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citotrofoblasto, constituída por uma massa citoplasmática, rica em núcleos, mas sem
limites celulares, correspondendo ao sinciciotrofoblasto. Uma série de
prolongamentos digitiformes começa a aparecer na área do sinciciotrofoblasto e
inicia a invasão e a penetração no endométrio uterino. No final da primeira semana,
já se nota uma implantação superficial no endométrio uterino (Figura 20.3A).
O sinciciotrofoblasto inicial é um tecido altamente invasivo, e logo se expande e
erode um caminho no estroma endometrial. A invasão do endométrio pelo
sinciciotrofoblasto é mediada por enzimas(não se conhece sua base bioquímica no
ser humano). De 10 a 12 dias após a fertilização, o embrião está totalmente imerso
no endométrio. O local inicial da penetração é primeiro assinalado por uma área
desnuda ou por um tampão acelular, e mais tarde fechada por células epiteliais
uterinas que migram para o local (Fig. 20.3).
Várias são as modificações observadas durante o período de implantação, tanto
no blastocisto (embrioblasto e trofoblasto) quanto no próprio endométrio uterino.
Logo no início da implantação, o endométrio sofre a chamada reação decidual,
que consiste em grande aumento das células do tecido conjuntivo do estroma
endometrial, que ficam preenchidas por glicogênio e lipídeos. Essa zona começa na
área onde o blastocisto está se implantando e logo atinge todo o endométrio. Uma
vez ocorrida a reação decidual, o endométrio passa a ser chamado de decídua ou
caduca, lembrando que essa zona será eliminada após o parto.
Durante a implantação, o endométrio, que se encontra no máximo de seu
desenvolvimento (fase secretora), começa a ser “escavado” por atividades
enzimáticas do sinciciotrofoblasto. A reação decidual funciona como que barrando a
tendência invasora do sinciciotrofoblasto. Se a reação decidual fosse inibida, a
invasão do trofoblasto avançaria, destruindo o endométrio.
O embrião é antigenicamente distinto da mãe e, em conseqüência, deveria ser
rejeitado por uma reação celular imune similar à que rejeita o transplante de um
coração ou um rim incompatível. Um dos maiores mistérios do desenvolvimento dos
mamíferos é o embrião não ser rejeitado como um corpo estranho.
As células da decídua, firmemente aderidas umas às outras, formam uma matriz
celular maciça que, primeiro, envolve o embrião em implante e, depois, ocupa a
maior parte do endométrio. Juntamente com a decidualização do estroma
endometrial, os leucócitos, que haviam infiltrado o estroma endometrial durante o
final da fase da progesterona do ciclo menstrual, secretam interleucina-2, que
impede que a mãe reconheça o embrião como um corpo estranho durante as fases
iniciais da implantação. Continuando a implantação inicial, projeções do
sinciciotrofoblasto invasor envolvem partes dos vasos sanguíneos endometriais Eles
erodem as paredes vasculares e o sangue materno começa encher as lacunas
isoladas que estavam se formando no trofoblastro (ver Fig. 3.16, C, D), os processos
trofoblásticos entram nos vasos sanguíneos e chegam a partilhar complexos unitivos
com as células endoteliais. Quando as lacunas ficam cheias de sangue, o trofoblasto
muda de característica, deixando de ser tão invasivo quanto durante os primeiros
dias do implante.
O blastocisto implanta-se completamente dentro do endométrio e o epitélio deste
se refaz, de maneira que o embrião não fica em contato com a luz uterina. Essa é
uma nidação tipo intersticial.
Ao contrário do que ocorre nos roedores e nos primatas, a implantação em
espécies de animais domésticos é superficial, não-invasiva e envolve fases de
justaposição e adesão de células epiteliais uterinas com o trofoblasto.
Conceptos de suíno começam a adesão na superfície uterina no dia 13, com uma
completa adesão através da superfície do trofoblasto entre os dias 18 e 24. A adesão
se dá através da interdigitação uterina com os microvilos trofoblásticos que recobrem
a completa interface entre as duas lâminas, exceto onde o trofoblasto reveste a
abertura das glândulas uterinas (Fig. 9-6A). Nessas áreas, a superfície trofoblástica
se modifica para formar estruturas de absorção especializadas, chamadas de
auréolas, que permitem a ingestão de nutrientes pelo concepto em desenvolvimento.
Figura 9.6A
Em espécies ruminantes uma adesão transitória ocorre inicialmente à medida que
os conceptos de bovinos e ovinos desenvolvem vilosidades semelhantes a dedos
(papilas), que se projetam para o lúmen das glândulas uterinas. Essas papilas
proporcionam, temporariamente, uma estrutura de proteção e absorção para o
concepto, enquanto uma adesão maior está em progresso. A perda ou a redução da
altura dos microvilos da superfície trofoblástica permite um íntimo contato de
superfície com os microvilos do epitélio uterino. Este pressiona-se para dentro da
superfície do trofoblasto, interagindo com as projeções citoplasmáticas sobre a
superfície do trofoblasto até que os microvilos do trofoblasto se desenvolvam
novamente, formando uma aderência mais complexa.
A aderência placentária em ruminantes é caracterizada pelo aparecimento de
células binucleadas, que crescem a partir das células mononucleadas dos
trofoblastos. As células binucleadas aparecem inicialmente no dia 17 e permanecem
durante toda a gestação (Fig. 9-6B). Essas células migram e se fusionam com o
epitélio da superfície uterina para formar células multinucleadas ou um sincício,
sendo que este pode estar envolvido na proteção imunológica do concepto e na
transferência de lactogênio placentário, sintetizado pelas células binucleadas, para a
circulação vascular materna.
Fig 9.6B