Você está na página 1de 38

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI


CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM MÚSICA

ROBERTHA DE MELO BRANDÃO

A FORMAÇÃO DO MUSICOTERAPEUTA NO PIAUÍ: Um estudo sobre


a primeira especialização em musicoterapia

TERESINA- PIAUÍ
DEZEMBRO DE 2016
1

ROBERTHA DE MELO BRANDÃO

A FORMAÇÃO DO MUSICOTERAPEUTA NO PIAUÍ: Um estudo sobre a primeira


especialização em musicoterapia

Monografia apresentada como requisito para a


conclusão do curso de Licenciatura em Música pela
Universidade Federal do Piauí-UFPI, sob a
orientação do Prof. Dr. Ednardo Monteiro Gonzaga
do Monti.

TERESINA- PIAUÍ
DEZEMBRO DE 2016
2

ROBERTHA DE MELO BRANDÃO

A FORMAÇÃO DO MUSICOTERAPEUTA NO PIAUÍ: Um estudo sobre


a primeira especialização em musicoterapia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 11/01/2017 à banca composta pelos


seguintes membros:

BANCA EXAMINADORA

____________________________
Prof. Dr. Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti (Orientador)
Universidade Federal do Piauí

___________________________
Profª. Drª. Paula Maria
Aristides de Oliveira Molinari
Universidade Federal do Piauí

____________________________
Prof. Dr. João Berchmans de Carvalho Sobrinho
Universidade Federal do Piauí

Conceito Obtido: ________________________________________


3

A todos os Educadores Musicais


e Musicoterapeutas.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser minha força em todos os momentos da minha vida.

Aos meus pais Acy e Inêz pelo amor e dedicação, pelo apoio quando escolhi a
música como profissão, e por todo o esforço feito para que eu continuasse
estudando e podendo realizar meus sonhos.

A minha irmã Rogéria pelo amor, dedicação, apoio e companheirismo.

A minha família e amigos que acreditaram no meu sonho

A minha amiga Jordanna di Paula por toda ajuda na construção desse trabalho e por
toda dedicação na vida.

Aos amigos e mestres que contribuíram com minha formação através de


orientações, conselhos e discussões.

Ao meu professor orientador Dr. Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti pela


dedicação e paciência.

Muito Obrigada!
5

Sem a música, a vida seria um erro.

(Friedrich Nietzsche)
6

RESUMO

A musicoterapia configura-se como uma ciência que articula música, saúde e


educação, promovendo o equilíbrio físico e mental além do bem estar dos indivíduos
a partir de vivências musicais, conduzidas por um profissional habilitado: o
musicoterapeuta. No Piauí, assim como no Brasil e no mundo, a cada dia cresce a
demanda por esses profissionais. Como acontece a formação do Musicoterapeuta
no Piauí? O presente trabalho tem por objetivo fazer um estudo sobre como dá a
formação do musicoterapeuta no Piauí, a estrutura e operacionalização do mesmo.
A metodologia de pesquisa adotada no estudo foi a pesquisa documental, por meio
da qual foram analisadas fontes escritas. Os dados foram coletados no período de
março/2016 a dezembro/2016 através de análises de documentos, entrevistas com
os idealizadores do curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Musicoterapia e
Musicoterapeutas formados por este mesmo curso, leis que regem a Pós-graduação
brasileira, resoluções internas da UFPI, publicações de artigos e informações sobre
a Pós-graduação Lato Sensu. A pesquisa revela que, a formação do
Musicoterapeuta no Piauí acontece de forma estruturada dentro do padrão geral dos
Programas de Pós-graduação Lato Sensu. A formação do musicoterapeuta na UFPI
é arregimentada de modo a deixar o profissional apto a exercer com maestria as
suas atividades buscando atender a demanda do mercado que é crescente.

Palavras-chave: Formação do Musicoterapeuta; Musicoterapia; Pós-graduação


Lato Sensu.
7

ABSTRACT

Music therapy is a science that articulates music, health and education, promoting
the physical and mental balance and the well-being of individuals as well, by the
musical experiences, conducted by a qualified professional: the music therapist. In
Piauí, even in Brazil and the world, the demand for these professionals grows daily.
How does the formation of the Music Therapist in Piauí happen? The present work
aims to make a study about how the training of the music therapist in Piauí, the
structure, and operationalization of the same. The research methodology adopted in
the study was documentary research, through which written sources were analyzed.
The data were collected from March / 2016 to December / 2016 through analysis of
documents, interviews with the idealizers of the Latu Sensu Post-Graduation Course
in Music Therapy and Music Therapists formed by this same course, laws that govern
the Brazilian Post-Graduation , Internal resolutions of the UFPI, publications of
articles and information about the Post-graduation Latu Sensu. The research reveals
that the formation of the Music Therapist in Piauí happens in a structured way within
the general pattern of the Graduate Programs Latu Sensu. The training of the music
therapist in the UFPI is regrouped in such a way as to leave the professional apt to
exercise his activities with mastery in order to meet the growing market demand

Keywords: Music Therapist Training; Music Therapy; Postgraduate Latu Sensu.


8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBM – Conservatório Brasileiro de Música

CEAD – Centro de Ensino à Distancia

CEIR – Centro Integrado de Reabilitação

CEPEX - Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.

CES – Câmara de Educação Superior

CFE – Concelho Federal de Educação

CGPG – Coordenação Geral de Pós Graduação

CNE – Conselho Nacional de Educação

EAD – Ensino à Distancia

FUFPI – Fundação Universidade Federal do Piauí

IES – Instituição de Ensino Superior

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

MBA - Master Business Administration

MEC – Ministério da Educação

PGLS – Pós Graduação Lato Sensu

PGSS – Pós Graduação Stricto Sensu

PRPPG – Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação

PRPG - Pró-reitora de Ensino de Pós-Graduação

PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional

PPC – Plano Pedagógico do Curso

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

UFPI – Universidade Federal do Piauí


9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................10

2 A PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU .................................................................13

2.1 As funções de pós-graduação ...........................................................................15

2.2 A legislação vigente ..........................................................................................17

3 OS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO NO CONTEXTO DA UFPI .......................20

4 A FORMAÇÃO DE MUSICOTERAPEUTA NO PIAUÍ .........................................26

4.1 Pós-graduação Lato Sensu em musicoterapia no Piauí ....................................28

4.2 Plano curricular .................................................................................................31

4.3 Corpo docente ...................................................................................................32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................34

REFERÊNCIAS ....................................................................................................35
10

1. INTRODUÇÃO

A realidade da Musicoterapia no Brasil vem crescendo e ganhando cada vez


mais espaços. O poder terapêutico da Música esta sendo provado a cada dia com
resultados nos âmbitos biológico, fisiológico, psicológico, intelectual, social e
espiritual (BLASCO, 1998). Em entrevista, a Musicoterapeuta Nydia do Rego
Monteiro fala que:

”A associação dos Musicoterapeutas do Piauí é referencia nacional pelo


trabalho realizado no campo. Os formandos da primeira turma do Curso de
Musicoterapia da UFPI tem um reconhecimento nacional (MONTEIRO,
2016)”.

Esse crescimento da musicoterapia, juntamente com a demanda por esse


tipo de tratamento e o reconhecimento do trabalho dos musicoterapeutas formados
aqui no Piauí, foi o ponto de partida para um questionamento: Como acontece a
formação em Musicoterapia no Piauí?
A ideia de fazer esta pesquisa surgiu primeiramente de questionamentos
formulado no decorrer da minha graduação. Foi nesse período que eu tive o primeiro
contato com a musicoterapia, através de conversas informais com outros
graduandos. A partir dai, conhecer um pouco sobre o poder terapêutico da Música
passou a ser constante. Na expectativa de um dia poder fazer essa mesma Pós-
graduação Lato Sensu em Musicoterapia, buscou-se fazer um estudo sobre como foi
essa formação em Musicoterapia aqui no Piauí.
A importância do estudo destaca-se por se tratar de um assunto relevante e
que tem um potencial de contribuir com estudos sobre a Musicoterapia,
especificamente, os estudos sobre o trabalho da Musicoterapia no Piauí.
A presente pesquisa tem como objetivo abordar a formação do
musicoterapeuta no Piauí, por meio de um estudo sobre a formação em nível de
especialização Lato Sensu oferecida pela Universidade Federal do Piaui.
Especificamente, abordar também toda a sua construção, as ideias norteadoras do
projeto do curso e a sua operacionalização. Este estudo não só aborda a formação
do Musicoterapeuta, como também a estrutura que envolve uma Pós-graduação
Lato Sensu. Essa estrutura é norteada primeiramente pelo parecer n° 977/95 CFE,
sendo complementada pela LDB 9394/96, Art.44 e pela Resolução nº. 1/2007
CNE/CES. No que diz respeito a UFPI, o seu Plano de Desenvolvimento Institucional
11

planeja as estratégias de gestão, sendo a PGLS da instituição regulamentada pela


Resolução interna n° 131/05.
Os cursos de Pós-graduação são um prolongamento da graduação; um
aprimoramento ou um aprofundamento da formação profissional. O seu elemento
definidor é o ensino. Uma especialização ou aperfeiçoamento em uma área
especifica qualifica e insere diretamente no mercado de trabalho. Em suas leis,
identifica-se uma assimilação direta das suas funções, onde seu papel ganha
dimensões técnicas e sociais.
A Pós-graduação Lato Sensu em Musicoterapia oferecida pela UFPI veio
para suprir uma necessidade de qualificação dentro da área da Música que ate
então não existia no Piauí, dando oportunidade primeiramente aos licenciados em
Educação Artística com Habilitação em Música.
A metodologia de pesquisa adotada neste estudo foi a pesquisa documental,
por meio da qual foram analisadas fontes escritas. De acordo com Gil (2002, p.62-3),
a pesquisa documental apresenta algumas vantagens por ser “fonte rica e estável de
dados”; não implica altos custos, não exige contato com os sujeitos da pesquisa e
possibilita uma leitura aprofundada das fontes. Os dados foram coletados no período
de março/2016 a dezembro/2016 através de pesquisas, entrevistas com os
idealizadores do curso de PGLS em Musicoterapia da UFPI, leis e resoluções
internas da UFPI, das publicações de artigos e informações sobre a Pós-graduação
Lato Sensu. As entrevistas foram feitas com os autores do projeto, Prof. Dr. Odailton
Aragão Aguiar e Profª. Esp. Nydia do Rego Monteiro, abordados por meio de uma
entrevista focalizada.
O trabalho está estruturado em três capítulos com temáticas relevantes ao
assunto exposto. O primeiro capitulo aborda a Pós-graduação Lato Sensu e suas
definições, mostrando também quais funções ela mobiliza para agregar valores.
Abordando também a legislação vigente, tendo como base a LDB 9394/96 e
algumas normativas que estabelecem os passos da Pós-graduação no Brasil.
Em um segundo momento, a temática é sobre o Plano de Desenvolvimento
Institucional da UFPI, onde é enfatizado o seu planejamento e gestão no que diz
respeito à sua filosofia de trabalho com relação a Pós-graduação Lato Sensu. O PDI
é um documento que aborda a Pós-graduação como sendo um instrumento de
formação de alta qualidade. Ainda no segundo capitulo, trata-se da Resolução
12

131/05, onde se encontram normas para o funcionamento de cursos de pós-


graduação lato sensu em nível de especialização da UFPI.
No terceiro capitulo, a formação do Musicoterapeuta é abordada de modo a
responder a problemática da pesquisa. Como acontece a formação de
musicoterapeutas no Piauí? Neste capítulo, algumas definições sobre o que seja a
Musicoterapia, seus conceitos e principais autores serão expostos a fim de
compreender também o seu papel. No segundo momento, delinearemos o Projeto
Pedagógico do Curso (PPC) da UFPI, onde mostraremos a ideia principal para a
criação do curso, os objetivos, a sua estrutura e a sua operacionalização.
13

2. A PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A pós-graduação no Brasil teve inicio no começo da década de 1930, sendo


utilizado um modelo europeu como base. Esse modelo dividia-se em dois grandes
planos que se superpõe hierarquicamente, onde a Pós-graduação passaria a ter um
maior valor. Foi implantada inicialmente tanto no curso de direito da Universidade do
Rio de Janeiro quanto na Faculdade Nacional de Filosofia e na Universidade de São
Paulo. A partir da reforma universitária de 1968, sentiu-se uma necessidade de
formar quadros especializados como requisito para a docência do ensino superior
(Martins, 1999).
O modelo de pós-graduação brasileira é originário do parecer 977/CFE,
redigido por Newton Sucupira, de 13 de dezembro de 1965, onde se estabeleceu a
diferença entre a pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) e lato sensu
(especialização e aperfeiçoamento) (ibidem, 2012). A especialização é de cunho
profissionalizante, com maior flexibilidade, voltada para a demanda do mercado. O
mestrado e doutorado estão voltados para a pesquisa e a formação de uma
comunidade cientifica.
Os cursos de Especialização Lato Sensu são destinados ao treinamento nas
partes de que se compõe um ramo profissional ou científico. Sua meta é permitir ao
aluno “o domínio científico e técnico de uma certa e limitada área do saber ou da
profissão, para formar o profissional especializado” (SUCUPIRA, 1965). Com isso,
uma Pós-graduação Lato Sensu em Musicoterapia abriria portas para o profissional
de música, primeiramente trabalhar os elementos desta expressão artística, agindo
sobre o físico e o psíquico.
A resolução CNE/CES nº 1 de 2001, estabeleceu as normas para o
funcionamento de cursos de pós-graduação (BRASIL, 2001), e a Lei 9.394 de 1996
(LDB), no seu artigo 44, inciso III menciona que os cursos de “pós-graduação,
compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização,
aperfeiçoamento e outros, serão abertos a candidatos diplomados em cursos de
graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino”.
Para Sucupira (1965), a Pós-graduação lato sensu (PGLS) e a Pós-
graduação stricto sensu (PGSS), surgiram através da necessidade de formar
docentes capazes de atender o crescimento do ensino superior, preparando assim,
pesquisadores para o avanço da área cientifica e tecnológica do país. Isso nos
14

mostra que, um dos principais objetivos deste tipo de formação era fazer com que o
estudante se aprofundasse no saber que o levaria a alcançar elevado grau de
competência, às vezes não adquirido integralmente na graduação.
A PGLS ganhou uma expansão ampla e reconhecida quantitativamente,
mesmo sem um registro formal da quantidade de cursos oferecidos por IES
(OLIVEIRA, 1995). Para Fonseca (2004), a expansão desse nível de ensino resulta
de vários fatores:

Em primeiro lugar, da expansão do setor privado, do mercado de trabalho


que demanda novas formas e modalidades de cursos e níveis de ensino e,
por consequência, amparada por políticas e legislações mais flexíveis o que
por certo gerou, especialmente no campo privado, a oferta de cursos
desvinculados dos critérios acadêmicos mínimos de qualidade (FONSECA,
2004, p. 53).

Na década de 1990, houve uma enorme crescente dos cursos de


especialização. Diante de um mercado de trabalho mais competitivo, da permanente
necessidade de um aperfeiçoamento técnico, as instituições de ensino, tanto pública
quanto privada, passaram a oferecer um grande número de cursos de PGLS.

Ao se referir à política de avaliação e expansão do ensino superior,


argumentava-se que as limitações orçamentárias impediam a ampliação e
diversificação da esfera pública, o que gerou dependência da oferta da
iniciativa privada (SOUZA, 1999).

Algumas dessas instituições privadas, como forma de atrair candidatos,


oferecem um curso de PGLS mesmo sem ter uma tradição acadêmica de qualidade
e referência, visando mais a possibilidade de um lucro fácil.
Entretanto, no Piauí, o curso de Musicoterapia só foi oferecido no estado até
os dias de hoje por uma instituição de ensino superior pública, a Universidade
Federal do Piauí - UFPI. Vale destacar, que o curso de Musicoterapia em nível de
especialização são atividades posteriores à graduação, voltadas às expectativas de
aprimoramento acadêmico-profissional.
A qualidade dos cursos de PGLS depende das instituições, como
fornecedora da estrutura e corpo docente e do aluno para que reivindique condições
e cursos de qualidade (OLIVEIRA, 1995).
Para Bayma (1993), apesar da importância desse tipo de pós-graduação,
tem havido apreensões quanto à existência de cursos de PGLS que não atendem as
exigências mínimas de qualificação, mostrando-se como uma excessiva “orientação
15

comercial” dos cursos de especialização. A União tem o dever sobre a pós-


graduação, sendo o MEC o órgão orientador quando se tratar de curso lato sensu.

2.1 As funções da pós-graduação

A existência da pós-graduação no ensino superior acarreta consequências


esperadas, baseadas na política educacional vigente, mostrando a sua importância
diante do ensino para o crescimento profissional. Para isso, podemos citar duas
funções que mostram o quão uma pós-graduação vem para somar valores técnicos
e sociais.
A função técnica se baseia em “mercados” que exigem uma formação de
pessoal em nível de pós-graduação. O próprio sistema de ensino superior é visto
como um desses “mercados”. É através da pós-graduação que o ensino superior
qualifica novos pesquisadores e profissionais por conta do seu efeito “multiplicador”.
Conforme defende Campos (1972, p. 23), a prioridade da pós-graduação é para os
que se dedicam à docência superior, por que para se formar profissionais
qualificados precisa-se de bons mestres, exigindo um aperfeiçoamento imediato
para os programas de ciência e tecnologia exigidos no País (Art.66 da Lei 9.394/96).
Com a crescente evolução dos efeitos terapêuticos da música, uma pós-
graduação nessa área aqui no Piauí tem como um dos seus objetivos estimular o
campo da pesquisa com a música. Isto é uma garantia aos graduados em música de
uma prática eficaz para as necessidades no desenvolvimento do setor.
O segundo mercado para os pós-graduados está ligado ao desenvolvimento
dos setores públicos e privados. Esses setores são grandes consumidores de
profissionais especializados, que se qualificam ou tem uma formação continuada
através da pós-graduação otimizando a sua própria atividade. O governo e as
empresas privadas passaram a dar uma maior importância para esses profissionais,
pois a sua qualificação abririam portas para as atividades de pesquisas, fazendo
com que o desenvolvimento econômico do país e do estado, desses saltos
significativos. No Piauí a Musicoterapia é trabalhada em empresas privadas e
públicas principalmente na capital Teresina. Em sua maioria, os musicoterapeutas
que atuam no estado são formados pela PGLS em Musicoterapia da UFPI. A
referência da Musicoterapia no Piauí é o Centro Integrado de Reabilitação (CEIR).
16

Os primeiros trabalhos com a musicoterapia aconteceram no CEIR em 2008, com a


musicoterapeuta Nydia do Rego Monteiro, a primeira musicoterapeuta do Piauí.
A função social vem com uma visão de restabelecer o valor econômico e
simbólico do diploma de ensino superior (CAMPOS, 1972). Com o aumento do
número de graduados, o valor do diploma de graduação caiu. Ter um diploma de
graduação hoje em dia, não indica mais uma natural adequação para as ocupações
que exigem uma maior qualidade e responsabilidade.

Na medida em que se organiza o ensino pós-graduado, cria-se um diploma


que traz a marca de raridade. E é essa raridade que vai conferir ao diploma
um alto valor, tanto econômico, abrindo caminhos para as ocupações mais
bem remuneradas, quanto simbólico, atribuindo uma maior "quantidade" de
prestígio. (CAMPOS, 1972, p. 34)

Na visão da função social, podemos ver um alto grau de valor dado ao


ensino pós-graduado. A massificação do ensino superior traz uma baixa inevitável
na qualidade desse ensino. A pós-graduação vem para construir uma estrutura de
excelência indispensável, dando qualidade em sua mais alta forma. A PGLS em
musicoterapia vem para suprir uma necessidade quanto aos mecanismos
sistemáticos na continuidade de uma formação em musica com qualidade.
Para falarmos da importância de uma Pós-graduação, podemos citar
Bourdieu. Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um sociólogo francês que dedicou mais
de 40 anos da sua vida acadêmica voltados para a educação. No seu campo da
sociologia, ele propõe um conceito de Capital Cultural. A noção de Capital Cultural
seria um principio necessário para compreender a importância de uma formação,
onde essa formação teria um poder que venha a se destacar. Bourdieu divide o seu
conceito de capital cultural em três estados: incorporado, objetivado e
institucionalizado:

“... no estado incorporado, ou seja, sob a forma de disposições duráveis no


organismo; no estado objetivado, sob a forma de bens naturais culturais –
quadros, livros, dicionários, instrumentos, que constituem indícios ou
realização de teorias ou de criticas destas teorias, problemática, etc.; e
enfim, no estado institucionalizado, forma de objetivação que é preciso
colocar à parte porque, como se observa em relação ao certificado escolar,
ela confere ao capital cultural – de que é, a garantia – propriedades
inteiramente originais”. (BOURDIEU, 2007b, pg. 74)

O terceiro estado de Bourdieu é o que tem mais relevância para este estudo.
O estado institucionalizado é basicamente na forma de títulos; títulos escolares,
17

títulos de uma formação superior, etc. O grau de investimento em uma carreira está
intimamente ligado a esses títulos, pois, o retorno esperado está notadamente ligado
ao mercado de trabalho. Uma PGLS em Musicoterapia é um titulo que diferencia a
posição do graduado de um pós-graduado; certificando uma competência dando
maior valor à graduação.

2.2 A legislação vigente

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 determina:

Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e


programas:
III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e
doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a
candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às
exigências das instituições de ensino. (BRASIL, 1996)

A LDB 9394/96, também é regulamentada por normativas do Conselho


Nacional de Educação (CNE). Dentre essas normativas, a Resolução CNE/CES nº.
1/2007 é a que estabelece as normas para o funcionamento da PGLS.
Os cursos de PGLS legais só podem ser oferecidos por instituições de
ensino devidamente credenciadas pelo MEC (Art. 1°, CNE/CES nº. 1/2007), dado a
elas, a competência, a experiência e a capacidade de sua instalação, não podendo
os certificados de terceiros serem validados pelas mesmas. A UFPI é uma instituição
credenciada pelo MEC e foi a primeira e a única instituição de ensino superior do
Piauí a oferecer um curso de especialização em Musicoterapia.
Segundo a Resolução 01/007, só pode fazer um curso de PGLS candidatos
diplomados em curso de graduação ou demais superiores, atendendo às exigências
da instituição de ensino (§ 3°, CNE/CES nº. 1/2007). Há uma exigência para o
ingresso no curso de PGLS em Musicoterapia; o pré-requisito é ter graduação na
área da Música, da saúde ou da educação. No caso da maioria dos cursos de
especialização em Musicoterapia, exige-se também, um teste de habilidade
especifica com um instrumento e ou uma entrevista, ou uma prova escrita com base
em um texto dado.
Os cursos de PGLS devem ser oferecidos pelas IES somente na área do
saber e no endereço definido no ato do seu credenciamento (§ 4°, CNE/CES nº.
1/2007). Os cursos de PGLS, por área, ficam sujeitos à avaliação dos órgãos
18

competentes, sendo as instituições responsáveis em fornecer informações


referentes a esses cursos, quando solicitadas pelo órgão coordenador do Censo de
Ensino Superior.
Neste sentido, o corpo docente deverá ser composto por especialistas,
sendo que 50% destes possuem título de mestre ou de doutor, obtidos em pós-
graduação stricto sensu, reconhecido pelo MEC (Art.4°, CNE/CES nº. 1/2007). O
curso de PGLS em nível de especialização terá uma duração mínima de 360
(trezentos e sessenta) horas, não computando o tempo de estudo individual ou em
grupo e o trabalho de conclusão de curso (TCC) (Art. 5°, CNE/CES nº. 1/2007).
Para um curso de especialização em musicoterapia em EAD (educação à
distância) seria necessário cumprir o Art. 6°, onde só poderão ser oferecidos por
instituições credenciadas pela União, conforme o disposto no § 1° do art. 80 da Lei
n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Para esses cursos à distância, estabelece a
inclusão de provas presenciais e defesa presencial individual de monografia
(Paragrafo único). Alguns cursos de pós-graduação Lato Sensu da UFPI são à
distancia, orientados pelo Centro de Educação Aberta e à Distância (CEAD). O
curso de PGLS em Musicoterapia no Piauí é totalmente presencial.
Os alunos deverão ter 75% da presença conforme a resolução, sendo o
certificado emitido aos alunos que tiverem obtido aproveitamento segundo os
critérios de avaliação estabelecidos (Art.7°, CNE/CES nº. 1/2007). Neste mesmo
Artigo, §1°, fala-se sobre os certificados do curso, que deverão mencionar a área de
conhecimento do curso, devendo constar as suas disciplinas, carga horaria, notas,
qualificação dos professores, período em que o curso foi realizado, titulo da
monografia e declaração de cumprimento desta resolução. Os certificados devem
ser obrigatoriamente registrados pela IES devidamente credenciada, tendo validade
nacional somente os que se enquadrarem nos termos da resolução (§2° e §3°,
CNE/CES nº. 1/2007).
Uma pós-graduação tem uma suma importância na vida acadêmica. Depois
de vermos seus conceitos, podemos ver suas funções e o que ela representa diante
das demandas de uma sociedade. Tecnicamente veio para melhorar a formação,
estimulando a pesquisa e abrindo melhores oportunidades. Socialmente veio para
amenizar a massificação do ensino superior, restabelecendo o valor econômico e
simbólico do diploma do ensino superior.
19

Diante do exposto, considera-se de grande importância conhecer como se


estrutura uma PGLS na Universidade Federal do Piauí. O documento que serve
como um instrumento de planejamento e gestão é o Plano de Desenvolvimento
Interno. No PDI, a Universidade Federal do Piauí expõe suas expectativas e projetos
para a comunidade acadêmica.
20

3. OS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO NO CONTEXTO DA UFPI

O curso de Musicoterapia em nível de especialização no Piauí acontece na


Universidade Federal do Piauí (UFPI). Foi oferecido pela primeira vez em 2006,
tendo uma segunda oferta em 2011. Em entrevista com a Musicoterapeuta Nydia do
Rego Monteiro, pode-se perceber as dificuldades para implantar o curso:

“foram dois anos elaborando o projeto. Muitos tramites burocráticos na


instituição e também a falta de verba. Alguns deram aula praticamente de
graça” (MONTEIRO, 2016).

Um projeto de um Curso de Pós-graduação Lato Sensu exige o cumprimento


resoluções internas das Instituições de Ensino Superior em conjunto com as leis
nacionais que regem o que diz respeito à PGLS.
O Decreto nº 5.773/06, de 09 de maio de 2006, dispõe sobre o exercício das
funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e
cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino
(BRASIL, 2006). É neste decreto que dispõe sobre todos os atos administrativos que
uma IES, no sistema federal de ensino, deve seguir para o devido funcionamento da
instituição.
O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFPI estabeleceu-se por
esse decreto como o instrumento de planejamento e gestão que considera a
identidade da IES, no que diz respeito à sua filosofia de trabalho, à missão a que se
propõe, às estratégias para atingir suas metas e objetivos, à sua estrutura
organizacional, ao Projeto Pedagógico Institucional com as diretrizes pedagógicas
que orientam suas ações e as atividades acadêmicas e científicas que desenvolve
ou que pretende desenvolver” (BRASIL, 2006).
O PDI da Universidade Federal do Piauí veio para planejar
estrategicamente, expectativas e projetos para todos os segmentos da comunidade
acadêmica. É um instrumento de planejamento e gestão, onde busca a excelência
acadêmica em seu fortalecimento institucional no âmbito administrativo e
organizacional (PDI, 2015 p. 20).
A UFPI já teve outros dois Planos de Desenvolvimento Institucional no
decorrer do funcionamento da Pós-graduação Lato Sensu em Musicoterapia. Este
estudo é baseado no terceiro PDI, com as exigências do novo modelo educacional
21

instituído a partir do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação


Superior).
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) é uma IES de natureza federal, de
estrutura multicampi, mantida pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da
Fundação Universidade Federal do Piauí (FUFPI). Sua sede fica em Teresina,
capital do Estado. A Fundação Universidade Federal do Piauí (UFPI) foi instituída
nos termos Lei nº 5.528, de 12 de novembro de 1968 e oficialmente instalada em 12
de março de 1971, com o objetivo de criar e manter a UFPI (PDI, 2015 p. 23).
A Pró-reitora de Ensino de Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal
do Piauí é a instância que está encarregada de conduzir a política institucional do
Sistema de Pós-Graduação. Foi criada em março de 2013, tendo como lema “vencer
obstáculos” (PDI, 2015 p. 61).
A PRPG oferece programas de pós-graduação stricto sensu (em nível de
mestrado e doutorado) e lato sensu (especialização), onde visa desta forma, a
melhoria contínua de profissionais para o desenvolvimento de atividades de ensino,
pesquisa e atendimento das demandas de pessoal qualificado pela sociedade,
assim como, são operacionalizadas todas as atividades relativas à capacitação de
docentes e técnicos de interesse institucional (PDI, 2015 p. 62). A Pós-graduação
em Musicoterapia da UFPI surgiu de uma ideia antes voltada para a musicologia e a
educação musical. Essas duas possíveis especializações estavam sendo
elaboradas para serem ofertadas.
Nos dias de hoje, vivemos em meio a exigências no campo do social, do
desenvolvimento científico, econômico, cultural, tecnológico e artístico. Como órgão
que prega pelo desenvolvimento da instituição, a Pró-Reitoria de Ensino de Pós-
Graduação da UFPI propõe políticas de ensino de pós-graduação, voltados para o
controle de qualidade e produtividade dos programas de pós-graduação e
estimulação de uma cultura de ensino e pesquisa, visando a melhoria desses vários
campos (PDI, 2015 p. 62).
De acordo com os conceitos do PDI da UFPI, a pós-graduação é um nível
avançado da educação superior e assim visa formar pessoal com alta qualidade,
estando dessa forma, preparados para atuar em qualquer campo do saber (PDI,
2015 p. 62).
No tocante as atividades de pós-graduação lato sensu a legislação interna
vigente é a Resolução n°131/05 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
22

(CEPEX), complementada pela Resolução n° 080/06-CEPEX, que apreciam as


normas do Conselho Nacional de Educação/MEC. A portaria n°018/07- PRPPGR de
03/12/07 é uma norma interna que foi criada, visando uniformizar os procedimentos
de rotina ligados ao controle acadêmico do curso de pós-graduação, sendo esta,
publicada no Boletim de Serviço N° 389/07, e em consonância com a Resolução
CNE-CES 01/2007 regulamenta a pós-graduação a nível nacional (PDI, 2015).
A UFPI em 2006 optou por não ampliar demasiadamente a oferta de curso
de especialização, e dessa forma, restringiu a aprovação de cursos apenas para
áreas estratégicas de desenvolvimento do Estado e para o atendimento da demanda
especificas de qualificação da sociedade. Em sua entrevista, Nydia Monteiro diz que
aqui no Piauí, o histórico de trabalhos com música e crianças especiais, a crescente
demanda por Musicoterapeutas, juntamente com a vontade de difundir a
Musicoterapia no estado, fez surgir a ideia de implantar uma especialização Lato
Sensu em Musicoterapia (MONTEIRO, 2016).
Seguindo a mesma proposta adotada em 2006 pela UFPI, a PGLS em
Musicoterapia veio como estratégia de desenvolvimento e qualificação para suprir a
necessidade de qualificação do expressivo contingente de graduados em música do
Curso de Educação Artística e do Curso de Licenciatura em Música.
Na resolução n° 1 do Ministério da Educação (CNE/CES nº. 1/2007),
resolução esta explicada no 1° capitulo, são estabelecidos critérios mínimos que em
conjunto com a resolução especifica da UFPI (131/05 CEPEX) norteiam a Pós-
Graduação Latu Sensu na instituição.
O conselho de ensino, pesquisa e extensão, da Universidade Federal do
Piauí (UFPI) estabelece por meio da Resolução 131/05 o regulamento da pós-
graduação Latu Sensu da instituição. Segundo a Resolução 131/05, a pós-
graduação Lato Sensu da UFPI compreende diversas modalidades como, por
exemplo, os cursos de especialização, aperfeiçoamento, Master Business
Administration (MBA), Programa de Residência Médica e Programa de Residência
Médica Veterinária (Art. 1°, alíneas a, b, c, d, e). Essas modalidades referem-se a
atividades posteriores à graduação e que tem a expectativa voltada ao
aprimoramento acadêmico-profissional (Art.1°, §1°). Essas atividades, citadas no
Art.1°, só poderão ser oferecidas para portadores de curso superior em diversos
campos do saber (Art.1°, §2°).
23

Para assegurar uma qualificação adequada, voltada para os profissionais de


nível superior, será indispensável uma carga-horaria além do conteúdo do curso, e
um enfoque técnico profissional dirigido à área especifica (Art.2°). Foi estabelecido
pela legislação interna da UFPI uma carga-horaria mínima de 360h, não
computando o tempo de estudo individual, não excedendo o prazo de dois anos
consecutivos (Paragrafo Único). O curso de PGLS em Musicoterapia teve em sua
carga-horaria além do seu conteúdo do curso, 120h de estágio para a prática.
Na resolução 131/05 da UFPI, há uma parte designada para caracterizar e
objetivar as modalidades.

Artigo 3° – Os cursos de especialização caracterizam-se pelo conjunto de


disciplinas ou atividades correlatadas, representando áreas de
concentração que permitam a formação de especialistas, e tem um objetivo
técnico-profissional especifico.
Artigo 4° – os cursos de aperfeiçoamento objetivam complementar, ampliar
ou desenvolver o nível de conhecimento de uma determinada área de
estudo e serão ministrados em disciplinas teóricas ou teórico-práticas,
abrangendo conhecimentos de uma área ou setor que desenvolvam
informações, experiências, capacidades ou habilidades, visando ampliação
e atualização de conhecimentos e técnicas de trabalho.
Artigo 5° – Programas de residência médica e médico-veterinária visam a
complementação do processo de formação do profissional nessas áreas
especificas, dando-lhes mais treinamento, de modo a prepara-lo para o
exercício da profissão, e serão desenvolvidos em regime de tempo integral,
em hospitais-escola e/ou vinculados a UFPI. (UFPI, 2005)

No artigo 6° da resolução 131/05 (CEPEX), diz que fica a cargo dos


departamentos, dos órgãos de pesquisa e extensão e da Pró-Reitoria de pesquisa e
pós-graduação a responsabilidade de criação e instalação de cursos e outras
modalidades de pós graduação Latu Sensu. Para que essa criação seja efetivada é
necessário constatar a carência de docentes, pesquisadores e profissionais
qualificados ou atualizados, bem como, a aceleração do desenvolvimento técnico-
científico de determinadas áreas de conhecimento, o atendimento de solicitação de
outras entidades e a complementação do processo de formação dos profissionais de
determinadas áreas (Alíneas a, b, c, d)
No que diz respeito ao processo de criação e instalação, a Resolução cita
também no artigo 7° (paragrafo único):

“que os processos vinculados aos departamentos ou outras unidades de


ensino deverão ser apreciados e aprovados pelas Assembleias
departamentais e pelos respectivos conselhos departamentais das áreas
envolvidas e, encaminhado à coordenadoria Geral de Pós-graduação
24

(CGPG), da Pró-Reitoria de pesquisa e Pós-graduação (PRPPG)” (UFPI,


2005).

O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Pós-Graduação Lato Sensu, é um


documento elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
para compor o Art.7° no que diz respeito à identificação do curso, justificativa,
histórico da instituição, objetivos gerais e específicos, público alvo, concepção do
programa, coordenação acadêmica, carga horaria, período e periodicidade,
conteúdo programático, corpo docente, metodologia, interdisciplinaridade, atividades
complementares, tecnologia, infraestrutura física, critérios de seleção, sistemática de
avaliação, controle de frequência, trabalho de conclusão, indicadores de
desempenho, proposta orçamentaria.
Todos os projetos, vinculados aos departamentos ou outras unidades de
ensino, devem ser aprovados pelas Assembleias Departamentais e pelos
respectivos Conselhos Departamentais das áreas envolvidas (Paragrafo Único) O
PPC do curso de Pós-Graduação em Musicoterapia cumpriu todos esses requisitos.
Ainda segunda a Resolução 131/05 (CEPEX) os artigos 12 e 13
respectivamente, citam os critérios de inscrição, seleção e vagas onde, requisitos
para a inscrição obedecerá aos critérios específicos de cada modalidade, onde a
seleção de vagas deve conter de uma prova escrita, entrevista individual e análise
do currículo, conforme é especificado em cada projeto, onde após procedimento de
seleção a Coordenação Acadêmica do Curso é encaminhada a CGPG.
As vagas oferecidas para os cursos Lato Sensu são estabelecidas pelo
órgão proponente não podendo ultrapassar o limite de 50 vagas para cada turma,
onde dos quais, 10% serão destinadas sem ônus para a instituição, aos corpos
docentes e técnicos da UFPI (Art.14).
O currículo do curso abrangerá uma sequencia de disciplinas e atividades
correlatas, seguindo uma hierarquia e sendo estruturada de acordo com a afinidade
(Art.29). A avaliação do estudante da Pós-Graduação Lato Sensu é feita por
disciplina ou atividades, levando-se em conta a assiduidade e a eficiência nos
trabalhos. O aluno é automaticamente reprovado se não cumprir a frequência nas
aulas e demais tarefas da disciplina, quando não atingir os 75% da frequência
exigida (Art.36, §1°).
A nota de aprovação descrita na Resolução 131/05 é a mesma para todas
25

as IES. É aprovado o aluno que obtiver nota igual ou superior a 7,0, podendo este
obter no mínimo a nota 6,0 em duas disciplinas, desde que a média final do curso
seja igual ou superior a 7,0 (Art.38). A aprovação do estudante também só ocorrera
com a apresentação do trabalho de conclusão com nota igual ou superior a 7,0
(Art.40). O certificado só será entregue ao aluno com o cumprimento dos artigos 36,
38 e 40, acompanhado do respectivo histórico escolar (Art.41, paragrafo único).
O corpo docente da PGLS em Musicoterapia foi baseado na estrutura do
curso de Musicoterapia do Conservatório Brasileiro de Música (CBM) (MONTEIRO,
2016). Nesta resolução, o Artigo 43 diz que o corpo docente tem que ser composto
preferencialmente por professores da UFPI, sendo que a sua atuação não interfira
nas suas atividades dentro da instituição, podendo ser constituído também com
professores de outras instituições respeitando o percentual máximo de 30%. A
qualificação mínima dos docentes é a de mestre (Art.44). O docente especialista só
pode atuar em casos especiais, devidamente apreciados e aprovados pelo CEPEX,
não ultrapassando o percentual de 20% dos docentes (§2).
Sobre a coordenação do curso, a resolução 131/05 determina que tenha um
coordenador e se necessário um coordenador adjunto, sendo estes, docentes do
quadro da UFPI (Art.47). É de sua competência elaborar o projeto, executar e
cumprir as deliberações do CEPEX, elaborar, acompanhar e avaliar proposta
curricular, estabelecer o Regimento Interno do Curso, Exercer atribuições conferidas
por esta resolução (art.48). O curso de PGLS em Musicoterapia da UFPI teve como
coordenador o Prof. Dr. Odailton Aguiar Aragão, e como coordenador adjunto o Prof.
Dr. João Berchmans de Carvalho Sobrinho.
Os cursos de pós-graduação de que trata a Resolução em questão, ficam
sujeitos à supervisão do Ministério da Educação e cadastro junto ao INEP (Art.50).
Os tramites legais no processo de criação de uma Pós-Graduação Lato
Sensu nos mostra uma preocupação com a qualidade do ensino. Vale ressaltar o
papel da IES nesse processo de criação e na condução dos cursos. As leis são
muito claras. Os atos administrativos devem ser cumpridos com excelência para que
haja o reconhecimento legal. A resolução 131/05 é a resolução interna da
Universidade Federal do Piauí. Vem para reger os tramites legais para a
implementação dos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu.
Diante do que foi exposto, agora conhecendo como se estrutura uma Pós-
graduação Lato Sensu, podemos nos aprofundar no nosso objeto de estudo. O que
26

é a musicoterapia? Quais os principais conceitos sobre ela? Através disso, podemos


nos perguntar: Como é a formação do Musicoterapeuta no Piauí?

4. A FORMAÇÃO DE MUSICOTERAPEUTAS NO PIAUI

A musicoterapia é o uso doseado da música em tratamento, reabilitação,


educação e treinamento de adultos e crianças que padecem de transtornos
físicos, mentais ou emocionais. Já que é uma função da música em que
esta não é um fim em si mesma, o seu valor terapêutico não está
necessariamente em relação com sua qualidade nem com a perfeição das
execuções. Seu efeito obedece em primeiro lugar à influência, sobre o
homem, dos sons, origem da música, cujo valor curativo, prejudicial ou
negativo serão evidentes (...) a música originou infinitas formas de relação.
Estas formas constituem a pedra fundamental da musicoterapia. (ALVIN,
1967, p. 67).

Essa definição seria típica para esse momento crucial onde o conhecimento
sobre o uso terapêutico da musica se difundia. As experiências aconteceram e por
conta disso os conceitos sobre o que seria a Musicoterapia foram ficando cada vez
mais claros.
Para Jacques Arveiller (1980), em seu livro Des Musicothérapies, a
musicoterapia é uma instituição onde as diversas práticas, para se apoiarem em
métodos específicos, seria necessário que a musicoterapia tivesse uma “coerência
conceitual”, e não somente se apoiar na afirmação de que a música pode tratar.
Existem numerosas definições que frisam o aspecto terapêutico da música.
Em sua maioria, as definições relatam sempre como um tratamento onde a música é
um recurso atuando como uma função terapêutica, ou somente facilitadora de
alguma função terapêutica.
Atualmente, existe uma busca por uma fundamentação onde possam ser
apontados os suportes teóricos para a sua prática e métodos de tratamento. Para
Bruscia (1987), a Musicoterapia é um processo dirigido a um objetivo no qual o
terapeuta ajuda o cliente a melhorar, manter ou recuperar um estado de bem-estar,
usando experiências musicais e os relacionamentos que se desenvolvem através
delas como forças dinâmicas de mudança.
A importância da música como um elemento pré-verbal, facilita uma
comunicação que vai possibilitar o estabelecimento de uma relação terapêutica
(BARCELLOS, 2000). Barcellos se baseia na teoria existencial-humanista, onde
cada pessoa é detentora de vivencias únicas, trazendo dentro de si a capacidade de
27

se desenvolver, onde o terapeuta tem o papel facilitador do desenvolvimento.


A maioria das definições falam que a Musicoterapia consiste em uma
profissão de tratamento, na qual utiliza a música como instrumento ou meio de
expressão, com a finalidade de provocar alguma mudança ou processo de
crescimento, levando ao bem-estar pessoal, à adaptação social (RUUD, 1990, p.
14). Ducorneau (1984, p.7) fala na musicoterapia como sendo um canal de
comunicação também, já que a música pode ser utilizada como forma de
aproximação de indivíduos com problemas de comunicação.
A musicoterapeuta brasileira Lia Rejane Mendes Barcellos, define a
musicoterapia como sendo a utilização da música e/ou seus elementos integrantes
como objeto intermediário de uma relação que permite o desenvolvimento de um
processo terapêutico, mobilizando reações biopsicossociais no individual para
amenizar os problemas específicos e facilitar a sua integração (BARCELLOS, 2000).
Baseado na definição estabelecida pela Federação Internacional de
Musicoterapia (1996), e tendo todas as outras definições aliadas, podemos definir a
musicoterapia de uma forma mais simples: Musicoterapia é uma modalidade
terapêutica onde a música promove mudanças na saúde, bem-estar ou
comportamento de uma pessoa, acompanhada de um profissional qualificado. Essa
definição foi feita através de um trabalho de pesquisa de Lia Rejane Mendes
Barcellos, juntamente com outros musicoterapeutas, que em visita aos cinco
continentes do mundo, fizeram estudos com a Musicoterapia para defini-la com
melhor precisão. Na entrevista realizada, Nydia Monteiro fala:

“Não existe um trabalho de musicoterapia sem um musicoterapeuta.


Trabalhar o poder terapêutico da musica sem um profissional qualificado
não é musicoterapia”. (MONTEIRO, 2016)

Após fazer uma introdução sobre o que é a Musicoterapia, podemos nos


aproximar mais da realidade sobre a musicoterapia no Piaui. Como acontece a
formação de musicoterapeutas no Piauí? A partir desta ideia, analisaremos o projeto
do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Musicoterapia da Universidade Federal
do Piauí.
28

4.1 Pós-Graduação Lato Sensu em Musicoterapia no Piauí

“Tem uma dose de loucura, uma vontade imensa de difundir a


musicoterapia” (MONTEIRO, 2016).

A primeira pesquisa com musicoterapia realizada no Piauí foi em 1997, feita


pela Musicoterapeuta Nydia do Rego Monteiro, através de um estágio com pacientes
portadores de HIV no Lar da Fraternidade. A partir de 2001, cursos de Introdução a
Musicoterapia foram ministrados visando despertar o interesse de possíveis
profissionais da área de Música, educação e saúde. Em 2004, começou a ser
cogitada a implantação de um curso de especialização em Musicoterapia, baseado
no interesse de vários profissionais das áreas de música, educação e saúde
(SOBRINHO apud MONTEIRO, 2012).
A formação em Musicoterapia no Piauí começou em com o Curso de
Especialização Lato Sensu em Música. Esse curso tinha duas habilitações:
Musicoterapia e Educação Musical. Foi oferecido 25 vagas para o Musicoterapia e
25 vagas para Educação Musical. Hoje em dia é proibido esse tipo de
especialização (AGUIAR, 2016).
O curso foi oferecido pela Universidade Federal do Piauí pela primeira vez
em 2006, tendo como autores o Prof. Dr. Odailton Aragão Aguiar e a Prof.ª Esp.
Nydia do Rego Monteiro. O curso de Educação Artística com Habilitação em Música
oferecido pela UFPI era o único curso superior na área musical, na época, que
capacitava profissionais para o mercado de trabalho.
O projeto do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Musicoterapia teve o
proposito de suprir a necessidade de qualificação do expressivo contingente de
graduados em música formados, primeiramente, pelo curso de Educação Artística
com Habilitação em Música (PPC, 2012, p. 03). O trabalho com Música e crianças
especiais no Estado fez despertar o interesse pela Musicoterapia. Diante da
realidade da época, o papel do musicoterapeuta crescia, pois, a demanda já era
grande (MONTEIRO, 2016).

“O projeto foi elaborado muitas vezes, feito e refeito. Um trabalho exaustivo.


Se não fosse a nossa vontade que era grande, nos já tínhamos desistido
(MONTEIRO, 2016).”

A segunda oferta do curso de PGLS em Musicoterapia já abrangeu também


29

os graduados do curso de Licenciatura em Música. Essa oferta só aconteceu em


2012 devido a problemas com verbas para a execução do projeto. Odailton Aguiar
diz:

“Foi muito difícil”! Não tinha dinheiro suficiente pra pagar por conta da
pequena quantidade de alunos. Muita gente deu aula praticamente de
graça. (AGUIAR, 2016)

Segundo o Projeto Pedagógico do Curso (PPC, 2012), podemos enumerar


alguns fatores que contribuíram para a criação do curso:

1. O crescimento representativo de compositores, músicos


instrumentistas e regentes, elevando a produção de trabalhos artísticos e a
formação de pequenos conjuntos instrumentais, orquestrais e corais
atrelados a intuições publicas e privadas;
2. O expressivo aumento no número de Licenciados em Educação
Artística com Habilitação em Música e Licenciatura em Música atuando na
área profissional de música;
3. O quadro docente do Departamento de Música e Artes Visuais
da UFPI apresentando professores com qualificação adequada, mestres e
doutores, para promover a reciclagem dos profissionais da área;
4. A escassez de cursos de especialização na área de
musicoterapia em todo o meio norte do Brasil;
5. A necessidade de estimular a pesquisa sobre a cultura musical
do nosso povo;
6. A importância e urgência de subsidiar, com referenciais teóricos
e práticos, as atividades musicais daqueles que atuam como professores e
daqueles que pretendem dedicar-se à pesquisa musical da região;
7. A demanda que Teresina possui em relação à saúde,
qualificando profissionais na área de Musicoterapia, com conhecimento
cientifica em música e saúde;
8. Colaborar para o desenvolvimento da pesquisa cientifica dentro
da UFPI, no Hospital Universitário;
9. Encaminhar, ao longo desta especialização, projeto de Pós-
Graduação Strictu Sensu em nível de Mestrado em Arte, abrangendo
Música e Artes Visuais.

O Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Musicoterapia foi pensado para


os profissionais graduados em Música (Licenciados e Bacharéis) ou áreas afins de
saúde e educação com conhecimento aprofundado em música.
O processo seletivo constou de: análise de currículo (Musicoterapia),
entrevista (Musicoterapia) e teste prático com apresentação musical instrumental
(não vocal) com repertório popular e erudito livre. A matricula foi realizada na
secretaria do Departamento de Educação Artística da UFPI, campus Ininga,
mediante a entrega da segunda via da ficha de aprovação na seleção e o
comprovante de pagamento da taxa de matricula.
30

O curso de Especialização em Musicoterapia foi estruturado conforme a


Resolução n° 131/05 – CEPEX, que regulamenta a pós-graduação na UFPI.
Nessa perspectiva, o curso de musicoterapia da UFPI teve como objetivo
geral “Especializar profissionais em música com o intuito de alcançar melhor
qualificação e aproveitamento em suas práticas investigativas, pedagógicas,
terapêuticas e artísticas.” (PPC, 2012, p quatro). Como também, de maneira ampla
objetiva-se:

Atualizar e capacitar, sob a perspectiva teórico-prática, os conteúdos


relacionados à Musicoterapia, com o propósito de favorecer o desempenho
profissional e estimular novos estudos e pesquisas que visem a
consolidação da produção nestes campos (PPC, 2012, p. 4).

Ainda vale destacar os objetivos específicos exposto no projeto do cursos


em questão:
 Qualificar, a nível de Pós-Graduação Lato Sensu, graduados em música e
áreas afins que tenham interesse em especializar-se nas áreas de
Musicoterapia.
 Desenvolver pesquisas científicas no campo da Música e da
Musicoterapia.
 Contribuir para a elevação da qualidade dos trabalhos musicais
desenvolvidos na região, sobretudo aqueles ligados à prática musical e à
pesquisa musical.
 Estimular a expansão do mercado de trabalho para profissionais de música
e musicoterapia.

A musicoterapia tem um caráter profissionalizante, e por isso, tem a


necessidade de capacitação prática. Por conta disso, existe um número expressivo
de profissionais da área no quadro de docentes. Os docentes selecionados tem um
histórico de trabalho na prática da musicoterapia com diferentes clientelas, tais
como: pacientes neurológicos, portadores de necessidades especiais, com AIDS,
câncer e outros.
O curso foi projetado para ser realizado por um período de dois anos, mas,
por conta de falta de verbas, esse cronograma não foi realizado como esperado
(AGUIAR, 2016). Para a conclusão do curso, foi exigida uma monografia final
individual, resultante do interesse do aluno por um tema de pesquisa vivenciado ao
longo do curso. Também foi exigido um estágio comprovado de 120 horas em
estabelecimento apropriado (clínicas psiquiátricas, centros de reabilitação, hospitais,
asilos, escolas, empresas, entidades filantrópicas etc.), objetivando o
aprofundamento do tema.
31

A atividade prática extracurricular foi supervisionada pela Profª. Esp. Nydia


do Rego Monteiro, professores musicoterapeutas envolvidos nesta especialização,
sendo a supervisão final feita pela Profa. Dra. Leomara Craveiro. Os trabalhos só
poderiam ser orientados por professores com a titulação mínima de mestre.
A metodologia de ensino de cada disciplina foi estabelecida por cada
professor no plano de curso, apresentada aos alunos e à coordenação. A avaliação
da aprendizagem foi conforme estabelecia as normas da Resolução Nº 131/05 –
CEPEX, levando em consideração os aspectos de assiduidade e eficiência nos
estudos. Para cada disciplina ocorreu um mínimo de duas verificações da
aprendizagem, onde cada professor estabeleceu em seu programa de ensino os
instrumentos, os critérios e a quantidade de verificações de aprendizagem. A média
exigida é igual ou superior a 7,0 (sete), obedecendo o Art. 40 da Resolução 131/05.

4.2 Plano curricular

O Plano curricular do curso foi baseado na estrutura curricular do Curso de


Bacharelado em Musicoterapia e da Pós-Graduação Lato Sensu em Musicoterapia
do Conservatório Brasileiro de Música no Rio de Janeiro As disciplinas foram
divididas em quatro módulos distintos no período das férias escolares (MONTEIRO,
2016).
Em seu primeiro módulo, o curso ofereceu cinco disciplinas englobando as
áreas de musicoterapia e saúde. Na introdução, à musicoterapia pôde ser visto seus
conceitos, teorias, principios, técnicas e métodos, além de estudos de casos. Em
Psicologia da música, o trabalho foi feito no sentido de explicar e entender
o comportamento musical e a experiência musical. Na introdução á área da saúde,
foram dadas noções de anatomia humana, de neurologia humana, saúde mental e a
importância do musicoterapeuta dentro dessa equipe.
No modulo II, houve uma integração de disciplinas do tronco comum e duas
especificas. Na área de Musicoterapia foi estudado a MPB, onde se viu
compositores e musicas que marcaram época, além de práticas com professores
músicos. No primeiro projeto, não houve a oferta desta disciplina. Ela veio para
ajudar a melhorar a parte pratica da Música dentro do curso (MONTEIRO, 2016).
Teorias, técnicas e métodos em musicoterapia vieram para mostrar as correntes
32

teóricas, métodos e técnicas musicoterápicas utilizadas na atualidade. Também foi


estudada a saúde mental ajudando a trabalhar a qualidade de vida cognitiva e
emocional.
No módulo III, pôde ser visto a música em musicoterapia, onde se estuda
quais os significados e o sentido da música na Musicoterapia. Teorias, técnicas e
métodos passam para um segundo estágio. Também no módulo III foi mostrada a
matéria Seminários de Estudos Práticos em Musicoterapia, onde foi apresentado
discussões e experiências práticas exitosas realizadas em musicoterapia com
orientação compartilhada.
O módulo IV foi a ultima etapa, sendo dividido em duas partes. A primeira foi
destinada à redação, pesquisa e elaboração do projeto monográfico. A segunda
destina-se à entrega e defesa da monografia.

4.3 Corpo Docente

“Por isso, o professor desempenha um papel ativo no processo de


educação: modelar, cortar, dividir e entalhar os elementos do meio para que
estes realizem o objetivo buscado” (VYGOTSKY, p.79).

O sucesso de um curso de formação de profissionais está em grande parte


no corpo docente responsável por ele. O corpo docente do curso de Pós-graduação
Lato Sensu em Musicoterapia da UFPI é formado por cinco doutores, um mestre,
três especialistas e uma médica neurologista.
O corpo docente do Curso de Pós-graduação em Música da UFPI teve
docentes de referencia nacional com trabalhos práticos e de pesquisa na
Musicoterapia. A musicoterapeuta Lia Rejane Barcellos orientou na construção do
corpo docente (MONTEIRO, 2016).
Dos dez docentes pesquisados, seis são graduados em Música e três são
musicoterapeutas, sendo dois com especialização em musicoterapia e um com
graduação em musicoterapia.
33

Quadro I – Corpo docente da Pós-Graduação em Musicoterapia / UFPI


Carga
Professor Disciplina
Horária
Rejane Batista e silva (Esp. em
45h Introdução à Musicoterapia
Música – Musicoterapia – SEDUC)

Carla Maria de Carvalho Leite Introdução a Área de Saúde


90h
(Mestre em Educação – UFPI) (anatomia /neurologia)

Josione Rego Ferreira (Especialista


Introdução a Área de Saúde
em Neurologia – Hospital Albert 90h
(anatomia /neurologia)
Einstein – CEIR)
José Nunes Fernandes (Doutor em Psicologia da Música
30h
Educação Musical – UFRJ)
João Berchmans de Carvalho
45h MPB
Sobrinho (Doutor em Música – UFPI)
Odailton Aragão Aguiar (Doutor em Metodologia da Pesquisa em
45h
Semiótica – UFPI) Música
Patrícia Carvalho Moreira
(Especialista em Música- Saúde Mental (Introdução à área
90h
Musicoterapia-UFPI-Psicologia - da Saúde)
NOVAFAPI)
Nydia do Rego Monteiro
Teorias, Técnicas e Métodos em
(Especialista em Musicoterapia – 45h
Musicoterapia I
CEIR)
Lia Rejane Barcellos (Doutora em Teorias, Técnicas e Métodos em
30h
Musicologia - CBM-RJ) Musicoterapia II
Lia Rejane Barcellos (Doutora em
30h Música em Musicoterapia
Musicologia - CBM-RJ)
LeomaraCraveiro (Doutora em Seminários de Estudos Práticos
60 h
Semiótica –UFG) em Musicoterapia
34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Piauí, assim como no Brasil e no mundo, cada dia cresce a demanda por
profissionais envolvidos nos processos de melhorias na qualidade de vida. Os
profissionais de modo geral, buscam aprimorar suas capacidades. Os profissionais
que utilizam da música e/ou seus elementos integrativos como objeto intermediário
de uma relação que permite o desenvolvimento de um processo terapêutico, que
utilizam de relações biológicas, psíquicas e sociais do individuo para otimizarem os
processos e melhoria e até mesmo cura, precisam de uma formação especifica.
Com isso, conclui-se com a pesquisa que a formação do profissional
musicoterapeuta no Piauí, acontece de forma estruturada dentro do padrão geral da
Pós-graduação, havendo ainda a necessidade de seguir cronogramas conforme foi
projetado para o curso, e que a formação do Musicoterapeuta na UFPI é
significativa, de modo a deixar o profissional apto a exercer com maestria as suas
atividades buscando atender a demanda do mercado que é crescente.
35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

AGUIAR, Odailton Aragão. Odailton Aragão Aguiar: Depoimento [Dez. 2016].


Entrevistador: R. Brandão. Teresina, 2016.

ALBUQUERQUE, Leila C.; GONTIJO, Cleyton H. coordenação pedagógica com


cenário de formação e desenvolvimento profissional docente. In: CUNHA, Celio da;
SOUSA, José Vieira; SILVA, Maria Abadia (Org.). Diversidade metodológica na
pesquisa em educação. Campinas: Autores Associados, 2013. p. 165-2010.

ALVIN, J. Musicoterapia. Buenos Aires, Editorial Paidos, 1967 (version E. M. de


Vedia).

ARVEILLER, J. Des Musicothérapies. Issy-les-Moulineux, Editions Scientifiques et


Psychologiques, 1980.

BARCELLOS, L.R.M. Musicoterapia: alguns escritos. Rio de Janeiro: Enelivros,


2000.

BAYMA, Fátima. O crescimento da oferta de cursos de pós-graduação. Revista


Tendências do Trabalho. ago. 1993.

BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia: Contribuição ao conhecimento do


contexto não-verbal / Rolando Benenzon {tradução de Ana Sheila M.de Uricoechea}.
São Paulo: Summus, 1988.

BENENZON, Rolando O. Manual de Musicoterapia. Tradução de Clementina


Nastari – Rio de Janeiro: Enelivros, 1985.

BOURDIEU, Pierre. Os três estados do capital cultural. In: NOGUEIRA, M. A.;


CATANI, Afrânio (Orgs). Escritos de educação. Petrópolis, Vozes, 2007b.

BLASCO, Serafina Poch. Compêndio de Musicoterapia. Vol. I. Editora: Herder.


Barcelona, 1998.

BRASIL. Lei n°9.394, de 20 de dezembro de 1996, Estabelece as Diretrizes e Bases


da Educação Nacional. In: Diário Oficial da União, Ano CXXXIV, n° 248, de
23.12.96, pp. 27.833-37.841, 1996.

_______. MEC. CFE/ C.E.S.u. Parecer n° 977, de 03 de dezembro de 1965. In:


Documenta (44), Brasília, DF, [?].

_______. MEC. CNE/CSE. Resolução nº 01, de 09 de abril de 2001. Estabelece


normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação. In: Diário Oficial da
União, Brasilia, 09 de abril de 2001. Seção 1, p.12.
36

_______. MEC. CNE/CSE. Resolução nº 01, de 08 de junho de 2007. Estabelece


normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de
especialização. In: Diário Oficial da União, Brasilia, 08 de junho de 2007. Seção 1,
p.09.

_______. MEC. CNE/CSE. Decreto nº 5.773, de 09 de maio de 2006. Dispõe sobre o


exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de
educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema
federal de ensino. In: Diário Oficial da União, Brasília, 09 de maio de 2006.

_______. Lei nº 5.528, de 12 de novembro de 1968. Autoriza o Poder Executivo a


instituir a Universidade Federal do Piauí e dá outras providências.

BRUSCIA K. Improvisational Models of Music Therapy. Springfield, Charles C.


Thomas Publishers, 1987

BRUSCIA, Kenneth E. Definindo Musicoterapia. Tradução Mariza Velloso


Fernandez Conde. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000.

CAMPOS, Maria Aparecida Pourchet. Politica de pós-graduação no Brasil. Revista


brasileira de estudos pedagógicos, n. 128, p. 235 out./dez.

DUCOURNEAU, Gérard. Introdução à musicoterapia – A Comunicação musical:


seu papel e métodos em terapia e reeducação. São Paulo: Manole, 1984.

DURHAM, Eunice R. A pós-graduação no Brasil: problemas e perspectivas.


NUPES/USP, Documento de Trabalho 8, 21p, 1996.

FONSECA, Dirce Mendes da. Contribuições ao debate da pós-graduação lato


sensu. Revista Brasileira de Pós-Graduação, Brasília, v.1, n.2, p. 173-182, nov.
2004.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MARTINS, R. A Pós-Graduação no Brasil: situação e perspectivas. Sociedade e


Estado, v. 14, n. 2, p. 273-297, jul./dez. 1999.

MONTEIRO, Nydia Cabral do Rego. A musicoterapia: Estudos, pesquisas e a


atuação clinica em Teresina-Piauí. Disponível em: http://biblioteca-da-
musicoterapia.com/biblioteca/arquivos/artigo/nydia%20A%20MUSICOTERAPIA%20
ESTUDOS%20PESQUISAS.pdf. acesso out de 2016.

MONTEIRO, Nydia Cabral do Rego. Nydia Cabral do Rego Monteiro: Depoimento


[Dez. 2016]. Entrevistador: R. Brandão. Teresina, 2016.

OLIVEIRA, F. B. Pós-graduação, educação e mercado de trabalho. São Paulo:


Papirus, 1995.

RUUD, E. Caminhos da Musicoterapia. São Paulo, Summus Editorial, 1990 (trad.


V. Wrobel)
37

SEVILLA, M. A. “A pós-graduação ‘lato sensu’ no Brasil." Dissertação de


mestrado. Faculdade de Educação. Universidade de Brasília, 1995.

SOBRINHO, João B de Carvalho. Pautas de investigação musical: Um contributo


ao estudo do texto e contexto. Teresina-PI: Editora Edufpi, 2012.

SOUZA, Paulo Renato. Avaliação e expansão do ensino superior. Folha de S.


Paulo, Tendências/Debates, 21 dez. 1999.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ. Plano de Desenvolvimento Institucional.


Disponível em: http://leg.ufpi.br/proplan/index/pagina/id/3800. Acesso em: 20 de Out.
2016.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ. Curso de pós-graduação lato sensu em


música: Musicoterapia. 2012.

VYGOTSKY, L. S. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Você também pode gostar