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K.

Relato de uma busca: o testemunho, o resto e a experiência na autoficção de Bernardo

Kucinski

Autor

TESTEMUNHO

A História no sentido investigativo tem um princípio ético de buscar fatos e


acontecimentos para a partir deles remontar a história. Heródoto, considerado o pai da
História, buscou a partir da ética do testemunho narrativo realizar esse trabalho de pesquisa e
rememoração.

Como afirmado por Jeane Marie Gagnebin, em seu livro História e narração em
Walter Benjamim (2009) quando retoma ainda na introdução o conceito de História e o papel
legitimador da testemunha:

O primeiro “historiador”, Heródoto, também define sua tarefa como uma


luta contra o esquecimento “para que o tempo não venha abolir os trabalhos
dos homens e que as grandes façanhas realizadas, seja pelos Gregos seja
pelos Bárbaros, não caiam no esquecimento. Mesmo Tucídides, crítico de
Heródoto e do memorável, quer salvar o realizado, seja pelos Gregos seja
pelos Bárbaros não caia no esquecimento. ” (GAGNEBIN, 2009, p.3)

A importância da testemunha então se válida a partir da necessidade do registro da


história, portanto desde os textos de Hérodoto o testemunho está sempre associado ao papel
da testemunha de legitimar os fatos e acontecimentos, ou seja, sempre associado a questão
ética, para que desta forma as histórias narrativas não sobreponham a história:

Assinalar a responsabilidade ética da história e do historiador não é, então,


privilégio de intelectuais protestantes ou judeus (!), mas significa levar a
sério e tentar pensar até o limite essa preciosa ambiguidade do próprio
conceito de história, em que se ligam, indissociavelmente, o agir e o falar
humanos: em particular a criatividade narrativa e a inventividade prática.
(GAGNEBIN, 2009, p.43)

Percebe-se então que a narrativa não importa apenas para a constituição do sujeito,
mas do corpo social de forma geral. O que confere o papel importante ao outro, que muitas
vezes ouviu ou viu para testemunhar, já que para aqueles que vivem a experiência do trauma
de forma integral com todas as suas consequências não o podem fazê-lo, pois a estes não
restam nem mesmo a língua para comunicar a catástrofe.

Lembra-nos Jeane Marie Gagnebim a respeito da importância da narração para a


constituição do sujeito que

Essa importância sempre foi reconhecida como a da rememoração, da


retomada salvadora pela palavra de um passado que, sem isso, desapareceria
no silêncio e no esquecimento. (GAGNEBIN, 2009, p. 3)

Em relação ao papel do testemunho, como já afirmado por Benjamin, não consiste em


descrever exatamente o que aconteceu, até mesmo porque não é possível narrar o inenarrável,
já que a língua do trauma, que muitas vezes é o que resta juntamente com a testemunha, se dá
de maneira fragmentada. Na apresentação da obra O que resta de Auchwitz (2008) de
Giorgio Agambem, Jeane Marie Gagnebin aponta considerações a respeito do testemunho:

Consiste em declarar que o testemunho do sobrevivente somente repousa


sobre essa impossibilidade de autenticidade e sobre o reconhecimento dessa
impossibilidade, sobre a consciência aguda de que aquilo que pode – e deve
– ser narrado não é essencial, pois o essencial não pode ser dito.
(GAGNEBIN, 2008, p. 16)

Testemunhar, portanto, é produzir significado, como afirmado por Ana Costa em seu
livro Corpo e escrita: relações entre memória e transmissão de experiência (2001). O que
está diretamente ligado ao papel do narrador e na constituição da experiência, que só pode se
concretizar a partir da linguagem, que tem como ponto de partida o resto, pois é a partir dele
que se origina a linguagem do trauma.

O RESTO

O resto, confere aquilo que após a experiência não pode ser concertado, remontado ou
reaproveitado de forma alguma. Pois, se considerarmos o conceito semântico de resto - aquilo
que permanece- e pensando na experiência traumática sofrida pelo sujeito, seja ela nos
campos de concentração nazistas, ou no período da ditadura militar brasileira, o que resta é
apenas a pulsão de narrar o que não pode ser significado. Giorgio Agamben em seu livro O
que resta de Auchwitz (2008) a respeito do resto, afirma que, a língua é constituída a partir do
resto em “oposição às classificações exaustivas de arquivo”.

Percebe-se, pois, que a memória, a rememoração e o testemunho são partes


fundamentais para o preenchimento da lacuna histórica da sociedade. Costa (2001) afirma que
a rememoração confere a experiência que não é diluída pelo tempo, ou seja, aquela que não se
apaga com o tempo. Então, o resgate memorialístico no que diz respeito a construção histórica
do passado é relacionada com a verdade histórica no presente. Como declara Walter Benjamin
em 1940, uma de suas teses, “Sobre o conceito da história” deixa claro que o passado não
pode ser descrito como um objeto, e sim articulado com o presente: ”, em que “Articular
historicamente o passado não significa conhece-lo ‘tal como ele propriamente foi’. Significa
apoderar-se de uma lembrança tal como ela cintila num instante de perigo. ”

Portanto o relato da experiência está além da verdade histórica dos fatos, pois não se
poderá a partir dela imitar a realidade dos fatos, mas sim construir uma possível narrativa do
trauma. O relato do trauma só pode ser elaborado a partir da rememoração e do testemunho
estabelecido entre um sujeito e o outro, que a partir da narrativa da experiência produziram.
Para Benjamin, o grande problema estava em identificar esse papel da história, mais do que
preservação de acontecimentos, mas uma prática narrativa que é capaz de transformar, não só
a escrita como o corpo.

O testemunho escrito ou oral se dá de forma inclusiva, para representar de forma


compartilhada, e o mecanismo da escrita que muitas vezes desempenha um papel importante
de resolução, como afirmado em Corpo e escrita: relações entre memória e transmissão da
experiência (2001), por Ana Costa:

Testemunho como modo de inclusão da experiência singular em uma


representação compartilhada. Ele tem uma dimensão ética, na medida em
que amplia o campo de produção simbólica de uma determinada sociedade
(COSTA, 2001, p.142)

EXPERIÊNCIA

Walter Benjamin já afirmava que a narrativa de experiências é algo que vem se


esgotando ao longo dos anos, tomando como ponto de declínio o romance burguês como
afirmado no ensaio A crise do romance (1930), em Magia e técnica, Arte e Política, quando
retoma que o romance como não está associado a tradição oral das experiências, nem no que
diz respeito a sua criação ou manutenção, mas sim de um mundo ficcional criado pelo autor,
acabam extinguindo e minando a narrativa de experiências:

O que distingue o romance de todas as outras formas de prosa- contos de


fadas, sagas, provérbios, farsas- é que ele nem provém da tradição oral nem
a alimenta. Essa característica, o distingue, sobretudo, da narrativa, que
representa, na prosa, o espírito épico em toda sua pureza. (BENJAMIN,
1987, p.55)
E a escassez da experiência narrativa, que prevalece no que diz respeito a literatura
também e retomada por Giorgio Agambem, em sua obra Infância e História (2008), no ensaio
sobre a destruição da experiência:

Pois, assim como foi privado de sua biografia, o homem contemporâneo foi
expropriado de sua experiência: aliás, a incapacidade de fazer e transmitir
experiências talvez seja um dos poucos dados certos de que se disponha
sobre si mesmo. Benjamin, já que em 1933 havia diagnosticado com
precisão está << pobreza de experiência>> da época moderna, indicava sua
catástrofe da guerra mundial, de cujos campos de batalha << a gente voltava
emudecida ...não mais rica, porém mais pobre de experiências partilháveis...
(AGAMBEM, 2008, p.20)

Percebemos então, que como afirmado por Benjamin a experiência não se dá no


momento em que vive os fatos, mas se constitui como experiência quando se consegue narrar,
transmitir ao outro, para a partir disto se concretizar a experiência. Desta forma, com o
declínio das experiências narrativas consequentemente o mesmo acontece com o narrador - o
responsável pela transmissão da experiência aos interlocutores- pois a modernidade inibe que
as experiências aconteçam de forma plena, quando afirma que:

Uma das causas da desse fenômeno é óbvia: as ações da experiência estão


em baixa, e tudo indica que continuarão caindo até que seu valor desapareça
de todo. Basta olharmos um jornal e percebemos que seu nível está mais
baixo do que nunca, e que da noite para o dia não somente a imagem do
mundo exterior, mas também a do mundo ético sofreram transformações que
antes não julgaríamos possíveis. (BENJAMIN, 1987, p.198)

Benjamin utiliza ainda como exemplo da escassez das narrativas a incapacidade de ex-
combatentes em produzirem relatos acerca do que viveram em guerra, nas trincheiras. No
Brasil não é diferente quando se diz respeito a Ditadura Militar. Pouco se explora, se fala, e se
testemunha ou rememora acerca deste assunto, o que está totalmente associado ao Estado
totalitário brasileiro.

Desta forma, o romance de Kucinski procura através da linguagem dar significado ao


desaparecimento e morte dos desaparecidos políticos, a partir de sua própria experiência
familiar, ou seja, é produzir uma experiência que não seja exclusiva de um sujeito, mas
comum a muitos outros, como atestado por Costa (2011):

“A experiência dos campos de concentração levou a inúmeras publicações


de testemunhos autobiográficos. No entanto, somente poucos conseguiram
provocar isso que constrói um leitor: produzir uma experiência em comum”
(COSTA, 2011, p.140)
“Caro leitor: Tudo neste livro é invenção, mas quase tudo aconteceu. ” Assim se inicia
o romance intitulado K. relato de uma busca (2016) de Bernardo Kucinski jornalista,
professor e escritor. Além claro, de irmão de Ana Rosa Kucinski, e que utiliza então, do
mecanismo da escrita para significar de forma auto ficcional o trauma enfrentado por sua
família.

K., o pai do romance K. relato de uma busca (2016), é um judeu, que se refugiou no
Brasil. Escritor da literatura iídiche e comerciante, ele conta então por meio de um narrador
em terceira pessoa a sua busca pela filha, Ana Rosa, professora do Instituto de Química da
USP, que desaparece juntamente com o até então desconhecido marido Wilson Silva, durante
os anos amargos do período da Ditadura Militar brasileira. Inicialmente, o narrador apresenta
a perplexidade e o sentimento de culpa de K. por desconhecer fatos relevantes sobre a vida da
filha, como por exemplo, seu casamento com um não judeu (gói), sua vida de militância e de
engajamentos, o seu lar, enfim, o pai se culpa e se questiona por desconhecer a vida paralela
levada pela filha.

O narrador da novela (termo utilizado pelo autor para se referir à própria obra) que na
maior parte do tempo está em terceira pessoa, relata a busca de K., o pai, nos remete
institivamente ao Josef. K, de O Processo (2005), de Kafka, ambos narradores relatam suas
buscas: o pai busca por respostas, pelo paradeiro e pelo corpo da filha, enquanto Josef. K,
busca por respostas e inocência de um crime que desconhece.

Ambos quando cruzam o caminho do Estado, veem os rastros desaparecerem e a


violência ser implementada, como ferramenta de manipulação e terror, evidenciando a
personificação do agente agressor, que neste caso se refere ao Estado. O sentimento de
impotência relatada pelo pai em busca de informações e notícias sobre a filha e o genro choca
o leitor. É claro que o foco narrativo está na relação entre o pai e a filha, mas o genro Wilson
Silva também protagoniza momentos importantes na narrativa, já que ele também foi levado
por seu envolvimento e engajamento político, sendo então alvo da repressão estatal,
desaparecendo. K. então em sua busca constante pela filha e o genro sente a impotência
defronte a máquina institucional.

Portanto, nem K., de Kucinski, e nem mesmo Josef. K, de Kafka, conseguem romper e
penetrar o Sistema.

O Estado não tem rosto nem sentimentos, é opaco e perverso. Sua única
fresta é a corrupção. Mas às vezes até essa se fecha por razões superiores. E
então o Estado se torna maligno em dobro, pela crueldade e por ser
inatingível. Isso ele sabia muito bem. (KUCINSKI, 2016, p. 19)

Então, B. Kucinski ao abordar a violência aplicada pelo Estado, no período militar,


rompe com a percepção e com os discursos hegemônicos sociais, políticos, econômicos, e
institucionais que têm poder na formação da opinião pública. O poder da literatura, como
vimos, não está em impedir que novas catástrofes ocorram, mas sim de relembrar os erros já
cometidos, para que não se perpetue o horror. Recontar, relatar e rememorar acontecimentos e
atrocidades mesmo que de forma ficcional, permitem ao leitor romper com imposição do
Estado e o discurso dos vencedores. No livro Literatura, violência e melancolia, de Jaime
Ginzburg (2012), o autor afirma:

Tomando como exemplo a produção associada à memória da Ditadura


Militar brasileira, existem escritores que desenvolvem um trabalho
inteiramente contrário ás interpretações conservadoras hegemônicas. O texto
coloca-se, deliberadamente, em posição contrária aos discursos institucionais
dominantes de seu tempo. (GINZBURG, 2012, p.36)

Desta forma, a literatura tem um papel importante no que diz respeito aos
acontecimentos históricos, não que ela ou até mesmo a própria História tenham por obrigação
contar a história como foi, mas no que diz respeito a literatura é indispensável narrar as
catástrofes e acontecimentos, mesmo através da ficção, pois se conta aquilo que permanece e
não o que foi esquecido:

O acesso a questionamentos sobre a violência por meio da literatura permite


romper com a apatia, o torpor, de um modo importante. Textos literários
podem motivar empatia por parte do leitor, para situações importantes em
termos éticos. E isso ocorre fora do circuito neurótico do ritmo imediatista
da indústria cultural. (GINZBURG, 2012, pág.24)

Portanto, por se tratar de uma obra de autoficção há um alto teor testemunhal, para
explicar o que vem a ser isso, vamos nos reportar ao conceito abordado por Márcio Seligmann
Silva, em História, memória, literatura (2003), que conceitua literatura de testemunho, o teor
testemunhal e o testimonio.

A literatura de testemunho se configura como aquela em que o sobrevivente, ou uma


testemunha solidária, remonta aos fatos, o testimonio como desdobramento da literatura de
testemunho e o teor testemunhal como a literatura de ficção que remonta a um acontecimento:

O conceito de teor testemunhal abre possibilidade de dentro dos estudos


literários. O estudo desse elemento da obra literária não deve apagar ou
reduzir a preocupação com o estudo de estratégias estético-poetológicas que
impregnam toda manifestação escrita. Um estudo que leva em conta o teor
testemunhal deve, no entanto, conduzir a uma nova interpretação desses
componentes. Toda obra de arte, em suma, pode e deve ser lida como um
testemunho de barbárie. (SELIGMANN, 2003, p. 12)

Sendo assim, em K. relato de uma busca (2016), o embaralhamento entre o real e a


ficção provocam no leitor a dúvida e a angústia. Já que como se trata do desaparecimento de
uma personagem que fora não apenas de papel, mas que tenha de fato existido, e desaparecido
nos anos de chumbo da ditadura militar. Além, claro de considerar outros elementos que
podem ser constatados em relação a busca realizada por sua família, e seu desaparecimento, o
que impacta ainda mais o leitor, ao considerar que o “testemunho” do narrador, trata-se de
uma mistura heterogênea entre real e ficcional, como afirma Figueiredo, em K. de B.
Kucinski: Kaddish por uma irmã desaparecida (2017) : “O narrado, assume a voz do autor
para fazer crítica à indenização das famílias sem que houvesse a apuração da verdade, o único
meio de retirar a culpa do seio das famílias”. Assim a autoficção se dá então, como um
dispositivo de criação literária, relacionando fatos remontados e componentes ficcionais.

Leyla Perrone-Moisés (2016) conceitua a autoficção não como um novo gênero, mas
como uma versão moderna de um gênero antigo, como, por exemplo, o romance em terceira
pessoa. E ainda afirma acerca da autoficção que não se trata de uma literatura narcisista e
individualista, e que tem seu valor no âmbito literário. Complementa que em toda narrativa,
mesmo aquela se pretende manter-se fiel aos fatos, existe algo de ficcional, o que nos remete
à afirmação de Roland Barthes de que o real não pode ser representado, mas apenas
demonstrado.

Em relação ao testemunho a ética é primordial, pois neste contexto cabe ao autor


manter a memória de acontecimentos históricos, através da experiência narrativa, manter a
ressonância do testemunho, já que de certa forma no que diz respeito por exemplo a ditadura,
trata-se no de um testemunho individual, mas refere-se a uma catástrofe coletiva, como
afirmado por Agamben (2008), o que confere a aquele que testemunha sua experiência uma
ética memorialística a respeito dos acontecimentos.

Diante disso, Leyla Perrone-Moisés (2016) afirma que a autoficção envolve questões
éticas, já que é impossível narrar a própria vida sem incluir outras pessoas. Desta forma, a
autoficção de Bernardo Kucinski, aborda uma temática ignorada por muitos autores
brasileiros, e tratada por muitos como algo delicado, pois dar voz para os oprimidos é algo
que literatura, pode e deve fazer, “O real precisa ser ficcionado para ser pensado”, como
afirmado por Jacques Rancière (2005), e a Ditadura Militar brasileira é ficcionada por
Kucinski, através de um drama familiar, para romper então com a tirania do Estado de
exceção que utiliza imposição do silêncio como ferramenta de manutenção da ordem. Em
relação à literatura produzida no Brasil, o escritor Ricardo Lísias, em seu artigo Dez
fragmentos sobre a literatura contemporânea no Brasil e na Argentina ou de como os patetas
sempre adoram o discurso do poder (2005), afirma:

Os argentinos, portanto, não aguardaram as memorias para fazer ficção. A


literatura no Brasil, porém, simplesmente esqueceu a ditadura militar,
deixando-a relegada a poucos textos, no mais vezes de fôlego estético
reduzido. (LÍSIAS, 2012, p. 22)

Sabemos que algumas obras rompem com esse silêncio, como, por exemplo, a obra
Zero (1980), de Ignácio de Loyola Brandão, que até em sua forma fragmentada representa o
caos e a repressão sofrido.

No que diz respeito testemunho, testemunhar é a tentativa de criar significado para o


trauma sofrido, trauma esse é registrado no corpo e na memória do eu, e que a partir desta
memória se cria então a linguagem memorialística.

Diante dos pontos supracitados, o romance de Bernardo Kucinski, torna-se


importante para a constituição de identidade nacional. No que diz a Literatura, o conceito
abordado por Antonio Candido em Literatura e Sociedade (1980), em que a literatura é
também um produto social, percebemos como ainda nos faltam produtos sociais no que se
refere ao período da Ditadura Militar brasileira. Percebemos que a falta de Literatura a
respeito deste tema, reflete no apagamento dos rastros e no esquecimento dos atos
violentos e repressores do Estado. Assim como no esquecimento das várias vidas ceifadas
pela repressão.

O papel da Literatura não está em impedir novas guerras, catástrofes, ou tragédias,


mas sim relembrar, rememorar para que não esqueçamos.

E diante do panorama brasileiro atual, precisamos o quanto antes que os rastros


deixados pelo Estado, ao longo dos anos tornem-se visíveis, para que então possamos
refletir sobre ações que remetam a um passado não tão distante.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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