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PREVENÇÃO CONTRA

EXPLORAÇÃO
SEXUAL DE
CRIANÇAS E
ADOLESCENTES

LEGISLAÇÃO

A Constituição Federal, o Código Penal Brasileiro, o Estatuto da


Criança e do Adolescente e a Convenção das Nações Unidas
sobre os Direitos da Criança obrigam a proteger a criança e o
adolescente contra todas as formas de exploração e abuso
sexual, inclusive a exploração em espetáculos ou materiais
pornográficos.
PREVENÇÃO CONTRA EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

SUMÁRIO
PREVENÇÃO CONTRA EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES .................. 2
LEGISLAÇÃO ................................................................................................................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................... 2
2. LEGISLAÇÃO ................................................................................................................................................................................................. 3
Constituição Federal: .............................................................................................................................................................................. 3
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança: ..................................................................................................... 3
Estatuto da Criança e do Adolescente ............................................................................................................................................... 3
Código Penal: .......................................................................................................................................................................................... 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................................................................................... 5

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PREVENÇÃO CONTRA EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

PREVENÇÃO CONTRA EXPLORAÇÃO


SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
LEGISLAÇÃO

Introdução
Antes de falar sobre a legislação é importante relembrar que apesar de ser
popularmente chamado de “turismo sexual”, essa prática não deve ser considerada
como um segmento turístico, como os vários tipos de segmento de turismo
disponíveis, hoje, no mercado.

Conforme a Organização Mundial do Turismo—OMT, organismo das Nações Unidas


encarregado da promoção de um turismo responsável, sustentável e acessível para
todos, e órgão máximo do turismo mundial, tal conduta é caracterizada como uma
violação de direitos e uma forma de exploração sexual de mulheres, crianças e
adolescentes.1

A OMT define o termo “turismo sexual” como “viagens organizadas dentro do seio
do setor turístico ou fora dele, utilizando, no entanto, as suas estruturas e redes,
com a intenção primária de estabelecer contatos sexuais com os residentes do
destino, onde o motivo principal de pelo menos uma parte da viagem é o de se
envolver em relações sexuais. Este envolvimento sexual é normalmente de
natureza comercial “.2

A Organização Mundial do Turismo denuncia e condena em particular o turismo


sexual infantil, considerando-o uma violação ao artigo 34 da Convenção sobre os
Direitos da Criança (ONU, 1989), e exige uma ação legal estrita para os países que
mandam e recebem esses turistas.

O Código de Ética Mundial para o Turismo, em seu artigo 2º, item 3, enfatiza que:

A exploração de seres humanos, em qualquer de suas formas, principalmente a


sexual, e em particular quando atinge as crianças, fere os objetivos fundamentais
do turismo e estabelece uma negação de sua essência. Portanto, conforme o direito

1 UNWTO Statement on the Prevention of Organized Sex Tourism – Cairo, Egypt, October 1995. Disponível em
https://www.e-unwto.org/doi/epdf/10.18111/unwtodeclarations.1995.05.06 .
2 Ibidem.

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internacional, deve-se combatê-la sem reservas, com a colaboração de todos os


Estados interessados, e penalizar os autores desses atos com rigor em acordo com
as legislações nacionais dos países visitados e de seus países de origem, mesmo
quando cometidos no exterior.3

A OMT requer, ainda, que os governos dos Estados estabeleçam e apliquem,


medidas legais e administrativas para prevenir e erradicar o turismo sexual
infantil, em particular por meio de acordos bilaterais para facilitar, entre outras
coisas, a acusação de turistas engajados em qualquer atividade sexual ilegal
envolvendo crianças e adolescentes.

2. Legislação

Constituição Federal:

O art. 227 da Constituição da República diz que é dever da família, da sociedade e


do Estado colocar as crianças e os adolescentes a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. E o § 4º
desse mesmo artigo obriga o Estado a punir severamente o abuso, a violência e a
exploração sexual da criança e do adolescente.

Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança:

O art. 34 da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, ratificada


pelo Brasil, obriga a proteger a criança contra todas as formas de exploração e
abuso sexual, inclusive a exploração em espetáculos ou materiais pornográficos. A
Conferência Internacional sobre o Combate à Pornografia Infantil na Internet
(Viena, 1999) pede que sejam consideradas crime, em todo o mundo, a produção,
distribuição, exportação, transmissão, importação, posse intencional e propaganda
de pornografia infantil.

Estatuto da Criança e do Adolescente

O art. 201, VIII, do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que compete ao


Ministério Público zelar pelo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às
crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis.

3 Código de Ética Mundial para o Turismo. Disponível em


http://antigo.turismo.gov.br/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/PREVIEW_MTUR_Co
digo_de_Etica_Turismo_120_210mm_Portugues.pdf

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No Brasil, a exploração sexual de


crianças e adolescentes é crime,
previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente, sujeito à pena de
reclusão de 4 a 10 anos e multa:

Art. 244-A. Submeter criança ou


adolescente, como tais definidos no
caput do art. 2° desta Lei, à
prostituição ou à exploração sexual:

Pena – reclusão de quatro a dez anos


e multa, além da perda de bens e
IMPORTANTE valores utilizados na prática
criminosa em favor do Fundo dos
Direitos da Criança e do Adolescente
da unidade da Federação (Estado ou
Distrito Federal) em que foi
cometido o crime, ressalvado o
direito de terceiro de boa-fé.

§ 1o Incorrem nas mesmas penas o


proprietário, o gerente ou o
responsável pelo local em que se
verifique a submissão de criança ou
adolescente às práticas referidas no
caput deste artigo.4

Código Penal:

O Código Penal prevê como crime de estupro a prática de atos sexuais com menores
de 14 anos, ainda que haja a concordância da criança ou jovem. Abaixo de 14 anos,
o menor é chamado “menor vulnerável” perante a lei.

Lei 12.978/14:

A Lei 12.978/14 tornou hediondo o crime de favorecimento da prostituição ou de


outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável,
impedindo o condenado de obter anistia, graça ou indulto ou pagar fiança.

4 LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990- Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm .

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Lei nº 11.771/08:

A Lei nº 11.771/08 define a Política Nacional do Turismo, que tem por objetivo a
prevenção e o combate às atividades turísticas relacionadas aos abusos de natureza
sexual e outras que afetem a dignidade humana, respeitadas as competências dos
diversos órgãos governamentais envolvidos.

Lei 11.577/07

A Lei 11.577/07 torna obrigatória a divulgação de mensagem relativa à exploração


sexual e tráfico de crianças e adolescentes, apontando formas para efetuar
denúncias, em locais como hotéis e outros que prestem serviços de hospedagem,
bares, restaurantes, casas noturnas, postos de gasolina e demais locais de acesso
público que se localizem junto às rodovias. O texto que trata a Lei é: “EXPLORAÇÃO
SEXUAL E TRÁFICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SÃO CRIMES: DENUNCIE JÁ!”. 5

Em relação à essa legislação, o Ministério do


Turismo vem trabalhando na mobilização do
setor no sentido de alertar para a Lei nº
11.577/07.

Para tanto, elaborou um modelo de placa e


ATENÇÃO display com o texto exigido na lei, que podem
ser replicados pelos empreendimentos
turísticos.6

O Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto -Juvenil


O plano foi elaborado em junho de 2000 e acabou tornando-se referência para a sociedade
civil organizada e para as três instâncias do poder federativo brasileiro. Nele estão as
diretrizes que oferecem uma síntese metodológica para a reestruturação de políticas,
programas e serviços de enfretamento à violência sexual, consolidando a articulação como
eixo estratégico e os direitos humanos sexuais da criança e do adolescente como questão
estruturante.

5LEI nº 11.577, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2007.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-


2010/2007/Lei/L11577.htm .
6 Disponível em: http://www.turismo.gov.br/images/18_10_16_PlacacontraExploracao.png

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O Plano foi aprovado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda), em 12 de julho de 2000, no marco comemorativo aos 10 anos do Estatuto da
Criança e do Adolescente. O documento foi estruturado em seis eixos: análise da situação;
mobilização e articulação; defesa e responsabilização; atendimento; prevenção; e
protagonismo infanto-juvenil.

Desde a adoção do Plano, foram registradas conquistas significativas, a saber:

▪ a instituição do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e


Adolescentes e da Comissão Inter setorial do governo federal;

▪ o fortalecimento das redes locais/estaduais;

▪ a realização de campanhas de sensibilização permanentes e periódicas;

▪ a adesão de um número crescente de organizações públicas e privadas ao


enfrentamento da violência sexual;

▪ a vista do Relator Especial das Nações Unidas para analisar a questão de venda,
prostituição infantil e utilização de crianças na pornografia;

▪ a adoção da experiência de Códigos de Conduta contra a Exploração Sexual por


diferentes segmentos econômicos (turismo, transporte, etc);

▪ a criação e instalação, mesmo que em poucos estados, de delegacias e Varas


Criminais especializadas em crimes contra crianças e adolescentes.

BREVE HISTÓRICO DO PLANO NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO -


JUVENIL

Data Ação

Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual


2000
contra Crianças e Adolescentes

Relatório do Monitoramento do Plano Nacional de


2003/2004 Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes

Encontros Regionais de Revisão do Plano Nacional de


2010 Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes

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Encontro Nacional de Revisão Plano Nacional de


2010 Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes

Divulgação dos 18 pontos prioritários para garantia dos


2010
direitos humanos de crianças e adolescentes

Realização de consultas públicas e reuniões com a


Comissão Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual
2010/2012 contra Crianças e Adolescentes, para socialização e
análise dos documentos de sistematização da revisão do
Plano Nacional

Realização de 6 Colóquios para Discussão dos Eixos do


Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual
2010/2012
Infanto-juvenil e 3 para debate de temas considerados
prioritários – Responsabilidade Social

Atendimento à pessoa que comete violência sexual,


Proteção de Crianças e Adolescentes no Sistema de
Segurança e Justiça

Compilação da normativa nacional e internacional sobre


a temática, com o objetivo de afirmar o embasamento
das Diretrizes do Plano Nacional no contexto de
definição legal e apresentar as normativas
internacionais e nacionais afetas ao direito da criança
sob o enfoque de enfrentamento da violência sexual
2012
Compatibilização dos objetivos e metas estabelecidas
com as possibilidades de execução, com base no
orçamento público

Compatibilização do Plano Nacional de Enfrentamento


da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes com
outros Planos temáticos

Incorporação das diretrizes do III Congresso Mundial e do


Plano Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente

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Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

_______. Lei Federal n.° 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto

da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, Senado Federal,

Subsecretaria de Edições Técnicas, 2003.

_______. Decreto-Lei n.º 2.848/1940 de 7 de dezembro de 1940. - Código Penal

Brasileiro.

_______. Ministério da Educação e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Guia

Escolar: métodos para identificação de sinais de abuso e exploração sexual de

crianças e adolescentes. 2ª ed. Brasília:, 2004.

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