-e-
doacao-de-sangue-comenta-02/. Acesso em: 20 maio 2020
21
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47206924
22
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm
23
BARROSO, LUIS ROBERTO Interpretação e aplicação da Constituição - 7ª edição de 2012
24
MINISTÉRIO DA SAÚDE Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv/o-que-e-
sistema-imunologico. Acesso em: 27/05/2020
que aumenta consideravelmente o número de possíveis doadores. 25 E também
se essa restrição é razoável, necessária e proporcional diante de todos os
direitos fundamentais que são ignorados, como o direito a igualdade, direito de
liberdade e a dignidade humana.

A ideia de proporcionalidade revela que os direitos fundamentais são tão


importantes quanto o interesse público, por isso a interpretação constitucional é
uma atividade bastante complexa, justamente por necessitar de ponderação de
valores e princípios, já que para concretizar os direitos fundamentais, ocorrem
colisões entre os princípios fundamentais. 26
A ponderação consiste, portanto, em uma técnica
de decisão jurídica aplicável a casos difíceis, em
relação aos quais a subsunção se mostrou
insuficiente, especialmente quando uma situação
concreta dá ensejo à aplicação de normas de
mesma hierarquia que indicam soluções
diferenciadas.27

Diante de todo exposto, deve-se buscar a melhor interpretação para se ter


um melhor resultado definindo se teve violação dos princípios
constitucionais que asseguram a igualdade, liberdade e dignidade
humana ao grupo homossexual, além da possível ofensa ao princípio da
proporcionalidade28.

COPIAR O ARTIGO ATÉ AQUI

FALTA UMA RELAÇÃO COM O TEMA PRINCIPAL DE ECONOMIA – GASTO


PUBLICO.

De acordo com matéria publicada em 14/06/2019 no sítio do Ministério da


Fazenda, 1,6% da população brasileira doam sangue. Desse total, tomando
como referência o ano de 2017, 62% são do sexo masculino e 38% do sexo
feminino. Pode-se que notar que a porcentagem masculina é bem superior que
a feminina, observando-se apenas o critério de gênero.

Em matéria publicada na internet a média de doadores regulares considerados


ideais, para a OMS, deve estar entre 3% a 5% da população, ou seja,
25
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/saudelgbt/por-que-homens-gays-sao-
impedidos-de-doar-sangue-no-brasil-e-o-que-deve-mudar/. Acesso em: 27/05/2020
26
Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/23391/1/Restri
%C3%A7%C3%A3oDoa%C3%A7%C3%A3oSangue.pdf, pagina 19.
27
BARROSO, LUIS ROBERTO I nterpretação e aplicação da Constituição - 7ª edição de
2012
28
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/23391/1/Restri%C3%A7%C3%A3oDoa
%C3%A7%C3%A3oSangue.pdf
apresentamos insuficiência nos estoques de sangue em nossos bancos e não
podemos dispensar parcela da população, sobretudo homens homossexuais,
para alcançarmos o objetivo perquirido.

Estima-se que a população LGBTI29, de acordo com o site de notícias Brasil de


fato, fica em torno de 10% da população brasileira (cerca de 20 milhões de
pessoas). Considerando que a parte masculina é a que mais doa, é
desproporcional que este contingente seja dispensado da doação sanguínea.

Estima-se que 66% de todas as doações são feitas pelos chamados doadores
voluntários ou espontâneos que são aqueles que efetuam a doação de forma
altruísta, sem tomar conhecimento de quem irá receber o sangue (DANI, L,
2009). Há um custo em marketing para a captação desse universo de pessoas.
De acordo com o Portal Transparência, foram gastos, em 2019, R$
117.276.312,38 com comunicação social. Uma parcela desse valor foi gastoa
em campanhas de captação de novos doadores para suprir a insuficiência
apontada pela OMS, como descrito anteriormente no presente artigo.

Em matéria publicada no sítio R7 eEm 2015 informa que a falta de doadores de


sangue faz com que cirurgias sejam adiadas, aumentando o tempo de
permanência do paciente no hospital e, com isso, o custo para o Estado.

De acordo com dados extraídos do SUS numa pesquisa realizada no estado de


São Paulo, em 2000, o gasto médio com internação de pacientes girava em
torno de R$ 120,00. Esse gasto poderia ser reduzido se houvesse mais sangue
disponível para atender aos procedimentos cirúrgicos que necessitam de
doação, sem contar que mais leitos ficariam disponíveis para os demais
atendimentos.

RELACIONAR A TEORIA DE GASTO PUBLICO COM O ARGUMENTO DE


PERMANENCIA DE PACIENTES EM HOSPITAIS.

REFERENCIAS:

29
LGBTI sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e
intersexuais.
https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/30426292/
Livro_Rompa_o_Silencio.pdf?response-content-disposition=inline%3B
%20filename%3DRompendo_o_silencio_homofobia_e_heteross.pdf&X-Amz-
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COSTA, FABRICIO VEIGA. INSTITUCIONALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA NO
BRASIL: PROIBIÇÃO DE GAYS DOAREM DE SANGUE, A (IN)
CONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 64, INCISO IV DA PORTARIA
158/2016 E RESOLUÇÃO 34 DA ANVISA. Revista de Gênero, Sexualidade e
Direito, v. 5, n. 2, p. 33-54, 2019. Disponível em:
<https://indexlaw.org/index.php/revistagsd/article/view/5815/pdf>. Acesso em
09 maio 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5
out. 1988. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em
09 maio 2020.
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45520-dezesseis-a-cada-mil-
brasileiros-fazem-doacao-de-sangue
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-06/doacao-de-sangue-18-
da-populacao-brasileira-doa-sangue-meta-da-oms-e-3
https://www.brasildefato.com.br/2017/06/19/cerca-de-10-da-populacao-
brasileira-pessoas-lgbti-sao-sub-representadas-na-politica
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3186

https://noticias.r7.com/saude/falta-de-doadores-de-sangue-faz-medicos-
adiarem-cirurgias-e-aumenta-custo-e-lotacao-em-hospitais-15062015

http://www.portaltransparencia.gov.br/funcoes/10-saude?ano=2019

https://www.scielosp.org/article/rbepid/2004.v7n2/228-238/pt/

https://drauziovarella.uol.com.br/videos/drauzio-comenta/homossexuais-e-
doacao-de-sangue-comenta-02/

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9459.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direitos-humanos/a-dignidade-da-
pessoa-humana-e-sua-definicao/

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm

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