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CHALLENGE 1
A Distrofia muscular tipo cinturas se tornou um grupo distinto dentre as outras distrofias
musculares em 1954, e desde então pesquisas diversas foram feitas para se alcançar um tratamento
curativo. Existem vários tratamentos em investigação, mas o tratamento com células tronco será
apresentado com mais detalhes.
O primeiro capítulo será destinado para definir os termos “células tronco” e “distrofia
muscular tipo cinturas” uma breve história de como foram descobertos, e suas principais
características; enquanto no segundo capítulo serão apresentados os tratamentos atuais e o
tratamento com células tronco, qual seu procedimento, em que fase ele se encontra e as expectativas
de alguns pesquisadores com relação a ele.
Capítulo 1 Definições de Distrofia muscular tipo cinturas e células tronco
São células indiferenciadas, capazes de dar origem a outros tecidos (cf. Michaelis, 2021) que
todos os seres vivos possuem, durante toda a vida:
Como citado no artigo acima algumas células tronco são direcionadas para se tornarem
especializadas em alguma função, se tornando assim outro tipo de células; enquanto outras são
destinadas a permanecerem como células tronco.
Mas para os fins desse artigo, esse debate é irrelevante, pois as células troncos usadas no
tratamento são células tronco adultas, do tipo pluripotentes induzidas (iPSC, sigla em inglês), que
são:
“No final de 2007, uma equipe de professores da BSCRC (Eli and Edythe
Broad Center of Regenerative Medicine and Stem Cell Research at UCLA),
os drs. Kathrin Plath, William Lowry, Amander Clark e April Pyle estavam
entre os primeiros no mundo a criar uma iPSC (célula tronco pluripotente
induzida) humana. Naquela época, a ciência havia entendido que células
específicas de tecidos, como células da pele ou células do sangue, só podiam
criar outras células semelhantes a ela. Com esta descoberta inovadora, a
pesquisa iPSC rapidamente se tornou a base para uma nova medicina
regenerativa.”
Essa descoberta não trouxe soluções apenas éticas, mas medicinais, pois o risco de rejeição
do organismo diminui drasticamente se as células implantadas forem do próprio paciente (Euro
Stem Cell, 2021):
As características para que uma doença faça parte do grupo das Distrofias musculares tipo
cinturas foram primeiramente apontadas nesse mesmo artigo de Walton e Nattras que diferenciou a
Distrofia muscular tipo cinturas das outras distrofias musculares (WALTON, NATTRASS. 1954, p.
169-231.)
“Em nossa opinião, esses casos devem ser considerados um grupo clínico e genético
distinto e sugerimos que sejam denominados distrofia muscular tipo cinturas.
Deixando de lado certas características clínicas que podem ser adicionadas
posteriormente, sentimos que as características cardeais deste tipo são (a) início
geralmente no final da primeira ou na segunda ou terceira década de vida, mas às
vezes na meia-idade, (b) início de fraqueza muscular no ombro ou na cintura pélvica,
(c) transmissão geralmente por meio de um gene autossômico recessivo, (d) um
curso relativamente lento que, no entanto, leva a uma deficiência grave e, muitas
vezes, à morte antes da idade normal”
“A DMC é causada por mutações de genes que resultam em funções anormais de proteínas
nos músculos, causando fraqueza muscular progressiva.” (AANEM, 2021)
De acordo com Murphy e Staub (2015, p.4) “As características e complicações típicas da
Distrofia muscular tipo cinturas podem incluir comprometimento respiratório, cardiomiopatia,
arritmias cardíacas, (...) hipertrofia da panturrilha, coluna rígida e contraturas dos membros”
Segundo esse mesmo estudo, uma das dificuldades de se desenvolver tratamentos para esse
grupo de doenças é sua raridade (Murphy e Straub, 2015, p.4):
A pesquisa longitudinal é feita em pessoas ou grupos por um longo período (cf. Cambridge,
2021) e segundo a pesquisa acima, a distrofia muscular tipo cinturas não foi alvo de pesquisas desse
tipo. A média global de pessoas com LGMD é 1 para cada 14.500-45.000 (cf. Murphy e Straub,
2015, p.2)
Segundo Chue e Moran (2018, p.1) “Modelos de camundongos têm sido úteis no
esclarecimento da patogênese da doença, bem como na formulação de estratégias para o
tratamento”; nota-se que a palavra usada é “esclarecimento”, deixando claro assim a falta de
informação com relação a patogêneses, a causa primeira da doença. Isso é realidade para todos os
tipos de Distrofias musculares tipo cinturas (Sahin; Özkul; Dündar, M. 2021): “a fisiopatologia do
DMCR1 não foi completamente elucidada e a maneira exata como o DMCR1 faz as alterações não
é conhecida”.
Existem mais de 30 subtipos de Distrofia muscular tipo cinturas identificados (cf. Murphy e
Straub, 2015, p.1) e a classificação desses diversos tipos acontece da seguinte forma:
O primeiro estudo da Distrofia muscular tipo cinturas (DMC) de 1954 afirmava que a
“transmissão [da DMC] geralmente por meio de um gene autossômico recessivo”; depois de alguns
anos foi descoberto que também existem DMC herdadas por um gene autossômico dominate.
Segundo o National Institute of Health “A dominância autossômica é um padrão de herança
característico de algumas doenças genéticas. Autossômico significa que o gene em questão está
localizado em um dos cromossomos numerados ou não sexuais. Autossômico dominante significa
que uma única cópia da mutação associada à doença é suficiente para causar a doença. Isso
contrasta com um transtorno recessivo, no qual duas cópias da mutação são necessárias para causar
a doença.” (NIH, 2021)
“Em termos gerais, o DMC tipo 1 é herdado de forma dominante e o LGMD tipo 2 é
herdado de forma recessiva” (AANEM, 2021) Até 2018, havia sido descobertos 8 subtipos de DMC
tipo 1 e 26 subtipos de DMC tipo 2 (cf. Chu e Moran, 2018, p.1)
Como foi dito anteriormente, a origem ou a patogêneses da Distrofia muscular tipo cinturas
não totalmente elucidada ainda, mas sabe-se que “O LGMD é causado por mutações de genes que
resultam em funções anormais de proteínas nos músculos, causando fraqueza muscular
progressiva.” (AANEM, 2021)
Nesse capítulo será apresentado os tratamentos disponíveis para Distrofia muscular tipo
Cinturas. Os tratamentos paliativos, as possibilidades para tratamentos curativos e mais detalhes
sobre o tratamento com células tronco serão apresentados.
Não existem tratamentos curativos para a Distrofia muscular tipo cinturas e seus subtipos.
De acordo com Sahin, ˙I.O.; Özkul, Y.; Dündar, M. (2021, p.1)
Segundo esse mesmo estudo de Chue e Moran, existem apenas tratamentos paliativos:
“Apesar dos esforços contínuos de pesquisa para conquistar este grupo de doenças
neuromusculares genéticas, os pacientes continuam a ser tratados sintomaticamente
com o objetivo de prevenção ou tratamento de complicações” (Chue e Moran. 2018)
E segundo a AANEM (2021) “Existem tratamentos para ajudar com os sintomas, mas
nenhum tratamento disponível para interromper a progressão da doença. Alguns tratamentos
que ajudam a aliviar os sintomas são fisioterapia, cirurgia e cuidados com os pulmões e o coração”
De acordo com Chue e Moran, nesse mesmo estudo já citado (2018, p. 12) o que existe é
uma esperança de tratamento:
A ausência de tratamentos curativos é uma realidade para todos os tipos de DMC, como
apresentado por Sahin; Özkul e Dündar (2021, p.1)
“No momento, pouco pode ser feito para tratar a perda muscular progressiva, perda
de função e mortalidade prematura de pacientes com LGMDR1, e há uma
necessidade premente de mais pesquisas para desenvolver terapias potenciais”
“Entre as doenças hereditárias que já são difíceis de tratar, a terapia genética para
doenças musculares hereditárias é uma área especialmente desafiadora porque os
músculos constituem cerca de 40% do corpo humano. Até o momento, estratégias de
tratamento principalmente paliativas ou sintomáticas foram apresentadas aos
pacientes LGMDR1. Além disso, poucos estudos experimentais e ainda menos
estratégias de estudos clínicos foram realizados por pesquisadores para o
desenvolvimento de terapias em LGMDR1” Sahin; Özkul e Dündar (2021, p.2)
Dada a natureza dessa patologia, uma disfunção de tecidos a nível celular, um tratamento
com células tronco parece ser a solução adequada.
“As células-tronco têm atraído muita atenção como fonte de células precursoras de
músculos saudáveis que podem repovoar os músculos distróficos, substituindo a
distrofina defeituosa pela proteína do tipo selvagem” Davies and Grounds 2006, p.1
A pesquisa de Turan atesta a possibilidade promissora das células tronco serem o tratamento
curativo dessa doença:
Conforme essa tabela dos pesquisadores Sahin; Özkul e Dündar (2021, p.5) esse processo de
retirar células tronco, modificá-las geneticamente para corrigir a mutação, diferenciá-las para o tipo
de célula correto e injetá-las está sendo realizado em modelos murinos.
O estudo de Turan trata do uso de células troncos para tratar a DMC uma possibilidade
promissora, mas não uma realidade
“Vários estudos demonstraram que o iPSC pode ser diferenciado in vitro para gerar
células precursoras musculares que podem ser enxertadas em modelos de
camundongo com distrofia muscular. Esses estudos sugerem um caminho para a
geração de células que poderiam ser terapêuticas para distrofia muscular, em caso de
mutações no hiPSC pode ser corrigido de maneira precisa e eficiente”
A ausência de tratamentos curativos, com ou sem células tronco, é uma realidade para todos
os subtipos de DMC:
De acordo com Murphy e Straub, existe apenas esperança, não um tratamento pronto
A Distrofia Muscular tipo cinturas é uma doença degenerativa que afeta os músculos do
corpo humano, e as células tronco são células capazes de se tornarem qualquer outro tipo de célula;
parecendo assim uma possibilidade de tratamento dessa patologia. A DMC foi diferenciada de
outras Distrofias musculares em 1954, e é transmitida por genes autossômicos recessivos ou
dominantes. As células tronco usadas para os tratamentos em desenvolvimento é a célula tronco
pluripotente induzida, uma célula adulta que é reprogramada para um estágio embrionário.
Apesar disso, não existem tratamentos curativos para a DMC e seus subtipos, mais pesquisas
serão necessárias para o desenvolvimento de uma cura. Enquanto isso, os pacientes continuarão a
serem tratados sintomaticamente.
Todas as traduções são traduções livres e todos os grifos são de autoria pessoal.
Bibliografia:
(King and Perrin: Ethical issues in stem cell research and therapy. Stem Cell Research & Therapy
2014)
WALTON JN, NATTRASS FJ. On the classification, natural history and treatment of the
myopathies. 1954, p. 169-231
A.P. Murphy and V. Straub / LGMD: The Classification, Natural History and Treatment, 2015
Sahin, ˙I.O.; Özkul, Y.; Dündar, M. “Current and Future Therapeutic Strategies for Limb Girdle
Muscular Dystrophy Type R1: Clinical and Experimental Approaches”. Pathophysiology 2021, 28,
238–249.
American Association of Neuromuscular & Electrodiagnostic Medicine, “Limb Girdle Muscular
Dystrophy” 2021, AANEM, Acessado 10 dezembro de 2021
Kay E. Davies, and Miranda D. Grounds, Cell 127, December 29, 2006
Turan; et al “Precise Correction of Disease Mutations in Induced Pluripotent Stem Cells Derived
from Patients with Limb Girdle Muscular Dystrophy” The American Society of Gene & Cell
Therapy, Molecular Therapy vol. 24 no. 4, 685–696 apr. 2016
“Autosomal dominant” National Cancer Institute, National Human Genome Research Institute
https://www.cancer.gov/publications/dictionaries/genetics-dictionary/def/autosomal-recessive-
inheritance Acessado 15/12/2021