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GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa?

Crenças e preconceitos em
torno da língua de sinais e da realidade surda. Cap. 3, A Surdez. São Paulo:
Parábola, 2009.

Discentes:

Bárbara Renata R Rodrigues


Venécia Reis Lima
Vitória Matos

A surdez é um problema para o surdo?

Para Gesser (2009) se coloca em uma posição contraria a dizer que a surdez é
um problema pois isso geraria uma patologização, ou seja, colocar o surdo no
lugar de um deficiente físico que busca a cura para voltar a ser “normal”. A
construção de uma narrativa assim é feita pelos ouvintes já que a comunidade
surda já possui uma visão positivista a respeito da linguagem de sinais. Em
prova disso, o autor afirma que a surdez, antes apenas tratada no campo
medico, agora é vista em outras áreas como a linguagem, educação, sociologia
etc. A tentativa de enquadrar o surdo no modo de vida “ouvintista” é
considerado um problema pra o autor. O melhor seria que houvesse inclusão.

A surdez é uma deficiência?

Culturalmente falando, o autor afirma que a surdez não é uma deficiência.


Apesar do dicionário dizer que a surdez é uma deficiência, Gesser afirma que
limitar os surdos a essa definição nos impede de enxergar outras perspectivas.
Mais uma vez, as definições como deficiente auditivo ou deficiente colocam os
surdos no lugar das patologias.

A partir do depoimento de alguns surdos, o autor mostra que estes, quando


estão em meio a outros surdos se sentem confortáveis e aceitos. A
naturalidade como vivem até causa espanto em uma criança surda quando em
contato com ouvinte.

Por outro lado, os surdos de lares ouvintes, muitas vezes enfrentam o caminho
inverso, pois são constantemente encaminhados a médicos, tratamentos de
fala e reabilitações. De acordo com o autor, quando os surdos são tratados
como deficientes não conseguem viver a surdez e isso é uma forma de
violência reafirmando um desajuste social ou um problema anormal.

Por que a surdez é vista negativamente na sociedade?

Para o autor, o discurso médico é mais valorizado do que o discurso da


linguagem e valorização dos surdos. Por isso, quando colocam o surdo na
condição de anormal (pois não ouve) abrem espaços para preconceitos sociais.

Assim como os preconceitos com pessoas negras, ou de gênero, ou classe


social levam a sociedade a separação de quem é diferente, classificando-os
como anormais. Então, tudo que difere do padrão, homem, hetero, branco,
ocidental, letrado, heterossexual, usuário de língua oral, não cadeirante,
ouvinte, vidente, etc é classificado como anomalia.

Ao refletir sobre as mudanças sociais em relação ao preconceito, de forma


geral, o autor defende que as mudanças em se tratando de minorias não são
rápidas e nem radicais. Em primeiro lugar, a sociedade precisa reconhecer os
surdos como diferenças, em seguida conhece-los como um entendimento
politico e não meramente formal.

A surdez é hereditária?

Para o autor os fatores hereditários da surdez no período do século XIX, de


acordo com estudos realizado em Massachsetts, nos Estado unidos, a
população desse lugar apresentava um elevado número de pessoas surdas,
onde uma estimativa mostra que cada 5.728 indivíduos estadunidense
nascidos 1 era surdo. Essa estimativa foi considerada por dois séculos, mas
que se não fosse a migração, a estimativa de pessoas surdas seria maior. O
estudo que o autor trás, destaque da pesquisa de Groce, onde aponta que a
elevada ocorrência da surdez não se dava por conta de alguma doença
contagiosa, efeitos de medicamentos ou algum problema na gestação que
provocava a surdez, mas Groce explicação que quando há uma ocorrência
grande nas famílias, entre as gerações as chances passam a ser hereditárias.
Nesse período cogitou-se até uma epidemia por ter tanta gente surda em uma
região. Mas pesquisas foram realizadas para tentar descobrir a primeira
possível mutação do gene e suas características genéticas ao qual se espalhou
pela população daquele lugar, mas não houve uma conclusão definitiva sobre
essa carga genética. Porém a população da ilha não se via como deficientes ou
doentes, mas sim pessoas normais vivendo suas vidas, casando-se com
surdos ou com ouvintes.

Embora Groce não se aprofundou na questão das duas línguas (inglês e


sinais), mas seu estudo apontou uma maior naturalidade diante da surdez, da
língua de sinais, do surdo e seus habitantes ouvintes. O autor destaca que no
Brasil não houve nenhum caso parecido coma ilha nos EUA. Mas que ao longo
da história pós-guerra os surdos sofreram, com a disseminação de falsas
informações sobre a comunidade surda, onde os mesmos contaminavam a
população através do seu gene defeituoso. Com tudo o autor trazer também
sobre a pesquisa de Graham, que não conseguiu explicar o fato de pais surdo,
terem filhos não surdos.

Há diferentes tipos de graus de surdez?

As pesquisas mostram que o indivíduo pode ficar surdo por diversas causas, e
que há cerca de 70 tipos de surdez hereditária. De acordo a Groce as causas
congênitas e o contato do embrião ou feto com o vírus da rubéola, sífilis,
herpes entre outras, onde são causas recorrentes, a pesquisa ainda mostra
outras causas indicadores de riscos como anomalias ceaniofaciais,
heperbilirrubinemi... onde o tipo de surdez pode ser condutivo, neurossensorial
ou mista. A condutiva acontece por uma alteração na orelha externa, já a
neurossensorial afeta a cóclea ou nervo auditivo, e pôr fim a perda auditiva
mista que que engloba alterações condutivas e neurossensoriais. O grau de
surdez pode variar entre leve, onde pode ir se agravando ao longo do tempo
que no futuro pode virar surdez profunda. Os cálculos são feitos através de
decibéis indicando a gravidade da perda auditiva. O autor destaca que um
indivíduo com alguma perda auditiva não são necessariamente deficientes
auditivos ou surdo, destacando aqui a carga ideológica que as nomeações
carregam, e respeitando a filiação na qual cada um se inscreve sócio
historicamente. No sentido de que um surdo profundo, pode não se identificar
com a língua de sinais, ou a cultura vivenciada pela comunidade surda,
optando pela oralidade, ao mesmo tempo que um surdo com surdez leve ou
modera pode demonstrar relação contraria.

Aparelhos auditivos ajudam o surdo a ouvir melhor?

Sim, ajudam a ouvir, mas são ruídos e não fala como imaginamos, o texto traz
relatos de algumas pessoas contando sobre a experiência de usar o aparelho
auditivo. Uma delas, da estaque a vontade de usar o aparelho desde pequena,
por achar bonito, ver outros surdos usando, achava que deveria usar ter
também, mas depois descobriu que não era tão legal assim, a incomodava, era
desconfortável e fazia ruídos muito altos e sentia dores de cabeça, mas a
mesma relata que nunca ouviu nada com ele e deixou de usar. Dessa forma,
muitos acreditam que os aparelhos auditivos funcionam para restabelecer a
audição do surdo profundo, mas não deixa de ser um puro engano das
pessoas. Mas o que esses aparelhos fazem é amplificar um som, ao qual para
mesmo funciona para pessoas idosas que perde a audição ao longo do tempo.
Para os surdos de nascença o aparelho auditivo irá reproduzir ruídos fortes e
desagradáveis. Então para os fonodiologos os aparelhos auditivos ajudariam
as crianças com surdez severa ou profunda a “estimular a audição residual” e,
assim fazendo, “perceber os componentes acústicos da fala. Vários surdos
com surdez profunda, oralizados ou não, de diferentes idades, submeteram-se
ao uso de próteses auditivas e os relatos foram similares quando perguntado
sobre as experiências do uso do aparelho auditivo, todos informaram que
escutam ruídos, ou seja, apenas ruídos que vibram na orelha. Os casos de
pessoas que “voltaram a escutar”, pode-se concluir, que foram casos
excepcionais.

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