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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERIAS- PUC MG

Instituto de Ciências Humanas


Curso de graduação em História

Luiz Gabriel Costa Araújo

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS


Travessia Ao Silêncio

PUC MINAS
2/2021
O documentário Travessia ao Silencia conta as historias de um grupo de surdos e suas
famílias. Conforme estudamos anteriormente, a “normalização do surdo” é um
fenômeno popular, mesmo que controverso, preconceituoso e muitas vezes prejudicial a
pessoa surda, essa normalização parece ser buscada pela maior parte das famílias que
participaram do documentário filmado no inicio dos anos 2000. Muito já discutimos
sobre a cultura ouvinte e a cultura surda, mas o medo dos pais de Nuno e Helena nos
trás uma nova perspectiva e novas questões: O quão longe pais são capazes de ir para
adequar seus filhos a uma “normalidade”? Por que a “normalidade” é tão importante?
Como seres humanos tememos o diferente e o desconhecido, e assim sendo, pais
ouvintes teme o futuro e a vida de seus filhos nascidos ou que se tornaram surdos, e por
isso, alguns são inclinados a um paternalismo, enquanto outros perseguem um processo
de normalização. Os paternalistas tem um comportamento de proteção e infantizassão
do surdo, chegando ate mesmo a extremos onde os filhos não são enviados a educação
ou mesmo tratados como doentes mentais, isolados em casa.
Já aqueles que buscam pelo caminho da normalização acabam encontrando diferentes
jornadas: Alguns iram intervir no corpo da criança, realizar cirurgias e implantes (que
nem sempre restauram a audição de maneira a se comparar a um ouvinte) outros
encaminham os filhos para um processo de vocalização, com incontáveis horas de
repetição para forçar aqueles nascidos surdos para a cultura ouvinte. Algumas dessas
famílias também se negam ao uso de libras, de um modo antiquado e absurdo preferem
forçar o recém chegado a “normalidade” do que conviver com as diferenças.
Percebemos pelo documentário as diferenças entre surdos oralizados, sinalizados e
usuários de implantes. Os primeiros, se localizam a margem tanto da cultura ouvinte
quanto da surda, não sendo completamente aderidos a nenhuma das duas, sua vida
aparenta ser mais solitária e com danos a saúde emocional – afinal, não podemos julgar
um peixe em sua habilidade de subir arvores. Já os surdos usuários das libras se
encontram bem aderidos a cultura surda, nela participando como um membro completo
e chegando a idade adulta com um maior numero de oportunidades (caso a educação
escolar tenha sido devidamente inclusiva, vide a falta de professores sinalizados). E por
último temos os usuários de adventos tecnológicos para a audição, nos casos em que o
surdo perdeu sua audição no decorrer da vida os aparelhos aparentam ser de um exímio
sucesso, retornando o ex ouvinte a cultura ouvinte, já para nascidos surdos muitos
reclamam do barulho e incomodo representado por tais aparelhos.
Em conclusão temos que, cada jornada para a integração do surdo tem suas vantagens
e desvantagens, algumas momentâneas, outras eternas, e que, além do dilema medico e
parental da oralização, sinalização ou do uso de implantes, temos também um dilema
ético: Qual o direito de adultos em ditar a qual cultura e vida seus filhos terão? A
verdade é que não há uma resposta correta, mas que todas as possibilidades trarão
consequências.

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