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FACULDADE DA

POLÍCIA MILITAR - FAPOM


CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Imagem: Giovani Silva (2020)


GESTÃO DE OPERAÇÕES
EM GRANDES EVENTOS,
CRISES E DESASTRES
TENENTE CORONEL PM JOSÉ IVAN SCHELAVIN
MAJOR PM ANDERSON STHANKE
CAPITÃO PM CRISTOFER TIEMANN
@ 2020. TODOS OS DIREITOS DE REPRODUÇÃO SÃO RESERVADOS À POLÍCIA MILITAR DE
SANTA CATARINA. SOMENTE SERÁ PERMITIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA PUBLICAÇÃO,
DESDE QUE CITADA A FONTE.

Edição, Distribuição e Informações:


Faculdade da Polícia Militar de Santa Catarina - FAPOM
Diretoria de Instrução e Ensino. Educação a Distância - DIE/EAD
Av. Me. Benvenuta, 265 - Trindade, Florianópolis - SC, 88035-001
www.pm.sc.gov.br

FICHA TÉCNICA

POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA - PMSC


COMANDANTE GERAL - Coronel PM Dionei Tonet
SUBCOMANDANTE - Coronel PM Marcelo Pontes
CHEFE DE ESTADO MAIOR - Coronel PM Luciano Walfredo Pinho

FACULDADE DA POLÍCIA MILITAR - FAPOM


DIRETORIA DE INSTRUÇÃO E ENSINO - DIE
DIRETOR GERAL - Coronel PM Fábio José Martins
CHEFE DIVISÃO DE ENSINO - Tenente-coronel PM Alfredo Schuch

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - EAD


CHEFIA - Capitão PM Luiz Carlos Colla Filho
SECRETÁRIA EAD - 3º Sargento PM (RR) Luciana Constância de Sousa
SECRETÁRIA ADMINISTRATIVA - 2º Sargento PM Lucélia Eler
DESIGNER EDUCACIONAL - Grayce Lemos
DESIGNER GRÁFICO - Mayara Atherino Macedo

EQUIPE DE ELABORAÇÃO
AUTORES - Tenente Coronel PM José Ivan Schelavin, Major PM Anderson Sthanke e Capitão PM
Cristofer Tiemann
PARECERISTA - 2º Sargento PM Lucélia Eler
PROJETO GRÁFICO - Mayara Atherino Macedo
DIAGRAMAÇÃO - Mayara Atherino Macedo
DESIGN EDUCACIONAL - Grayce Lemos

EADOUT2020
SUMÁRIO
MINICURRÍCULO DO PROFESSOR4 CAPÍTULO 3: CONCEITOS,
DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA
CAPÍTULO 1: DOUTRINA DE DISCIPLINA DE SCO
PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES
EM GRANDES EVENTOS Introdução58

Introdução8 Conceito do sco59

Doutrina de planejamentos de CAPÍTULO 4: FUNDAMENTOS DO


operações em grandes eventos9 SCO E AS OCORRÊNCIAS DE CRISE
POLICIAIS
Conceitos, definições e fundamentos
do planejamento de operações em Introdução76
grandes eventos10
Crise 77
Classificação de Eventos11
Medidas iniciais de controle de
Experiência do Brasil em Grandes uma crise em que há localizado o
Eventos16 causador do evento crítico (CEC)83

CAPÍTULO 2: SISTEMA INTEGRADO Ocorrência de assalto a banco na


DE COMANDO E CONTROLE EM modalidade novo cangaço89
GRANDES EVENTOS
CAPÍTULO 5: FORÇAS TAREFAS
Introdução19 E BATALHÃO DE AJUDA
HUMANITÁRIO
Sistema integrado de comando e
controle para grandes eventos22 Introdução94
Conceito e legislação24 O batalhão de ajuda humanitária
instituído temporariamente no âmbito
Centro Integrado de Comando e
da pmsc 95
Controle29
Sistemas de Comando e Controle32 CONSIDERAÇÕES FINAIS99

REFERÊNCIAS101
MINICURRÍCULO DO PROFESSOR
Graduação
Bacharel em Direito - UNOCHAPECO.

Especialização
Prevenção ao Crime - UNISUL;
Ciências Criminais - UNOCHAPECO;
Segurança Pública - CAO/PMSC

Mestrado
Direito - UFSC.

Cursos de Formação
Soldado da Marinha do Brasil;
José Ivan Schelavin
Sargento da PMSC;
TENENTE CORONEL PM
Exercendo funções de Oficiais da PMSC;
Comandante do BOPE. Curso de Táticas Policiais PMSC;
Operações Especiais PMSC;
Encargo Curso de Caçador Militar Exército Brasileiro;
Instrutor da PMSC no CEPM Curso de Segurança de Dignitário - Base Aérea Canoas;
nos cursos de CSPM, CAO, Curso de Inteligência de Sinais/ SENASP
Sargentos, Soldados.
Atuação
Instrutor das disciplinas Publicação do livro: “A Teia do Crime Organizado -
Investigação Criminal Militar; Documentário sobre a Força Nacional de Segurança
Polícia Ostensiva; Pública – Operação Rio de Janeiro.
Primeira Intervenção em
Atuou por 7 meses na Força Nacional – Operação Rio
Crise;
de Janeiro (Jogos Pan-americanos e operação de cerco
Palestrante sobre o tema
ao Complexo do Alemão/RJ).
crime organizado
Atuou por 9 anos na Força Tarefa GAECO do Ministério
Público – Unidade em Chapecó.
Membro da Academia de Letras dos Militares Estaduais.
MINICURRÍCULO DO PROFESSOR
Graduação de Janeiro;
Segurança Pública - Curso de Especialização em
UNIVALI; Patrulhas Especiais – BMRS;
Políticas e Gestão em
Segurança Pública - Estácio Estágio de Planejamento e
de Sá; Condução de Operações,
Direito - UNIBAN. Exército Brasileiro

Especialização Atuação
Administração de Segurança Mobilizado pelo
Pública – UDESC; Departamento da Força
Curso de Aperfeiçoamento Nacional de Segurança
de Oficiais - CAO/PMSC Pública atuou nas seguintes
missões: Copa do Mundo
Anderson Sthanke Cursos de Formação de (2014), Maceió/AL,
MAJOR PM Oficial da Polícia Militar de Petrolândia/PE, Altamira/PA;
Atualmente exercendo Santa Catarina; Mobilizado para o Rio de
Curso de Táticas Policiais; Janeiro para participar do
funções de Chefe de
Grupo de Trabalho para a
Operações do Comando Curso de Sistema de
Segurança dos Jogos Rios
de Apoio Especializado. Comando em Operações,
2016, Região Olímpica do
BMSC;
Maracanã;
Encargo Curso de Instrutor Taser –
Instrutor da PMSC Durante os Jogos Rio 2016,
PMSC;
comandou o efetivo de
no CEPM nos cursos Curso de Operações de CHOQUE do Batalhão de
de Aperfeiçoamento Choque – PMPA; Pronta Resposta. Após os
de oficiais Sargentos, Curso de Combate Urbano, Jogos Olímpicos, ficou à
Soldados. PMPA; frente da Companhia de
Curso de Intervenção Pronta Resposta com a
Instrutor das disciplinas missão de atuar, no Rio de
Estratégica em Movimentos
Técnica de Polícia Sociais – PMMG; Janeiro, no Combate ao
Ostensiva, Operações de Roubo de Carga (2016) e,
Curso de Gerenciamento de
Polícia Ostensiva, Uso por fim, atuou nas rebeliões
Crise – PMMG;
Diferenciado da Força e dos presídios de Manaus/
Instrução de Nivelamento de AM (2017). Coordenou
Instrumentos de Menor Conhecimento – DFNSP; o Curso de Operações
Potencial Ofensivo. Critical Incident Management de Choque do DFNSP –
- Embaixada Americana, Rio Brasília/DF (2016).
MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Graduação
Bacharel em Direito - FURB.

Especialização
Gestão da Segurança Pública - Faculdades Barddal;
Direito Penal e Processual Penal - UNIVALI em
convênio com a Escola do Ministério Público;
Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais com Titulação
de Especialização Lato Sensu em Gestão de Ordem
Pública FAPOM.

Cursos de Formação
Aspirante-a-Oficial R-2 de Infantaria pelo NPOR do
Cristofer Tiemann 23º B.I do Exército Brasileiro;
CAPITÃO PM Oficial da Polícia Militar de Santa Catarina;
Atualmente exercendo
Estágio de Adaptação às Operações em Ambiente
funções de Comandante do
Rural pelo 23º B.I do Exército Brasileiro;
Grupo COBRA (Comando de
Estágio de Táticas Policiais pelo BOPE-SC;
Operações, Busca, Resgate e
Assalto) e Chefe da Agência Operações Especiais do BOPE do Distrito Federal;
de Inteligência do BOPE. Curso de Patrulhamento em Ambiente Rural no BOPE
de Mato Grosso.
Encargo:
Instrutor da PMSC no CEPM Atuação
nos Sargentos, Soldados. Ocorrências de crise frente ao grupo COBRA.

Instrutor das disciplinas:


Primeira Intervenção em Crise
CAPÍTULO 1

DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE
OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

Foto: PMSC
INTRODUÇÃO

Cabe neste Capítulo abordar sobre


o planejamento de operações em
grandes eventos, tendo como refe-
rencial os megaeventos que foram
realizados no Brasil, com destaque
para o realizado nos Jogos Rio
2016. Com isso, antes mesmo de
abordar o assunto, há necessidade
de abordar os Conceitos, definições
e fundamentos do Planejamento de
Operações em Grandes Eventos.
Olimpíadas Rio2016
Imagem: arquivo dos autores

OBJETIVOS DE ORGANIZANDO O SEU


APRENDIZAGEM: ESTUDO:

Ao final deste Capítulo você será Crie um roteiro de estudo visando


capaz de, em termos gerais: vencer os conteúdos de cada Capítulo,
realizando a leitura do CADERNO DE
1. Conhecer os aspectos gerais do ESTUDOS. Para um aprofundamento
Planejamento de Operações em e melhor compreensão dos temas
Grandes Eventos. abordados, realize as leituras comple-
2. Conceituar, classificar e caracterizar mentares indicadas, bem como assista
os Grandes Eventos. aos vídeos recomendados.

3. Descrever brevemente o histórico Boa leitura!


de Grandes Eventos no Brasil.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 8


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE
OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

Apesar da escalada de grandes


eventos que o Brasil passou, nos
últimos anos, os quais serviram
como atos preparatórios para o
maior evento do mundo, Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos, o maior
desafio seria a integração de forças
de segurança e defesa para planejar,
coordenar, comandar e controlar
o megaevento. A COESRIO2016
documentou os entendimentos e os
conceitos pactuados na comissão
para que cada instituição apreen-
desse o conceito de atuação con-
junta. Nesse contexto, destacam-se
a construção de documentos como
o Plano Tático Integrado e o Con-
ceito de Uso, além de protocolos
Foto: PMSC

operacionais integrados.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 9


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

Conceitos, definições e fundamentos do


planejamento de operações em grandes eventos

Antes de falarmos da doutrina adotada Neste viés, para a realização do pla-


para o planejamento nos Jogos Rio nejamento de um evento é necessário
2016, iniciamos com uma parte concei- realizar a sua classificação quanto a:
tual sobre doutrina de planejamento de
D I M E N S Ã O : macro ou
operações em grandes eventos.
mega evento, grande porte,
Segundo Costa e Talarico (1996), even- médio porte, pequeno porte.
to é a reunião de um, ou mais públicos
em atividades de interesse comum, ÁREA DE INTERESSE:
podendo ser definido como um fato ou desportivo, religioso, artístico
acontecimento espontâneo ou orga- e outros.
nizado, capaz de provocar interesse
e que pode ser explorado para fins TIPO DE PÚBLICO:
mercadológicos. aberto e fechado.

A realização de segurança de um A B R A N G Ê N C I A : mundial,


evento exige dos responsáveis pelo seu internacional e nacional.
planejamento uma série de questiona-
Também é de suma importância
mentos, as quais necessitam de buscar
para realização do planejamento, iden-
essas respostas para dar prosseguimen-
tificar os fatores que podem influenciar
to e definir estratégias para a sua exe-
no evento, os quais podem variar con-
cução, comando, controle e avaliação.
forme as suas classificações, contudo,
Com isso, a fase do planejamento é
importante sempre se elencar alguns
aquela que se busca prever tudo o que
deles, como:
deve ser feito nas fases: antes, durante
e após a sua implantação.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 10


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

Classificação de Eventos

QUANTO À DIMENSÃO:

De acordo com sua dimensão (número total de


participantes), os eventos podem ser classificados
como:

1. MACRO EVENTO: também conhecido como


mega evento, mobiliza milhares de pessoas,
tanto na organização quanto na adesão (parti-
cipantes). Normalmente operado por entidades
públicas, tem abrangência internacional ou mun-
dial, como a Copa do Mundo de Futebol.

2. DE GRANDE PORTE: embora menor que o


macroevento, também mobiliza milhares de pes-
soas, mas é operado por empresas privadas. Um
bom exemplo é a Fenasoft, a Festa do Peão de
Boiadeiro de Barretos e os jogos de futebol dos
principais campeonatos nacionais.

3. DE MÉDIO PORTE: normalmente realizado com


adesão de menos de mil participantes.

4. DE PEQUENO PORTE: abrange apenas um


segmento ou setor e tem número reduzido de
público.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 11


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

QUANTO À ÁREA DE INTERESSE:

1. DESPORTIVO: ligado a qualquer tipo 8. PROMOCIONAL: promove um pro-


de evento do setor esportivo, inde- duto, pessoa, entidade ou governo,
pendentemente de sua modalidade. quer seja promoção de imagem ou
apoio ao marketing.
2. RELIGIOSO: trata de assuntos reli-
giosos, seja qual for o credo. 9. TURÍSTICO: explora os recursos
turísticos de uma região ou país, por
3. ARTÍSTICOS: relacionados a qual- meio de viagens de conhecimento
quer manifestação de arte ligada à profissional ou não.
música, pintura, poesia, literatura e
outras.

4. CIENTÍFICO: trata-se de assuntos


referentes às ciências naturais e
biológicas, como, por exemplo: medi-
cina, botânica e outros.

5. LAZER: proporciona entretenimento


ao seu participante.

6. CULTURAL: ressalta os aspectos de


determinada cultura, para conheci-
mento geral ou promocional.

7. FOLCLÓRICO: trata de manifesta-


ções de culturas regionais de um
Foto : PMSC

país, abordando lendas, tradições,


hábitos e costumes típicos.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 12


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

QUANTO AO TIPO DE QUANTO À


PÚBLICO: ABRANGÊNCIA:

EVENTOS FECHADOS: Ocorrem den- 1. MUNDIAL: aquele que reúne mem-


tro de determinadas situações específi- bros de todos os continentes.
cas e com público-alvo definido, que é
convocado e/ou convidado a participar. 2. INTERNACIONAL: aquele que pos-
sui no mínimo 20% dos participantes
EVENTOS ABERTOS: Propostos a um representando outro continente que
público, que podem ser divididos em não aquele onde se realiza o evento.
evento aberto por adesão (aquele apre-
sentado e sujeito a um determinado 3. LATINO-AMERICANO: aquele que
segmento de público, que tem a opção possui no mínimo 20% de residentes
de aderir mediante a inscrição gratuita em pelo menos quatro países dife-
e/ou pagamento de taxa de participa- rentes do país-sede do evento
ção) e evento aberto em geral (aquele 4. NACIONAL (BRASILEIRO): aquele
que atinge todas as classes de público). que deve reunir participantes de
todos os estados.

5. REGIONAL: aquele que reúne par-


ticipantes de uma região geográfica
(ou estado).

6. MUNICIPAL: relacionado a uma


cidade específica.

7. LOCAL: relacionado a uma localidade


geográfica dentro de um município.

Copa do Mundo no Brasil


Imagem: arquivo dos autores

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 13


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

FAT O R E S Q U E I N F L U E N C I A M A
CARACTERIZAÇÃO DO EVENTO

A caracterização ocorre diante de um


levantamento de informações iniciais
basilares, somadas as que necessitam
de levantamentos detalhados, conforme
a relevância do evento, segue algumas
delas:

• Relevância nacional ou local do


evento.
• Previsão da quantidade e do perfil
dos espectadores
• Capacidade de público do local do
evento
• Horário do evento
• Localização geográfica
• Presença da mídia
• Convidados especiais (VIPs)
Escoltas realizada pelo GTAM (Grupo
Especializado com Motocicletas) • Atividades especiais relacionadas ao
Imagem: PMSC
evento
• Manifestantes
• Histórico de eventos anteriores

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 14


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS

FA S E S D O P L A N E J A M E N TO D O E V E N TO

O planejamento de um evento se inicia Nesta senda, assim como se constatou


com a organização das fases, essa no emprego operacional do maior
etapa é essencial para identificar qual evento mundial esportivo, Jogos
o momento de uma situação deseja- Olímpicos Rio 2016, a fase de planeja-
da, essa organização evita esforços mento, nos grandes eventos do estado
desnecessários. de Santa Catarina, é uma das etapas
mais importantes para o emprego
O planejamento de um evento deve operacional da Polícia Militar de Santa
ser dividido em três etapas distintas, Catarina, momento esse que se leva em
definidas como: antes do evento, dia do consideração o grau de complexidade e
evento e depois do evento. riscos, os recursos humanos e materiais
• Pré-evento – planejamento e necessários, além do entrosamento
organização; entre os órgãos envolvidos (STHANKE,
2017, p. 21).
• Dia do evento - execução
Ainda sob o viés de priorização, Rosa
• Pós-evento - avaliação e (2009) acrescenta que o planejamento
encerramento das operações policiais militares é
considerado um processo crítico que
demanda especial atenção e alocação
de recursos, envolvendo a participa-
ção de profissionais com formação,
níveis hierárquicos e percepções dife-
renciadas, somada a necessidade de
interação com profissionais de outras
instituições.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 15


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
EXPERIÊNCIA DO BRASIL EM GRANDES EVENTOS

Experiência do Brasil em Grandes Eventos

O recente histórico de grandes eventos é muito bom e permite que se possa


no Brasil, dentre os quais destacam-se: fazer um planejamento eficaz. Mas,
os Jogos Pan-Americanos e Parapan- ao mesmo tempo, esse prazo largo
-Americanos, realizados em 2007; os V também expõe muito mais o projeto às
Jogos Mundiais Militares, realizados em intempéries, às mudanças de cenário,
2011; a Conferência das Nações Uni- principalmente, na área política. (BOR-
das sobre Desenvolvimento Sustentá- RI; CORRÊA; DUARTE, 2017, p. 75)
vel, intitulada de Rio +20, realizada em
2012; a Jornada Mundial da Juventude,
realizada em 2013; a Copa das Confe-
derações da FIFA, realizada em 2013;
a Copa do Mundo da FIFA, realizada
em 2014; e, com maior visibilidade e
importância, os Jogos Olímpicos e Para-
límpicos Rio 2016, evidencia o aprimo-
ramento de uma cultura profissional
focada no planejamento integrado e no
compartilhamento de atividades entre
diferentes agências ou organizações.

Uma das grandes questões relativas aos


Jogos Olímpicos é a tempestividade. O
longo prazo parece ser algo que pode
ser ao mesmo tempo um fator positivo
e negativo. O tempo entre o dia em
que a cidade é escolhida para sede e o
início dos Jogos, em média sete anos,
Olimpíadas Rio2016
Imagem: arquivo dos autores

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 16


DOUTRINA DE PLANEJAMENTOS DE OPERAÇÕES EM GRANDES EVENTOS |
EXPERIÊNCIA DO BRASIL EM GRANDES EVENTOS

Para cumprir os acordos propostos e São Paulo. As mesmas exigências e


no Dossiê de Candidatura do Rio de rigor aplicados ao Rio se estenderam a
Janeiro à cidade-sede e garantir a essas capitais. Essa liderança da SESGE
tranquilidade de uma multidão, um foi essencial também no planejamento
desafiador esquema de segurança inte- e nas ações de segurança das Tochas
grado começou a ganhar corpo em uma Olímpica e Paralímpica que levaram a
nova estrutura vinculada ao Ministério mensagem dos Jogos Rio 2016 às cinco
da Justiça – MJ. Criada em agosto regiões do país, com passagem em mais
de 2011, a Secretaria Extraordinária de 330 municípios e durante mais de
de Segurança para Grandes Eventos 100 dias de operação. (DEBRIFING,
– SESGE - nasceu para coordenar as 2016)
ações das diversas instituições de segu-
rança pública envolvidas nas operações Diante dos compromissos assumidos
da Copa das Confederações FIFA 2013, pelo governo brasileiro junto as enti-
Jornada Mundial da Juventude 2013, dades responsáveis pela realização
Copa do Mundo FIFA 2014, Jogos dos grandes eventos, as organizações
Mundiais Indígenas 2015 e Jogos Rio de defesa e de segurança pública em
2016. (DEBRIFING, 2016) níveis federal, estaduais e municipais
foram impulsionados a equalizar
No âmbito das competições olímpicas suas formas de emprego e atuação,
e paralímpicas, a SESGE coordenou bem como, a contingenciar eventuais
as forças de segurança da União, do adversidades com o objetivo de prover
Estado do Rio de Janeiro, da Prefeitura a proteção necessárias ao sucesso
da cidade do Rio de Janeiro e das cinco de cada evento e a imagem do Brasil.
cidades-sede do futebol olímpico: Belo (STHANKE, 2017)
Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 1 17


CAPÍTULO 2

SISTEMA INTEGRADO DE
COMANDO E CONTROLE EM
GRANDES EVENTOS

Imagem: PMSC
Reunião do Centro Integrado de Comando e Controle
Fonte: O LEGADO (2016, p. 94).

INTRODUÇÃO

O Objetivo deste capítulo é apresentar forças de segurança pública fossem tão


breve noção de um sistema integrado exigidas como o previsto para a Copa
de comando e controle de segurança das Confederações FIFA 2013, a Jorna-
pública para grandes eventos. da Mundial da Juventude 2013, a Copa
do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Rio
Segundo a concepção dos atores desse 2016. Em 2010, a articulação da pro-
processo, grafado na publicação “O posta de interligação entre agências foi
Legado”, a ideia de trabalhar a seguran- iniciada pelo Grupo de Trabalho Copa,
ça pública a partir de estruturas inte- no âmbito da SENASP.
gradoras, como os centros de comando
e controle, fortaleceu-se no Brasil com O grupo definiu que a segurança
o advento das grandes competições pública e defesa civil para os grandes
internacionais. O país nunca havia eventos no país teriam como eixo cen-
registrado uma experiência em que as tral o Sistema Integrado de Comando e

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 19


TÍTULO PRIMÁRIO | TÍTULO SECUNDÁRIO

207 países participaram dos Jogos Rio 2016.


Figura: O LEGADO (2016, p. 94)

Controle (SICC) e toda a estrutura esta- York e Londres. O projeto brasileiro,


tal submetida a ele. O SICC baseia-se no entanto, tinha uma particularidade
em três pilares: autoridade, processos em relação aos projetos estudados no
e estrutura. O primeiro conceito diz exterior: o planejamento não envolvia
respeito às agências e instituições apenas uma cidade, mas 12 cidades
integrantes da operação; o segundo, ao sede dentro de um país diverso e de
modus operandi das forças de seguran- grande proporção territorial.
ça articuladas; e o terceiro, às estrutu-
Esse complexo sistema interligado
ras e tecnologias demandadas para sua
estruturou-se como um conjunto de
efetividade.
Centros Integrados de Comando e
O estabelecimento dessa metodologia Controle (CICC), que reuniu repre-
de trabalho fomentou a necessidade da sentantes de instituições, com poder
observação de experiências mundiais decisório, no mesmo ambiente. Mais
exitosas. Equipes do GT Copa realiza- próximos, os membros das forças de
ram visitas técnicas a localidades que segurança puderam compartilhar infor-
haviam implantado sistemas similares, mações de inteligência e de bancos de
como Cidade do México, Madri, Nova dados federais e estaduais, integrados,

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 20


INTRODUÇÃO

além de ter acesso a um conjunto de tanto, seriam realizados deslocamentos


dados estatísticos, atualizados a cada diários das delegações entre as quatro
minuto, sobre eventos e atividades regiões olímpicas do Rio de Janeiro,
planejadas para as grandes operações. e as equipes do futebol olímpico
viajariam ainda para Belo Horizonte,
OBJETIVOS DE Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo.
APRENDIZAGEM: O Rio de Janeiro receberia certamente
Ao final deste Capítulo você será a maior quantidade de turistas da sua
capaz de: história e a segurança de todos era
primordial. Os Jogos Olímpicos pos-
Entender a concepção de Sistema suem a característica de concentrar, em
Integrado de Comando e Controle um mesmo lugar, grande número de
de segurança pública para grandes bandeiras de diferentes nacionalidades,
eventos, tendo como exemplo os Jogos que representam culturas e ideologias
Olímpicos Rio 2016. distintas, muitas vezes antagônicas.
Nem mesmo a Organização das Nações
O maior evento esportivo mundial
Unidas (ONU), com seus 193 membros,
exigia, igualmente, que se realizasse a
reúne tantas bandeiras e causas no
maior operação de segurança do mun-
mesmo lugar simultaneamente. E essa
do em tempos de paz. O volume de
diversidade ou antagonismo cultural faz
competições olímpicas e paralímpicas
com que a possibilidade do terrorismo
não deixava dúvidas dos esforços que
acompanhe a competição.
seriam necessários por parte da segu-
rança: em pouco mais de um mês esta- ORGANIZANDO O SEU ESTUDO:
riam reunidos quase 15 mil atletas pro-
Estabelecemos como a LEITURA OBRI-
venientes de mais de 200 países para
GATÓRIA. Então, fique atento!
participar de 60 campeonatos mundiais
e disputar mais de 830 medalhas. Para Boa leitura!

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 21


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS

SISTEMA INTEGRADO DE
COMANDO E CONTROLE PARA
GRANDES EVENTOS

A experiência do Brasil, em segurança Diante desta preocupação, o governo


integrada de grandes eventos, se deu brasileiro dividiu a responsabilidade da
com a etapa brasileira do Revezamento organização para os Jogos Rio 2016,
da Tocha Olímpica de Atenas 2004, entre o Ministério da Defesa e o Minis-
os Jogos Pan-americanos de 2007, os tério da Justiça, vindo também a criar a
Jogos Mundiais Militares, a Conferência Secretaria Extraordinária de Segurança
das Nações Unidas sobre o Desenvol- para Grandes Eventos (SESGE), em
vimento Sustentável (Rio +20), a Copa agosto de 2011, instituição responsável
das Confederações FIFA 2013, a Jor- para coordenar as ações de segurança
nada Mundial da Juventude em 2013, dos grandes eventos no país.
a Copa do Mundo em 2014 e Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016. No que se refere aos desafios que a
SESGE iria se deparar, talvez o maior
Uma das principais preocupações deles seria realizar a integração entre
e questionamentos dos países que os órgãos do governo federal, estadual
participariam, nos Jogos Olímpicos e e municipal, para isso, a Secretaria pas-
Paraolímpicos Rio 2016, seria a capa- sou por uma jornada de coordenações
cidade em que o Brasil possuía para o em grandes eventos até chegada dos
atendimento de ocorrências complexas, Jogos Olímpicos Rio 2016.
que envolvam segurança nacional e
segurança pública de maneira eficaz, Diante dos compromissos assumidos
principalmente, os atentados terroristas pelo governo brasileiro, junto as entida-
e as grandes manifestações públicas. des responsáveis pela realização dos já

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 22


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS

citados, grandes eventos, as organiza- Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016,


ções de defesa e de segurança pública sendo definido como escopo da For-
em nível federal, estadual e municipal ça Nacional de Segurança Pública: a
foram impulsionadas a equalizar suas segurança das instalações, os eventos
formas de emprego e atuação, bem testes, além da cerimônia de abertura e
como, a contingenciar eventuais adver- encerramento no Estádio do Maracanã.
sidades com o objetivo de prover a
proteção necessária ao sucesso de cada O evento Olimpíadas Rio 2016 ocorreu
evento e a imagem do Brasil. entre os dias 05 e 21 de agosto de
2016 e as Paraolimpíadas entre 07 e
Neste contexto, foram divididas áreas 18 de setembro do mesmo ano, evento
de responsabilidades para cada ins- multiesportivo de maior visibilidade
tituição que participaria dos Jogos internacional.

Imagem: PMSC

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 23


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS | CONCEITO E LEGISLAÇÃO

Conceito e legislação

O Sistema Integrado de Comando e Neste sentido, para o atendimento das


Controle (SICC) foi instituído, em 2013, demandas por segurança durante os
para dar suporte às ações de seguran- Jogos Rio 2016, foi estruturado em 04
ça para os Grandes Eventos a serem níveis de monitoramento e resolução
sediados no Brasil, conforme disposto de problemas, sendo eles: (1) nacional;
no Decreto nº 7.682, de 28/02/2012 (2) regional; (3) setorial e (4) local.
(BRASIL, 2013). Concebido como um
conjunto de atividades, avaliações, coor-
denação, comando e controle, buscou
promover a atuação integrada e coorde-
nada das diversas forças de segurança
pública e de defesa civil, nas fases de
execução da operação de segurança.

De forma sintetizada o SICC foi


concebido e estruturado como uma
estratégia de resolução de problemas
de forma descentralizada. Os eventuais
problemas associados a segurança do
Jogos Rio 2016 deveriam ser tratados
e solucionados localmente, ou seja,
em nível de instalação olímpica ou
paraolímpica no CISI, sendo apenas
escalonados aqueles que extrapolas-
sem as competências ou a capacidade
de local para sua resolução.
Imagem: PMSC

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 24


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS | CONCEITO E LEGISLAÇÃO

Em nível nacional, como última instân- Por fim, atendendo os objetivos pro-
cia de resolução de problemas, o Centro postos para o SICC, cada instalação
Integrado de Comando e Controle olímpica e paraolímpica foi dotada de
Nacional (CICC-N), o Centro de Coman- uma estrutura própria para o monito-
do e Controle do Ministério da Defesa ramento e controle de ações afins a
(CC-MD) e o Centro de Inteligência segurança local, denominado Centro
Nacional da ABIN (CIN), Centro Inte- Integrado de Segurança da Instalação
grado de Antiterrorismo (CIANT), todos (CISI) (BRASIL, 2014).
com sede em Brasília (BRASIL, 2013).
Em cada um destes níveis gerenciais
Em nível estadual, como estruturas o DFNSP necessitou alocar um pro-
prioritárias de controle do governo bra- fissional de seu quadro. Nos níveis
sileiro para os Jogos Rio 2016, o Centro nacional e regional seus profissionais
Integrado de Comando e Controle atuavam como parte integrante e apoio
Regional (CICC-R), o Centro de Coor- a coordenação. Já nos níveis setoriais
denação de Defesa de Área (CCDA), e locais eram os oficiais do DFNSP os
o Centro de Inteligência Regional da responsáveis pelo seu gerenciamento e
ABIN (CIR) e o Centro de Operações do tomada de decisões.
Rio de Janeiro (COR), este último em
apoio aos CICC-R e CCDA. Regulamentado pela Portaria nº
269/2016-SESGE, de 30 de junho de
Setorialmente foram estruturados 04 2016. Pelo novo organograma do SICC,
Centros Integrados de Comando e as seguintes estruturas foram subordi-
Controle Setoriais (CICC-S), cada qual nadas ao Centro Integrado de Coman-
responsável por atender a acionamento do e Controle Nacional – CICCN: o
advindos das instalações olímpicas Centro de Cooperação Policial Interna-
e paraolímpicas existentes em suas cional – CCPI, o Centro Integrado Anti-
regiões olímpicas (BRASIL, 2013). terrorismo – CIANT, seis Centros Inte-

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 25


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS | CONCEITO E LEGISLAÇÃO

grados de Comando e Controle Regionais


– CICCR, quatro Centros Integrados de
Comando e Controle Setoriais – CICCS e
40 Centros Integrados de Segurança da
Instalação – CISI.

Conceito de Uso CICCR - RJ (CONUSO).


Fonte: O LEGADO (2016, p.)

O SICC reuniu também estruturas Polícia Militar do Estado do Rio de


avançadas de apoio operacional, como Janeiro – PMERJ, da Polícia Civil do
os Centros Integrados de Comando e Estado do Rio de Janeiro – PCERJ, da
Controle Móveis – CICCM, as Plata- Polícia Federal – PF e da Polícia Rodo-
formas de Observação Elevada – POE viária Federal – PRF. (DEBREFING,
e os aeróstatos, além de imageadores 2016, p. 121-135)
aéreos instalados em aeronaves da

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 26


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS | CONCEITO E LEGISLAÇÃO

Centros Integrados de Comando e Controle Móveis.


Fonte: DEBRIFING (2016, p. 131)

Base operacional móvel.


Fonte: DEBRIFING (2016, p. 132)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 27


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS | CONCEITO E LEGISLAÇÃO

Plataforma de Observação Elevada.


Fonte: DEBRIFING (2016, p. 133)

Pode-se afirmar que as experiências decorrentes


da realização de grandes eventos esportivos,
no Brasil, contribuíram para o aprimoramen-
to do emprego unilateral para o emprego
compartilhado.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 28


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE

Centro Integrado de Comando e Controle

Missão realizada entre BOPE, CHOQUE, Canil e Tático...


Imagem: PMSC

É um órgão de gestão integrada de taram o Centro de Comando e Controle


operações de prevenção e resposta para prover o comando integrado de
a incidentes de Segurança pública, esforços de organizações, na gestão de
dotado de equipes de alto desempe- respostas a incidentes críticos capazes
nho, modelo lógico, ferramentas de de causar impactos negativos para as
inteligência e sistemas tecnológicos suas operações e para a continuidade
de última geração capazes de prover do seu negócio.
uma imagem fiel e em tempo real do
panorama global, eventos associados e É o conjunto de ações integrantes do
recursos envolvidos. processo decisório, composto pelas
fases de observar, orientar, decidir e
Os Centros de Comando e Controle agir, essenciais à proficiente aplicação
surgiram na II Guerra Mundial, com o dos processos relativos ao comando e
fim de possibilitar o comando unificado controle.
das forças terrestres, aéreas e navais
dos inúmeros países envolvidos nas Comando e Controle é a atividade de
operações de guerra. Nos anos 90, emitir ordens para executar ações e
grandes corporações americanas ado- estabelecer métodos para o controle

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 29


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE

do cumprimento das ordens emitidas, bem como, ace-


lerar o ciclo de tomada de novas decisões para emissão
de novas ordens, a partir das observações coletadas.

O ciclo que rege a atividade de comando e controle,


conhecido pelo “C2” chama-se OODA (orientar, obser-
var, decidir e agir) e grande parte do esforço empregado
para definir procedimentos e estabelecer requisitos para
os sistemas componentes visam acelerar o ciclo OODA.

Preparo para
OBSERVAR
operações connuas Processamento
(empregar meios) de dados
(Busca e coleta
de dados)

(Adquirir consciência
situacional)

AGIR ORIENTAR

Configurar e dispor Executar análise


meios (selecionar de decisão
tarefas e atores)
DECIDIR
Linha do tempo: minutor, dias, semanas...
Ciclo de Comando e Controle nas Operações policiais.
Fonte: Adaptado de CONOPS (2016, p. 05)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 30


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE

O comando e controle é exercido Descreve o que temos que ter, ser e


por níveis. Estes se caracterizam pela fazer, quais resultados queremos obter
complexidade ou pela sensibilidade das e para quê. Não está, necessariamente,
ocorrências observadas e, também, por condicionado pelos meios e capacita-
outros fatores típicos relacionados aos ções existentes.
cenários de atuação. Os tomadores de
decisão crescem de importância, quan- INTEROPERABILIDADE
do o nível de C2 se torna mais elevado. Capacidade de sistemas, equipamen-
O ciclo OODA gira em todos os níveis tos, dispositivos, forças públicas ou
de tomada de decisão. Quanto mais unidades trocarem informações e/ou
complexa é a análise para tomada da serviços, de modo a operarem juntos
decisão, mais difícil se torna a tomar com coerência e efetividade. Carac-
a decisão e o desafio é não permitir terística que um item ou componente
atraso no ciclo. Normalmente, quanto de um Sistema público possui, para
mais alto o nível de decisão, maior a operar satisfatoriamente com sistemas
quantidade de informações necessárias distintos. Interoperabilidade permite
para decidir, de onde decorre a maior a operação de sistemas distintos com
necessidade de sistemas componentes elementos de apoio únicos.
para facilitar a interpretação dos dados
e agilizar a tomada de decisão. PROCESSOS DE COMANDO E
CONTROLE
CONCEPÇÃO OPERACIONAL Conjunto de atividades necessárias às
DE SISTEMAS transformações dos estímulos resultan-
Estabelece a visão de futuro. Define os tes de ordens e orientações, de acordo
objetivos a serem atingidos (ex.: quais com uma lógica estabelecida, de modo
capacidades operacionais e logísticas a agregar valor ao cumprimento da mis-
desejam-se atingir na linha do tempo). são ou tarefa.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 31


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

Sistemas de Comando e Controle

Conjunto de meios e atividades integrados pela dou-


trina, procedimentos, organização, estrutura, pessoal,
equipamentos, instalações e comunicações destinado a
fornecer os elementos essenciais para o planejamento,
direção, coordenação e controle operacional das forças
no cumprimento da missão.

Um dos maiores desafios dos operadores dos sistemas


de Comando e Controle é organizar os dados de for-
ma clara, concisa e de fácil interpretação para reduzir
o tempo de resposta para as emergências. O tempo
sempre é um fator preponderante, daí a necessidade de
integrar as informações, padronizar procedimentos e
protocolos, proporcionando planejamento e coordena-
ção contínua, com o intuito de agilizar o atendimento.

A simulação é uma parte muito importante para o


sucesso das ações de Comando e Controle. Obviamen-
te, não serão simuladas as ações corriqueiras, mas as
que fogem da normalidade do dia a dia e que podem
causar grandes transtornos na coordenação das equi-
pes destacadas para o atendimento da ocorrência.

A principal função do SICC é a resolução de problemas


de forma descentralizada pelas camadas de base, ape-
nas escalando as questões para solução pelas camadas
superiores quando houver esgotamento de meios ou
quando estas extrapolarem as respectivas competên-
cias ou atribuições.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 32


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

A imagem abaixo ilustra a composição geral do


SICC dos Jogos Rio 2016:

Níveis de Comando e Controle do SICC dos Jogos Rio 2016.


Fonte: CONUSO (2016, p. 15)

Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, os Centros Integrados de Comando e


níveis de comando e controle foram Controle Setoriais (CICCS), localizados
estruturados em quatro níveis de moni- nas quatro regiões olímpicas do Rio de
toramento e resolução de problemas, Janeiro (Região Barra, Região Mara-
sendo eles: nacional, regional, setorial canã, Região, Copacabana e Região
e local. Em nível nacional: um Centro Deodoro); e, em nível local: 30 Centros
Integrado de Comando e Controle Integrados de Segurança das Instala-
Nacional (CICCN) localizado em Bra- ções (CISI), localizados nas diversas
sília; em nível regional: seis Centros instalações dos Jogos.
Integrados de Comando e Controle
Regionais (CICCR), localizados na sede O CICCN com sua sede em Brasília rea-
dos Jogos e nas sedes do Futebol lizou um papel fundamental para coor-
Olímpico; em nível setorial: quatro denar e integrar as ações de segurança

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 33


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

que foram desenvolvidas pelos seis CICCR, pelo


CCPI e pelo CIANT. Atuou no nível estratégico,
orientando as ações desenvolvidas por todos
os Centros, zelando sempre pela unicidade da
operação de segurança, além de proporcionar
a troca de informações, de conhecimento e de
experiências entre todos os Centros, e o perma-
nente alinhamento de todas as atividades, dis-
pondo para tanto de uma Célula de Inteligência
de Segurança Pública Nacional.

Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN).


Fonte: DEBRIFING (2016, p. 120)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 34


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

O Centro de Cooperação Policial Internacional


atuou em Brasília e no Rio de Janeiro e foi o
responsável por promover a integração das
atividades de Cooperação Policial Internacional
no âmbito do SICC. A sua competência foi coor-
denar e executar, de forma integrada, as ações
de cooperação policial internacional entre os
países participantes dos Jogos que enviaram
policiais para desenvolver essa atividade.

Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI).


Fonte: PTI (2016, p. 27)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 35


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

O Centro Integrado Antiterrorismo - CIANT,


unidade vinculada ao CICCN e com projeção
regional no CICCR/RJ, foi responsável pela
coordenação integrada dos trabalhos de inte-
ligência, assessoramento e monitoramento,
em todos os níveis, das forças de segurança
pública, com vistas ao enfrentamento de amea-
ças terroristas ou assemelhadas que poderiam
impactar de qualquer modo a operação de
segurança dos Jogos.

Centro Integrado Antiterrorismo (CIANT).


Fonte: PTI (2016, p. 28)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 36


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

O Centro Integrado de Comando e Controle


Regional (CICCR) foi o responsável para coor-
denar a operação de segurança dos Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro,
integrando e apoiando todas as instituições
envolvidas e mantendo atualizadas e disponí-
veis as informações para o CICCN e para o alto
escalão dos três níveis de governo.

Centro Integrado de Comando e Controle Regional do Rio De


Janeiro (CICCR-RJ).
Fonte: PTI (2016, p. 29)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 37


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

Os Centros Integrados de Comando e Controle


Setoriais dos Jogos Rio 2016 atuaram coor-
denando as atividades das equipes integradas
de segurança pública e de defesa civil no
perímetro externo das instalações, bem como
nas áreas de interesse operacional de uma das
quatro Regiões Olímpicas e Paralímpicas.

Centro Integrado de Comando e Controle Setorial.


Fonte: DEBRIFING (2016, p. 128)

Os Centros Integrados de Segurança da Insta-


lação foram os responsáveis pela coordenação
e execução das ações de segurança no perí-
metro interno de cada arena, estádio, ginásio
ou parque aquático. Ao todo, foram instalados

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 38


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

40 centros de nível operacional, sendo 20 na


Região da Barra, nove na Região de Deodoro,
sete na Região do Maracanã e quatro na Região
de Copacabana.

Centro Integrado de Segurança da Instalação.


Fonte: DEBRIFING (2016, p. 130)

CASO DE MADRID 2004

Em 11 de março de 2004, Madrid emergências e de segurança pública da


sofreu um grande ataque terrorista, cidade. Várias unidades (polícia, bom-
quando bombas explodiram em trens. beiros e ambulâncias) foram envolvidas
Da mesma forma como aconteceu de forma independente, com diferentes
após o 11 de setembro de 2001, nos sistemas e tecnologias de comunicação,
ataques às torres gêmeas nos EUA, tornando impossível organizar uma
este acontecimento trágico revelou resposta unificada, o que causou a per-
a necessidade de maior coordenação da de controle das ações.
entre os grupos de atendimento a

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 39


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

Uma das principais lições daquele dia de Emergência e Segurança de Madrid


foi de que se podem produzir vários (CISEM). Foi uma missão ambiciosa e
incidentes graves, em que seja neces- com objetivos bem definidos, listados
sária a aplicação de recursos de emer- abaixo:
gência, em vários lugares, ao mesmo • Reduzir o tempo de resposta para
tempo. Eventos diferentes podem estar emergências;
relacionados ou nada ter a ver uns com • Integrar as informações, padronizar
os outros e, sem uma imagem geral, procedimentos e protocolos, propor-
pode ser impossível determinar se há cionando planejamento e coordena-
um padrão comum. ção contínua;
Esta complexidade potencial repre- • Possibilitar o uso comum dos recur-
senta um desafio significativo para os sos; e
gestores dos órgãos de atendimento a • Otimizar a gestão da informação
emergências. e incentivar a prevenção através
Chegou-se à conclusão de que, não de mais planejamento. A chave do
só deve-se coordenar a atividade, mas sucesso do CISEM é a integração
também é necessário ter uma visão de informações, dos sistemas, dos
geral de tudo o que está acontecendo dados e das pessoas.
na área Metropolitana, a fim de corre- Atualmente, em Madrid, a maioria
tamente alocar recursos limitados para dos carros de polícia, ambulâncias e
fornecer a melhor resposta em cada caminhões de bombeiros está equipada
caso. Após os atentados, a Prefeitura com sistemas Personal digital assistants
de Madrid comprometeu-se em reali- - PDA , interconectados por redes sem
zar ações mais eficazes para proteger fio, pois a infraestrutura móvel é essen-
a população. A principal delas foi a cial para proporcionar uma verdadeira
construção de um centro de comando e interoperabilidade entre as entidades.
controle para atender a grandes emer- Com isso, os gestores de segurança
gências na cidade, o Centro Integrado recebem a quantidade de informação

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 40


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

necessária, no menor tempo possível, o • Permite a coordenação regio-


que os ajuda a desenvolver um quadro nal e municipal dos recursos de
mais completo do que está acontecen- emergência;
do. Esses benefícios trouxeram para a • Uma infraestrutura de comunicação
segurança da cidade de Madrid: sem-fio confiável que estabelece
• A visão unificada dos incidentes e a ligação entre várias unidades de
acidentes, o que permite uma melhor atendimento, através de protocolos
tomada de decisões, mais rápida e e de equipamentos de emergência
acertada, assim como a capacidade interoperáveis compartilhados;
de gerenciar múltiplas situações
• A integração das infraestruturas dos
complexas ao mesmo tempo;
órgãos de segurança pública e dos
• O tempo de resposta para situações sistemas de informações, permitindo
de emergência foi reduzido em, apro- respostas mais inteligentes, rápidas e
ximadamente, 25%; precisas às emergências.

AT I V I D A D E D E G E R Ê N C I A D E C R I S E

A Gerência de Crise é a atividade exer- Normalmente, a sala onde é exercida


cida quando a ocorrência extrapola a a atividade de gerência de crise possui
competência da Sala de Operações. vista geral para o vídeo-wall da sala de
Quando isso acontece, um gabinete de Operações, bem como possui todos os
autoridades se reúne com o objetivo controles existentes sobre os sistemas
de orientar as decisões das equipes de de coletas de dados que estão disponí-
Operações e apoiar logisticamente o veis naquela sala.
emprego de meios de maior monta, que
geralmente é necessário em ocorrên- O trabalho das equipes de Operações
cias de grande vulto. se mantém inalterado, pois somente

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 41


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
SISTEMAS DE COMANDO E CONTROLE

as decisões que geram as ordens é que atualizadas as seguintes fontes de


passam do nível de decisão do chefe da informação:
sala para o gabinete de crise. É evidente
a. Plano Tático Integrado;
que o gabinete só irá se reunir quando
uma crise se estabelece, mas as funções b. Planos Operacionais;
exercidas pelo setor de Operações con-
tinuam as mesmas, quais sejam, coman- c. Protocolos de atuação Integrada;
dar e controlar as equipes que estão no
d. Matriz de Atividades;
terreno atendendo às ocorrências.
e. Matriz de eventos;
GERÊNCIA OPERACIONAL
f. Reportes procedentes do MOC;
A Gerência Operacional (GEO) promo-
verá o permanente monitoramento das g. Orientações da Equipe de
atividades da operação de segurança Coordenação;
dos Jogos e servirá como canal de
h. Dados correntes disponíveis no
entrada de novas demandas operacio-
sistema e obtidos das instituições
nais de segurança, ou de alterações
presentes no CICCR ou nos
daquelas já programadas. A GEO man-
demais Centros;
terá equipe de analistas para identificar
possíveis impactos que ameaças ou i. Clipping da Assessoria de comuni-
incidentes possam ter sobre a operação. cação social e relatórios diversos.

Para atingir esse objetivo, os integran- A GEO será composta por Gerente titu-
tes da GEO devem conhecer e manter lar e substitutos.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 42


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
METODOLOGIA DE PLANEJAMENTO

Metodologia de Planejamento

A metodologia adotada para a redação possibilitar as alterações dos cenários


das diretrizes gerais de Comando e e avaliações de riscos. Com isso, tinha
Controle para os Jogos Rio 2016 foi a a necessidade de revisão periódica e
realização de reuniões técnicas, com a atualização dos planejamentos, even-
coordenação da Secretaria Extraordiná- tuais alterações dos planos necessita-
ria de Segurança para Grandes Eventos vam ser comunicada aos representan-
- SESGE – a qual convocava a partici- tes dos três eixos: Segurança Pública,
pação de representantes das institui- Defesa Nacional e Inteligência. (PESI,
ções com interesse na área específica 2016)
de Comando e Controle: ABIN, MD,
Os documentos e diretrizes que foram
SESGE, APO, DPF, PRF, SESEG, PCERJ,
homologados serviram como referên-
PMERJ, GM, RIO 2016 e SEDEC. cia, contextualização e fonte de consul-
Os temas abordados eram alvos de ta para os detalhados planejamentos de
todas as instituições.
discussão e os itens homologados eram
inseridos no plano, já aquele item que A metodologia escolhida para o pla-
não havia consenso entre as institui- nejamento do Departamento de Força
ções, era anotado em ata para delibera- Nacional de Segurança Pública, nos
ção e debate em uma próxima reunião. Jogos Rio 2016, foi a Metodologia de
Multicritério em Apoio à Decisão Cons-
Os planos táticos e operacionais decor-
trutivista, reconhecida pelo acrônimo
rentes das Diretrizes relativas aos Jogos
MCDA-C (ENSSLIN, 2001).
Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016,
integrados ou por instituição, estavam Com a incorporação da MCDA-C foi
em processo de contínuo aperfei- possível direcionar a formatação de
çoamento, até a data do evento, para diretrizes, planos de operações, indi-

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 43


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
METODOLOGIA DE PLANEJAMENTO

cadores, projetos pedagógicos, proto- como instrumento de apoio ao planeja-


colos de procedimentos operacionais, mento do emprego do DFNSP para os
dentre outros. A figura 15 apresenta Jogos Rio 2016.
uma síntese do emprego da MCDA-C

Estrutura construída para o emprego do DFNSP durante os Jogos Rio 2016.


Fonte: STHANKE (2017, p. 51).

Observa-se que no planejamento responsabilidades diferenciadas, e,


do Departamento da Força Nacional fazendo parte do sistema de comando
direcionado ao atendimento de expec- de controle, qualquer alteração deveria
tativas de níveis estratégicos, táticos ser reportada aos representantes dos
e operacionais possuíam entregas e três eixos.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 44


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

Estudo de Caso: Case Olympic and


paralympic Games Rio 2016.

Frente ao desafio de prover segurança a um


megaevento, a direção do DFNSP optou por fun-
damentar suas decisões em um processo meto-
dológico capaz de identificar, organizar, mensurar
e integrar os aspectos técnicos associados a
segurança aos aspectos subjetivos inerentes as
expectativas que, ainda, estavam sendo melhor
entendidas, gerando com isto ações de aprimora-
mento e orientando o emprego de seu efetivo e
esforços.

As entregas de nível estratégico associaram-se a


publicação de diretrizes gerais de emprego ope-
racional e de suporte operacional, sendo estas de
responsabilidade da direção do DFNSP.

As diretrizes gerais de emprego operacional e de


suporte operacional possuíam como finalidade,
respectivamente, orientar o planejamento, exe-
cução, coordenação e otimização das atividades
(1) operacionais de polícia ostensiva e (2) de
suporte operacional ao emprego do DFNSP
durante os Jogos Rio 2016 (BRASIL, 2015 [b];
BRASIL, 2015 [c]).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 45


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

A figura abaixo apresenta uma imagem represen-


tativa das diretrizes gerais de emprego operacio-
nal e de suporte operacional.

Diretrizes gerais de emprego operacional e suporte operacional.


Fonte: STHANKE (2017, p. 52).

Definidas a diretrizes que orientariam os esforços


a serem desenvolvidos, as entregas de nível táti-
co foram agrupadas, no mesmo sentido, em 02
subáreas específicas, a saber: (1) os planos opera-
cionais alinhados a diretriz geral de emprego ope-
racional; e (2) os planos de suporte operacional
alinhados a diretriz geral de suporte operacional.

Os planos operacionais, diretamente associados


as demandas por segurança transferidas ao
DFNSP, como por exemplo as descritas no quadro

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 46


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

4, ficaram sob responsabilidade da Coordenação


Geral de Operações do DFNSP (CGOP) e pelo
Grupo de Trabalho Rio 2016 do DFNSP.

COD. ID DESCRITIVO DE ATIVIDADES


Realizar ações táticas de retomada e resgate de pessoas ou instalações que te-
177
nham sido alvo de ações terroristas.
Atuar como força de controle de multidões, em caso de manifestações que per-
200
turbem a ordem pública.
Atuar em situações de suplementação ou contingência para ações de pronta res-
posta de polícia ostensiva, polícia judiciária, perícia ou defesa civil, quando de-
205 mandado por órgão federal ou pelo Estado para situações pontuais que afetem a
segurança do evento ou para antecipação a casos especiais que atentem à segu-
rança pública.
Realizar e apoiar a segurança dos jogos no que couber ao DFNSP, ficando em con-
244 dições de, quando necessário, exercer o Poder de Polícia, nos locais de acessos à
instalação (Postos de Verificação de Veículos)
Realizar e apoiar a segurança dos jogos no que couber ao DFNSP, ficando em
244A condições de, quando necessário, exercer o Poder de Polícia nos locais de acesso
à instalação (Postos de verificações de pessoas ou segunda linha).
Identificar e acompanhar eventos adversos que possam afetar à segurança da ins-
80
talação.
Implantar módulo operacional dedicado à segurança do perímetro interno de cada
107
venue.
108 Executar a segurança dos espectadores no interior das venues.
108 A Disponibilizar policiamento para pronta intervenção tática no interior das venues.
Realizar o primeiro atendimento na remoção de pessoas e objetos contaminados
134
para áreas seguras em ações integradas com as demais instituições.
Desenvolver ações preventivas qualificadas para ocorrências envolvendo catás-
141
trofes naturais.
Realizar operações (em força, de vigilância ou de monitoramento) contra grupos
164 terroristas que tenham se infiltrado no Território Nacional ou estejam na iminên-
cia dê fazê-lo, visando a sua neutralização ou impedindo as ações.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 47


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

COD. ID DESCRITIVO DE ATIVIDADES

Prevenir a atuação de pessoas ou organizações que podem ensejar ameaças aos


166 Jogos, inclusive realizando a vigilância e a segurança de possíveis alvos levanta-
dos, com emprego de meios marítimos/fluviais, terrestres e aéreos.
Neutralizar atividades em curso que estão na iminência de afetar a segurança dos
168
Jogos.
Realizar operações táticas de proteção, segurança e evacuação de pessoas (alvos
178
de ações terroristas).
Atuar no gerenciamento de crises e a pronta resposta no tocante a ocorrências
193
com reféns.

Proceder entrada dinâmica com ou sem refém, com emprego de cães de interven-
197
ção– Contra emboscada.

Atuar como força tática de resposta rápida, em locais de grande concentração


202
popular, visando prevenir ações de ponham em risco à ordem pública.

Apoiar e proteger as operações de outras Áreas Funcionais dentro dos perímetros


252
de segurança.

Operar no que lhe couber, o Centro Integrado de Coordenação da Segurança da


N4
Instalação (CISI).

N9 Realizar as atividades de segurança interna da instalação.

Realizar a segurança da arbitragem nas Instalações por ocasião da realização dos


N35
jogos.
Realizar a segurança dos envolvidos na competição no “field of play” por ocasião
N37
da realização dos jogos
Apoiar a Segurança Interna das Instalações, a Segurança do Público e a Segurança
N39 do Campo de Jogo, bem como permitir maior mobilidade aos Grupos Táticos, por
meio do emprego de aeronaves.

Apoiar a Segurança Interna das Instalações, a Segurança do Público e a Segurança


N40 do Campo de Jogo, por meio do monitoramento de espectadores através do em-
prego de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT).

Fonte: STHANKE (2017, p. 53 e 54).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 48


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

Já os planos de suporte operacional foram


definidos a partir da prospecção de recursos
necessários ao cumprimento das missões a serem
executadas, ficando sob responsabilidade da
Coordenação Geral de Administração do DFNSP
(CGA), com apoio do GT/DFNSP/Rio 2016 do
DFNSP.

Dentre os estudos realizados para a definição de


efetivo e recursos necessários a execução e con-
trole das atividades de segurança sob responsa-
bilidade do DFNSP, destaca-se como exemplo, o
dimensionamento de efetivo constante no quadro
da página anterior, o qual apresenta os parâme-
tros iniciais utilizados para o dimensionamento de
efetivo do DFNSP durante os Jogos Rio 2016.

Imagem: PMSC

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 49


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

Classificação quanto a
BAIXA COMPLEXIDADE
complexidade do evento

Público inferior a 10 mil pessoas;


Variáveis para classificação Esporte de baixa popularidade;
do risco do evento Fases classificatórias;
Realização em ambientes fechados.

Efetivo a ser empregado na


segurança de espectadores 4 FN para cada 1000 espectadores

Efetivo a ser empregado na


3 FN
segurança da arbitragem

Efetivo a ser empregado na 0,2 FN a cada 100 m2


segurança do campo de jogo (Fração mínima de 8 FN)

Efetivo a ser empregado no 12 FN


grupo de controle de distúrbios (1 Grupo)

Efetivo a ser empregado no Emprego mediante demanda.


grupo de intervenção tática

Parâmetros utilizados para o dimensionamento de efetivo para a Operação Jogos Rio 2016.
Fonte: Adaptado de STHANKE (2017, p. 54 e 55).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 50


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

Classificação quanto a
MÉDIA COMPLEXIDADE
complexidade do evento

Variáveis para classificação Público superior a 10 mil pessoas e


do risco do evento inferior a 20 mil pessoas;
Esporte de média popularidade;
Fases semifinais;
Realização em ambientes fechados e/
ou abertos;
Presença de autoridades e
dignitários.

Efetivo a ser empregado na


segurança de espectadores 5 FN para cada 1000 espectadores

Efetivo a ser empregado na


5 FN
segurança da arbitragem

Efetivo a ser empregado na 0,3 FN a cada 100 m2


segurança do campo de jogo (Fração mínima de 8 FN)

Efetivo a ser empregado no 24 FN


grupo de controle de distúrbios (2 Grupos)

Efetivo a ser empregado no


Emprego mediante demanda.
grupo de intervenção tática

Parâmetros utilizados para o dimensionamento de efetivo para a Operação Jogos Rio 2016.
Fonte: Adaptado de STHANKE (2017, p. 54 e 55).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 51


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

Classificação quanto a
ALTA COMPLEXIDADE
complexidade do evento

Variáveis para classificação Público superior a 20 mil pessoas;


do risco do evento Esporte de alta popularidade;
Fases finais;
Realização em ambientes fechados e/
ou abertos;
Presença de autoridades e dignitários.
Partidas entre nações com divergên-
cias socioculturais (econômica, política
e religiosa).

Efetivo a ser empregado na


segurança de espectadores 10 FN para cada 1000 espectadores

7 a 9 FN
Efetivo a ser empregado na
segurança da arbitragem (A ser definido baseado na relevância e
presença visual da arbitragem no esporte)

Efetivo a ser empregado na 0,4 FN a cada 100 m2


segurança do campo de jogo (Fração mínima de 8 FN)

Efetivo a ser empregado no 35 FN


grupo de controle de distúrbios (Pelotão de Choque)

Efetivo a ser empregado no 15 FN


grupo de intervenção tática (1 Célula Tática)

Parâmetros utilizados para o dimensionamento de efetivo para a Operação Jogos Rio 2016.
Fonte: Adaptado de STHANKE (2017, p. 54 e 55).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 52


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

Neste sentido, foram desenvolvidos A estrutura básica dos planos táticos


e publicados 24 planos táticos de estava assim definida: (1) finalidade; (2)
emprego operacional e de suporte situação; (3) missão; (4) execução; (5)
operacional. estrutura de comando e coordenação;
(6) recursos; (7) prescrições diversas e
Os planos táticos possuíam como fina-
(8) considerações finais.
lidade descrever as atividades a serem
desenvolvidas pelo DFNSP para a mis- A figura 3 apresenta uma imagem
são específica a ser escutada durante a representativa dos planos táticos
realização dos Jogos Rio 2016, delimi- desenvolvidos e publicados pelo
tando em seus objetivos o escopo da DFNSP.
atuação esperada.

Planos táticos de emprego operacional e suporte operacional.


Fonte: STHANKE (2017, p. 57).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 53


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS |
ESTUDO DE CASO: CASE OLYMPIC AND PARALYMPIC GAMES RIO 2016.

As entregas de nível operacional planos de ações e escalas de serviços.


associaram-se a formalização de docu- As responsabilidades por estas ativida-
mentos que orientassem, na prática, o des foram transferidas ao GT/DFNSP/
desdobramento, o emprego e o contro- Rio 2016 e as coordenações locais.
le do efetivo do DFNSP em cada insta-
Foram desenvolvidos e publicados,
lação ou atividade associada aos Jogos
na fase de planejamento, 163 planos
Rio 2016, bem como, para o suporte
de nível operacional, sendo: 52 pro-
aos profissionais mobilizados para a cedimentos operacionais padrão; 64
execução das referidas atividades. procedimentos administrativos padrão;
10 normas gerais de ação e 37 projetos
Nesta fase do planejamento, emergiram
pedagógicos.
documentos como: planos de operação
dos batalhões; planos de operação de A figura 4 apresenta uma imagem
estado maior; procedimentos opera- representativa dos planos operacio-
cionais padrão; procedimentos admi- nais desenvolvidos e publicados pelo
nistrativos padrão; ordens de serviços; DFNSP.

Planos operacionais.
Fonte: STHANKE (2017, p. 58).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 54


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS | EMPREGO

Emprego

As atividades demandadas ao DFNSP para a segurança


dos Jogos Rio 2016 associaram-se a 05 contextos especí-
ficos, a saber, (1) segurança perimetral e de cercamento;
(2) segurança patrimonial; (3) segurança de público; (4)
segurança de campo de jogo; e (5) pronta resposta.

Neste sentido, foram estruturados e organizados 03 tipos


específicos de emprego:

a. Emprego ordinário, sob responsabilidade dos Bata-


lhões de Força Nacional (BFN) que possuíam ativida-
des ininterruptas de segurança perimetral, patrimonial,
de cercamento e de controle de acessos (Mag&Bag);

b. Emprego especial, sob responsabilidade dos Batalhões


de Eventos e Operações (BEO) que possuíam ativida-
des diretamente associadas ao calendário de disputas,
provendo segurança do público nas instalações e dos
campos de jogos; e,

c. Emprego extraordinário, sob responsabilidade do Bata-


lhão de Pronta Resposta (BPR) que possuía como mis-
são atuar em condições de intervenção para controle
de massas (CHOQUE) e ocorrências de altíssimo risco
(Operações Especiais).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 55


SISTEMA INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE PARA GRANDES EVENTOS | EMPREGO

Observando os planejamentos realizados, interações com


os demais participantes do contexto da prestação de
serviços de segurança aos Jogos Rio 2016, as condições
existentes e os recursos efetivamente disponibilizados,
buscou-se atender estas demandas com estrutura apre-
sentada na figura 5.

Estrutura de emprego planejada para o efetivo do DFNSP.


Fonte: STHANKE (2017, p. 59).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 2 56


CAPÍTULO 3

CONCEITOS, DEFINIÇÕES
E FUNDAMENTOS DA
DISCIPLINA DE SCO

Imagem:
INTRODUÇÃO

Cabe neste Capítulo a realização


de breves apontamentos SCO
(Sistema de Comando de Inci-
dentes - Incident Command Sys-
tem - EUA). Para tanto, os concei-
tos apresentados são extraídos
da doutrina desenvolvida sobre
esse tema. O que despertou
para incorporação dessa matriz
americana a diversos órgãos
governamentais.

OBJETIVOS DE ORGANIZANDO O SEU


APRENDIZAGEM: ESTUDO:
Ao final deste Capítulo você será capaz Crie um roteiro de estudo visando
de, em termos gerais: vencer os conteúdos de cada Capítulo,
realizando a leitura do CADERNO DE
1. Conhecer os aspectos gerais do SCO ESTUDOS. Para um aprofundamento e
2. Conceituar Sistema de Comando em melhor compreensão dos temas abor-
Operações (SCO); dados, realize as leituras complemen-
3. Descrever brevemente a origem do tares indicadas, bem como assista aos
ICS; vídeos recomendados.

4. Revisar os princípios e caracte- Boa leitura!


rísticas essenciais do SCO e seus
fundamentos.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 58


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | CONCEITO DO SCO

CONCEITO DO SCO1

O SCO é uma ferramenta


gerencial para comandar, con-
trolar e coordenar as operações
de resposta em situações crí-
ticas, fornecendo um meio de
articular os esforços de agên-
cias individuais quando elas
atuam com o objetivo comum
de estabilizar uma situação
crítica e proteger vidas, proprie-
dades e o meio ambiente.

O SCO permite que seus


usuários adotem uma estrutura
organizacional integrada e
temporária para enfrentar as
demandas e complexidades de
uma crise ou emergência, sem

Foto: PMSC
prejuízo de suas competências
e limites jurisdicionais.

1 Conceito extraído da p.41 do Livro-texto do Curso de Capacitação em Defesa Civil: Sistema de Comando em
Operações. Capacitação à distância. Florianópolis: Lagoa Editora/CEPED/UFSC, 2004.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 59


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | CONCEITO DO SCO

SÃO CARACTERÍSTICAS GERAIS


DO SCO (OLIVEIRA, 2010):

Emprego de terminologia Adequada amplitude de


comum; controle.

Uso de formulários Instalações e áreas


padronizados. padronizadas;

Estabelecimento e transfe- Gerenciamento integrado de


rência formal de comando; recursos.

Cadeia e unidade de Gerenciamento integrado


comando; das comunicações;

Comando único ou Gerenciamento integrado de


unificado. informações e inteligência.

Organização modular e Controle de pessoal;


flexível;

Controle da mobilização/
Administração por objetivos; desmobilização.

Uso de planos de ação;

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 60


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | ORIGEM DO SCO

Origem do SCO2

O SCO (ICS) foi desenvolvido na déca- para o sul. Postos de Comando Indivi-
da de 1970 por um grupo interagências duais e campos de bombeiros foram
no sul da Califórnia chamado FIRESCO- estabelecidos por várias agências para
PE, o que significa Firefighting Resources o mesmo incidente. As disponibilidades
of Southern California Organized for dos recursos de resposta atingiram
Potential Emergencies e eles se pro- níveis criticamente baixos. O número
puseram a desenvolver dois sistemas de incêndios queimando ao mesmo
inter-relacionados, mas independentes, tempo sobrecarregou a capacidade
para controlar o fogo em áreas flores- organizacional de proteger vidas,
tais. Esses dois sistemas eram: propriedades e o meio ambiente, espe-
cialmente onde áreas selvagens faziam
• Sistema de Coordenação Multiagên- fronteira com comunidades urbanas,
cias (MACS) criando uma perigosa interface urba-
• Sistema de Comando de Incidentes no-selvagem. Esses incêndios, durante
(ICS) 13 dias, resultaram em 16 mortes, mais
de 700 estruturas destruídas, mais de
O ímpeto para o desenvolvimento
500.000 acres queimados e mais de US
desses sistemas foi a desastrosa e
$ 234 milhões em danos.
devastadora temporada de incêndios
de 1970 no sul da Califórnia. Na época, Um grupo de especialistas foi desig-
o céu estava cheio de colunas gigantes nado pelo Congresso norte americano
de fumaça e aparelhos de fogo estavam para determinar as causas desses resul-
passando uns pelos outros em seu tados e descobriu que os problemas
caminho para os incidentes, com alguns decorrentes da resposta ao incidente
indo para o norte enquanto outros iam pouco estavam relacionados à falta de

2 Segundo o EMSI - Serviços de gerenciamento de emergência International, Inc.. Disponível em: http://www.emsi-
cs.com/history-of-ics/. Acesso em 18-09-2020.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 61


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | ORIGEM DO SCO

recursos ou falha nas táticas emprega- pública e de defesa civil a partir do


das. Surpreendentemente, os estudos modelo norte-americano.
descobriram que os problemas enfren-
tados estavam muito mais relacionados A seguir, conforme as lições do Cel
com questões de gerenciamento inade- Bombeiro RR Oliveira, extraímos os
quado do que com qualquer outro fator seguintes tópicos de SCO:
isolado. • Benefícios do SCO
A história do Incident Command Sys- • Princípios do SCO
tem ou ICS pode ser dividida em três
etapas:

• A origem do ICS;
• A consolidação do ICS; e
• A criação do National Incident Mana-
gement System ou NIMS.

SAIBA MAIS

O NIMS pode ser consultado aqui.

Foto Corpo de Bombeiros MT


No Brasil, o emprego desse modelo é
bem mais recente e surgiu por iniciativa
de organismos públicos de segurança

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 62


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | BENEFÍCIOS DO SCO

Benefícios do SCO

1. Fornece um modelo de geren-


ciamento padronizado para
situações críticas de qualquer
natureza ou tamanho;
2. Permite que pessoas de
diferentes organizações se
integrem rapidamente em uma
estrutura de gerenciamento
comum;
3. Facilita a integração das
comunicações e os fluxos de
informações, melhorando os
trabalhos de inteligência e

Imagem: Giovani Silva


planejamento;
4. Fornece apoio logístico e
administrativo para o pessoal
operacional;
5. Melhora a articulação do
comando com elementos
internos e externos à operação,
facilitando relações;
6. Agrega valor à operação evi-
tando a duplicação de esforços
e ampliando a segurança dos
envolvidos.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 63


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | PRINCÍPIOS DO SCO

Princípios do SCO

O SCO baseia seu emprego em 3 (três) prin-


cípios fundamentais ou pode ser conceituado
como uma ferramenta gerencial, de concep-
ção sistêmica e contingencial, que padroniza
as ações de resposta em situações críticas de
qualquer natureza ou tamanho.

• Concepção sistêmica;
• Concepção contingencial;
• Para todos os tipos de riscos/operações.

CONCEPÇÃO SISTÊMICA

• Um sistema é composto por partes.


• Todas as partes de um sistema devem se
relacionar de forma direta ou indireta. DICA
• Um sistema é limitado pelo ponto de vista
Deve ser analisada sob a
do observador. perspectiva da teoria de pro-
cesso (entrada, processo, saia
• Um sistema pode abrigar outro sistema. e ciclo de eventos. No mo-
• Sistemas abertos/complexos se delo sistêmico se descreve
como ocorre cada parte (hie-
caracterizam por entropia, sinergia e rarquias, meios, estratégias).
interdependência

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 64


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | PRINCÍPIOS DO SCO

CONCEPÇÃO
CONTINGENCIAL

A estrutura organizacional de pronta


resposta deve ser capaz de adaptar-se
ao ambiente (se expandindo ou con-
traindo) de acordo com cada situação.

A resolução bem-sucedida dos pro-


blemas depende da identificação das
variáveis de cada acontecimento ou
eventualidade.

O SCO utiliza o planejamento adapta-

Foto de ThisIsEngineering no Pexels


tivo, que é direcionado para o controle
de contingências. Sua base é caracte-
rizada por um plano aderente, que se
ajusta às demandas técnicas, ambien-
tais e políticas, antecipando eventos
futuros e identificando ações para
reduzir o intervalo entre uma aborda-
gem reativa e uma abordagem proativa. PA R A TO D O S O S T I P O S D E
RISCOS E OPERAÇÕES

O SCO tem caráter universal, ou seja,


Foto de Startup Stock Photos no Pexels

pode ser utilizável como ferramenta


gerencial para planejar, organizar,
dirigir e controlar situações críticas de
qualquer natureza, independentemente
de sua causa, tamanho, configuração,
localização ou complexidade.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 65


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO |
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO SCO

Características específicas do SCO

Q UA N TO A PA D RO N I Z AÇ ÃO : QUANTO AO COMANDO DAS


OPERAÇÕES:
1) Emprego de terminologia comum;
3) Estabelecimento e transferência for-
2) Uso de formulários padronizados. mal de comando;

4) Cadeia e unidade de comando;

5) Comando único ou unificado.

CADEIA E UNIDADE DE COMANDO

A “cadeia de comando” é a linha que previne jogos de poder e dispu-


ininterrupta de autoridade que liga as tas institucionais, na qual represen-
pessoas dentro da estrutura do SCO. tantes das organizações de maior
representação na operação, atuam
Já a expressão “unidade de comando” em conjunto, a partir do estabele-
significa que cada indivíduo responde cimento de objetivos e prioridades
a apenas uma pessoa, a quem deve comuns
se reportar durante toda a operação.

O “comando único” é usado quando


apenas um profissional, represen-
DICA
tando sua organização, assume for-
malmente o comando da operação e O comando é apoiado por uma es-
atua sozinho. trutura de assessoria, chamada de
staff de comando, a qual supre ne-
cessidades de segurança, ligações
O “comando unificado” representa externas e informações ao público.
uma abordagem mais cooperativa,

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 66


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO |
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO SCO

QUANTO À ESTRUTURA DE PLANEJAMENTO E


ORGANIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES

• Administração por objetivos; USO DE PLANOS DE AÇÃO (Processo


• Uso de planos de Ação; que se constitui de 5 fases):

• Organização modular e flexível; Fase 1. Compreensão da situação


• Adequado alcance de controle. (inicial);

De forma geral, os objetivos são Fase 2. Estabelecimento de objetivos e


elaborados a partir das seguintes prioridades para controlar a situação;
prioridades:
Fase 3. Desenvolvimento do plano;
1) Salvar vidas;
Fase 4. Preparação e disseminação do
2) Estabilizar a situação crítica; plano;
3) Proteger bens e propriedades.
Fase 5. Execução, avaliação e revisão
do Plano.

DICA

Nesse caso, observamos veros- DICA


similhança com os objetivos na
atuação de gerenciamento de Nesse diapasão comentaremos em
crise, utilizada na PMSC. outro tópico a importância dos Pla-
nos de Defesa a ser elaborados pelas
OPMs da PMSC para as operações
de repressão aos grandes assaltos
tipo “novo cangaço”.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 67


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO |
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO SCO

ORGANIZAÇÃO MODULAR E FLEXÍVEL

O SCO utiliza uma estrutura organizacional padronizada


(comando, staff de comando e staff geral), porém flexível
na sua implantação.

Assim, apenas as funções realmente necessárias para o


alcance dos objetivos comuns do comando são ativadas.

Segue modelo, conforme figura abaixo, elaborado pelo


Cel Bombeiro Marcos Oliveira.

STAFF DE COMANDO

COMANDO
Segurança UNIFICADO
O staff de comando
presta serviços de
Ligações segurança, ligações
externas e informa-
externas ções ao público junto
ao comando do SCO
Informações
ao público

Operações Planejamento Logís ca Adm/Finanças

O staff geral responsabiliza-se pelos serviços operacionais, planeja-


mento, logísca, administração e finanças junto ao comando do SCO

Fonte: Oliveira (2020)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 68


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO |
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO SCO

O R G A N O G R A M A T R A D U Z I D O N A S AT I V I D A D E S
N AT U R E Z A P O L I C I A L M I L I TA R :

COMANDO

Planejamento
DICA

O fluxo que segue serve


para compararmos com
Situação (P-2)
nosso modelo de gestão nas
OPMs, numa compreensão Ligações P-5
sobre essas funções e a ins- Secretaria P1
talação de um SCO.
Recursos (P-1)

Segurança

Documentação (P-3)

Planejamento (P-2 P-3)

Desmobilização

Operações (SUB)

Logísca (P-4)

Finanças (P-4)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 69


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO |
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO SCO

Planejamento
Planejamento
Planejamento Operações
Operações
Operações Logís†ca
Logís†ca
Logís†ca

Situação
Situação
(P-2)Situação
(P-2) (P-2) EsperaEsperaEspera Comunicação
Comunicação
Comunicação

Recursos
Recursos
(P-1) (P-1) (P-1)
Recursos Força Tarefa
Força Tarefa
Força Tarefa Alimentação
Alimentação
Alimentação

ocumentação
Documentação
(P-3) (P-3) (P-3)
Documentação EquipeEquipe
de intervenção
de intervenção
Equipe de intervenção Saúde Saúde Saúde

Desmobilização
Desmobilização
Desmobilização

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 70


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO |
QUANTO AOS RECURSOS OPERACIONAIS E LOGÍSTICOS E AS INSTALAÇÕES E ÁREAS DE ACESSO

Quanto aos recursos operacionais e logísticos e as


instalações e áreas de acesso

• Gerenciamento integrado de recursos; I N S TA L A Ç Õ E S E Á R E A S


PA D RO N I Z A DA S D O S CO
• Uso de instalações e áreas de trabalho
padronizadas. As seis (6) instalações padronizadas
do SCO são:
O SCO orienta que todos os recursos
empregados na operação sejam gerencia- • Posto de comando (PC);
dos de forma integrada. Para facilitar esse
• Base de apoio,
controle, os recursos devem ser anotados,
preferencialmente em formulários pró- • Acampamento,
prios. Os recursos podem ser agrupados • Centro de informações ao
em duas categorias: recursos operacio- público,
nais e recursos logísticos.
• Helibases (local de suporte das
operações aéreas)
• Helipontos (no local da
emergência).
Imagem: ResgateaeroMedico.com.br

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 71


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO |
QUANTO AO GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES E USO INTEGRADO DE INFORMAÇÕES E INTELIGÊNCIA

Quanto ao gerenciamento das comunicações e uso


integrado de informações e inteligência

• Integração das comunicações;


• Uso integrado de informações e inteligência.

INTEGRAÇÃO DE INFORMAÇÕES E
DE INTELIGÊNCIA
O SCO recomenda que a coleta de informações
sobre a situação crítica deva ser obtida, analisada
e disseminada de forma a favorecer uma adminis-
tração eficiente e eficaz da operação.

O sucesso do SCO está diretamente ligado ao


gerenciamento integrado de informações e de
inteligência (obtenção, julgamento, processamen-
to útil e seu compartilhamento com outros).

DICA

Entendemos que todas as operações SCO preci-


sam ter o suporte da inteligência, o que poderá
ser feito pelas Agências de Inteligência da OPM.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 72


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | QUANTO AO PROFISSIONALISMO

Quanto ao profissionalismo

• Controle de pessoal; CONTROLE DA MOBILIZA-


ÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO DE
• Controle da mobilização e da desmo- RECURSOS
bilização de recursos.
O gerenciamento dos recursos deve ser
CONTROLE DE PESSOAL realizado de forma planejada e eficien-
te, evitando atrasos ou desperdícios.
Uma das grandes preocupações do
SCO é o adequado controle do efetivo Em operações maiores uma unidade
envolvido na operação. Saber exata- de mobilização e desmobilização pode
mente quantas pessoas estão envolvi- ser necessária (tal unidade está ligada a
das, onde elas estão trabalhando e o seção de planejamento).
que estão fazendo, representa um fator
importante de segurança. Além disso,
um adequado controle da disponibili-
dade e emprego do pessoal envolvido
da operação representa uma grande
vantagem administrativa, sob a ótica da
eficácia gerencial. COMANDO STAFF DO OPERAÇÕES
COMANDO

Segue imagem de legenda de cores de


coletes para as respectivas funções
coletes conforme padrão SCO:

PLANEJAMENTO LOGÍSTICA ADM/FINANÇAS


Coletes Padronizados
Fonte: Adaptado de Oliveira (2020)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 73


CONCEITOS, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA DE SCO | QUANTO AO PROFISSIONALISMO

B O A S P R ÁT I C A S E L I Ç Õ E S A P R E N -
DIDAS (OLIVEIRA, 2019)

• Planejamento prévio e treinamento continua-


do são fundamentais ao SCO;
• O SCO deve ser instalado sem demora;
• A cooperação e o trabalho de equipe devem
ser uma prioridade;
• A autoridade das organizações envolvidas no
SCO deve ser preservada;
• O nível de responsabilidade e os recursos
disponibilizados devem servir de critério para
a participação no comando unificado.

DICA SAIBA MAIS


Os fundamentos do SCO são muito Para saber mais leia
mais abrangentes, possui formulários Sistema de Comando
padronizados, protocolos e recursos os em Operações - Guia
quais são organizados de acordo com de Campo. Marcos de
as necessidades da resposta. Oliveira. Florianópolis:
Ministério da Integra-
ção Nacional, Secreta-
Optamos pela simplificação desses fundamen- ria Nacional de Defesa.
tos nesse caderno de estudo, para integrar Universidade Federal de
Santa Catarina, Centro
demais conteúdo acerca das ocorrências poli- Universitário de Estudos
ciais, o que na medida de verossimilhança ser e Pesquisas sobre De-
de corroborado com o fundamento do SCO. sastres, 2010.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 3 74


CAPÍTULO 4

FUNDAMENTOS DO SCO E AS
OCORRÊNCIAS DE CRISE POLICIAIS

Imagem: PMSC
INTRODUÇÃO

Consideramos que toda a crise móvel ou está-


tica deve ser instalada um SCO.

Quando acontece algum evento crítico, a


Polícia é instada a fazer o reativo, quando
ela começa a intervir em tempo real é a fase
proativo. Para isso, precisa planejar, organizar,
dirigir e controlar. Para tanto, é preciso saber
das regras de cada órgão envolvido e analisar
as interoperabilidades no apoio (equipes de
socorro, de energia, síndicos/zeladores....).

OBJETIVOS DE ORGANIZANDO O SEU


APRENDIZAGEM: ESTUDO:

Ao final deste Capítulo você será capaz Estabelecemos como sugestão de LEI-
de: TURA. Então, fique atento!

1. Descrever o que é uma ocorrência de • DIRETRIZ DE PROCEDIMENTO


crise PERMANENTE N.º 042/2014/
2. Entender os processos de gerencia- CMDOG
mento de crise • Procedimento Operacional Padrão
3. Conhecer brevemente e citar os prin- de atuação em ocorrências de gran-
cipais instrumentos das alternativas des roubos a instituições financeiras
táticas empregada na PMSC. e explosões a caixas eletrônicos sob
a modalidade de “NOVO CANGA-
4. Correlacionar o SCO com o processo ÇO”. POP nº 201.4.26. Estabelecido
de gerenciamento de crises policiais. em 31/08/2020.
Boa leitura!

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 76


FUNDAMENTOS DO SCO E AS OCORRÊNCIAS DE CRISE POLICIAIS | CRISE

CRISE

É um evento ou situação crucial


que exige uma resposta espe-
cial da Polícia a fim de asse-
DICA
gurar uma solução aceitável.
(Academia Nacional do FBI). Este conceito está replicado
na Diretriz de Procedimento
Crise pode afetar uma organização, se Permanente n.º 042/2014/CM-
DOG da PMSC.
não houver intervenção, piora. A crise
está acima da emergência. Deve ser
analisada sob a perspectiva estratégi-
co política.
Imagem: Giovani SIlva

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 77


CRISE | GERENCIAMENTO DE CRISE E AS CARACTERÍSTICAS ENVOLVIDAS

Gerenciamento de Crise e as
características envolvidas

É o processo de identificar obter e aplicar


os recursos necessários à antecipação,
prevenção e resolução de uma crise. (FBI)
IMPORTANTE
No modelo sistêmico, deve ser ordenado as
entradas (recursos, mídia, informações, efeti- Em crise a liderança é si-
tuacional, normalmente
vos, viaturas), processos (organograma-formali- não formal.
zar estrutura, comunicação - canais de coman-
do), saída (serviços, redes de vizinhos, rondas,
barreiras/bloqueios, prisões, prevenções,
escoltas, evacuações, socorro, transferências)
feedback (avaliação, novas entradas).

Segue figura elaborado sobre as valências


quanto aos recursos empregados na preven-
ção e resolução de uma crise, sendo: pes-
soal treinado, equipamentos adequados PESSOAL
e procedimentos testados, tudo com
vista a segurança do sistema a ser
controlado.
SEGURANÇA

Imagem: Aula CAO (CARDOSO, 2013) EQUIPAMENTO PROCEDIMENTO

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 78


CRISE | GERENCIAMENTO DE CRISE E AS CARACTERÍSTICAS ENVOLVIDAS

A figura a seguir contempla de forma fundamenta no fato de que as ocorrên-


simples e objetiva as características cias de crise não são passíveis de serem
gerais de uma crise, sendo: a imprevi- exatamente previstas. Acontecem de
sibilidade, a compressão do tempo e a forma inesperada, não sendo possível
previamente precisar exatamente o
ameaça a vida.
momento de sua eclosão.

No que se refere à compressão de


tempo, explica-se que, não necessaria-
mente deve haver pressa para tomar
atitudes finalistas, mas que se deve
haver pressa para tomar atitudes, medi-
das, iniciar protocolos de estabilização
da crise (evitando-se o agravamento)
e procedendo com a deflagração de
metodologias, estruturas, planejamen-
tos, gerenciamentos e ações para a
melhor solução àquele evento crítico.
Observa-se que uma atitude finalista
precipitada pode ocasionar o agrava-
Imagem: Aula CAO (CARDOSO, 2013) mento da situação crítica, inclusive
podendo culminar em tragédias.
Há que se salientar que tais caracte-
rísticas, por óbvio, integram toda qual- No que tange à ameaça à vida, vislum-
quer crise, seja aquela de cunho mais bra-se presente em toda ocorrência
policial, mas também aquelas de cunho de crise o perigo, atual ou iminente,
humanitário e interdisciplinar. de ocorrer lesão à integridade física de
pessoas, bem como a própria perda de
Registra-se que a imprevisibilidade se vidas humanas.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 79


CRISE | GERENCIAMENTO DE CRISE E AS CARACTERÍSTICAS ENVOLVIDAS

“Mapa mental” de consequências geradas pelas características

Consoante notado acima, proveniente Pensando em um âmbito mais poli-


das características das ocorrências de cial de crise, fora as ocorrências que
crise, advém necessidades a serem envolvem tomada de refém, suicidas
implementadas para a solução de armados e ocorrências com bombas e
crises futuras. Nesse sentido, convém explosivos, destacam-se as ocorrên-
dar destaque à necessidade de pos- cias de grandes roubos a instituições
tura organizacional não rotineira e a financeiras sob a modalidade de “novo
necessidade de treinamento prévio das cangaço”, bem como eventuais grandes
instituições. operações policiais e operações por
ocasião de grandes eventos.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 80


CRISE | QUANTO AO OBJETIVO EM UMA CRISE

Quanto ao objetivo em uma crise

De tal forma que o objeto do gerenciamento de crise


fica representado na figura que segue:

Objetivos do gerenciamento de crise.


Imagem: Apostila Primeira Intervenção em Crise

Além de outras técnicas que abordam a metodologia


para gestão e solução de problemas, positiva-se que
os critérios de ação são bastante práticos e eficien-
tes às tomadas de decisão, integrando a doutrina
nacional de gerenciamento de crises.

Risco é a relação entre a probabilidade e as conse-


quências. É diretamente relacionado com a comple-
xidade. Em operações faça da forma mais simples.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 81


CRISE | QUANTO AO OBJETIVO EM UMA CRISE

Quadro dos critérios de ação que influenciam nas tomadas de decisão.


Fonte: Autores (2020)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 82


MEDIDAS INICIAIS DE CONTROLE DE UMA CRISE EM QUE HÁ LOCALIZADO O CAUSADOR DO EVENTO
CRÍTICO (CEC)

MEDIDAS INICIAIS DE CONTROLE DE


UMA CRISE EM QUE HÁ LOCALIZADO O
CAUSADOR DO EVENTO CRÍTICO (CEC)

A figura representa as medidas iniciais de controle


de uma crise em que há localizado o causador
do evento crítico (CEC), através do fluxo inicial e
os protocolos definidos no Padrão Operacional
Padrão nº 202.2.1 da Polícia Militar de Santa
Catarina.

Imagem: Apostila Primeira Intervenção em Crise. CFS (2019)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 83


MEDIDAS INICIAIS DE CONTROLE DE UMA CRISE EM QUE HÁ LOCALIZADO O CAUSADOR DO EVENTO
CRÍTICO (CEC) | QUANTO AO ESTABELECIMENTO DE ZONAS DE CONTROLE OPERACIONAL

Quanto ao estabelecimento de
Zonas de controle operacional

A par dos recursos padronizados do SCO, os


recursos para gerenciamento de uma crise policial
também podem ser agrupados em duas categorias:
recursos operacionais e recursos logísticos.

EIXOS: Comando; Estrutura; Planejamento; Recur-


sos; Comunicação; Linguagem.

A figura a seguir representa as zonas de controle


definido no Procedimento Operacional Padrão nº
202.2.1 da Polícia Militar de Santa Catarina.

DICA

Só vai para opera-


ção (terreno) quan-
do é necessário.

Zonas Operacionais.
Fonte: Apostila Primeira Intervenção em Crise.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 84


MEDIDAS INICIAIS DE CONTROLE DE UMA CRISE EM QUE HÁ LOCALIZADO O CAUSADOR DO EVENTO
CRÍTICO (CEC) | QUANTO AO ESTABELECIMENTO DE ZONAS DE CONTROLE OPERACIONAL

POSTO DE COMANDO

• Local onde centralizam as informações e decisões.


• Gerente da Crise e staff.
• Demonstra organização.
• Divisão de trabalhos.
• Facilita a tomada de decisões–visão global.
• Logística para os casos mais prolongados.
• Pode ser em local improvisado.

DICA

Caso for usado a simbologia:


Um retângulo laranja com as
letras “PC” inscritas em preto.

Simbologia do Posto de Comando.


Fonte: Apostila Primeira Intervenção em Crise.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 85


MEDIDAS INICIAIS DE CONTROLE DE UMA CRISE EM QUE HÁ LOCALIZADO O CAUSADOR DO EVENTO
CRÍTICO (CEC) | QUANTO ÀS INFORMAÇÕES DE INTELIGÊNCIA

Quanto às informações de Inteligência

Informações de Inteligência
Fonte: Apostila Primeira Intervenção em Crise.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 86


MEDIDAS INICIAIS DE CONTROLE DE UMA CRISE EM QUE HÁ LOCALIZADO O CAUSADOR DO EVENTO
CRÍTICO (CEC) | QUANTO AO PROFISSIONALISMO

Quanto ao PROFISSIONALISMO

Cabe ressaltar neste item que estamos Para tanto, as ocorrências que evo-
tratando de ocorrências de crise, não luírem para o apoio do BOPE, em
rotineira, na qual possui características consonância com a Diretriz n. 042 em
especiais e, que exigem uma resposta comento, a saber:
especial da polícia. Então não há o que
se falar em improvisação ou interven- :
ções com riscos demasiados, por isso a d. Operações Policiais Especiais
importância de procedimentos padroni- são operações conduzidas por
zados e treinados. policiais altamente adestrados,
equipados e apoiados, que po-
CONTROLE DE PESSOAL dem desempenhar atividades de
(SCO)
busca, resgate de reféns, e nas
Uma das grandes preocupações do
demais circunstâncias de quebra
SCO é o adequado controle do efetivo
da ordem pública, atuando em
envolvido na operação. Saber exata-
qualquer ambiente, de forma
mente quantas pessoas estão envolvi-
ostensiva ou velada. Em ocorrên-
das, onde elas estão trabalhando e o
cias com refém localizado, possui
que estão fazendo, representa um fator
a exclusividade na execução das
importante de segurança. Além disso,
alternativas táticas: Negociação
um adequado controle da disponibili-
de refém, Agentes químicos, Tiro
dade e emprego do pessoal envolvido
de comprometimento e Assalto
da operação representa uma grande
tático, bem como no atendimen-
vantagem administrativa, sob a ótica da
to de ocorrências com artefatos
eficácia gerencial.
explosivos no que concerne as
ações anti-bomba.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 87


MEDIDAS INICIAIS DE CONTROLE DE UMA CRISE EM QUE HÁ LOCALIZADO O CAUSADOR DO EVENTO
CRÍTICO (CEC) | QUANTO AO PROFISSIONALISMO

NEGOCIAÇÃO

TÉCNICAS NÃO-LETAIS

TIRO DE
COMPROMETIMENTO

INVASÃO TÁTICA

Alternativas Táticas
Apostila Primeira Intervenção em SOLUÇÃO DA CRISE
Crise. BOPE/PMSC (2019)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 88


OCORRÊNCIA DE ASSALTO A BANCO NA MODALIDADE NOVO CANGAÇO

OCORRÊNCIA DE ASSALTO A BANCO NA


MODALIDADE NOVO CANGAÇO

O cometimento de roubos a bancos na modali-


dade “Novo Cangaço”, vem apresentando grande
frequência nas pequenas cidades catarinenses,
tendo intensas semelhanças com o antigo modo
cangaceiro do bando de “Lampião”. Ataques em
pequenas cidades, grupos fortemente armados,
reféns, escudos humanos e desafio aos órgãos
policiais são características que podem ser vistas
entre estes grupos.

Ocorrência de roubo a banco modalidade novo cangaço.


Imagem: Autores (2020)

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 89


OCORRÊNCIA DE ASSALTO A BANCO NA MODALIDADE NOVO CANGAÇO | PLANEJAMENTO

Planejamento

Planejar é o primeiro passo do processo


administrativo gerencial, é a arte de pensar
antes de agir. Planejar é identificar uma
situação desejada, a partir de uma situa-
ção existente, e descrever as maneiras de
como chegar lá ou “o que fazer e como
fazer?”. Auxiliando o tomador de decisão em
ambientes incertos e limitados pelo tempo.

No plano devem ser previstas as responsa-


bilidades de cada pessoa, grupo ou organi-
zação, as prioridades e as medidas iniciais a
serem tomadas e a forma como os recursos
serão empregados.

PLANO DE DEFESA
Trata-se do planejamento operacional para
cerco, bloqueio, barreiramento, observação,
monitoramento e captura dos autores dos
crimes de assalto a banco na modalidade
“novo cangaço”.

É preciso que haja na OPM uma estratégia


minuciosa previamente planejada e treinada
para ser prontamente empregada quando da Foto de Fauxels no Pexels

eclosão de uma crise do tipo novo cangaço


ou cangaço noturno.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 90


OCORRÊNCIA DE ASSALTO A BANCO NA MODALIDADE NOVO CANGAÇO | PLANEJAMENTO

Sugere-se que o Plano de Defesa seja compos-


to por várias etapas e equipes distintas, desta-
cando-se as redes de apoio e as ações policiais,
consoante adiante se mostra.

Providências de Planejamento pela OPM


• Plano de Chamada;
• Equipe de acionamento;
• Equipe de monitoramento;
• Equipe de bloqueio de vias (populares, por
adesão, ciente e concordantes dos riscos);
• Equipe de coleta de imagens (populares -
atenção para proteção balística);

Normalmente, a seção de planejamento reúne


informações e produz inteligência. No entanto, DICA
algumas situações críticas podem necessitar
da coleta de informações e atividades investi- Nossa sugestão é
gativas especiais, nesses casos o Comando da que essa equipe
situacional trabalhe
Operação pode optar em reconfigurar o orga- integrada com as de-
nograma ativando uma seção de investigação/ mais equipes locais.
inteligência (NIMS/2017).

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 91


OCORRÊNCIA DE ASSALTO A BANCO NA MODALIDADE NOVO CANGAÇO | PLANEJAMENTO

Primeira Interven-
ção na ocorrência
de roubo a banco.

Imagem: Ocorrência do BOPE PMSC.


Equipes do BOPE e
Águia na ocorrência
de novo cangaço.

Imagem: Ocorrência do BOPE PMSC.


SAIBA MAIS

Agora assista o ví-


deo da ocorrência
de Apiúna 3

3 Esse vídeo só quem tem o link pode assistir. Foram produzidos com intuito de mostrar-
mos nas nossas instruções que são exclusivas sobre o tema, não com o propósito de disse-
minação, até porque são ocorrências em que os processos ainda estão em curso.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 4 92


CAPÍTULO 5

FORÇAS TAREFAS E
BATALHÃO DE AJUDA
HUMANITÁRIO

Foto de Anna Shvets no Pexels


INTRODUÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:

Ao final deste Capítulo você será capaz de:

• Entender a constituição do Batalhão Humanitário no


âmbito da PMSC, embora atualmente extinto, o qual
era de caráter sazonal, mas fixou metodologias de
trabalho dentro do conceito do SCO.

• Conhecer a constituição do Batalhão Humanitário no


âmbito do CBMSC, também de caráter temporário
para missões específicas.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 5 94


O BATALHÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA INSTITUÍDO TEMPORARIAMENTE NO ÂMBITO DA PMSC

O BATALHÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA


INSTITUÍDO TEMPORARIAMENTE NO
ÂMBITO DA PMSC3

Utilização padronizada
de coletes nas funções
de SCO.
Fonte: Batalhão de Ajuda Humani-
tária da PMSC

O Batalhão de Ajuda Humanitária (o Ato da PMSC nº 835,


de 31 de agosto de 2016 que reorganizou e reestruturou o
Programa de Ajuda Humanitária da Polícia Militar de Santa
Catarina, criado em 09 de dezembro de 2011, atualmente
revogado pelo Ato da Polícia Militar n° 686/2020).

Essa unidade da PMSC foi responsável por treinamentos,


contava com equipamentos específicos e 270 policiais
treinados para emprego nesses eventos. Mais de 200 poli-

3 Disponível em: https://areafria.com.br/simulado-de-atendimento-a-desastres-do-batalhao-de-ajuda-humanitaria/


Acesso em 18/09/2020.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 5 95


O BATALHÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA INSTITUÍDO TEMPORARIAMENTE NO ÂMBITO DA PMSC

Simulado com participação da Polícia Militar Ambiental e BPM.


Fonte: Batalhão de Ajuda Humanitária da PMSC.

Simulado com participação da Polícia Militar Ambiental e BPM.


Fonte: Batalhão de Ajuda Humanitária da PMSC.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 5 96


O BATALHÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA INSTITUÍDO TEMPORARIAMENTE NO ÂMBITO DA PMSC

ciais militares dentre oficiais e praças, foram capacitados


na doutrina de Sistema de Comando de Operações (SCO),
tema que fazia parte das oficinas. Além disso, o efetivo da
PMSC adquiriu competências para ações de ordem pública
em eventos adversos de origem natural ou antrópica, usando
como cenário, áreas atingidas por cheias e deslizamentos,
juntamente com diversas agências civis e unidades da pró-
pria Corporação.

A Polícia Militar de Santa Catarina realizou em Jaraguá do


Sul, o treinamento e simulado do Batalhão de Ajuda Huma-
nitária. É comum nesses eventos adversos, a Corporação
compor com outras agências ou instituições para agir nas
missões necessárias. Diante desse contexto, a devida prepa-
ração do efetivo e material para operar a cada situação, são
essenciais para o sucesso das missões de socorro a popula-
ção assinalou seu coordenador a época.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 5 97


O BATALHÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA INSTITUÍDO TEMPORARIAMENTE NO ÂMBITO DA PMSC

SOBRE O BATALHÃO DE AJUDA


HUMANITÁRIA DO CORPO DE
BOMBEIROS MILITARES4

O decreto 480, de 26 de novembro de 2015


criou e ativou o Batalhão de Ajuda Humanitária
(BAjH) subordinado ao Subcomandante-Geral
do CBMSC e com sede no Município de Floria- IMPORTANTE
nópolis. Este batalhão não possui uma estrutura SCO aplica-se a qual-
física específica, os integrantes, pertencentes a quer tipo de crise ou
quartéis da região, são empregados conforme a desastre
necessidade em situações extremas, para aten-
dimento da população. A atuação do BAjH será
em conjunto ou logo após as ações de socorro
da Força-Tarefa do CBMSC.

O intuito de criação deste batalhão se dá pelo


fato de Santa Catarina ser atingido frequente-
mente com eventos extremos, que em diversas
vezes evoluem para desastres, com isso a
corporação está sempre pronta, com equipe e
recursos necessários para atender os cidadãos
de forma imediata.

4 Disponível em: https://www.ssp.sc.gov.br/index.php/component/content/


article/87-noticias/1453-batalhao-de-ajuda-humanitaria-do-cbmsc-atua-em-
-garuva-apos-ciclones. Acesso em 19-09-2020.

Gestão de operações em grandes eventos, crises e desastres • Capítulo 5 98


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil, nos últimos anos, foi isso, a qualificação do oficial


cenário de Grandes Eventos, para participar no SCO propor-
sendo necessário uma integra- ciona uma maior segurança para
ção entre os órgãos do governo as equipes de resposta e demais
federal, estadual e municipal envolvidos na situação crítica, o
para o sucesso da operação. O alcance de objetivos e priorida-
Sistema de Comando e Controle des previamente estabelecidas
foi a ferramenta utilizada para e, o uso eficiente e eficaz de
o planejamento, direção, coor- recursos (humanos, materiais,
denação e controle operacional financeiros, tecnológicos e de
das forças no cumprimento da informação).
missão.
Nesta senda, constata-se que,
A preparação de oficiais para cada vez mais, os gestores locais
integrar o Sistema de Comando precisam compreender e estar
e Operações é essencial e faz preparados para utilizar a ferra-
com que não se limita a partici- menta do SCO, para auxiliar no
pação no teatro de operações, processo decisório, em cenários
principalmente, quando há uma de crise, na área da segurança
operação interagências. Com pública e ações humanitárias.

99
No que tange aos eventos, efetivos da própria Região Po-
constata-se que o estado de licial Militar, de outros grandes
Santa Catarina possui um ca- comandos e, quando existe a
lendário anual bem distribuído, necessidade de tropa especia-
que reúne milhares de pessoas, lizada, o apoio do Comando de
necessitando assim aplicar o Apoio Especializado, o que re-
modelo de Sistema de Comando quer por parte do oficial respon-
e Controle, principalmente, para sável pelo evento o comando e
os classificados como grandes controle, por isso, a importância
eventos. de se aplicar o SCO mesmo
quando não tem a participação
Os grandes eventos ocorridos
de outro órgão.
em Santa Catarina contam com
a participação de apoios de

100
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Renato Brenol. Manual de Eventos.
Caxias do Sul: Educs, 1999.

BORRI, Henrique; CORRÊA, Luiz Fernando;


DUARTE, Mário Sérgio. Mais Forte: Olimpíadas
Seguras em Meio ao Caos. Editora Maquinária:
Rio de janeiro: 2016.

BRASIL. Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988. 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/ Constituicao/Constitui-
cao.htm. Acesso em: 31 ago 2020.

______. Decreto nº 7.538, de 1º de agosto de


2011. Instituiu, no âmbito do Ministério da Justi-
ça, a Secretaria Extraordinária de Segurança para
Grandes Eventos (SESGE/MJ). Brasília: 2011.

______. Lei n. 10.671/07 [a] (modificada pela Lei n.


12.299/10) – Dispõe sobre o Estatuto de Defesa
do Torcedor e dá outras providências. Brasília:
Senado Federal, Centro Gráfico, 2007.

______. Ministério da Justiça. Delimita a transfe-


rência de escopo da segurança das instalações
dos Jogos Rio 2016. Ofício n. 66/2015/GAB-
-SESGE/SESGE-MJ. Brasília: Secretaria Extraordi-
nária de Segurança para Grandes Eventos, 2015.

______. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional


de Segurança Pública. Departamento da Força
Nacional de Segurança Pública. Coordenação Ge-
REFERÊNCIAS
ral de Operações. Plano Tático de Emprego Ope-
racional da Pronta Resposta para os Jogos Olím-
picos e Paraolímpicos Rio 2016 - Nº 07/2015.
Versão 1.0. Brasília: CGOP, 2015.

______. Secretaria Extraordinário de Segurança


para Grandes Eventos, Secretário de Estado de
Segurança Pública do Rio de Janeiro, Secretário
de Estado de Defesa Civil do Rio de Janeiro. Plano
Tático Integrado de Segurança Pública e Defesa
Civil dos Jogos Rio 2016 (PTI). Rio de Janeiro:
COESRIO 2016, 2015.

______. Ministério da Justiça. Secretaria extraordi-


nária de segurança para grandes eventos diretoria
de operações. Sistema integrado de comando e
controle de segurança pública para grandes even-
tos. Rio de Janeiro. 2012.

_____. Ministério da Justiça. Secretaria Extraordi-


nária de Segurança para Grandes Eventos. JOGOS
RIO 2016. Debriefing da Operação de Segurança.
Brasília: 2016.

_____. Ministério da Justiça. Secretaria Extraor-


dinária de Segurança para Grandes Eventos. O
LEGADO. Brasília: 2016.

______. Ministério da Justiça. Secretaria Extraordi-


nária de Segurança para Grandes Eventos. Portaria
nº 112, de 08 de maio de 2013. Instituiu o Siste-
REFERÊNCIAS
ma Integrado de Comando e Controle de Seguran-
ça Pública para Grandes Eventos. Brasília: 2016.

______. Ministério da Justiça. Portaria Nº 20, de 22


de maio de 2015. Institui o grupo de trabalho com
o objetivo de apoiar a Secretaria Extraordinária de
Segurança para Grandes Eventos-Sesge nas ações
relacionadas à segurança interna das instalações
dos Jogos Olímpicos de 2016. Brasília: Secretária
Nacional de Segurança Pública – SENASP, 2015.

______. Presidência da República, Ministério da


Justiça, Ministério da Defesa e Gabinete de Segu-
rança Institucional. Plano Estratégico de Seguran-
ça Integrada para os Jogos Olímpicos e Paralímpi-
cos Rio 2016 (PESI RIO 2016). Brasília: 2015.

______. Secretaria Extraordinário de Segurança


para Grandes Eventos, Secretário de Estado de
Segurança Pública do Rio de Janeiro, Secretário de
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